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ARTIGO
CIENTÍFICO
As micro e pequenas empresas em Portugal têm um tempo
médio de vida muito curto
As causas
MESTRADO EM GESTÃO E NEGÓCIOS
ANO LETIVO 2015/2016
Docente: Prof. Dr. João Paulo Peixoto
Aluno: Paulo Niza
IESF – Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais
Índice
Resumo 4
Abstract 6
Capítulo 1 – Introdução 7
Capítulo 2 – Revisão Teórica 10
Capítulo 3- Análise Empírica 22
3.1.Definição do Problema 22
3.2. Dados 23
3.3. Metodologia 23
3.4. Hipóteses 25
3.5. Modelo de Tratamento de Dados 27
Capítulo 4 - Resultados 28
4.1.Caracterização da Amostra 28
4.2. Análise de Resultados 29
4.2.1. Grupo 1- Alunos 30
4.2.2. Grupo 2 – Docentes 33
4.2.3. Grupo 3 - Profissionais do Setor 36
4.2.4. Grupo 4 – Micro e Pequenos Empresários 39
4.2.5. Grupo 5 – Todos os Inquiridos 43
Capítulo 5 - Conclusões 50
Capitulo 6 – Limitações e Investigação Futura 63
Capitulo 7 – Implicação na Gestão Empresarial 65
Agradecimentos 67
Referências 68
Anexos 73
Apêndice 1- Resumo Executivo 74
Apêndice 2- Revisão da Literatura 77
1. Origem das Micro e Pequenas Empresas 78
2. Empresas Familiares 81
2.1. Características e Limitações 82
2.2. Empreendedor e Empreendedorismo 84
2
Índice de Figuras
Figura 1 – Normativos SNC
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Pequenas e médias empresas (INE)– Sistema de Contas Integradas das Empresas
Tabela 2 - Taxa de perda/abandono entre os anos 2008 e 2013
Tabela 3 – Nascimentos e sobrevivências de empresas por número de anos (2008-2012)
Tabela 4 / Grupo 1 – Respostas dos inquéritos aos alunos (5 inquiridos)
Tabela 4.1 / Grupo 1 – Respostas dos inquéritos aos alunos (5 inquiridos)
Tabela 5 / Grupo 2 – Respostas dos inquéritos aos docentes (15 inquiridos)
Tabela 5.1 / Grupo 2 – Respostas dos inquéritos aos docentes (15 inquiridos)
Tabela 6 / Grupo 3 – Respostas dos inquéritos aos profissionais (20 inquiridos)
Tabela 6.1 / Grupo 3 – Respostas dos inquéritos aos profissionais (20 inquiridos)
Tabela 7 / Grupo 4 – Respostas aos inquéritos dos micro e pequenos empresários (40 inquiridos)
Tabela 7.1 / Grupo 4 – Respostas aos inquéritos dos micro e pequenos empresários (40
inquiridos)
Tabela 8 / Grupo 5 – Respostas totais do universo de inquiridos (80 inquiridos)
Tabela 8.1 / Grupo 5 – Respostas totais do universo de inquiridos (80 inquiridos e 29
respondentes)
Tabela 9 – Limites das Pequenas Empresas ( Decreto-Lei nº158/2009 de Julho de 2009)
Tabela 10 – Limites das Micro Empresas ( Lei nº35/2010 de 2 de Setembro)
Tabela 11- Enquadramento legal de entidades (Dec.Lei nº98/2015 de 2 de junho)
Índice de Gráficos
Gráfico 1 - Distribuição da amostra por atividade profissional
Gráfico 2- Distribuição da amostra quanto ao sexo
Gráfico 3 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + opcional
Gráfico 4 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + opcional
Gráfico 5 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + 3 opcionais
Gráfico 6 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + 5 opcionais
Gráfico 7 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais
Gráfico 7.1 – Percentagem de aceitação da totalidade das 7 questões opcionais
3
Resumo
Apesar de certa inexpressividade quando analisadas individualmente, as Micro e Pequenas
Empresas mostraram ser uma força económica considerável ao se ponderarem dados macro-
económicos dum pais ou região. Destacaram-se pela participação no produto interno bruto (PIB),
na parcela de empregos gerados e na receita fiscal (Tributos) gerada. Estas empresas são
maioritárias no sector privado das grandes economias mundiais e União Europeia (U.E.), incluindo
Portugal.
O seu impacto tem-se estendido muito para lá do campo económico, pois ao se basearem muito
em estruturas familiares, constituíram frequentemente o único garante de rendimento a
populações e famílias em zonas periféricas de baixos recursos e desempregados, destacando a
componente social.
Em contrapartida aos grandes benefícios que têm vindo a oferecer às populações onde geraram
riqueza, estes negócios continuam a embater em múltiplas dificuldades que historicamente têm
sido determinantes para a sua pouca durabilidade e fim abrupto.
A partir da observação destes e outros factos e identificado o problema, analisaram-se neste
Artigo Científico as características fundamentais e a importância sócio-económica deste
empreendedorismo, estabelecendo paralelismos sempre que se justificou e identificando-se as
causas para a sua pouca durabilidade.
A metodologia de pesquisa deste trabalho baseou-se em dados resultantes de 40 inquéritos a
micro e pequenos empresários e mais 40 inquéritos presenciais pelo método de amostragem
casual a contabilistas certificados, advogados, bancários, docentes, administrativos e ainda por
questionário na Internet.
A pesquisa confirmou a pertinência e necessidade deste e outros artigos sobre tão apaixonante
tema, não só pelo interesse imediato demonstrado na matéria pelos inquiridos e pela dificuldade
encontrada na recolha de dados (nacionais), bem como pelas fragilidades e singularidades
associadas.
Pretendeu este trabalho não esgotar o tema, mas sensibilizar empresários, empreendedores,
académicos, políticos e público em geral sobre a problemática e a necessidade da procura
4
urgente de soluções conducentes ao desenvolvimento de metodologia estratégica e gestão
adequadas ao fortalecimento do Micro e Pequeno Empreendedorismo nacional, conducente a
uma maior durabilidade.
Palavras chave : Micro; Pequenas; Empresas; Gestão; Planeamento Estratégico; Operacional;
Diferencial Competitivo
5
Abstract
In spite of the blankness when analysed individually, small and medium-sized enterprises show
that they can be an economic force, when considering the Macroeconomic data of a country or
region. They stood out for the participation in the gross domestic product (GNP), in the
employment generated, and the tax revenue created.
These companies are mainly on the primary sector of the big worldwide economies and European
Union, Portugal included.
Its impact has extended far beyond the economic field, as being based on very familiar structures
they were often the only guarantees of income for people and families in peripheral areas of low-
income and high unemployment rates, highlighting the social component.
In contrast to the great benefits that they have been offering to the population where they
generated wealth, these businesses continue to have multiple difficulties that have historically been
crucial for its poor durability to abrupt end.
From the observation of these and others facts and identified the problem, this scientific article
intends to analyse the fundamental characteristics and the social-economic importance of this kind
of entrepreneurship, drawing parallels whenever justified and identifying the causes for its poor
durability.
The research methodology of this study was based on data derived from 40 surveys to small and
medium-sized enterprises and 40 in-person surveys by random sampling method to certified
accountants, lawyers, bankers, teachers, administrative and on questionnaires on the Internet
The subject has not been exhausted with this work but it aimed to sensitize businessmen,
entrepreneurs, academics, politicians and the general public about the problem and the urgent
demand for solutions leading to the development of strategic methodology and appropriate
management to strengthen the small and medium-sized Entrepreneurship leading to an enhanced
durability.
Key Words: Micro; Small; Companies; Management; Strategic, Operational Planning; Competitive
Edge.
6
Capítulo 1 – Introdução
As definições de Micro e Pequena Empresa e Empresa Familiar têm oscilado ao longo do tempo,
de acordo com as variantes económicas, sociais e políticas e simultaneamente ao maior ou menor
interesse na incrementação do modelo. Pelo papel que vão representar na sustentabilidade e
crescimento das economias, os pequenos negócios estão cada vez mais ligados ao seu
desempenho futuro e às populações que continuarão a servir.
Com a redefinição do conceito em Portugal no biénio 2009/2010, em conformidade com o
normativo da União Europeia, passaram a estar definidos parâmetros económicos e financeiros
para o seu enquadramento técnico. Relativamente à sua componente familiar, vários têm sido os
autores a abordar o tema, sendo que cada um acredita numa característica específica para as
diferenciar das demais.
Sempre que se perdem iniciativas destas porque não duraram no tempo, as economias perdem
postos de trabalho. Consequentemente, perdem força por via da diminuição de receitas fiscais,
dinâmica e novo investimento e, no final, um povo e um país perdeu riqueza. Em suma, um todo
perde numa época em que perder é proibido.
O estado progressivamente deixa de ter condições para sustentar desempregados e criar, em
tempo útil, empregos para aqueles que o perderam, sobrando então o espírito empreendedor de
cada cidadão.
Neste contexto, o incremento do Micro e Pequeno Empreendedorismo assumirá um papel de
destaque nas famílias, sociedades e economias do futuro, à semelhança do que já acontece na
zona Euro, Estados Unidos e mais recentemente Brasil.
Este artigo cientifico resultará do trabalho de pesquisa sobre as fragilidades e fraquezas do micro
e pequeno empreendedorismo nas várias vertentes, tidas como causas principais pela sua pouca
durabilidade. Considera ainda a forte ligação e dependência que pequenas economias e
sociedades como a portuguesa têm destes modelos de negócios.
Para tal, contribuirão legislação inerente, estudos de alguns autores, rácios, estatísticas e
inquéritos a empresários, profissionais do setor, docentes e alunos.
7
No capítulo 2 será explanada a revisão teórica sobre a problemática das micro e pequenas
empresas em geral, com ênfase no conceito, relações do empresário versus empresa,
características limitativas, rácios e estatísticas relativos à sua importância económica, social e
ainda relativamente à sua pouca durabilidade e número de insolvências, com destaque em
Portugal. Serão ainda apresentados diversos estudos recentes relativos ao problema.
Na análise empírica, capítulo 3, será definida a questão base e questões acessórias de pesquisa
e formulação de hipóteses a provar posteriormente.
Inicialmente será definido o problema com a questão principal, seguido da forma de recolha dados
estatísticos bem como a metodologia e modelo seguido no seu tratamento.
Ainda serão apresentadas as hipóteses e as respetivas questões cujas respostas serão
determinantes na análise de cada hipótese previamente formulada.
Os resultados serão apresentados no capítulo 4, inicialmente com a caracterização da amostra.
Na apresentação e análise de resultados, os mesmos serão divididos em cinco (5) grupos, em que
os primeiros quatro (4) grupos dizem respeito a sub-grupos parcelares da amostra, sendo o quinto
grupo a congregação dos quatro anteriores.
Os resultados individuais de cada um dos quatro (4) sub-grupos encontrar-se-ão apresentados em
tabelas e gráficos de barras, com a leitura direta dos resultados e pontualmente com algum nível
de comentários. Nestes sub-grupos serão ainda apresentados os resultados às questões
opcionais em tabelas separadas, caso existam, bem como a leitura dos resultados.
A junção dos resultados totais da amostra estará presente no grupo 5, também em tabelas e em
gráficos de barras. Objetivando uma melhor análise para posteriores conclusões, os resultados às
seis (6) questões iniciais estão apresentados em tabelas e gráficos separados dos resultados às
questões opcionais, pelo que na análise do grupo 5 existem duas tabelas e dois gráficos de
barras, com as respetivas leituras e alguns comentários tidos como convenientes.
No capítulo 5 serão apresentas as conclusões da pesquisa, nomeadamente ao problema principal
e às respetivas hipóteses formuladas, bem como uma análise conclusiva da investigação,
objetivando no futuro novas abordagens ao tema em estudo, que permitam a estes universo
empresarial mais sustentabilidade e durabilidade. Neste capítulo ainda será apresentada uma
relação das grandes causas identificadas como críticas, sequenciadas pelo nível de importância
8
atribuída, bem como um breve parecer técnico relativamente ao impacto dessas mesmas causas
na organização.
Das conclusões presentes neste capítulo, deverá resultar a necessidade de redefinição de
metodologias de gestão e modelos adequados bem como a sensibilização de todos os agentes
envolvidos para a existência precária dos pequenos negócios e empreendedores. Ainda será
esperado que, identificadas as causas do insucesso passado, rapidamente se melhorem práticas
futuras.
As limitações para futuras investigações serão apontadas no capítulo 6, quer as sentidas na
realização deste artigo científico, quer a necessidade de realização de outras futuramente,
eventualmente com outra abrangência, especificidade e outros dados.
O capítulo 7 irá referenciar os benefícios que poderá ter este universo empresarial e toda uma
sociedade que dele depende, referenciando que uma melhoria nas práticas de gestão e
planeamento estratégico, permitirão otimizar recursos conducentes a um aumento na durabilidade
das micro e pequenas empresas em Portugal.
.
9
Capítulo 2 – Revisão Teórica
A pouca durabilidade do micro e pequeno empreendedorismo em Portugal e as causas principais
constituem matérias presentes neste artigo científico, merecendo uma investigação exploratória
sobre contribuições relevantes de alguns autores, estatísticas e estudos recentes sobre a
problemática.
Relativamente aos estudos encontrados sobre o tema para outras economias e a realidade
nacional, apresentam-se de seguida os mais relevantes e que foram considerados importantes
para a revisão teórica. São seguidamente analisados nove (9) estudos, dos quais os quatro (4)
primeiros se referem ao Brasil e um dos autores, Luís Carlos Barboza e diretor técnico do Seabre,
faz uma referência comparativa aos Estados Unidos e Portugal, sendo os restantes cinco (5)
referentes a Portugal.
1) No estudo denominado “Diagnóstico do Clima Organizacional“ da Revista de Administração
Pública do Brasil, Souza em 2002, identifica um conjunto de causas determinantes para o
insucesso prematuro destas pequenas empresas, relacionadas à sua estrutura organizacional,
ausência de atividades de planeamento e gestão e ainda, ligações familiares.
O autor evidencia que boa parte das empresas é iniciada sem planeamento e só com a confiança
e força de vontade do seu criador. Considera que, se ela crescer, este mesmo idealizador
precisará de ajuda e com isso acaba a recrutar dentro da própria família elementos sem
preparação. Depois assumem cargos chave para que não estavam preparados para o bom
exercício de funções, mas a proximidade familiar é impeditiva para medidas corretivas. Diz ainda
que a conjugação desses e outras tantos problemas existentes, contribuem negativamente para
as estatísticas destas organizações.
Confirma ainda as estatísticas de Bernhoeft (“A empresa familiar: sucessão profissionalizada ou
sobrevivência comprometida”) que em 1989 já havia abordado a componente familiar no
crescimento das empresas, e Apud Soares (1997) que diz que 70% destes empreendimentos
existentes no Mundo, não sobrevivem à morte do seu fundador.
Souza (2002), identificando aspetos críticos na génese e cultura organizacional, consegue uma
ligação causa/efeito perfeita entre as causas e a pouca durabilidade destes pequenos modelos de
negócio:
10
*Falta de Planeamento;
*Delegação de Competências;
*Confiança, Vontade;
*Visão do Criador;
*Recrutamento Familiar;
*Falta de preparação para os Cargos;
*Falta de Medidas Corretivas nos Trabalhadores/Família;
*Não Continuidade no Tempo;
*Total Dependência do Empreendedor;
*Falta de Cultura Organizacional.
2) Na Coletânea de Estudos intitulada “Considerações e Causas de Mortalidade de Pequenas
Empresas“, Machado e Espinha em 2007 referenciam fragilidades exteriores às organizações,
nomeadamente económicas e sociais, também estas responsáveis pela sua pouca durabilidade,
tendo por base dados estatísticos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae).
Os autores estudaram a condição, natureza e origem destes pequenos negócios em economias
emergentes, com ênfase na brasileira. Concluíram, após análise de dados estatísticos oficiais de
nascimento e mortalidade destas empresas, que existe um descompasso entre o seu processo
de criação e as taxas de encerramento de atividade das mesmas. Segundo os autores, há uma
tendência generalizada de insucesso das micro e pequenas empresas nos primeiros anos de
existência.
Em resposta ao estudo, consideraram ser necessário avaliar o cenário económico e social que
conduz a tais níveis de insucesso, tanto mais que os respetivos estados em momentos de crise ou
recessão económica incentivam a criação destes pequenos negócios, nomeadamente como
medida de combate ao desemprego, logo a sua responsabilidade não permanece inerte.
Estatísticas Oficiais Brasileiras referentes ao período de 2003 a 2005, base do estudo de
Machado e Espinha em 2007, mostravam que a taxa de mortalidade destas micro/pequenas
empresas nos primeiros dois anos de existência foi de 22%. O mesmo estudo ainda revelou que
cerca de 31,5% fecharam durante o terceiro ano e 36% não ultrapassaram o quarto ano de
existência (Sebrae 2007).
3) O estudo denominado “Estudo Comparativo das Micro/Pequenas Empresas que sobreviveram
11
pelo menos dois anos no Brasil“, do diretor técnico do Sebrae Luís Carlos Barboza para o período
de 2002 a 2005, destaca que o rácio de sobrevivência está a melhorar, identificando causas
prováveis e suscetíveis de influenciar o desempenho futuro deste empreendedorismo.
O estudo que considera dados estatísticos (Sebrae) para a sobrevivências das micro e pequenas
empresas brasileiras no período de 2002 a 2005 concluiu que houve uma melhoria de 27%, pois a
percentagem passou de 51% em 2002 para 78% em 2005.
Apontou como causas desta melhoria a redução da taxa de inflação, a diminuição das taxas de
juro, o aumento do crédito e consumo privado, bem como maior e melhor formação dos
empreendedores e trabalhadores.
Segundo o autor, estatísticas disponíveis para outras economias de anos anteriores (2000 a 2002)
mostravam que nos Estados Unidos 74% das micro/pequenas empresas sobreviviam até ao 4º
ano, enquanto que em Portugal apenas 72,4% sobreviviam ao 2º ano de existência, considerando
que a taxa de sobrevivência das empresas brasileiras apesar de muito baixa até era melhor que a
de alguns países da União Europeia, nomeadamente Portugal.
Na referência feita aos Estados Unidos, este estudo confirmou que, na maior economia do mundo,
o micro e pequeno empreendedorismo está presente numa posição muito reforçada, com uma
taxa de sucesso de 74% ao 4º ano de existência, condição refletida positivamente na evolução da
sociedade americana. Em contraposição, na economia brasileira os estudos revelam um
micro/pequeno empreendedorismo a tentar sobreviver aos primeiros anos de vida, onde 1 em
cada 4 empresas nem sequer ultrapassa o 1º ano, com os respetivos reflexos negativos no
desenvolvimento económico e social do país.
4) Um último estudo estatístico referente ao Brasil denominado “Mortalidade e Sobrevivências das
Micro e Pequenas Empresas Brasileiras“, divulgado em 2011 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), volta a enumerar mais um conjunto de causas
responsáveis para o mau desempenho deste empreendedorismo e tempos médios de
sobrevivência.
Este estudo destaca-se de entre outros pela referência feita à mistura de património pessoal com
o empresarial, causa esta muito presente no micro e pequeno empreendedorismo nacional, com
os respetivos reflexos negativos analisados mais adiante nesta revisão teórica.
12
Após doze (12) anos de monitorização da sobrevivência e mortalidade das micro e pequenas
empresas no Brasil, estado de São Paulo, maior e mais representativo da Federação Brasileira,
estudos do Sebrae (2011) concluem que, em média, 27% das micro e pequenas empresas
fecham durante o 1º ano de atividade. Ainda de acordo com os mesmos estudos, uma em cada
quatro destas iniciativas (25%), encerra antes dos dois anos.
A má gestão é apontada como a causa principal generalizada e o Sebrae destaca, de entre muitos
outros problemas genéricos de gestão e falta de planeamento, a mistura de património pessoal
dos donos e familiares e o património da empresa afeto à atividade, a falta dum sistema adequado
de contabilidade, falta de capacidade de investir corretamente e ligações familiares.
Dados do Sebrae para períodos mais recentes confirmam que as micro/pequenas empresas
representam 67% dos empregos disponíveis no Estado de São Paulo (Brasil). No entanto, 71%
destas mesmas empresas abertas anualmente, encerra antes dos cinco anos de existência
(Silva, R. C. n.d.).
Seguidamente analisam-se mais cinco (5) estudos bastante recentes, todos eles sobre a realidade
nacional, destacando a evolução do micro e pequeno empreendedorismo ao longo desta última
década nas vertentes económica, social e causas prováveis para a sua pouca durabilidade. São
também considerados rácios relativos a insolvências, tempo médio de vida e perspetivas futuras
dos atuais modelos de negócio.
Nas análises seguintes, destacam-se estudos de dados do Instituto Nacional de Estatística, Banco
de Portugal, Estatísticas da Justiça (DGPJ) e uma abordagem muito recente à realidade nacional
por Albert Jaeger.
5) O presente estudo sobre a realidade nacional, denominado “Sistema de Contas Integradas das
Empresas Portuguesas“ é sustentado na Informação Empresarial Simplificada (IES) dos anos
2004 a 2013 com dados do Arquivo do Instituto Nacional de Estatística (INE), em que o seu
apuramento segue o regulamento (CE) nº 295/2008 de 11 de Março.
Tem como principais objetivos destacar a importância económica e social do micro/pequeno
empreendedorismo no panorama nacional, analisando a sua evolução em termos de
representatividade empresarial e na criação de emprego, rentabilidade e tempo médio de vida ao
longo da última década.
13
A tabela 1 apresenta a evolução em número, de micro/pequenas/médias empresas existentes em
Portugal no período compreendido entre 2004 e 2013, cuja análise deve contemplar as alterações
introduzidas pelo Decreto-Lei nº158/2009 de 13 de Julho e seguintes:
Tabela 1 – Pequenas e médias empresas (INE)– Sistema de Contas Integradas das Empresas
No período de 2004 a 2013, em média, 96% das empresas portuguesas empregavam menos de
10 trabalhadores e, de acordo com a Lei presente (2016), reuniam condições para ser Micro.
Destaca-se da análise das Estatísticas Estruturais das Empresas Nacionais que no ano 2008 as
micro/pequenas/médias empresas (PME) eram responsáveis por três quartos ( +/- 75%) dos
empregos no sector privado. Em 2010, representavam 99,9% do tecido empresarial e 77,6% da
oferta de emprego. No biénio 2012/2013 as estatísticas confirmam que 99,9% do tecido
empresarial eram PME, em que só as micro garantiam mais de 40% do emprego no sector
privado não financeiro em Portugal.
Nos anos 2008 a 2013 observa-se um declínio no número das empresas de média dimensão, por
abandono de atividade ou do mercado nacional, sendo que outras não ocuparam o lugar,
nomeadamente micro ou pequenas que pudessem ter evoluído em estrutura e dimensão.
Por sua vez, as oscilações negativas no número de micro empresas não correspondem a um
aumento de pequenas/médias nos respetivos anos, concluindo-se que também estas
abandonaram prematuramente a atividade.
14
Dados Eurostat de 2011 extraídos do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), confirmam a
incapacidade de sobrevivência destes micro/pequenos negócios aos primeiros anos, situação
também observável na tabela 2 pela taxa de perda/abandono entre os anos 2008 e 2012:
Ano Taxa de perda/abandono por ano (micro/pequenas empresas)
2008/2009 Menos aprox. 3% de empresas
2009/2010 Menos aprox. 5% de empresas
2010/2011 Menos aprox. 3% de empresas
2011/2012 Menos aprox. 4% de empresas
2012/2013 Mais aprox. 3% de empresas
Tabela 2 - Taxa de perda/abandono entre os anos 2008 e 2013
Em 2013, o número de micro empresas em Portugal cresceu em 3% relativamente ao ano
transato, situação justificada como resposta ao agudizar da crise económica e ao crescente
número de novos desempregados a partir de 2011, altura em que o país foi alvo de resgate
financeiro. Estatísticas e estudos para anos seguintes mostram que estas novas iniciativas,
resultantes do aumento de 3% em 2013, tiveram em média rentabilidade negativa e a sua grande
maioria não atingiu os dois (2) anos de vida (dados confirmados em estudo seguinte).
Ainda dados do INE / Eurostat 2011, reportam uma contração de 1,7% na economia portuguesa,
situação que culminou com uma quebra acentuada na procura interna e consumo privado, que se
refletiu negativamente no volume de negócios do micro e pequeno empreendedorismo. Tal
tendência foi mais acentuada nas empresas individuais, tendo originado destruição de emprego e
perda de unidades de negócio em cerca de 3%. O tempo médio de vida das micro/pequenas
empresas rondava os dois (2) anos, com tendência a diminuir. A construção civil foi dos sectores
mais afetados (Crisóstomo).
