2. As nações indígenas que habitavam o Brasil antes da chegada dos
portugueses não possuíam escrita, por isto as informações
disponíveis sobre estes povos provém dos relatos dos viajantes
europeus que observaram o cotidiano e os costumes dos índios.
Além disso, escavações arqueológicas em diversas regiões do
Brasil contribuem para aumentar nosso conhecimento sobre os
índios, através de suas descobertas de artefatos utilizados no
passado.
As pesquisas arqueológicas indicam que os primeiros habitantes
do Brasil chegaram aqui há 15.000 anos atrás, ou mais. Um dos
exemplos mais famosos que temos de descoberta arqueológica é o
crânio de Luzia, descoberto pelo pesquisador Walter Neves em
Lagoa Santa (MG), por volta de 1990.
Na Serra da Capivara, no Piauí, a arqueóloga Niède Guidon,
encontrou na década de 1970 diversos indícios de presença
humana, datados de aproximadamente 15.000 mil anos atrás.
Nos sítios arqueológicos da Serra da Capivara há muitas pinturas
rupestres, restos de fogueiras, ossos de animais e seres humanos
que estão abertos a visita do público.
Estas pistas ajudam a contar como era a vida dos brasileiros na
pré-história. Observe algumas imagens ao lado.
Estes povos da pré-história do Brasil que originaram as nações
diversas nações indígenas que ocupavam nosso território, cada
qual com seus costumes, cultura e crenças.
2
Primeiros habitantes do
Brasil vieram da Ásia, de
acordo com as últimas
pesquisas e teorias sobre
a ocupação da América.
Através da técnica de
datação do carbono-14 é
possível descobrir a data dos
vestígios encontrados pelos
arqueólogos.
3. Antes da chegada dos europeus no Brasil em 1500, estima-se que havia no território
brasileiro aproximadamente 6 milhões de índios. Observe o mapa abaixo e note
quantas nações indígenas diferentes estavam espalhadas pelo território:
3
4. 4
Distribuição da população indígena no Brasil
Número
de
índios
Número
de
etnias
Línguas
faladas
Percentua
l em
relação à
populaçã
o
brasileira
358.000 215 180 0,2%
6. O contato com os europeus favoreceu a proliferação de doenças que
mataram milhares de índios.
“Doenças hoje banais, como gripe, sarampo e coqueluche, e outras mais graves, como
tuberculose e varíola, vitimaram, muitas vezes, sociedades indígenas inteiras, por não
terem os índios imunidade natural a estes
males.”(http://www.funai.gov.br/indios/conteudo.htm#EUROPEU)
Muitos índios foram escravizados.
Guerra entre os nativos e os colonizadores europeus. (Guerra justa)
Muitos índios foram forçados a se converter ao catolicismo pelos jesuítas,
e tiveram que abandonar sua cultura e crenças. Estes fatores juntos
contribuíram para a morte de milhões de índios.
6
9. Os índios com os quais os portugueses se relacionaram inicialmente foram os da nação Tupi, que
predominava em boa parte de nosso litoral. Os guarani viviam no litoral sul e também no interior, na
região dos rios Paraná e Paraguai.
Conhecemos muitos dos costumes indígenas devido aos relatos dos viajantes, cronistas, missionários e
pintores europeus que vieram para o Brasil e observaram de perto a cultura dos índios.
Os índios viviam da caça, pesca e coleta de frutos. Também praticavam a agricultura, mas apenas para
sua subsistência.
Os índios viviam em um regime seminômade, isto é, migravam de um lugar para outro atrás de recursos
que pudessem explorar para seu benefício.
As aldeias (tabas) abrigavam entre 600 a 700 habitantes. As cabanas (ocas) eram utilizadas
coletivamente, por 100 ou mais índios. Elas variavam, de acordo com as tribos.
Os índios fabricavam cordas com cipós e fibras vegetais, trabalhavam a cerâmica, faziam vasos e urnas
funerárias.
Os homens caçavam, faziam as ocas, preparavam o terreno para o plantio e cuidavam da guerra. As
mulheres cuidavam das crianças, semeavam, colhiam os alimentos, teciam, cozinhavam e faziam bebidas.
Alguns casamentos eram realizados para fortalecer as famílias, tornando-as mais numerosas e influentes
na aldeia.
As aldeias tinham um chefe que tomava as decisões com o auxílio de um conselho e do pajé, líder religioso
que tinha poderes mágicos.
