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BarrocoBarroco
Séc. XVII ao começo do séc.Séc. XVII ao começo do séc.
XVIIIXVIII
"Toda forma exige fechamento e fim, e o"Toda forma exige fechamento e fim, e o
barroco se define pelo movimento ebarroco se define pelo movimento e
instabilidade; parece-nos, pois, que ele seinstabilidade; parece-nos, pois, que ele se
encontra ante um dilema: ou negar-se comoencontra ante um dilema: ou negar-se como
barroco, para completar-se numa obra, oubarroco, para completar-se numa obra, ou
resistir à obra para persistir fiel a si mesmo"resistir à obra para persistir fiel a si mesmo"
J. RoussetJ. Rousset
O SURGIMENTOO SURGIMENTO
O Barroco procura solucionar os dilemas deO Barroco procura solucionar os dilemas de
um homem que perdeu sua confiança ilimitada naum homem que perdeu sua confiança ilimitada na
razão e na harmonia, através da volta a umarazão e na harmonia, através da volta a uma
intensa religiosidade medieval e da eliminaçãointensa religiosidade medieval e da eliminação
dos conceitos renascentistas de vida e arte. Emdos conceitos renascentistas de vida e arte. Em
parte, isso não é atingido e as contradiçõesparte, isso não é atingido e as contradições
prosseguiriam.prosseguiriam.
BARROCO
O Barroco é um estilo de arte e arquitetura criado
na Itália. Vem do termo francês barroque que
significa bizarro, esquisito, extravagante. A
intenção do artista era impressionar o espectador,
envolvendo-o espiritualmente com a obra de arte.
O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos
colonizadores, sobretudo portugueses e religiosos.
Seu desenvolvimento pleno se dá no século XVIII,
cem anos após o surgimento do Barroco na
Europa.
Feudalismo Mercantilismo Crise da
sociedade
renascentista
e Contra-
Reforma
Arte Medieval
Teocentrismo
Valorização da
vida espiritual
Renascimento
Humanismo
Valorização da
vida corpórea
Barroco
Volta à
religiosidade
Dilaceramentos:
alma x corpo
vida x morte
claro x escuro
céu x terra, etc.
Conhecido também por Seiscentismo (anos de 1600),Conhecido também por Seiscentismo (anos de 1600),
este foi um estilo literário marcado pela linguagem rebuscada,este foi um estilo literário marcado pela linguagem rebuscada,
o uso de antíteses e de paradoxos que expressavam a visãoo uso de antíteses e de paradoxos que expressavam a visão
de mundo barroca numa época de transição entre ode mundo barroca numa época de transição entre o
teocentrismo e o antropocentrismo.teocentrismo e o antropocentrismo.
No Barroco, estão presentes duas vertentes:No Barroco, estão presentes duas vertentes: cultismo ecultismo e
conceptismo:conceptismo:
Cultismo ou gongorismoCultismo ou gongorismo - valorização de forma e imagem, jogo- valorização de forma e imagem, jogo
de palavras, uso de metáforas, hipérboles, analogias ede palavras, uso de metáforas, hipérboles, analogias e
comparações. Manifesta-se uma expressão da angústia de nãocomparações. Manifesta-se uma expressão da angústia de não
ter fé.ter fé.
BarrocoBarroco
" Ofendi-vos, Meu Deus, é bem verdade," Ofendi-vos, Meu Deus, é bem verdade,
É verdade, Senhor, que hei, delinqüidoÉ verdade, Senhor, que hei, delinqüido
Delinqüido vos tenho...Delinqüido vos tenho...““
Gregório de MatosGregório de Matos
Conceptismo ou quevedismoConceptismo ou quevedismo - valorização do- valorização do
conteúdo/conceito, jogo de ideias através doconteúdo/conceito, jogo de ideias através do
raciocínio lógico. Há o uso da parábola comraciocínio lógico. Há o uso da parábola com
finalidade mística e religiosa.finalidade mística e religiosa.
““Para um homem se ver a si mesmo, são necessáriasPara um homem se ver a si mesmo, são necessárias
três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e étrês coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é
cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhocego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho
e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz.e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz.
Logo, há mister luz, há mister espelho e há misterLogo, há mister luz, há mister espelho e há mister
olhos.olhos.““
Pe. VieiraPe. Vieira
"Se uma ovelha perdida e já cobrada"Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentinoGlória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História,Vos deu, como afirmais na Sacra História,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarradaEu sou, Senhor, a ovelha desgarrada
Cobrai-a e não queirais, Pastor Divino,Cobrai-a e não queirais, Pastor Divino,
Perder na Vossa ovelha a Vossa glória."Perder na Vossa ovelha a Vossa glória."
