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RIMA
   RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL




DUPLICAÇÃO DA RODOVIA PE-060 NO TRECHO ACESSO A
 SUAPE (km 10,44) – ENTRONCAMENTO COM A PE-061
            EM SIRINHAÉM (km 42,17)


                 Outubro de 2009
RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL –RIMA
DUPLICAÇÃO DA RODOVIA PE-060 NO TRECHO ACESSO A SUAPE (km 10,44) –
       ENTRONCAMENTO COM A PE-061 EM SIRINHAÉM (km 42,17)




                                 CONTEÚDO



1 - A PE-060 E O TRECHO DE ESTUDO ........................................... 5


2 - A PROPOSTA DE DUPLICAÇÃO ................................................11


3 - O DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ................................................17


4 - AVALIAÇÃO AMBIENTAL.......................................................21


5 - MEDIDAS MITIGADORAS E PROPOSIÇÃO DE PBA’S .......................21


6 - CONCLUSÕES DO ESTUDO.....................................................21




                                   2 de 56
O RIMA

O presente documento foi elaborado pela empresa Moraes e Bacelar Advogados
e Consultores, e corresponde ao Relatório de Impacto Ambiental - RIMA do
projeto de “DUPLICAÇÃO DA RODOVIA PE-060 NO TRECHO ACESSO A
SUAPE (km 10,44) – ENTRONCAMENTO COM A PE-061 EM SIRINHAÉM
(km 42,17)”, que está sendo planejado pelo Departamento de Estradas e
Rodagem – DER de Pernambuco.

Este documento corresponde ao resumo não técnico do Estudo de Impacto
Ambiental - EIA, onde se apresentam de forma mais clara e didática os
principais aspectos relacionados com o empreendimento analisado, de tal forma a
permitir que pessoas interessadas possam entender a proposta e as
conseqüências ambientais da mesma, sem precisar ter um conhecimento técnico
prévio dos assuntos abordados.

No documento poderão ser consultados os aspectos mais relevantes da etapa de
diagnóstico, os prognósticos futuros com e sem o empreendimento e a avaliação
de impacto ambiental. Agora, para informações mais detalhadas dos estudos
realizados, deverá ser consultado o estudo principal que é o EIA na biblioteca da
CPRH ou nas prefeituras dos municípios de Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca ou
Sirinhaém.


Por que uma empresa de advogados elabora um estudo de impacto
ambiental?

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) é uma ferramenta de
licenciamento ambiental exigida pelos órgãos ambientais para empreendimentos
que se presuma tenham um grau de impacto importante. Para elaboração deste
tipo de estudo devem ser consultadas normas, leis, decretos, resoluções,
portarias de âmbito federal, estadual e municipal, requerendo da empresa que
elabora o estudo um conhecimento macro da legislação ambiental brasileira.

Neste caso, a Moraes e Bacelar, que oferece serviços de direito ambiental, foi
contratada pela empresa SUAPE para elaboração do presente estudo, e para
isso, foi requerida a conformação de uma equipe multidisciplinar de 17
especialistas em diversas áreas do conhecimento, que atenderam integralmente o
Termo de Referência da CPRH.



                                  3 de 56
Como é a inter-relação entre o DER, SUAPE e a CPRH?




Como foi conformada a equipe técnica da Moraes e Bacelar?




                          4 de 56
1 - A PE-060 E O TRECHO DE ESTUDO

A PE-060 é uma rodovia do estado de Pernambuco que se desenvolve em um
percurso de 84km, paralelo à linha de praia do litoral sul do estado, e interliga as
cidades de Cabo de Santo Agostinho e São José da Coroa Grande.

                      Figura 1 – Localização do Empreendimento




         Fonte: Adaptado do projeto executivo da Maia Melo (2008)




                                        5 de 56
A PE-60 é claramente a principal rodovia estadual de Pernambuco pela sua dupla
função de dar acesso às praias do litoral sul de Pernambuco e servir como eixo de
ligação do Porto de Suape com o restante da malha rodoviária do estado e do
país. Com efeito, tudo o que tenha a ver com o porto de SUAPE apresenta
atualmente uma altíssima relevância regional e inclusive nacional e uma prioridade
1A para o estado de Pernambuco. Nesse sentido, a duplicação da PE-060 terá
repercussão direta nos seguintes aspectos:

      Promoção da expansão econômica da região.
      Melhoramento e integração dos pólos econômicos que se desenvolvem ao
      longo da rodovia.
      Redução de Custos de Transporte através da economia de tempo de viagem
      e de equipamento de transporte.
      Promoção do crescimento do turismo intra regional, possibilitando a oferta
      de programas variados com deslocamentos rápidos e seguros.
      Criação de novas oportunidades de negócios.
      Redução de acidentalidade na rodovia.


