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Integração do Psicólogo
no serviço de Apoio
Domiciliário
(intervenção com o idoso)
Rui Grilo
Psicólogo Clínico




Índice

I – Introdução

II – Envelhecimento psicológico

III – Apoio domiciliário

IV – Interdisciplinaridade e a
importância da Psicologia

V – Avaliação psicológica do idoso e fases

VI – Aspectos relevantes da intervenção
do psicólogo no domicílio

VII – Aspectos sobre o ser Cuidador

VIII – Patologias mais frequentes e
abordagem psicológica

IX – Características do psicólogo
                                                                      “Tudo nele e
                                             dele era velho, menos os olhos, que eram
X – Estratégias para lidar com a morte       da cor do mar, alegres e não vencidos…”

XI – Propostas

XII – Considerações finais                                    Hernest Hemingway

XIII – Referencias bibliográficas                                 O Velho e o Mar




                                                                         Página 1 de 15
I – Introdução                                II – Envelhecimento psicológico



A temática da terceira idade reveste-se       O      envelhecer, “…é uma fase da
de extrema importância, já que na             existência dominada por grandes
actualidade     existe     uma     elevada    transformações nos planos físico,
percentagem de pessoas idosas em              psíquico e social, de origem interna ou
Portugal, e como tal, a elaboração de         externa; naturais e esperadas umas,
estratégias    e    a     prevenção     da    súbitas e imprevistas outras. Tais
institucionalização é o objectivo essencial   transformações reflectem-se tanto no
dos técnicos ligados à área do Serviço de     comportamento como na experiência
Apoio Domiciliário.                           subjectiva da pessoa que envelhece,
                                              concorrendo muitas vezes para o
        Com    o     presente   trabalho      aparecimento de certas formas de
pretende-se discutir alguns aspectos          doença psíquica. A fronteira entre o
relacionados com a integração do              normal e o anormal é aqui especialmente
psicólogo no S.A.D., percebendo quais as      difícil de delimitar.” (Barreto, J., 1988).
limitações e possibilidades da sua
intervenção no domicilio.                             Perante a ideia anterior, a
                                              incerteza sobre os processos psicológicos
       Pretende-se     demonstrar      a      na terceira idade, é algo que ainda
importância do trabalho interdisciplinar,     poderá ser bastante explorado e que de
de forma a realçar o papel da psicologia      certa forma, o psicólogo poderá assumir
no trabalho com a população idosa.            um papel importante.
        As características do psicólogo               O    envelhecimento      é    um
neste âmbito, são algo de muito               fenómeno que pode ser apreendido a
importante a considerar, já que se trata      diversos níveis, quer biológico em que
de uma forma de intervenção muito             existe um aumento das doenças e das
peculiar, com um grau bastante elevado        modificações do aspecto, quer social em
de exigência e flexibilidade por parte do     que ocorre uma mudança de estatuto
técnico.                                      provocada pela passagem à reforma, e ao
                                              nível psicológico em que existem
        Será meu objectivo também,
                                              modificações das actividades intelectuais
referir quais as patologias mais
                                              e das motivações dos idosos. Daí poderão
frequentes e qual a abordagem
                                              resultar dificuldades de adaptação a
terapêutica a utilizar, nunca descurando
                                              novos papeis; dificuldade em planear o
uma       observação       global     do
                                              futuro, baixa auto – estima e
funcionamento do idoso e da sua história
                                              desvalorização pessoal.
de vida.
                                                      Conhecendo algumas noções
       Finalmente,       gostaria     de
                                              sobre a psicologia do idoso, permitirá ao
evidenciar a importância do cuidador na
                                              psicólogo, compreender as necessidades
vida das pessoas idosas, e de que forma,
                                              afectivas da pessoa idosa, criar relações
o psicólogo poderá contribuir para um
                                              humanas de boa qualidade e explicar
aumento        da      satisfação      e
                                              algum comportamento considerado mais
consequentemente, para a prevenção do
                                              confuso.
aparecimento de perturbações psíquicas.
                                              Uma das características essenciais do
                                              envelhecimento psicológico, diz respeito
                                              à dificuldade de capacidade de
                                              adaptação. Acima de tudo, o idoso deseja
                                              manter um ambiente estável, e qualquer



                                                                            Página 2 de 15
mudança, pode correr o risco de ser                  De acordo com a definição
rejeitada    e     originar    alterações    anterior, torna-se clara a importância do
emocionais.     Esta    capacidade     de    Serviço de Apoio Domiciliário, não só ás
adaptação está muito relacionada com os      pessoas idosas que acabam por ser a
factores de personalidade construídos        população privilegiada neste apoio, bem
pela pessoa ao longo da sua vida.            como, pessoas que por algum motivo,
                                             estão incapacitadas de organizar e
Existe igualmente uma diminuição da          satisfazer as suas necessidades do dia a
eficiência     intelectual,  notando-se      dia. Assim, os objectivos gerais do
dificuldades na resolução de problemas       Serviço de Apoio Domiciliário são:
novos e alterações na aprendizagem,
imaginação e intuição. As funções                   a)     Contribuir       para     a
intelectuais estão também atingidas                 melhoria da qualidade de vida
relativamente à visão e audição, levando            dos indivíduos e famílias;
ao isolamento e a sentimentos de                    b)     Contribuir para retardar
fragilidade psíquica.                               ou evitar a institucionalização;
                                             Os objectivos específicos do Serviço de
O envelhecimento da memória é também         Apoio Domiciliário são, nomeadamente:
muito frequente nos gerontos, já que
deixa de ser exigida pelo próprio. A                a)     Assegurar aos indivíduos
dificuldade não consiste na aquisição de            e    famílias    satisfação   de
nova informação, mas          sim,    na            necessidades básicas;
recuperação da mesma.                               b)     Prestar    cuidados    de
                                                    ordem física e apoio psico-social
A psicologia deverá então intervir sobre            aos indivíduos e famílias, de
todos estes factores, reforçando sempre             modo a contribuir para o seu
que possível, os aspectos positivos do              equilíbrio e bem-estar;
envelhecimento.                                     c)     Colaborar na prestação de
                                                    cuidados de saúde.

III – Apoio domiciliário
                                             O Serviço de Apoio Domiciliário deve
                                             ainda     proporcionar os   seguintes
                                             serviços:
“O serviço de apoio domiciliário (S.A.D) é
uma resposta social que consiste na                 a)     Prestação de cuidados de
prestação de cuidados individualizados e            higiene e conforto
personalizados no domicilio, a indivíduos           b)     Arrumação e pequenas
e famílias quando, por motivo de doença,            limpezas no domicilio
deficiência ou outro impedimento, não               c)     Confecção,      transporte
possam assegurar temporária ou                      e/ou distribuição de refeições
permanentemente, a satisfação das suas              d)     Tratamento de roupas
necessidades básicas e/ou actividades da
vida diária.”
                                             IV   –    Interdisciplinaridade     e    a
                                             importância da psicologia

        Núcleo de documentação técnica e
                             divulgação
                                             A psicologia integrada no Serviço de
               (Bonfim, C; Veiga, S; 1998)   Apoio Domiciliário (S.A.D.), pretende
                                             como      objectivo   geral,    intervir
                                             maioritariamente com a população idosa
                                             em situações de risco e de perda,
                                             prevenindo-as ou trabalhando-as quando



                                                                          Página 3 de 15
são um facto e já estão instaladas. Assim,   tomada de decisões quanto ao
para se intervir de uma forma eficaz com     direcionamento dos tratamentos. Isso
o idoso, o psicólogo não deverá centrar-     não significa que a responsabilidade de
se apenas na patologia e nos aspectos        cada profissional diminua em relação ao
relativos à personalidade, mas sim, ter      paciente, mas sim que várias pessoas,
uma visão global e abrangente da pessoa      pensando sobre os casos a partir de
e das redes de suporte social e familiar,    pontos de vista diferentes, têm maiores
de forma a poder salientar e trabalhar os    hipóteses de levar em conta as
aspectos positivos.                          implicações    existentes    antes   de
                                             decidirem condutas.” (Laham, C; 2000).
No fundo, será importante o psicólogo
averiguar as situações, no sentido de        Penso que a ideia anterior explícita
adequar uma resposta às necessidades         adequadamente        o    conceito    de
do indivíduo, aumentando com isso, a         interdisciplinaridade,   contudo    será
sua autonomia e independência.               relevante não descurar as diferenças
                                             óbvias entre as diversas disciplinas
Até então, as áreas respeitantes à           enumeradas, já que o que nos interessa
gerontologia, privilegiaram os aspectos      principalmente, será reforçar a ideia de
cognitivos, salientando as perdas e os       complementaridade estando as tarefas
défices, hoje em dia com a inclusão da       na linha umas das outras.
psicologia neste panorama, contemplam-
se aspectos como os: “…problemas sócio       Assim, a comunicação entre os diversos
–     familiares,  as    condições     de    profissionais deverá fluir, e para tal, é
‘ajustamento ’ da pessoa nas suas            importante     que    cada    um     dos
relações com o meio que a rodeia e o         profissionais entenda os objectivos de
debater temas ligados à personalidade,       cada uma das áreas, e não apenas da sua.
sexualidade, etc.” (Jerónimo, L; 2000).
Seguindo esta perspectiva, deixamo-nos
de nos centrar nos défices, para
                                             Geralmente, os profissionais de saúde
privilegiar as competências psicossociais.
                                             tendem a perceber o paciente de uma
                                             forma muito objectiva, sempre associada
                                             à sua área de intervenção, contudo, o
Desta forma, a interdisciplinaridade é       psicólogo    poderá      trazer     alguma
extremamente importante, já que              subjectividade do próprio paciente aos
“…constitui um número (variável) de          outros elementos da equipa, aos
profissionais     com       competências     cuidadores e à família. Seria importante,
complementares mas unidos por um             que o psicólogo fosse igualmente um
objectivo comum: contribuir para o bem-      facilitador na comunicação entre a
estar e melhoria da qualidade de vida dos    equipa e os pacientes / familiares.
idosos.” (Jerónimo, L; 2000)

                                             Acima de tudo, o trabalho em equipa
De entre os vários profissionais que         favorece os profissionais, na medida que
poderão coexistir no modelo de               poderão partilhar informação sobre o
interdisciplinaridade,    destaca-se     o   mesmo utente e arranjar estratégias de
médico, técnico de serviço social,           intervenção em conjunto, como também
psicólogo,    fisioterapeuta,    terapeuta   o idoso, que terá ao seu dispôr uma série
ocupacional, nutricionista, enfermeiro,      de técnicos habilitados na área da
monitores, pessoal auxiliar, entre outros.   gerontologia.



Então, “ … o trabalho em equipa permite
a divisão de responsabilidades na


                                                                          Página 4 de 15
V – Avaliação psicológica do idoso e       enquadramento na realidade familiar e
fases                                      social em que vive.