Gregório de MatosGregório de Matos
Referências históricasReferências históricas
 Renovações culturais trazidas pelo RenascimentoRenovações culturais trazidas pelo Renascimento
 Fim do ciclo das navegaçõesFim do ciclo das navegações
 Reforma Protestante combatida através da Contra-Reforma Protestante combatida através da Contra-
ReformaReforma
Na segunda metade do século XVIII, sentem-Na segunda metade do século XVIII, sentem-
se no Brasil os "ecos" do Barroco. O ciclo do ourose no Brasil os "ecos" do Barroco. O ciclo do ouro
propicia o desenvolvimento das artes em geral,propicia o desenvolvimento das artes em geral,
notadamente em Minas Gerais, em que senotadamente em Minas Gerais, em que se
destacam as obras de Aleijadinho. (1730 – 1814)destacam as obras de Aleijadinho. (1730 – 1814)
São José de Botas, atribuído ao
Aleijadinho
CaracterísticasCaracterísticas
 Essa situação contraditória provoca o aparecimentoEssa situação contraditória provoca o aparecimento
de uma arte que expressar também atitudesde uma arte que expressar também atitudes
contraditórias do artista em face do mundo, da vida,contraditórias do artista em face do mundo, da vida,
dos sentimentos e de si mesmo.dos sentimentos e de si mesmo.
 O homem tenta conciliar a glória e o valor humanoO homem tenta conciliar a glória e o valor humano
despertados pelo Renascimento com as idéias dedespertados pelo Renascimento com as idéias de
submissão e pequenez diante de Deus e a igreja.submissão e pequenez diante de Deus e a igreja.
 Homem está entre céu e terra, consciente de suaHomem está entre céu e terra, consciente de sua
grandeza, mas perseguido pela idéia de pecado egrandeza, mas perseguido pela idéia de pecado e
busca a salvação de forma angustiada. Assim, hábusca a salvação de forma angustiada. Assim, há
uma tentativa de conciliação de idéias antagônicas:uma tentativa de conciliação de idéias antagônicas:
Bem – Mal / Deus – Diabo / Céu – Terra / Pureza –Bem – Mal / Deus – Diabo / Céu – Terra / Pureza –
Pecado / Alegria – Tristeza / Espírito – CarnePecado / Alegria – Tristeza / Espírito – Carne
 Há um crescente pessimismo em face da vida (opostoHá um crescente pessimismo em face da vida (oposto
à vontade de viver e vencer do Renascimento) e tudoà vontade de viver e vencer do Renascimento) e tudo
lembra ao homem sua morte e aniquilamento.lembra ao homem sua morte e aniquilamento.
  
"Ó não guardes, que a madura idade, / te converte essa"Ó não guardes, que a madura idade, / te converte essa
flor, essa beleza, / em terra, em cinza, em pó, emflor, essa beleza, / em terra, em cinza, em pó, em
sombra, em nada."  sombra, em nada."  
Gregório de MatosGregório de Matos
É de se esperar que os recursos dessa visão de mundoÉ de se esperar que os recursos dessa visão de mundo
sejam, na poesia, as figuras: sonoras (aliteração,sejam, na poesia, as figuras: sonoras (aliteração,
assonância, eco, onomatopéia...), sintáticas (elipse,assonância, eco, onomatopéia...), sintáticas (elipse,
inversão, anacoluto, silepse...) e principalmenteinversão, anacoluto, silepse...) e principalmente
semânticas (metáfora, metonímia, sinédoque, antítese,semânticas (metáfora, metonímia, sinédoque, antítese,
paradoxo, clímax...).paradoxo, clímax...).
MetáforaMetáfora
Revolução da poética barroca com o surgimento das metáforasRevolução da poética barroca com o surgimento das metáforas
erótico-anatômicas que associavam o amor ao prazer e a natureza àerótico-anatômicas que associavam o amor ao prazer e a natureza à
mulher.mulher.
 "Goza, goza da flor da mocidade. / Que o tempo trata a toda ligeireza / "Goza, goza da flor da mocidade. / Que o tempo trata a toda ligeireza /
E imprime em toda a flor sua pisada."  E imprime em toda a flor sua pisada."  
Gregório de MatosGregório de Matos
AntíteseAntítese
Reflete a contradição do homem barroco, seu dualismo.Reflete a contradição do homem barroco, seu dualismo.
 "Ardem chamas n "Ardem chamas n’’água, e como / vivem as chamas, que apura, / sãoágua, e como / vivem as chamas, que apura, / são
ditosas Salamandras / as que são nadantes turbas"  ditosas Salamandras / as que são nadantes turbas"  
Botelho de OliveiraBotelho de Oliveira
ParadoxoParadoxo
Demonstra a tentativa de fusão dos opostos que atormenta oDemonstra a tentativa de fusão dos opostos que atormenta o
homem barrocohomem barroco
 "Ardor em firme coração nascido; / Pranto por belos olhos "Ardor em firme coração nascido; / Pranto por belos olhos
derramado; / Incêndio em mares de água disfarçado; / Rio dederramado; / Incêndio em mares de água disfarçado; / Rio de
neve em fogo convertido." neve em fogo convertido." 
Gregório de MatosGregório de Matos
HipérbatoHipérbato
Denota a desordem do pensamento do homem barrocoDenota a desordem do pensamento do homem barroco
 "A vós correndo vou, braços sagrados / Nessa Cruz "A vós correndo vou, braços sagrados / Nessa Cruz
sacrossanta descobertos" sacrossanta descobertos" 
Gregório de MatosGregório de Matos
GradaçãoGradação
 "Oh não aguardes que a madura idade / Te converta essa flor, "Oh não aguardes que a madura idade / Te converta essa flor,
essa beleza, / Em terra, em cinzas, em pó, em sombra, emessa beleza, / Em terra, em cinzas, em pó, em sombra, em
nada." nada." 
