O documento descreve o movimento artístico construtivista russo no início do século XX, fortemente ligado aos ideais políticos revolucionários. Após a Revolução Bolchevique de 1917, os construtivistas ganharam apoio do governo, mas posteriormente foram reprimidos por serem considerados elitistas. O construtivismo marcou o fim de uma era brilhante na arte russa.
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[HAVC] Construtivismo: Vladimir Mayakovsky
1.
2. O Construtivismo Russo foi um movimento de renovação artística e arquitetónica de vanguarda que surgiu
no início do século XX. Fortemente ligado a ideais políticos revolucionários, o construtivismo nasceu no meio de
uma revolução que iniciou um processo de construção e transformação de “um novo ideal”, mudando a forma
como pensamos e idealizamos a arte e o design. Muitos artistas fizeram parte deste movimento, entre os
quais:
,
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,e
.
Desde 1913, o construtivismo insere-se no grupo das artes de vanguarda e revolucionárias lideradas pelo
teórico russo e poeta futurista
(1893-1930). Depois da Revolução Bolchevique
de 1917, os artistas construtivistas ganharam poder político e foram oficialmente sustentados pelo
governo de
. Essa posição causou um desacordo entre os interessados numa arte pessoal e entre os
atarefados em fazer um design utilitário para os media.
3. O governo de
não compreende que a revolução artística vinha ao encontro com os pressupostos
socialistas, perseguindo os construtivistas, acusando-os de elitistas e inventores de uma forma de arte sem
propósito, impossibilitando a arte clássica e tradicional chegarem até o operariado. O partido comunista
decretou que a arte deveria ser funcional, uma arte para as massas e, de preferência, aliada à propaganda.
enviou os artistas não-conformistas para os campos de trabalho e trancou as suas obras
modernistas numa cave.
Assim o construtivismo marcou o fim de uma era brilhante. Em 1925, o comité central do partido
comunista saiu contra a abstração; em 1932 todos os grupos culturais dispersaram-se, e em 1934 um novo
estilo de propaganda do realismo social tornou-se na única abordagem artística oficial da união soviética. A
mais expressiva vanguarda russa na arte foi assim dissipada e os artistas tiveram que optar por
permanecer na Rússia e continuar nos moldes artísticos dos séculos anteriores, ou mudar para o oeste.
Muitos foram lecionar na Bauhaus, escola alemã orientada para o design e tecnologia, surgida como uma
necessidade imposta pela expansão industrial, influenciando toda a Europa e os Estados Unidos.
4. A revolução de 1917 fez a conversão da sociedade russa do estado feudal para a “república do povo”.
tolerou o movimento vanguardista, pensando que podia transmitir a sua ideologia ao público iletrado
através do desenvolvimento de novos estilos visuais. Os artistas russos mais ousados promoveram uma
revolução não só artística, mas também social. A intenção deles era despir a arte, assim como o estado, dos
anacronismos burgueses e refazer a arte, tal como a sociedade, a partir do zero.
O termo construtivismo surgiu em 1921 em debates sobre o propósito da arte estimulada pelo "manifesto
realístico" de
e
, em 1920. Apesar da rejeição das pinturas
convencionais de cavalete e da ideia de “arte pela arte” a favor de desenhos utilitários destinados à
produção em massa, a abstração construtivista encontra as suas raízes na arte não utilitária de
e
. Em 1912
criou a sua primeira construção - um pedaço de
metal e arame no formato de uma viola, onde as formas angulares das pinturas e colagens transformaramse em três dimensões.
5. Quando
volta a Moscovo depois de visitar
em Paris em 1913, começou a
construir contra-relevos - montagens abstratas de metal industrializado, arame, madeira, plástico e vidro. Para
os contra-relevos ficavam numa zona intermediária entre a pintura e a escultura porque fugiam da
estabilidade dos pedestais ou das paredes, ficando muitas vezes suspensos por arames estendidos de diversas
maneiras no encontro de duas paredes. Ele dava muito mais ênfase ao espaço, do que com a matéria, e isso
tornou-o revolucionário.
Muitas construções, como o “Monumento à Terceira Internacional” (1919),
criado por
, são protótipos para arquitetura, cenários ou desenho
industrial.
Outros, influenciados pelas abstrações de
, são objetos puramente
abstratos e não funcionais; mas, no entanto, podem ter o mesmo propósito,
como as esculturas cinéticas de
que parecem
antecipar modelos moleculares e celebram a racionalidade científica e a
tecnologia da era da máquina.
“Monumento à III Internacional”, Tatlin (1919)
6. “A arte não é
um espelho para
refletir o mundo,
mas um martelo
para forjá-lo.”
7. Poeta, dramaturgo, teórico, revolucionário russo e, ocasionalmente, ator,
ficou mais conhecido pela divulgação das ações
do novo regime, através da escrita de poesia e da produção de cartazes. Nasceu em 1893 na aldeia de Baghdati, nos arredores de
Kutaíssi, na Geórgia, parte do Império russo. Aos 15 anos une-se ao Partido Social-Democrata Operário Russo. Detido em duas ocasiões,
foi solto por falta de provas, mas em 1909-1910 passou onze meses na prisão. Entrou na escola de Belas Artes, onde se encontrou
com
, que foi o grande estímulo da sua iniciação poética. Os dois amigos fizeram parte do grupo fundador do assim
chamado cubo-futurismo russo, ao lado de
,
entre outros. Viajaram pela Rússia para propagar as suas
conceções artísticas.
Entre 1914 e 1916 completou duas poesias de maior importância, oblako v shtanakh (1915) (“Uma nuvem de calças”)
e fleytapozvonochnik (1915, publicada em 1916) (“A flauta de espinha”).
Quando eclodiu a revolução russa (1917), estava apaixonadamente engajado aos bolcheviques e poesias como oda revolutsi (1918)
(“Ode à Revolução”) e levy march (1919) (“A marcha esquerdista”) tornaram-se muito populares, tal como misteriya-buff
(“Mistério bufo”), drama apresentado pela primeira vez em 1921, representando uma enchente universal e o subsequente triunfo dos
"sujos" (povo) sobre os "limpos" (burguesia). Vigoroso porta-voz do Partido Comunista, expressou-se de várias formas.
8. Após a Revolução de Outubro,
e o seu grupo manifestaram a sua adesão ao novo regime.
Durante a Guerra civil, dedicou-se aos cartoons e legendas para cartazes de propaganda e, no início da
consolidação do Estado Novo, exaltou campanhas sanitárias, fez publicidade a diversos produtos, etc. Fundou
em 1923 a revista LEF (de liévi front, “Frente de esquerda”), que reuniu a “esquerda das artes”, isto é,
os escritores e artistas que pretendiam aliar a forma revolucionária a um conteúdo de renovação social.
Fez inúmeras viagens pelo país, aparecendo diante de vastos auditórios para os quais lia os seus versos. Viajou
também pela Europa Ocidental, México e Estados Unidos. Entrou em choque com os “burocratas’’ e com os
que pretendiam reduzir a poesia a fórmulas simplistas. Foi homem de grandes paixões, arrebatado e lírico,
épico e satírico ao mesmo tempo. Passou a sofrer de terríveis crises de depressão, mas continuou a ser a
figura mais dinâmica do cenário literário soviético.
preferiu o silêncio do que entregar-se à censura. Foi o que fez. Suicidou-se a 14 de abril de
1930 com um tiro.