Após a integração do psicólogo no
Serviço de Apoio domiciliário, terá de
existir por parte do mesmo, um
conhecimento dos casos sinalizados pela
                                           Assim, torna-se relevante, o psicólogo
técnica de serviço social como os que
                                           elaborar:
poderão necessitar de apoio psicológico.
Será então, que o técnico irá fazer uma
avaliação da situação, no sentido de
perceber se existe realmente indicação     1. Anamnese: Através desta metodologia,
para iniciar um tratamento.                o psicólogo centra-se numa entrevista ao
                                           idoso, aos familiares e às pessoas com
Contudo, terá que ter em atenção alguns    quem vive, sendo que, a recolha desta
aspectos relevantes para que possa         história de vida nem sempre se torna
efectuar essa avaliação, e José Ermida,    fácil ou credível devido às diminuições
descreve alguns itens que contribuem       do idoso.
para a compreensão da importância da
avaliação nos cuidados do idoso:           2. Exame físico: Aqui é extremamente
                                           importante uma colaboração dos
                                           familiares ou pessoas mais próximas, no
1. “ O idoso é um individuo física,        sentido de esclarecer o psicólogo das
psíquica e socialmente diminuído e cuja    alterações físicas que ocorreram devido
capacidade de recuperar e repor o seu      ao envelhecimento, bem como, quais as
equilíbrio é mais lenta e difícil.”        doenças orgânicas existentes e que
                                           medicação é utilizada.

2. “ O padrão de doença de um idoso        3. Exame mental: O psicólogo deverá
decorre de um terreno diminuído, de        avaliar o estado psíquico e mental do
uma patologia múltipla e frequentemente    idoso. Não se trata de um exame mental
pouca expressiva, e tem uma relação com    muito profundo, mas sim, do estado
o social.”                                 afectivo e cognitivo. Além de um
                                           conhecimento acerca das alterações
                                           sobre o envelhecimento psicológico,
3. “As soluções para os problemas do       deverá igualmente estar atento às
idoso têm quase sempre um carácter         mudanças        comportamentais      e
multidisciplinar e interdisciplinar, e     deterioração mental.
envolvem profissionais de sectores
diversos.”                                 4. Avaliação funcional: Obviamente que
                                           nas deslocações à casa do idoso, o
                                           psicólogo deverá ter em atenção todos os
       (Ermida, J; 1994)
                                           aspectos referidos anteriormente, como
                                           também todos os aspectos que
                                           condicionam a autonomia e que retiram
                                           qualidade de vida ao geronto. Assim, é
                                           muito importante que o psicólogo
De certa forma, pretende-se fazer uma      percebe quais as tarefas que a pessoa
avaliação que compreenda o estado de       idosa consegue executar sozinha ou com
saúde do idoso nos planos físico, mental   ajuda, a que José Ermida chama de
e     funcional,  bem     como,      um




                                                                       Página 5 de 15
Actividades de Vida Diária (A.V.D.) e que    competências psicossociais. Obviamente
são:                                         que posteriormente será importante
                                             perceber o diagnóstico, até porque nos
       -   Tomar banho,        vestir-se,    vai ajudar na complementaridade da
       alimentar-se, andar e comunicar       nossa intervenção, sendo que as
                                             patologias predominantes, centram-se na
                                             depressão e nas demências. Então, será
Além das anteriores descritas, existem       importante o psicólogo ter um
ainda as                                     conhecimento profundo e saber por que
                                             é que estas patologias estão associadas à
                                             pessoa idosa.

Actividades Instrumentais de Vida Diária
(A.I.V.D.) e que são:
                                             Planeamento de intervenção – Aqui é
                                             extremamente      pertinente    elaborar
                                             objectivos terapêuticos individuais para
       -    Escrever,  ler,   telefonar,     cada uma das situações, planeando quais
       cozinhar, arrumar a casa, fazer as    os aspectos em que se devem centrar a
       compras, utilizar transportes,        intervenção do psicólogo. No fundo,
       lidar com dinheiro e tomar            pretende-se individualizar o idoso como
       medicação                             pessoa e adequar o melhor tratamento
                                             para ela. Deve-se igualmente estipular a
Luís Jerónimo define algumas fases           planificação das visitas domiciliárias,
acerca da intervenção do psicólogo ao        sendo que numa primeira fase, é
nível do apoio domiciliário, fases essas     importante fazer visitas semanalmente.
que espero poder complementar com            Contudo, nem sempre isso é possível,
base na minha prática profissional.          passando as visitas a ter um intervalo
                                             quinzenal. Os registos sistemáticos das
                                             visitas domiciliárias, são igualmente
Avaliação / Diagnóstico – Será               importantes.
importante procedermos a uma primeira
avaliação da situação com base nos 4
aspectos      definidos    anteriormente,
contudo, a primeira avaliação nunca será
efectuada pelo psicólogo, já que será        (Re) avaliação e (re) definição de
primordialmente a técnica de serviço         estratégias do plano de intervenção – No
social que estará à frente da instituição,   decorrer do apoio, o técnico vai
que fará uma primeira sinalização e que      estabelecendo uma relação com utente e
encaminhará ao psicólogo. De qualquer        conseguindo perceber as problemáticas
forma, cabe sempre ao psicólogo avaliar      associadas ao sofrimento. Geralmente,
em termos psíquicos o idoso e efectuar o     após um espaço de 6 meses, deverá
seu parecer final. È também muito            fazer-se uma reavaliação da estrutura
importante, que na primeira vista            psiquica do individuo, alterando se
domiciliária, o psicólogo possa ser          necessário, os objectivos e as estratégias
acompanhado da técnica responsável           deliniadas incialmente. Contudo, penso
pela instituição, no sentido do idoso não    que nunca será de mais, o psicólogo ir
percepcionar o profissional como um          fazendo constantes avaliações, no
intruso. No que diz respeito ao              sentido de ir percebendo os avanços e
diagnóstico, penso que não será num          retrocessos.
primeiro instante relevante definir, mas
sim, perceber o estado afectivo,
relacional, familiar e cognitivo do idoso,
bem como, a rede de suporte social e as


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Recuperação e reposição do equilíbrio        forma mais precisa, bem como, todos os
mental, melhorando a qualidade de vida –     aspectos       que    possam    parecer
Esta será a fase mais desejada mas mais      insignificantes mas que poderão ter um
complexa de alcançar. Acima de tudo,         elevado grau de importância, e que
podemos verificar uma redução na             raramente       acontecem    no   meio
sintomatologia depressiva e ansiogénica,     institucional.
mas quase sempre, acompanhada de uma
instabilidade    emocional    acentuada.
Importante, será podermos contribuir
                                             Não poderemos partir do pressuposto
para um aumento da qualidade de vida.
                                             que todos os idosos dependentes e com
                                             doenças crónicas, ou que os seus
                                             familiares,    necessitem     de     apoio
                                             psicológico, já que alguns deles utilizam
Os testes de avaliação psicológica           mecanismos de defesa eficazes para
também poderão ser utilizados, mas           lidarem com a situação. (Laham, C;
talvez mais ao nivel da definição do         2000).      A    religião,   acaba     por
diagnóstico.                                 desempenhar        um      papel    muito
                                             importante na vida destas pessoas, sendo
                                             raras as situações em que o idoso não
                                             demonstre um apego extraordinário pela
Acima de tudo, o psicólogo deverá avaliar
                                             temática da Fé. Ainda assim, existem
como o paciente está a enfrentar a sua
                                             inúmeros casos em que esse mesmo
situação de doença, se em negação ou
                                             apego é evidente, mas não suficiente.
aceitação, e quais os recursos psíquicos
                                             Recordo uma paciente, Sra. I. de 76 anos,
que estão disponíveis no utente.
                                             que adere bastante bem ao tratamento
                                             no que diz respeito à psicologia, contudo,
                                             afirma que é a temática da Fé que a faz
VI   –   Aspectos     relevantes   da        sobreviver ao sofrimento em que vive
intervenção do psicólogo no domicílio        diariamente, e dedica todo o seu tempo a
                                             rezar e a contemplar o divino, sendo o
                                             seu quarto muito similar a um templo.

                                             Obviamente, que nem todas as pessoas
                                             idosas possuem mecanismos de defesa
A casa da pessoa idosa – domicílio – é o     que as façam suportar o sofrimento e a
contexto e o local privilegiado para o       dor, sendo a psicologia uma óptima
psicólogo intervir, já que fornece várias    estratégia    para     reduzir   esses
indicações que poderão levar à               sentimentos angustiantes.
compreensão dos sintomas e do
sofrimento do idoso. Assim, ao contrário
do modelo hospitalar que até aqui tem
subsistido, “…o domicílio do paciente        Assim, existem algumas situações
tende a tornar-se o foco e a possibilidade   importantes a ter em conta, aquando das
de uma intervenção e assistência mais        deslocações do psicólogo aos domicílios.
humanizada…” (Leite, E; 2002), onde o
idoso passa a ter uma participação activa
– Empowerment – no seu processo de
                                             O profissional terá de ter algum cuidado,
reabilitação, bem como no planeamento
                                             no sentido de não tentar impor as suas
e na execução dos cuidados. Este
                                             ideias e valores, sobretudo porque
contexto sugere acima de tudo, uma
                                             falamos de uma faixa etária com ideais e
fonte de segurança e uma possibilidade
                                             crenças muito próprias, com a sua forma
de autonomia, de mudança e de auto
                                             de viver em família, com horários de
estima. No domicílio, consegue-se
                                             refeições diferentes e com gostos
perceber a dinâmica familiar de uma


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pessoais de arrumação de casa. Em            das visitas domiciliárias, vão-se criando
qualquer circunstância, o psicólogo          alguns rituais por parte dos idosos, já que
deverá respeitar as ideias do utente,        por vezes, a cadeira do psicólogo já está
nunca esquecendo que numa fase inicial,      no sítio da última visita, os pertences do
poderá ser considerado como um intruso       técnico já tem local onde ficar, etc.
num espaço que não é seu.
                                                    Torna-se muito difícil para o
                                             psicólogo controlar todas as variáveis
                                             que circundam o ambiente, já que
Outro aspecto deveras importante, é          poderão ocorrer inúmeras interferências
transmitir      uma       imagem       de    como o telefone ou a campaínha a tocar,
profissionalismo tanto ao idoso como à       a televisão poderá estar ligada no
família, já que a ida do psicólogo ao        momento do atendimento, poderão estar
domicílio não constitui uma visita social,   presentes no domicílio mais que uma
e se necessário, este deverá colocar         pessoa, etc.
limites se perceber que a família
pretende      que    o    relacionamento     Nem sempre o técnico pode seguir o que
ultrapasse o campo profissional. Neste       estava previsto inicialmente em termos
contexto em específico em que existe um      do número de sessões a efectuar, o
nível elevado de intrusão como               horário e o tempo de cada sessão. Muitas
anteriormente foi referido, existe uma       vezes, acontece que se tem de desmarcar
tendência natural para que o vínculo         sessões à última da hora, e isso, terá que
paciente/idoso seja mais conseguido,         ser      explicado       atempadamente.
mas que também necessita de um maior         Geralmente os contactos são feitos por
controlo por parte do profissional.          via telefone numa fase inicial, por
Obviamente, que não se deverá rejeitar       motivos que dizem respeito a questões
um café ou um chá, já que isso poderia       de memória dos utentes, mas numa fase
ser considerado como uma falta de            posterior, esses contactos deixam de
respeito na nossa cultura, mas deverá em     acontecer porque já se criou e
todos os momentos, adequar uma               estabeleceu uma relação com o técnico.
postura séria e profissional.
                                             O estabelecimento da relação é um dos
                                             factores mais importantes no trabalho do
                                             psicólogo, contudo, com o decorrer do
Ao       contrário     do       contexto     apoio, essa relação pode transformar-se
psicoterapêutico, em que o setting está      em dependência por parte do idoso, daí o
claramente definido à priori e em que        técnico ter que ter alguma perspicácia
existem uma série de regras, ao nível do     em perceber essa situação, e a
apoio domiciliar isso é imprevisível, já     capacidade para a anular.
que está repleto de limitações, quer em
termos de lugar, tempo, constância.
Contudo será importante nunca perder o
foco pretendido, que é o apoio                      O sigilo profissional é também
psicológico daquele paciente. Outro          relevante, não sendo raro ser quebrado,
exemplo desta imprevisibilidade, é o         já que determinados atendimentos
facto do psicólogo raramente saber em        podem acontecer num determinado
que local da casa se vai fazer o             espaço do domicílio, e em que poderá
atendimento, já que vai depender da          estar presente um familiar ou uma visita
vontade do idoso. Aqui, será a pessoa        do paciente.
idosa ou os familiares que darão as
directrizes de como o psicólogo se
deverá comportar na sua casa, onde se        No que diz respeito à farmacologia, o
senta, se pode ou não utilizar a casa de     psicólogo     depara-se   nas      visitas
banho, entrar no quarto, enfim, na           domiciliárias com frequentes solicitações
intimidade da família. Com o decorrer