Do estudo da análise dos dados disponíveis até 2011, conclui-se que a taxa de mortalidade destas
iniciativas foi elevada e a proteção da propriedade empresarial escassa, precarizando muito a
condição dos detentores e das condições de trabalho dos seus assalariados, acelerando a
degradação de um setor já empobrecido que perdeu os poucos meios de que dispunha,
nomeadamente financeiros e património pessoal.
Neste empreendedorismo os recursos são escassos e quando perdidos não voltam a existir; o
15
acesso a alheios não passa duma miragem. Drucker refletiu sobre o assunto, quando chamou a
atenção para a importância da independência do empresário versus empresa. O Sebrae (2011)
identificou este mesmo problema no micro e pequeno empreendedorismo brasileiro, mistura do
património pessoal com o empresarial, concluindo que sempre que as condições de negócio se
degradam nestes pequenos negócios devido às ligações familiares, todo o património pessoal e
familiar fica em risco.
Silva em 2014, quando analisou dados do INE de 2010 das empresas nacionais relativos à sua
rentabilidade, já havia identificado uma notória tendência para o desempenho negativo das micro
empresas comparativamente a 2008, observável pela diminuição do número médio de
trabalhadores e volume de negócios, elementos confirmados pelo INE / Eurostat de 2011 e INE
2012 (detalhado no estudo seguinte).
Consequentemente, a economia nacional dependente quase na íntegra destas micro e pequenas
empresas, tanto em termos de receita fiscal como na criação líquida de postos de trabalho,
contrai-se entrando em recessão, cujo desfecho foi mais um resgate financeiro.
6) O estudo é denominado “Empresas de Portugal 2012”, do Instituto Nacional de Estatística (INE)
edição de 2014, e os dados considerados provêm do Sistema de Contas Integradas das
Empresas, com particular destaque para a Informação Empresarial Simplificada (IES) de 2012,
sendo o apuramento dos mesmos feito com base no Regulamento (CE) Nº 295/2008 de 11 de
Março.
A sua importância reside no facto de, isoladamente, analisar de forma simples e elucidativa, o
conjunto de dados estatísticos do INE em 2012 relativos ao desempenho do micro/pequeno
empreendedorismo no panorama económico nacional. Objetiva simultaneamente para, de uma
perspetiva diferente, melhor sustentar e dar continuidade a estudos anteriores (até 2011) fazendo
a ponte para os seguintes.
Os principais indicadores macro económicos demonstram um decréscimo da atividade económica
entre 2008 e 2012, tendência seguida no setor empresarial português, nomeadamente o micro e
pequeno. O ano 2012 ficou marcado por mais uma contração da atividade económica, sendo que
51,1 % das sociedades comerciais apresentaram resultados líquidos negativos, à semelhança da
quase totalidade das empresas individuais.
Confirma-se para este ano que 99,9% das empresas existentes eram pequenas e médias, sendo
16
95,9% de dimensão micro, representando este grupo (PME) 68,4 % de empregos disponíveis no
setor privado não financeiro.
Quanto aos empregos criados com o nascimento de novas empresas, houve também um
decréscimo nos últimos cinco anos. Foram criados menos cerca de 23 000 empregos nas novas
sociedades e menos cerca de 41 000 nas empresas individuais, comparativamente a 2008.
Também a média de trabalhadores/PME baixou de 2,49 em 2008 para 2,09 trabalhadores/PME
em 2012, o que reflete uma degradação de postos de trabalho no período.
Tabela 3 – Nascimentos e sobrevivências de empresas por número de anos (2008-2012)
De acordo com a tabela 3, os nascimentos de empresas seguiram a tendência de decréscimo da
maior parte dos indicadores. As sociedades tendem a sobreviver mais do que as empresas
individuais, sendo que cerca de 60% das sociedades nascidas em 2008 ainda existiam em 2012,
face a apenas cerca de 23% para as empresas em nome individual. Com base em valores
estimados para as mortes de 2012, o saldo entre nascimentos e mortes foi novamente negativo.
Tomando como referência o ano 2008, cuja parte final se iniciou com a crise financeira
internacional até 2012, o setor empresarial português perdeu cerca de 175.000 empresas e
557.000 postos de trabalho, enquanto o volume de negócios das empresas restantes contraiu em
mais de 60 mil milhões de euros.
Portugal em 3,5 anos perdeu cerca de 14% das empresas existentes e o tempo de vida das
restantes, encurtou drasticamente (ver estudo seguinte).
7) O estudo intitulado “Insolvências do Ano 2013” foi levado a cabo pelo Ministério da Justiça, no
17
departamento de Estatísticas da Justiça, e é considerado de importância capital para o
entendimento do cenário adverso em que as micro/pequenas empresas nacionais têm que existir
tal como os seus promotores, pois, além de recente, aborda os rácios de insolvências nos
tribunais portugueses de 1ª instância até 2013.
Considera também a curta durabilidade das novas iniciativas, bem como causas e consequências
do mau desempenho empresarial.
O mesmo refere que, entre 2007 e 2011, o número de processos de falência, insolvência e
recuperação de empresas entrados nos tribunais de 1ª instância duplicou em Portugal, sendo o
aumento no período 2007 a 2013 de 444,4% (DGPJ, 2013). No primeiro semestre de 2013, o
número de insolvências decretadas em período homólogo de 2007 foi seis vezes superior.
Análise simples, mas conclusiva, acerca do destino das micro/pequenas/médias empresas
portuguesas: Insolvência.
Os rácios de insucesso incluem as novas unidades de negócio criadas em 2013 (mais 3%) e
outras que foram fechando gradualmente partir de 2008, num total de 175 000 (INE 2012).
Os dados estatísticos (2013) do Ministério da justiça levam a uma segunda conclusão: existiu o
“efeito dominó” no micro e pequeno empreendedorismo nacional, pois um aumento de 3% de
novas empresas originou um número de processos de insolvência durante o primeiro semestre de
2013 seis vezes superior em período homólogo de 2007, quando em 2013 já existiam
consideravelmente menos empresas em laboração.
O grande aumento das insolvências constantes nas estatísticas de 2013 é proporcional ao número
de empresas criadas em finais de 2012 e primeiro semestre de 2013, significando que, em média,
nem duraram um (1) ano de atividade normal.
Evidenciam os dados que negócios criados apressadamente, maioritariamente mal estruturados,
com a gestão de empresários pouco preparados e com recursos escassos, arrastaram outros
tantos já em dificuldades para um fim abrupto. O facto destas insolvências estarem a acontecer
por valores cada vez menores, com especial incidência no intervalo entre 1.000 e 9.999 euros, é
um outro forte indício da completa ausência de planeamento e estruturação, nomeadamente
financeira.
18
É pertinente um olhar mais atento e acurado sobre as condições em que os detentores de micro e
pequenas empresas exercem funções em Portugal, pois a precariedade da sua existência é
demasiado evidente para continuar a ser ignorada (Silva, 2014). Machado e Espinha (2007) já
haviam chamado a atenção, dizendo que existe uma tendência generalizada para o insucesso
destas iniciativas nos primeiros anos, sendo importante avaliar o contexto económico e social em
que estão inseridas, confirmando que o cenário não é exclusivo da sociedade portuguesa nem um
problema recente que, no entanto, persiste.
O cenário de pouca duração das micro e pequenas empresas agrava-se tendencialmente em
alturas de recessão económica e de elevados índices de desemprego, pelas causas já
identificadas e que caracterizam este empreendedorismo, mas também porque, na falta de
alternativas de emprego, muitos desempregados são impelidos pelo estado a criar o próprio posto
de trabalho, estando os resultados bem presentes neste estudo. Quanto à dimensão destas
consequências, só daqui a alguns anos será conhecida, mas no presente é evidente que apenas
originou mais insolvências, mais desemprego, menos receita fiscal, menos força na economia
nacional; em suma, mais pobreza.
8) O estudo seguinte denominado “Por entre Reflexões e em Forma de Balanço” do ano 2015 é
da autoria do austríaco Albert Jaeger, homem do Fundo Monetário Internacional (FMI) que
acompanhou Portugal desde o início do programa de apoio e resgate financeiro.
É seu objetivo destacar a visão independente de um analista externo (austríaco) que
acompanhou e aprofundou os conhecimentos sobre a economia portuguesa durante o período de
resgate financeiro (desde 2011). O estudo faz uma ligação perfeita entre os pontos críticos de
insucesso do micro e pequeno empreendedorismo e o desempenho negativo da economia
nacional, identificando causas e apontando caminhos.
O analista e autor deste estudo Albert Jaeger, antes da sua saída em Agosto de 2015, disse que
cerca de 20% do emprego ainda existente em Portugal está em empresas de fraca
sustentabilidade e com os anos contados. Por outras palavras, quis dizer que cerca de 900 mil
pessoas têm o seu emprego em risco nos próximos anos (Lopes, 2015).
Estas pessoas trabalham em mais de 100 mil empresas (micro/pequenas) com baixa
produtividade e elevado endividamento, cujos agentes de execução e quadros bancários
denominam de “folhas secas” depois do inverno da Troika. Diz que, mesmo sem qualquer brisa
ligeira, acabam por cair uma a uma; com um vendaval caem às mãos cheias. Representam um
19
dano futuro em empregos perdidos e uma perda presente de recursos aplicados em negócios
provavelmente inviáveis, ou seja, mais insolvências, mais abandono precoce de atividades
empresariais e menos tempo de vida para as novas (efeito dominó por via do crédito incobrável).
Mais uma vez é feita uma forte referência à necessidade de tomada de consciência para o
problema, colocando o desafio para a política económica futura nacional num plano diferente, pois
além dos cerca de 863 mil desempregados oficiais em 2015, poderão existir num futuro próximo
mais 900 mil, caso não sejam criadas condições para a consolidação e sobrevivência do micro e
pequeno empreendedorismo em Portugal. A dimensão deste desafio está ligado à baixa
qualificação dos nossos gestores e trabalhadores, incentivos errados para endividamento mal feito
e à gestão negligente da banca comercial (Lopes, 2015).
Os estudos anteriores apontavam para uma perda progressiva de empresas e,
consequentemente, de empregos na economia nacional desde 2008, associada a uma diminuição
do tempo de vida das sobreviventes (restantes) que na sua grande maioria já apresentava
rentabilidade líquida negativa; a visão de Jaeger vem validar e dar ênfase aos dados do Instituto
Nacional de Estatísticas desde 2008 até 2012 e aos estudos já apresentados.
9) Este último estudo explanado na revisão teórica e sobre a realidade nacional é denominado
“Informação Setorial das Sociedades não Financeiras em Portugal” no período 2009 a 2014,
sendo proveniente dos dados da Informação Empresarial Simplificada (IES) tratada e
disponibilizada pela Central de Balanços do Banco de Portugal.
É um estudo considerado importante por ser muito recente, sendo baseado em informação
financeira das empresas tratada pelo Banco de Portugal e analisada no contexto do respetivo
desempenho da economia nacional para os anos em estudo.
Foi tornado público em 2015 , e mostra que em 2013 o Produto Interno Bruto (PIB) tinha voltado
a contrair-se em 1,4%, depois da queda acentuada de 3,3% em 2012. Confirma que a maioria das
empresas portuguesas é de micro dimensão e não é rentável. De acordo com o mesmo, 89% das
empresas nacionais são de dimensão Micro, geram uma rentabilidade líquida negativa de 3%
(média) e 29% das sociedades comerciais registavam capitais próprios negativos. Ainda e
comparativamente a 2009, o volume de negócios das micro empresas caiu 7% em 2012 e 2% em
2013.
Informação disponível para 2014 e compilada pela Central de Responsabilidades de Crédito do
Banco de Portugal divulga que, apesar do total de empréstimos às empresas ser de apenas 78%
20
relativamente a 2009, o crédito vencido era superior em 10,3%, dado representativo da
degradação progressiva da estrutura financeira.
Ainda segundo o estudo, o número de empresas durante o período de ajustamento até aumentou
(em 2013), com destaque para as micro empresas (Peixoto, 2015), tal como aumentaram
exponencialmente os processos de falência, insolvência e de recuperação nos tribunais
portugueses em 2013.
O resultado deste estudo divulgado em 2015 não trouxe qualquer novidade acerca do
desempenho do micro e pequeno empreendedorismo e da economia nacional, situação já
confirmada em estudos anteriores, tendo apenas reconhecido um grave problema nacional.
Confirmou um tecido empresarial fraco, à beira do colapso, em que as condições empresariais e o
tempo médio de vida das empresas tendem a degradar-se. Do estudo conclui-se que, caso se
mantenha o atual contexto, muito em breve nada restará deste universo empresarial, que parece
condenado no momento do arranque.
O tempo médio de vida destas novas empresas é muito curto, entre um (1) e dois (2) anos e raras
sobrevivem para lá dos cinco (5). Contudo, continuam teimosamente a ser o motor de uma débil
economia nacional, na qual criam a grande maioria dos postos de trabalho no setor privado e
geram receita fiscal, apesar das suas rentabilidades tendencialmente negativas.
Através do estudo de abordagens teóricas e de elementos estatísticos estrangeiros e nacionais,
pretendeu-se confirmar a pouca durabilidade do micro e pequeno empreendedorismo e o conjunto
de causas responsáveis. Concluiu-se que algumas têm origens sociais e culturais e estão
diretamente ligadas aos empresários, outras têm a ver com o próprio contexto económico e
políticas desajustadas levadas a cabo pelo estado.
A sustentabilidade futura das micro e pequenas empresas em Portugal constituirá, por si só, um
forte catalisador da economia nacional .
“Se as partes constituintes dum todo crescerem, esse todo que é constituído pelas partes,
também crescerá. “
21
Capítulo 3- Análise Empírica
3.1.Definição do Problema
Da revisão da literatura que permitiu considerar os contributos de diversos autores e estatísticas
relativamente à pouca durabilidade do Micro e Pequeno Empreendedorismo, sobressaiu a
necessidade de tomada de consciência e sensibilização imediatas para a existência
tendencialmente precária e muito fragilizada destes modelos de negócio e seus promotores, em
contraposição ao seu forte impacto empresarial na economia nacional.
Com a revisão teórica recente confirma-se que o tempo médio de vida destas empresas ronda os
dois (2) anos e nas novas começa a rondar um (1) ano, tornando-se urgente a identificação e
análise das causas responsáveis para tão pouco tempo de vida destas iniciativas em Portugal.
Este artigo científico identifica essas causas, incentivando a adoção de novas posturas e
metodologias de gestão e outras adequadas a este universo empresarial e seus promotores no
atual panorama político, económico e social.
A investigação tem como objetivo primário encontrar respostas para a seguinte questão :
P. Quais as causas principais para as micro e pequenas empresas em Portugal terem um
tempo de vida tão curto?
Com esta pesquisa espera-se compreender, no universo do micro e pequeno empreendedorismo,
a importância que empresários e profissionais do setor atribuem às causas prováveis do seu
insucesso prematuro e consequentemente da sua pouca durabilidade.
Caso sejam amplamente reconhecidas e aceites como críticas, uma nova abordagem ao
problema ambiciona acrescentar no futuro sustentabilidade e durabilidade a estas empresas e a
uma economia nacional que delas depende quase na íntegra, numa época em que a ambas
faltam soluções viáveis e duradouras.
Simultaneamente, é possível que este universo não confirme o valor estratégico do problema em
estudo ou manifeste desinteresse ou desconhecimento total pelas questões em pesquisa,
podendo considerá-las irrelevantes ou simplesmente não as reconhecer como críticas nas suas
22
estruturas, logo descartáveis em atividades futuras de planeamento e gestão. Existe ainda a
possibilidade de serem identificadas novas causas que, segundo a opinião dos inquiridos,
também elas possam ser críticas no insucesso empresarial, pelo que serão também referenciadas
e analisadas.
3.2. Dados
Ambicionando este artigo responder à questão em investigação, importa realizar uma análise
profunda sobre o pensamento e postura dos micro e pequenos empreendedores nacionais e dos
profissionais/população que com eles interagem regularmente, sobre a perceção das causas
responsáveis pelo insucesso prematuro.
Este artigo científico privilegia uma análise quantitativa, cujo objetivo é a recolha de informação
quantificável passível de ser generalizada ao universo empresarial em estudo, tratando-se assim
duma estratégia dedutiva.
A análise quantitativa vai ser baseada em 80 questionários, dos quais 40 realizados a micro e
pequenos empresários nacionais cujas atividades foram aleatoriamente escolhidas, 20
questionários realizados a profissionais cujas atividades estão diretamente relacionadas a este
universo empresarial, 15 questionários a docentes e 5 questionários a alunos, sendo 33 do sexo
feminino e 47 sexo masculino.
3.3. Metodologia
A população alvo deste estudo são as micro e pequenas empresas nacionais, com especial
incidência na zona centro/sul que, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE),
representam cerca de 99% de todas as empresas do sector privado não financeiro em Portugal.
Considerando a representatividade, foi construída uma amostra pelo método de amostragem
casual, visto a quase totalidade das empresas estarem no âmbito do estudo.
Na tentativa de encontrar respostas para a problemática, foi elaborado um questionário,
disponibilizado online e em formato papel. Visando uma maior abrangência da amostra e uma
abordagem mais lata ao pensamento no setor, foram considerados 80 inquéritos.
23
Foram recolhidos 40 inquéritos referentes a micro e pequenas empresas. Dos outros 40
inquéritos, 20 foram realizados diretamente a profissionais do sector, nomeadamente Contabilistas
Certificados, Economistas, Gestores e Gerentes, Advogados, Administrativos e Bancários. Dos
restantes 20, 15 foram realizados diretamente a docentes e 5 a alunos, 1 do ensino superior e 4
do ensino secundário profissional.
A idade de todos os inquiridos situa-se entre os 19 e os 80 anos, repartida da seguinte forma:
1) Micro e pequenos empresários 30 aos 73 anos;
2) Profissionais do setor 26 aos 56 anos;
3) Docentes no ativo e reformados 32 aos 80 anos;
4) Alunos ensino técnico e superior 19 aos 26 anos.
A aceitação dos inquiridos face ao pedido de resposta aos inquéritos, tanto por profissionais do
setor, docentes e alunos, como por empresários, foi bastante positiva, tanto mais que o tema
despertou desde logo o interesse, deixando em aberto oportunidade para discussões e
investigações futuras sobre a temática.
No que concerne à estrutura do inquérito, foi privilegiada a simplicidade para que, duma forma
rápida e pragmática, o universo de inquiridos pudesse colaborar sem constrangimentos no
objetivo do trabalho. O cabeçalho começa com a identificação do Instituto superior, curso, ano e
disciplina, o fim a que se destina, bem como a identificação do aluno pelo seu nome profissional e
numero de contribuinte. Tem ainda presente e de forma destacada a problemática em estudo. No
rodapé do documento estão os dados do inquirido, tais como nome, profissão, idade e entidade
empregadora. O corpo único do inquérito é composto por 6 questões de resposta múltipla, mais
uma sétima em aberto e opcional, permitindo a cada inquirido identificar outras causas e exprimir
a sua opinião relativamente ao assunto.
Em cada uma das questões, o inquirido poderia optar por uma resposta, com uma simples cruz,
mediante o nível de importância que considerasse na questão, variando entre 1 a 5 de acordo,
escolhendo SIM ou NÃO, com o seguinte:
1- Indispensável (SIM);
2- Muito relevante (SIM);
3- Relevante (SIM);
4- Pouco Relevante (NÃO);
5- Nada relevante (NÃO).
24
Considerando a problema em estudo e a origem provável das causas, o questionário foi
concebido para evidenciar a perceção do universo de inquiridos acerca das mesmas, sendo que
as duas primeiras questões relacionam o meio económico/social e a empresa (causas externas) e
as restantes quatro, relacionam o empreendedor com a atividade empresarial (causas internas),
tendo a sétima questão ficado em aberto:
Q.1. Falta de capitais próprios / Produtos financeiros bancários ajustados.
Q.2. Falta de dimensão dos mercados.
Q.3. Falta de formação destes empreendedores/empresários.
Q.4. Falta de capacidade de aceitação e análise da informação disponível.
Q.5. Falta de adaptação em tempo útil à mudança social, económica, tecnológica e de mercados.
Q.6. Falta de planeamento estratégico e mais modelos adequados de gestão a este micro e
pequeno empreendedorismo.
Q.7. Outras / Questão em aberto.
Relativamente à Q.1.”Falta de capitais próprios/Produtos financeiros bancários ajustados”, é
propositadamente considerada uma causa externa, pois até a existência de capitais próprios
atualmente depende (quase) na íntegra de fatores externos e em muito alheios à vida de cada
empresário.
Um investimento é, por norma, feito com uma elevada percentagem de capitais alheios, sendo
raríssimas as situações em que os próprios são a maioria ou tomam a dianteira num investimento.
Logo, o fator crítico deve ser medido pela capacidade de endividamento e respetiva
disponibilidade de capitais alheios no mercado.
A metodologia seguida, nomeadamente na escolha do universo de inquiridos, objetivou analisar
até que ponto são diferentes as perceções dos micro e pequenos empresários nacionais e dos
profissionais que com eles trabalham diariamente na gestão e organização empresarial, dum
problema comum. A abordagem ao meio académico pretendeu dar uma visão isenta sobre o
mesmo problema, mas que em breve será transversal a todos os setores da sociedade
portuguesa.
3.4. Hipóteses
Muitos micro e pequenos empresários, fruto da ânsia de começarem o negócio, associada à falta
de meios económicos e financeiros, tendem a iniciar a empresa sem qualquer meio de suporte
25
relacionado com gestão e planeamento, sendo que eles próprios também pouca ou nenhuma
experiência têm no assunto.
Para muitos, o empreendedorismo é uma condição muito mais imposta pelas circunstâncias,
nomeadamente desemprego e urgência na obtenção de rendimento, do que por vocação natural.
Neste cenário, o início de atividade acontece de forma apressada e pouco estruturada ou com
recurso a familiares, também estes pouco ou nada vocacionados para o desempenho de funções.
Historicamente, estes pequenos negócios, quase na íntegra dependentes do seu criador, vêm
clonados os seus defeitos e virtudes. Por regra, os defeitos não são reconhecidos por este como
pontos críticos de insucesso da empresa, nem as relações familiares.
Numa altura em que existir num ambiente económico e social adverso é ter “conhecimento” e
capacidade de gerir atempadamente “informação”, muitos destes empresários também não
primam por índices adequados de formação, nem parece reconhecerem a necessidade.
Com base na fundamentação teórica e literária já explanada no âmbito deste artigo, é consensual
que a maioria das causas relacionadas à sobrevivência do micro e pequeno empreendedorismo
está ligada à figura do empreendedor, e outras ao meio.
Logo, importa conhecer a perceção deste universo para o facto, pois existe a possibilidade dos
principais destinatários não as reconhecerem como críticas ou, reconhecendo, não as
conseguirem ultrapassar, ou ainda o próprio contexto em que estas empresas e empresários têm
que evoluir, se sobrepor à perceção dos envolvidos e à própria capacidade de implementação de
medidas corretivas e de gestão.
Como tal, formulam-se quatro (4) hipóteses a comprovar posteriormente:
H.1. Os empresários não reconhecem as causas nas suas estruturas empresariais.
H.2. Os empresários reconhecem algumas causas, mas não as consideram críticas.
H.3. Os empresários reconhecem as causas como críticas, mas a sua correção julgam
depender de terceiros.
A formulação das H.1, H.2 e H.3 são vitais no entendimento da perceção que estes empresários
26
têm de si e do próprio negócio, cumulativamente à sua capacidade de gestão, bem como da
informação disponível relacionada à sua atividade.
Como tal, consideram muito relevantes as respostas às quatro (4) questões seguintes:
Q.3. Falta de formação destes empreendedores/empresários;
Q.4. Falta de capacidade de aceitação e análise da informação disponível;
Q.5. Falta de adaptação em tempo útil à mudança social, económica, tecnológica e de mercados.
Q.6.Falta de planeamento estratégico e mais modelos adequados de gestão a este micro e
pequeno empreendedorismo.
H.4. Os empresários reconhecem as causas, consideram-nas críticas, mas não têm meios
para as corrigir.
A formulação da H.4 é fundamental para o entendimento da relação destas empresas e
empresários com o meio em que se inserem, visando também determinar até que ponto a falta de
recursos, por si só, constitui um fator limitativo na sua sustentabilidade e durabilidade, segundo a
perceção dos mesmos.
Neste entendimento, são muito relevantes as respostas às duas (2) questões seguintes, bem
como à questão deixada em aberto, Q.7. Outras, especificamente para identificação de outras
causas percetíveis ao universo de inquiridos :
Q.1.Falta de capitais próprios/ produtos financeiros bancários adequados.
Q.2.Falta de dimensão dos mercados.
3.5. Modelo de Tratamento de Dados
Os dados são apresentados e agrupados em tabelas, uma por cada grupo e uma última com a
totalidade dos inquiridos, com as respetivas percentagens de respostas por questão e o nível de
importância da mesma.