Gregório de MatosGregório de Matos
São usados vários símbolos que traduzem a efemeridade e aSão usados vários símbolos que traduzem a efemeridade e a
instabilidade das coisas: fumaça, ventos, neve, chama, água, espumainstabilidade das coisas: fumaça, ventos, neve, chama, água, espuma
etc.etc.
As frases interrogativas ajudam a refletir a dúvida e a incerteza queAs frases interrogativas ajudam a refletir a dúvida e a incerteza que
caracterizam esse período.caracterizam esse período.
 "Porém, se acaba o Sol, por que nascia? / Se tão formosa a Luz é, por "Porém, se acaba o Sol, por que nascia? / Se tão formosa a Luz é, por
que não dura? / Como a beleza assim se transfigura? / Como o gostoque não dura? / Como a beleza assim se transfigura? / Como o gosto
da pena assim se fia?"  da pena assim se fia?"  
Gregório de MatosGregório de Matos
A ordem inversa torna a frase pomposa e traduz os maneios deA ordem inversa torna a frase pomposa e traduz os maneios de
raciocínio, além de retratar a falta de clareza, de certeza diante dasraciocínio, além de retratar a falta de clareza, de certeza diante das
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GREGÓRIO DE MATOS GUERRA (1636-1695)GREGÓRIO DE MATOS GUERRA (1636-1695)
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 A oscilação da alma barroca entre o mundo terreno e a perspectivaA oscilação da alma barroca entre o mundo terreno e a perspectiva
da salvação eterna aguça-se em Gregório de Matos Guerra. Atéda salvação eterna aguça-se em Gregório de Matos Guerra. Até
meados do século XVIII, nenhum homem de letras pode fugir a umameados do século XVIII, nenhum homem de letras pode fugir a uma
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sistema de ensino. Desta forma, ilustrar-se só será possível dentrosistema de ensino. Desta forma, ilustrar-se só será possível dentro
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escravas. Estão presentes nele, portanto, os elementosescravas. Estão presentes nele, portanto, os elementos
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poeta se ajoelha diante de Deus, com um fortepoeta se ajoelha diante de Deus, com um forte
sentimento de culpa por haver pecado, e prometesentimento de culpa por haver pecado, e promete
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Poesia AmorosaPoesia Amorosa
Seguindo o modelo dos barrocos espanhóis, GregórioSeguindo o modelo dos barrocos espanhóis, Gregório
apresenta uma visão cindida das relações amorosas. Ora seusapresenta uma visão cindida das relações amorosas. Ora seus
poemas tendem a uma concepção "petrarquista", isto é, à idealizaçãopoemas tendem a uma concepção "petrarquista", isto é, à idealização
dos afetos em linguagem elevada; ora a uma abordagem crua edos afetos em linguagem elevada; ora a uma abordagem crua e
agressiva da sexualidade em linguagem vulgar.agressiva da sexualidade em linguagem vulgar.
A) O amor elevadoA) O amor elevado
Exemplo dessa perspectiva é um dos sonetos dedicados a D.Exemplo dessa perspectiva é um dos sonetos dedicados a D.
Ângela, provável objeto da paixão do poeta e que o teria rejeitado porÂngela, provável objeto da paixão do poeta e que o teria rejeitado por
outro pretendente. Observe-se o jogo de aproximações entre asoutro pretendente. Observe-se o jogo de aproximações entre as
palavras anjo e flor para designar a amada. Observe-se também que,palavras anjo e flor para designar a amada. Observe-se também que,
ao mesmo tempo tais vocábulos possuem um caráter contraditórioao mesmo tempo tais vocábulos possuem um caráter contraditório
(anjo = eternidade; flor = brevidade). Como sugere um crítico, esta(anjo = eternidade; flor = brevidade). Como sugere um crítico, esta
duplicidade de Angélica lança o poeta em tensão e quase desesperoduplicidade de Angélica lança o poeta em tensão e quase desespero
("Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.")("Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.")
Anjo no nome, Angélica na cara!Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florenteSer Angélica flor, e Anjo florente
Em quem, senão em vós, se uniformara?Em quem, senão em vós, se uniformara?
Quem vira uma tal flor, que a não cortara,Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
De verde pé, da rama florescente?De verde pé, da rama florescente?
A quem um Anjo vira tão luzenteA quem um Anjo vira tão luzente
Que por seu Deus o não idolatrara?Que por seu Deus o não idolatrara?