                                                                           Página 8 de 15
da pessoa idosa, no sentido de auxílio na     VII – Aspectos sobre o ser Cuidador
compreensão da medicação. Então,
independentemente        das     doenças
orgânicas ou psíquicas, o técnico deverá
                                              Segundo Liliana Sousa et al., o conceito
possuir um conhecimento dos fármacos
                                              de cuidador refere-se a elementos da
mais utilizados pelos idosos, e perante o
                                              rede social do idoso (familiares, amigos,
surgimento de dúvidas, deverá ler em
                                              vizinhos, …) que lhes prestam cuidados
voz alta as indicações terapêuticas do
                                              regulares, mas que não são remunerados.
fármaco, esclarecendo quais os efeitos
                                              Contudo, perante a população idosa que
secundários, e quais os intervalos diários
                                              temos actualmente, existe um maior
que devem decorrer entre a toma do
                                              número de cuidadores, mas que são
mesmo.
                                              familiares e que assumem este papel
Relembro o Sr. A de 86 anos, que              durante um longo período de tempo.
insistentemente       revela       extrema    Usualmente, o papel de cuidador é
ansiedade e nervosismo após consulta          assumido pelo próprio de uma forma
com a médica de família, em que lhe é         inesperada e livre de poder decidir sobre
receitado nova medicação. De certa            esse mesmo papel, apesar da progressiva
forma, este idoso não lida bem com            perda de autonomia do idoso. No fundo,
situações que alterem o seu dia a dia e a     o familiar inicia a prestação de cuidados
sua rotina, assim um conhecimento             sem se dar conta, e sem tomar
profundo da farmacologia por parte do         consciência do encargo e da dedicação
profissional, ajuda a clarificar e de certa   que terá de ter, independentemente dos
forma a evitar que ocorram alterações de      anos que a situação se mantenha.
humor que poderão originar situações
                                              Todavia, existem situações em que o
bem mais graves.
                                              cuidador poderá tomar consciência da
                                              possível prestação dos cuidados, caso
                                              ocorram no idoso incapacidades súbitas,
Como podemos perceber pelo que foi            viuvez, etc. Perante isso, o familiar
referido anteriormente, a psicologia não      parece       ter  algumas      motivações
terá apenas a função de apoiar                subjacentes no assumir este papel tão
psicologicamente o idoso, mas também          difícil, tais como o dever moral e/ ou
poderá auxiliá-lo nas actividades             social em que o cuidador sente que deve
instrumentais da vida diária referidas        dar em troca para não se sentir culpado;
anteriormente,     bem      como     nas      solidariedade conjugal, filial ou familiar
competências       sociais.    Possíveis      que assenta sobretudo no sentimento de
encaminhamentos para unidades de              gratidão para com o cuidado; questões
saúde, também serão aspectos a                relacionadas com o cristianismo;
considerar pelo técnico caso sejam            sentimentos de amor e piedade;
necessárias, já que ele terá uma relação      recompensa material e evitamento de
privilegiada com o utente e poderá            institucionalização.
actuar de uma forma mais rápida e
efectiva.                                     De certa forma, a prestação de cuidados é
                                              frequente ser realizada pelo conjuje
                                              feminino, contudo, hoje verifica-se
                                              muitos cuidadores do sexo masculino. Na
                                              maioria dos casos, os filhos também
                                              participam activamente nesta prestação
                                              de cuidados, sendo mais usuais serem do
                                              sexo feminino.




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Geralmente, a duração dos cuidados por      um papel de valorizar e apreciar o
parte do cuidador tende a ser bastante      trabalho que é concretizado pelos
longa, e isso poderá gerar impactos         familiares, no sentido de sentirem que
negativos, mesmo apesar dos mesmos          são úteis e que estão realmente a
considerarem ser uma função muito           desempenhar bem a sua função.
gratificante e uma oportunidade de
enriquecimento pessoal.                             O psicólogo também deverá
                                            avaliar a forma como o cuidador está a
Alguns desses impactos poderão ser a        enfrentar a doença do idoso, e se acima
sobrecarga, que no fundo caracteriza-se     de tudo, tem tido cuidado consigo, e os
por um conjunto de problemas físicos,       efeitos que o exercício de cuidar tem tido
psicológicos e sócio económicos que         na sua vida. Cabe também ao psicólogo a
decorrem      da tarefa de cuidar,          tarefa de orientar este cuidador para
nomeadamente ao nível das relações          possíveis reacções emocionais do
familiares e sociais, a carreira            paciente, tornando-os mais conscientes
profissional, intimidade, liberdade e       das suas possibilidades e limites.
equilíbrio emocional. Outro aspecto
relevante, é a saúde física e mental, em            Com os familiares, o psicólogo
que esta tarefa pode ser física e           terá de promover boas relações, através
psicologicamente      esgotante.  Muito     do     envolvimento,      colaboração    e
frequentemente os cuidadores referem-       capacitação. De certa forma, o
se ao cansaço físico e sensação de          profissional através do envolvimento
deterioração gradual do estado de saúde.    terá como função a criação de laços
A depressão e ansiedade são também          afectivos, promover a compreensão e o
dois problemas significativos para a        respeito mútuo e canais de comunicação.
maioria dos cuidadores, associados a        Relativamente à colaboração, deverá
sentimentos de tristeza, desespero,         instituir-se uma parceria vincada no
frustração e inquietação.                   reconhecomento        de      objectivos e
                                            estratégias comuns. Finalmente, a
Aspectos como a actividade profissional     capacitação envolve a partilha de poder e
e o tempo livre são igualmente afectados,   responsabilidade, existindo um clima de
já que o familiar acaba por ter muito       confiança. (Sousa, L. et al, 2004).
menos tempo para dedicar ás coisas que
gosta de fazer, já no trabalho, poderá
existir um desgaste já que existe um
                                            VIII – Patologias mais frequentes e
acumular de horas e consequentemente
                                            abordagem psicológica
uma diminuíção no rendimento laboral.


                                            As patologias e as sintomatologias
Concerteza que existirão também
                                            disruptivas que se verificam nas pessoas
aspectos positivos a salientar, todavia
                                            idosas, passam maioritariamente por
será aqui importante especificar e
                                            situações    com      uma     componente
centrarmo-nos no que o psicólogo
                                            depressiva e ansiogénica demarcada,
poderá fazer para apoiar os familiares.
                                            bem como, situações associadas a
Estes       cuidadores       apresentam     psicoses de inicio tardio e demências.
necessidades de apoio emocional e
                                            “A depressão major é a forma mais grave
aconselhamento, logo será importante o
                                            de perturbação do humor no idoso.
profissional ser alguém com quem o
                                            Ocorre em cerca de 1% dos indivíduos
cuidador poderá falar acerca das suas
                                            com mais de 65 anos (…) e é a razão de
experiências,       dificuldades      e
                                            quase 50% das admissões de pessoas
preocupações, no fundo, alguém que as
                                            idosas em hospitais psiquiátricos em
compreenda e com quem possam
                                            geral e está presente em cerca de 30%
desabafar. Aqui o psicólogo também terá


                                                                        Página 10 de 15
dos idosos com doenças agudas e               No que diz respeito à abordagem
crónicas do foro médico.” (Spar, J; Rue, A;   psicoterapêutica a utilizar, fará mais
1998).                                        sentido a integracionista, tendo em conta
                                              o funcionamento global e as várias
Normalmente, a depressão não é                vertentes relacionadas com o sujeito.
diagnosticada nem tratada, já que é           Através desta perspectiva, pretende-se
considerada “normal” no idoso. Por            autonomizar o idoso, reforçar a auto
vezes, esta depressão pode ser uma            estima e valorização pessoal tendo como
resposta pouco adequada às perdas             base a complementaridade de várias
sucessivas do envelhecimento, ou poderá       vertentes psicoterapêuticas.
ser o resultado da incapacidade do
indivíduo em fazer os lutos do seu longo      Contudo, defendo igualmente a utilização
historial de vida. Muitas vezes, esta         da abordagem psicodinâmica, apelando à
depressão está mascarada por sintomas         escuta activa do indivíduo. É importante
físicos, e pode assumir a forma de            escutarmos e estarmos disponíveis para
comportamentos parasuicidários (não           ouvir a história de vida do idoso, aos
comer ou beber).                              aspectos mais ligados ao inconsciente e a
                                              situações traumáticas não ultrapassadas
Outra das patologias predominantes na         anteriormente. Então se “ na memória
terceira idade, são as demências que          reconstruímos o equilíbrio e a
“…caracterizam-se pelo desenvolvimento        identidade, não se tratará de explicar,
de     défices    cognitivos     múltiplos    mas permitir a todos os intervenientes,
(incluindo diminuição de memória) …”,         idosos e não só, compreender o que se
(D.S.M. IV, 1994.), sendo a mais              passa.” (Jerónimo, L; 1997). Desta forma,
frequente, a doença de Alzheimer. Esta        o apelar ás recordações pode ser
demência é irreversível, não existido         extremamente terapêutico, e apenas o
regressão dos sintomas, e geralmente a        facto do idoso poder falar sobre a sua
evolução dá-se continuamente ao longo         vida, ajuda-o a integrar com a ajuda do
do tempo. Existe uma deterioração             psicólogo, determinados aspectos na sua
progressiva principalmente da parte           vida que forma mal resolvidos.
intelectual e cognitiva. A idade de
instalação é normalmente acima dos 40         Obviamente, que estamos a falar de uma
anos, mais frequentemente acima dos 50        geração idosa com uma série de ideias
anos. Muito resumidamente, podemos            preconcebidas no que diz respeito à
falar de 4 fases. Na primeira,                psicologia, sendo ainda vista como uma
esquecimento, ocorrem defeitos de             ciência muito direccionada para os
memória, ansiedade e depressão. Os            “malucos”. O psicólogo depara-se por
doentes sentem as suas falhas e               vezes com enormes resistências do idoso
esquecem informação do dia a dia. A           na adesão ao tratamento, porque
segunda fase, denominada de confusão,         segundo eles, se até então “nunca
existe um agravamento do defeito da           tiveram este tipo de apoio e
memória e desorientação espacial e            sobreviveram, também não será agora
temporal. Na terceira fase, a demência, os    que vão necessitar”.
doentes já têm um comportamento
invulgar, perdendo-se frequentemente,         Outra situação que o profissional muitas
não reconhecendo familiares ou amigos.        vezes se depara, é com o facto de ser
A depressão vai desaparecendo, e o            considerado muito jovem pelo idoso, não
doente vai negando as dificuldades,           lhe atribuindo a credibilidade que
perdem autonomia, discurso repetitivo e       realmente merece, podendo afirmar que
pobre e por vezes têm alucinações. Por        o mesmo não tem a experiência de vida
último, temos a fase de estado vegetativo,    necessária para o ajudar. Então, cabe ao
em que o doente fica confinado à cama,        psicólogo demonstrar todo o seu
apático e entubado. Finalmente dá-se          profissionalismo, e esclarecer ao idoso,
infecção respiratória e morte.                que independentemente da idade, está



                                                                          Página 11 de 15
preparado técnica e relacionalmente          escassas     ou       menos visíveis,
para lidar e intervir com a população        principalmente pelos outros técnicos
idosa e com este tipo de situações.          integrados na equipa.

