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AVALIAÇÃO DE FILOSOFIA | 3º BIMESTRE
PLATÃO E ARISTÓTELES
ATENÇÃO: NÃO RASURAR O GABARITO DA FOLHA DE RESPOSTAS!
1. (Uepa 2015) Leia o texto para responder à questão.
Platão:
A massa popular é assimilável por natureza a um animal escravo de suas paixões e de seus
interesses passageiros, sensível à lisonja, inconstante em seus amores e seus ódios; confiar-lhe o
poder é aceitar a tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do menor rigor. Quanto às
pretensas discussões na Assembleia, são apenas disputas contrapondo opiniões subjetivas,
inconsistentes, cujas contradições e lacunas traduzem bastante bem o seu caráter insuficiente.
(Citado por: CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 17)
Os argumentos de Platão, filósofo grego da antiguidade, evidenciam uma forte crítica à:
a) oligarquia
b) república
c) democracia
d) monarquia
e) plutocracia
Resposta da questão 1: [C]
Na concepção platônica, a busca pelo conhecimento verdadeiro permeia todo seu sistema filosófico. Neste
sistema, Platão estabelece que existem dois mundos, o mundo sensível (representa a matéria e as
sensações ao qual estamos inseridos) e o mundo inteligível (representa as ideias, a razão). Neste sentido,
para Platão somos ligados às sensações pessoais e isto nos conduzem ao erro pois não podemos confiar
nelas. Somente podemos obter a verdade por meio do mundo da inteligível. Contudo, isto não é para
qualquer um, somente para os filósofos, pois eles buscam o verdadeiro saber, assim estes sabem qual é o
melhor caminho para a ampliação do conhecimento, por conseguinte, qual o melhor caminho para fazer
com que todas as pessoas da cidade possam desenvolver seu pleno potencial. Assim, os filósofos são os
únicos capazes de conhecer a verdade e devem decidir o destino da cidade, neste contexto a democracia é
um empecilho, pois não produz um consenso absoluto, verdadeiro. Portanto, Platão estabelece uma severa
crítica ao sistema democrático grego. O único sistema que corresponde às críticas estabelecidas por Platão
é o descrito na alternativa [C].
2. (Uel 2015) Leia o diálogo a seguir.
Glauco: – Que queres dizer com isso?
Sócrates: – O seguinte: que me parece que há muito estamos a falar e a ouvir falar sobre o
assunto, sem nos apercebermos de que era da justiça que de algum modo estávamos a tratar.
Glauco: – Longo proémio – exclamou ele – para quem deseja escutar!
2. Sócrates: – Mas escuta, a ver se eu digo bem. O princípio que de entrada estabelecemos que devia
observar-se em todas as circunstâncias, quando fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me
parece, ou ele ou uma das suas formas, a justiça.
PLATÃO. A República. 7.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. p.185-186.
Com base nesse fragmento, que aponta para o debate em torno do conceito de justiça na obra A
República de Platão, explique como Platão compreende esse conceito.
Resposta da questão 2:
A concepção de justiça em Platão está ligada a uma concepção idealista onde esta somente ocorre na
cidade que educa seus cidadãos. Platão segue uma orientação ética na qual o foco reside no ensinamento
do homem para que este despreze os prazeres, as riquezas e as honras. A finalidade do homem em Platão é
procurar transcender a realidade, procurar um bem superior. Isto somente pode acontecer em um modelo
ideal de cidade. A cidade de Calípolis descrita no livro da República representa um local no qual se torna
possível dar a cada um aquilo que lhe é próprio. Este conceito assume uma postura central dentro da
organização da república platônica. Existe baseado nesta teoria um sistema educacional a fim de orientar
cada um segundo suas aptidões. Ou seja, para Platão cada cidadão deve oferecer o melhor de si para que a
cidade prospere. Platão parte de uma concepção aristocrática, dividindo a sociedade em classes,
guerreiros, comerciantes e administradores, para que cada um desempenhe seu papel de forma a guiar a
cidade para a prosperidade e faze com que cada um encontre sua realização naquilo que lhe for próprio de
sua natureza. Desta forma, a justiça é equilíbrio e não se limita apenas a restaurar o que lhe foi tirado, mas
pelo contrário proporcionar condições para o desenvolvimento de cada cidadão.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O texto a seguir é referência para a(s) próxima(s) questão(ões).
“... não é fácil determinar de que maneira, e com quem e por que motivos, e por quanto tempo
devemos encolerizar-nos; às vezes nós mesmos louvamos as pessoas que cedem e as chamamos
de amáveis, mas às vezes louvamos aquelas que se encolerizam e as chamamos de viris.
