Este documento contém uma coleção de poemas curtos escritos por Ana França sobre vários temas como natureza, objetos, animais e sentimentos. As obras são ilustradas com fotografias tiradas por Henrique Santos e acompanhadas musicalmente pelo tema "Love Story".
1. A Fotografia de mãos dadas com a Poesia O olhar do Henrique, o cantar da Ana conto contigo
2. HenriqueSantos AnaFrança Telhado Céu estrelado Chaminé Que miras tu Lá no alto Em pé? Telhado Sonho alado, aguado Pousado no amanhecer. Telhado És o chão do entardecer. Quando anoitecer Eu sou o meu gato Miro o céu estrelado Lá no alto do telhado. Telhado
3. HenriqueSantos AnaFrança A flor. A cor. A cor da flor. Colorida - vida! Flor - amor. Colorida com amor Viva a flor! Viva a cor! Pode ser amarela Pode estar à janela Ser aroma de canela Pode nascer neste chão que é o meu coração. Flor
4. HenriqueSantos AnaFrança Muitos Paus Muitos Pés Muitas Estacas Muitas Marcas. Muitos, mesmo muitos! Muitos postes a pular… Perfilados a marchar… Bem certinhos a parar… Ou simplesmente a olhar para o mar? Postes
5. HenriqueSantos AnaFrança Macaco: Ligeiro Imitador Maroto Matreiro. Macaco: Trepa Pula Salta Baloiça. Macaco: Espreitou Tirou Fugiu Desapareceu. O que tirou o macaco? O que pôs dentro do saco? Macaquinho
6. HenriqueSantos AnaFrança Princesa branca… Borboleta-amor… Mistério, perfume de flor… Cetim florido. Segredo nascido em forma de flor… Bailarina num só pé. Suave, balança… Tranquila, dança… Brancura de seda… Planta-boneca… Gosto de tocar a tua pele de flor. Branca-flor
7. HenriqueSantos AnaFrança Era uma casa na noite. Era uma casa na noite escura. Era uma casa na noite escura, janelas de olhar aceso. Era uma casa na noite escura, olhos acesos, a boca aberta. Uma casa espantada. Janelas a olhar, porta a gritar. Uma casa. Uma casa iluminada. Quem quer lá morar? Casa
8. HenriqueSantos AnaFrança Pombinhas… Meninas de asas tão finas. Pombinhas… Meninas, vestidinhos leves com penas armados fofos, matizados de desenhos breves. Pombinhas… Bicos de ternura a comer o pão. São seda pura bicando bicando migalhas ao calhas da minha mão! Pombinhas… Adeus, meninas de belo voar. Pombinhas
9. HenriqueSantos AnaFrança Em dias que chove assim, sem parar, o meu dia fica de pernas para o ar! Em vez de acordar só quero dormir: a água do céu embala ao cair... Se a mãe me deixasse experimentar perdia a vergonha: saía à rua, mesmo ali à porta, o frasco do gel a toalha em punho e havia de ser um duche a preceito com águas das nuvens a cair assim mesmo para mim dos céus no meu peito! Chuva
10. HenriqueSantos AnaFrança Há um jardim dentro de mim. Será que sim? Será que sim? Faço um sorriso, assim e assim Nasce um jardim dentro de mim. Dou-te a mão, assim e assim Cresce um jardim dentro de mim. Corremos juntos, assim e assim Voa um jardim dentro de mim. Provo o teu pão, assim e assim Cheira a jardim dentro de mim. Ouço o que dizes, assim e assim Chove agora no meu jardim. Dou gargalhadas, assim e assim E o sol brilha no meu jardim. Há um jardim dentro de mim. Será que sim? Será que sim? Jardim
11. HenriqueSantos AnaFrança Entreaberta, convida… Entreaberta, espera… Ser empurrada, devagarinho… Pé ante pé, aqui vou eu. A porta range, bem de mansinho como a dizer: “Favor entrar, favor entrar!” E lá vou eu a visitar o meu vizinho! Visitas
12. HenriqueSantos AnaFrança O tempo, lá no alto olha para mim… Diz-me que sim, que está a passar, que não preciso de me ralar. Que o deixe correr. Que o deixe voar. Que apenas queira, que apenas saiba, saborear! Saborear! Saborear! Tempo
13. HenriqueSantos AnaFrança Malmequer, malmequer, o que quer o malmequer? Mal me vê, mal me sente, o malmequer não mente: Dá-me a cor, dá-me o seu coração de flor! Mal o olho, mal o toco, mal o vejo no jardim, sou feliz, porque sim, porque vi um malmequer a florir para mim. Malmequer
14. HenriqueSantos AnaFrança Uma alvura quieta um arco caiado… De cal ou açúcar barrado? Um desenho em traço lavado. Um sossego moldado em tranquila mudez. Lugar de aconchego como segredo sussurrado uma vez… Brandura calma… Aqui sento os medos no chão e embalo à sombra o meu coração. Doçura caiada… Lugar em arco
15. HenriqueSantos AnaFrança Ah! Dêem-me um vento! Vento que em mim pegasse e me transportasse num pensamento para lá do mar… Cabelos de lua eu, a navegar ao colo das nuvens… Minha alma nua à solta no ar em pleno luar! Pensamento… Vento… Subo no azul sem fim. Sou as montanhas e vales que trago em mim. Faz-me voar, vento!