O trecho Envolvido

Dos 84 km que conformam a PE-060, foram estudados 33,78km que é a distância
existente entre o inicio do trecho, um pouco antes do primeiro acesso a SUAPE,
e o entroncamento com a PE-061 que dá acesso a Barra de Sirinhaém.
Ao longo desses 33,78 km, o trecho de estudo da PE-060 corta terras de quatro
(4) bacias hidrográficas, GL2, GL3, Ipojuca e Sirinhaém que se inserem em três
municípios: Cabo (3,90%), Ipojuca (66,5%) e Sirinhaém (29,6%).



A rodovia atualmente

A PE-060 apresenta como características marcantes uma plataforma de 12,0m
de largura composta de duas faixas de rolamento com 3,5m cada e acostamentos
de 2,5m de largura. Em alguns pontos do traçado constata-se um estreitamento
dos acostamentos em decorrência do avanço da cana-de-açúcar na faixa de
domínio. A figura a seguir mostra um esquema da seção transversal atual da PE-
060.




                                  6 de 56
Figura 2 – Seção transversal típica do trecho atual




                 2,50       3,50              3,50              2,50




O eixo viário atravessa uma região ondulada, de domínio colinoso o que lhe
confere como característica uma sinuosidade alta com trechos extensos sem
possibilidade de ultrapassagem, mesmo assim, as características geométricas de
rampa máxima e raio mínimo são aceitáveis em quase todo o percurso, o que
significa que poderá ser duplicada sem maiores restrições.
O tráfego na PE-060 é intenso, especialmente nos finais de semana onde há
aumento do fluxo de veículos de passeio que se dirigem às diversas praias do
litoral sul de Pernambuco e do litoral norte de Alagoas. Dados do DER sugerem
que diariamente circulam na estrada uma média da ordem de 11.270 veículos/dia
no trecho até Ipojuca (sendo influenciado basicamente pela presença de SUAPE)
e um valor de 5.700 veículos/dia (50% menor) característico do restante do
trecho até Sirinhaém, porém salientando que estes valores apresentam uma
sazonalidade marcante.
Interessante notar que o levantamento de dados da JBR incluiu uma pesquisa de
origem e destino nos caminhões que circulavam no trecho nos dias 04 e 05 de
março de 2009. Foram ao todo entrevistados 522 caminhões circulando em
ambos sentidos, dos quais 62,6% afirmaram estar trabalhando com alguma
atividade relacionada com o Porto de SUAPE. Isto deixa em evidência a grande
importância do CIPS como principal eixo de geração de tráfego pesado na PE-
060.
Em termos da composição do tráfego nos diferentes segmentos da PE-060,
observa-se que no trecho de SUAPE, em torno de 20% corresponde a caminhões.




                                   7 de 56
Já em Sirinhaém, este valor diminui para a metade, e sendo ainda menor na
cidade de Ipojuca conforme dados do DER de outubro e novembro de 2009.

                      Figura 3 – Variação sazonal do tráfego trecho BR-101 – Ipojuca (Dados 2004)

                           12.000

                           11.000

                           10.000
    N° de veículos / dia




                            9.000

                            8.000

                            7.000

                            6.000

                            5.000

                            4.000




                                                                                                                                         dez
                                                                         mai




                                                                                             jul
                                                fev




                                                                                                                                nov
                                                                                                                 set


                                                                                                                       out
                                     jan




                                                                                   jun




                                                                                                        ago
                                                          mar


                                                                abr




                                    Figura 4 – Composição do tráfego na PE-060 (Dados DER/2008)
    100,0%
     90,0%
     80,0%
     70,0%
     60,0%
     50,0%
     40,0%
     30,0%
     20,0%
     10,0%
              0,0%
                                           Veículos passeio                        Ônibus                              Caminhões

                                    BR-101 - SUAPE (JBR/2009)    BR-101 - SUAPE (DER/2008)         IPOJUCA (DER/208)   SIRINHAÉM (DER/2008)


Em termos de acidentalidade, menciona-se que o abalroamento 1 de veículos
responde pela maior parcela dos acidentes ocorridos no trecho (32%), seguido da
colisão (31%), capotamento (11%) e atropelamento de pedestres (7%). As causas


1
 Abalroamento – Acidente em que os veículos colidem lateral ou transversalmente, estando os
mesmos trafegando pela mesma via, podendo ser no mesmo sentido ou em sentidos contrários.




                                                                         8 de 56
da maior parte dos acidentes estão relacionadas, ora com a inadequação das
características geométricas de quase todos os acessos de áreas de plantação de
cana-de-açúcar, ora com a imprudência de motoristas nas ultrapassagens em
setores proibidos, ou atropelamentos em áreas urbanas ou de presença de
comunidades.
  A                                             B




Foto 1 – A) Ultrapassagens em setores proibidos e acostamentos sem manutenção
Foto 2 – B) Sinalização vertical ocultada pela falta de capinação na estrada



A proposta de duplicação está bem integrada com o restante do
planejamento regional?

