Apresentação do Estudo “EMpower – Avaliação do impacto Esclerose Múltipla em doentes e cuidadores” no XI Congresso Nacional da SPEM, a 6 de Dezembro de 2014.
O Estudo é da autoria da Professora Doutora Maria Sofia Oliveira Martins e do Professor Doutor José Cabrita, ambos da FFUL. Este Estudo foi promovido pela FFUL com a parceria institucional da SPEM e com o apoio da Novartis Farma. A validar o protocolo utilizado e os instrumentos de recolha de dados, o Estudo contou com um painel de peritos, constituído pelo Professor João de Sá, Dra. Sónia Batista e Dr. Filipe Correia.
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Impacto da EM na qualidade de vida e acesso a cuidados
1. Sofia de Oliveira Martins
José Cabrita da Silva
Promotor Parceiro institucional Apoio
2. Índice
Agradecimentos
Introdução
Objectivos do Estudo
Metodologia
Resultados
- Acesso aos cuidados de saúde
- Impacto social e laboral
- Qualidade de vida
Conclusões prévias
Notas finais
3. Agradecimentos
A SPEM
Aos Peritos Clínicos - Professor João de Sá, Dra.
Sónia Batista e Dr. Filipe Correia.
À Novartis Farma
Aos associados da SPEM
4. Introdução
Esclerose múltipla (EM), é uma doença desmielinizante de
etiologia ainda desconhecida, caracterizada por uma
reacção inflamatória na qual são danificadas as bainhas de
mielina que envolvem os axónios dos neurónios cerebrais
e medulares, levando ao aparecimento de um vasto
quadro de sinais e sintomas.
Doença crónica e progressiva que é a causa não
traumática de incapacidade mais frequente, no adulto
jovem (20 a 40 anos), nos países ocidentais. É mais
frequente em mulheres numa razão de cerca de 3:1.
5. Introdução
Principais sintomas
Impacto
nas
rotinas
diárias
Impacto
na
qualidade
de vida
Impacto
na saúde
Impacto
social
Impacto
financeiro
Cuidador
informal
6. Introdução
- implicações biopsicossociais
- apoio social
- impacto financeiro
- acesso ao medicamento
- …
9. Introdução
“Dar força aos doentes com Esclerose
Múltipla”
Maior estudo epidemiológico realizado em Portugal na
área da esclerose múltipla:
pela dimensão da amostra
pelos domínios analisados (qualidade de vida, acesso
a cuidados de saúde, impacto social),
mais-valia de abranger não só a visão do doente, mas
também a do seu cuidador.
10. Objectivos do estudo
Caracterizar a carga da doença associada aos doentes
com EM:
a sua qualidade de vida,
o acesso aos cuidados de saúde
o impacto social da doença.
Estudar a carga imposta aos cuidadores:
a sua qualidade de vida,
o impacto social da doença no seu dia-a-dia
11. Metodologia
Estudo observacional, transversal, em doentes adultos
com diagnóstico de Esclerose Múltipla, sócios da
Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM),
com recolha de resultados reportados pelos doentes
(PRO - Patient Reported Outcoms).
Maior envolvimento do doente na
gestão da sua doença
13. Metodologia
Os dados foram recolhidos através de um questionário
disponibilizado por via electrónica
https://pt.surveymonkey.com/r/EM_DOENTE
14. Metodologia
Validação do protocolo e dos instrumentos de recolha
de dados, por um painel de peritos clínicos de
reconhecido mérito a nível nacional e internacional,
constituído pelo Professor João de Sá, Dra. Sónia
Batista e Dr. Filipe Correia.
Sempre que possível: instrumentos já existentes e
validados para Portugal (ex: EuroQol-5D)
Pré-teste dos questionários (5 doentes e 5 cuidadores)
Obtenção das versões finais.