As crenças religiosas tinham grande importância na vida dos índios, muitos rituais eram praticados em
virtude da guerra, do plantio, da caça, casamento e etc.
Antropofagia – “ato ou hábito de comer carne humana”, está e a definição de alguns dicionários para
aquela palavra. Os europeus chamaram tal prática de canibalismo. Os índios devoravam os membros de
guerreiros inimigos derrotados em um ritual religioso. Alguns estudiosos acreditam que esse ritual era
uma preparação para uma viagem espiritual, que cada um faria para o além, onde viveriam eternamente.
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10. Urna funerária tupi-guarani
encontrada no estado de São
Paulo em 2004.
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• Trabalho de cerâmica indígena.
• Instrumentos musicais.
11. Habitações e alguns costumes dos índios do Brasil. Você consegue encontrar alguma
semelhança entre os costumes dos índios com nossos costumes atuais? Cite-as.
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12. Cena de caça e coleta. (Rugendas)
Que animais podemos identificar na imagem? Eles serviriam apenas para
alimentação? Que elemento da pintura evidencia que os índios também eram
coletores ?
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14. FUNAI – Fundação Nacional dos Índios – tem o dever de demarcar, assegurar e proteger as terras que eram tradicionalmente
ocupadas pelos índios; estimular o levantamento de dados sobre os índios; fiscalizar as terras indígenas para que não aconteça
invasões e práticas predatórias de madeireiros, garimpeiros etc.
A Constituição da República do Brasil de 1988 dedica um capítulo aos índios, o VIII que diz:
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as
terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas
atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua
reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das
riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
§ 3º - O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras
indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada
participação nos resultados da lavra, na forma da lei.
§ 4º - As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm )
Também temos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/96, que fala sobre a educação indígena no título VII:
Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos índios,
desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilingüe e intercultural aos povos indígenas,
com os seguintes objetivos:
I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas identidades
étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;
II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade
nacional e demais sociedades indígenas e não-índias. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm)
A Lei federal nº 11.645/2008 estabelece que: § 2o
Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas
brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e
história brasileiras.” (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm#art1)
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15. Observe os quadrinhos acima e note como a cultura indígena influenciou nossos
costumes. Muitos dos hábitos dos índios nos foram transmitidos ao longo da História.
15
16. Trecho da carta do escrivão da frota de Cabral – Pero Vaz de Caminha (1500):
“A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem
feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir
suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o
beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e
da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de
dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de
xadrez. E trazem-no ali encaixado de sorte que não os magoa, nem lhes põe estorvo no falar, nem
no comer e beber. Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta antes do
que sobre-pente, de boa grandeza, rapados todavia por cima das orelhas. E um deles trazia por
baixo da solapa, de fonte a fonte, na parte detrás, uma espécie de cabeleira, de penas de ave
amarela, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço
e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena por pena, com uma confeição branda como, de
maneira tal que a cabeleira era mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais
lavagem para a levantar.”
“Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer
outro animal que esteja acostumado ao viver do homem. E não comem senão deste inhame, de
que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto
andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes
comemos.”
Fonte: http://www.culturabrasil.org/zip/carta.pdf acesso em 27 set. 2011.
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17. Trecho do relato de Hans Staden (viajante alemão que esteve no Brasil por volta de 1548 e
foi capturado pelos Tupinambá):
“No dia anterior tinha eu mandado o meu escravo para o mato a procurar caça, e queria
buscá-la no dia seguinte para ter alguma coisa que comer, pois naquele país não há muita
coisa mais, além do que há no mato.
Quando eu ia indo pelo mato, ouvi dos dois lados do caminho uma grande gritaria, como
costumam fazer os selvagens, e avançando para o meu lado. Reconhecei então que me
tinham cercado e apontavam flechas sobre mim e atiravam. Exclamei: “Valha-me Deus!”