Completamente. O estudo realizado abrangeu o levantamento de mais de 40
planos, programas e projetos, governamentais e privados, focalizados na região
de estudo. O resultado da análise recíproca entre eles é a confirmação da
importância da PE-060 como um eixo que serve tanto a todo setor de produção
do Complexo Portuário de SUAPE, quanto à atividade turística, além da ligação
com o litoral Norte de Alagoas. A análise mostra também que a duplicação é tida
como elemento chave na viabilização de empreendimentos privados propostos tais
como hospitais regionais, shopping centers e loteamentos residenciais e
turísticos.

Um único possível conflito foi identificado com o complexo hospitalar privado da
UNIMED, uma vez que a área requerida para este empreendimento, localizada na
margem esquerda da PE-060 após o entroncamento da PE-042 que conduz a
Escada, conflita com a área requerida para implantação da variante projetada na
cidade de Ipojuca.




                                      9 de 56
Foto 3 – Panorâmica da área de implantação da unidade da UNIMED




                              10 de 56
2 - A PROPOSTA DE DUPLICAÇÃO

            A diretriz básica para construção da nova pista (duplicação), baseia-se na
            implantação da mesma, de forma paralela à plataforma atual. O projeto prevê um
            canteiro central entre os dois eixos o que permite o desenvolvimento de greides
            independentes, permitindo uma melhor interconexão entre rampas sucessivas
            criando um traçado mais contínuo e de maior fluidez.
            A nova pista se desenvolve em quase todo o trajeto dentro da faixa de domínio
            existente. Esta concepção apresenta uma única modificação na variante de
            Ipojuca que contornará a cidade pelo lado sul em um percurso de
            aproximadamente 2000m entre o entroncamento da PE-042 até o Rio Ipojuca.

                                                           Figura 5 – Seção transversal típica da duplicação

                                                   EXISTENTE                                                                                                    IMPLANTAÇÃO
                                                     7,00                                                                                                              7,00
            0,30     2,50                 3,50                      1,00        3,50                             VARIÁVEL             1,00               3,50                    3,50                    2,50       0,30
                                                                                                            CANTEIRO CENTRAL
                                                                                       SEGURANÇA




              ACOSTAMENTO
                                                                                                                                      SEGURANÇA
                                                                                                                                       FAIXA DE
                                                                                       FAIXA DE




                                                                                                           BARREIRA DE
                                                                                                           SEGURANÇA
                                                                    CBUQ
                                                                    e=0,065m                                                                              CBUQ- Fx “C”
                     CBUQ                                                                                                                                 e=0,05m                    CBUQ Fx “B”
                                                                                                                                                                                          -
                     e=0,065m                                              3%                                                                                                        e=0,05m                 CBUQ - Fx “C”
                                          3%                                                                                                                                                                 e=0,05m
                     5%                                                                                                                                  3%                            3%
                                                                                                    1 0%                 10 %
        3                                                                                                                                                                                                                     3
    2                                                                                                                                                                                                                               2
                                 PAVIMENTO
                                 EXISTENTE                                                                                  SARJETA                      BASE BRITA
                                                                                                                            TRAPEZOIDAL                   GRADUADA
                                                                                                                            DE CONCRETO                    e=0,15m

                                                                                                                                                                                       SUB-BASE ESTABILIZADA
                                                                                                                                                                                       GRANULOMETRICAMENTE
                                                                                                                                                                                       e=0,20m




                                               Figura 6 – Seção transversal típica na variante de Ipojuca

                                                                                                   TRECHO DE IMPLANTAÇÃO
                                                          7,00                                                                                                                7,00
            0,30       2,50                      3,50               3,50               1,00                      VARIÁVEL                         1,00          3,50                         3,50                2,50        0,30
                                                                                    FAIXA DE               CANTEIRO CENTRAL                 FAIXA DE                                                         ACOSTAMENTO
                   ACOSTAMENTO                                                     SEGURANÇA                                               SEGURANÇA


                                                                                                                 BARREIRA
                                                                                                                 NEW JERSEY


                            CBUQ- Fx“C”                                                                                                                                                       CBUQ- Fx “C”
                                            CBUQ- Fx“B”                                                                                                                                       e=0,05m
                            e=0,05m         e=0,05m                                                                                                                                                                 CBUQ- Fx “B”
                                                                    3%                                     10%                                                           3%                                         e=0,05m
                            3%                                                                                                  10%                                                                                3%
                                                                                                                                                                                                                                        3
        3                                                                                                                                                                                                                                   2
2


                                  BASE                           SUB-BASE ESTABILIZADA                                           SARJETA                 BASE
                                                                 GRANULOMETRICAMENTE                                             TRAPEZOIDAL             (BRITA GRADUADA)
                                  (BRITA GRADUADA)                                                                               DE CONCRETO
                                   e=0,15m                       e=0,20m                                                                                 e=0,15m                       SUB-BASE ESTABILIZADA
                                                                                                                                                                                       GRANULOMETRICAMENTE
                                                                                                                                                                                       e=0,20m




                                                                                                              11 de 56
Que lado será duplicado ?

O lado da PE-060 a ser duplicado irá sendo alternado em função das restrições
existentes em cada margem, ora pela presença de indústria, ora de comunidades,
ora pela presença de fragmentos de mata ou solos moles. A figura a seguir
resume a proposta de duplicação analisada no EIA/RIMA.