No que diz respeito ao número de
sessões, julgo ser indicadas sessões
semanais numa fase inicial. Após uma         IX – Características do psicólogo
avaliação e observando-se algumas
melhorias na pessoa idosa, penso que se
poderão alargar as sessões para uma          O psicólogo deverá conhecer acima de
situação     quinzenal.    Seguindo     a    tudo,       as     características      do
abordagem psicodinâmica, e ao contrário      envelhecimento normal: modificações
da       abordagem       cognitiva      –    biológicas, psicológicas e sociais. Assim,
comportamental em que existe um              será mais fácil o profissional perceber
número mínimo de sessões para a              quais as perturbações predominantes da
resolução dos problemas, não poderemos       3ª idade e os efeitos da idade sobre as
especificar quantas sessões decorrerão       perturbações do humor e ansiedade. É
ao longo do acompanhamento. Não nos          também extremamente importante, que
poderemos esquecer, que estamos a falar      entenda quais os problemas sociais e
de uma população idosa com histórias de      físicos subjacentes à terceira idade, como
vida bastante longas, e que as               o luto, perda de papeis, dor, perturbações
resistências à mudança não se devem          do sono, etc.
apenas a factores de personalidade, mas
acima de tudo, a factores respeitantes à     Deverá sem dúvida alguma, estar
idade, e em que uma série de faculdades      disponível para trabalhar em equipa, já
intelectuais foram sendo diminuídas.         que     actuando   isoladamente    sem
Relativamente ao tempo, cada sessão          contemplar aspectos como o social e o
poderá demorar entre 60m a 90m,              familiar,     não    terá    resultados
consoante o decorrer da mesma.               significativos.
Importante será nunca quebrar o
raciocínio do idoso com base no factor       No contacto com os idosos, o psicólogo
tempo,     à    semelhança     do     que    deverá ter a capacidade para transmitir
eventualmente poderá ocorrer no              informação, tendo para isso que adoptar
contexto psicoterapêutico tradicional.       uma postura empática e ser paciente.
                                             Essa informação deverá ser concretizada
Existe uma enorme probabilidade de           com frases curtas e com linguagem
ocorrer o fenómeno de transferência ou       adaptada ao idoso, elevando se
contratransferência. Será extremamente       necessário, o tom de voz.
importante estar atento a estas questões,
sendo muito frequente o psicólogo ser        O técnico deverá aceitar e não
encarado ou tratado como marido/             desencorajar       com       objectivos
mulher; filho/ filha, neto/ neta do idoso,   terapêuticos nem muito limitados, nem
bem como, o psicólogo encarar o idoso        muito abrangentes, tendo a capacidade
como pai/ mãe; avó/ avô, podendo             de manter o optimismo terapêutico.
originar uma reactivação dos problemas
relacionais.                                 O psicólogo deverá também, estar
                                             disponível para explorar os seus afectos
Como último factor que acho relevante        acerca do envelhecimento, e a discutir
mencionar, diz respeito à frustração que     com o idoso, as dúvidas quer os mesmos
o terapeuta poderá vir a sentir no           têm em relação aos profissionais mais
decorrer das sessões, já que estamos a       jovens e à sua sabedoria.
falar de um processo moroso, rodeado de
extrema angustia e dor, em que as            Acima de tudo, o psicólogo deverá evitar
melhorias no individuo poderão ser           implementar soluções na vida dos idosos



                                                                         Página 12 de 15
que não correspondam à sua história de       como um facilitador no processo de
vida e ao seu grupo etário.                  morrer, facilitando a expressão dos
                                             afectos, possibilitando a resolução de
                                             conflitos   existentes    através   da
                                             comunicação.
No contexto de apoio domiciliário, o
psicólogo deverá evidenciar alguma           Apesar da morte ser considerada pelos
flexibilidade, não só na forma de intervir   familiares com um processo normal no
com a população idosa, como também ao        idoso, esta origina sempre desiquilibrios
nível da mobilidade. Ao contrário do que     e um enorme sofrimento humano, daí ser
descreve Claudia Laham acerca do             importante trabalhar a crise e a
psicólogo deslocar-se de carro para a        inaptidão que evidenciam perante a
casa dos utentes, em Portugal isso ainda     realidade que lhes é imposta. (Leite, E.
não acontece devido à escassez de            2002)
recursos e pelo facto deste serviço ser
muito recente, logo, o psicólogo não tem
disponíveis meios de transporte que o
ajudem a deslocar-se para a casa dos         XI – Propostas
utentes de uma forma mais rápida.
Devido a esse factor, poderá existir o
inconveniente de possíveis atrasos e         De seguida, gostaria de referir algumas
desgaste físico psicólogo.                   propostas que venham no sentido de
                                             uma     consequente     melhoraria     na
Por fim, é relevante que o psicólogo
                                             comunicação e nas relações interpessoais
consiga     conviver     com    situações
                                             entre familiares – cuidadores/ técnicos, e
dolorosas, como o sofrimento intenso e
                                             técnicos/ técnicos
diário, e todos os aspectos que envolvem
a morte.



X – Estratégias para lidar com a morte       Grupos de        Apoio   aos      Familiares
                                             (cuidadores)

       Intervir com doentes crónicos
que já não respondem ao apoio, e com                 Como falámos anteriormente, os
um elevado grau de detioração fisica e       familiares, quando existem, são as
mental, significa o vivenciar de um          pessoas com um contacto mais próximo
processo de luto por parte dos               do idoso, e como tal, estão sujeitos a uma
cuidadores e da própria pessoa.              enorme pressão ao nível emocional e
De certa forma, vivencia-se uma situação     afectivo.
emocional intensa e desgastante, e o
psicólogo terá que de adequar a melhor       Várias são as dúvidas que os avassalam,
conduta a seguir junto da família e do       no que diz respeito aos sentimentos
paciente.                                    provocados pela situação que estão a
       Numa primeira instância, deverá       vivenciar, e na minha perspectiva, penso
rever e esclarecer se todas as               ser benéfico a criação de grupos de apoio
alternativas     terapêuticas      foram     aos familiares de forma a poderem
esgotadas.                                   partilhar as suas experiências, os seus
                                             sucessos e fracassos. É importante que os
       Posteriormente, os medos e as         familiares sintam que têm disponível um
incertezas do paciente e dos familiares      espaço e um técnico que os compreenda
deverão ser escutados atentamente, e os      e que lhes possa oferecer um apoio
seus desejos devem sempre ser                diferente.
respeitados. No fundo, o psicólogo actua


                                                                            Página 13 de 15
Reuniões de Equipa                           Formação dirigida ás auxiliares de acção
                                             directa

        Julgo      ser    extremamente               Formações      e    sessões   de
importante a partilha de informação e        esclarecimento nas mais diversas áreas,
uma comunicação persistente entre os         são também muito importantes, já que
diversos técnicos que compõem a equipa       poderão esclarecer algumas dúvidas que
interdisciplinar.    A   eficiência  no      as profissionais tenham na relação entre
tratamento do paciente nos mais              si e com os idosos. A psicofarmacologia e
variados níveis, depende da comunicação      os efeitos dos mesmos, a gestão de
que os técnicos têm, bem como, um            conflitos, a assertividade e questões
conhecimento profundo sobre o idoso.         ligadas com a morte, são exemplos de
Estas reuniões deveriam ser quinzenais,      possíveis temáticas a debater.
contudo, perante situações mais graves,
essas reuniões poderão ser com mais
frequência.
                                             XII – Considerações finais
        Acima de tudo, e não querendo
minimizar a importância das outras
áreas, teremos de adequar a nossa
                                                      A psicologia é uma ciência
intervenção à realidade actual. Nas
                                             relativamente recente ao nível do apoio
instituições não temos ainda acesso a
                                             domiciliário, contudo, penso estar-se a
este tipo de equipas, então será
                                             caminhar a passos largos para uma
importante que o psicólogo e a técnica de
                                             efectividade da sua integração neste
serviço social, que é quem está
                                             contexto tão específico. A população
geralmente na linha da frente do apoio
                                             idosa é sem dúvida uma aposta a
domiciliário, possam partilhar da
                                             considerar por parte dos psicólogos, já
informação sobre o mesmo utente.
                                             que poderão desempenhar e ter uma
                                             função extremamente útil, contribuindo
                                             claramente para proporcionar aos idosos
                                             uma melhor satisfação e qualidade de
                                             vida, minimizando o isolamento social.
Reuniões com as auxiliares de acção
directa                                              O psicólogo integrado nas
                                             equipas interdisciplinares do apoio
                                             domiciliário, deverá ser encarado como
        Estas reuniões são extremamente      um       técnico     especializado    na
importantes, já que permitem às              compreensão da história de vida dos
auxiliares de acção directa, que estão       idosos, na intervenção perante situações
sujeitas a um desgaste intenso, poderem      de crise e perda, nas relações
partilhar das suas angustias e as suas       interpessoais, e acima de tudo, como um
duvidas no que diz respeito à relação que    “colaborador” disposto a reduzir
estabelecem com os idosos que cuidam.        situações     demarcadas      por   uma
Além disso, a temática da morte é sempre     componente ansiogénica e depressiva.
algo de difícil verbalização por parte das
mesmas, já que criam laços afectivos                 Tal como foi descrito ao longo do
muito fortes com os utentes.                 trabalho, a intervenção do psicólogo ao
                                             nível do domicílio terá concerteza
       O psicólogo, podere ter aqui uma      desvantagens, contudo, penso que as
função de suporte emocional, e mais          vantagens as superam em larga medida
importante ainda, estar disponivel para      já que, se “a montanha não vai a Maomé,
escutar.                                     vai Maomé à montanha”, ou seja, se o




                                                                          Página 14 de 15
utente não pode ir até ao serviço, irá o     Laham, C., F., (2000). As Peculiaridades
serviço até ao utente.                       do Atendimento Psicológico em

Acima de tudo, o psicólogo deverá fazer      Domicílio e o Trabalho em Equipe,
ver aos demais (técnicos e utentes) a        http://www.cepsic.org.br/revista/Artigo
importância do seu trabalho, tendo como      s
resistências, não só uma população
geriátrica pouco habituada a lidar com       Leite, É., P; (2202). Atendimento
esta ciência, como também, a obtenção        psicológico             Domiciliar:
de resultados ao nível de melhorias          Interdisciplinaridade e  Cuidados
visíveis nos idosos.                         Paliativos.