16. HenriqueSantos AnaFrança As cegonhas fazem ronha? E são pássaros com vergonha? Há quem diga que trazem bebés dentro duma fronha… São cegonhas tristonhas. Aves pensativas em ninhos bravios de alturas sem par. Fazem voos de desenhos serenos e descem em pousos suaves para passeios pernaltas à caça de rãs à tardinha e cedo, pelas manhãs. Cegonhas
17. HenriqueSantos AnaFrança Que bem que sabe vir para a rua! De dia o sol à noite a lua. Que bom que é saltar as pedras ao pé coxinho, bater à porta daquele vizinho! Ai como eu gosto da minha rua! De dia o sol à noite a lua. Lavar a rua à mangueirada com os amigos, largar a rir à gargalhada! Gosto de olhar a minha rua! De dia o sol à noite a lua. Sentar à porta refastelada a mordiscar pãozinho quente com marmelada! O escuro chega à minha rua… De dia o sol à noite a lua. Rua
18. HenriqueSantos AnaFrança Rosinha amarela rosinha em botão gosto de tocar-te com a minha mão. O que te dizer? Como te chamar? És rosa, charmosa sedosa cheirosa mimosa… Olho a tua cor, minha preferida, e volto a dizer: florida tingida esculpida e plena de vida! Rosa
19. HenriqueSantos AnaFrança Espelho. Lago. Reflexo de água, mudo, encantado. Espelho aguado, líquido, molhado. Lanço uma pedrinha assim, a rasar… O espelho vai estilhaçar? Oh! Não, o espelho é água! A pedrinha salta faz desenhos de água. Ondinhas, mansinhas… Lago. Quieta superfície como uma planície molhada de sonho… O que terá no fundo? Lago
20. HenriqueSantos AnaFrança Há amigos assim. Como uma casinha quieta, em ar de sossego… Singela brancura à beira da rua, à espera de alguém a quem dar aconchego. Casinha-amizade. Casinha-segredo. Casinha-verdade. Segredo
21. HenriqueSantos AnaFrança Vou à praia. De saia. É nova, a minha saia. Hoje estreei-a e vim à praia! Quero brincar correr, saltar, cavar buracos e chapinhar. E a minha saia? É nova, quero-a mostrar! Mas… Se não a tiro como farei para me molhar? Praia
22. Ah! Se eu fosse ponte! Atravessaria rios… Voaria em vales… Tocaria montes… Mesmo como fazem as pontes! Ah! Se eu fosse ponte! Com um pé aqui e outro acolá deixava passar carros e comboios patins, bicicletas… Ligaria gentes de cá para lá, de lá para cá… Ah! Se eu fosse ponte! Que em mim corressem rumo ao horizonte! Ponte HenriqueSantos AnaFrança
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24. HenriqueSantos AnaFrança Riso de flor em amarelo perfeito Cara dourada, risonha Cabelo de pétala num penteado inclinado, ajeitado em forma de sol. Menina vegetal quase que fala quase que olha quase que dança quase que chama quase que corre, mãos dadas comigo, e quase me ama… Dourada
25. HenriqueSantos AnaFrança A minha cadela sentada no verde, quieta, a olhar, atenta, a cheirar, fica tão bonita! Olho para ela, a sentir o sol a saber do vento, a querer brincar! Pousa em mim o olhar: é a sua forma, canina, meiga, de conversar… (em surdina) Gosto dela, da minha cadela. Faz-me companhia é uma alegria! Somos mesmo amigos. Não importa, não, que eu seja “humano” e ela seja “cão”! Ela, a minha cadela
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27. Ca-ta-ven-toooooooo! Catavento… Catavento… Catatoven Catotaven Caventato Caventota - que vento está! Tacavento – está cá vento, está! Tacatoven Tavencato Taventoca – está vento cá! Tatocaven Tatovenca Vencatato Ventacato Vencatota Ventocata – que vento cá está! Ventotaca – o vento está cá! Tovencata Tocataven Totavenca Tocaventa – toca a ventar! Ca-ta-ven-toooooooo… Cata-vento HenriqueSantos AnaFrança
28. HenriqueSantos AnaFrança Ser assim, casa sem telhado. Ser assim, varanda aberta em muro antigo. Lugar de eterno abrigo. Ser assim, janela sem vidro, debruçada, escancarada, espantada de olhar! Ser assim, presente em mim como a pedra no muro. Agora. Sempre. Posta no lugar em que deve estar. Lugar
29. HenriqueSantos AnaFrança Se o mar fosse cama eu dormiria numa onda. Sonharia conchas de cores nunca vistas, ouviria marulhos… Inventaria mergulhos em mundos sem fim por dentro de mim. Se o mar…
30. Ficha técnica O Henrique olhou à sua volta e fotografou montou os diapositivos escolheu a música A Ana olhou para as fotografias e escreveu fez a animação O Theme, do musical LoveStory, foi composto pelo HowardGodall , e dá um perfeito “ninho” ao conjunto…