         Figura 7 – Diagrama linear do traçado longitudinal da duplicação

                  km 42.17 PE-61
                  (Barra de Sirinhaém)
                                          270266E - 9056017N
             267854E - 9050127N
                                                 Rio Sirinhaém
                                                 km 39.6 PE-64
                                                 (Usina Trapiche)



                                          270266E - 9056017N
                                           269823E - 9056918N
           Riacho São Lourenço

             km 33.0 PE-54
             (Serrambi)                   km 32.2
                                          Acesso a Camela




                                          271830E - 9068829N
                                                  km 25.36
                                                  Rio Arimbi




               Entroncamento PE-38 -
               Porto de Galinhas                         km 21.00

                                                       Rio da mata
                                          km 19,04
                                                       Rio Ipojuca

                             km 16.84      Entroncamento
                                           PE-042 - Escada



                                                      Pista existente
                                                      Pista duplicada II e III trecho
                                                      Variante de Ipojuca
                                                      Pista duplicada IV trecho
                                                      Melhoramento de traçado
                      km 10.44




                                         12 de 56
Quais são as principais obras previstas ?

O quadro resumo com as obras previstas é apresentado na seqüência:


                  Quadro 1 – Obras principais previstas no projeto

       TIPOLOGIA /              REFERÊNCIA DE
                                                             OBRA PREVISTA
      LOCALIZAÇÃO                LOCALIZAÇÃO
Interseções elevadas
Estaca 1.025+0              Acesso a SUAPE             Rotatória elevada em dois níveis
                            Acesso a Pedreira
Estaca 1.140+10                                        Rotatória elevada em dois níveis
                            Anhaguera
                            Acesso a Porto de
Estaca 1.492+7                                         Rotatória elevada em dois níveis
                            Galinhas
Retornos
Estaca 1.578                Zona Rural                 Retorno duplo
Estaca 1.705                Zona Rural                 Retorno duplo
Estaca 1.818                Zona Rural                 Retorno duplo
                            1800m antes da ponte
Estaca 1.929                                           Retorno sentido Ipojuca
                            sobre o Rio Sibiró
                            700m antes do acesso a
Estaca 2.058                                           Retorno sentido Sirinhaém
                            Camela
                            1300m após o acesso para
Estaca 2.188                                           Retorno sentido Ipojuca
                            Serrambi
Estaca 2.294                Zona Rural                 Retorno sentido Sirinhaém
Estaca 2.437                Zona Rural                 Retorno sentido Ipojuca
                            900m antes do acesso à
Estaca 2.491                                           Retorno sentido Sirinhaém
                            usina Trapiche
Pontes
Estaca 1.050+5                          -              Ponte sobre o rio Tabatinga
Estaca 1.171+5                          -              Ponte sobre o rio Congari
Estaca 1.403+4                          -              Ponte sobre o rio Ipojuca
Estaca 1.435                            -              Ponte sobre o rio da Mata
Estaca 1.718                            -              Ponte sobre o rio Arimbi
                                        -              Ponte sobre o rio Sibiró (Santa
Estaca 2.024+7
                                                       Rosa)
Estaca 2.132+17                         -              Ponte sobre o rio São Pedro
Estaca 2.191+15                         -              Ponte sobre o rio São Lourenço
Estaca 2.044+10                         -              Ponte sobre o rio Boca da Mata
Estaca 2.548                            -              Ponte sobre o rio Sirinhaém




                                   13 de 56
Balanço de movimentação de terra

                     Quadro 2 – Balanço de movimentação de Terra

                                                                                Balanço1
                                                         Balanço
                                                                            Entre PE-038 e
                      Descrição                       Até a PE-038
                                                                               a PE-061
                                                          (m³)
                                                                                  (m³)
      Escavação
      Volume total de corte
                                                         1.545.494,97          ± 3.098.000,0
      (1ª categoria)
      Volume total de corte
                                                             12.097,16               ± 24.250,0
      (2ª categoria)
      Volume total de corte
                                                             34.227,37               ± 68.600,0
      (3ª categoria)
      Escavação de solo mole                                 79.752,00              ± 159.900,0
      Aterros
      Corpo de estrada, material
                                                         1.546.779,00          ± 3.100.900,0
      selecionado e reaterro de rebaixos
      Material para bota-fora
      Destinação final em Bota-fora                         124.792,00             ± 250.000,00
      (1) Estimativa realizada com os índices dos trechos anteriores


O material excedente da escavação gerado no trecho até o entroncamento da
PE-038 poderá ser destinado aos bota-foras de SUAPE, ou então, utilizado para
recomposição das áreas de empréstimo. Já o local de destinação do material
excedente no restante do trecho, será objeto de complementação do estudo na
etapa posterior de elaboração de Projeto Executivo.

