1. Estados Alterados da Percepção – Fundamentos Biológicos Adriana Salles Gabriela Huffenbaecher Paula Ibrahim Rafaela Kahvegian Quais são as causas da ausência de dor?
2. Tema e justificativa A proposta do trabalho era um aprofundamento no assunto de fisiologia humana e anatomia, relativos ao sistema nervoso e sensorial, sobre estados alterados da percepção. Com isso, resolvemos escolher um tema que gerava curiosidade para o nosso grupo, e dentre várias opções, achamos mais interessante falar a respeito de pessoas que não sentem dor, mesmo quando submetidas a sérios ferimentos ou queimaduras. Para isso, vamos pesquisar a causa dessa rara doença que ocasiona ausência de dor, qual a relação com o sistema nervoso e quais as conseqüências para as pessoas que sofrem deste mal.
3. DOR: definição A dor é definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor como uma “experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano real ou potencial dos tecidos, podendo ser descrita tanto em termos desses danos quanto por ambas as características”. A dor é considerada uma experiência pessoal e subjetiva e sua percepção é caracterizada de forma multidimensional, diversa tanto na qualidade quanto na intensidade sensorial, sendo ainda afetada por variáveis afetivo-emocionais.
4. Introdução A princípio, a ausência de dor pode parecer algo benéfico para as pessoas, uma vez que está relacionada a sensações ruins. Porém, as vítimas dessa doença ficam muito mais vulneráveis a sofrer acidentes porque param de registrar qualquer aviso de dano nos tecidos do corpo, como cortes ou queimaduras. Sem o aviso de perigo que a dor proporciona às pessoas comuns, a maioria dos doentes tende a morrer jovem, antes dos 30 anos, por causa de ferimentos.
5. A descoberta No Paquistão, um menino se exibia andando sobre brasas e perfurando s seus braços com facas. Seus braços apresentavam feridas abertas e seus pés tinham queimaduras graves. Ele não sentia dor. Foi esse menino que levou um time de cientistas a procurar outras famílias com a mesma doença com o intuito de estudá-la, já que o pequeno paquistanês havia morrido ao saltar de um telhado. Foram localizadas três famílias, uma com três crianças afetadas, outra com duas e outra com uma menina afetada; um total de seis pacientes.
6. Causas A doença é gerada pelo mal funcionamento de uma proteína que capta sinais de dor, chamada nav1.7, encontrada em neurônios e produzida pelo gene SCN9A, do cromossomo 2. As pessoas com essa alteração genética não experimentam desconfortos físicos, porém são capazes de sentir o tato e a pressão, distinguir o quente do frio e situar a posição do corpo no espaço. Esse segmento de DNA codifica uma proteína da classe dos canais de íons de sódio, que são moléculas fundamentais para a transmissão de sinais entre células, bombeando íon sódio eletricamente carregado para dentro e para fora de neurônios. Essas proteínas ajudam a controlar corrente elétrica que transmite impulsos nervosos como a dor.
7. Quando ocorrem mutações no gene SCN9A, os canais de sódio por onde passa informação nervosa a respeito da dor se fecham e por isso as pessoas não sentem dor. A partir de mutações no gene, pode-se desenvolver insensibilidade à dor, doença conhecida como hipoalgesia , ou aumento dessa sensibilidade, a chamada de hiperalgesia , o que provoca a desproporcionalidade da sensação de dor (quando o indivíduo toca em algo morno, queima-se). A hipoalgesia é hereditária e só se manifesta se a pessoa herdar duas cópias do gene defeituoso, uma da mãe, outra do pai. Como o gene alterado é muito raro na população, as pessoas afetadas são, em maioria, filhas de casamentos congênitos.
9. Muitos dos que sofrem dessa doença perderam parte da língua e dos lábios após terem se mordido acidentalmente na infância. Também apresentam cicatrizes no corpo, diversas fraturas nos membros e queimaduras de 3º grau. Por isso a morte precoce é freqüente, uma vez que não há limites impostos ao corpo. Exemplos
10. João Maria é vitima dessa doença. Quando pequeno, médicos queriam arrancar seus dentes para diminuir as feridas que ele mesmo causava. Os pais não sabiam como educá-lo, pois como ensinar uma criança a ter cuidado com o fogo quando não sente dor? Como evitar que se morda? Como saber se tem uma hérnia, uma apendicite, uma perna partida, se nunca se queixa? A dor é essencial para aprender.
11. Uma criança paquistanesa de 13 anos, totalmente insensível à dor, morreu ao pular de um telhado. Ele ganhava a vida a espetar facas no corpo e a caminhar sobre brasas de carvão sem sentir dor.
12. Conclusão A dor baliza os nossos limites. Ela diz até onde o corpo pode ir. Embora viver sem ela possa parecer muito agradável , a dor é um meio de alerta útil para a sobrevivência. Por isso, os indivíduos que possuem hipoalgesia correm o risco de se ferirem gravemente ou até morrerem pela falta de consciência da dor.