Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
Análise das versões discursivas sobre a alteridade
1. FUNDAÇÃO FRANCISCO MASCARENHAS-FFM
FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS - FIP
CURSO: LICENCIATURA PLENA EM LETRAS
DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA CULTURAL
PROFESSORA: ROSIMARY RAMOS RODRIGUES
DANIEL RODRIGUES DA SILVA
LUZIANA DE CASSIA DA SILVA ANDRADE
ANÁLISE DE TEXTO
O NOME DOS OUTROS. NARRANDO A ALTERIDADE NA
CULTURA E NA EDUCAÇÃO
DUCHATZKY, Silvia; SKLIAR, Carlos. O nome dos outros. Narrando a alteridade na
cultura e na educação. In: LARROSA, Jorge; SKLIAR, Carlos (orgs.). Habitantes de
Babel: Políticas e poéticas da diferença. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. (p. 119-
138)
PATOS-PB
2012
2. O NOME DOS OUTROS. NARRANDO A ALTERIDADE NA
CULTURA E NA EDUCAÇÃO
Percebe-se ,que em nossa sociedade o preconceito se reveste de forma sutil ,
atrelados em discursos que se revestem com novas palavras. Embora vivamos em uma
sociedade moderna, informada, de grandes avanços tecnológicos, oser humano ainda
está arraigado, enraizado na discriminação absoluta. Os termos como inclusão, respeito
a diversidade, tolerância, que na verdade não passam de eufemismos, soam como se na
realidade não ocorresse na prática, como se o ser humano estivesse preparado para
conviver com a diversidade no mundo.
Segundo Bhabha, esta época se define através da metáfora da desorientação:
muito mais sem que uma sensação confusa, existiria um verdadeiro distúrbio da direção
humana, um momento de trânsito em que o espaço e o tempo se cruzam para produzir
figuras complexas de diferença e identidade, de passado e de presente , de interior e
exterior.
Apresentaremos três formas nas quais a diversidade foi anunciada, configurando
como aquilo que poderia ser chamado de versões discursivas sobre a alteridade. São
elas: “O outro como fonte de todo mal”, “O outro como sujeito pleno de um grupo
cultural”, “ O outro como alguém a tolerar”.
O OUTRO COMO FONTE DE TODO MAL
A modernidade construiu várias estratégias de regulação e de controle da
alteridadeque, só em princípio, podem parecer sutis variações.Entre elas, a demonização
do outro: sua transformação em sujeito ausente.As normas de narrar a alteridade são, ao
fim e ao cabo,formas de tradução e de representação que diluem os conflitos e que
delimitam os espaços por onde transitar com relativa calma. Mas, se a cultura é como
diz Bhabha( 1994, op.cit., um território de permanentes traduções, o problema está em
quem traduz a quem( ou quem representa a quem), resultando a representação e
tradução dos outros que está atravessada por uma busca permanente de eufemismos,
melhores (ou piores) de denominar a alteridade.
A alteridade, para fazer parte da diversidade cultural bem entendida e aceitável,
deve despir-se, des-racializar-se, des-sexualizar-se, despedir-se de suas marcas de
identidade: deve, em outras palavras, ser como as demais.
Esse tipo de pensamento consiste em colocar toda culpa das falhassociais no
“outro” . Como o caso do homossexualismo, que denominaram o origem de todo o mal,
como se essas falhas não houvessem uma causa política, econômica ou social, sendo o
“outro” visto como a resposta ou causa para todos esses males.
O OUTRO COMO SUJEITOS PLENOS DE UMA MARCA CULTURAL
Apartir destes aspectos, as culturas representam comunidades interligadas a
crimes e estilos de vida. O conhecimento adquirido da culturas primitivas deu origem ao
3. mito do arquetipo cultural que afirma que cada cultura se funda em padrão que outorga
sentido pleno à vida de todos seus membros, como se tratasse de redes perfeitamente
tecidas que todos capturam.
Para Bhabha, a diversidade cultural é também a representação de uma retórica
radical de separação de culturas totalizadas, a salvo de toda intertextualidade, protegidas
na utopia de uma memória mítica de uma identidade estável.
O multiculturalismo torna-se discurso conservador quando a pergunta pelas
diferenças não é acompanhada por outra pergunta ,ou seja acerca da articulação dos
fragmentos E dizemos conservador porque o pensamento fica desarmado para pensar a
dimensão do sistema como totalidade articulada.
Como não reivindicar o discurso da tolerância, frente às consequências que a
intolerância estabelece para a vida humana e para o exercício da liberdade?
Walzer (1998) interroga a chamada política da tolerância, pondo em relevo as
ambigüidades dos diferentes regimes de tolerância que a humanidade construiu. Em um
processo de somas e subtrações, a historiada tolerância se estabeleceu a partir do privilégio
do indivíduo em detrimento do reconhecimento de grupos ou ao inverso, o que se tolera é o
grupo, deixando sem resolver a questão da liberdade individual.
A polêmica com o discurso da tolerância não supõe reivindicar seu oposto. Geertz
(1996) aponta com clareza essa questão quando assinala que interroga os limites do
relativismo não torna alguém anti-relativista, assim como confrontar com o marxismo não
torna alguém anti-marxista. Do mesmo modo, debater com os limites do discurso da
tolerância não implica, de nenhum modo, reivindicar a intolerância.
Geertz assinala, com certeza, que o medo obsessivo ao relativismo nos torna
xenofóbiocos; porém isto não quer dizer que se trata de seguir o lema „tudo é segundo a cor
com que se olhe‟. As culturas não são essenciais, identidades fechadas que permanecem
através do tempo, mas são lugares de sentido e de controle, que podem alterar-se e ampliar-se
em sua interação. A questão não é evitar o julgamento de uma a outra ou ao interior dela
mesma, não é tão pouco construir um juízo isento de interrogação, mas é, sim, unir o juízo a
um exame dos contextos e situações concretas.
(...) A tolerância debilita as diferenças discursivas e mascara as desigualdades. Quanto
mais polarizada se senta o mundo e mais proliferam todo tipo de bunkers, mais ressoa o
discurso da tolerância e mais se toleram formas desumanas de vida
A tolerância tem uma grande familiaridade com a indiferença. Corre o risco de tornar-
se mecanismo de esquecimento e levar seus portadores a eliminar subitamente as memórias
da dor (...).
(...) Porém também somos tolerantes quando naturalizamos os mandatos da
competitividade como as únicas formas de integração social, quando fazemos recair no
voluntarismo individual toda esperança de bem estar e reconhecimento, quando damos uma
4. piscadela conciliatória a tudo o que emana dos centros de poder, quando não disputamos com
os significados que nos conferem identidades terminais. Somos tolerantes quando evitamos
examinar os valores que dominam a cultura contemporânea, mas também somos tolerantes
quando evitamos polemizar com crenças e prejuízos dos chamados setores subalternos e
somos tolerantes quando, a todo custo, evitamos contaminações, mesclas, disputas.
Retornemos ao principio, para poder sair disso: „O outro como fonte de todo mal‟ nos
impede à xenofobia (o sexismo, a homofobia, o racismo etc.). Por sua vez, o discurso
multiculturalista corre o risco de fixar os sujeitos à única ancoragem de identidade, que é
como condena-los a não ser outra coisa se não aquilo que são, a abandonar a pretensão de
todo laço coletivo. E, por ultimo, a tolerância pode instalar-nos na indiferença e no
pensamento frágil.