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Muitos estudos tem sido feito e publicado sobre a ação terapêutico dos diversos contos
infantis para se restabelecer a saúde mental e/ou preservá-la, por diferentes teóricos. A
Psicologia, a Psicopedagogia, a Arteterapia e a Psicanálise são exemplos de áreas que utilizam
essa técnica e promovem cursos divulgando cada vez mais a sua importância.

Buscando ampliar o conhecimento sobre este tema e abrindo espaço para que, tanto
profissionais e pacientes, que não utilizam os contos de fada e outros gêneros semelhantes
por questões religiosas, é que fomos instigados a pesquisar sobre a ação terapêutica das
Histórias Bíblicas.

Certa ocasião, ao apresentar este tema como fonte de pesquisa discordaram da ideia por
acreditarem que ciência e religião não se misturam.

Durante muito tempo a educação nos lares e nas escolas esteve fundamentada apenas na
religião, em seus princípios e crenças, bem como em seus aspectos morais e éticos. Com o
passar do tempo muita coisa mudou neste sentido e a religião deixou de ser o guia da
sociedade, que vem apresentando problemas na formação emocional, moral e ética de seus
cidadãos.

NETO (2002) diz que para a população empobrecida pode-se considerar a religiosidade como
um dos últimos fios de esperança e como tábua de salvação, sendo a forma pela qual eles
podem lidar com suas dores e a dar significado às suas vidas.

Segundo MORAES (2004, s/p), Jung coloca que a ausência tanto da arte como da religião pode
gerar ou agravar as neuroses e diz que, “ a psicoterapia, a arte e a religião são formas da alma
buscar e se fazer total ou inteira através da integração dos símbolos.”

ALT (2000), apresentando uma citação de Jung que diz:

    doentes na segunda metade da vida, isto é, tendo mais de trinta e cinco anos, não houve
um cujo problema mais profundo não fosse a atitude religiosa. Todos, em última instância,
estavam doentes por ter perdido aquilo que uma religião viva sempre deu em todos os tempos
a seus adeptos, e nenhum curou-se realmente sem recobrar a atitude religiosa que lhe fosse
própria.(op.cit. 47, 48)



Para ele a religiosidade é uma função natural que faz parte da psique, é considerado um
fenômeno universal. Chama de Self o aspecto psicológico que estabelece a imagem de Deus no
homem. Percebeu que para que haja uma união entre o individuo e a psique coletiva se faz
necessário a existência de uma atitude religiosa viva e válida.

Ao buscar reestabelecer a saúde emocional da pessoa, a Arteterapia acaba resgatando
também o aspecto espiritual, aproximando a criação do seu Criador.

SAVIANI (1995) argumenta que ao se entrar em contato com qualquer tipo de manifestação
artística, entra-se em contato com “manifestações de costumes, religiões, política” e qualquer
tema que esteja vinculado a história da humanidade e é na relação da arte, do fazer artístico e
do espiritual que se dá a vivência da transformação da matéria e do espírito. No ato de criar e
transformar o ser humano confirma que foi feito à imagem e semelhança de Deus.

Um outro aspecto que funciona como elo na relação da religião com a Arteterapia são os
símbolos, a linguagem simbólica que se encontra nos ensinamentos e nos rituais. A Bíblia está
repleta de símbolos e em vários livros que a compõe encontra-se a linguagem simbólica em
seus relatos. O próprio Jesus fez uso da linguagem simbólica em seus discursos para que seus
ensinamentos pudessem ser melhores compreendidos por todas as pessoas que O ouviam.

ALT (2000, p.61) comenta que “os símbolos são estruturados nas diversas culturas em função
da estrutura social e da necessidade de respostas às questões que se fazem ao concreto... Sob
a forma abstrata, os símbolos são idéias religiosas; sob a forma de ação, são ritos ou
cerimônias.”

Citando Jung, ALT (2000) relata que “a linguagem das religiões é feita de símbolos. E esses
símbolos, ao longo dos tempos, sem duvida, têm atuado profundamente sobre a vida dos
indivíduos.” Citando Jung comenta que ele “interessou-se pelos símbolos de todas as religiões
da humanidade..., mas deu ênfase especial aos símbolos cristãos.”(op.cit. 63 )

Citando EDINGER, diz que ele considerava que “em termos psicológicos”, Cristo é,
simultaneamente, símbolo do Self e do ego ideal.” (op. cit., p.64)

Backer (apud ARRAIS; CARPEGGIANI,2006), teólogo e psicólogo que utiliza a Bíblia na terapia
com seus pacientes, diz que “ (...)Se deixarmos de lado nossos preconceitos contra a religião e
escutarmos os ensinamentos contidos na Bíblia sobre as relações humanas, vamos perceber
que Jesus foi o maior psicólogo que já viveu.”