Simultaneamente, são apresentados gráficos de barras por cada tabela, sendo que relativamente
ao último grupo existem duas tabelas, uma para as seis (6) questões iniciais e outra para as
opcionais, tal como existem dois gráficos, uma para cada uma destas tabelas. Sempre que
possível e se justifique são calculados elementos estatísticos, para os dados disponíveis.
27
Capítulo 4 - Resultados
4.1.Caracterização da Amostra
Todos os empresários e profissionais do setor encontram-se em exercício de atividade, logo são
considerados aptos a responderam cabalmente às questões colocadas sobre o micro e pequeno
empreendedorismo nacional.
Gráfico 1 - Distribuição da amostra por atividade profissional
Da totalidade dos inquiridos, 50% são micro e pequenos empresários de acordo com a lei vigente,
cujas empresas têm sede em território nacional; 25% são profissionais do setor, nomeadamente
contabilistas certificados, advogados, economistas, gestores, gerentes, bancários e
administrativos, 19 % são docentes e 6% alunos.
De acordo com o gráfico 1, 75% dos inquiridos (empresários + profissionais) estão em exercício
pleno de funções, logo depreendem-se muito familiarizados com a problemática em estudo, tendo
a sua presença e peso na amostra uma importância muito relevante.
Quanto aos restantes 25 % (docentes + alunos) destacam-se na medida em que, não estando
diretamente ligados ao setor, constituem um pilar da sociedade portuguesa, podendo todos eles
desempenhar no futuro um papel determinante na formação e preparação de novos empresários.
28
Micro e Pequenos Empresários Profissionais do Setor Docentes Alunos
50%
25%
19%
6%
PercentagemdeInquiridos
(Totaldeinquiridos:80)
Gráfico 2- Distribuição da amostra quanto ao sexo
No gráfico 2 é expressa a distribuição da totalidade dos inquiridos quanto ao sexo, sendo que 41%
são do sexo feminino e os restantes 59% do sexo masculino. É visível um certo nível de
equilíbrio na amostra, situação esta representativa da sociedade portuguesa e do universo do
presente neste estudo.
4.2. Análise de Resultados
Numa primeira análise às respostas obtidas, é notório que todos os inquiridos (100%) se
identificam com as seis (6) questões iniciais do questionário, pois maioritariamente responderam
SIM. Simultaneamente, constata-se que em todos os quatro (4) grupos foi identificada, pelo
menos, mais uma causa considerada crítica na questão opcional, tendo a mesma sido classificada
quanto ao nível de importância em 1 (Indispensável) ou 2 (Muito Relevante).
O grupo dos empresários foi quem mais causas identificou em opcionais, num total de cinco (5),
havendo um misto entre externas e internas que, segundo a opinião dos mesmos, concorrem
juntamente com as outras seis (6) para o insucesso prematuro das empresas.
29
0,41
0,59
Sexo dos inquiridos
Feminino
Mascu-
lino
Consideram-se de seguida e individualmente os resultados às respostas dos quatro (4) grupos de
inquiridos, mais um (1) com a totalidade da amostra, agrupados em tabelas de dados :
1) Grupo 1 – Alunos;
2) Grupo 2 – Docentes;
3) Grupo 3 – Profissionais do Setor;
4) Grupo 4 – Micro e Pequenos Empresários;
5) Grupo 5 – Todos os Inquiridos.
4.2.1. Grupo 1- Alunos
Questões / Nível
de Importância
1
Indispensável
2
Muito
Relevante
3
Relevante
%
SIM
4
Pouco
Relevante
5
Nada
Relevante
%
NÃO
SOMA DE
CONTROLO
Q.1) Falta de capitais
próprios / produtos
financeiros bancários
ajustados
0
0%
4
80%
0
0%
4
80%
1
20%
0
0%
1
20%
5
100%
Q.2) Falta de
dimensão dos
mercados
0
0%
2
40%
2
40%
4
80%
1
20%
0
0%
1
20%
5
100%
Q.3) Falta de
formação destes
empreendedores /
empresários
2
40%
3
60%
0
0%
5
100%
0
0%
0
0%
0
0%
5
100%
Q.4) Falta de
capacidade de
aceitação e análise da
informação disponível
0
0%
5
100%
0
0%
5
100%
0
0%
0
0%
0
0%
5
100%
Q.5) Falta de
adaptação, em tempo
útil, à mudança social,
económica,
tecnológica e de
mercados
3
60%
2
40%
0
0%
5
100%
0
0%
0
0%
0
0%
5
100%
Q.6) Falta de
planeamento
estratégico e mais
modelos adequados
de gestão a este
micro e pequeno
empreendedorismo
2
40%
3
60%
0
0%
5
100%
0
0%
0
0%
0
0%
5
100%
Tabela 4 / Grupo 1 – Respostas dos inquéritos aos alunos (5 inquiridos)
Abaixo de 50% - NÃO ; Acima de 50% - SIM ; Igual a 50% - INCONCLUSIVO
Relativamente ao Grupo 1, na análise às respostas obtidas e disponíveis na tabela 4, observa-se
que 100% dos inquiridos responderam SIM às Q.3, Q.4, Q.5 e Q.6. Quanto ao nível de
30
importância que lhe atribuíram, 100% consideraram que as causas identificadas nas Q.3, Q.5 e
Q.6 são de nível 1 (Indispensável) ou 2 (Muito Relevante) e relativamente à Q.4, 100%
responderam que é de nível 2 (Muito relevante).
Os dados evidenciam que o grupo valoriza de forma considerável a “Formação dos
empreendedores”, a sua capacidade de “Análise e aceitação da informação disponível” e
“Adaptação em tempo útil à mudança” e ainda o “Planeamento estratégico” como fatores
qualitativos nos negócios.
Comparativamente às Q.1 e Q.2, somente 80% das respostas foram SIM. Quanto ao nível de
importância das causas identificadas nestas questões, foi 2 (Muito Relevante) e 3 (Relevante);
quanto aos que responderam NÃO, 20% atribuíram nível 4 (Pouco Relevante) à sua ponderação,
ou seja, consideraram que a “Falta de capitais próprios e produtos financeiros adequados”, bem
como a “Falta de dimensão de mercados”, são causas pouco relevantes na durabilidade das
empresas.
Ainda relativamente a este grupo, observa-se que a causa identificada com a Q.4, “Falta de
capacidade de aceitação e análise da informação disponível ”, foi a mais sensível ao grupo e que
mais consenso reuniu como condicionante nas empresas, pois 100% respondeu SIM com um
nível de importância 2 (Muito Relevante).
A causa identificada na Q.5, “Falta de adaptação em tempo útil à mudança social, económica,
tecnológica e de mercados”, destacou-se, visto ser a única com 60% de respostas com nível de
importância 1 (Indispensável).
Por sua vez, a Q.2, “Falta de dimensão dos mercados”, foi a que teve mais dispersão nos
resultados e que menos consenso reuniu, ficando a ideia que o grupo estudantil está pouco
sensível à importância da existência ou não de mercados.
Questão Opcional /
Nível de Importância
1
Indispensável
2
Muito
Relevante
3
Relevante
%
SIM
4
Pouco
Relevante
5
Nada
Relevante
%
NÃO
SOMA DE
CONTROLO
Q.O.) Falta de inovação e
desenvolvimento
0
0%
1
20%
0
0%
1
20%
0
0%
0
0%
0
0%
1
20%
Tabela 4.1 / Grupo 1 – Respostas dos inquéritos aos alunos (5 inquiridos)
31
Relativamente à questão opcional (Q.O.), presente na tabela 4.1, o Grupo 1 identificou a “Falta de
inovação e desenvolvimento” como mais uma causa passível de influenciar negativamente o
desempenho empresarial nacional, tendo a mesma sido classificada por 20% dos respondentes
com um nível de importância 2 (Muito Relevante).
Gráfico 3 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + opcional
O Gráfico 3 resume o total dos resultados às seis (6) questões iniciais, mais os resultados da
questão opcional.
Neste sentido, destacam-se que para o Grupo 1 as Q.3, Q.4, Q.5 e Q.6, como as mais
importantes a serem presentes nas micro e pequenas empresas nacionais, todas elas de origem
interna e diretamente relacionadas à figura do empreendedor, formação e informação do mesmo.
A Q.O. está diretamente relacionada às anteriores, visto referir a necessidade de inovação e
desenvolvimento.
Por sua vez, as questões Q.1 e Q.2, ambas evidenciando causas externas, foram as menos
consideradas como limitativas no desempenho empresarial, segundo a opinião do grupo de
alunos.
32
Q. 1 Q. 2 Q. 3 Q. 4 Q. 5 Q. 6 Q. Opcional
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
120,00%
80,00% 80,00%
100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
20,00%
Questões de 1 a 6 + opcionais
PercentagemdeSIM
4.2.2. Grupo 2 – Docentes
Questões / Nível de
Importância
1
Indispensável
2
Muito
Relevante
3
Relevante
%
SIM
4
Pouco
Relevante
5
Nada
Relevante
%
NÃO
SOMA DE
CONTROLO
Q.1) Falta de capitais
próprios / produtos
financeiros bancários
ajustados
3
20%
9
60%
1
7%
13
87%
2
13%
0
0%
2
13%
15
100%
Q.2) Falta de dimensão
dos mercados
0
0%
3
20%
10
67%
13
87%
2
13%
0
0%
2
13%
15
100%
Q.3) Falta de formação
destes
empreendedores /
empresários
3
20%
6
40%
4
27%
13
87%
1
7%
1
7%
2
13%
15
100%
Q.4) Falta de capacidade
de aceitação e análise
da informação disponível
0
0%
6
40%
8
53%
14
93%
0
0%
1
7%
1
7%
15
100%
Q.5) Falta de adaptação,
em tempo útil, à
mudança social,
económica, tecnológica e
de mercados
4
27%
4
27%
5
33%
13
87%
1
7%
1
7%
2
13%
15
100%
Q.6) Falta de
planeamento estratégico
e mais modelos
adequados de gestão a
este micro e pequeno
empreendedorismo
3
20%
9
60%
2
13%
14
93%
0
0%
1
7%
1
7%
15
100%
Tabela 5 / Grupo 2 – Respostas dos inquéritos aos docentes (15 inquiridos)
Abaixo dos 50% - NÃO ; Acima dos 50% - SIM ; Igual a 50% - INCONCLUSIVO
Para o Grupo 2, e considerados os dados da tabela 5, observa-se um equilíbrio nas respostas às
seis (6) questões iniciais, visto 93% dos inquiridos terem respondido SIM às Q.4 e Q.6, e 87% às
Q.1, Q.2, Q.3 e Q.5.
Quanto ao nível de importância atribuída às causas aí identificadas, voltou a existir um equilíbrio;
20% consideram nível 1 (Indispensável) nas Q.1, Q.3 e Q.6, 27% considera nível 1 (indispensável)
na Q.5.
Relativamente às Q.2 e Q.4, este grupo apenas considera níveis 2 (Muito Relevante) e 3
(Relevante) na importância das causas referenciadas.
Numa análise sumária de dados, destaca-se que o grupo de inquiridos valoriza muito e de forma
praticamente idêntica, qualquer uma das causas identificadas com as questões iniciais, apesar de
33
13% considerarem que a “Falta de capitais próprios / produtos financeiros e bancários ajustados”
bem como a “Falta de dimensão dos mercados”, Pouco Relevantes (nível 4) nas empresas.
Curiosamente, neste mesmo grupo de docentes, também 7% consideram que a “Falta de
formação destes empreendedores / empresários”, a “Falta de capacidade de aceitação e análise
da informação disponível”, a “Falta de adaptação em tempo útil à mudança” e a “Falta de
planeamento estratégico e modelos de gestão adequados” (Q.3, Q.4, Q.5, Q.6), são Nada
Relevantes (nível 5) no mesmo universo empresarial.
A causas identificadas nas Q.3 e Q.5, “Falta de formação destes empreendedores” e “Falta de
adaptação em tempo útil à mudança“, foram as que mais dispersão tiveram nos resultados e
menos consenso reuniram quanto ao nível de importância.
Relativamente à Q.5, saliente-se que, no mesmo grupo de respondentes, existem 13% para quem
a referida causa é irrelevante ou quase passou despercebida, e para 27% é considerada
indispensável na sobrevivência deste empreendedorismo. Simultaneamente, foi a única causa
considerada como Indispensável (nível 1) por 27% dos respondentes, sendo que as restantes
foram 0% ou 20 %.
Questão Opcional /
Nível de Importância
1
Indispensável
2
Muito
Relevante
3
Relevante
%
SIM
4
Pouco
Relevante
5
Nada
Relevante
%
NÃO
SOMA DE
CONTROLO
Q.O.) Falta de vontade de
trabalhar
1
7%
0
0%
0
0%
1
7%
0
0%
0
0%
0
0%
1
7%
Tabela 5.1 / Grupo 2 – Respostas dos inquéritos aos docentes (15 inquiridos)
Relativamente à questão opcional (Q.O.), e de acordo com a tabela 5.1, 7% do Grupo 2 identificou
a “Falta de vontade de trabalhar” como mais uma causa limitativa do desempenho neste
empreendedorismo, havendo sido considerada nível 1 (Indispensável) quanto à sua importância
nas empresas.
34
Gráfico 4 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + opcional
O Gráfico 4 resume os resultados das seis (6) questões iniciais e o resultado da questão opcional.
Apesar do grande equilíbrio entre as seis questões iniciais, no balanceamento entre causas
internas e externas, o Grupo 2 destaca as Q.4 e Q.6 como as mais importantes. Ambas são de
origem interna e diretamente ligadas à figura do empreendedor, à sua relação com a empresa e
ainda à sua capacitação enquanto empresário.
A questão opcional (Q.O.) é mais uma causa interna e de origem social, cuja observância e
correção está dependente do empreendedor, nomeadamente a sua hipotética falta de vontade de
trabalhar ou dos seus mais diretos colaboradores, ou ainda a incapacidade de motivação de toda
a equipa.
Da análise de resultados do Grupo 1 (Alunos) e Grupo 2 (Docentes), evidencia-se uma linha de
pensamento coincidente. Ambos os grupos tendem a desvalorizar as condicionantes externas à
empresa, tais como a Q.1, “Falta de capitais próprios e produtos financeiros” e a Q.2, “Falta de
dimensão dos mercados”.
Por sua vez, ambos os grupos dão especial enfoque e valorização a causas internas, tais como a
necessidade de aceitação e análise de informação disponível (Q.4) ou a necessidade de
planeamento estratégico e modelos de gestão adequados (Q.6), sendo ainda exemplo disso as
causas relacionadas às duas (2) questões opcionais já referenciadas.
35
Q. 1 Q. 2 Q. 3 Q. 4 Q. 5 Q. 6 Q. Opcional
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
87,00% 87,00% 87,00%
93,00%
87,00%
93,00%
7,00%
Questões de 1 a 6 + opcionais
PercentagemdeSIM
4.2.3. Grupo 3 - Profissionais do Setor
Questões / Nível de
Importância
1
Indispensável
2
Muito
Relevante
3
Relevante
%
SIM
4
Pouco
Relevante
5
Nada
Relevante
%
NÃO
SOMA DE
CONTROLO
Q.1) Falta de capitais
próprios / produtos
financeiros bancários
ajustados
13
65%
4
20%
3
15%
20
100%
0
0%
0
0%
0
0%
20
100%
Q.2) Falta de dimensão
dos mercados
1
5%
4
20%
2
10%
7
35%
7
35%
6
30%
13
65%
20
100%
Q.3) Falta de formação
destes
empreendedores /
empresários
9
45%
10
50%
0
0%
19
95%
1
5%
0
0%
1
5%
20
100%
Q.4) Falta de
capacidade de aceitação
e análise da informação
disponível
2
10%
11
55%
4
20%
17
85%
2
10%
1
5%
3
15%
20
100%
Q.5) Falta de adaptação,
em tempo útil, à
mudança social,
económica, tecnológica
e de mercados
15
75%
2
10%
2
10%
19
95%
0
0%
1
5%
1
5%
20
100%
Q.6) Falta de
planeamento estratégico
e mais modelos
adequados de gestão a
este micro e pequeno
empreendedorismo
13
65%
5
25%
1
5%
19
95%
0
0%
1
5%
1
5%
20
100%
Tabela 6 / Grupo 3 – Respostas dos inquéritos aos profissionais (20 inquiridos)
Abaixo dos 50% - NÃO ; Acima dos 50% - SIM ; Igual a 50% - INCONCLUSIVO
O Grupo 3, profissionais do setor, responde SIM às Q.1 Q.3, Q.4, Q.5 e Q.6, e 65% dos inquiridos
responde NÃO à Q.2, “Falta de dimensão dos mercados”. Quanto ao nível de importância
atribuída às questões respondidas SIM, o mesmo oscila entre os 75% atribuído de nível 1
(Indispensável) à Q.5 e 45% atribuído à Q.3.
Relativamente à Q.2 respondida NÃO, ainda houve 5% dos inquiridos a considerá-la nível 1
(Indispensável), 20% nível 2 (Muito Relevante) e 10% nível 3 (Relevante). Ainda relativamente à
mesma questão, 65% dos inquiridos consideram Pouco ou Nada Relevante (níveis 4 e 5) a “Falta
de dimensão de mercados“ para o sucesso do micro e pequeno empreendedorismo nacional.
A Q.2 juntamente com a Q.4, “Falta de adaptação em tempo útil à mudança”, foram as que maior
dispersão tiveram nos resultados, tanto mais que relativamente à causa identificada na Q.4, houve
36
10% dos inquiridos a considerá-la Indispensável (nível 1) e simultaneamente 15% a considerá-la
Pouco ou Nada Relevante (níveis 4 e 5).
A Q.1, “Falta de capitais próprios e produtos financeiros e bancários ajustados”, foi a única a ter
100% de aceitação junto do Grupo 3, não restando dúvidas para os inquiridos que a existência ou
não de capital (próprio/alheio) é fundamental, constituindo um fator chave na continuidade deste
empreendedorismo, tanto mais que para 85% é Indispensável ou Muito Relevante (níveis 1 e 2).
De igual modo, consideram Indispensável e Muito Relevante (níveis 1 e 2) a “Falta de adaptação
em tempo útil à mudança” e a “Falta de planeamento Estratégico” como causas do insucesso
prematuro, logo atividades essenciais de suporte e apoio à gestão, imprescindíveis no seio
empresarial.
Relativamente à Q.3, apesar de 95% terem respondido SIM, só 45% consideram a “Falta de
formação” Indispensável a este empreendedorismo, sendo a causa para os restantes 50% apenas
Muito Relevante (nível 2).
Questões Opcionais /
Nível de Importância
1
Indispensável
2
Muito
Relevante
3
Relevante
%
SIM
4
Pouco
Relevante
5
Nada
Relevante
%
NÃO
SOMA DE
CONTROLO
Q.O.1) Falta de vontade de
trabalhar
2
10%
0
0%
1
5%
3
15%
0
0%
0
0%
0
0%
3
15%
Q.O.2) Falta de delegação
de competências
0
0%
1
5%
0
0%
1
5%
0
0%
0
0%
0
0%
1
5
Q.O.3) Carga fiscal elevada
8
40%
0
0%
0
0%
8
40%
0
0%
0
0%
0
0%
8
40%
Tabela 6.1 / Grupo 3 – Respostas dos inquéritos aos profissionais (20 inquiridos)
Quanto às questões opcionais e de acordo com a tabela 6.1, foram identificadas três (3) novas
causas pelo grupo de profissionais do setor.
A “Carga fiscal elevada” (Q.O.3) foi enumerada por 40% dos inquiridos do Grupo 3, sendo
considerada quanto à importância de nível 1 (Indispensável). Segundo os respondentes,
apresenta-se como um fator de insucesso crucial no atual contexto político, económico e social,
para o micro e pequeno empreendedorismo em Portugal.
37
Curiosamente, também 15% dos respondentes identificaram a “Falta de vontade de trabalhar”
(Q.O.1) e 5% a “Falta de delegação de competências” (Q.O.2) como outros fatores limitativos
deste empreendedorismo.
Gráfico 5 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + 3 opcionais
O Gráfico 5 resume os resultados das seis (6) questões iniciais, mais o resultado das três (3)
questões opcionais (Q.O.1, Q.O.2, Q.O.3) referenciadas pelo grupo.
O Grupo 3, em contraposição aos dois grupos anteriores, destaca uma causa externa como
primeira grande responsável pelo insucesso do micro e pequeno empreendedorismo nacional: a
“Falta de capitais e produtos financeiros e bancários adequados a este universo
empresarial“(Q.1). O “Excesso de carga fiscal” (Q.O.3), é outra causa externa indiciada pelo grupo
como limitativa do desempenho dos pequenos negócios.
Contudo, para o Grupo 3, a responsabilidade destes empresários não permanece inerte, pois
simultaneamente elegem causas de origem interna. A “Falta de formação” (Q.3) associada à
incapacidade de “Aceitação e análise de informação disponível” (Q.4), bem como a inexistência de
atividades de suporte à gestão e planeamento (Q.6), são responsabilidades inerentes à figura
empreendedor.
38
Q. 1 Q. 2 Q. 3 Q. 4 Q. 5 Q. 6 Q. Opcional 1 Q. Opcional 2 Q. Opcional 3
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
120,00%
100,00%
35,00%
95,00%
85,00%
95,00% 95,00%
15,00%
5,00%
40,00%
Questões de 1 a 6 + opcionais
PercentagemdeSIM
A “Falta de vontade de trabalhar” (Q.O.1), já havia sido identificada como limitativa pelo Grupo 2,
também ela ligada à figura do empreendedor. A necessidade de “Delegar competências” (Q.O.2),
outra causa de origem interna referenciada pelos inquiridos, indicia forte centralização do poder e
total ausência de cultura organizacional que, juntamente com a Q.O.1, são indícios das
dificuldades na gestão de relações familiares e implicações sociais, muito típicas deste
empreendedorismo e empreendedores.
As limitações relacionadas à envolvente familiar do micro e pequeno empreendedorismo estão
amplamente explanadas na revisão da literatura, constituindo este conjunto de causas e segundo
vários autores, um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento e durabilidade destes modelos de
negócio.
4.2.4. Grupo 4 – Micro e Pequenos Empresários
Questões / Nível de
Importância
1
Indispensável
2
Muito
Relevante
3
Relevante
%
SIM
4
Pouco
Relevante
5
Nada
Relevante
%
NÃO
SOMA DE
CONTROLO
Q.1) Falta de capitais
próprios / produtos
financeiros bancários
ajustados
29
72%
6
15%
5
13%
40
100%
0
0%
0
0%
0
0%
40
100%
Q.2) Falta de dimensão dos
mercados
12
30%
9
23%
10
25%
31
78%
9
22%
0
0%
9
22%
40
100%
Q.3) Falta de formação
destes empreendedores /
empresários
15
38%
12
30%
8
20%
35
88%
5
12%
0
0%
5
12%
40
100%
Q.4) Falta de capacidade de
aceitação e análise da
informação disponível
7
18%
12
30%
13
32%
32
80%
7
18%
1
2%
8
20%
40
100%
Q.5) Falta de adaptação, em
tempo útil, à mudança social,
económica, tecnológica e de
mercados
18
45%
11
27%
5
13%
34
85%
5
13%
1
2%
6
15%
40
100%
Q.6) Falta de planeamento
estratégico e mais modelos
adequados de gestão a este
micro e pequeno
empreendedorismo
9
22%
12
30%
14
36%
35
88%
5
12%
0
0%
5
12%
40
100%
Tabela 7 / Grupo 4 – Respostas aos inquéritos dos micro e pequenos empresários (40 inquiridos)
Abaixo dos 50% - NÃO ; Acima dos 50% - SIM ; Igual a 50% - INCONCLUSIVO
39
Pela análise de resultados do Grupo 4, apresentados na tabela 7, é visível um reconhecimento
dos inquiridos a 100% das causas identificadas com as seis (6) questões iniciais, consideradas
limitativas à durabilidade do micro e pequeno empreendedorismo nacional, pois a todas
responderam SIM.
A “Falta de capitais próprios e produtos financeiros e bancários ajustados” (Q.1) é a mais
sensível ao grupo, visto 100% ter respondido SIM, sendo que 72% consideram nível 1
(Indispensável), 15% nível 2 (Muito Relevante) e 13% nível 3 (Relevante).
No mesmo grupo, 88% reconheceram a “Falta de formação” (Q.3) e “Falta de planeamento
estratégico” (Q.6), como atividades determinantes na vida das suas empresas e 85% ainda
consideraram a “Falta de adaptação em tempo útil à mudança” (Q.5) como um fator importante.
Simultaneamente, as Q.4 e Q.5 foram as que menor consenso e maior dispersão de resultados
tiveram, sendo que na Q.4, “Falta de capacidade de aceitação e análise da informação
disponível”, apenas 18% a reconheceram como Indispensável (nível 1), sendo que 20%
consideraram-na Pouco ou Nada Relevante (níveis 4 e 5).