17. Resultados – Doentes
Caracterização sóciodemográfica N=400
Idade
Média – 44,4 Anos
263
137
Sexo
Feminino Masculino
74
199
114
13
18 a 34 anos 35 a 49 anos 50 a 64 anos >= 65 anos
21. Caracterização clínica
Sintomas mais frequentes N %
Fadiga 303 78,10%
Alterações do equilíbrio (Ataxia) 138 35,60%
Fraqueza muscular 133 34,30%
Alterações urinárias 72 18,60%
Parestesias 68 17,50%
Espasmos musculares 66 17,00%
Alterações Sensoriais 58 14,90%
Humor Depressivo 52 13,40%
Dor 53 13,70%
Alterações da visão 47 12,10%
Sintomas mais incapacitantes N %
Fadiga 292 75,30%
Fraqueza muscular 151 38,90%
Alterações do equilíbrio
140 36,10%
(Ataxia)
Dor 77 19,80%
Alterações da visão 62 16,00%
Alterações urinárias 58 14,90%
Alterações Sensoriais 51 13,10%
Parestesias 48 12,40%
Humor Depressivo 46 11,90%
Espasmos musculares 43 11,10%
22. Utilização de Recursos
29,7% frequentou um centro de medicina física e
reabilitação / fisioterapia devido à EM, no último ano
23. Acesso às Consultas
Apenas 11,4% dos inquiridos não foram referenciados
para consulta especializada quando lhes foi
diagnosticado EM
Tempo de espera médio: 1,4 meses (1 a 12 meses)
> 80% é seguida na consulta externa hospitalar
Frequência da consulta de acompanhamento da EM:
61% semestral; 21% trimestral; 9,7% anual
Apenas 12,6% considera ter dificuldade de acesso à
consulta de acompanhamento
24. Acesso aos cuidados de saúde
45,6 % da amostra recorre habitualmente a outros cuidados
de saúde por causa de sintomas da EM
Tipo de cuidados N
Fisioterapia / Fisiatria 106
Urologia 61
Oftalmologia 28
Psicoterapia / Psiquiatria 22
Acupuntura 9
Medicina Geral e Familiar 8
Otorrinolaringologia 5
Ortopedia 5
Dermatologia 4
Outros* 16
*Outros: nutrição, gatroenterologia, endocrinologia, homeopatia, ginecologia,
hidroterapia
25. Acesso ao medicamento
o 89,5 % sabe a terapêutica que faz para a EM.
o78,3% faz terapêutica modificadora da doença
Medicamento N %
Interferão beta-1a 116 37,10%
Interferão beta-1b 66 21,10%
Acetato de glatirâmero 59 18,80%
Fingolimod 36 11,50%
Natalizumab 28 8,90%
Ocrelizumab 3 1,00%
Interferão beta* 3 1,00%
Laquinimod 1 0,30%
Siponimod 1 0,30%
Total 313 100%
26. Outras terapêuticas relacionadas com a EM
Os top10 medicamentos e a principal indicação
referida pelos doentes
Medicamento ATC N Indicação
Baclofeno M03BX01 44 Espasmos muscares
Paracetamol N02BE01 28 Dor
Colecalciferol A11CC05 27 Deficiência Vit D
Cloreto de Trospio G04BD09 21 Alterações urinárias
Ibuprofeno M01AE01 20 Dor
Gabapentina N03AX12 18 Dor neuropática
Pregabalina N03AX16 16 Dor neuropática
Amantadina N04BB01 16 Fadiga
Sertralina N06AB06 15 Depressão
Escitalopram N06AB10 15 Depressão
27. Acesso ao medicamento
o 14,1% dos inquiridos já alguma vez teve dificuldade no
acesso ao medicamento.
1. medicamento não disponível no hospital
2. medicação insuficiente para os dias de tratamento
3. dificuldade na marcação de consulta
Tempo de deslocação para
levantar a medicação
N %
Menos de 30 minutos 157 42,0%
> de 30 min. mas < de 1 hora 119 31,8%
1 a 2 horas 54 14,4%
Mais de 2 horas 44 11,8%
Total 374 100,0%
Custo da deslocação para
levantar a medicação
N %
Menos de 5 euros 165 44,1%
5 a 10 euros 105 28,1%
11 a 20 euros 63 16,8%
Mais de 20 euros 41 11,0%
Total 374 100,0%
28. Impacto social da Doença
Durante o último mês:
N.º médio de dias de baixa médica: 20 dias
- 7 pessoas (365 dias)
11% foi obrigado a reduzir as horas de trabalho devido
à EM.
27% foi obrigado a mudar o tipo de trabalho realizado
devido à EM.
- 53% diminuíram os seus rendimentos em resultado desta mudança.
29. Impacto social da Doença
Durante o último mês:
37,8% dos inquiridos precisou da ajuda de um membro
da sua família ou amigos, devido à EM.
4,2% precisou do apoio de enfermeira (visitas
domiciliárias).
5,0% precisou de apoio domiciliário remunerado.
2,9% precisou de fisioterapeuta ao domicílio.
30. Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde
Euroqol-5d – 5 domínios – 5 opções
31. Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde
Euroqol-5d – 5 domínios – 5 opções
Mobilidade N %
Não tenho problemas em andar 156 42,2
Tenho problemas ligeiros em andar 82 22,2
Tenho problemas moderados em andar 71 19,2
Tenho problemas graves em andar 36 9,7
Sou incapaz de andar 25 6,8
Total 370 100,0
Cuidados Pessoais N %
Não tenho problemas em me lavar ou vestir 257 69,3
Tenho problemas ligeiros em me lavar ou vestir 56 15,1
Tenho problemas moderados em me lavar / vestir 38 10,2
Tenho problemas graves em me lavar ou vestir 5 1,3
Sou incapaz de me lavar ou vestir sozinho/a 15 4,0
Total 371 100,0
Ansiedade / Depressão N %
Não estou ansioso/a ou deprimido/a 132 35,9
Estou ligeiramente ansioso/a ou deprimido/a 144 39,1
Estou moderadamente ansioso/a ou deprimido/a 76 20,7
Estou gravemente ansioso/a ou deprimido/a 10 2,7
Estou extremamente ansioso/a ou deprimido/a 6 1,6
Total 368 100,0
Dor / Mal-estar N %
Não tenho dores ou mal-estar 147 39,9
Tenho dores ou mal-estar ligeiros 139 37,8
Tenho dores ou mal-estar moderados 71 19,3
Tenho dores ou mal-estar graves 10 2,7
Tenho dores ou mal-estar extremos 1 0,3
Total 368 100,0
Actividades habituais (lazer, trabalho, estudo..) N %
Não tenho problemas em desempenhar as minhas actividades habituais 142 38,3
Tenho problemas ligeiros em desempenhar as minhas actividades habituais 108 29,1
Tenho problemas moderados em desempenhar as minhas actividades habituais 80 21,6
Tenho problemas graves em desempenhar as minhas actividades habituais 28 7,5
Sou incapaz de desempenhar as minhas actividades habituais 13 3,5
Total 371 100,0
32. Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde
Euroqol-5d – EVA (0 a 100)
Score Médio: 65,4
Score médio EVA por quartil
13
115 106
137
160
140
120
100
80
60
40
20
0
1º Quartil
(1-25)
2º Quartil
(26-50)
3º Quartil
(51-75)
4º Quartil
(76-100)
N
33. QVRS versus Terapêutica
Faz terapêutica
modificadora da EM
Score EVA (média)
Não 58,5
Sim 66,7
Kruskal-Wallis H = 5,1046 p = 0,0239
Terapêutica N Score EVA (média)
Interferão beta 184 67,84
Acetato de glatirâmero 58 65,31
Terapêutica N Score EVA (média)
Fingolimod 36 67,16
Natalizumab 27 63,66
34. Resultados – Cuidadores informais
Caracterização sóciodemográfica N=70
Idade
42.90% 40.00%
Média – 47,7 anos
17.10%
< 44 ANOS 45 A 64 ANOS >/= 65 ANOS
54.30%
45.70%
Sexo
FEMININO MASCULINO
4.30%
Região de residência
24.30%
58.60%
10.00%
2.90%
ALGARVE CENTRO LISBOA
VALE DO
TEJO
NORTE ALENTEJO
4.30%
Meio de Residência
50.00%
24.30% 21.40%
NO CAMPO UMA GRANDE
CIDADE
UMA PEQUENA
CIDADE
UMA VILA /
ALDEIA
35. Resultados – Cuidadores
75,7% reside com o doente
Grau de parentesco:
- cônjuge: 48%
- pais: 24%
- filhos: 9%
Cuidadores em média há 9,6 A
(min – 0; max – 40)
30,9% tem outros apoios
77.10%
Estado civil
5.70% 11.40% 5.70%
CASADO / UNIDO
DE FACTO
DIVORCIADO /
SEPARADO
SOLTEIRO VÍUVO
Situação face ao trabalho
58.60%
7.10%
12.90%
21.40%
ACTIVO DESEMPREGADO DOMÉSTICA
(OCUPA-SE DO
LAR)
REFORMADO
37. Impacto social da Doença no cuidador
No último ano, N.º médio de dias de baixa médica /
assistência à família: 9 dias
20,6% foi obrigado a reduzir as horas de trabalho para
tratar do seu doente com EM.
28,4% foi obrigado a mudar o tipo de trabalho realizado.
- 84,2% diminuíram os seus rendimentos em resultado desta mudança.
38. Impacto da EM no cuidador
Caregiver Reaction Assessment Instrument (CRA)
Objectivo: avaliar o impacto que esclerose múltipla do
familiar tem na qualidade de vida do cuidador
Avalia cinco dimensões: auto-estima, falta de suporte
familiar, finanças, horários e impacto na saúde.
Dimensão Score médio
Baixa da Auto-estima 15,3
Falta de suporte familiar 12,6
Impacto sobre as finanças 6,9
Alterações de horários 10,6
Impacto na saúde 8,3
39. Conclusões preliminares
Apesar da introdução de novos medicamentos, o
impacto social da EM continua muito negativo, tanto
para os doentes como para os seus cuidadores;
A utilização dos novos medicamentos parece
melhorar a qualidade de vida do doente, mas carece de
uma análise mais aprofundada;
Os doentes não parecem percepcionar a inovação
terapêutica que tem vindo a surgir na área da EM.
41. Nota final
Este estudo foi importante para colocar na
agenda do dia a Esclerose Múltipla
Só foi possível porque houve um sinergismo de
esforços entre uma Associação de Doentes, a
Indústria e a academia como centro de investigação