“Hoje, a Bíblia e a Filosofia são receitadas como terapias.” (op.cit.p.5 e 3)

De acordo com Palma FILHO (2006) a arte, a filosofia e a religião são os meios pelos quais o ser
humano busca representar a realidade através do material e do simbólico.

Philippini (2008) diz que Jung descreveu amplamente como eram codificados em símbolos as
etapas de individuação nas culturas mais diversas, “com temas comuns de forma similar, como
representações do inconsciente coletivo, repetindo em mitos, contos de fadas, tradições
religiosas, tratados alquímicos e ritos de passagem.” Estes temas reaparecem em sonhos e
atividades artísticas como a escultura e a pintura e em imagens produzidas “através da
imaginação ativa e nas técnicas de visualização e meditação.”

Para McCaskey (2006)a linguagem simbólica está presente nas narrativas dos mitos, nos koans
do Zen Budismo, nas histórias do Antigo Testamento, nas imagens e sensações criadas pela
poesia, nos contos de fadas e nos mais diversos textos sagrados.

Considerando tais afirmações, pode-se concluir que estes três campos de atuação se
entrelaçam e se (inter)relacionam ao olharem o indivíduo como um todo: um ser capaz de
atuar em sua própria vida, transformando-a criativamente. A Arteterapia permeia a
Psicopedagogia e a fortalece com seus instrumentos de mediação, dentre os quais alguns
estão relacionados com a religiosidade existente em cada ser humano. Dentro do mundo da
literatura infantil encontramos as histórias bíblicas,que diferentemente dos contos, são relatos
de cunho religioso e da história do povo de Israel nos quais encontramos situações como a
rivalidade fraterna, perdas, angústias, solidão, adoção, relações parentais, fuga, entre outras e
apresenta Deus, um Ser superior, que está sempre presente na vida de cada um capacitando-o
a superar as dificuldades. Todos estes são temas que ainda circundam as nossas vidas de
maneira muito intensa.

Por considerar que a religião é fundamental no desenvolvimento saudável do ser humano e
que as histórias bíblicas são expressões de como Deus pode atuar na vida de cada um e
transformá-la diante das adversidades, capacitando, sensibilizando e libertando o indivíduo, é
que busquei estabelecer relações entre a arte e as histórias bíblicas dentro do processo
terapêutico na Psicopedagogia e na Arteterapia.




REFERÊNCIAS

ALT, C. B. Contos de Fadas e Mitos: Um trabalho com Grupos, Numa Abordagem
        Junguiana, São Paulo: Vetor, 2000.

ARRAIS, D. e CARPEGGIANI, S. Freud ainda explica. Jornal do Comércio. Recife,
      2006 - http://jc.uol.com.br/jornal/2006/05/06/not_182909.php

BARBOSA, A. M. A Imagem no Ensino da Arte, 4ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1991.

McCASKEY,            T.C.        A            Linguagem      Poética           da      Mitologia.
      http://monomito.wordpress.com/2006/12/05/linguagempoeticamit/

MORAES, F. Vida Simbólica: Contribuições Junguianas para o Entendimento da
      Eficácia Terapêutica do Fazer Artístico. 2004. Disponível em:

     <http://www.portas.ufes.br/artigos-online.htm>. Acesso em: 15/11/2007.

SOUZA NETO, João Clemente de. Crianças e Adolescentes Abandonados –
      Estratégias de sobrevivência - Editora Expressão & Arte. 2ª edição, 2002, SP.

PHILIPPINI, A. Universo Junguiano e Arteterapia.                     in Revista Imagens da.
      Transformação      –   Vol.    II   -    Clinica   Pomar   –    RJ   –   1995   ...Internet:
      http://www.arteterapia.org.br/UNIVERSO%20JUNGUIANO%20E%20ARTETERA
      PIA.pdf. Acesso em: 5/7/2008.
SAVIANI, I. O Espiritual e a Arte na Arte-Terapia. Revista: Reflexões – nº 1. São Paulo :
     Sedes, 1995.