Para o fornecimento de materiais para aterro e concretos, constam no projeto as
seguintes áreas de empréstimo:

                   Quadro 3 – Identificação de Áreas de Empréstimo

      Código      Estaca de         Localização          Área          Distância       Volume
                  Referência                             (m²)           do Eixo       Utilizável
                                                                         (km)           (m³)
     E-01         1.026 - LE          CIPS              9.000             3,9          45.603
     E-02         1.182 - LE      Usina Salgado         60.000           0,02         305.640
     E-03         1.313 - LE      Usina Salgado         80.000           0,02         360.000



                                          14 de 56
E-04         1.498 - LE     Usina Ipojuca         20.000         0,02    108.000
       J-1          1.026 - LE         CIPS              14.400         3,30     31.493
       J-2          1.028 - LD         CIPS              11.025         0,80     23.318
       J-3 ©        1.492 - LE     Usina Salgado         31.500         6,40     22.680
       A1 ©         1.492 - LE     Usina Salgado         14.000          7,10    22.680
       A2 ©         1.305 - LD      Rio Ipojuca             -            7,5        -
       A3 ©         1.492 - LE     Areial Salgado           -           12,00       -
                                    Areial Usina
       A4 ©         2.542 - LD                                -         5,00       -
                                     Trapiche
       P1 ©         1.141 - LD      Anhanguera                -         4,00       -
                                     Pedreira
       P2 ©         2.647 - LE                                -         2,00       -
                                     Trapiche
      © Já alteradas por exploração comercial ou exploração de particulares



Haverá necessidade de remanejar população ?

Sim, os dados de desapropriação existentes para o trecho até a PE-038, apontam
para uma desapropriação da ordem de 161 imóveis, salientando que parte deles
são terras das usinas Ipojuca, Salgado e inclusive de SUAPE. As principais
comunidades afetadas são o Alto Belo Vista (afetado pela rotatória de acesso a
Porto de Galinhas) que terá em torno de 90 imóveis desapropriados, na variante
de Ipojuca com aproximadamente 28 imóveis e a comunidade Nova Califórnia com
um remanejamento aproximado em torno de 10 imóveis. No restante do trecho
entre o entroncamento da PE-038 e a cidade de Sirinhaém não foram
identificadas situações de desapropriação relevantes, salvo alguns casos como no
engenho Ferro Velho, onde se encontra invadida a faixa de domínio.



  A                                                       B




Foto 4 – A) Desapropriação na cidade de Ipojuca - B) Panorâmica do Alto Bela Vista, onde
serão realizadas as principais desapropriações




                                           15 de 56
A obra será iniciada em todo o trecho ao mesmo tempo ?

Não, o EIA/RIMA permitirá a obtenção da Licença Prévia para a totalidade do
trecho, porém, isto não é suficiente para executar a obra, precisa de uma nova
etapa de licenciamento para obtenção da LI.

Essa segunda etapa de licenciamento será feita por trechos, sendo que o
primeiro a ser tramitado será o aferente a SUAPE que vai desde o acesso norte,
até o acesso sul, em uma extensão de 3,24km. Esta obra será executada por
SUAPE, o restante do trecho será programado e executado pelo DER.


Quanto vai demorar em implantar esse primeiro trecho ?

O projeto Executivo da Maia Melo Engenharia aponta para um período de 1 ano
para o trecho até o entroncamento da PE-038 que dá acesso a Porto de Galinhas.
Dessa forma, espera-se que a obra de SUAPE esteja concluída em um tempo bem
inferior a esses 12 meses.


O canteiro já está definido ?

Sim, ficará localizado nas imediações da rotatória de acesso a SUAPE. A
proposta é que seja dividido em dois espaços: o canteiro e suas facilidades com
área de 60x40m e uma área adicional para estocagem de 10.000m².




                                 16 de 56
3 - O DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

Os levantamentos efetuados pela equipe técnica estiveram restritos às Áreas de
Influência previamente definidas.

Inicialmente definiu-se uma Área de Abrangência Regional, envolvendo todo o
litoral sul do estado, desde o entroncamento com a BR-101 no Cabo de Santo
Agostinho, até o município de São José da Coroa Grande. Esta grande área serviu
como pano de fundo para os estudos mais detalhados que estiveram restritos às
áreas de Influência Direta (AID) e Indireta (AII), definidas conforme se mostra
na figura a seguir:

               Figura 8 – Esquema das Áreas de Influência Adotadas

                                 ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA - AII
               2.000m                                                 2.000m

                                 ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA - AID

                           500m                            500m


                                                ADA




                           PISTA EXISTENTE          PISTA DUPLICADA




O meio físico na Região

A PE-060 se desenvolve em uma região de relevo movimentado, dominado por uma
feição colinosa do lado oeste do eixo viário e uma feição de planície do lado leste,
cenário este onde a PE-060 discorre no limite entre as duas, adotando a
característica sinuosa do relevo colinoso, mas também a travessia de áreas de
várzea e depósitos de solo mole características das áreas baixas que antecedem
o contato do continente com o oceano atlântico.
Esta conformação topográfica é a manifestação em superfície do contexto
geotectônico que governa a região. Com efeito, o traçado da rodovia PE-060
desenvolve-se sobre substratos bem diferenciados: no segmento inicial, ocorrem
sedimentos recentes da planície aluvial do rio Massangana, com morrotes isolados
de textura arenosa e silto-argilosa da Formação Cabo, com poucos afloramentos
de destaque; em seguida passa para áreas de relevo um pouco mais movimentado,
formadas pelos conglomerados da Fm. Cabo; nos quilômetros finais, ocorrem as
rochas graníticas do embasamento cristalino. Nas várzeas e vale do rio Ipojuca,


