Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Estudo sobre compreensão e aprendizagem de funções por alunos do ensino médio
1. II Jornada Nacional de Educação
Matemática e XV Jornada Regional de
Educação Matemática
Passo Fundo, maio 2008.
2. ESTUDO DE FUNÇÕES:
COMPREENSÕES E
APRENDIZAGEM DE ALUNOS DO
ENSINO MÉDIO
Profª. Renata Magarinus
Prof.ª Ms. Magda Inês Luz Moreira.
3. Os objetivos da pesquisa
Investigar as compreensões e aprendizagem
que alunos do ensino médio têm sobre os
conceitos matemáticos relacionados ao
estudo de funções.
Contribuir de alguma forma para a Educação
Matemática, com o ensino da matemática e,
mais especificamente para o ensino de
funções.
4. Metodologia:
Abordagem Metodológica
Para o desenvolvimento da pesquisa optamos pela
abordagem fenomenológica hermenêutica.
Local da pesquisa
A pesquisa realizou-se nas escolas estaduais Raimundo
Corrêa, localizada no município de Ernestina, e Tio Hugo,
localizada no município de Tio Hugo.
Sujeitos
Os sujeitos envolvidos na pesquisa são estudantes da
segunda e da terceira série do ensino médio, escolhidos
aleatoriamente e com participação voluntária.
5. Metodologia:
Coleta de dados
Os instrumentos para coleta de dados consistiu em
entrevistas individuais e aplicação de atividades de matemática
contendo oito questões sobre o estudo de funções.
Análise dos dados
A análise dos dados coletados foi realizada em dois
momentos: o da análise ideográfica e o da análise nomotética.
6. Aportes teóricos
Matemática, sobre Educação e Educação
Matemática;
ensino e aprendizagem da matemática;
o ensino de funções;
desenvolvimento histórico do conceito de
função;
definições de funções.
7. Aportes teóricos
Segundo Micotti,
O ensino compreende informação, conhecimento e
saber, mas a orientação pedagógica, seguida nas aulas,
determina o tratamento que será dado a cada um desses
elementos e as relações entre eles. A escola tradicional,
por exemplo, privilegia as aulas expositivas – a apresen-
tação de informações -, o que nem sempre assegura o
acesso ao saber. As novas orientações pedagógicas
acentuam a importância da construção do conhecimento,
das elaborações pessoais dos estudantes para o acesso
ao saber. (MICOTTI, 1999, p.156).
8. Aportes teóricos
Em relação a contextualização do conhecimento,
Moysés afirma que
[...] ele permite que não se perca o fio do raciocínio ao se
resolver um problema matemático. Mantendo-se o
sentido do todo e de cada operação mental, em
particular, está-se mais apto a resolver adequadamente
o problema, como também a transferir para novas
situações o conhecimento construído na prática.
(1997, p.68).
9. Aportes teóricos
Em relação a linguagem matemática vimos que:
A linguagem nas aulas de matemática deve ser
utilizada de maneira significativa, a fim de promover a
compreensão dos conceitos e convencer os alunos de
que o uso da simbologia tem por finalidade facilitar a
comunicação do conhecimento matemático.
(Zuchi,2004)
10. Aportes teóricos
Propostas metodológicas para o ensino de
funções:
Modelagem matemática;
Resolução de problemas;
Utilização de recursos de informática.
11. Análise dos resultados
Aspectos analisados:
estudos realizados no 1º ano do ensino médio e o
estudo de funções;
formas de identificar uma função;
construção de gráficos funcionais;
domínio e imagem de uma função;
aspectos gráficos (função crescente e decrescente);
conceito de função.
12. Análise dos resultados
Estudos realizados no 1º ano do ensino médio e o estudo de
funções
dificuldade para responder quais foram os conteúdos
estudados;
expressam alguns itens citados de um modo muito
confuso, com palavras soltas e repetindo, quase sempre,
“eu não me lembro” ou “não consigo lembrar do nome da
matéria”.
13. Análise dos resultados
Quando perguntamos a respeito do estudo de
funções, observamos que:
alguns dos sujeitos lembram de certos tipos de
funções, das variáveis x e y;
a maioria deles lembra ter estudado gráficos;
apenas um refere-se à relação entre dois conjuntos;
nenhum deles refere-se aos conjuntos domínio e
imagem.
14. Análise dos resultados
Em relação a forma como poderia ser representada
uma função obtivemos, entre as representações:
Aluno 02: Aluno 03:
16. Análise dos resultados
Das respostas obtidas observamos que:
a maioria dos alunos não faz distinção entre uma
equação e uma função, definindo como função qualquer
sentença matemática em que apareça x e y;
consideram que a função escrita na forma algébrica deve
ter explicitamente as letras x e y;
não consideram, entre as relações propostas que y = 5 é
uma função, o que demonstra que desconhecem a
noção de função constante;
uma função definida por duas sentenças matemáticas,
como a representada na letra d, lhes causa estranheza.