SOUZA, O. R. S. de. Breve Histórico da Arteterapia . Disponível em :

     <http://www.amart.com.br/arte_historico.htm >. Acesso em: 15/11/2007.

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Histórias Bíblicas como Recurso Terapêutico

  • 1. Muitos estudos tem sido feito e publicado sobre a ação terapêutico dos diversos contos infantis para se restabelecer a saúde mental e/ou preservá-la, por diferentes teóricos. A Psicologia, a Psicopedagogia, a Arteterapia e a Psicanálise são exemplos de áreas que utilizam essa técnica e promovem cursos divulgando cada vez mais a sua importância. Buscando ampliar o conhecimento sobre este tema e abrindo espaço para que, tanto profissionais e pacientes, que não utilizam os contos de fada e outros gêneros semelhantes por questões religiosas, é que fomos instigados a pesquisar sobre a ação terapêutica das Histórias Bíblicas. Certa ocasião, ao apresentar este tema como fonte de pesquisa discordaram da ideia por acreditarem que ciência e religião não se misturam. Durante muito tempo a educação nos lares e nas escolas esteve fundamentada apenas na religião, em seus princípios e crenças, bem como em seus aspectos morais e éticos. Com o passar do tempo muita coisa mudou neste sentido e a religião deixou de ser o guia da sociedade, que vem apresentando problemas na formação emocional, moral e ética de seus cidadãos. NETO (2002) diz que para a população empobrecida pode-se considerar a religiosidade como um dos últimos fios de esperança e como tábua de salvação, sendo a forma pela qual eles podem lidar com suas dores e a dar significado às suas vidas. Segundo MORAES (2004, s/p), Jung coloca que a ausência tanto da arte como da religião pode gerar ou agravar as neuroses e diz que, “ a psicoterapia, a arte e a religião são formas da alma buscar e se fazer total ou inteira através da integração dos símbolos.” ALT (2000), apresentando uma citação de Jung que diz: doentes na segunda metade da vida, isto é, tendo mais de trinta e cinco anos, não houve um cujo problema mais profundo não fosse a atitude religiosa. Todos, em última instância, estavam doentes por ter perdido aquilo que uma religião viva sempre deu em todos os tempos a seus adeptos, e nenhum curou-se realmente sem recobrar a atitude religiosa que lhe fosse própria.(op.cit. 47, 48) Para ele a religiosidade é uma função natural que faz parte da psique, é considerado um fenômeno universal. Chama de Self o aspecto psicológico que estabelece a imagem de Deus no homem. Percebeu que para que haja uma união entre o individuo e a psique coletiva se faz necessário a existência de uma atitude religiosa viva e válida. Ao buscar reestabelecer a saúde emocional da pessoa, a Arteterapia acaba resgatando também o aspecto espiritual, aproximando a criação do seu Criador. SAVIANI (1995) argumenta que ao se entrar em contato com qualquer tipo de manifestação artística, entra-se em contato com “manifestações de costumes, religiões, política” e qualquer tema que esteja vinculado a história da humanidade e é na relação da arte, do fazer artístico e
  • 2. do espiritual que se dá a vivência da transformação da matéria e do espírito. No ato de criar e transformar o ser humano confirma que foi feito à imagem e semelhança de Deus. Um outro aspecto que funciona como elo na relação da religião com a Arteterapia são os símbolos, a linguagem simbólica que se encontra nos ensinamentos e nos rituais. A Bíblia está repleta de símbolos e em vários livros que a compõe encontra-se a linguagem simbólica em seus relatos. O próprio Jesus fez uso da linguagem simbólica em seus discursos para que seus ensinamentos pudessem ser melhores compreendidos por todas as pessoas que O ouviam. ALT (2000, p.61) comenta que “os símbolos são estruturados nas diversas culturas em função da estrutura social e da necessidade de respostas às questões que se fazem ao concreto... Sob a forma abstrata, os símbolos são idéias religiosas; sob a forma de ação, são ritos ou cerimônias.” Citando Jung, ALT (2000) relata que “a linguagem das religiões é feita de símbolos. E esses símbolos, ao longo dos tempos, sem duvida, têm atuado profundamente sobre a vida dos indivíduos.” Citando Jung comenta que ele “interessou-se pelos símbolos de todas as religiões da humanidade..., mas deu ênfase especial aos símbolos cristãos.”