                                              17 de 56
ocorrem sedimentos recentes, representados por depósitos fluviais, arenosos e
silte-arenosos, e aqueles, com predominância de argilas orgânicas e turfas.




              Foto 5 - Bloco de granito do embasamento cristalino, envolto em seu solo residual.


  A                                                     B




Foto 6 –A) Conglomerado da Fm. Cabo
Foto 7 –B) Cortes em rochas conglomeráticas da Fm. Cabo

A conformação colinosa da região que, em pequena escala se assemelha a um “mar
de morros” em grande escala conforma divisores de água e bacias hidrográficas.
De fato nos 33 km do trecho em estudo, a PE-060 corta quatro bacias
hidrográficas: Ipojuca e Sirinhaém, a bacia GL3 de pequenos rios litorâneos e um
trecho da bacia GL2, também de rios litorâneos. A bacia GL2 tem como destaque
no trecho da duplicação da PE 060 o rio Tabatinga, bem no extremo norte do
percurso da rodovia. A GL-3 é constituída pelas drenagens dos rios Merepe e
Maracaípe, que não apresentam entre si um divisor de águas bem definido. O
trajeto da duplicação da rodovia PE 060 intercepta principalmente os rios
Sirinhaém e Ipojuca, além de diversos cursos de água menores.




                                               18 de 56
Figura 9 – Bacias Hidrográficas do Estado de Pernambuco




                                                                        GL-2

                                                                               GL-3




Dentro destas 4 bacias principais identificam-se 8 cursos de água que cortam a
PE-060 em sentido oeste-leste, e que com exceção do Rio Sirinhaém e o Rio
Ipojuca, constituem cursos de água de pequeno porte, com nascentes próximas
da área de estudo.
             Quadro 4- Sub-bacias identificadas no trecho de estudo

   Curso de Água                         Bacia        Localização
   Rio Tabatinga                    GL-2              Estaca 1.050+5
   Rio Congari                      Ipojuca           Estaca 1.171+5
   Riacho da Mata                   Ipojuca           Estaca 1.435
   Rio Arimbi                       GL-3              Estaca 1.718
   Rio Sibiró (Santa Rosa)          Sirinhaém         Estaca 2.024+7
   Riacho São Pedro                 Sirinhaém         Estaca 2.132+17
   Riacho São Lourenço              Sirinhaém         Estaca 2.191+15
   Riacho Boca da Mata              Sirinhaém         Estaca 2.044+10


Em cinco (5) cursos de água (Tabatinga, Ipojuca, Arimbi, Santa Rosa e
Sirinhaém) foram coletadas amostras para verificar seu grau de poluição. Todos
os mananciais foram enquadrados como Classe 2, sendo confirmada sua
contaminação por coliformes totais e coliformes termotolerantes (Scherichia
coli) atestando a poluição de natureza sanitária urbana. Os Rios Arimbi e Santa
Rosa apresentaram uma qualidade ligeiramente superior nas amostras analisadas,
sendo isto decorrente da proximidade da sua nascente, e a ocupação da sua
microbacia a montante da PE-060, sem aportes de ares urbanas, tão só, de
cultivos de cana. Entretanto, os Rios Ipojuca, Tabatinga e Sirinhaém já
apresentam a qualidade de suas águas mais comprometida. Outrossim, o Rio
Tabatinga também apresentou pior situação de indicadores de poluição por carga
orgânica evidenciado pelos parâmetros DQO, DBO, OD e Scherichia coli,



                                     19 de 56
certamente ligado a sua menor capacidade autodepurativa em relação aos Rios
Ipojuca e Serinhaém.

Em termos climatológicos, fica fácil antever que a região apresenta
características litorâneas, tendo seu clima classificado como As’ e o AMs’, quente
e úmido com chuvas durante quase todo o ano e com uma estação seca menor
(outubro-dezembro). A pluviometria situa-se em torno de 2000mm/ano, sendo
bem distribuída espacialmente conforme se mostra na Figura a seguir.

                                          Figura 10 – Distribuição mensal da pluviometria anual
                            400,0

                            350,0

                            300,0
 Precipitação mensal (mm)




                            250,0

                            200,0

                            150,0

                            100,0

                             50,0

                              0,0




                                                                                                                                          Dez
                                                                                                                                    Nov
                                                              Abr




                                                                                                  Ago



                                                                                                            Set



                                                                                                                       Out
                                           Fev



                                                       Mar
                                    Jan




                                                                                 Jun
                                                                        Mai




                                                                                            Jul




                                           Gameleira         Porto de Galinhas         Escada     Evaporação (Recife 1961 - 1990)



Qualidade do Ar.