19. Análise dos resultados
No geral observamos que:
os estudantes têm idéia de que uma relação
entre dois conjuntos representa uma função
quando não sobram elementos sem
correspondência em nenhum dos dois
conjuntos;
não consideram, na relação entre dois
conjuntos, a representação de uma função
constante.
21. Análise dos resultados
Verificamos que:
os alunos construíram os gráficos das três funções seguindo sempre
o mesmo procedimento;
não se preocupam em determinar, na segunda função, as
coordenadas do vértice e os pontos onde a parábola intercepta o
eixo das abscissas;
para a construção do gráfico da função representada pela letra c, os
alunos, na sua maioria, conceberam a divisão por zero uma
possibilidade;
nenhum dos alunos determinou, para construir os gráficos, o
domínio das funções;
não utilizam adequadamente a escala no plano cartesiano e
marcam os pontos sem observar que estão representando mais de
um par ordenado em cada ponto.
22. Análise dos resultados
Em relação a configuração gráfica de uma
função, os alunos se manifestam:
Aluno 01: Depende do valor do x, se o valor
fosse muito alto, ela dava curva e se o valor
fosse baixo, ela dava reta.
Aluno 02: Se eu não me engano, vai fazendo
mais negativo pro x. (refere-se à condição para
que o gráfico da função seja uma curva).
24. Análise dos resultados
Verificamos, assim, que os alunos:
não demonstram compreender o significado de
domínio e imagem de uma função, além de
utilizarem, de maneira inadequada, os símbolos
matemáticos para a sua representação.
25. Análise dos resultados
O conceito de função
Num primeiro momento, durante as entrevistas, foi
perguntado aos alunos o que eles entendem por uma
função, o que ela representa e para que serve.
Obtivemos como respostas:
Aluno 01: Sei lá, pra aprender a fazer gráfico.
Aluno 04: É que calcula os valores de x e de y e coloca
no gráfico.
Aluno 05: Ai, ai, não sei. Sei lá, eu ia dize que é função
de x e y, e que tinha que descobrir os valor de x e y e
montar gráfico, coisa assim.
26. Análise dos resultados
Perguntamos a eles: “O que é uma função?” e “Para que
serve uma função?”.
Apresentamos, entre outras, as respostas:
Aluno 05:
Aluno 07:
27. Análise dos resultados
Constatamos com as respostas dos alunos que:
que a maioria dos alunos demonstra dificuldade em
expressar suas idéias sobre o que representa uma
função e qual o seu significado;
a compreensão dos alunos em relação a uma função é
justamente ser um instrumento matemático utilizado
para encontrar os valores de x e y e construir seus
gráficos;
os sujeitos da pesquisa têm uma visão estática do
conceito de função, tendo a idéia de que uma função só
tem razão de ser e existir na própria matemática,
motivo pelo qual não fazem referência a nenhuma
aplicação prática.
28. Conclusões
o estudo de funções está fortemente associado a construção
de gráficos;
os alunos têm dificuldades em estabelecer as condições
necessárias para que uma relação seja definida como uma
função;
não demonstram compreender as relações entre as variáveis;
não percebem a diferença entre uma função e uma equação;
dificuldade na análise de gráficos funcionais;
não demonstram compreender o significado de domínio e de
imagem;
não compreendem o conceito de função.
29. Implicações pedagógicas
Os resultados da pesquisa mostram que:
o ensino de matemática precisa ser repensado e buscar
alternativas para a construção do conhecimento matemático;
importância da linguagem matemática utilizada e a forma como o
conteúdo é apresentado e desenvolvido em sala de aula ou nos
livros didáticos;
Contudo, é necessário que o professor em seu fazer
pedagógico assuma uma postura de educador matemático que,
segundo Fiorentini (2006), concebe a matemática como um meio
importante à formação intelectual e social do aluno.
30. Referências
BARRETO FILHO, Benigno; SILVA, Cláudio Xavier. Matemática: aula por aula. São Paulo:
FTD, 2003.
BOYER, Carl Benjamin. História da matemática. Tradução: Elza Furtado Gomide. São Paulo,
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MEC, 1999.
BRITO, Dirceu dos Santos; ALMEIDA, Lourdes M. W. O conceito de função em situações de
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CÂNDIDO, Suzana Laino. Uma experiência sobre o ensino e a aprendizagem de funções.
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1998.
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Porto Alegre: Sulina, Passo Fundo: Ediupf, 1998.
31. Referências
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MARIANI, Rita de Cássia P. O estudo de funções uma análise através dos registros de
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Aparecida Viggiani (Org.). Pesquisa em Educação Matemática: concepções e perspectivas.
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32. Referências
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ZUCHI, Ivanete. A importância da linguagem no ensino de matemática. Educação
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do ensino médio. Zetetiké, Campinas, v. 8, n. 13/14, p. 7-28, jan./dez. 2000.
ZUFFI, Edna Maura. Alguns aspectos do desenvolvimento histórico do conceito de
função. Educação Matemática em Revista, São Paulo, n. 9/10, p. 10-16, abr. 2001.