A “Falta de dimensão de mercados” (Q.2) é, segundo a opinião dos inquiridos, a causa menos
importante das seis iniciais na vida das suas empresas, sendo a menos considerada com 78%
das intenções. Esta mesma causa (Q.2), tem 22% do grupo de respondentes, que a consideram
mesmo Pouco Relevante (nível 4) .
As duas questões mais referenciadas pelos inquiridos com nível 1 (Indispensável), foram a Q.1,
“Falta de capitais e produtos financeiros” com 72% e a Q.5, “Falta de adaptação em tempo útil à
mudança” com 45%.
Curiosamente, as opiniões deste grupo destacam causas aparentemente antagónicas: Q.1 (Falta
de capitais) e Q.3, Q.5, Q.6 (Falta de formação; Falta de adaptação em tempo útil; Falta de
planeamento). Estes resultados indiciam um reconhecimento dos constrangimentos pessoais que
estes empresários experimentam no quotidiano da sua atividade empresarial e,
simultaneamente, as grandes dificuldades inerentes à envolvente externa, nomeadamente no
setor financeiro.
40
Questões Opcionais /
Nível de Importância
1
Indispensável
2
Muito
Relevante
3
Relevante
%
SIM
4
Pouco
Relevante
5
Nada
Relevante
%
NÃO
SOMA DE
CONTROL
O
Q.O.1) Falta de vontade
de trabalhar
1
2%
0
0%
0
0%
1
2%
0
0%
0
0%
0
0%
1
2%
Q.O.2) Preço combustíveis
/ portagens
3
8%
0
0%
0
0%
3
8%
0
0%
0
0%
0
0%
3
8%
Q.O.3) Impostos elevados
6
15%
1
2%
0
0%
7
17%
0
0%
0
0%
0
0%
7
17%
Q.O.4) Falta de meios
técnicos
1
2%
0
0%
0
0%
1
2%
0
0%
0
0%
0
0%
1
2%
Q.O.5) Falta de apoios do
Estado / Políticas
adequadas
3
8%
0
0%
0
0%
3
8%
0
0%
0
0%
0
0%
3
8%
Tabela 7.1 / Grupo 4 – Respostas aos inquéritos dos micro e pequenos empresários (40 inquiridos)
Relativamente às questões opcionais, o Grupo 4 de micro e pequenos empresários identificou
cinco (5) causas, algumas novas, constantes na Tabela 7.1.
Segundo os mesmos, também elas muito limitativas das suas atividades empresariais.
A “Carga fiscal excessiva” (Q.O.3) foi identificada por 17% dos respondentes, como uma forte
condicionante com uma importância nível 1 (Indispensável) e 2 (Muito Relevante), juntamente ao
“Elevado preço dos combustíveis e portagens” (Q.O.2) e a “Falta de apoios do estado e políticas
adequadas” (Q.O.5), ambas com 8% das intenções.
A “Falta de vontade de trabalhar” (Q.O.1) e a “Falta de meios técnicos” (Q.O.4), ambas com 2% ,
foram as outras causas identificadas e sentidas como limitativas por este universo de inquiridos.
A “Falta de meios técnicos” (Q.O.4), apesar de só ter sido apontada por 2% dos inquiridos como
limitativa, poderá estar diretamente ligada à Q.1 (falta de capitais) e, no entanto, ser entendida de
forma diferente pelo grupo de inquiridos, tanto mais quando a Q.1, é referenciada por 100% do
grupo como condicionante.
41
Não existindo disponibilidade de capitais, dificilmente existem os restantes meios. O mesmo é
passível de acontecer para a Q.O.2 (Preços elevados de combustíveis e portagens), relativamente
à outra opcional Q.O.3 (Impostos elevados). A excessiva carga fiscal afeta transversalmente todos
os agentes económicos da sociedade, sendo o setor dos combustíveis (fósseis) particularmente
afetado por esta realidade. Logo, estas duas causas, apesar de sentidas de forma diferente pelos
respetivos respondentes, poderão significar a mesma coisa: Carga fiscal excessiva (Q.O.3).
Gráfico 6 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + 5 opcionais
O Gráfico 6 congrega os resultados das seis (6) questões iniciais juntamente com as cinco (5)
questões opcionais (Q.O.1, Q.O.2, Q,O.3, Q.O.4, Q.O.5), identificadas pelo grupo dos
empresários.
O Grupo 4, revendo-se na integra com 100% das causas previamente identificadas, considerou
aleatoriamente causas de origem interna e externa como grandes condicionantes nas suas
atividades empresariais.
A “Falta de capitais próprios ou alheios” (Q.1 +Q.O.4) e a “Excessiva carga fiscal” (Q.O.3 + Q.O.2)
a par das causas identificadas com as Q.3, Q.4, Q.5, Q.6, e segundo a opinião dos respondentes,
apresentam-se como as grandes responsáveis pelo insucesso prematuro dos seus negócios.
A “Falta de dimensão de mercados” (Q.2), segundo este grupo e à semelhança da opinião dos
42
Q. 1
Q. 2
Q. 3
Q. 4
Q. 5
Q. 6
Q. Opcional 1
Q. Opcional 2
Q. Opcional 3
Q. Opcional 4
Q. Opcional 5
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
120,00%
100,00%
78,00%
88,00%
80,00%
85,00%88,00%
2,00%
8,00%
17,00%
2,00%
8,00%
Questões de 1 a 6 + opcionais
PercentagemdeSIM
grupos anteriores, continua a ser a causa menos sentida com responsável no mau desempenho
das empresas.
De destacar que todos os grupos de inquiridos, à exceção dos alunos, referenciam em questão
opcional a “Falta de vontade de trabalhar”, como uma nova condicionante social e atualmente
constatável nas organizações.
4.2.5. Grupo 5 – Todos os Inquiridos
Questões / Nível de
Importância
1
Indispensável
2
Muito
Relevante
3
Relevante
%
SIM
4
Pouco
Relevante
5
Nada
Relevante
%
NÃO
SOMA DE
CONTROLO
Q.1) Falta de capitais
próprios / produtos
financeiros bancários
ajustados
45
56%
23
29%
9
11%
77
96%
3
4%
0
0%
3
4%
80
100%
Q.2) Falta de dimensão
dos mercados
13
16%
18
23%
24
30%
55
69%
19
24%
6
7%
25
31%
80
100%
Q.3) Falta de formação
destes empreendedores /
empresários
29
36%
31
39%
12
15%
72
90%
7
9%
1
1%
8
10%
80
100%
Q.4) Falta de capacidade
de aceitação e análise da
informação disponível
9
11%
34
43%
25
31%
68
85%
9
11%
3
4%
12
15%
80
100%
Q.5) Falta de adaptação,
em tempo útil, à mudança
social, económica,
tecnológica e de mercados
40
50%
19
24%
12
15%
71
89%
6
7%
3
4%
9
11%
80
100%
Q.6) Falta de planeamento
estratégico e mais
modelos adequados de
gestão a este micro e
pequeno
empreendedorismo
27
34%
29
36%
17
21%
73
91%
5
6%
2
3%
7
9%
80
100%
Tabela 8 / Grupo 5 – Respostas totais do universo de inquiridos (80 inquiridos)
Abaixo dos 50% - NÃO ; Acima dos 50% - SIM ; Igual a 50% - INCONCLUSIVO
Pela análise dos resultados do Grupo 5 expressos na tabela 8, é visível um reconhecimento de
todas as causas (100%), identificadas com as seis questões iniciais pelo universo dos 80
inquiridos, pois a todas foi respondido SIM com intenções favoráveis superiores a 50%.
A Q.1 “Falta de capitais próprios e produtos financeiros e bancários ajustados”, foi a mais sensível
à totalidade do grupo 5 (todos os inquiridos), com 96% de opiniões favoráveis. Quanto ao nível de
43
importância, 56% consideraram nível 1 (Indispensável), 29 % nível 2 (Muito Relevante) e 11%
nível 3 (Relevante). Quanto aos 4% que a consideraram NÃO, deram uma importância nível 4
(Pouco Relevante).
A Q.6, “Falta de planeamento estratégico e mais modelos adequados de gestão”, reuniu 91% de
opiniões favoráveis, como condicionante. Quanto à importância, foi considerada nível 1
(Indispensável) por 34%, nível 2 (Muito Relevante) por 36% e nível 3 (Relevante) por 21% do
grupo de inquiridos. Dos que consideraram NÃO, 3% considerou nível 5 (Nada Relevante).
As causas identificadas com as Q.3 , “Falta de formação destes empreendedores” e Q.5, “Falta de
adaptação em tempo útil à mudança”, também foram consideradas limitativas por 90% e 89%,
respetivamente, pelo grupo de inquiridos.
A Q.2, “Falta de dimensão dos mercados”, foi a causa com maior dispersão nos resultados e que
menos consenso reuniu quanto à sua importância para as empresas, apenas havendo sido
considerada por 69% do total de inquiridos. De destacar que apesar de 31% ter considerado NÃO,
somente 7% a considerou quanto à sua importância Nada Relevante (nível 5).
A Q.4, “Falta de capacidade de aceitação e análise da informação”, reuniu 85% das intenções
favoráveis enquanto limitativa nas empresas, tendo experimentado também alguma dispersão nos
resultados. No grupo total existem 11% que a consideram Indispensável (nível 1) e 11% que a
consideram Pouco Relevante (nível 4). Ainda existem 43% que a consideram Muito Relevante
(nível 2) e 4% que a consideram Nada Relevante (nível 5).
Esta mesma causa (Q.4), apesar de determinante em qualquer organização que se pretenda
competitiva e viável, encerra em si alguma discórdia constatável pela dispersão de resultados.
Essa discórdia poderá estar ligada ao baixo nível de formação dos empreendedores, como ao
nicho de mercado ou ainda a aspetos sociais e culturais. O resultado final é quase sempre o
mesmo: a negação da realidade envolvente, conduzindo a empresa ao ostracismo.
A dispersão de resultados da Q.4, “Falta de capacidade de aceitação e análise da informação
disponível”, juntamente à pouca necessidade de maiores e novos mercados (Q.2) sentida na
totalidade da amostra, poderá indiciar uma postura conducente ao isolacionismo progressivo do
micro e pequeno empreendedorismo português, num mercado cada vez mais globalizado.
A pouco sustentabilidade observável neste mesmo empreendedorismo, e consequentemente a
pouca durabilidade, está ligada a uma conjetura política, económica e social desfavorável, assim
44
como a causas diretamente relacionáveis às questões Q.4 e Q.2, que historicamente persistem
neste mundo empresarial.
Em contraposição, este universo parece paulatinamente estar mais atento à realidade atual,
situação observável pelos resultados da questão Q.5, “Falta de adaptação em tempo útil à
mudança”, pois 89% dos respondentes reconhecem-na como bastante limitativa na vida das
empresas, sendo que a sua observância é considerada mesmo Indispensável (nível 1) por 50%
dos inquiridos; dos que responderam NÃO, apenas 4% a consideraram Nada Relevante ( nível 5) .
Gráfico 7 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais
O gráfico 7 congrega os resultados das seis (6) questões iniciais do Grupo 5, total de inquiridos.
Aleatoriamente, o grupo considerou 100% de causas de origem interna e externa às empresas
identificadas com as seis (6) questões iniciais, como as grandes responsáveis pelo seu insucesso
prematuro.
A Q.1 destaca-se como a mais importante, sendo que a Q.2 se destaca como a menos
considerada nas opiniões enquanto fatores críticos na vida das empresas. As restantes causas
identificadas com as questões Q.3, Q.4, Q.5, Q.6, segundo opinião do grupo, contribuem de forma
muito idêntica para o insucesso empresarial. Pela análise total dos dados, verifica-se ainda que a
opinião do grupo valoriza muito, e de forma homogénea, o conjunto das causas referenciadas.
45
Q. 1 Q. 2 Q. 3 Q. 4 Q. 5 Q. 6
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
120,00%
96,00%
69,00%
90,00%
85,00%
89,00% 91,00%
Questões de 1 a 6
PercentagemdeSIM
Contudo, existem surpresas: o grupo não sentir grande necessidade de novos mercados, mas
sentir muito a falta de planeamento estratégico e modelos de gestão adequados, juntamente com
formação para si e para os quadros, constitui uma revelação indiciadora de novas posturas e
anseios no grupo de inquiridos.
Pode ser um sinal de mudança para o universo dos pequenos empreendedores, bem como o
resultado da causa identificada na Q.5 (Falta de adaptação em tempo útil à mudança) com 89%
das intenções. Aspetos relacionados com a agilidade e flexibilidade, tanto de pensamento como
nos mais simples atos de gestão, serão melhor assegurados se consideradas críticas as causas
anteriores.
No entanto, enquanto a falta de capitais (Q.1) assumir a liderança das necessidades nestas
empresas e ser apontada como a grande responsável pelo insucesso prematuro, dificilmente
haverá lugar a um cenário diferente.
Questões Opcionais
/ Nível de
Importância
1
Indispensável
2
Muito
Relevante
3
Relevante
%
SIM
4
Pouco
Relevante
5
Nada
Relevante
%
NÃO
SOMA DE
CONTROLO
Q.O.1) Falta de vontade
de trabalhar
2
3%
0
0%
0
0%
2
3%
0
0%
0
0%
0
0%
2
3%
Q.O.2) Preço
combustíveis / portagens
3
4%
0
0%
0
0%
3
4%
0
0%
0
0%
0
0%
3
4%
Q.O.3) Impostos
elevados
14
18%
1
1%
0
15
19%
0
0%
0
0%
0
0%
15
19%
Q.O.4) Falta de meios
técnicos
1
1%
0
0%
0
0%
1
1%
0
0%
0
0%
0
0%
1
1%
Q.O.5) Falta de apoios
do Estado / Políticas
adequadas
3
4%
0
0%
0
0%
3
4%
0
0%
0
0%
0
0%
3
4%
Q.O.6) Falta de inovação
e desenvolvimento
2
3%
1
1%
1
1%
4
5%
0
0%
0
0%
0
0%
4
5%
Q.O.7) Falta delegação
de competências
0
0%
1
1%
0
0%
1
1%
0
0%
0
0%
0
0%
1
1% 29
Tabela 8.1 / Grupo 5 – Respostas totais do universo de inquiridos (80 inquiridos e 29 respondentes)
46
Relativamente às questões opcionais, foram identificadas sete (7) novas causas pelo total de
inquiridos, de acordo com a tabela 8.1.
Os “Impostos elevados” (Q.O.3) foi a mais referenciada, sendo considerada por 19% dos
respondentes. Quanto ao nível de importância, 18% consideraram-na Indispensável (nível 1), ou
seja, aqueles que a referenciaram, consideram-na na atualidade um dos fatores mais limitativos
na durabilidade deste empreendedorismo.
Se cumulativamente considerarmos a Q.O.2, “Preço dos combustíveis e portagens” e produtos
cujo custo final têm uma forte componente fiscal, então estas duas causas identificadas com o
excesso de impostos têm um peso conjunto de 23% na opinião da amostra. Considerado só o
peso percentual dentro dos 29 respondentes que indicaram uma causa opcional (Tabela 8.1), o
excesso de impostos / preço dos combustíveis, foi indicado por 22 indivíduos representando 76%
das intenções.
Todas as restantes causas opcionais, “Falta de vontade de trabalhar” (Q.O.1) com 3%, “Falta de
meios técnicos” (Q.O.4) com 1%, “Falta de apoios do estado / políticas adequadas” (Q.O.5) com
4%, “Falta de inovação e desenvolvimento” (Q.O.6) e a “Falta de delegação de competências”
(Q.O.7) com 1%, ficaram num patamar muito idêntico enquanto condicionantes nas micro e
pequenas empresas.
Sempre que uma destas causas foi referida, foi considerada Indispensável (nível 1) ou Muito
Relevante (nível 2) com exceção da Q.O.6, que 1% das intenções a considerou nível 3
(Relevante).
O conjunto destas causas, por si só, não representa muito em termos percentuais da amostra. No
entanto, contém informação que globalmente tem um significado mais vasto:
A falta de capitais (Q.1) foi a causa com maior impacto na amostra, indiciando uma forte
necessidade latente. Logo, não existindo capitais próprios ou acesso a alheios, dificilmente
existem meios técnicos (Q.O.4), e também dificilmente existem condições para inovar e
desenvolver (Q.O.6); consequentemente, não existem condições para fazer contratações de
quadros visando a formação duma equipa que permita delegar competências(Q.O.7).
A Q.O.5 “Falta de apoios do estado”, causa identificada em opcional com 4% das intenções e
aparentemente sem qualquer ligação às restantes, eventualmente não o será. A existência ou não
47
de apoios estatais depende de atividades viáveis e duráveis, e ainda com algum nível de capitais
próprios; logo, esta causa está ligada à Q.1.
Cumulativamente,n existem atividades que só são passiveis de ser exercidas se forem
subsidiadas, pois doutra forma não são viáveis; no entanto, a sociedade carece delas. Neste
cenário, a observância da causa Q.O.5 é fundamental para a viabilidade de negócios em alguns
setores de atividade, nomeadamente agricultura, pescas e atividades com fortes componentes
sociais.
A Q.O.1, “Falta de vontade de trabalhar”, curiosamente uma causa opcional indicada por todos os
grupos, à exceção dos alunos, indicia um problema social e muito ligado às origens deste
empreendedorismo.
Sempre que as relações familiares estão presente no seio das organizações, podem ter efeitos
negativos, entre quais, o mau desempenho profissional de trabalhadores e o incumprimento
reiterado. Muitos deles são familiares próximos, com pouca ou nenhuma preparação para o
exercício de funções à semelhança do que acontece regularmente com o próprio empresário. Tais
posturas, deixam uma imagem de incumprimento e pouco profissionalismo que, a juntar a outras
condicionantes já identificadas, concorrem para o insucesso prematuro destes pequenos
negócios.
Gráfico 7.1 – Percentagem de aceitação da totalidade das 7 questões opcionais
48
Q. opcional 1 Q. opcional 2 Q. opcional 3 Q. opcional 4 Q. opcional 5 Q. opcional 6 Q. opcional 7
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
16,00%
18,00%
20,00%
3,00%
4,00%
19,00%
1,00%
4,00%
5,00%
1,00%
Questões opcionais
PercentagemdeSIM
O gráfico da figura 7.1 congrega os dados das sete (7) questões opcionais do grupo total de
inquiridos.
De destacar que, da totalidade do universo de 80 inquiridos, 29 indicaram novas causas em
opcionais também consideradas limitativas à durabilidade deste empreendedorismo. Umas são de
origem interna e outras de origem externa, correspondendo a 36% da amostra total.
É mais uma vez visível pelo Gráfico 7.1 que a causa externa Q.O.3, “Excesso de impostos” é,
segundo a opinião das respondentes, a mais condicionante nas empresas, e provavelmente
aquela que no presente muito limita a sua durabilidade e sustentabilidade.
Se à Q.O.3 juntarmos o “Preço dos combustíveis e portagens” (Q.O.2), a “Falta de meios para
inovação e desenvolvimento” (Q.O.6) e a “Inexistência de apoios do estado” (Q.O.5) para a
generalidade dos setores privados em Portugal a outras causas já indicadas em opcionais, a par
da Q.1, “Falta de capitais próprios e alheios”, percebe-se o cenário adverso e instável em que
estes empreendedores e empreendedorismo têm existido.
Quanto ao resultado final, é amplamente conhecido: a falta de sustentabilidade e
consequentemente, a pouca durabilidade das micro e pequenas empresas em Portugal.
49
Capítulo 5 - Conclusões
A proposta deste artigo científico foi identificar as condicionantes mais prováveis responsáveis
pela pouca durabilidade do micro e pequeno empreendedorismo em Portugal. Simultaneamente,
pretendia entender a perceção deste universo empresarial para a dimensão do problema, bem
como para um conjunto de causas identificadas e os respetivos efeitos nas organizações.
Constituía objetivo acessório sensibilizar os destinatários e demais setores da sociedade para a
existência precária destes empresários e modelos de negócio, bem como da necessidade de
desenvolvimento e incremento de metodologia de gestão adequada conducente à sua
sustentabilidade num panorama de grande importância económica e social nacional.
De acordo com a revisão da literatura, as grandes causas gerais limitativas do micro e pequeno
empreendedorismo estão relacionadas às suas origens, aos empreendedores e familiares, à
gestão e planeamento inadequados e a fatores externos relacionados com o contexto político e
social em que sobrevivem. Em simultâneo, asseguram empregos a muitos excluídos do mercado
de trabalho, representando mais de 60% da sua totalidade no setor privado.
Neste cenário hostil, coexiste um estado sedento de receita fiscal e de crescimento económico,
totalmente dependente das micro e pequenas iniciativas privadas, mas cuja grande maioria não é
rentável. Constituem aproximadamente 99% do tecido empresarial não financeiro, garantindo a
maioria do novo investimento privado em Portugal por via do surgimento de novos negócios.
É um contexto adverso em que os pequenos negócios não duram, não sustentam por muito tempo
os postos de trabalho criados, nem os empreendedores que eventualmente tenham investido
algumas poupanças ou se endividaram (mal), nem a economia nacional que deles depende na
íntegra. O próprio conceito de iniciativa/empresa privada fica comprometido quando os escassos
meios investidos não geram lucro.
Objetivando inverter a situação, urge encontrar nossas posturas e métodos exequíveis, visando
todos os agentes envolvidos, não esquecendo os próprios empreendedores e estado. É ainda
prioridade estabelecer um balanço entre os benefícios nacionais advindos do sucesso dos
pequenos negócios e as consequências diretas do seu insucesso e respetivas causas.
O aumento exponencial do numero de insolvências é um exemplo (mau) entre tantos outros, cujos
reflexos no imediato foram a perda de dinâmica da económica, além dos elevadíssimos custos
50
sociais e judiciais associados.
Muitas das causas internas identificadas como condicionantes às pequenas iniciativas, estão
relacionadas à sua génese e ao empreendedor, sendo sua a responsabilidade. Por sua vez, as
externas vão alterando no tempo e acarretam a responsabilidade de todos os envolvidos. Na
melhoria da sua gestão, importa a capacitação de adaptação à mudança e implicitamente o
incremento de flexibilidade e agilidade política, social e organizacional.
Nesta perspetiva, e ao longo dos anos mais recentes, diversos autores têm-se debruçado sobre a
problemática, tanto na tentativa de redefinir o conceito e a sua envolvente familiar, como na
tentativa de encontrar nas várias economias mundiais os grandes causadores que historicamente
contribuem para a pouca durabilidade destas empresas.
Constata-se uma permanente evolução do conceito, nomeadamente nas suas ligações familiares,
situação que não acontece com as causas, pois o grosso das mesmas é transversal aos países
onde o modelo forma a base do setor privado. No entanto, permanecem teimosamente
inalteradas, afetando negativamente o desempenho das pequenas iniciativas e das sociedades.
Relativamente à realidade nacional, as semelhanças são quase hipnóticas com as principais
congéneres mundiais.
A pesquisa efetuada substancializada na análise empírica, permitiu confirmar isso mesmo,
nomeadamente chegar a um conjunto de conclusões iniciais sobre as quatro (4) hipóteses
formuladas.
É visível que a grande maioria dos inquiridos ( 86.67%) considera as causas relacionadas às seis
(6) questões iniciais, fortemente condicionantes no desempenho e durabilidade dos pequenos
negócios nacionais e revêm-se em todas elas.
I. Hipótese 1) Como tal, a H.1. Os empresários não reconhecem as causas nas sua
estruturas empresariais, não se confirma, sendo as respostas às quatro (4) questões , Q.3, Q.4,
Q.5, Q.6 essenciais para essa conclusão e expressam isso mesmo.
Da totalidade da amostra, 88,75% reconhece as causas internas identificadas nas quatro (4)
questões específicas, tendo-as considerado fortemente limitativas e condicionantes, logo
responsáveis pelo insucesso prematuro.
51
Também se confirma que em nenhum dos sub-grupos constituintes da amostra total, se tenha
verificado a H.1, pois em todos houve um reconhecimento (SIM) em mais de 50%, nas mesmas
questões:
Os alunos reconheceram-nas em 100%;
Os docentes reconheceram-nas em 90%;
Os profissionais do setor reconheceram-nas em 92,5%;
Os micro e pequenos empresários reconheceram-nas em 85,25%.
II. Hipótese 2) Relativamente à H.2. Os empresários reconhecem as causas mas não as
consideram críticas, é confirmada só em parte pelos resultados.
Na realidade, 88,75% do universo de inquiridos reconheceu as causas identificadas com as quatro
(4) questões, Q.3, Q.4, Q.5, Q.6, cujas respostas são determinantes para esta conclusão e,
simultaneamente, consideram-nas críticas na atividade empresarial.