        Finalmente,        julgo       ser   Sousa, L; Figueiredo, D; Cerqueira, M;
extremamente importante capacitar o          (2004). Envelhecer em Família
idoso de forma a que ele participe
                                             - Os cuidados familiares na velhice, 1ª
activamente no seu processo de
                                             edição, Porto, Âmbar.
reabilitação, e tal como na frase descrita
anteriormente por Hernest Hemingway,         Spar, J; Rue, A. (1998). Guia de
a pessoa idosa não se deve considerar        psiquiatria geriátrica, 1ª edição, Lisboa.
vencida pela doença orgânica ou
psíquica. A psicologia poderá ajudar a
reforçar a auto-estima, o auto-conceito, a
valorizar, a compreender, a escutar, estar
disponível, enfim, a relação.



XIII – Referências Bibliográficas



American      Psychiatric    Association,
(1996). DSM-IV, Manual de Diagnóstico e
Estatística das Perturbações Mentais,
4ªedição, Lisboa, Climepsi Editores.

Barreto, J; (1988). Aspectos psicológicos
do envelhecimento, VI, 2: 159- 170,
Porto.

Bonfim, C.J; Veiga, S; (1998). Serviços de
Apoio Domiciliário – Núcleo de
documentação técnica e divulgação, 2ª
edição, Lisboa.

Ermida, J.G; (1994). Avaliação Geriátrica
Compreensiva, pp. 42-52, Lisboa.

Jerónimo, L; (2000). O Trabalho
interdisciplinar com idosos: Da avaliação
à intervenção. O papel do psicólogo nas
equipas de apoio domiciliário. Estudo de
um caso, 13, 123 (17-25) 00, Lisboa.




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Integração do psicologo no serviço de apoio domiciliário (intervenção com o idoso) - Rui Grilo artigo 2012