B) O amor obsceno-satíricoB) O amor obsceno-satírico
Se o erotismo é a exaltação da sensualidade e daSe o erotismo é a exaltação da sensualidade e da
beleza dos corpos, independentemente da linguagem, quebeleza dos corpos, independentemente da linguagem, que
pode ser aberta ou velada; se a pornografia é a busca dopode ser aberta ou velada; se a pornografia é a busca do
sexo proibido e culpado através de imagens grosseiras esexo proibido e culpado através de imagens grosseiras e
chocantes e valendo-se quase sempre de uma formachocantes e valendo-se quase sempre de uma forma
vulgar; a obscenidade situa-se noutra esfera. Ela não visavulgar; a obscenidade situa-se noutra esfera. Ela não visa
ao sensualismo refinado do erotismo nem à excitaçãoao sensualismo refinado do erotismo nem à excitação
cafajeste da pornografia. Não se trata, pois, de umacafajeste da pornografia. Não se trata, pois, de uma
estimulação dos sentidos, e sim uma espécie de protestoestimulação dos sentidos, e sim uma espécie de protesto
contra o sistema moral, contra as concepções dominantescontra o sistema moral, contra as concepções dominantes
de amor e de sexo, e contra o próprio mundo. Às vezes, ade amor e de sexo, e contra o próprio mundo. Às vezes, a
obscenidade toma o sentido de um culto rude e subversivoobscenidade toma o sentido de um culto rude e subversivo
do prazer contra os tabus que impedem a plena realizaçãodo prazer contra os tabus que impedem a plena realização
da libido.da libido.
Na poesia obscena-satírica, Gregório de MatosNa poesia obscena-satírica, Gregório de Matos
não apresenta qualquer requinte voluptuoso. Sua visãonão apresenta qualquer requinte voluptuoso. Sua visão
do amor físico é agressiva e galhofeira. Quer despertar odo amor físico é agressiva e galhofeira. Quer despertar o
riso ou o comentário maldoso da platéia. Por isso,riso ou o comentário maldoso da platéia. Por isso,
manifesta desprezo pela concepção cristã do amor quemanifesta desprezo pela concepção cristã do amor que
envolve a camada espiritual, conforme podemos verificarenvolve a camada espiritual, conforme podemos verificar
no texto abaixo:no texto abaixo:
O amor é finalmenteO amor é finalmente
um embaraço de pernas,um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.um breve tremor de artérias.
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quem diz outra coisa, é besta.quem diz outra coisa, é besta.
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O desengano barroco tem como uma de suas conseqüênciasO desengano barroco tem como uma de suas conseqüências
o implacável gosto pela sátira. Resposta a uma realidade que oso implacável gosto pela sátira. Resposta a uma realidade que os
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portugueses, os padres, os colonos, os bacharéis, os degradadosportugueses, os padres, os colonos, os bacharéis, os degradados
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  • 1. BarrocoBarroco Séc. XVII ao começo do séc.Séc. XVII ao começo do séc. XVIIIXVIII
  • 2. "Toda forma exige fechamento e fim, e o"Toda forma exige fechamento e fim, e o barroco se define pelo movimento ebarroco se define pelo movimento e instabilidade; parece-nos, pois, que ele seinstabilidade; parece-nos, pois, que ele se encontra ante um dilema: ou negar-se comoencontra ante um dilema: ou negar-se como barroco, para completar-se numa obra, oubarroco, para completar-se numa obra, ou resistir à obra para persistir fiel a si mesmo"resistir à obra para persistir fiel a si mesmo" J. RoussetJ. Rousset
  • 3. O SURGIMENTOO SURGIMENTO O Barroco procura solucionar os dilemas deO Barroco procura solucionar os dilemas de um homem que perdeu sua confiança ilimitada naum homem que perdeu sua confiança ilimitada na razão e na harmonia, através da volta a umarazão e na harmonia, através da volta a uma intensa religiosidade medieval e da eliminaçãointensa religiosidade medieval e da eliminação dos conceitos renascentistas de vida e arte. Emdos conceitos renascentistas de vida e arte. Em parte, isso não é atingido e as contradiçõesparte, isso não é atingido e as contradições prosseguiriam.prosseguiriam.
  • 4. BARROCO O Barroco é um estilo de arte e arquitetura criado na Itália. Vem do termo francês barroque que significa bizarro, esquisito, extravagante. A intenção do artista era impressionar o espectador, envolvendo-o espiritualmente com a obra de arte. O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo portugueses e religiosos. Seu desenvolvimento pleno se dá no século XVIII, cem anos após o surgimento do Barroco na Europa.
  • 5. Feudalismo Mercantilismo Crise da sociedade renascentista e Contra- Reforma Arte Medieval Teocentrismo Valorização da vida espiritual Renascimento Humanismo Valorização da vida corpórea Barroco Volta à religiosidade Dilaceramentos: alma x corpo vida x morte claro x escuro céu x terra, etc.