Considerados apenas os primeiros dois (2) níveis de importância, Indispensável (1) e Muito
Relevante (2), todas as quatro questões foram consideradas em mais de 50%:
Q.3. Considerada crítica por 75% do total da amostra;
Q.4. Considerada crítica por 54% do total da amostra;
Q.5. Considerada crítica por 75% do total da amostra;
Q.6. Considerada crítica por 70% do total da amostra.
A Q.5. foi inclusivamente considerada em 50% só no nível 1 (Indispensável), pelo que numa
análise mais detalhada dos resultados, se confirmam as conclusões relativamente à H.1. Na
realidade, os respondentes, além de reconhecerem amplamente as causas como limitativas no
sucesso empresarial, consideram-nas críticas e fortemente limitativas na vida e durabilidade das
micro e pequenas empresas.
III. Hipótese 3) A H.3. Os empresários reconhecem as causas como críticas, mas a sua
correção julgam depender de terceiros, é confirmada na íntegra.
Pelos resultados observados às quatro (4) questões Q.3, Q.4, Q.5, Q.6 essenciais na H.3., do
grupo total de inquiridos, e já analisados para as conclusões relativamente à H.1 e H.2, os
empresários reconhecem na íntegra estas quatro (4) causas referenciadas nas respetivas
questões, como críticas e limitativas no sucesso e durabilidade das empresas.
52
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As micro e pequenas empresas em Portugal têm um tempo médio de vida muito curto - As causas

  • 1. ARTIGO CIENTÍFICO As micro e pequenas empresas em Portugal têm um tempo médio de vida muito curto As causas MESTRADO EM GESTÃO E NEGÓCIOS ANO LETIVO 2015/2016 Docente: Prof. Dr. João Paulo Peixoto Aluno: Paulo Niza IESF – Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais
  • 2. Índice Resumo 4 Abstract 6 Capítulo 1 – Introdução 7 Capítulo 2 – Revisão Teórica 10 Capítulo 3- Análise Empírica 22 3.1.Definição do Problema 22 3.2. Dados 23 3.3. Metodologia 23 3.4. Hipóteses 25 3.5. Modelo de Tratamento de Dados 27 Capítulo 4 - Resultados 28 4.1.Caracterização da Amostra 28 4.2. Análise de Resultados 29 4.2.1. Grupo 1- Alunos 30 4.2.2. Grupo 2 – Docentes 33 4.2.3. Grupo 3 - Profissionais do Setor 36 4.2.4. Grupo 4 – Micro e Pequenos Empresários 39 4.2.5. Grupo 5 – Todos os Inquiridos 43 Capítulo 5 - Conclusões 50 Capitulo 6 – Limitações e Investigação Futura 63 Capitulo 7 – Implicação na Gestão Empresarial 65 Agradecimentos 67 Referências 68 Anexos 73 Apêndice 1- Resumo Executivo 74 Apêndice 2- Revisão da Literatura 77 1. Origem das Micro e Pequenas Empresas 78 2. Empresas Familiares 81 2.1. Características e Limitações 82 2.2. Empreendedor e Empreendedorismo 84 2
  • 3. Índice de Figuras Figura 1 – Normativos SNC Índice de Tabelas Tabela 1 – Pequenas e médias empresas (INE)– Sistema de Contas Integradas das Empresas Tabela 2 - Taxa de perda/abandono entre os anos 2008 e 2013 Tabela 3 – Nascimentos e sobrevivências de empresas por número de anos (2008-2012) Tabela 4 / Grupo 1 – Respostas dos inquéritos aos alunos (5 inquiridos) Tabela 4.1 / Grupo 1 – Respostas dos inquéritos aos alunos (5 inquiridos) Tabela 5 / Grupo 2 – Respostas dos inquéritos aos docentes (15 inquiridos) Tabela 5.1 / Grupo 2 – Respostas dos inquéritos aos docentes (15 inquiridos) Tabela 6 / Grupo 3 – Respostas dos inquéritos aos profissionais (20 inquiridos) Tabela 6.1 / Grupo 3 – Respostas dos inquéritos aos profissionais (20 inquiridos) Tabela 7 / Grupo 4 – Respostas aos inquéritos dos micro e pequenos empresários (40 inquiridos) Tabela 7.1 / Grupo 4 – Respostas aos inquéritos dos micro e pequenos empresários (40 inquiridos) Tabela 8 / Grupo 5 – Respostas totais do universo de inquiridos (80 inquiridos) Tabela 8.1 / Grupo 5 – Respostas totais do universo de inquiridos (80 inquiridos e 29 respondentes) Tabela 9 – Limites das Pequenas Empresas ( Decreto-Lei nº158/2009 de Julho de 2009) Tabela 10 – Limites das Micro Empresas ( Lei nº35/2010 de 2 de Setembro) Tabela 11- Enquadramento legal de entidades (Dec.Lei nº98/2015 de 2 de junho) Índice de Gráficos Gráfico 1 - Distribuição da amostra por atividade profissional Gráfico 2- Distribuição da amostra quanto ao sexo Gráfico 3 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + opcional Gráfico 4 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + opcional Gráfico 5 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + 3 opcionais Gráfico 6 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + 5 opcionais Gráfico 7 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais Gráfico 7.1 – Percentagem de aceitação da totalidade das 7 questões opcionais 3
  • 4. Resumo Apesar de certa inexpressividade quando analisadas individualmente, as Micro e Pequenas Empresas mostraram ser uma força económica considerável ao se ponderarem dados macro- económicos dum pais ou região. Destacaram-se pela participação no produto interno bruto (PIB), na parcela de empregos gerados e na receita fiscal (Tributos) gerada. Estas empresas são maioritárias no sector privado das grandes economias mundiais e União Europeia (U.E.), incluindo Portugal. O seu impacto tem-se estendido muito para lá do campo económico, pois ao se basearem muito em estruturas familiares, constituíram frequentemente o único garante de rendimento a populações e famílias em zonas periféricas de baixos recursos e desempregados, destacando a componente social. Em contrapartida aos grandes benefícios que têm vindo a oferecer às populações onde geraram riqueza, estes negócios continuam a embater em múltiplas dificuldades que historicamente têm sido determinantes para a sua pouca durabilidade e fim abrupto. A partir da observação destes e outros factos e identificado o problema, analisaram-se neste Artigo Científico as características fundamentais e a importância sócio-económica deste empreendedorismo, estabelecendo paralelismos sempre que se justificou e identificando-se as causas para a sua pouca durabilidade. A metodologia de pesquisa deste trabalho baseou-se em dados resultantes de 40 inquéritos a micro e pequenos empresários e mais 40 inquéritos presenciais pelo método de amostragem casual a contabilistas certificados, advogados, bancários, docentes, administrativos e ainda por questionário na Internet. A pesquisa confirmou a pertinência e necessidade deste e outros artigos sobre tão apaixonante tema, não só pelo interesse imediato demonstrado na matéria pelos inquiridos e pela dificuldade encontrada na recolha de dados (nacionais), bem como pelas fragilidades e singularidades associadas. Pretendeu este trabalho não esgotar o tema, mas sensibilizar empresários, empreendedores, académicos, políticos e público em geral sobre a problemática e a necessidade da procura 4
  • 5. urgente de soluções conducentes ao desenvolvimento de metodologia estratégica e gestão adequadas ao fortalecimento do Micro e Pequeno Empreendedorismo nacional, conducente a uma maior durabilidade. Palavras chave : Micro; Pequenas; Empresas; Gestão; Planeamento Estratégico; Operacional; Diferencial Competitivo 5
  • 6. Abstract In spite of the blankness when analysed individually, small and medium-sized enterprises show that they can be an economic force, when considering the Macroeconomic data of a country or region. They stood out for the participation in the gross domestic product (GNP), in the employment generated, and the tax revenue created. These companies are mainly on the primary sector of the big worldwide economies and European Union, Portugal included. Its impact has extended far beyond the economic field, as being based on very familiar structures they were often the only guarantees of income for people and families in peripheral areas of low- income and high unemployment rates, highlighting the social component. In contrast to the great benefits that they have been offering to the population where they generated wealth, these businesses continue to have multiple difficulties that have historically been crucial for its poor durability to abrupt end. From the observation of these and others facts and identified the problem, this scientific article intends to analyse the fundamental characteristics and the social-economic importance of this kind of entrepreneurship, drawing parallels whenever justified and identifying the causes for its poor durability. The research methodology of this study was based on data derived from 40 surveys to small and medium-sized enterprises and 40 in-person surveys by random sampling method to certified accountants, lawyers, bankers, teachers, administrative and on questionnaires on the Internet The subject has not been exhausted with this work but it aimed to sensitize businessmen, entrepreneurs, academics, politicians and the general public about the problem and the urgent demand for solutions leading to the development of strategic methodology and appropriate management to strengthen the small and medium-sized Entrepreneurship leading to an enhanced durability. Key Words: Micro; Small; Companies; Management; Strategic, Operational Planning; Competitive Edge. 6
  • 7. Capítulo 1 – Introdução As definições de Micro e Pequena Empresa e Empresa Familiar têm oscilado ao longo do tempo, de acordo com as variantes económicas, sociais e políticas e simultaneamente ao maior ou menor interesse na incrementação do modelo. Pelo papel que vão representar na sustentabilidade e crescimento das economias, os pequenos negócios estão cada vez mais ligados ao seu desempenho futuro e às populações que continuarão a servir. Com a redefinição do conceito em Portugal no biénio 2009/2010, em conformidade com o normativo da União Europeia, passaram a estar definidos parâmetros económicos e financeiros para o seu enquadramento técnico. Relativamente à sua componente familiar, vários têm sido os autores a abordar o tema, sendo que cada um acredita numa característica específica para as diferenciar das demais. Sempre que se perdem iniciativas destas porque não duraram no tempo, as economias perdem postos de trabalho. Consequentemente, perdem força por via da diminuição de receitas fiscais, dinâmica e novo investimento e, no final, um povo e um país perdeu riqueza. Em suma, um todo perde numa época em que perder é proibido. O estado progressivamente deixa de ter condições para sustentar desempregados e criar, em tempo útil, empregos para aqueles que o perderam, sobrando então o espírito empreendedor de cada cidadão. Neste contexto, o incremento do Micro e Pequeno Empreendedorismo assumirá um papel de destaque nas famílias, sociedades e economias do futuro, à semelhança do que já acontece na zona Euro, Estados Unidos e mais recentemente Brasil. Este artigo cientifico resultará do trabalho de pesquisa sobre as fragilidades e fraquezas do micro e pequeno empreendedorismo nas várias vertentes, tidas como causas principais pela sua pouca durabilidade. Considera ainda a forte ligação e dependência que pequenas economias e sociedades como a portuguesa têm destes modelos de negócios. Para tal, contribuirão legislação inerente, estudos de alguns autores, rácios, estatísticas e inquéritos a empresários, profissionais do setor, docentes e alunos. 7
  • 8. No capítulo 2 será explanada a revisão teórica sobre a problemática das micro e pequenas empresas em geral, com ênfase no conceito, relações do empresário versus empresa, características limitativas, rácios e estatísticas relativos à sua importância económica, social e ainda relativamente à sua pouca durabilidade e número de insolvências, com destaque em Portugal. Serão ainda apresentados diversos estudos recentes relativos ao problema. Na análise empírica, capítulo 3, será definida a questão base e questões acessórias de pesquisa e formulação de hipóteses a provar posteriormente. Inicialmente será definido o problema com a questão principal, seguido da forma de recolha dados estatísticos bem como a metodologia e modelo seguido no seu tratamento. Ainda serão apresentadas as hipóteses e as respetivas questões cujas respostas serão determinantes na análise de cada hipótese previamente formulada. Os resultados serão apresentados no capítulo 4, inicialmente com a caracterização da amostra. Na apresentação e análise de resultados, os mesmos serão divididos em cinco (5) grupos, em que os primeiros quatro (4) grupos dizem respeito a sub-grupos parcelares da amostra, sendo o quinto grupo a congregação dos quatro anteriores. Os resultados individuais de cada um dos quatro (4) sub-grupos encontrar-se-ão apresentados em tabelas e gráficos de barras, com a leitura direta dos resultados e pontualmente com algum nível de comentários. Nestes sub-grupos serão ainda apresentados os resultados às questões opcionais em tabelas separadas, caso existam, bem como a leitura dos resultados. A junção dos resultados totais da amostra estará presente no grupo 5, também em tabelas e em gráficos de barras. Objetivando uma melhor análise para posteriores conclusões, os resultados às seis (6) questões iniciais estão apresentados em tabelas e gráficos separados dos resultados às questões opcionais, pelo que na análise do grupo 5 existem duas tabelas e dois gráficos de barras, com as respetivas leituras e alguns comentários tidos como convenientes. No capítulo 5 serão apresentas as conclusões da pesquisa, nomeadamente ao problema principal e às respetivas hipóteses formuladas, bem como uma análise conclusiva da investigação, objetivando no futuro novas abordagens ao tema em estudo, que permitam a estes universo empresarial mais sustentabilidade e durabilidade. Neste capítulo ainda será apresentada uma relação das grandes causas identificadas como críticas, sequenciadas pelo nível de importância 8
  • 9. atribuída, bem como um breve parecer técnico relativamente ao impacto dessas mesmas causas na organização. Das conclusões presentes neste capítulo, deverá resultar a necessidade de redefinição de metodologias de gestão e modelos adequados bem como a sensibilização de todos os agentes envolvidos para a existência precária dos pequenos negócios e empreendedores. Ainda será esperado que, identificadas as causas do insucesso passado, rapidamente se melhorem práticas futuras. As limitações para futuras investigações serão apontadas no capítulo 6, quer as sentidas na realização deste artigo científico, quer a necessidade de realização de outras futuramente, eventualmente com outra abrangência, especificidade e outros dados. O capítulo 7 irá referenciar os benefícios que poderá ter este universo empresarial e toda uma sociedade que dele depende, referenciando que uma melhoria nas práticas de gestão e planeamento estratégico, permitirão otimizar recursos conducentes a um aumento na durabilidade das micro e pequenas empresas em Portugal. . 9
  • 10. Capítulo 2 – Revisão Teórica A pouca durabilidade do micro e pequeno empreendedorismo em Portugal e as causas principais constituem matérias presentes neste artigo científico, merecendo uma investigação exploratória sobre contribuições relevantes de alguns autores, estatísticas e estudos recentes sobre a problemática. Relativamente aos estudos encontrados sobre o tema para outras economias e a realidade nacional, apresentam-se de seguida os mais relevantes e que foram considerados importantes para a revisão teórica. São seguidamente analisados nove (9) estudos, dos quais os quatro (4) primeiros se referem ao Brasil e um dos autores, Luís Carlos Barboza e diretor técnico do Seabre, faz uma referência comparativa aos Estados Unidos e Portugal, sendo os restantes cinco (5) referentes a Portugal. 1) No estudo denominado “Diagnóstico do Clima Organizacional“ da Revista de Administração Pública do Brasil, Souza em 2002, identifica um conjunto de causas determinantes para o insucesso prematuro destas pequenas empresas, relacionadas à sua estrutura organizacional, ausência de atividades de planeamento e gestão e ainda, ligações familiares. O autor evidencia que boa parte das empresas é iniciada sem planeamento e só com a confiança e força de vontade do seu criador. Considera que, se ela crescer, este mesmo idealizador precisará de ajuda e com isso acaba a recrutar dentro da própria família elementos sem preparação. Depois assumem cargos chave para que não estavam preparados para o bom exercício de funções, mas a proximidade familiar é impeditiva para medidas corretivas. Diz ainda que a conjugação desses e outras tantos problemas existentes, contribuem negativamente para as estatísticas destas organizações. Confirma ainda as estatísticas de Bernhoeft (“A empresa familiar: sucessão profissionalizada ou sobrevivência comprometida”) que em 1989 já havia abordado a componente familiar no crescimento das empresas, e Apud Soares (1997) que diz que 70% destes empreendimentos existentes no Mundo, não sobrevivem à morte do seu fundador. Souza (2002), identificando aspetos críticos na génese e cultura organizacional, consegue uma ligação causa/efeito perfeita entre as causas e a pouca durabilidade destes pequenos modelos de negócio: 10
  • 11. *Falta de Planeamento; *Delegação de Competências; *Confiança, Vontade; *Visão do Criador; *Recrutamento Familiar; *Falta de preparação para os Cargos; *Falta de Medidas Corretivas nos Trabalhadores/Família; *Não Continuidade no Tempo; *Total Dependência do Empreendedor; *Falta de Cultura Organizacional. 2) Na Coletânea de Estudos intitulada “Considerações e Causas de Mortalidade de Pequenas Empresas“, Machado e Espinha em 2007 referenciam fragilidades exteriores às organizações, nomeadamente económicas e sociais, também estas responsáveis pela sua pouca durabilidade, tendo por base dados estatísticos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Os autores estudaram a condição, natureza e origem destes pequenos negócios em economias emergentes, com ênfase na brasileira. Concluíram, após análise de dados estatísticos oficiais de nascimento e mortalidade destas empresas, que existe um descompasso entre o seu processo de criação e as taxas de encerramento de atividade das mesmas. Segundo os autores, há uma tendência generalizada de insucesso das micro e pequenas empresas nos primeiros anos de existência. Em resposta ao estudo, consideraram ser necessário avaliar o cenário económico e social que conduz a tais níveis de insucesso, tanto mais que os respetivos estados em momentos de crise ou recessão económica incentivam a criação destes pequenos negócios, nomeadamente como medida de combate ao desemprego, logo a sua responsabilidade não permanece inerte. Estatísticas Oficiais Brasileiras referentes ao período de 2003 a 2005, base do estudo de Machado e Espinha em 2007, mostravam que a taxa de mortalidade destas micro/pequenas empresas nos primeiros dois anos de existência foi de 22%. O mesmo estudo ainda revelou que cerca de 31,5% fecharam durante o terceiro ano e 36% não ultrapassaram o quarto ano de existência (Sebrae 2007). 3) O estudo denominado “Estudo Comparativo das Micro/Pequenas Empresas que sobreviveram 11
  • 12. pelo menos dois anos no Brasil“, do diretor técnico do Sebrae Luís Carlos Barboza para o período de 2002 a 2005, destaca que o rácio de sobrevivência está a melhorar, identificando causas prováveis e suscetíveis de influenciar o desempenho futuro deste empreendedorismo. O estudo que considera dados estatísticos (Sebrae) para a sobrevivências das micro e pequenas empresas brasileiras no período de 2002 a 2005 concluiu que houve uma melhoria de 27%, pois a percentagem passou de 51% em 2002 para 78% em 2005. Apontou como causas desta melhoria a redução da taxa de inflação, a diminuição das taxas de juro, o aumento do crédito e consumo privado, bem como maior e melhor formação dos empreendedores e trabalhadores. Segundo o autor, estatísticas disponíveis para outras economias de anos anteriores (2000 a 2002) mostravam que nos Estados Unidos 74% das micro/pequenas empresas sobreviviam até ao 4º ano, enquanto que em Portugal apenas 72,4% sobreviviam ao 2º ano de existência, considerando que a taxa de sobrevivência das empresas brasileiras apesar de muito baixa até era melhor que a de alguns países da União Europeia, nomeadamente Portugal. Na referência feita aos Estados Unidos, este estudo confirmou que, na maior economia do mundo, o micro e pequeno empreendedorismo está presente numa posição muito reforçada, com uma taxa de sucesso de 74% ao 4º ano de existência, condição refletida positivamente na evolução da sociedade americana. Em contraposição, na economia brasileira os estudos revelam um micro/pequeno empreendedorismo a tentar sobreviver aos primeiros anos de vida, onde 1 em cada 4 empresas nem sequer ultrapassa o 1º ano, com os respetivos reflexos negativos no desenvolvimento económico e social do país. 4) Um último estudo estatístico referente ao Brasil denominado “Mortalidade e Sobrevivências das Micro e Pequenas Empresas Brasileiras“, divulgado em 2011 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), volta a enumerar mais um conjunto de causas responsáveis para o mau desempenho deste empreendedorismo e tempos médios de sobrevivência. Este estudo destaca-se de entre outros pela referência feita à mistura de património pessoal com o empresarial, causa esta muito presente no micro e pequeno empreendedorismo nacional, com os respetivos reflexos negativos analisados mais adiante nesta revisão teórica. 12
  • 13. Após doze (12) anos de monitorização da sobrevivência e mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil, estado de São Paulo, maior e mais representativo da Federação Brasileira, estudos do Sebrae (2011) concluem que, em média, 27% das micro e pequenas empresas fecham durante o 1º ano de atividade. Ainda de acordo com os mesmos estudos, uma em cada quatro destas iniciativas (25%), encerra antes dos dois anos. A má gestão é apontada como a causa principal generalizada e o Sebrae destaca, de entre muitos outros problemas genéricos de gestão e falta de planeamento, a mistura de património pessoal dos donos e familiares e o património da empresa afeto à atividade, a falta dum sistema adequado de contabilidade, falta de capacidade de investir corretamente e ligações familiares. Dados do Sebrae para períodos mais recentes confirmam que as micro/pequenas empresas representam 67% dos empregos disponíveis no Estado de São Paulo (Brasil). No entanto, 71% destas mesmas empresas abertas anualmente, encerra antes dos cinco anos de existência (Silva, R. C. n.d.). Seguidamente analisam-se mais cinco (5) estudos bastante recentes, todos eles sobre a realidade nacional, destacando a evolução do micro e pequeno empreendedorismo ao longo desta última década nas vertentes económica, social e causas prováveis para a sua pouca durabilidade. São também considerados rácios relativos a insolvências, tempo médio de vida e perspetivas futuras dos atuais modelos de negócio. Nas análises seguintes, destacam-se estudos de dados do Instituto Nacional de Estatística, Banco de Portugal, Estatísticas da Justiça (DGPJ) e uma abordagem muito recente à realidade nacional por Albert Jaeger. 5) O presente estudo sobre a realidade nacional, denominado “Sistema de Contas Integradas das Empresas Portuguesas“ é sustentado na Informação Empresarial Simplificada (IES) dos anos 2004 a 2013 com dados do Arquivo do Instituto Nacional de Estatística (INE), em que o seu apuramento segue o regulamento (CE) nº 295/2008 de 11 de Março. Tem como principais objetivos destacar a importância económica e social do micro/pequeno empreendedorismo no panorama nacional, analisando a sua evolução em termos de representatividade empresarial e na criação de emprego, rentabilidade e tempo médio de vida ao longo da última década. 13
  • 14. A tabela 1 apresenta a evolução em número, de micro/pequenas/médias empresas existentes em Portugal no período compreendido entre 2004 e 2013, cuja análise deve contemplar as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº158/2009 de 13 de Julho e seguintes: Tabela 1 – Pequenas e médias empresas (INE)– Sistema de Contas Integradas das Empresas No período de 2004 a 2013, em média, 96% das empresas portuguesas empregavam menos de 10 trabalhadores e, de acordo com a Lei presente (2016), reuniam condições para ser Micro. Destaca-se da análise das Estatísticas Estruturais das Empresas Nacionais que no ano 2008 as micro/pequenas/médias empresas (PME) eram responsáveis por três quartos ( +/- 75%) dos empregos no sector privado. Em 2010, representavam 99,9% do tecido empresarial e 77,6% da oferta de emprego. No biénio 2012/2013 as estatísticas confirmam que 99,9% do tecido empresarial eram PME, em que só as micro garantiam mais de 40% do emprego no sector privado não financeiro em Portugal. Nos anos 2008 a 2013 observa-se um declínio no número das empresas de média dimensão, por abandono de atividade ou do mercado nacional, sendo que outras não ocuparam o lugar, nomeadamente micro ou pequenas que pudessem ter evoluído em estrutura e dimensão. Por sua vez, as oscilações negativas no número de micro empresas não correspondem a um aumento de pequenas/médias nos respetivos anos, concluindo-se que também estas abandonaram prematuramente a atividade. 14