Mal tinha pronunciado estas palavras quando me estenderam por terra, atirando sobre
mim e picando-me com as lanças. Mas não me feriram mais (graças a Deus) do que em
uma perna, despindo-me completamente. Um tirou-me a gravata, outro o chapéu, o
terceiro a camisa etc., e começavam a disputar a minha posse, dizendo um que tinha sido o
primeiro a chegar a mim, e o outro, que me tinha aprisionado. Enquanto isso se dava,
bateram-me os outros com os arcos. Finalmente, dois levantaram-me, nu como estava,
pegando-me um em um braço e o outro, no outro, com muitos atrás de mim e assim
correram comigo pelo mato até o mar, onde tinham suas canoas. Chegando ao mar vi, à
distância de um tiro de pedra, uma ou duas canoas suas, que tinham tirado para terra, por
baixo de uma moita e com uma porção deles, em roda. Quando me avistaram trazido pelos
outros, correram ao nosso encontro, enfeitados com plumas, como era costume, mordendo
os braços, fazendo com isso compreender que me queriam devorar. Diante de mim, ia um
rei com o bastão que serve para matar prisioneiros.
(Hans Staden. Viagem ao Brasil. São Paulo: Martin Claret, 2010. p. 68-9.).
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18. Pinturas de Albert Eckhout que esteve no Brasil no século XVII, na corte Maurício de Nassau.
Abaixo temos pinturas realizadas entre 1641 a 1643. Eckhourt retratou os homens e mulheres Tupi e
Tapuias (termo de origem tupi para designar grupos e nações indígenas rivais que viviam no interior do
Brasil), que estavam em contato com os holandeses durante a ocupação do Nordeste brasileiro.
É interessante observar que nas pinturas de Eckhourt os índios Tupi encontram-se em processo de
assimilação cultural, isto é, começam a civilizar-se ao modo dos europeus (portugueses e holandeses
que ocupavam o litoral do Brasil naquela época).
Nas pinturas que mostram o casal Tupi nota-se alguns elementos utilizados pelos índios que
pertenciam originalmente à cultura europeia, mas que começavam a fazer da cultura nativa americana:
o uso de roupas, o convívio com o homem branco, faca no cinto do homem etc.
Já nas pinturas que retratam os Tapuias os índios estão nus, o homem carrega suas armas
características e a mulher leva em sua mão e no cesto em suas costas partes de um corpo humano, em
referência ao “canibalismo”. Os tapuias, inicialmente, resistiram com mais tenacidade ao domínio dos
portugueses e à sua imposição militar e cultural.
As paisagens também são distintas. Enquanto nas pinturas dos Tupi observa-se uma fazenda colonial e
barcos, nas dos Tapuias destaca-se apenas a vegetação selvagem do Brasil, sem indícios de civilização e
contato com o “homem branco-europeu”. O interior do Brasil ainda não havia sido colonizado pelos
europeus naquela época.
Importante destacar que estas representações dos índios expressam a visão do europeu e não
correspondem perfeitamente à realidade que ela pretende retratar. BAYONA afirma que “os grupos
mais dóceis e amigáveis com o europeu seriam mais civilizados que aqueles que ofereceram uma
resistência mais forte à colonização, considerados não civilizados, selvagens e primitivos.” Portanto, a
imagem do retratado pode sofrer alterações – intencionais ou não - de acordo os valores e os laços
afetivos existentes entre o artista e aquilo que ele pretende retratar.
Imagine como os índios retratariam os europeus?? Imaginou??
18
20. Romance indianista (século XIX):
Valorizar a identidade nacional brasileira. (língua, costumes , a natureza local);
o índio era legítimo representante da nacionalidade – livre, puro e bravo;
Assim como nos contos medievais, os índios dessa fase do romantismo eram heróis, corajosos, fortes e
bravos.
Principais escritores e suas obras: José de Alencar (1829 – 1877) – O Guarani (1857) e Iracema (1865);
Gonçalves Dias (1823 – 1864) – poema “Canção do Exílio”.
Trecho da obra “O Guarani”:
“Então passou-se sobre esse vasto deserto d’água e céu uma cena estupenda, heróica, sobre-humana;
um espetáculo grandioso, uma sublime loucura.
Peri alucinado suspendeu-se aos cipós que se entrelaçavam pelos ramos das árvores já cobertas d’água,
e com esforço desesperado cingindo o tronco da palmeira nos seus braços hirtos, abalou-o até às raízes.
Três vezes os seus músculos de aço, estorcendo-se, inclinaram a haste robusta; e três vezes o seu corpo
vergou, cedendo à retração violenta da árvore, que voltava ao lugar que a natureza lhe havia marcado.
Luta terrível, espantosa, louca, esvairada; luta da vida contra a matéria; luta do homem contra terra;
luta da força contra a imobilidade.
Houve um momento de repouso em que o homem, concentrando todo o seu poder, estorceu-se de novo
contra a árvore; o ímpeto foi terrível; e pareceu que o corpo ia despedaçar-se nessa distensão horrível.