  • 6. Conhecido também por Seiscentismo (anos de 1600),Conhecido também por Seiscentismo (anos de 1600), este foi um estilo literário marcado pela linguagem rebuscada,este foi um estilo literário marcado pela linguagem rebuscada, o uso de antíteses e de paradoxos que expressavam a visãoo uso de antíteses e de paradoxos que expressavam a visão de mundo barroca numa época de transição entre ode mundo barroca numa época de transição entre o teocentrismo e o antropocentrismo.teocentrismo e o antropocentrismo. No Barroco, estão presentes duas vertentes:No Barroco, estão presentes duas vertentes: cultismo ecultismo e conceptismo:conceptismo: Cultismo ou gongorismoCultismo ou gongorismo - valorização de forma e imagem, jogo- valorização de forma e imagem, jogo de palavras, uso de metáforas, hipérboles, analogias ede palavras, uso de metáforas, hipérboles, analogias e comparações. Manifesta-se uma expressão da angústia de nãocomparações. Manifesta-se uma expressão da angústia de não ter fé.ter fé. BarrocoBarroco
  • 7. " Ofendi-vos, Meu Deus, é bem verdade," Ofendi-vos, Meu Deus, é bem verdade, É verdade, Senhor, que hei, delinqüidoÉ verdade, Senhor, que hei, delinqüido Delinqüido vos tenho...Delinqüido vos tenho...““ Gregório de MatosGregório de Matos Conceptismo ou quevedismoConceptismo ou quevedismo - valorização do- valorização do conteúdo/conceito, jogo de ideias através doconteúdo/conceito, jogo de ideias através do raciocínio lógico. Há o uso da parábola comraciocínio lógico. Há o uso da parábola com finalidade mística e religiosa.finalidade mística e religiosa.
  • 8. ““Para um homem se ver a si mesmo, são necessáriasPara um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e étrês coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhocego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz.e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há misterLogo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos.olhos.““ Pe. VieiraPe. Vieira "Se uma ovelha perdida e já cobrada"Se uma ovelha perdida e já cobrada Glória tal e prazer tão repentinoGlória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na Sacra História,Vos deu, como afirmais na Sacra História, Eu sou, Senhor, a ovelha desgarradaEu sou, Senhor, a ovelha desgarrada Cobrai-a e não queirais, Pastor Divino,Cobrai-a e não queirais, Pastor Divino, Perder na Vossa ovelha a Vossa glória."Perder na Vossa ovelha a Vossa glória." Gregório de MatosGregório de Matos
  • 9. Referências históricasReferências históricas  Renovações culturais trazidas pelo RenascimentoRenovações culturais trazidas pelo Renascimento  Fim do ciclo das navegaçõesFim do ciclo das navegações  Reforma Protestante combatida através da Contra-Reforma Protestante combatida através da Contra- ReformaReforma Na segunda metade do século XVIII, sentem-Na segunda metade do século XVIII, sentem- se no Brasil os "ecos" do Barroco. O ciclo do ourose no Brasil os "ecos" do Barroco. O ciclo do ouro propicia o desenvolvimento das artes em geral,propicia o desenvolvimento das artes em geral, notadamente em Minas Gerais, em que senotadamente em Minas Gerais, em que se destacam as obras de Aleijadinho. (1730 – 1814)destacam as obras de Aleijadinho. (1730 – 1814)
  • 10. São José de Botas, atribuído ao Aleijadinho
  • 11. CaracterísticasCaracterísticas  Essa situação contraditória provoca o aparecimentoEssa situação contraditória provoca o aparecimento de uma arte que expressar também atitudesde uma arte que expressar também atitudes contraditórias do artista em face do mundo, da vida,contraditórias do artista em face do mundo, da vida, dos sentimentos e de si mesmo.dos sentimentos e de si mesmo.  O homem tenta conciliar a glória e o valor humanoO homem tenta conciliar a glória e o valor humano despertados pelo Renascimento com as idéias dedespertados pelo Renascimento com as idéias de submissão e pequenez diante de Deus e a igreja.submissão e pequenez diante de Deus e a igreja.  Homem está entre céu e terra, consciente de suaHomem está entre céu e terra, consciente de sua grandeza, mas perseguido pela idéia de pecado egrandeza, mas perseguido pela idéia de pecado e busca a salvação de forma angustiada. Assim, hábusca a salvação de forma angustiada. Assim, há uma tentativa de conciliação de idéias antagônicas:uma tentativa de conciliação de idéias antagônicas: Bem – Mal / Deus – Diabo / Céu – Terra / Pureza –Bem – Mal / Deus – Diabo / Céu – Terra / Pureza – Pecado / Alegria – Tristeza / Espírito – CarnePecado / Alegria – Tristeza / Espírito – Carne
  • 12.  Há um crescente pessimismo em face da vida (opostoHá um crescente pessimismo em face da vida (oposto à vontade de viver e vencer do Renascimento) e tudoà vontade de viver e vencer do Renascimento) e tudo lembra ao homem sua morte e aniquilamento.lembra ao homem sua morte e aniquilamento.    "Ó não guardes, que a madura idade, / te converte essa"Ó não guardes, que a madura idade, / te converte essa flor, essa beleza, / em terra, em cinza, em pó, emflor, essa beleza, / em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada."  sombra, em nada."   Gregório de MatosGregório de Matos É de se esperar que os recursos dessa visão de mundoÉ de se esperar que os recursos dessa visão de mundo sejam, na poesia, as figuras: sonoras (aliteração,sejam, na poesia, as figuras: sonoras (aliteração, assonância, eco, onomatopéia...), sintáticas (elipse,assonância, eco, onomatopéia...), sintáticas (elipse, inversão, anacoluto, silepse...) e principalmenteinversão, anacoluto, silepse...) e principalmente semânticas (metáfora, metonímia, sinédoque, antítese,semânticas (metáfora, metonímia, sinédoque, antítese, paradoxo, clímax...).paradoxo, clímax...).