  • 15. Dados Eurostat de 2011 extraídos do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), confirmam a incapacidade de sobrevivência destes micro/pequenos negócios aos primeiros anos, situação também observável na tabela 2 pela taxa de perda/abandono entre os anos 2008 e 2012: Ano Taxa de perda/abandono por ano (micro/pequenas empresas) 2008/2009 Menos aprox. 3% de empresas 2009/2010 Menos aprox. 5% de empresas 2010/2011 Menos aprox. 3% de empresas 2011/2012 Menos aprox. 4% de empresas 2012/2013 Mais aprox. 3% de empresas Tabela 2 - Taxa de perda/abandono entre os anos 2008 e 2013 Em 2013, o número de micro empresas em Portugal cresceu em 3% relativamente ao ano transato, situação justificada como resposta ao agudizar da crise económica e ao crescente número de novos desempregados a partir de 2011, altura em que o país foi alvo de resgate financeiro. Estatísticas e estudos para anos seguintes mostram que estas novas iniciativas, resultantes do aumento de 3% em 2013, tiveram em média rentabilidade negativa e a sua grande maioria não atingiu os dois (2) anos de vida (dados confirmados em estudo seguinte). Ainda dados do INE / Eurostat 2011, reportam uma contração de 1,7% na economia portuguesa, situação que culminou com uma quebra acentuada na procura interna e consumo privado, que se refletiu negativamente no volume de negócios do micro e pequeno empreendedorismo. Tal tendência foi mais acentuada nas empresas individuais, tendo originado destruição de emprego e perda de unidades de negócio em cerca de 3%. O tempo médio de vida das micro/pequenas empresas rondava os dois (2) anos, com tendência a diminuir. A construção civil foi dos sectores mais afetados (Crisóstomo). Do estudo da análise dos dados disponíveis até 2011, conclui-se que a taxa de mortalidade destas iniciativas foi elevada e a proteção da propriedade empresarial escassa, precarizando muito a condição dos detentores e das condições de trabalho dos seus assalariados, acelerando a degradação de um setor já empobrecido que perdeu os poucos meios de que dispunha, nomeadamente financeiros e património pessoal. Neste empreendedorismo os recursos são escassos e quando perdidos não voltam a existir; o 15
  • 16. acesso a alheios não passa duma miragem. Drucker refletiu sobre o assunto, quando chamou a atenção para a importância da independência do empresário versus empresa. O Sebrae (2011) identificou este mesmo problema no micro e pequeno empreendedorismo brasileiro, mistura do património pessoal com o empresarial, concluindo que sempre que as condições de negócio se degradam nestes pequenos negócios devido às ligações familiares, todo o património pessoal e familiar fica em risco. Silva em 2014, quando analisou dados do INE de 2010 das empresas nacionais relativos à sua rentabilidade, já havia identificado uma notória tendência para o desempenho negativo das micro empresas comparativamente a 2008, observável pela diminuição do número médio de trabalhadores e volume de negócios, elementos confirmados pelo INE / Eurostat de 2011 e INE 2012 (detalhado no estudo seguinte). Consequentemente, a economia nacional dependente quase na íntegra destas micro e pequenas empresas, tanto em termos de receita fiscal como na criação líquida de postos de trabalho, contrai-se entrando em recessão, cujo desfecho foi mais um resgate financeiro. 6) O estudo é denominado “Empresas de Portugal 2012”, do Instituto Nacional de Estatística (INE) edição de 2014, e os dados considerados provêm do Sistema de Contas Integradas das Empresas, com particular destaque para a Informação Empresarial Simplificada (IES) de 2012, sendo o apuramento dos mesmos feito com base no Regulamento (CE) Nº 295/2008 de 11 de Março. A sua importância reside no facto de, isoladamente, analisar de forma simples e elucidativa, o conjunto de dados estatísticos do INE em 2012 relativos ao desempenho do micro/pequeno empreendedorismo no panorama económico nacional. Objetiva simultaneamente para, de uma perspetiva diferente, melhor sustentar e dar continuidade a estudos anteriores (até 2011) fazendo a ponte para os seguintes. Os principais indicadores macro económicos demonstram um decréscimo da atividade económica entre 2008 e 2012, tendência seguida no setor empresarial português, nomeadamente o micro e pequeno. O ano 2012 ficou marcado por mais uma contração da atividade económica, sendo que 51,1 % das sociedades comerciais apresentaram resultados líquidos negativos, à semelhança da quase totalidade das empresas individuais. Confirma-se para este ano que 99,9% das empresas existentes eram pequenas e médias, sendo 16
  • 17. 95,9% de dimensão micro, representando este grupo (PME) 68,4 % de empregos disponíveis no setor privado não financeiro. Quanto aos empregos criados com o nascimento de novas empresas, houve também um decréscimo nos últimos cinco anos. Foram criados menos cerca de 23 000 empregos nas novas sociedades e menos cerca de 41 000 nas empresas individuais, comparativamente a 2008. Também a média de trabalhadores/PME baixou de 2,49 em 2008 para 2,09 trabalhadores/PME em 2012, o que reflete uma degradação de postos de trabalho no período. Tabela 3 – Nascimentos e sobrevivências de empresas por número de anos (2008-2012) De acordo com a tabela 3, os nascimentos de empresas seguiram a tendência de decréscimo da maior parte dos indicadores. As sociedades tendem a sobreviver mais do que as empresas individuais, sendo que cerca de 60% das sociedades nascidas em 2008 ainda existiam em 2012, face a apenas cerca de 23% para as empresas em nome individual. Com base em valores estimados para as mortes de 2012, o saldo entre nascimentos e mortes foi novamente negativo. Tomando como referência o ano 2008, cuja parte final se iniciou com a crise financeira internacional até 2012, o setor empresarial português perdeu cerca de 175.000 empresas e 557.000 postos de trabalho, enquanto o volume de negócios das empresas restantes contraiu em mais de 60 mil milhões de euros. Portugal em 3,5 anos perdeu cerca de 14% das empresas existentes e o tempo de vida das restantes, encurtou drasticamente (ver estudo seguinte). 7) O estudo intitulado “Insolvências do Ano 2013” foi levado a cabo pelo Ministério da Justiça, no 17
  • 18. departamento de Estatísticas da Justiça, e é considerado de importância capital para o entendimento do cenário adverso em que as micro/pequenas empresas nacionais têm que existir tal como os seus promotores, pois, além de recente, aborda os rácios de insolvências nos tribunais portugueses de 1ª instância até 2013. Considera também a curta durabilidade das novas iniciativas, bem como causas e consequências do mau desempenho empresarial. O mesmo refere que, entre 2007 e 2011, o número de processos de falência, insolvência e recuperação de empresas entrados nos tribunais de 1ª instância duplicou em Portugal, sendo o aumento no período 2007 a 2013 de 444,4% (DGPJ, 2013). No primeiro semestre de 2013, o número de insolvências decretadas em período homólogo de 2007 foi seis vezes superior. Análise simples, mas conclusiva, acerca do destino das micro/pequenas/médias empresas portuguesas: Insolvência. Os rácios de insucesso incluem as novas unidades de negócio criadas em 2013 (mais 3%) e outras que foram fechando gradualmente partir de 2008, num total de 175 000 (INE 2012). Os dados estatísticos (2013) do Ministério da justiça levam a uma segunda conclusão: existiu o “efeito dominó” no micro e pequeno empreendedorismo nacional, pois um aumento de 3% de novas empresas originou um número de processos de insolvência durante o primeiro semestre de 2013 seis vezes superior em período homólogo de 2007, quando em 2013 já existiam consideravelmente menos empresas em laboração. O grande aumento das insolvências constantes nas estatísticas de 2013 é proporcional ao número de empresas criadas em finais de 2012 e primeiro semestre de 2013, significando que, em média, nem duraram um (1) ano de atividade normal. Evidenciam os dados que negócios criados apressadamente, maioritariamente mal estruturados, com a gestão de empresários pouco preparados e com recursos escassos, arrastaram outros tantos já em dificuldades para um fim abrupto. O facto destas insolvências estarem a acontecer por valores cada vez menores, com especial incidência no intervalo entre 1.000 e 9.999 euros, é um outro forte indício da completa ausência de planeamento e estruturação, nomeadamente financeira. 18
  • 19. É pertinente um olhar mais atento e acurado sobre as condições em que os detentores de micro e pequenas empresas exercem funções em Portugal, pois a precariedade da sua existência é demasiado evidente para continuar a ser ignorada (Silva, 2014). Machado e Espinha (2007) já haviam chamado a atenção, dizendo que existe uma tendência generalizada para o insucesso destas iniciativas nos primeiros anos, sendo importante avaliar o contexto económico e social em que estão inseridas, confirmando que o cenário não é exclusivo da sociedade portuguesa nem um problema recente que, no entanto, persiste. O cenário de pouca duração das micro e pequenas empresas agrava-se tendencialmente em alturas de recessão económica e de elevados índices de desemprego, pelas causas já identificadas e que caracterizam este empreendedorismo, mas também porque, na falta de alternativas de emprego, muitos desempregados são impelidos pelo estado a criar o próprio posto de trabalho, estando os resultados bem presentes neste estudo. Quanto à dimensão destas consequências, só daqui a alguns anos será conhecida, mas no presente é evidente que apenas originou mais insolvências, mais desemprego, menos receita fiscal, menos força na economia nacional; em suma, mais pobreza. 8) O estudo seguinte denominado “Por entre Reflexões e em Forma de Balanço” do ano 2015 é da autoria do austríaco Albert Jaeger, homem do Fundo Monetário Internacional (FMI) que acompanhou Portugal desde o início do programa de apoio e resgate financeiro. É seu objetivo destacar a visão independente de um analista externo (austríaco) que acompanhou e aprofundou os conhecimentos sobre a economia portuguesa durante o período de resgate financeiro (desde 2011). O estudo faz uma ligação perfeita entre os pontos críticos de insucesso do micro e pequeno empreendedorismo e o desempenho negativo da economia nacional, identificando causas e apontando caminhos. O analista e autor deste estudo Albert Jaeger, antes da sua saída em Agosto de 2015, disse que cerca de 20% do emprego ainda existente em Portugal está em empresas de fraca sustentabilidade e com os anos contados. Por outras palavras, quis dizer que cerca de 900 mil pessoas têm o seu emprego em risco nos próximos anos (Lopes, 2015). Estas pessoas trabalham em mais de 100 mil empresas (micro/pequenas) com baixa produtividade e elevado endividamento, cujos agentes de execução e quadros bancários denominam de “folhas secas” depois do inverno da Troika. Diz que, mesmo sem qualquer brisa ligeira, acabam por cair uma a uma; com um vendaval caem às mãos cheias. Representam um 19
  • 20. dano futuro em empregos perdidos e uma perda presente de recursos aplicados em negócios provavelmente inviáveis, ou seja, mais insolvências, mais abandono precoce de atividades empresariais e menos tempo de vida para as novas (efeito dominó por via do crédito incobrável). Mais uma vez é feita uma forte referência à necessidade de tomada de consciência para o problema, colocando o desafio para a política económica futura nacional num plano diferente, pois além dos cerca de 863 mil desempregados oficiais em 2015, poderão existir num futuro próximo mais 900 mil, caso não sejam criadas condições para a consolidação e sobrevivência do micro e pequeno empreendedorismo em Portugal. A dimensão deste desafio está ligado à baixa qualificação dos nossos gestores e trabalhadores, incentivos errados para endividamento mal feito e à gestão negligente da banca comercial (Lopes, 2015). Os estudos anteriores apontavam para uma perda progressiva de empresas e, consequentemente, de empregos na economia nacional desde 2008, associada a uma diminuição do tempo de vida das sobreviventes (restantes) que na sua grande maioria já apresentava rentabilidade líquida negativa; a visão de Jaeger vem validar e dar ênfase aos dados do Instituto Nacional de Estatísticas desde 2008 até 2012 e aos estudos já apresentados. 9) Este último estudo explanado na revisão teórica e sobre a realidade nacional é denominado “Informação Setorial das Sociedades não Financeiras em Portugal” no período 2009 a 2014, sendo proveniente dos dados da Informação Empresarial Simplificada (IES) tratada e disponibilizada pela Central de Balanços do Banco de Portugal. É um estudo considerado importante por ser muito recente, sendo baseado em informação financeira das empresas tratada pelo Banco de Portugal e analisada no contexto do respetivo desempenho da economia nacional para os anos em estudo. Foi tornado público em 2015 , e mostra que em 2013 o Produto Interno Bruto (PIB) tinha voltado a contrair-se em 1,4%, depois da queda acentuada de 3,3% em 2012. Confirma que a maioria das empresas portuguesas é de micro dimensão e não é rentável. De acordo com o mesmo, 89% das empresas nacionais são de dimensão Micro, geram uma rentabilidade líquida negativa de 3% (média) e 29% das sociedades comerciais registavam capitais próprios negativos. Ainda e comparativamente a 2009, o volume de negócios das micro empresas caiu 7% em 2012 e 2% em 2013. Informação disponível para 2014 e compilada pela Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal divulga que, apesar do total de empréstimos às empresas ser de apenas 78% 20
  • 21. relativamente a 2009, o crédito vencido era superior em 10,3%, dado representativo da degradação progressiva da estrutura financeira. Ainda segundo o estudo, o número de empresas durante o período de ajustamento até aumentou (em 2013), com destaque para as micro empresas (Peixoto, 2015), tal como aumentaram exponencialmente os processos de falência, insolvência e de recuperação nos tribunais portugueses em 2013. O resultado deste estudo divulgado em 2015 não trouxe qualquer novidade acerca do desempenho do micro e pequeno empreendedorismo e da economia nacional, situação já confirmada em estudos anteriores, tendo apenas reconhecido um grave problema nacional. Confirmou um tecido empresarial fraco, à beira do colapso, em que as condições empresariais e o tempo médio de vida das empresas tendem a degradar-se. Do estudo conclui-se que, caso se mantenha o atual contexto, muito em breve nada restará deste universo empresarial, que parece condenado no momento do arranque. O tempo médio de vida destas novas empresas é muito curto, entre um (1) e dois (2) anos e raras sobrevivem para lá dos cinco (5). Contudo, continuam teimosamente a ser o motor de uma débil economia nacional, na qual criam a grande maioria dos postos de trabalho no setor privado e geram receita fiscal, apesar das suas rentabilidades tendencialmente negativas. Através do estudo de abordagens teóricas e de elementos estatísticos estrangeiros e nacionais, pretendeu-se confirmar a pouca durabilidade do micro e pequeno empreendedorismo e o conjunto de causas responsáveis. Concluiu-se que algumas têm origens sociais e culturais e estão diretamente ligadas aos empresários, outras têm a ver com o próprio contexto económico e políticas desajustadas levadas a cabo pelo estado. A sustentabilidade futura das micro e pequenas empresas em Portugal constituirá, por si só, um forte catalisador da economia nacional . “Se as partes constituintes dum todo crescerem, esse todo que é constituído pelas partes, também crescerá. “ 21
  • 22. Capítulo 3- Análise Empírica 3.1.Definição do Problema Da revisão da literatura que permitiu considerar os contributos de diversos autores e estatísticas relativamente à pouca durabilidade do Micro e Pequeno Empreendedorismo, sobressaiu a necessidade de tomada de consciência e sensibilização imediatas para a existência tendencialmente precária e muito fragilizada destes modelos de negócio e seus promotores, em contraposição ao seu forte impacto empresarial na economia nacional. Com a revisão teórica recente confirma-se que o tempo médio de vida destas empresas ronda os dois (2) anos e nas novas começa a rondar um (1) ano, tornando-se urgente a identificação e análise das causas responsáveis para tão pouco tempo de vida destas iniciativas em Portugal. Este artigo científico identifica essas causas, incentivando a adoção de novas posturas e metodologias de gestão e outras adequadas a este universo empresarial e seus promotores no atual panorama político, económico e social. A investigação tem como objetivo primário encontrar respostas para a seguinte questão : P. Quais as causas principais para as micro e pequenas empresas em Portugal terem um tempo de vida tão curto? Com esta pesquisa espera-se compreender, no universo do micro e pequeno empreendedorismo, a importância que empresários e profissionais do setor atribuem às causas prováveis do seu insucesso prematuro e consequentemente da sua pouca durabilidade. Caso sejam amplamente reconhecidas e aceites como críticas, uma nova abordagem ao problema ambiciona acrescentar no futuro sustentabilidade e durabilidade a estas empresas e a uma economia nacional que delas depende quase na íntegra, numa época em que a ambas faltam soluções viáveis e duradouras. Simultaneamente, é possível que este universo não confirme o valor estratégico do problema em estudo ou manifeste desinteresse ou desconhecimento total pelas questões em pesquisa, podendo considerá-las irrelevantes ou simplesmente não as reconhecer como críticas nas suas 22
  • 23. estruturas, logo descartáveis em atividades futuras de planeamento e gestão. Existe ainda a possibilidade de serem identificadas novas causas que, segundo a opinião dos inquiridos, também elas possam ser críticas no insucesso empresarial, pelo que serão também referenciadas e analisadas. 3.2. Dados Ambicionando este artigo responder à questão em investigação, importa realizar uma análise profunda sobre o pensamento e postura dos micro e pequenos empreendedores nacionais e dos profissionais/população que com eles interagem regularmente, sobre a perceção das causas responsáveis pelo insucesso prematuro. Este artigo científico privilegia uma análise quantitativa, cujo objetivo é a recolha de informação quantificável passível de ser generalizada ao universo empresarial em estudo, tratando-se assim duma estratégia dedutiva. A análise quantitativa vai ser baseada em 80 questionários, dos quais 40 realizados a micro e pequenos empresários nacionais cujas atividades foram aleatoriamente escolhidas, 20 questionários realizados a profissionais cujas atividades estão diretamente relacionadas a este universo empresarial, 15 questionários a docentes e 5 questionários a alunos, sendo 33 do sexo feminino e 47 sexo masculino. 3.3. Metodologia A população alvo deste estudo são as micro e pequenas empresas nacionais, com especial incidência na zona centro/sul que, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), representam cerca de 99% de todas as empresas do sector privado não financeiro em Portugal. Considerando a representatividade, foi construída uma amostra pelo método de amostragem casual, visto a quase totalidade das empresas estarem no âmbito do estudo. Na tentativa de encontrar respostas para a problemática, foi elaborado um questionário, disponibilizado online e em formato papel. Visando uma maior abrangência da amostra e uma abordagem mais lata ao pensamento no setor, foram considerados 80 inquéritos. 23
  • 24. Foram recolhidos 40 inquéritos referentes a micro e pequenas empresas. Dos outros 40 inquéritos, 20 foram realizados diretamente a profissionais do sector, nomeadamente Contabilistas Certificados, Economistas, Gestores e Gerentes, Advogados, Administrativos e Bancários. Dos restantes 20, 15 foram realizados diretamente a docentes e 5 a alunos, 1 do ensino superior e 4 do ensino secundário profissional. A idade de todos os inquiridos situa-se entre os 19 e os 80 anos, repartida da seguinte forma: 1) Micro e pequenos empresários 30 aos 73 anos; 2) Profissionais do setor 26 aos 56 anos; 3) Docentes no ativo e reformados 32 aos 80 anos; 4) Alunos ensino técnico e superior 19 aos 26 anos. A aceitação dos inquiridos face ao pedido de resposta aos inquéritos, tanto por profissionais do setor, docentes e alunos, como por empresários, foi bastante positiva, tanto mais que o tema despertou desde logo o interesse, deixando em aberto oportunidade para discussões e investigações futuras sobre a temática. No que concerne à estrutura do inquérito, foi privilegiada a simplicidade para que, duma forma rápida e pragmática, o universo de inquiridos pudesse colaborar sem constrangimentos no objetivo do trabalho. O cabeçalho começa com a identificação do Instituto superior, curso, ano e disciplina, o fim a que se destina, bem como a identificação do aluno pelo seu nome profissional e numero de contribuinte. Tem ainda presente e de forma destacada a problemática em estudo. No rodapé do documento estão os dados do inquirido, tais como nome, profissão, idade e entidade empregadora. O corpo único do inquérito é composto por 6 questões de resposta múltipla, mais uma sétima em aberto e opcional, permitindo a cada inquirido identificar outras causas e exprimir a sua opinião relativamente ao assunto. Em cada uma das questões, o inquirido poderia optar por uma resposta, com uma simples cruz, mediante o nível de importância que considerasse na questão, variando entre 1 a 5 de acordo, escolhendo SIM ou NÃO, com o seguinte: 1- Indispensável (SIM); 2- Muito relevante (SIM); 3- Relevante (SIM); 4- Pouco Relevante (NÃO); 5- Nada relevante (NÃO). 24
  • 25. Considerando a problema em estudo e a origem provável das causas, o questionário foi concebido para evidenciar a perceção do universo de inquiridos acerca das mesmas, sendo que as duas primeiras questões relacionam o meio económico/social e a empresa (causas externas) e as restantes quatro, relacionam o empreendedor com a atividade empresarial (causas internas), tendo a sétima questão ficado em aberto: Q.1. Falta de capitais próprios / Produtos financeiros bancários ajustados. Q.2. Falta de dimensão dos mercados. Q.3. Falta de formação destes empreendedores/empresários. Q.4. Falta de capacidade de aceitação e análise da informação disponível. Q.5. Falta de adaptação em tempo útil à mudança social, económica, tecnológica e de mercados. Q.6. Falta de planeamento estratégico e mais modelos adequados de gestão a este micro e pequeno empreendedorismo. Q.7. Outras / Questão em aberto. Relativamente à Q.1.”Falta de capitais próprios/Produtos financeiros bancários ajustados”, é propositadamente considerada uma causa externa, pois até a existência de capitais próprios atualmente depende (quase) na íntegra de fatores externos e em muito alheios à vida de cada empresário. Um investimento é, por norma, feito com uma elevada percentagem de capitais alheios, sendo raríssimas as situações em que os próprios são a maioria ou tomam a dianteira num investimento. Logo, o fator crítico deve ser medido pela capacidade de endividamento e respetiva disponibilidade de capitais alheios no mercado. A metodologia seguida, nomeadamente na escolha do universo de inquiridos, objetivou analisar até que ponto são diferentes as perceções dos micro e pequenos empresários nacionais e dos profissionais que com eles trabalham diariamente na gestão e organização empresarial, dum problema comum. A abordagem ao meio académico pretendeu dar uma visão isenta sobre o mesmo problema, mas que em breve será transversal a todos os setores da sociedade portuguesa. 3.4. Hipóteses Muitos micro e pequenos empresários, fruto da ânsia de começarem o negócio, associada à falta de meios económicos e financeiros, tendem a iniciar a empresa sem qualquer meio de suporte 25