Ambos, a árvore e homem, embalançando-se graciosamente, resvalou pela flor da água como um ninho
de garças ou alguma ilha flutuante, formada pelas vegetações aquáticas.
Peri estava de novo sentado junto de sua senhora quase inanimada; e, tomando-a nos braços, disse-lhe
com um acento de ventura suprema:
- Tu viverás! “
(Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s. d. p. 426-7.)
20
21. Durante o período imperial da História do Brasil (1822 a 1889) a política do Império com relação ao indígena
tinha por objetivo a assimilação dos “índios bravos”.
José Bonifácio de Andrada (1763-1838), político importante no primeiro reinado, propunha que a assimilação
ocorresse através de métodos “brandos”, por meio da educação, trabalho, comércio, convívio com os brancos e
casamentos mistos. ( MOREIRA, V. M. L. 2009). Ele era, portanto, contrário aos métodos violentos (guerra
justa, decretada em 1808 pelo príncipe d. joão)
“Para Bonifácio, a população indígena era, na melhor das hipóteses, uma espécie de página em branco, sem
cultura, religião e vida social realmente apreciável, que poderia facilmente ser moldada segundo o padrão
cultural e comportamental europeu. Os índios também eram, para ele, “inconstantes”, “preguiçosos” e
“traiçoeiros”.” (Op cit. p. 4).
Assimilar o índio na sociedade imperial era um esforço necessário para manter una e coesa a sociedade e o
império brasileiro.
O deputado da constituinte de 1823 Montesuma discordava de Bonifácio, para ele os índios não faziam parte da
sociedade brasileira observe suas palavras: “Os Índios
estão fora do grêmio da nossa Sociedade, não são súbditos do Império, não o reconhecem, nem por
conseqüência suas authoridades desde a primeira até a ultima, vivem em guerra abeta com nosco, não podem
de fórma alguma ter direitos, porque não tem, nem reconhecem deveres ainda os mais simples, (fallo dos não
domesticados) logo: como considera-los Cidadãos Brasileiros?” (Op. Cit. p . 6).
Portanto, para uma parte da elite política e social do Império os índios e também os escravos eram apenas
habitantes do Brasil e não cidadãos, os quais possuem deveres e direitos. Pensavam que os índios só poderia ser
considerados cidadãos depois que fossem “civilizados”, isto é, deixassem sua cultura natural (aculturação)
para viver de acordo com as normas da sociedade branca do Império.
1845: A questão indígena ressurge na legislação nacional. D. Pedro II promulgou um regulamento para civilizar
os índios que estavam à margem da sociedade.
Alguns grupos de índios que viviam na sociedade branca reivindicavam a cidadania do Estado imperial, e os
direitos de permanecerem em suas terras, ter família e vencimentos (salário). Alguns se rebelavam contra as
autoridades locais, lutavam e fugiam para os sertões. Estes grupos “civilizados” começavam a se organizar para
exigir sua cidadania.
21
22. Alguns grupos indígenas no Brasil ainda estão isolados, e não há muitas
informações sobre eles.
As demais nações vivem em suas reservas, praticam suas culturas, mas seus
costumes são alterados com o passar do tempo. Entretanto, a FUNAI afirma
que:
“No que diz respeito à identidade étnica, as mudanças ocorridas em várias
sociedades indígenas, como o fato de falarem português, vestirem roupas
iguais às dos outros membros da sociedade nacional com que estão em
contato, utilizarem modernas tecnologias (como câmeras de vídeo,
máquinas fotográficas e aparelhos de fax), não fazem com que percam sua
identidade étnica e deixem de ser indígenas. “
O fato é que a cidadania também é um direito dos índios, afinal, foram eles
os primeiros habitantes e donos do Brasil. Protegê-los, assegurar a posse de
suas terras, a preservação de suas culturas e o acesso aos bens e serviços
sociais e públicos é um dever de todos nós – cidadãos.
Além disso, todos nós devemos respeitar e procurar compreender a cultura e
a visão de mundo dos índios, antes de emitir qualquer julgamento a partir
daquilo que consideramos ser “civilizado” e ideal.
22
Os índios vivem em suas
reservas, mantém sua
cultura preservada, e
utilizam as tecnologias do
“homem branco”.
Grupo indígena isolado do
Acre. Provavelmente, estes
nunca tiveram contato com a
sociedade branca.