  • 13. MetáforaMetáfora Revolução da poética barroca com o surgimento das metáforasRevolução da poética barroca com o surgimento das metáforas erótico-anatômicas que associavam o amor ao prazer e a natureza àerótico-anatômicas que associavam o amor ao prazer e a natureza à mulher.mulher.  "Goza, goza da flor da mocidade. / Que o tempo trata a toda ligeireza / "Goza, goza da flor da mocidade. / Que o tempo trata a toda ligeireza / E imprime em toda a flor sua pisada."  E imprime em toda a flor sua pisada."   Gregório de MatosGregório de Matos AntíteseAntítese Reflete a contradição do homem barroco, seu dualismo.Reflete a contradição do homem barroco, seu dualismo.  "Ardem chamas n "Ardem chamas n’’água, e como / vivem as chamas, que apura, / sãoágua, e como / vivem as chamas, que apura, / são ditosas Salamandras / as que são nadantes turbas"  ditosas Salamandras / as que são nadantes turbas"   Botelho de OliveiraBotelho de Oliveira
  • 14. ParadoxoParadoxo Demonstra a tentativa de fusão dos opostos que atormenta oDemonstra a tentativa de fusão dos opostos que atormenta o homem barrocohomem barroco  "Ardor em firme coração nascido; / Pranto por belos olhos "Ardor em firme coração nascido; / Pranto por belos olhos derramado; / Incêndio em mares de água disfarçado; / Rio dederramado; / Incêndio em mares de água disfarçado; / Rio de neve em fogo convertido." neve em fogo convertido."  Gregório de MatosGregório de Matos HipérbatoHipérbato Denota a desordem do pensamento do homem barrocoDenota a desordem do pensamento do homem barroco  "A vós correndo vou, braços sagrados / Nessa Cruz "A vós correndo vou, braços sagrados / Nessa Cruz sacrossanta descobertos" sacrossanta descobertos"  Gregório de MatosGregório de Matos GradaçãoGradação  "Oh não aguardes que a madura idade / Te converta essa flor, "Oh não aguardes que a madura idade / Te converta essa flor, essa beleza, / Em terra, em cinzas, em pó, em sombra, emessa beleza, / Em terra, em cinzas, em pó, em sombra, em nada." nada."  Gregório de MatosGregório de Matos
  • 15. São usados vários símbolos que traduzem a efemeridade e aSão usados vários símbolos que traduzem a efemeridade e a instabilidade das coisas: fumaça, ventos, neve, chama, água, espumainstabilidade das coisas: fumaça, ventos, neve, chama, água, espuma etc.etc. As frases interrogativas ajudam a refletir a dúvida e a incerteza queAs frases interrogativas ajudam a refletir a dúvida e a incerteza que caracterizam esse período.caracterizam esse período.  "Porém, se acaba o Sol, por que nascia? / Se tão formosa a Luz é, por "Porém, se acaba o Sol, por que nascia? / Se tão formosa a Luz é, por que não dura? / Como a beleza assim se transfigura? / Como o gostoque não dura? / Como a beleza assim se transfigura? / Como o gosto da pena assim se fia?"  da pena assim se fia?"   Gregório de MatosGregório de Matos A ordem inversa torna a frase pomposa e traduz os maneios deA ordem inversa torna a frase pomposa e traduz os maneios de raciocínio, além de retratar a falta de clareza, de certeza diante dasraciocínio, além de retratar a falta de clareza, de certeza diante das coisas.coisas.
  • 16. O Martírio de São Felipe, de Jusepe de Ribera, exemplo da religiosidade tensa da cultura barroca católica.
  • 17. GREGÓRIO DE MATOS GUERRA (1636-1695)GREGÓRIO DE MATOS GUERRA (1636-1695) Poesia ReligiosaPoesia Religiosa  A oscilação da alma barroca entre o mundo terreno e a perspectivaA oscilação da alma barroca entre o mundo terreno e a perspectiva da salvação eterna aguça-se em Gregório de Matos Guerra. Atéda salvação eterna aguça-se em Gregório de Matos Guerra. Até meados do século XVIII, nenhum homem de letras pode fugir a umameados do século XVIII, nenhum homem de letras pode fugir a uma educação contra-reformista, pois os jesuítas controlam todo oeducação contra-reformista, pois os jesuítas controlam todo o sistema de ensino. Desta forma, ilustrar-se só será possível dentrosistema de ensino. Desta forma, ilustrar-se só será possível dentro dos preceitos da Companhia de Jesus, o que acontece com o futurodos preceitos da Companhia de Jesus, o que acontece com o futuro poeta.poeta.  Por outro lado, Gregório é filho de senhores de engenho, querPor outro lado, Gregório é filho de senhores de engenho, quer dizer, dos verdadeiros senhores da terra, dos que possuem todosdizer, dos verdadeiros senhores da terra, dos que possuem todos os direitos, inclusive o de vida e morte e que, por isso, podemos direitos, inclusive o de vida e morte e que, por isso, podem exercer o estupro ou o simples domínio sexual sobre índias eexercer o estupro ou o simples domínio sexual sobre índias e escravas. Estão presentes nele, portanto, os elementosescravas. Estão presentes nele, portanto, os elementos contraditórios da época: a licenciosidade moral e a posteriorcontraditórios da época: a licenciosidade moral e a posterior consciência da infâmia, seguida do arrependimento.consciência da infâmia, seguida do arrependimento.