  • 26. relacionado com gestão e planeamento, sendo que eles próprios também pouca ou nenhuma experiência têm no assunto. Para muitos, o empreendedorismo é uma condição muito mais imposta pelas circunstâncias, nomeadamente desemprego e urgência na obtenção de rendimento, do que por vocação natural. Neste cenário, o início de atividade acontece de forma apressada e pouco estruturada ou com recurso a familiares, também estes pouco ou nada vocacionados para o desempenho de funções. Historicamente, estes pequenos negócios, quase na íntegra dependentes do seu criador, vêm clonados os seus defeitos e virtudes. Por regra, os defeitos não são reconhecidos por este como pontos críticos de insucesso da empresa, nem as relações familiares. Numa altura em que existir num ambiente económico e social adverso é ter “conhecimento” e capacidade de gerir atempadamente “informação”, muitos destes empresários também não primam por índices adequados de formação, nem parece reconhecerem a necessidade. Com base na fundamentação teórica e literária já explanada no âmbito deste artigo, é consensual que a maioria das causas relacionadas à sobrevivência do micro e pequeno empreendedorismo está ligada à figura do empreendedor, e outras ao meio. Logo, importa conhecer a perceção deste universo para o facto, pois existe a possibilidade dos principais destinatários não as reconhecerem como críticas ou, reconhecendo, não as conseguirem ultrapassar, ou ainda o próprio contexto em que estas empresas e empresários têm que evoluir, se sobrepor à perceção dos envolvidos e à própria capacidade de implementação de medidas corretivas e de gestão. Como tal, formulam-se quatro (4) hipóteses a comprovar posteriormente: H.1. Os empresários não reconhecem as causas nas suas estruturas empresariais. H.2. Os empresários reconhecem algumas causas, mas não as consideram críticas. H.3. Os empresários reconhecem as causas como críticas, mas a sua correção julgam depender de terceiros. A formulação das H.1, H.2 e H.3 são vitais no entendimento da perceção que estes empresários 26
  • 27. têm de si e do próprio negócio, cumulativamente à sua capacidade de gestão, bem como da informação disponível relacionada à sua atividade. Como tal, consideram muito relevantes as respostas às quatro (4) questões seguintes: Q.3. Falta de formação destes empreendedores/empresários; Q.4. Falta de capacidade de aceitação e análise da informação disponível; Q.5. Falta de adaptação em tempo útil à mudança social, económica, tecnológica e de mercados. Q.6.Falta de planeamento estratégico e mais modelos adequados de gestão a este micro e pequeno empreendedorismo. H.4. Os empresários reconhecem as causas, consideram-nas críticas, mas não têm meios para as corrigir. A formulação da H.4 é fundamental para o entendimento da relação destas empresas e empresários com o meio em que se inserem, visando também determinar até que ponto a falta de recursos, por si só, constitui um fator limitativo na sua sustentabilidade e durabilidade, segundo a perceção dos mesmos. Neste entendimento, são muito relevantes as respostas às duas (2) questões seguintes, bem como à questão deixada em aberto, Q.7. Outras, especificamente para identificação de outras causas percetíveis ao universo de inquiridos : Q.1.Falta de capitais próprios/ produtos financeiros bancários adequados. Q.2.Falta de dimensão dos mercados. 3.5. Modelo de Tratamento de Dados Os dados são apresentados e agrupados em tabelas, uma por cada grupo e uma última com a totalidade dos inquiridos, com as respetivas percentagens de respostas por questão e o nível de importância da mesma. Simultaneamente, são apresentados gráficos de barras por cada tabela, sendo que relativamente ao último grupo existem duas tabelas, uma para as seis (6) questões iniciais e outra para as opcionais, tal como existem dois gráficos, uma para cada uma destas tabelas. Sempre que possível e se justifique são calculados elementos estatísticos, para os dados disponíveis. 27
  • 28. Capítulo 4 - Resultados 4.1.Caracterização da Amostra Todos os empresários e profissionais do setor encontram-se em exercício de atividade, logo são considerados aptos a responderam cabalmente às questões colocadas sobre o micro e pequeno empreendedorismo nacional. Gráfico 1 - Distribuição da amostra por atividade profissional Da totalidade dos inquiridos, 50% são micro e pequenos empresários de acordo com a lei vigente, cujas empresas têm sede em território nacional; 25% são profissionais do setor, nomeadamente contabilistas certificados, advogados, economistas, gestores, gerentes, bancários e administrativos, 19 % são docentes e 6% alunos. De acordo com o gráfico 1, 75% dos inquiridos (empresários + profissionais) estão em exercício pleno de funções, logo depreendem-se muito familiarizados com a problemática em estudo, tendo a sua presença e peso na amostra uma importância muito relevante. Quanto aos restantes 25 % (docentes + alunos) destacam-se na medida em que, não estando diretamente ligados ao setor, constituem um pilar da sociedade portuguesa, podendo todos eles desempenhar no futuro um papel determinante na formação e preparação de novos empresários. 28 Micro e Pequenos Empresários Profissionais do Setor Docentes Alunos 50% 25% 19% 6% PercentagemdeInquiridos (Totaldeinquiridos:80)
  • 29. Gráfico 2- Distribuição da amostra quanto ao sexo No gráfico 2 é expressa a distribuição da totalidade dos inquiridos quanto ao sexo, sendo que 41% são do sexo feminino e os restantes 59% do sexo masculino. É visível um certo nível de equilíbrio na amostra, situação esta representativa da sociedade portuguesa e do universo do presente neste estudo. 4.2. Análise de Resultados Numa primeira análise às respostas obtidas, é notório que todos os inquiridos (100%) se identificam com as seis (6) questões iniciais do questionário, pois maioritariamente responderam SIM. Simultaneamente, constata-se que em todos os quatro (4) grupos foi identificada, pelo menos, mais uma causa considerada crítica na questão opcional, tendo a mesma sido classificada quanto ao nível de importância em 1 (Indispensável) ou 2 (Muito Relevante). O grupo dos empresários foi quem mais causas identificou em opcionais, num total de cinco (5), havendo um misto entre externas e internas que, segundo a opinião dos mesmos, concorrem juntamente com as outras seis (6) para o insucesso prematuro das empresas. 29 0,41 0,59 Sexo dos inquiridos Feminino Mascu- lino
  • 30. Consideram-se de seguida e individualmente os resultados às respostas dos quatro (4) grupos de inquiridos, mais um (1) com a totalidade da amostra, agrupados em tabelas de dados : 1) Grupo 1 – Alunos; 2) Grupo 2 – Docentes; 3) Grupo 3 – Profissionais do Setor; 4) Grupo 4 – Micro e Pequenos Empresários; 5) Grupo 5 – Todos os Inquiridos. 4.2.1. Grupo 1- Alunos Questões / Nível de Importância 1 Indispensável 2 Muito Relevante 3 Relevante % SIM 4 Pouco Relevante 5 Nada Relevante % NÃO SOMA DE CONTROLO Q.1) Falta de capitais próprios / produtos financeiros bancários ajustados 0 0% 4 80% 0 0% 4 80% 1 20% 0 0% 1 20% 5 100% Q.2) Falta de dimensão dos mercados 0 0% 2 40% 2 40% 4 80% 1 20% 0 0% 1 20% 5 100% Q.3) Falta de formação destes empreendedores / empresários 2 40% 3 60% 0 0% 5 100% 0 0% 0 0% 0 0% 5 100% Q.4) Falta de capacidade de aceitação e análise da informação disponível 0 0% 5 100% 0 0% 5 100% 0 0% 0 0% 0 0% 5 100% Q.5) Falta de adaptação, em tempo útil, à mudança social, económica, tecnológica e de mercados 3 60% 2 40% 0 0% 5 100% 0 0% 0 0% 0 0% 5 100% Q.6) Falta de planeamento estratégico e mais modelos adequados de gestão a este micro e pequeno empreendedorismo 2 40% 3 60% 0 0% 5 100% 0 0% 0 0% 0 0% 5 100% Tabela 4 / Grupo 1 – Respostas dos inquéritos aos alunos (5 inquiridos) Abaixo de 50% - NÃO ; Acima de 50% - SIM ; Igual a 50% - INCONCLUSIVO Relativamente ao Grupo 1, na análise às respostas obtidas e disponíveis na tabela 4, observa-se que 100% dos inquiridos responderam SIM às Q.3, Q.4, Q.5 e Q.6. Quanto ao nível de 30
  • 31. importância que lhe atribuíram, 100% consideraram que as causas identificadas nas Q.3, Q.5 e Q.6 são de nível 1 (Indispensável) ou 2 (Muito Relevante) e relativamente à Q.4, 100% responderam que é de nível 2 (Muito relevante). Os dados evidenciam que o grupo valoriza de forma considerável a “Formação dos empreendedores”, a sua capacidade de “Análise e aceitação da informação disponível” e “Adaptação em tempo útil à mudança” e ainda o “Planeamento estratégico” como fatores qualitativos nos negócios. Comparativamente às Q.1 e Q.2, somente 80% das respostas foram SIM. Quanto ao nível de importância das causas identificadas nestas questões, foi 2 (Muito Relevante) e 3 (Relevante); quanto aos que responderam NÃO, 20% atribuíram nível 4 (Pouco Relevante) à sua ponderação, ou seja, consideraram que a “Falta de capitais próprios e produtos financeiros adequados”, bem como a “Falta de dimensão de mercados”, são causas pouco relevantes na durabilidade das empresas. Ainda relativamente a este grupo, observa-se que a causa identificada com a Q.4, “Falta de capacidade de aceitação e análise da informação disponível ”, foi a mais sensível ao grupo e que mais consenso reuniu como condicionante nas empresas, pois 100% respondeu SIM com um nível de importância 2 (Muito Relevante). A causa identificada na Q.5, “Falta de adaptação em tempo útil à mudança social, económica, tecnológica e de mercados”, destacou-se, visto ser a única com 60% de respostas com nível de importância 1 (Indispensável). Por sua vez, a Q.2, “Falta de dimensão dos mercados”, foi a que teve mais dispersão nos resultados e que menos consenso reuniu, ficando a ideia que o grupo estudantil está pouco sensível à importância da existência ou não de mercados. Questão Opcional / Nível de Importância 1 Indispensável 2 Muito Relevante 3 Relevante % SIM 4 Pouco Relevante 5 Nada Relevante % NÃO SOMA DE CONTROLO Q.O.) Falta de inovação e desenvolvimento 0 0% 1 20% 0 0% 1 20% 0 0% 0 0% 0 0% 1 20% Tabela 4.1 / Grupo 1 – Respostas dos inquéritos aos alunos (5 inquiridos) 31
  • 32. Relativamente à questão opcional (Q.O.), presente na tabela 4.1, o Grupo 1 identificou a “Falta de inovação e desenvolvimento” como mais uma causa passível de influenciar negativamente o desempenho empresarial nacional, tendo a mesma sido classificada por 20% dos respondentes com um nível de importância 2 (Muito Relevante). Gráfico 3 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + opcional O Gráfico 3 resume o total dos resultados às seis (6) questões iniciais, mais os resultados da questão opcional. Neste sentido, destacam-se que para o Grupo 1 as Q.3, Q.4, Q.5 e Q.6, como as mais importantes a serem presentes nas micro e pequenas empresas nacionais, todas elas de origem interna e diretamente relacionadas à figura do empreendedor, formação e informação do mesmo. A Q.O. está diretamente relacionada às anteriores, visto referir a necessidade de inovação e desenvolvimento. Por sua vez, as questões Q.1 e Q.2, ambas evidenciando causas externas, foram as menos consideradas como limitativas no desempenho empresarial, segundo a opinião do grupo de alunos. 32 Q. 1 Q. 2 Q. 3 Q. 4 Q. 5 Q. 6 Q. Opcional 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00% 80,00% 80,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 20,00% Questões de 1 a 6 + opcionais PercentagemdeSIM
  • 33. 4.2.2. Grupo 2 – Docentes Questões / Nível de Importância 1 Indispensável 2 Muito Relevante 3 Relevante % SIM 4 Pouco Relevante 5 Nada Relevante % NÃO SOMA DE CONTROLO Q.1) Falta de capitais próprios / produtos financeiros bancários ajustados 3 20% 9 60% 1 7% 13 87% 2 13% 0 0% 2 13% 15 100% Q.2) Falta de dimensão dos mercados 0 0% 3 20% 10 67% 13 87% 2 13% 0 0% 2 13% 15 100% Q.3) Falta de formação destes empreendedores / empresários 3 20% 6 40% 4 27% 13 87% 1 7% 1 7% 2 13% 15 100% Q.4) Falta de capacidade de aceitação e análise da informação disponível 0 0% 6 40% 8 53% 14 93% 0 0% 1 7% 1 7% 15 100% Q.5) Falta de adaptação, em tempo útil, à mudança social, económica, tecnológica e de mercados 4 27% 4 27% 5 33% 13 87% 1 7% 1 7% 2 13% 15 100% Q.6) Falta de planeamento estratégico e mais modelos adequados de gestão a este micro e pequeno empreendedorismo 3 20% 9 60% 2 13% 14 93% 0 0% 1 7% 1 7% 15 100% Tabela 5 / Grupo 2 – Respostas dos inquéritos aos docentes (15 inquiridos) Abaixo dos 50% - NÃO ; Acima dos 50% - SIM ; Igual a 50% - INCONCLUSIVO Para o Grupo 2, e considerados os dados da tabela 5, observa-se um equilíbrio nas respostas às seis (6) questões iniciais, visto 93% dos inquiridos terem respondido SIM às Q.4 e Q.6, e 87% às Q.1, Q.2, Q.3 e Q.5. Quanto ao nível de importância atribuída às causas aí identificadas, voltou a existir um equilíbrio; 20% consideram nível 1 (Indispensável) nas Q.1, Q.3 e Q.6, 27% considera nível 1 (indispensável) na Q.5. Relativamente às Q.2 e Q.4, este grupo apenas considera níveis 2 (Muito Relevante) e 3 (Relevante) na importância das causas referenciadas. Numa análise sumária de dados, destaca-se que o grupo de inquiridos valoriza muito e de forma praticamente idêntica, qualquer uma das causas identificadas com as questões iniciais, apesar de 33
  • 34. 13% considerarem que a “Falta de capitais próprios / produtos financeiros e bancários ajustados” bem como a “Falta de dimensão dos mercados”, Pouco Relevantes (nível 4) nas empresas. Curiosamente, neste mesmo grupo de docentes, também 7% consideram que a “Falta de formação destes empreendedores / empresários”, a “Falta de capacidade de aceitação e análise da informação disponível”, a “Falta de adaptação em tempo útil à mudança” e a “Falta de planeamento estratégico e modelos de gestão adequados” (Q.3, Q.4, Q.5, Q.6), são Nada Relevantes (nível 5) no mesmo universo empresarial. A causas identificadas nas Q.3 e Q.5, “Falta de formação destes empreendedores” e “Falta de adaptação em tempo útil à mudança“, foram as que mais dispersão tiveram nos resultados e menos consenso reuniram quanto ao nível de importância. Relativamente à Q.5, saliente-se que, no mesmo grupo de respondentes, existem 13% para quem a referida causa é irrelevante ou quase passou despercebida, e para 27% é considerada indispensável na sobrevivência deste empreendedorismo. Simultaneamente, foi a única causa considerada como Indispensável (nível 1) por 27% dos respondentes, sendo que as restantes foram 0% ou 20 %. Questão Opcional / Nível de Importância 1 Indispensável 2 Muito Relevante 3 Relevante % SIM 4 Pouco Relevante 5 Nada Relevante % NÃO SOMA DE CONTROLO Q.O.) Falta de vontade de trabalhar 1 7% 0 0% 0 0% 1 7% 0 0% 0 0% 0 0% 1 7% Tabela 5.1 / Grupo 2 – Respostas dos inquéritos aos docentes (15 inquiridos) Relativamente à questão opcional (Q.O.), e de acordo com a tabela 5.1, 7% do Grupo 2 identificou a “Falta de vontade de trabalhar” como mais uma causa limitativa do desempenho neste empreendedorismo, havendo sido considerada nível 1 (Indispensável) quanto à sua importância nas empresas. 34
  • 35. Gráfico 4 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + opcional O Gráfico 4 resume os resultados das seis (6) questões iniciais e o resultado da questão opcional. Apesar do grande equilíbrio entre as seis questões iniciais, no balanceamento entre causas internas e externas, o Grupo 2 destaca as Q.4 e Q.6 como as mais importantes. Ambas são de origem interna e diretamente ligadas à figura do empreendedor, à sua relação com a empresa e ainda à sua capacitação enquanto empresário. A questão opcional (Q.O.) é mais uma causa interna e de origem social, cuja observância e correção está dependente do empreendedor, nomeadamente a sua hipotética falta de vontade de trabalhar ou dos seus mais diretos colaboradores, ou ainda a incapacidade de motivação de toda a equipa. Da análise de resultados do Grupo 1 (Alunos) e Grupo 2 (Docentes), evidencia-se uma linha de pensamento coincidente. Ambos os grupos tendem a desvalorizar as condicionantes externas à empresa, tais como a Q.1, “Falta de capitais próprios e produtos financeiros” e a Q.2, “Falta de dimensão dos mercados”. Por sua vez, ambos os grupos dão especial enfoque e valorização a causas internas, tais como a necessidade de aceitação e análise de informação disponível (Q.4) ou a necessidade de planeamento estratégico e modelos de gestão adequados (Q.6), sendo ainda exemplo disso as causas relacionadas às duas (2) questões opcionais já referenciadas. 35 Q. 1 Q. 2 Q. 3 Q. 4 Q. 5 Q. 6 Q. Opcional 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00% 87,00% 87,00% 87,00% 93,00% 87,00% 93,00% 7,00% Questões de 1 a 6 + opcionais PercentagemdeSIM
  • 36. 4.2.3. Grupo 3 - Profissionais do Setor Questões / Nível de Importância 1 Indispensável 2 Muito Relevante 3 Relevante % SIM 4 Pouco Relevante 5 Nada Relevante % NÃO SOMA DE CONTROLO Q.1) Falta de capitais próprios / produtos financeiros bancários ajustados 13 65% 4 20% 3 15% 20 100% 0 0% 0 0% 0 0% 20 100% Q.2) Falta de dimensão dos mercados 1 5% 4 20% 2 10% 7 35% 7 35% 6 30% 13 65% 20 100% Q.3) Falta de formação destes empreendedores / empresários 9 45% 10 50% 0 0% 19 95% 1 5% 0 0% 1 5% 20 100% Q.4) Falta de capacidade de aceitação e análise da informação disponível 2 10% 11 55% 4 20% 17 85% 2 10% 1 5% 3 15% 20 100% Q.5) Falta de adaptação, em tempo útil, à mudança social, económica, tecnológica e de mercados 15 75% 2 10% 2 10% 19 95% 0 0% 1 5% 1 5% 20 100% Q.6) Falta de planeamento estratégico e mais modelos adequados de gestão a este micro e pequeno empreendedorismo 13 65% 5 25% 1 5% 19 95% 0 0% 1 5% 1 5% 20 100% Tabela 6 / Grupo 3 – Respostas dos inquéritos aos profissionais (20 inquiridos) Abaixo dos 50% - NÃO ; Acima dos 50% - SIM ; Igual a 50% - INCONCLUSIVO O Grupo 3, profissionais do setor, responde SIM às Q.1 Q.3, Q.4, Q.5 e Q.6, e 65% dos inquiridos responde NÃO à Q.2, “Falta de dimensão dos mercados”. Quanto ao nível de importância atribuída às questões respondidas SIM, o mesmo oscila entre os 75% atribuído de nível 1 (Indispensável) à Q.5 e 45% atribuído à Q.3. Relativamente à Q.2 respondida NÃO, ainda houve 5% dos inquiridos a considerá-la nível 1 (Indispensável), 20% nível 2 (Muito Relevante) e 10% nível 3 (Relevante). Ainda relativamente à mesma questão, 65% dos inquiridos consideram Pouco ou Nada Relevante (níveis 4 e 5) a “Falta de dimensão de mercados“ para o sucesso do micro e pequeno empreendedorismo nacional. A Q.2 juntamente com a Q.4, “Falta de adaptação em tempo útil à mudança”, foram as que maior dispersão tiveram nos resultados, tanto mais que relativamente à causa identificada na Q.4, houve 36
  • 37. 10% dos inquiridos a considerá-la Indispensável (nível 1) e simultaneamente 15% a considerá-la Pouco ou Nada Relevante (níveis 4 e 5). A Q.1, “Falta de capitais próprios e produtos financeiros e bancários ajustados”, foi a única a ter 100% de aceitação junto do Grupo 3, não restando dúvidas para os inquiridos que a existência ou não de capital (próprio/alheio) é fundamental, constituindo um fator chave na continuidade deste empreendedorismo, tanto mais que para 85% é Indispensável ou Muito Relevante (níveis 1 e 2). De igual modo, consideram Indispensável e Muito Relevante (níveis 1 e 2) a “Falta de adaptação em tempo útil à mudança” e a “Falta de planeamento Estratégico” como causas do insucesso prematuro, logo atividades essenciais de suporte e apoio à gestão, imprescindíveis no seio empresarial. Relativamente à Q.3, apesar de 95% terem respondido SIM, só 45% consideram a “Falta de formação” Indispensável a este empreendedorismo, sendo a causa para os restantes 50% apenas Muito Relevante (nível 2). Questões Opcionais / Nível de Importância 1 Indispensável 2 Muito Relevante 3 Relevante % SIM 4 Pouco Relevante 5 Nada Relevante % NÃO SOMA DE CONTROLO Q.O.1) Falta de vontade de trabalhar 2 10% 0 0% 1 5% 3 15% 0 0% 0 0% 0 0% 3 15% Q.O.2) Falta de delegação de competências 0 0% 1 5% 0 0% 1 5% 0 0% 0 0% 0 0% 1 5 Q.O.3) Carga fiscal elevada 8 40% 0 0% 0 0% 8 40% 0 0% 0 0% 0 0% 8 40% Tabela 6.1 / Grupo 3 – Respostas dos inquéritos aos profissionais (20 inquiridos) Quanto às questões opcionais e de acordo com a tabela 6.1, foram identificadas três (3) novas causas pelo grupo de profissionais do setor. A “Carga fiscal elevada” (Q.O.3) foi enumerada por 40% dos inquiridos do Grupo 3, sendo considerada quanto à importância de nível 1 (Indispensável). Segundo os respondentes, apresenta-se como um fator de insucesso crucial no atual contexto político, económico e social, para o micro e pequeno empreendedorismo em Portugal. 37
  • 38. Curiosamente, também 15% dos respondentes identificaram a “Falta de vontade de trabalhar” (Q.O.1) e 5% a “Falta de delegação de competências” (Q.O.2) como outros fatores limitativos deste empreendedorismo. Gráfico 5 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + 3 opcionais O Gráfico 5 resume os resultados das seis (6) questões iniciais, mais o resultado das três (3) questões opcionais (Q.O.1, Q.O.2, Q.O.3) referenciadas pelo grupo. O Grupo 3, em contraposição aos dois grupos anteriores, destaca uma causa externa como primeira grande responsável pelo insucesso do micro e pequeno empreendedorismo nacional: a “Falta de capitais e produtos financeiros e bancários adequados a este universo empresarial“(Q.1). O “Excesso de carga fiscal” (Q.O.3), é outra causa externa indiciada pelo grupo como limitativa do desempenho dos pequenos negócios. Contudo, para o Grupo 3, a responsabilidade destes empresários não permanece inerte, pois simultaneamente elegem causas de origem interna. A “Falta de formação” (Q.3) associada à incapacidade de “Aceitação e análise de informação disponível” (Q.4), bem como a inexistência de atividades de suporte à gestão e planeamento (Q.6), são responsabilidades inerentes à figura empreendedor. 38 Q. 1 Q. 2 Q. 3 Q. 4 Q. 5 Q. 6 Q. Opcional 1 Q. Opcional 2 Q. Opcional 3 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00% 100,00% 35,00% 95,00% 85,00% 95,00% 95,00% 15,00% 5,00% 40,00% Questões de 1 a 6 + opcionais PercentagemdeSIM
  • 39. A “Falta de vontade de trabalhar” (Q.O.1), já havia sido identificada como limitativa pelo Grupo 2, também ela ligada à figura do empreendedor. A necessidade de “Delegar competências” (Q.O.2), outra causa de origem interna referenciada pelos inquiridos, indicia forte centralização do poder e total ausência de cultura organizacional que, juntamente com a Q.O.1, são indícios das dificuldades na gestão de relações familiares e implicações sociais, muito típicas deste empreendedorismo e empreendedores. As limitações relacionadas à envolvente familiar do micro e pequeno empreendedorismo estão amplamente explanadas na revisão da literatura, constituindo este conjunto de causas e segundo vários autores, um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento e durabilidade destes modelos de negócio. 4.2.4. Grupo 4 – Micro e Pequenos Empresários Questões / Nível de Importância 1 Indispensável 2 Muito Relevante 3 Relevante % SIM 4 Pouco Relevante 5 Nada Relevante % NÃO SOMA DE CONTROLO Q.1) Falta de capitais próprios / produtos financeiros bancários ajustados 29 72% 6 15% 5 13% 40 100% 0 0% 0 0% 0 0% 40 100% Q.2) Falta de dimensão dos mercados 12 30% 9 23% 10 25% 31 78% 9 22% 0 0% 9 22% 40 100% Q.3) Falta de formação destes empreendedores / empresários 15 38% 12 30% 8 20% 35 88% 5 12% 0 0% 5 12% 40 100% Q.4) Falta de capacidade de aceitação e análise da informação disponível 7 18% 12 30% 13 32% 32 80% 7 18% 1 2% 8 20% 40 100% Q.5) Falta de adaptação, em tempo útil, à mudança social, económica, tecnológica e de mercados 18 45% 11 27% 5 13% 34 85% 5 13% 1 2% 6 15% 40 100% Q.6) Falta de planeamento estratégico e mais modelos adequados de gestão a este micro e pequeno empreendedorismo 9 22% 12 30% 14 36% 35 88% 5 12% 0 0% 5 12% 40 100% Tabela 7 / Grupo 4 – Respostas aos inquéritos dos micro e pequenos empresários (40 inquiridos) Abaixo dos 50% - NÃO ; Acima dos 50% - SIM ; Igual a 50% - INCONCLUSIVO 39