Entretanto, as pessoas que se desviam um pouco da excelência não são censuradas, quer o façam
no sentido do mais, quer o façam no sentido do menos; censuramos apenas as pessoas que se
desviam consideravelmente, pois estas não passarão despercebidas. Mas não é fácil determinar
racionalmente até onde e em que medida uma pessoa pode desviar-se antes de tornar-se
censurável (de fato, nada que é percebido pelos sentidos é fácil de definir); tais coisas dependem
de circunstâncias específicas, e a decisão depende da percepção. Isto é bastante para determinar
que a situação intermediária deve ser louvada em todas as circunstâncias, mas que às vezes
devemos inclinar-nos no sentido do excesso, e às vezes no sentido da falta, pois assim atingiremos
mais facilmente o meio-termo e o que é certo.”
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Livro II. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 150 (Col. Os Pensadores).
3. (Ufpr 2015) Agir de modo virtuoso é, segundo Aristóteles, agir sempre do mesmo modo? Por
quê?
Resposta da questão 3:
O agir para Aristóteles não está limitado a um único modo, pois as circunstâncias variam e fazem com que a
ação que se deva tomar também varie. Contudo, isto não quer dizer que devemos agir de qualquer modo,
pelo contrário, para agir de forma virtuosa o indivíduo deve ter uma consciência livre com base em uma
moral que não varie. Conforme as práticas habituais do indivíduo sejam pautadas pela retidão moral de
suas ações, sua deliberação irá naturalmente guiá-lo em suas decisões. O pressuposto para que tal
comportamento se efetive é primeiramente a disposição para conhecer e refletir seguido pela prática da
virtude. Desta forma, as ações podem variar, porém o princípio que as orienta se mantém.
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4. (Unesp 2014) Texto 1
A verdade é esta: a cidade onde os que devem mandar são os menos apressados pela busca do
poder é a mais bem governada e menos sujeita a revoltas, e aquela onde os chefes revelam
disposições contrárias está ela mesma numa situação contrária. Certamente, no Estado bem
governado só mandarão os que são verdadeiramente ricos, não de ouro, mas dessa riqueza de que
o homem tem necessidade para ser feliz: uma vida virtuosa e sábia.
(Platão. A República, 2000. Adaptado.)
Texto 2
Um príncipe prudente não pode e nem deve manter a palavra dada quando isso lhe é nocivo e
quando aquilo que a determinou não mais exista. Fossem os homens todos bons, esse preceito
seria mau. Mas, uma vez que são pérfidos e que não a manteriam a teu respeito, também não te
vejas obrigado a cumpri-la para com eles. Nunca, aos príncipes, faltaram motivos para dissimular
quebra da fé jurada.
(Maquiavel. O Príncipe, 2000. Adaptado.)
Comente as diferenças entre os dois textos no que se refere à necessidade de virtudes pessoais
para o governante de um Estado.
Resposta da questão 4:
No texto 1 Platão desenvolve a tese de que cidade seria melhor administrada pelo “Filósofo Rei”, nesta
teoria desenvolvida no livro “A República” o filósofo é o melhor administrador por ser aquele que possui
conhecimento da “verdade” que se identifica com o Bom, o Bem e o Belo que residem no Mundo das
Ideias. Ele (Filósofo Rei) seria o único capaz de guiar os habitantes da cidade na busca do melhor
desenvolvimento de cada um segundo suas aptidões naturais, ou seja, o bem que reside dentro de cada
indivíduo pode ser alcançado e permitir uma vida feliz a todos. A virtude do governante centra-se na busca
da concretização do bem a todos os habitantes da cidade. Não sendo o filósofo guiado por interesses
particulares, ele se torna o administrador ideal para a cidade. Já no texto 2, Nicolau Maquiavel, em seu livro
“O Príncipe”, desenvolve uma tese que rompe com lógica estabelecida entre ética e poder. Seu
pressuposto de que os homens são maus, faz com que o príncipe deve buscar manter o poder mediante
estratégias que não possuem ligação com o comportamento virtuoso. Elementos como virtú (entendida
como impetuosidade, coragem) e fortuna (entendida como ventura, oportunidade), somado a um
conhecimento da moralidade dos homens, são recursos que permitem ao governante agir de modo
calculado, não objetivando o desenvolvimento de uma bondade natural nos homens como acredita Platão,
mas tendo como foco a condução dos homens rumo a uma melhor condição de vida que não siga
necessariamente o caminho da virtude enquanto retidão moral.