Em termos de qualidade do ar, verificou-se que as principais fontes de poluição
na área estão relacionadas com:

                            a.   Atividade industrial no Porto de SUAPE (fonte fixa);
                            b.   Caldeiras das usinas Ipojuca e Trapiche (fonte fixa);
                            c.   Queimadas de cana-de-açúcar (fonte fixa);
                            d.   Emissões veiculares (fonte móvel);

As três primeiras fontes de poluição precisariam de um estudo específico para
serem avaliadas, já a poluição em decorrência da circulação dos veículos foi
estimada partindo da composição do tráfego diário, e índices médios de geração
por veículo. Os resultados mostram que a PE-060 no trecho de estudo aporta por
dia 561 toneladas de CO para a atmosfera, a uma taxa de 6,50 g/s. Igualmente a
contribuição de óxidos de nitrogênio estimada, está em torno de 365 t/dia.




                                                                              20 de 56
Em termos de ruído, as medições efetuadas em 7 pontos da estrada e a 5m da
borda, mostram valores típicos de operação de rodovias movimentadas, com
valores entre 70 e 85 dB.


O meio Biótico nas áreas de Influência
A paisagem da região fisiográfica do Litoral-Mata foi fortemente moldada pela
cultura da cana-de-açúcar que tomou o lugar dos ecossistemas terrestres
originais ao longo dos cinco séculos de desmatamentos. Os remanescentes de
vegetação natural apresentam-se hoje nas suas formas sucessoras, com
diferentes graus de antropismo.
Vale salientar que, apesar da fragmentação e redução das áreas de Mata
Atlântica, nenhuma das espécies citadas se encontra na condição de “ameaçada
de extinção” segundo a lista oficial integrante da Instrução Normativa MMA Nº
6, de 23 de setembro de 2008.

O mosaico de fragmentos vegetais existente hoje nas áreas de influência pode
ser verificado no Quadro a seguir:

 QUADRO 5 – DISTRIBUIÇÃO ABSOLUTA E PERCENTUAL DO USO DO SOLO NA AII E AID

                                              AII               AID
                 USO
                                        HA          %      HA         %
   Ecosistema construído (urbano +
                                            188,23  1,75%   130,67  3,94%
   Rural)
   Indústria/Comércio                        87,34  0,81%    64,28   1,94%
   Sistema viário (Rodovias + vicinais)      32,29  0,30%    64,60   1,95%
   Várzea, área alagada                       4,85  0,05%    18,52  0,56%
   Hidrografia                               83,82  0,78%    28,66  0,87%
   Cana-de-Açúcar                         7.936,41 73,73% 2.404,93 72,60%
   Remanescentes de Mata Atlântica        1.176,79 10,93%   221,85  6,70%
   Formação vegetal mista com espécies
   de mata em estágio inicial de            815,73  7,58%   219,97  6,64%
   regeneração
   Cultivos Agrícolas                      264,96   2,46%    73,38  2,22%
   Pasto                                    120,93  1,12%    85,08  2,57%
   Solo Exposto                              52,49  0,49%     0,70  0,02%
   Total                                10.763,84 100,00% 3.312,64 100,00%




                                   21 de 56
Como pode ser observado no quadro anterior, dividiu-se a vegetação da área de
influência direta em categorias, descritas a seguir:

     1. Cultivos agrícolas, representados por plantios de cana-de-açúcar cuja
        cultura, estreitamente relacionada à história de uso da terra na região,
        delineia a paisagem da Zona da Mata pernambucana;
     2. Vegetação arbórea subespontânea de beira de estrada, constituída
        predominantemente por fruteiras (mangueiras, jaqueiras, azeitoneiras-
        roxa, cajazeiras) e pela regeneração espontânea de macaibeiras e
        imbaúbas; é constituída por árvores esparsas, mas por vezes, encontram-
        se agrupadas em remanescentes de antigos sítios ou próximo às
        comunidades;
     3. Maciços vegetais, geralmente arbustivos, de espécies pioneiras, que se
        estabelecem em áreas mais úmidas, mal drenadas, resultado da
        regeneração natural de espécies colonizadoras em locais anteriormente
        cultivados e hoje abandonados. Dominam alguns tipos de espinheiros ou
        calumbis, jurubeba e outras espécies ruderais.
     4. Regeneração em estágio inicial de espécies pioneiras da Mata Atlântica
        (imbaúba, lacre, murici), com cobertura arbórea rala, porte baixo, sem
        estratificação vegetal, geralmente se estabelecendo em cortes de
        barreiras, em locais imprestáveis ao cultivo da cana-de-açúcar, ou na borda
        de fragmentos florestais mais maduros.
     5. Vegetação ciliar (projeto de recuperação de mata ciliar do rio Sirinhaém)
     6. Maciços vegetais plantados (pequenos trechos com grande densidade de
        sabiá - Mimosa caesalpiniifolia, e inga – Inga edulis.).