  • 18. Na maior parte de seus poemas religiosos, oNa maior parte de seus poemas religiosos, o poeta se ajoelha diante de Deus, com um fortepoeta se ajoelha diante de Deus, com um forte sentimento de culpa por haver pecado, e prometesentimento de culpa por haver pecado, e promete redimir-se. Trata-se de uma imagem constante: oredimir-se. Trata-se de uma imagem constante: o homem ajoelhado, implorando perdão por seus erros,homem ajoelhado, implorando perdão por seus erros, conforme podemos verificar no primeiro quarteto doconforme podemos verificar no primeiro quarteto do soneto Buscando a Cristo:soneto Buscando a Cristo: A vós correndo vou, braços sagrados,A vós correndo vou, braços sagrados, Nessa cruz sacrossanta descobertos,Nessa cruz sacrossanta descobertos, Que, para receber-me, estais abertos,Que, para receber-me, estais abertos, E, por não castigar-me, estais cravadosE, por não castigar-me, estais cravados..
  • 19. Poesia AmorosaPoesia Amorosa Seguindo o modelo dos barrocos espanhóis, GregórioSeguindo o modelo dos barrocos espanhóis, Gregório apresenta uma visão cindida das relações amorosas. Ora seusapresenta uma visão cindida das relações amorosas. Ora seus poemas tendem a uma concepção "petrarquista", isto é, à idealizaçãopoemas tendem a uma concepção "petrarquista", isto é, à idealização dos afetos em linguagem elevada; ora a uma abordagem crua edos afetos em linguagem elevada; ora a uma abordagem crua e agressiva da sexualidade em linguagem vulgar.agressiva da sexualidade em linguagem vulgar. A) O amor elevadoA) O amor elevado Exemplo dessa perspectiva é um dos sonetos dedicados a D.Exemplo dessa perspectiva é um dos sonetos dedicados a D. Ângela, provável objeto da paixão do poeta e que o teria rejeitado porÂngela, provável objeto da paixão do poeta e que o teria rejeitado por outro pretendente. Observe-se o jogo de aproximações entre asoutro pretendente. Observe-se o jogo de aproximações entre as palavras anjo e flor para designar a amada. Observe-se também que,palavras anjo e flor para designar a amada. Observe-se também que, ao mesmo tempo tais vocábulos possuem um caráter contraditórioao mesmo tempo tais vocábulos possuem um caráter contraditório (anjo = eternidade; flor = brevidade). Como sugere um crítico, esta(anjo = eternidade; flor = brevidade). Como sugere um crítico, esta duplicidade de Angélica lança o poeta em tensão e quase desesperoduplicidade de Angélica lança o poeta em tensão e quase desespero ("Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.")("Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.")
  • 20. Anjo no nome, Angélica na cara!Anjo no nome, Angélica na cara! Isso é ser flor, e Anjo juntamente:Isso é ser flor, e Anjo juntamente: Ser Angélica flor, e Anjo florenteSer Angélica flor, e Anjo florente Em quem, senão em vós, se uniformara?Em quem, senão em vós, se uniformara? Quem vira uma tal flor, que a não cortara,Quem vira uma tal flor, que a não cortara, De verde pé, da rama florescente?De verde pé, da rama florescente? A quem um Anjo vira tão luzenteA quem um Anjo vira tão luzente Que por seu Deus o não idolatrara?Que por seu Deus o não idolatrara?
  • 21. B) O amor obsceno-satíricoB) O amor obsceno-satírico Se o erotismo é a exaltação da sensualidade e daSe o erotismo é a exaltação da sensualidade e da beleza dos corpos, independentemente da linguagem, quebeleza dos corpos, independentemente da linguagem, que pode ser aberta ou velada; se a pornografia é a busca dopode ser aberta ou velada; se a pornografia é a busca do sexo proibido e culpado através de imagens grosseiras esexo proibido e culpado através de imagens grosseiras e chocantes e valendo-se quase sempre de uma formachocantes e valendo-se quase sempre de uma forma vulgar; a obscenidade situa-se noutra esfera. Ela não visavulgar; a obscenidade situa-se noutra esfera. Ela não visa ao sensualismo refinado do erotismo nem à excitaçãoao sensualismo refinado do erotismo nem à excitação cafajeste da pornografia. Não se trata, pois, de umacafajeste da pornografia. Não se trata, pois, de uma estimulação dos sentidos, e sim uma espécie de protestoestimulação dos sentidos, e sim uma espécie de protesto contra o sistema moral, contra as concepções dominantescontra o sistema moral, contra as concepções dominantes de amor e de sexo, e contra o próprio mundo. Às vezes, ade amor e de sexo, e contra o próprio mundo. Às vezes, a obscenidade toma o sentido de um culto rude e subversivoobscenidade toma o sentido de um culto rude e subversivo do prazer contra os tabus que impedem a plena realizaçãodo prazer contra os tabus que impedem a plena realização da libido.da libido.