  • 40. Pela análise de resultados do Grupo 4, apresentados na tabela 7, é visível um reconhecimento dos inquiridos a 100% das causas identificadas com as seis (6) questões iniciais, consideradas limitativas à durabilidade do micro e pequeno empreendedorismo nacional, pois a todas responderam SIM. A “Falta de capitais próprios e produtos financeiros e bancários ajustados” (Q.1) é a mais sensível ao grupo, visto 100% ter respondido SIM, sendo que 72% consideram nível 1 (Indispensável), 15% nível 2 (Muito Relevante) e 13% nível 3 (Relevante). No mesmo grupo, 88% reconheceram a “Falta de formação” (Q.3) e “Falta de planeamento estratégico” (Q.6), como atividades determinantes na vida das suas empresas e 85% ainda consideraram a “Falta de adaptação em tempo útil à mudança” (Q.5) como um fator importante. Simultaneamente, as Q.4 e Q.5 foram as que menor consenso e maior dispersão de resultados tiveram, sendo que na Q.4, “Falta de capacidade de aceitação e análise da informação disponível”, apenas 18% a reconheceram como Indispensável (nível 1), sendo que 20% consideraram-na Pouco ou Nada Relevante (níveis 4 e 5). A “Falta de dimensão de mercados” (Q.2) é, segundo a opinião dos inquiridos, a causa menos importante das seis iniciais na vida das suas empresas, sendo a menos considerada com 78% das intenções. Esta mesma causa (Q.2), tem 22% do grupo de respondentes, que a consideram mesmo Pouco Relevante (nível 4) . As duas questões mais referenciadas pelos inquiridos com nível 1 (Indispensável), foram a Q.1, “Falta de capitais e produtos financeiros” com 72% e a Q.5, “Falta de adaptação em tempo útil à mudança” com 45%. Curiosamente, as opiniões deste grupo destacam causas aparentemente antagónicas: Q.1 (Falta de capitais) e Q.3, Q.5, Q.6 (Falta de formação; Falta de adaptação em tempo útil; Falta de planeamento). Estes resultados indiciam um reconhecimento dos constrangimentos pessoais que estes empresários experimentam no quotidiano da sua atividade empresarial e, simultaneamente, as grandes dificuldades inerentes à envolvente externa, nomeadamente no setor financeiro. 40
  • 41. Questões Opcionais / Nível de Importância 1 Indispensável 2 Muito Relevante 3 Relevante % SIM 4 Pouco Relevante 5 Nada Relevante % NÃO SOMA DE CONTROL O Q.O.1) Falta de vontade de trabalhar 1 2% 0 0% 0 0% 1 2% 0 0% 0 0% 0 0% 1 2% Q.O.2) Preço combustíveis / portagens 3 8% 0 0% 0 0% 3 8% 0 0% 0 0% 0 0% 3 8% Q.O.3) Impostos elevados 6 15% 1 2% 0 0% 7 17% 0 0% 0 0% 0 0% 7 17% Q.O.4) Falta de meios técnicos 1 2% 0 0% 0 0% 1 2% 0 0% 0 0% 0 0% 1 2% Q.O.5) Falta de apoios do Estado / Políticas adequadas 3 8% 0 0% 0 0% 3 8% 0 0% 0 0% 0 0% 3 8% Tabela 7.1 / Grupo 4 – Respostas aos inquéritos dos micro e pequenos empresários (40 inquiridos) Relativamente às questões opcionais, o Grupo 4 de micro e pequenos empresários identificou cinco (5) causas, algumas novas, constantes na Tabela 7.1. Segundo os mesmos, também elas muito limitativas das suas atividades empresariais. A “Carga fiscal excessiva” (Q.O.3) foi identificada por 17% dos respondentes, como uma forte condicionante com uma importância nível 1 (Indispensável) e 2 (Muito Relevante), juntamente ao “Elevado preço dos combustíveis e portagens” (Q.O.2) e a “Falta de apoios do estado e políticas adequadas” (Q.O.5), ambas com 8% das intenções. A “Falta de vontade de trabalhar” (Q.O.1) e a “Falta de meios técnicos” (Q.O.4), ambas com 2% , foram as outras causas identificadas e sentidas como limitativas por este universo de inquiridos. A “Falta de meios técnicos” (Q.O.4), apesar de só ter sido apontada por 2% dos inquiridos como limitativa, poderá estar diretamente ligada à Q.1 (falta de capitais) e, no entanto, ser entendida de forma diferente pelo grupo de inquiridos, tanto mais quando a Q.1, é referenciada por 100% do grupo como condicionante. 41
  • 42. Não existindo disponibilidade de capitais, dificilmente existem os restantes meios. O mesmo é passível de acontecer para a Q.O.2 (Preços elevados de combustíveis e portagens), relativamente à outra opcional Q.O.3 (Impostos elevados). A excessiva carga fiscal afeta transversalmente todos os agentes económicos da sociedade, sendo o setor dos combustíveis (fósseis) particularmente afetado por esta realidade. Logo, estas duas causas, apesar de sentidas de forma diferente pelos respetivos respondentes, poderão significar a mesma coisa: Carga fiscal excessiva (Q.O.3). Gráfico 6 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais + 5 opcionais O Gráfico 6 congrega os resultados das seis (6) questões iniciais juntamente com as cinco (5) questões opcionais (Q.O.1, Q.O.2, Q,O.3, Q.O.4, Q.O.5), identificadas pelo grupo dos empresários. O Grupo 4, revendo-se na integra com 100% das causas previamente identificadas, considerou aleatoriamente causas de origem interna e externa como grandes condicionantes nas suas atividades empresariais. A “Falta de capitais próprios ou alheios” (Q.1 +Q.O.4) e a “Excessiva carga fiscal” (Q.O.3 + Q.O.2) a par das causas identificadas com as Q.3, Q.4, Q.5, Q.6, e segundo a opinião dos respondentes, apresentam-se como as grandes responsáveis pelo insucesso prematuro dos seus negócios. A “Falta de dimensão de mercados” (Q.2), segundo este grupo e à semelhança da opinião dos 42 Q. 1 Q. 2 Q. 3 Q. 4 Q. 5 Q. 6 Q. Opcional 1 Q. Opcional 2 Q. Opcional 3 Q. Opcional 4 Q. Opcional 5 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00% 100,00% 78,00% 88,00% 80,00% 85,00%88,00% 2,00% 8,00% 17,00% 2,00% 8,00% Questões de 1 a 6 + opcionais PercentagemdeSIM
  • 43. grupos anteriores, continua a ser a causa menos sentida com responsável no mau desempenho das empresas. De destacar que todos os grupos de inquiridos, à exceção dos alunos, referenciam em questão opcional a “Falta de vontade de trabalhar”, como uma nova condicionante social e atualmente constatável nas organizações. 4.2.5. Grupo 5 – Todos os Inquiridos Questões / Nível de Importância 1 Indispensável 2 Muito Relevante 3 Relevante % SIM 4 Pouco Relevante 5 Nada Relevante % NÃO SOMA DE CONTROLO Q.1) Falta de capitais próprios / produtos financeiros bancários ajustados 45 56% 23 29% 9 11% 77 96% 3 4% 0 0% 3 4% 80 100% Q.2) Falta de dimensão dos mercados 13 16% 18 23% 24 30% 55 69% 19 24% 6 7% 25 31% 80 100% Q.3) Falta de formação destes empreendedores / empresários 29 36% 31 39% 12 15% 72 90% 7 9% 1 1% 8 10% 80 100% Q.4) Falta de capacidade de aceitação e análise da informação disponível 9 11% 34 43% 25 31% 68 85% 9 11% 3 4% 12 15% 80 100% Q.5) Falta de adaptação, em tempo útil, à mudança social, económica, tecnológica e de mercados 40 50% 19 24% 12 15% 71 89% 6 7% 3 4% 9 11% 80 100% Q.6) Falta de planeamento estratégico e mais modelos adequados de gestão a este micro e pequeno empreendedorismo 27 34% 29 36% 17 21% 73 91% 5 6% 2 3% 7 9% 80 100% Tabela 8 / Grupo 5 – Respostas totais do universo de inquiridos (80 inquiridos) Abaixo dos 50% - NÃO ; Acima dos 50% - SIM ; Igual a 50% - INCONCLUSIVO Pela análise dos resultados do Grupo 5 expressos na tabela 8, é visível um reconhecimento de todas as causas (100%), identificadas com as seis questões iniciais pelo universo dos 80 inquiridos, pois a todas foi respondido SIM com intenções favoráveis superiores a 50%. A Q.1 “Falta de capitais próprios e produtos financeiros e bancários ajustados”, foi a mais sensível à totalidade do grupo 5 (todos os inquiridos), com 96% de opiniões favoráveis. Quanto ao nível de 43
  • 44. importância, 56% consideraram nível 1 (Indispensável), 29 % nível 2 (Muito Relevante) e 11% nível 3 (Relevante). Quanto aos 4% que a consideraram NÃO, deram uma importância nível 4 (Pouco Relevante). A Q.6, “Falta de planeamento estratégico e mais modelos adequados de gestão”, reuniu 91% de opiniões favoráveis, como condicionante. Quanto à importância, foi considerada nível 1 (Indispensável) por 34%, nível 2 (Muito Relevante) por 36% e nível 3 (Relevante) por 21% do grupo de inquiridos. Dos que consideraram NÃO, 3% considerou nível 5 (Nada Relevante). As causas identificadas com as Q.3 , “Falta de formação destes empreendedores” e Q.5, “Falta de adaptação em tempo útil à mudança”, também foram consideradas limitativas por 90% e 89%, respetivamente, pelo grupo de inquiridos. A Q.2, “Falta de dimensão dos mercados”, foi a causa com maior dispersão nos resultados e que menos consenso reuniu quanto à sua importância para as empresas, apenas havendo sido considerada por 69% do total de inquiridos. De destacar que apesar de 31% ter considerado NÃO, somente 7% a considerou quanto à sua importância Nada Relevante (nível 5). A Q.4, “Falta de capacidade de aceitação e análise da informação”, reuniu 85% das intenções favoráveis enquanto limitativa nas empresas, tendo experimentado também alguma dispersão nos resultados. No grupo total existem 11% que a consideram Indispensável (nível 1) e 11% que a consideram Pouco Relevante (nível 4). Ainda existem 43% que a consideram Muito Relevante (nível 2) e 4% que a consideram Nada Relevante (nível 5). Esta mesma causa (Q.4), apesar de determinante em qualquer organização que se pretenda competitiva e viável, encerra em si alguma discórdia constatável pela dispersão de resultados. Essa discórdia poderá estar ligada ao baixo nível de formação dos empreendedores, como ao nicho de mercado ou ainda a aspetos sociais e culturais. O resultado final é quase sempre o mesmo: a negação da realidade envolvente, conduzindo a empresa ao ostracismo. A dispersão de resultados da Q.4, “Falta de capacidade de aceitação e análise da informação disponível”, juntamente à pouca necessidade de maiores e novos mercados (Q.2) sentida na totalidade da amostra, poderá indiciar uma postura conducente ao isolacionismo progressivo do micro e pequeno empreendedorismo português, num mercado cada vez mais globalizado. A pouco sustentabilidade observável neste mesmo empreendedorismo, e consequentemente a pouca durabilidade, está ligada a uma conjetura política, económica e social desfavorável, assim 44
  • 45. como a causas diretamente relacionáveis às questões Q.4 e Q.2, que historicamente persistem neste mundo empresarial. Em contraposição, este universo parece paulatinamente estar mais atento à realidade atual, situação observável pelos resultados da questão Q.5, “Falta de adaptação em tempo útil à mudança”, pois 89% dos respondentes reconhecem-na como bastante limitativa na vida das empresas, sendo que a sua observância é considerada mesmo Indispensável (nível 1) por 50% dos inquiridos; dos que responderam NÃO, apenas 4% a consideraram Nada Relevante ( nível 5) . Gráfico 7 – Percentagem de aceitação das 6 questões iniciais O gráfico 7 congrega os resultados das seis (6) questões iniciais do Grupo 5, total de inquiridos. Aleatoriamente, o grupo considerou 100% de causas de origem interna e externa às empresas identificadas com as seis (6) questões iniciais, como as grandes responsáveis pelo seu insucesso prematuro. A Q.1 destaca-se como a mais importante, sendo que a Q.2 se destaca como a menos considerada nas opiniões enquanto fatores críticos na vida das empresas. As restantes causas identificadas com as questões Q.3, Q.4, Q.5, Q.6, segundo opinião do grupo, contribuem de forma muito idêntica para o insucesso empresarial. Pela análise total dos dados, verifica-se ainda que a opinião do grupo valoriza muito, e de forma homogénea, o conjunto das causas referenciadas. 45 Q. 1 Q. 2 Q. 3 Q. 4 Q. 5 Q. 6 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00% 96,00% 69,00% 90,00% 85,00% 89,00% 91,00% Questões de 1 a 6 PercentagemdeSIM
  • 46. Contudo, existem surpresas: o grupo não sentir grande necessidade de novos mercados, mas sentir muito a falta de planeamento estratégico e modelos de gestão adequados, juntamente com formação para si e para os quadros, constitui uma revelação indiciadora de novas posturas e anseios no grupo de inquiridos. Pode ser um sinal de mudança para o universo dos pequenos empreendedores, bem como o resultado da causa identificada na Q.5 (Falta de adaptação em tempo útil à mudança) com 89% das intenções. Aspetos relacionados com a agilidade e flexibilidade, tanto de pensamento como nos mais simples atos de gestão, serão melhor assegurados se consideradas críticas as causas anteriores. No entanto, enquanto a falta de capitais (Q.1) assumir a liderança das necessidades nestas empresas e ser apontada como a grande responsável pelo insucesso prematuro, dificilmente haverá lugar a um cenário diferente. Questões Opcionais / Nível de Importância 1 Indispensável 2 Muito Relevante 3 Relevante % SIM 4 Pouco Relevante 5 Nada Relevante % NÃO SOMA DE CONTROLO Q.O.1) Falta de vontade de trabalhar 2 3% 0 0% 0 0% 2 3% 0 0% 0 0% 0 0% 2 3% Q.O.2) Preço combustíveis / portagens 3 4% 0 0% 0 0% 3 4% 0 0% 0 0% 0 0% 3 4% Q.O.3) Impostos elevados 14 18% 1 1% 0 15 19% 0 0% 0 0% 0 0% 15 19% Q.O.4) Falta de meios técnicos 1 1% 0 0% 0 0% 1 1% 0 0% 0 0% 0 0% 1 1% Q.O.5) Falta de apoios do Estado / Políticas adequadas 3 4% 0 0% 0 0% 3 4% 0 0% 0 0% 0 0% 3 4% Q.O.6) Falta de inovação e desenvolvimento 2 3% 1 1% 1 1% 4 5% 0 0% 0 0% 0 0% 4 5% Q.O.7) Falta delegação de competências 0 0% 1 1% 0 0% 1 1% 0 0% 0 0% 0 0% 1 1% 29 Tabela 8.1 / Grupo 5 – Respostas totais do universo de inquiridos (80 inquiridos e 29 respondentes) 46
  • 47. Relativamente às questões opcionais, foram identificadas sete (7) novas causas pelo total de inquiridos, de acordo com a tabela 8.1. Os “Impostos elevados” (Q.O.3) foi a mais referenciada, sendo considerada por 19% dos respondentes. Quanto ao nível de importância, 18% consideraram-na Indispensável (nível 1), ou seja, aqueles que a referenciaram, consideram-na na atualidade um dos fatores mais limitativos na durabilidade deste empreendedorismo. Se cumulativamente considerarmos a Q.O.2, “Preço dos combustíveis e portagens” e produtos cujo custo final têm uma forte componente fiscal, então estas duas causas identificadas com o excesso de impostos têm um peso conjunto de 23% na opinião da amostra. Considerado só o peso percentual dentro dos 29 respondentes que indicaram uma causa opcional (Tabela 8.1), o excesso de impostos / preço dos combustíveis, foi indicado por 22 indivíduos representando 76% das intenções. Todas as restantes causas opcionais, “Falta de vontade de trabalhar” (Q.O.1) com 3%, “Falta de meios técnicos” (Q.O.4) com 1%, “Falta de apoios do estado / políticas adequadas” (Q.O.5) com 4%, “Falta de inovação e desenvolvimento” (Q.O.6) e a “Falta de delegação de competências” (Q.O.7) com 1%, ficaram num patamar muito idêntico enquanto condicionantes nas micro e pequenas empresas. Sempre que uma destas causas foi referida, foi considerada Indispensável (nível 1) ou Muito Relevante (nível 2) com exceção da Q.O.6, que 1% das intenções a considerou nível 3 (Relevante). O conjunto destas causas, por si só, não representa muito em termos percentuais da amostra. No entanto, contém informação que globalmente tem um significado mais vasto: A falta de capitais (Q.1) foi a causa com maior impacto na amostra, indiciando uma forte necessidade latente. Logo, não existindo capitais próprios ou acesso a alheios, dificilmente existem meios técnicos (Q.O.4), e também dificilmente existem condições para inovar e desenvolver (Q.O.6); consequentemente, não existem condições para fazer contratações de quadros visando a formação duma equipa que permita delegar competências(Q.O.7). A Q.O.5 “Falta de apoios do estado”, causa identificada em opcional com 4% das intenções e aparentemente sem qualquer ligação às restantes, eventualmente não o será. A existência ou não 47
  • 48. de apoios estatais depende de atividades viáveis e duráveis, e ainda com algum nível de capitais próprios; logo, esta causa está ligada à Q.1. Cumulativamente,n existem atividades que só são passiveis de ser exercidas se forem subsidiadas, pois doutra forma não são viáveis; no entanto, a sociedade carece delas. Neste cenário, a observância da causa Q.O.5 é fundamental para a viabilidade de negócios em alguns setores de atividade, nomeadamente agricultura, pescas e atividades com fortes componentes sociais. A Q.O.1, “Falta de vontade de trabalhar”, curiosamente uma causa opcional indicada por todos os grupos, à exceção dos alunos, indicia um problema social e muito ligado às origens deste empreendedorismo. Sempre que as relações familiares estão presente no seio das organizações, podem ter efeitos negativos, entre quais, o mau desempenho profissional de trabalhadores e o incumprimento reiterado. Muitos deles são familiares próximos, com pouca ou nenhuma preparação para o exercício de funções à semelhança do que acontece regularmente com o próprio empresário. Tais posturas, deixam uma imagem de incumprimento e pouco profissionalismo que, a juntar a outras condicionantes já identificadas, concorrem para o insucesso prematuro destes pequenos negócios. Gráfico 7.1 – Percentagem de aceitação da totalidade das 7 questões opcionais 48 Q. opcional 1 Q. opcional 2 Q. opcional 3 Q. opcional 4 Q. opcional 5 Q. opcional 6 Q. opcional 7 0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00% 12,00% 14,00% 16,00% 18,00% 20,00% 3,00% 4,00% 19,00% 1,00% 4,00% 5,00% 1,00% Questões opcionais PercentagemdeSIM
  • 49. O gráfico da figura 7.1 congrega os dados das sete (7) questões opcionais do grupo total de inquiridos. De destacar que, da totalidade do universo de 80 inquiridos, 29 indicaram novas causas em opcionais também consideradas limitativas à durabilidade deste empreendedorismo. Umas são de origem interna e outras de origem externa, correspondendo a 36% da amostra total. É mais uma vez visível pelo Gráfico 7.1 que a causa externa Q.O.3, “Excesso de impostos” é, segundo a opinião das respondentes, a mais condicionante nas empresas, e provavelmente aquela que no presente muito limita a sua durabilidade e sustentabilidade. Se à Q.O.3 juntarmos o “Preço dos combustíveis e portagens” (Q.O.2), a “Falta de meios para inovação e desenvolvimento” (Q.O.6) e a “Inexistência de apoios do estado” (Q.O.5) para a generalidade dos setores privados em Portugal a outras causas já indicadas em opcionais, a par da Q.1, “Falta de capitais próprios e alheios”, percebe-se o cenário adverso e instável em que estes empreendedores e empreendedorismo têm existido. Quanto ao resultado final, é amplamente conhecido: a falta de sustentabilidade e consequentemente, a pouca durabilidade das micro e pequenas empresas em Portugal. 49
  • 50. Capítulo 5 - Conclusões A proposta deste artigo científico foi identificar as condicionantes mais prováveis responsáveis pela pouca durabilidade do micro e pequeno empreendedorismo em Portugal. Simultaneamente, pretendia entender a perceção deste universo empresarial para a dimensão do problema, bem como para um conjunto de causas identificadas e os respetivos efeitos nas organizações. Constituía objetivo acessório sensibilizar os destinatários e demais setores da sociedade para a existência precária destes empresários e modelos de negócio, bem como da necessidade de desenvolvimento e incremento de metodologia de gestão adequada conducente à sua sustentabilidade num panorama de grande importância económica e social nacional. De acordo com a revisão da literatura, as grandes causas gerais limitativas do micro e pequeno empreendedorismo estão relacionadas às suas origens, aos empreendedores e familiares, à gestão e planeamento inadequados e a fatores externos relacionados com o contexto político e social em que sobrevivem. Em simultâneo, asseguram empregos a muitos excluídos do mercado de trabalho, representando mais de 60% da sua totalidade no setor privado. Neste cenário hostil, coexiste um estado sedento de receita fiscal e de crescimento económico, totalmente dependente das micro e pequenas iniciativas privadas, mas cuja grande maioria não é rentável. Constituem aproximadamente 99% do tecido empresarial não financeiro, garantindo a maioria do novo investimento privado em Portugal por via do surgimento de novos negócios. É um contexto adverso em que os pequenos negócios não duram, não sustentam por muito tempo os postos de trabalho criados, nem os empreendedores que eventualmente tenham investido algumas poupanças ou se endividaram (mal), nem a economia nacional que deles depende na íntegra. O próprio conceito de iniciativa/empresa privada fica comprometido quando os escassos meios investidos não geram lucro. Objetivando inverter a situação, urge encontrar nossas posturas e métodos exequíveis, visando todos os agentes envolvidos, não esquecendo os próprios empreendedores e estado. É ainda prioridade estabelecer um balanço entre os benefícios nacionais advindos do sucesso dos pequenos negócios e as consequências diretas do seu insucesso e respetivas causas. O aumento exponencial do numero de insolvências é um exemplo (mau) entre tantos outros, cujos reflexos no imediato foram a perda de dinâmica da económica, além dos elevadíssimos custos 50
  • 51. sociais e judiciais associados. Muitas das causas internas identificadas como condicionantes às pequenas iniciativas, estão relacionadas à sua génese e ao empreendedor, sendo sua a responsabilidade. Por sua vez, as externas vão alterando no tempo e acarretam a responsabilidade de todos os envolvidos. Na melhoria da sua gestão, importa a capacitação de adaptação à mudança e implicitamente o incremento de flexibilidade e agilidade política, social e organizacional. Nesta perspetiva, e ao longo dos anos mais recentes, diversos autores têm-se debruçado sobre a problemática, tanto na tentativa de redefinir o conceito e a sua envolvente familiar, como na tentativa de encontrar nas várias economias mundiais os grandes causadores que historicamente contribuem para a pouca durabilidade destas empresas. Constata-se uma permanente evolução do conceito, nomeadamente nas suas ligações familiares, situação que não acontece com as causas, pois o grosso das mesmas é transversal aos países onde o modelo forma a base do setor privado. No entanto, permanecem teimosamente inalteradas, afetando negativamente o desempenho das pequenas iniciativas e das sociedades. Relativamente à realidade nacional, as semelhanças são quase hipnóticas com as principais congéneres mundiais. A pesquisa efetuada substancializada na análise empírica, permitiu confirmar isso mesmo, nomeadamente chegar a um conjunto de conclusões iniciais sobre as quatro (4) hipóteses formuladas. É visível que a grande maioria dos inquiridos ( 86.67%) considera as causas relacionadas às seis (6) questões iniciais, fortemente condicionantes no desempenho e durabilidade dos pequenos negócios nacionais e revêm-se em todas elas. I. Hipótese 1) Como tal, a H.1. Os empresários não reconhecem as causas nas sua estruturas empresariais, não se confirma, sendo as respostas às quatro (4) questões , Q.3, Q.4, Q.5, Q.6 essenciais para essa conclusão e expressam isso mesmo. Da totalidade da amostra, 88,75% reconhece as causas internas identificadas nas quatro (4) questões específicas, tendo-as considerado fortemente limitativas e condicionantes, logo responsáveis pelo insucesso prematuro. 51
  • 52. Também se confirma que em nenhum dos sub-grupos constituintes da amostra total, se tenha verificado a H.1, pois em todos houve um reconhecimento (SIM) em mais de 50%, nas mesmas questões: Os alunos reconheceram-nas em 100%; Os docentes reconheceram-nas em 90%; Os profissionais do setor reconheceram-nas em 92,5%; Os micro e pequenos empresários reconheceram-nas em 85,25%. II. Hipótese 2) Relativamente à H.2. Os empresários reconhecem as causas mas não as consideram críticas, é confirmada só em parte pelos resultados. Na realidade, 88,75% do universo de inquiridos reconheceu as causas identificadas com as quatro (4) questões, Q.3, Q.4, Q.5, Q.6, cujas respostas são determinantes para esta conclusão e, simultaneamente, consideram-nas críticas na atividade empresarial. Considerados apenas os primeiros dois (2) níveis de importância, Indispensável (1) e Muito Relevante (2), todas as quatro questões foram consideradas em mais de 50%: Q.3. Considerada crítica por 75% do total da amostra; Q.4. Considerada crítica por 54% do total da amostra; Q.5. Considerada crítica por 75% do total da amostra; Q.6. Considerada crítica por 70% do total da amostra. A Q.5. foi inclusivamente considerada em 50% só no nível 1 (Indispensável), pelo que numa análise mais detalhada dos resultados, se confirmam as conclusões relativamente à H.1. Na realidade, os respondentes, além de reconhecerem amplamente as causas como limitativas no sucesso empresarial, consideram-nas críticas e fortemente limitativas na vida e durabilidade das micro e pequenas empresas. III. Hipótese 3) A H.3. Os empresários reconhecem as causas como críticas, mas a sua correção julgam depender de terceiros, é confirmada na íntegra. Pelos resultados observados às quatro (4) questões Q.3, Q.4, Q.5, Q.6 essenciais na H.3., do grupo total de inquiridos, e já analisados para as conclusões relativamente à H.1 e H.2, os empresários reconhecem na íntegra estas quatro (4) causas referenciadas nas respetivas questões, como críticas e limitativas no sucesso e durabilidade das empresas. 52