(op.cit. 63 ) Citando EDINGER, diz que ele considerava que “em termos psicológicos”, Cristo é, simultaneamente, símbolo do Self e do ego ideal.” (op. cit., p.64) Backer (apud ARRAIS; CARPEGGIANI,2006), teólogo e psicólogo que utiliza a Bíblia na terapia com seus pacientes, diz que “ (...)Se deixarmos de lado nossos preconceitos contra a religião e escutarmos os ensinamentos contidos na Bíblia sobre as relações humanas, vamos perceber que Jesus foi o maior psicólogo que já viveu.” “Hoje, a Bíblia e a Filosofia são receitadas como terapias.” (op.cit.p.5 e 3) De acordo com Palma FILHO (2006) a arte, a filosofia e a religião são os meios pelos quais o ser humano busca representar a realidade através do material e do simbólico. Philippini (2008) diz que Jung descreveu amplamente como eram codificados em símbolos as etapas de individuação nas culturas mais diversas, “com temas comuns de forma similar, como representações do inconsciente coletivo, repetindo em mitos, contos de fadas, tradições religiosas, tratados alquímicos e ritos de passagem.” Estes temas reaparecem em sonhos e atividades artísticas como a escultura e a pintura e em imagens produzidas “através da imaginação ativa e nas técnicas de visualização e meditação.” Para McCaskey (2006)a linguagem simbólica está presente nas narrativas dos mitos, nos koans do Zen Budismo, nas histórias do Antigo Testamento, nas imagens e sensações criadas pela poesia, nos contos de fadas e nos mais diversos textos sagrados. Considerando tais afirmações, pode-se concluir que estes três campos de atuação se entrelaçam e se (inter)relacionam ao olharem o indivíduo como um todo: um ser capaz de atuar em sua própria vida, transformando-a criativamente. A Arteterapia permeia a Psicopedagogia e a fortalece com seus instrumentos de mediação, dentre os quais alguns estão relacionados com a religiosidade existente em cada ser humano. Dentro do mundo da
  • 3. literatura infantil encontramos as histórias bíblicas,que diferentemente dos contos, são relatos de cunho religioso e da história do povo de Israel nos quais encontramos situações como a rivalidade fraterna, perdas, angústias, solidão, adoção, relações parentais, fuga, entre outras e apresenta Deus, um Ser superior, que está sempre presente na vida de cada um capacitando-o a superar as dificuldades. Todos estes são temas que ainda circundam as nossas vidas de maneira muito intensa. Por considerar que a religião é fundamental no desenvolvimento saudável do ser humano e que as histórias bíblicas são expressões de como Deus pode atuar na vida de cada um e transformá-la diante das adversidades, capacitando, sensibilizando e libertando o indivíduo, é que busquei estabelecer relações entre a arte e as histórias bíblicas dentro do processo terapêutico na Psicopedagogia e na Arteterapia. REFERÊNCIAS ALT, C. B. Contos de Fadas e Mitos: Um trabalho com Grupos, Numa Abordagem Junguiana, São Paulo: Vetor, 2000. ARRAIS, D. e CARPEGGIANI, S. Freud ainda explica. Jornal do Comércio. Recife, 2006 - http://jc.uol.com.br/jornal/2006/05/06/not_182909.php BARBOSA, A. M. A Imagem no Ensino da Arte, 4ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1991. McCASKEY, T.C. A Linguagem Poética da Mitologia. http://monomito.wordpress.com/2006/12/05/linguagempoeticamit/ MORAES, F. Vida Simbólica: Contribuições Junguianas para o Entendimento da Eficácia Terapêutica do Fazer Artístico. 2004. Disponível em: <http://www.portas.ufes.br/artigos-online.htm>. Acesso em: 15/11/2007. SOUZA NETO, João Clemente de. Crianças e Adolescentes Abandonados – Estratégias de sobrevivência - Editora Expressão & Arte. 2ª edição, 2002, SP. PHILIPPINI, A. Universo Junguiano e Arteterapia. in Revista Imagens da. Transformação – Vol. II - Clinica Pomar – RJ – 1995 ...Internet: http://www.arteterapia.org.br/UNIVERSO%20JUNGUIANO%20E%20ARTETERA PIA.pdf. Acesso em: 5/7/2008.
  • 4. SAVIANI, I. O Espiritual e a Arte na Arte-Terapia. Revista: Reflexões – nº 1. São Paulo : Sedes, 1995. SOUZA, O. R. S. de. Breve Histórico da Arteterapia . Disponível em : <http://www.amart.com.br/arte_historico.htm >. Acesso em: 15/11/2007.