  • 22. Na poesia obscena-satírica, Gregório de MatosNa poesia obscena-satírica, Gregório de Matos não apresenta qualquer requinte voluptuoso. Sua visãonão apresenta qualquer requinte voluptuoso. Sua visão do amor físico é agressiva e galhofeira. Quer despertar odo amor físico é agressiva e galhofeira. Quer despertar o riso ou o comentário maldoso da platéia. Por isso,riso ou o comentário maldoso da platéia. Por isso, manifesta desprezo pela concepção cristã do amor quemanifesta desprezo pela concepção cristã do amor que envolve a camada espiritual, conforme podemos verificarenvolve a camada espiritual, conforme podemos verificar no texto abaixo:no texto abaixo: O amor é finalmenteO amor é finalmente um embaraço de pernas,um embaraço de pernas, uma união de barrigas,uma união de barrigas, um breve tremor de artérias.um breve tremor de artérias. Uma confusão de bocas,Uma confusão de bocas, uma batalha de veias,uma batalha de veias, um reboliço de ancas,um reboliço de ancas, quem diz outra coisa, é besta.quem diz outra coisa, é besta.
  • 23. Poesia SatíricaPoesia Satírica O desengano barroco tem como uma de suas conseqüênciasO desengano barroco tem como uma de suas conseqüências o implacável gosto pela sátira. Resposta a uma realidade que oso implacável gosto pela sátira. Resposta a uma realidade que os artistas julgam degradada, a poesia ferina e contundente não perdoaartistas julgam degradada, a poesia ferina e contundente não perdoa nenhum grupo social. Ricos e pobres são fustigados pelas penasnenhum grupo social. Ricos e pobres são fustigados pelas penas corrosivas de Góngora, de Quevedo, como mais tarde o fará ocorrosivas de Góngora, de Quevedo, como mais tarde o fará o brasileiro Boca do Inferno. Esta ironia cáustica e por vezes obscena ébrasileiro Boca do Inferno. Esta ironia cáustica e por vezes obscena é traço marcante do barroco ibérico.traço marcante do barroco ibérico. Quando retorna ao Brasil, já quarentão, em 1682, Gregório deQuando retorna ao Brasil, já quarentão, em 1682, Gregório de Matos encontra uma sociedade em crise. A decadência econômicaMatos encontra uma sociedade em crise. A decadência econômica torna-se visível: o açúcar brasileiro enfrenta a concorrência do açúcartorna-se visível: o açúcar brasileiro enfrenta a concorrência do açúcar produzido nas Antilhas e seu preço desaba. Além disso, uma novaproduzido nas Antilhas e seu preço desaba. Além disso, uma nova camada de comerciantes (em sua maioria, portugueses) acumulacamada de comerciantes (em sua maioria, portugueses) acumula riquezas com a exportação e importação de produtos. Esta novariquezas com a exportação e importação de produtos. Esta nova classe abastada humilha aqueles que se julgam bem nascidos, masclasse abastada humilha aqueles que se julgam bem nascidos, mas que, dia após dia, perdem seu poder econômico e seu prestígioque, dia após dia, perdem seu poder econômico e seu prestígio..
  • 24. Ninguém parece escapar à sua ironia: os figurõesNinguém parece escapar à sua ironia: os figurões portugueses, os padres, os colonos, os bacharéis, os degradadosportugueses, os padres, os colonos, os bacharéis, os degradados lusos que vinham para o Brasil e aqui enriqueciam, os nativos, oslusos que vinham para o Brasil e aqui enriqueciam, os nativos, os mestiços, os negros, todos são sistematicamente ridicularizados, comomestiços, os negros, todos são sistematicamente ridicularizados, como em Epílogos, onde num jogo de perguntas e respostas, o poetaem Epílogos, onde num jogo de perguntas e respostas, o poeta demole com a sociedade de seu tempo:demole com a sociedade de seu tempo: Que falta nesta cidade?... VerdadeQue falta nesta cidade?... Verdade Que mais por sua desonra?... HonraQue mais por sua desonra?... Honra Falta mais que se lhe proponha?... VergonhaFalta mais que se lhe proponha?... Vergonha O demo a viver se exponha,O demo a viver se exponha, Por mais que a fama a exalta,Por mais que a fama a exalta, Numa cidade onde faltaNuma cidade onde falta Verdade, honra, vergonha.Verdade, honra, vergonha. Quem a pôs neste socrócio? ... Negócio.Quem a pôs neste socrócio? ... Negócio. Quem causa tal perdição? ... Ambição.Quem causa tal perdição? ... Ambição. E o maior desta loucura? ... Usura.E o maior desta loucura? ... Usura.