O texto argumenta que a Internet propaga besteiras de forma indiscriminada e não democratiza o conhecimento, já que na falta de um centro todos são periferia. Apesar de usar a Internet, o autor afirma odiá-la e prefere as bibliotecas físicas.
2. O desenvolvimento do texto
dissertativo
O O desenvolvimento é importante
pois nele definimos os argumentos
a serem usados, fundamentamos as
ideias a fim de receber crédito do
leitor e ter o ponto de vista
respeitado.
3. Desenvolvimento – leis e
dados estatísticos
Um tipo muito eficaz de argumentação é
este: fazer uso de dados estatísticos, leis e
até definições de dicionário para corroborar
com a tese do candidato. Muitas vezes
essas informações aparecem na coletânea
de textos e o candidato pode fazer uso
delas livremente, sem copiar os textos de
apoio. Atenção para não “chutar”
informações, pois isso anula a
argumentação.
4. Exemplo:
“O estudo do Inep, feito a partir de dados do IBGE e
do Censo Educacional do Ministério da
Educação, mostra o número de crianças de sete a
catorze anos que estão fora das escolas em cada
estado. Segundo o mapa, no Brasil, 1,4 milhão de
crianças, ou 5,5 % da população nessa faixa etária
(sete a catorze anos), para a qual o ensino é
obrigatório, não frequentam as salas de aula. O pior
índice é do Amazonas: 16,8% das crianças do
estado, ou 92,8 mil, estão fora da escola. O
melhor, o Distrito Federal, com apenas 2,3% (7 200)
de crianças excluídas, seguido por Rio Grande do
Sul, com 2,7% (39 mil) e São Paulo, com 3,2%
(168,7 mil).”
5. Desenvolvimento por
exemplificação:
É possível fundamentar uma posição
num texto dissertativo por meio de
exemplificação. Deve-se ter
atenção, porém, ao fato
exemplificado, pois este deve ser de
conhecimento da maioria da
sociedade.
6. Exemplo
“No Brasil, são muitos os casos de
violência contra a mulher, como o que
envolveu a adolescente Eloá, de 15
anos. Ela foi submetida a cárcere
privado e assassinada por seu ex-
namorado.”
7. Desenvolvimento por causa e
efeito
A criação de relações de causa e efeito é
um recurso utilizado para demonstrar que
uma conclusão (afirmada no texto) é
necessária. Além disso, com esse tipo de
argumentação, o aluno consegue gerar o
raciocínio lógico e persuadir de forma
mais fácil o leitor.
8. Exemplo
“O fumo é o mais grave problema de
saúde pública no Brasil. Assim como não
admitimos que os comerciantes de
maconha, crack ou heroína façam
propaganda para os nossos filhos na
TV, todas as formas de publicidade do
cigarro deveriam ser proibidas
terminantemente. Para os
desobedientes, cadeia.”
9. Desenvolvimento por
comparação
Comparar
fatos, situações, comportamentos é uma
forma, também, de argumentar.
10. Exemplo
“Enquanto países como a Inglaterra e o
Canadá têm leis que protegem as
crianças da exposição ao sexo e à
violência na televisão, no Brasil não há
nenhum controle eletivo sobre a
programação. Não é de surpreender
que muitos brasileiros estejam
defendendo alguma forma de censura
sobre a TV aberta.”
11. Atividades
Leia e responda as questões de 1 a 6.
Eu odeio a Internet
"Jamais joguei paciência com um baralho de verdade. Se
tentasse, nem saberia arranjar as cartas. Dei-me conta disso
ao receber, tempos atrás, um e-mail com o título 'Você é
escravo da tecnologia quando...'. A paciência sem baralho era
apenas um dos itens de uma longa lista, e não o mais
absurdo. Em todas as situações, havia esse efeito de
desproporção e despropósito: a mais alta tecnologia
mobilizada para o mais estúpido dos fins (se o leitor já jogou
paciência no Windows, sabe do que falo). (...)
(...) a Internet é a propagação indiscriminada da besteira.
Alguém dirá que, com essa crítica à cyberabobrinha, estou
abordando o problema pela periferia. Ocorre que os gurus da
nova era - Nicholas Negroponte, do MIT, para ficar com um
exemplo célebre - afirmam, com razão, que a Internet não tem
centro.
12. Surge daí outra grande bobagem que se tem divulgado não
só por fibra ótica, mas também por meio do velho e sujo
papel de imprensa: a Internet democratiza o conhecimento.
Se o leitor me perdoa a etimologia rasteira, direi que na
verdade a rede tem muito demos para pouco cratos. Que
poder efetivo uma página pessoal representa para seu autor?
Na falta de um centro, somos todos periferia.
(...) Israelenses e palestinos, petistas e tucanos, pornógrafos
e evangélicos, punks e skin-heads - todos podem ter seu site.
O internauta surfa - isto é, passa pela superfície - por todos
sem que isso implique o mínimo compromisso ou mesmo
interesse. A 'harmonia mundial' (Negroponte, mais uma vez)
que essa diversidade sugere é enganosa.
Podemos jogar paciência sem baralho, mas ainda vivemos
em um mundo prosaicamente físico no qual o hardware para
abrigar nosso software segue inacessível para a maioria. No
mínimo, ainda é cedo para se falar em uma revolução sem
precedentes.
13. Gutenberg apresentou sua famosa Bíblia em 1455, mas a
imprensa como instituição pública levaria séculos para se
desenvolver. (...)
Uma objeção previsível é a de que, afinal, eu uso a
Internet. O presente texto foi produzido em Porto
Alegre, onde moro, e transmitido via e-mail para a redação
da SUPER, em São Paulo. E estou, admito, muito feliz de
não ter que sair de casa em um dia frio para enfrentar fila
nos Correios. Ainda assim, sustento o título aí em cima.
Muita gente vai de carro todos os dias para o
trabalho, mesmo detestando dirigir.
Fico com as velhas bibliotecas de papel, cujo autoritarismo
secular pelo menos não vende ilusões de igualdade
tecnopopulista."
TEIXEIRA, Jerônimo. In Superinteressante,
São Paulo: Abril, ago. 2000.
14. 1- Que elementos permitem afirmar que o texto de Jerônimo Teixeira é
dissertativo-argumentativo?
2- Qual é a tese defendida pelo argumentador?
3- Para desenvolver sua tese, o autor utiliza: a) comparação; b) crítica; c)
citação; d) oposição. Encontre, no texto, um exemplo de cada um desses
recursos.
4- O texto "Eu odeio a Internet" é predominantemente objetivo ou
subjetivo? Justifique sua resposta.
5- O humor foi um dos recursos usados para construir esse texto. O
autor criou um neologismo divertido, além de jogos de palavras que
deixaram a linguagem descontraída. Identifique, no texto, esse
neologismo e uma construção em que se perceba subjetividade.
6- Você acredita que o autor foi persuasivo em seu texto? Justifique sua
resposta.