  • 1. Integração do Psicólogo no serviço de Apoio Domiciliário (intervenção com o idoso) Rui Grilo Psicólogo Clínico Índice I – Introdução II – Envelhecimento psicológico III – Apoio domiciliário IV – Interdisciplinaridade e a importância da Psicologia V – Avaliação psicológica do idoso e fases VI – Aspectos relevantes da intervenção do psicólogo no domicílio VII – Aspectos sobre o ser Cuidador VIII – Patologias mais frequentes e abordagem psicológica IX – Características do psicólogo “Tudo nele e dele era velho, menos os olhos, que eram X – Estratégias para lidar com a morte da cor do mar, alegres e não vencidos…” XI – Propostas XII – Considerações finais Hernest Hemingway XIII – Referencias bibliográficas O Velho e o Mar Página 1 de 15
  • 2. I – Introdução II – Envelhecimento psicológico A temática da terceira idade reveste-se O envelhecer, “…é uma fase da de extrema importância, já que na existência dominada por grandes actualidade existe uma elevada transformações nos planos físico, percentagem de pessoas idosas em psíquico e social, de origem interna ou Portugal, e como tal, a elaboração de externa; naturais e esperadas umas, estratégias e a prevenção da súbitas e imprevistas outras. Tais institucionalização é o objectivo essencial transformações reflectem-se tanto no dos técnicos ligados à área do Serviço de comportamento como na experiência Apoio Domiciliário. subjectiva da pessoa que envelhece, concorrendo muitas vezes para o Com o presente trabalho aparecimento de certas formas de pretende-se discutir alguns aspectos doença psíquica. A fronteira entre o relacionados com a integração do normal e o anormal é aqui especialmente psicólogo no S.A.D., percebendo quais as difícil de delimitar.” (Barreto, J., 1988). limitações e possibilidades da sua intervenção no domicilio. Perante a ideia anterior, a incerteza sobre os processos psicológicos Pretende-se demonstrar a na terceira idade, é algo que ainda importância do trabalho interdisciplinar, poderá ser bastante explorado e que de de forma a realçar o papel da psicologia certa forma, o psicólogo poderá assumir no trabalho com a população idosa. um papel importante. As características do psicólogo O envelhecimento é um neste âmbito, são algo de muito fenómeno que pode ser apreendido a importante a considerar, já que se trata diversos níveis, quer biológico em que de uma forma de intervenção muito existe um aumento das doenças e das peculiar, com um grau bastante elevado modificações do aspecto, quer social em de exigência e flexibilidade por parte do que ocorre uma mudança de estatuto técnico. provocada pela passagem à reforma, e ao nível psicológico em que existem Será meu objectivo também, modificações das actividades intelectuais referir quais as patologias mais e das motivações dos idosos. Daí poderão frequentes e qual a abordagem resultar dificuldades de adaptação a terapêutica a utilizar, nunca descurando novos papeis; dificuldade em planear o uma observação global do futuro, baixa auto – estima e funcionamento do idoso e da sua história desvalorização pessoal. de vida. Conhecendo algumas noções Finalmente, gostaria de sobre a psicologia do idoso, permitirá ao evidenciar a importância do cuidador na psicólogo, compreender as necessidades vida das pessoas idosas, e de que forma, afectivas da pessoa idosa, criar relações o psicólogo poderá contribuir para um humanas de boa qualidade e explicar aumento da satisfação e algum comportamento considerado mais consequentemente, para a prevenção do confuso. aparecimento de perturbações psíquicas. Uma das características essenciais do envelhecimento psicológico, diz respeito à dificuldade de capacidade de adaptação. Acima de tudo, o idoso deseja manter um ambiente estável, e qualquer Página 2 de 15
  • 3. mudança, pode correr o risco de ser De acordo com a definição rejeitada e originar alterações anterior, torna-se clara a importância do emocionais. Esta capacidade de Serviço de Apoio Domiciliário, não só ás adaptação está muito relacionada com os pessoas idosas que acabam por ser a factores de personalidade construídos população privilegiada neste apoio, bem pela pessoa ao longo da sua vida. como, pessoas que por algum motivo, estão incapacitadas de organizar e Existe igualmente uma diminuição da satisfazer as suas necessidades do dia a eficiência intelectual, notando-se dia. Assim, os objectivos gerais do dificuldades na resolução de problemas Serviço de Apoio Domiciliário são: novos e alterações na aprendizagem, imaginação e intuição. As funções a) Contribuir para a intelectuais estão também atingidas melhoria da qualidade de vida relativamente à visão e audição, levando dos indivíduos e famílias; ao isolamento e a sentimentos de b) Contribuir para retardar fragilidade psíquica. ou evitar a institucionalização; Os objectivos específicos do Serviço de O envelhecimento da memória é também Apoio Domiciliário são, nomeadamente: muito frequente nos gerontos, já que deixa de ser exigida pelo próprio. A a) Assegurar aos indivíduos dificuldade não consiste na aquisição de e famílias satisfação de nova informação, mas sim, na necessidades básicas; recuperação da mesma. b) Prestar cuidados de ordem física e apoio psico-social A psicologia deverá então intervir sobre aos indivíduos e famílias, de todos estes factores, reforçando sempre modo a contribuir para o seu que possível, os aspectos positivos do equilíbrio e bem-estar; envelhecimento. c) Colaborar na prestação de cuidados de saúde. III – Apoio domiciliário O Serviço de Apoio Domiciliário deve ainda proporcionar os seguintes serviços: “O serviço de apoio domiciliário (S.A.D) é uma resposta social que consiste na a) Prestação de cuidados de prestação de cuidados individualizados e higiene e conforto personalizados no domicilio, a indivíduos b) Arrumação e pequenas e famílias quando, por motivo de doença, limpezas no domicilio deficiência ou outro impedimento, não c) Confecção, transporte possam assegurar temporária ou e/ou distribuição de refeições permanentemente, a satisfação das suas d) Tratamento de roupas necessidades básicas e/ou actividades da vida diária.” IV – Interdisciplinaridade e a importância da psicologia Núcleo de documentação técnica e divulgação A psicologia integrada no Serviço de (Bonfim, C; Veiga, S; 1998) Apoio Domiciliário (S.A.D.), pretende como objectivo geral, intervir maioritariamente com a população idosa em situações de risco e de perda, prevenindo-as ou trabalhando-as quando Página 3 de 15
  • 4. são um facto e já estão instaladas. Assim, tomada de decisões quanto ao para se intervir de uma forma eficaz com direcionamento dos tratamentos. Isso o idoso, o psicólogo não deverá centrar- não significa que a responsabilidade de se apenas na patologia e nos aspectos cada profissional diminua em relação ao relativos à personalidade, mas sim, ter paciente, mas sim que várias pessoas, uma visão global e abrangente da pessoa pensando sobre os casos a partir de e das redes de suporte social e familiar, pontos de vista diferentes, têm maiores de forma a poder salientar e trabalhar os hipóteses de levar em conta as aspectos positivos. implicações existentes antes de decidirem condutas.” (Laham, C; 2000). No fundo, será importante o psicólogo averiguar as situações, no sentido de Penso que a ideia anterior explícita adequar uma resposta às necessidades adequadamente o conceito de do indivíduo, aumentando com isso, a interdisciplinaridade, contudo será sua autonomia e independência. relevante não descurar as diferenças óbvias entre as diversas disciplinas Até então, as áreas respeitantes à enumeradas, já que o que nos interessa gerontologia, privilegiaram os aspectos principalmente, será reforçar a ideia de cognitivos, salientando as perdas e os complementaridade estando as tarefas défices, hoje em dia com a inclusão da na linha umas das outras. psicologia neste panorama, contemplam- se aspectos como os: “…problemas sócio Assim, a comunicação entre os diversos – familiares, as condições de profissionais deverá fluir, e para tal, é ‘ajustamento ’ da pessoa nas suas importante que cada um dos relações com o meio que a rodeia e o profissionais entenda os objectivos de debater temas ligados à personalidade, cada uma das áreas, e não apenas da sua. sexualidade, etc.” (Jerónimo, L; 2000). Seguindo esta perspectiva, deixamo-nos de nos centrar nos défices, para Geralmente, os profissionais de saúde privilegiar as competências psicossociais. tendem a perceber o paciente de uma forma muito objectiva, sempre associada à sua área de intervenção, contudo, o Desta forma, a interdisciplinaridade é psicólogo poderá trazer alguma extremamente importante, já que subjectividade do próprio paciente aos “…constitui um número (variável) de outros elementos da equipa, aos profissionais com competências cuidadores e à família. Seria importante, complementares mas unidos por um que o psicólogo fosse igualmente um objectivo comum: contribuir para o bem- facilitador na comunicação entre a estar e melhoria da qualidade de vida dos equipa e os pacientes / familiares. idosos.” (Jerónimo, L; 2000) Acima de tudo, o trabalho em equipa De entre os vários profissionais que favorece os profissionais, na medida que poderão coexistir no modelo de poderão partilhar informação sobre o interdisciplinaridade, destaca-se o mesmo utente e arranjar estratégias de médico, técnico de serviço social, intervenção em conjunto, como também psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta o idoso, que terá ao seu dispôr uma série ocupacional, nutricionista, enfermeiro, de técnicos habilitados na área da monitores, pessoal auxiliar, entre outros. gerontologia. Então, “ … o trabalho em equipa permite a divisão de responsabilidades na Página 4 de 15
  • 5. V – Avaliação psicológica do idoso e enquadramento na realidade familiar e fases social em que vive. Após a integração do psicólogo no Serviço de Apoio domiciliário, terá de existir por parte do mesmo, um conhecimento dos casos sinalizados pela Assim, torna-se relevante, o psicólogo técnica de serviço social como os que elaborar: poderão necessitar de apoio psicológico. Será então, que o técnico irá fazer uma avaliação da situação, no sentido de perceber se existe realmente indicação 1. Anamnese: Através desta metodologia, para iniciar um tratamento. o psicólogo centra-se numa entrevista ao idoso, aos familiares e às pessoas com Contudo, terá que ter em atenção alguns quem vive, sendo que, a recolha desta aspectos relevantes para que possa história de vida nem sempre se torna efectuar essa avaliação, e José Ermida, fácil ou credível devido às diminuições descreve alguns itens que contribuem do idoso. para a compreensão da importância da avaliação nos cuidados do idoso: 2. Exame físico: Aqui é extremamente importante uma colaboração dos familiares ou pessoas mais próximas, no 1. “ O idoso é um individuo física, sentido de esclarecer o psicólogo das psíquica e socialmente diminuído e cuja alterações físicas que ocorreram devido capacidade de recuperar e repor o seu ao envelhecimento, bem como, quais as equilíbrio é mais lenta e difícil.” doenças orgânicas existentes e que medicação é utilizada. 2. “ O padrão de doença de um idoso 3. Exame mental: O psicólogo deverá decorre de um terreno diminuído, de avaliar o estado psíquico e mental do uma patologia múltipla e frequentemente idoso. Não se trata de um exame mental pouca expressiva, e tem uma relação com muito profundo, mas sim, do estado o social.” afectivo e cognitivo. Além de um conhecimento acerca das alterações sobre o envelhecimento psicológico, 3. “As soluções para os problemas do deverá igualmente estar atento às idoso têm quase sempre um carácter mudanças comportamentais e multidisciplinar e interdisciplinar, e deterioração mental. envolvem profissionais de sectores diversos.” 4. Avaliação funcional: Obviamente que nas deslocações à casa do idoso, o psicólogo deverá ter em atenção todos os (Ermida, J; 1994) aspectos referidos anteriormente, como também todos os aspectos que condicionam a autonomia e que retiram qualidade de vida ao geronto. Assim, é muito importante que o psicólogo De certa forma, pretende-se fazer uma percebe quais as tarefas que a pessoa avaliação que compreenda o estado de idosa consegue executar sozinha ou com saúde do idoso nos planos físico, mental ajuda, a que José Ermida chama de e funcional, bem como, um Página 5 de 15
  • 6. Actividades de Vida Diária (A.V.D.) e que competências psicossociais. Obviamente são: que posteriormente será importante perceber o diagnóstico, até porque nos - Tomar banho, vestir-se, vai ajudar na complementaridade da alimentar-se, andar e comunicar nossa intervenção, sendo que as patologias predominantes, centram-se na depressão e nas demências. Então, será Além das anteriores descritas, existem importante o psicólogo ter um ainda as conhecimento profundo e saber por que é que estas patologias estão associadas à pessoa idosa. Actividades Instrumentais de Vida Diária (A.I.V.D.) e que são: Planeamento de intervenção – Aqui é extremamente pertinente elaborar objectivos terapêuticos individuais para - Escrever, ler, telefonar, cada uma das situações, planeando quais cozinhar, arrumar a casa, fazer as os aspectos em que se devem centrar a compras, utilizar transportes, intervenção do psicólogo. No fundo, lidar com dinheiro e tomar pretende-se individualizar o idoso como medicação pessoa e adequar o melhor tratamento para ela. Deve-se igualmente estipular a Luís Jerónimo define algumas fases planificação das visitas domiciliárias, acerca da intervenção do psicólogo ao sendo que numa primeira fase, é nível do apoio domiciliário, fases essas importante fazer visitas semanalmente. que espero poder complementar com Contudo, nem sempre isso é possível, base na minha prática profissional. passando as visitas a ter um intervalo quinzenal. Os registos sistemáticos das visitas domiciliárias, são igualmente Avaliação / Diagnóstico – Será importantes. importante procedermos a uma primeira avaliação da situação com base nos 4 aspectos definidos anteriormente, contudo, a primeira avaliação nunca será efectuada pelo psicólogo, já que será (Re) avaliação e (re) definição de primordialmente a técnica de serviço estratégias do plano de intervenção – No social que estará à frente da instituição, decorrer do apoio, o técnico vai que fará uma primeira sinalização e que estabelecendo uma relação com utente e encaminhará ao psicólogo. De qualquer conseguindo perceber as problemáticas forma, cabe sempre ao psicólogo avaliar associadas ao sofrimento. Geralmente, em termos psíquicos o idoso e efectuar o após um espaço de 6 meses, deverá seu parecer final. È também muito fazer-se uma reavaliação da estrutura importante, que na primeira vista psiquica do individuo, alterando se domiciliária, o psicólogo possa ser necessário, os objectivos e as estratégias acompanhado da técnica responsável deliniadas incialmente. Contudo, penso pela instituição, no sentido do idoso não que nunca será de mais, o psicólogo ir percepcionar o profissional como um fazendo constantes avaliações, no intruso. No que diz respeito ao sentido de ir percebendo os avanços e diagnóstico, penso que não será num retrocessos. primeiro instante relevante definir, mas sim, perceber o estado afectivo, relacional, familiar e cognitivo do idoso, bem como, a rede de suporte social e as Página 6 de 15
  • 7. Recuperação e reposição do equilíbrio forma mais precisa, bem como, todos os mental, melhorando a qualidade de vida – aspectos que possam parecer Esta será a fase mais desejada mas mais insignificantes mas que poderão ter um complexa de alcançar. Acima de tudo, elevado grau de importância, e que podemos verificar uma redução na raramente acontecem no meio sintomatologia depressiva e ansiogénica, institucional. mas quase sempre, acompanhada de uma instabilidade emocional acentuada. Importante, será podermos contribuir Não poderemos partir do pressuposto para um aumento da qualidade de vida. que todos os idosos dependentes e com doenças crónicas, ou que os seus familiares, necessitem de apoio psicológico, já que alguns deles utilizam Os testes de avaliação psicológica mecanismos de defesa eficazes para também poderão ser utilizados, mas lidarem com a situação. (Laham, C; talvez mais ao nivel da definição do 2000). A religião, acaba por diagnóstico. desempenhar um papel muito importante na vida destas pessoas, sendo raras as situações em que o idoso não demonstre um apego extraordinário pela Acima de tudo, o psicólogo deverá avaliar temática da Fé. Ainda assim, existem como o paciente está a enfrentar a sua inúmeros casos em que esse mesmo situação de doença, se em negação ou apego é evidente, mas não suficiente. aceitação, e quais os recursos psíquicos Recordo uma paciente, Sra. I. de 76 anos, que estão disponíveis no utente. que adere bastante bem ao tratamento no que diz respeito à psicologia, contudo, afirma que é a temática da Fé que a faz VI – Aspectos relevantes da sobreviver ao sofrimento em que vive intervenção do psicólogo no domicílio diariamente, e dedica todo o seu tempo a rezar e a contemplar o divino, sendo o seu quarto muito similar a um templo. Obviamente, que nem todas as pessoas idosas possuem mecanismos de defesa A casa da pessoa idosa – domicílio – é o que as façam suportar o sofrimento e a contexto e o local privilegiado para o dor, sendo a psicologia uma óptima psicólogo intervir, já que fornece várias estratégia para reduzir esses indicações que poderão levar à sentimentos angustiantes. compreensão dos sintomas e do sofrimento do idoso. Assim, ao contrário do modelo hospitalar que até aqui tem subsistido, “…o domicílio do paciente Assim, existem algumas situações tende a tornar-se o foco e a possibilidade importantes a ter em conta, aquando das de uma intervenção e assistência mais deslocações do psicólogo aos domicílios. humanizada…” (Leite, E; 2002), onde o idoso passa a ter uma participação activa – Empowerment – no seu processo de O profissional terá de ter algum cuidado, reabilitação, bem como no planeamento no sentido de não tentar impor as suas e na execução dos cuidados. Este ideias e valores, sobretudo porque contexto sugere acima de tudo, uma falamos de uma faixa etária com ideais e fonte de segurança e uma possibilidade crenças muito próprias, com a sua forma de autonomia, de mudança e de auto de viver em família, com horários de estima. No domicílio, consegue-se refeições diferentes e com gostos perceber a dinâmica familiar de uma Página 7 de 15
  • 8. pessoais de arrumação de casa. Em das visitas domiciliárias, vão-se criando qualquer circunstância, o psicólogo alguns rituais por parte dos idosos, já que deverá respeitar as ideias do utente, por vezes, a cadeira do psicólogo já está nunca esquecendo que numa fase inicial, no sítio da última visita, os pertences do poderá ser considerado como um intruso técnico já tem local onde ficar, etc. num espaço que não é seu. Torna-se muito difícil para o psicólogo controlar todas as variáveis que circundam o ambiente, já que Outro aspecto deveras importante, é poderão ocorrer inúmeras interferências transmitir uma imagem de como o telefone ou a campaínha a tocar, profissionalismo tanto ao idoso como à a televisão poderá estar ligada no família, já que a ida do psicólogo ao momento do atendimento, poderão estar domicílio não constitui uma visita social, presentes no domicílio mais que uma e se necessário, este deverá colocar pessoa, etc. limites se perceber que a família pretende que o relacionamento Nem sempre o técnico pode seguir o que ultrapasse o campo profissional. Neste estava previsto inicialmente em termos contexto em específico em que existe um do número de sessões a efectuar, o nível elevado de intrusão como horário e o tempo de cada sessão. Muitas anteriormente foi referido, existe uma vezes, acontece que se tem de desmarcar tendência natural para que o vínculo sessões à última da hora, e isso, terá que paciente/idoso seja mais conseguido, ser explicado atempadamente. mas que também necessita de um maior Geralmente os contactos são feitos por controlo por parte do profissional. via telefone numa fase inicial, por Obviamente, que não se deverá rejeitar motivos que dizem respeito a questões um café ou um chá, já que isso poderia de memória dos utentes, mas numa fase ser considerado como uma falta de posterior, esses contactos deixam de respeito na nossa cultura, mas deverá em acontecer porque já se criou e todos os momentos, adequar uma estabeleceu uma relação com o técnico. postura séria e profissional. O estabelecimento da relação é um dos factores mais importantes no trabalho do psicólogo, contudo, com o decorrer do Ao contrário do contexto apoio, essa relação pode transformar-se psicoterapêutico, em que o setting está em dependência por parte do idoso, daí o claramente definido à priori e em que técnico ter que ter alguma perspicácia existem uma série de regras, ao nível do em perceber essa situação, e a apoio domiciliar isso é imprevisível, já capacidade para a anular. que está repleto de limitações, quer em termos de lugar, tempo, constância. Contudo será importante nunca perder o foco pretendido, que é o apoio O sigilo profissional é também psicológico daquele paciente. Outro relevante, não sendo raro ser quebrado, exemplo desta imprevisibilidade, é o já que determinados atendimentos facto do psicólogo raramente saber em podem acontecer num determinado que local da casa se vai fazer o espaço do domicílio, e em que poderá atendimento, já que vai depender da estar presente um familiar ou uma visita vontade do idoso. Aqui, será a pessoa do paciente. idosa ou os familiares que darão as directrizes de como o psicólogo se deverá comportar na sua casa, onde se No que diz respeito à farmacologia, o senta, se pode ou não utilizar a casa de psicólogo depara-se nas visitas banho, entrar no quarto, enfim, na domiciliárias com frequentes solicitações intimidade da família. Com o decorrer Página 8 de 15
  • 9. da pessoa idosa, no sentido de auxílio na VII – Aspectos sobre o ser Cuidador compreensão da medicação. Então, independentemente das doenças orgânicas ou psíquicas, o técnico deverá Segundo Liliana Sousa et al., o conceito possuir um conhecimento dos fármacos de cuidador refere-se a elementos da mais utilizados pelos idosos, e perante o rede social do idoso (familiares, amigos, surgimento de dúvidas, deverá ler em vizinhos, …) que lhes prestam cuidados voz alta as indicações terapêuticas do regulares, mas que não são remunerados. fármaco, esclarecendo quais os efeitos Contudo, perante a população idosa que secundários, e quais os intervalos diários temos actualmente, existe um maior que devem decorrer entre a toma do número de cuidadores, mas que são mesmo. familiares e que assumem este papel Relembro o Sr. A de 86 anos, que durante um longo período de tempo. insistentemente revela extrema Usualmente, o papel de cuidador é ansiedade e nervosismo após consulta assumido pelo próprio de uma forma com a médica de família, em que lhe é inesperada e livre de poder decidir sobre receitado nova medicação. De certa esse mesmo papel, apesar da progressiva forma, este idoso não lida bem com perda de autonomia do idoso. No fundo, situações que alterem o seu dia a dia e a o familiar inicia a prestação de cuidados sua rotina, assim um conhecimento sem se dar conta, e sem tomar profundo da farmacologia por parte do consciência do encargo e da dedicação profissional, ajuda a clarificar e de certa que terá de ter, independentemente dos forma a evitar que ocorram alterações de anos que a situação se mantenha. humor que poderão originar situações Todavia, existem situações em que o bem mais graves. cuidador poderá tomar consciência da possível prestação dos cuidados, caso ocorram no idoso incapacidades súbitas, Como podemos perceber pelo que foi viuvez, etc. Perante isso, o familiar referido anteriormente, a psicologia não parece ter algumas motivações terá apenas a função de apoiar subjacentes no assumir este papel tão psicologicamente o idoso, mas também difícil, tais como o dever moral e/ ou poderá auxiliá-lo nas actividades social em que o cuidador sente que deve instrumentais da vida diária referidas dar em troca para não se sentir culpado; anteriormente, bem como nas solidariedade conjugal, filial ou familiar competências sociais. Possíveis que assenta sobretudo no sentimento de encaminhamentos para unidades de gratidão para com o cuidado; questões saúde, também serão aspectos a relacionadas com o cristianismo; considerar pelo técnico caso sejam sentimentos de amor e piedade; necessárias, já que ele terá uma relação recompensa material e evitamento de privilegiada com o utente e poderá institucionalização. actuar de uma forma mais rápida e efectiva. De certa forma, a prestação de cuidados é frequente ser realizada pelo conjuje feminino, contudo, hoje verifica-se muitos cuidadores do sexo masculino. Na maioria dos casos, os filhos também participam activamente nesta prestação de cuidados, sendo mais usuais serem do sexo feminino. Página 9 de 15
  • 10. Geralmente, a duração dos cuidados por um papel de valorizar e apreciar o parte do cuidador tende a ser bastante trabalho que é concretizado pelos longa, e isso poderá gerar impactos familiares, no sentido de sentirem que negativos, mesmo apesar dos mesmos são úteis e que estão realmente a considerarem ser uma função muito desempenhar bem a sua função. gratificante e uma oportunidade de enriquecimento pessoal. O psicólogo também deverá avaliar a forma como o cuidador está a Alguns desses impactos poderão ser a enfrentar a doença do idoso, e se acima sobrecarga, que no fundo caracteriza-se de tudo, tem tido cuidado consigo, e os por um conjunto de problemas físicos, efeitos que o exercício de cuidar tem tido psicológicos e sócio económicos que na sua vida. Cabe também ao psicólogo a decorrem da tarefa de cuidar, tarefa de orientar este cuidador para nomeadamente ao nível das relações possíveis reacções emocionais do familiares e sociais, a carreira paciente, tornando-os mais conscientes profissional, intimidade, liberdade e das suas possibilidades e limites. equilíbrio emocional. Outro aspecto relevante, é a saúde física e mental, em Com os familiares, o psicólogo que esta tarefa pode ser física e terá de promover boas relações, através psicologicamente esgotante. Muito do envolvimento, colaboração e frequentemente os cuidadores referem- capacitação. De certa forma, o se ao cansaço físico e sensação de profissional através do envolvimento deterioração gradual do estado de saúde. terá como função a criação de laços A depressão e ansiedade são também afectivos, promover a compreensão e o dois problemas significativos para a respeito mútuo e canais de comunicação. maioria dos cuidadores, associados a Relativamente à colaboração, deverá sentimentos de tristeza, desespero, instituir-se uma parceria vincada no frustração e inquietação. reconhecomento de objectivos e estratégias comuns. Finalmente, a Aspectos como a actividade profissional capacitação envolve a partilha de poder e e o tempo livre são igualmente afectados, responsabilidade, existindo um clima de já que o familiar acaba por ter muito confiança. (Sousa, L. et al, 2004). menos tempo para dedicar ás coisas que gosta de fazer, já no trabalho, poderá existir um desgaste já que existe um VIII – Patologias mais frequentes e acumular de horas e consequentemente abordagem psicológica uma diminuíção no rendimento laboral. As patologias e as sintomatologias Concerteza que existirão também disruptivas que se verificam nas pessoas aspectos positivos a salientar, todavia idosas, passam maioritariamente por será aqui importante especificar e situações com uma componente centrarmo-nos no que o psicólogo depressiva e ansiogénica demarcada, poderá fazer para apoiar os familiares. bem como, situações associadas a Estes cuidadores apresentam psicoses de inicio tardio e demências. necessidades de apoio emocional e “A depressão major é a forma mais grave aconselhamento, logo será importante o de perturbação do humor no idoso. profissional ser alguém com quem o Ocorre em cerca de 1% dos indivíduos cuidador poderá falar acerca das suas com mais de 65 anos (…) e é a razão de experiências, dificuldades e quase 50% das admissões de pessoas preocupações, no fundo, alguém que as idosas em hospitais psiquiátricos em compreenda e com quem possam geral e está presente em cerca de 30% desabafar. Aqui o psicólogo também terá Página 10 de 15
  • 11. dos idosos com doenças agudas e No que diz respeito à abordagem crónicas do foro médico.” (Spar, J; Rue, A; psicoterapêutica a utilizar, fará mais 1998). sentido a integracionista, tendo em conta o funcionamento global e as várias Normalmente, a depressão não é vertentes relacionadas com o sujeito. diagnosticada nem tratada, já que é Através desta perspectiva, pretende-se considerada “normal” no idoso. Por autonomizar o idoso, reforçar a auto vezes, esta depressão pode ser uma estima e valorização pessoal tendo como resposta pouco adequada às perdas base a complementaridade de várias sucessivas do envelhecimento, ou poderá vertentes psicoterapêuticas. ser o resultado da incapacidade do indivíduo em fazer os lutos do seu longo Contudo, defendo igualmente a utilização historial de vida. Muitas vezes, esta da abordagem psicodinâmica, apelando à depressão está mascarada por sintomas escuta activa do indivíduo. É importante físicos, e pode assumir a forma de escutarmos e estarmos disponíveis para comportamentos parasuicidários (não ouvir a história de vida do idoso, aos comer ou beber). aspectos mais ligados ao inconsciente e a situações traumáticas não ultrapassadas Outra das patologias predominantes na anteriormente. Então se “ na memória terceira idade, são as demências que reconstruímos o equilíbrio e a “…caracterizam-se pelo desenvolvimento identidade, não se tratará de explicar, de défices cognitivos múltiplos mas permitir a todos os intervenientes, (incluindo diminuição de memória) …”, idosos e não só, compreender o que se (D.S.M. IV, 1994.), sendo a mais passa.” (Jerónimo, L; 1997). Desta forma, frequente, a doença de Alzheimer. Esta o apelar ás recordações pode ser demência é irreversível, não existido extremamente terapêutico, e apenas o regressão dos sintomas, e geralmente a facto do idoso poder falar sobre a sua evolução dá-se continuamente ao longo vida, ajuda-o a integrar com a ajuda do do tempo. Existe uma deterioração psicólogo, determinados aspectos na sua progressiva principalmente da parte vida que forma mal resolvidos. intelectual e cognitiva. A idade de instalação é normalmente acima dos 40 Obviamente, que estamos a falar de uma anos, mais frequentemente acima dos 50 geração idosa com uma série de ideias anos. Muito resumidamente, podemos preconcebidas no que diz respeito à falar de 4 fases. Na primeira, psicologia, sendo ainda vista como uma esquecimento, ocorrem defeitos de ciência muito direccionada para os memória, ansiedade e depressão. Os “malucos”. O psicólogo depara-se por doentes sentem as suas falhas e vezes com enormes resistências do idoso esquecem informação do dia a dia. A na adesão ao tratamento, porque segunda fase, denominada de confusão, segundo eles, se até então “nunca existe um agravamento do defeito da tiveram este tipo de apoio e memória e desorientação espacial e sobreviveram, também não será agora temporal. Na terceira fase, a demência, os que vão necessitar”. doentes já têm um comportamento invulgar, perdendo-se frequentemente, Outra situação que o profissional muitas não reconhecendo familiares ou amigos. vezes se depara, é com o facto de ser A depressão vai desaparecendo, e o considerado muito jovem pelo idoso, não doente vai negando as dificuldades, lhe atribuindo a credibilidade que perdem autonomia, discurso repetitivo e realmente merece, podendo afirmar que pobre e por vezes têm alucinações. Por o mesmo não tem a experiência de vida último, temos a fase de estado vegetativo, necessária para o ajudar. Então, cabe ao em que o doente fica confinado à cama, psicólogo demonstrar todo o seu apático e entubado. Finalmente dá-se profissionalismo, e esclarecer ao idoso, infecção respiratória e morte. que independentemente da idade, está Página 11 de 15
  • 12. preparado técnica e relacionalmente escassas ou menos visíveis, para lidar e intervir com a população principalmente pelos outros técnicos idosa e com este tipo de situações. integrados na equipa. No que diz respeito ao número de sessões, julgo ser indicadas sessões semanais numa fase inicial. Após uma IX – Características do psicólogo avaliação e observando-se algumas melhorias na pessoa idosa, penso que se poderão alargar as sessões para uma O psicólogo deverá conhecer acima de situação quinzenal. Seguindo a tudo, as características do abordagem psicodinâmica, e ao contrário envelhecimento normal: modificações da abordagem cognitiva – biológicas, psicológicas e sociais. Assim, comportamental em que existe um será mais fácil o profissional perceber número mínimo de sessões para a quais as perturbações predominantes da resolução dos problemas, não poderemos 3ª idade e os efeitos da idade sobre as especificar quantas sessões decorrerão perturbações do humor e ansiedade. É ao longo do acompanhamento. Não nos também extremamente importante, que poderemos esquecer, que estamos a falar entenda quais os problemas sociais e de uma população idosa com histórias de físicos subjacentes à terceira idade, como vida bastante longas, e que as o luto, perda de papeis, dor, perturbações resistências à mudança não se devem do sono, etc. apenas a factores de personalidade, mas acima de tudo, a factores respeitantes à Deverá sem dúvida alguma, estar idade, e em que uma série de faculdades disponível para trabalhar em equipa, já intelectuais foram sendo diminuídas. que actuando isoladamente sem Relativamente ao tempo, cada sessão contemplar aspectos como o social e o poderá demorar entre 60m a 90m, familiar, não terá resultados consoante o decorrer da mesma. significativos. Importante será nunca quebrar o raciocínio do idoso com base no factor No contacto com os idosos, o psicólogo tempo, à semelhança do que deverá ter a capacidade para transmitir eventualmente poderá ocorrer no informação, tendo para isso que adoptar contexto psicoterapêutico tradicional. uma postura empática e ser paciente. Essa informação deverá ser concretizada Existe uma enorme probabilidade de com frases curtas e com linguagem ocorrer o fenómeno de transferência ou adaptada ao idoso, elevando se contratransferência. Será extremamente necessário, o tom de voz. importante estar atento a estas questões, sendo muito frequente o psicólogo ser O técnico deverá aceitar e não encarado ou tratado como marido/ desencorajar com objectivos mulher; filho/ filha, neto/ neta do idoso, terapêuticos nem muito limitados, nem bem como, o psicólogo encarar o idoso muito abrangentes, tendo a capacidade como pai/ mãe; avó/ avô, podendo de manter o optimismo terapêutico. originar uma reactivação dos problemas relacionais. O psicólogo deverá também, estar disponível para explorar os seus afectos Como último factor que acho relevante acerca do envelhecimento, e a discutir mencionar, diz respeito à frustração que com o idoso, as dúvidas quer os mesmos o terapeuta poderá vir a sentir no têm em relação aos profissionais mais decorrer das sessões, já que estamos a jovens e à sua sabedoria. falar de um processo moroso, rodeado de extrema angustia e dor, em que as Acima de tudo, o psicólogo deverá evitar melhorias no individuo poderão ser implementar soluções na vida dos idosos Página 12 de 15
  • 13. que não correspondam à sua história de como um facilitador no processo de vida e ao seu grupo etário. morrer, facilitando a expressão dos afectos, possibilitando a resolução de conflitos existentes através da comunicação. No contexto de apoio domiciliário, o psicólogo deverá evidenciar alguma Apesar da morte ser considerada pelos flexibilidade, não só na forma de intervir familiares com um processo normal no com a população idosa, como também ao idoso, esta origina sempre desiquilibrios nível da mobilidade. Ao contrário do que e um enorme sofrimento humano, daí ser descreve Claudia Laham acerca do importante trabalhar a crise e a psicólogo deslocar-se de carro para a inaptidão que evidenciam perante a casa dos utentes, em Portugal isso ainda realidade que lhes é imposta. (Leite, E. não acontece devido à escassez de 2002) recursos e pelo facto deste serviço ser muito recente, logo, o psicólogo não tem disponíveis meios de transporte que o ajudem a deslocar-se para a casa dos XI – Propostas utentes de uma forma mais rápida. Devido a esse factor, poderá existir o inconveniente de possíveis atrasos e De seguida, gostaria de referir algumas desgaste físico psicólogo. propostas que venham no sentido de uma consequente melhoraria na Por fim, é relevante que o psicólogo comunicação e nas relações interpessoais consiga conviver com situações entre familiares – cuidadores/ técnicos, e dolorosas, como o sofrimento intenso e técnicos/ técnicos diário, e todos os aspectos que envolvem a morte. X – Estratégias para lidar com a morte Grupos de Apoio aos Familiares (cuidadores) Intervir com doentes crónicos que já não respondem ao apoio, e com Como falámos anteriormente, os um elevado grau de detioração fisica e familiares, quando existem, são as mental, significa o vivenciar de um pessoas com um contacto mais próximo processo de luto por parte dos do idoso, e como tal, estão sujeitos a uma cuidadores e da própria pessoa. enorme pressão ao nível emocional e De certa forma, vivencia-se uma situação afectivo. emocional intensa e desgastante, e o psicólogo terá que de adequar a melhor Várias são as dúvidas que os avassalam, conduta a seguir junto da família e do no que diz respeito aos sentimentos paciente. provocados pela situação que estão a Numa primeira instância, deverá vivenciar, e na minha perspectiva, penso rever e esclarecer se todas as ser benéfico a criação de grupos de apoio alternativas terapêuticas foram aos familiares de forma a poderem esgotadas. partilhar as suas experiências, os seus sucessos e fracassos. É importante que os Posteriormente, os medos e as familiares sintam que têm disponível um incertezas do paciente e dos familiares espaço e um técnico que os compreenda deverão ser escutados atentamente, e os e que lhes possa oferecer um apoio seus desejos devem sempre ser diferente. respeitados. No fundo, o psicólogo actua Página 13 de 15
  • 14. Reuniões de Equipa Formação dirigida ás auxiliares de acção directa Julgo ser extremamente Formações e sessões de importante a partilha de informação e esclarecimento nas mais diversas áreas, uma comunicação persistente entre os são também muito importantes, já que diversos técnicos que compõem a equipa poderão esclarecer algumas dúvidas que interdisciplinar. A eficiência no as profissionais tenham na relação entre tratamento do paciente nos mais si e com os idosos. A psicofarmacologia e variados níveis, depende da comunicação os efeitos dos mesmos, a gestão de que os técnicos têm, bem como, um conflitos, a assertividade e questões conhecimento profundo sobre o idoso. ligadas com a morte, são exemplos de Estas reuniões deveriam ser quinzenais, possíveis temáticas a debater. contudo, perante situações mais graves, essas reuniões poderão ser com mais frequência. XII – Considerações finais Acima de tudo, e não querendo minimizar a importância das outras áreas, teremos de adequar a nossa A psicologia é uma ciência intervenção à realidade actual. Nas relativamente recente ao nível do apoio instituições não temos ainda acesso a domiciliário, contudo, penso estar-se a este tipo de equipas, então será caminhar a passos largos para uma importante que o psicólogo e a técnica de efectividade da sua integração neste serviço social, que é quem está contexto tão específico. A população geralmente na linha da frente do apoio idosa é sem dúvida uma aposta a domiciliário, possam partilhar da considerar por parte dos psicólogos, já informação sobre o mesmo utente. que poderão desempenhar e ter uma função extremamente útil, contribuindo claramente para proporcionar aos idosos uma melhor satisfação e qualidade de vida, minimizando o isolamento social. Reuniões com as auxiliares de acção directa O psicólogo integrado nas equipas interdisciplinares do apoio domiciliário, deverá ser encarado como Estas reuniões são extremamente um técnico especializado na importantes, já que permitem às compreensão da história de vida dos auxiliares de acção directa, que estão idosos, na intervenção perante situações sujeitas a um desgaste intenso, poderem de crise e perda, nas relações partilhar das suas angustias e as suas interpessoais, e acima de tudo, como um duvidas no que diz respeito à relação que “colaborador” disposto a reduzir estabelecem com os idosos que cuidam. situações demarcadas por uma Além disso, a temática da morte é sempre componente ansiogénica e depressiva. algo de difícil verbalização por parte das mesmas, já que criam laços afectivos Tal como foi descrito ao longo do muito fortes com os utentes. trabalho, a intervenção do psicólogo ao nível do domicílio terá concerteza O psicólogo, podere ter aqui uma desvantagens, contudo, penso que as função de suporte emocional, e mais vantagens as superam em larga medida importante ainda, estar disponivel para já que, se “a montanha não vai a Maomé, escutar. vai Maomé à montanha”, ou seja, se o Página 14 de 15
  • 15. utente não pode ir até ao serviço, irá o Laham, C., F., (2000). As Peculiaridades serviço até ao utente. do Atendimento Psicológico em Acima de tudo, o psicólogo deverá fazer Domicílio e o Trabalho em Equipe, ver aos demais (técnicos e utentes) a http://www.cepsic.org.br/revista/Artigo importância do seu trabalho, tendo como s resistências, não só uma população geriátrica pouco habituada a lidar com Leite, É., P; (2202). Atendimento esta ciência, como também, a obtenção psicológico Domiciliar: de resultados ao nível de melhorias Interdisciplinaridade e Cuidados visíveis nos idosos. Paliativos. Finalmente, julgo ser Sousa, L; Figueiredo, D; Cerqueira, M; extremamente importante capacitar o (2004). Envelhecer em Família idoso de forma a que ele participe - Os cuidados familiares na velhice, 1ª activamente no seu processo de edição, Porto, Âmbar. reabilitação, e tal como na frase descrita anteriormente por Hernest Hemingway, Spar, J; Rue, A. (1998). Guia de a pessoa idosa não se deve considerar psiquiatria geriátrica, 1ª edição, Lisboa. vencida pela doença orgânica ou psíquica. A psicologia poderá ajudar a reforçar a auto-estima, o auto-conceito, a valorizar, a compreender, a escutar, estar disponível, enfim, a relação. XIII – Referências Bibliográficas American Psychiatric Association, (1996). DSM-IV, Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, 4ªedição, Lisboa, Climepsi Editores. Barreto, J; (1988). Aspectos psicológicos do envelhecimento, VI, 2: 159- 170, Porto. Bonfim, C.J; Veiga, S; (1998). Serviços de Apoio Domiciliário – Núcleo de documentação técnica e divulgação, 2ª edição, Lisboa. Ermida, J.G; (1994). Avaliação Geriátrica Compreensiva, pp. 42-52, Lisboa. Jerónimo, L; (2000). O Trabalho interdisciplinar com idosos: Da avaliação à intervenção. O papel do psicólogo nas equipas de apoio domiciliário. Estudo de um caso, 13, 123 (17-25) 00, Lisboa. Página 15 de 15