 A                                              B




Foto 6 – A) – Pastos B). Povoado do Engenho Tapera, com vegetação arbórea cultivada. (UTM
0271128/9067274)



                                         22 de 56
A                                                      B




Foto 7 – A) – Ocupação recente à beira da pista onde se estabelece um pequeno maciço de Mimosa sp.. Ao
fundo, canavial. UTM 275117/ 9072834. B). Vegetação arbustiva pioneira se estabelece em locais mal
drenados, ás margens de PE-60




                    Foto 8 – Regeneração de Mata Atlântica estabelecendo-se às
                    margens da PE-60. Ponto UTM 026831/9057044




                    Foto 9 – Aspecto geral de fragmento próximo ao trajeto da
                    PE-60, em Ipojuca (UTM0269718/9062462)



                                               23 de 56
Foto 10 – Aspecto geral da mata ciliar do rio Sirinhaém, na área de influência direta do
       empreendimento (UTM268107/9051070)

E a Fauna?

A devastação dos ecossistemas originais como a substituição quase total da mata
atlântica pela cana-de-açúcar, tem um reflexo direto na fauna associada. Um
indicador claro disso é o número de aves identificadas na área de abrangência,
que se situa em torno de 100, uma diversidade regular se comparada aquela da
Mata Atlântica pernambucana, com cerca de 200 espécies. Como era de se
esperar, predominam espécies pouco sensíveis às pressões antrópicas, portanto
bem adaptadas aos diversos tipos de ambientes florestados, com exceção, por
exemplo, do frei-vicente (Tangara cayana), dançarino ou tangará (Chiroxiphia
pareola) e da viuvinha (Arundinicola leucocephala), espécies com sensitividade
média. O pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa – não incluído na lista), espécie
Vulnerável (IUCN, 2008; NEVES et alli, 2000) tem suas populações em declínio
devido a captura para comércio, e principalmente devido a perda de hábitat,
ainda pode ser detectado nas manchas maiores de Mata, fora da área de
influência da PE-60.




Foto 11 – A) - Tangara cayana (Fonte: EIA/RIMA Geosistemas)
Foto 12 – B) - Phaethornis ruber (Fonte: EIA/RIMA Geosistemas)
Foto 13 – C) - Coereba flaveola (Fonte: EIA/RIMA Geosistemas)


                                               24 de 56
Igualmente, o mosaico de fragmentos de mata a que ficou reduzida área de
abrangência do empreendimento, fornece condições só para o estabelecimento de
pequenos mamíferos, em particular os roedores e marsupiais, são essencialmente
herbívoros, reproduzem bastante, colonizam ambientes e servem de alimento
para predadores primários.
Dentre os mamíferos foram identificadas 25 espécies, com destaque para 7
pertencentes a família Phyllostomidae (de morcegos), seguida da família
Didelphidae (timbu e rato-cachorro), com 4.
De um modo geral as espécies mais comuns foram o timbu (Didelphis albiventris)
(CRUZ et alli, 2002), os morcegos (Phyllostomus hastatus, P. discolor, Artibeus
jamaicensis, Carollia perspicillata, Glossophaga soricina), e o guabiru (Rattus
rattus).

Em termos de répteis, foram registradas 13 espécies de anfíbios, na sua maioria
de hábito noturno e associadas aos ambientes de maior umidade, sendo as mais
comuns o sapo-cururu (Rhinella jimi), as pererecas (Hypsiboas albomarginata e
Phyllomedusa nordestina), a perereca-de-banheiro ou raspa-cuia (Scinax x-
signatus) e o caçote (Leptodactylus ocellatus). Entre os répteis, foram
identificadas 26 espécies. Dentre as serpentes, são comuns a jibóia (Boa
constrictor), e a corre-campo (Philodryas nattereri).

  A                                                B




Foto 14 – A) - Crotalus sp,(Fonte: EIA/RIMA Geosistemas)
Foto 15 – B) - Clelia sp (Foto Isabelle Meunier, Maio de 2009)


O meio Socioeconômico
O contexto socioeconômico em que se desenvolve o projeto está marcado
principalmente pela presença do Complexo Industrial Portuário de Suape - CIPS,
mas também pelas outras duas vocações marcantes na região que notadamente
são a atividade turística das praias do litoral sul e a atividade sucroalcooleira,
ambas em que o município de Sirinhaém adquire ampla relevância.



                                            25 de 56
Foto 16 - Funcionamento do setor sucroalcooleiro
              representado pela atividade na usina trapiche, em sirinhaém.

Essa amálgama de vocações delineia um quadro socioeconômico marcado por
profundas diferenças na distribuição de renda dos três municípios envolvidos
(Sirinhaém, Ipojuca e Cabo), mas também por semelhanças nas condições de vida
da população, senão vejamos.

Conforme dados do IBGE de 2005, o PIB per capita de Ipojuca era o maior do
estado com 51.577 R$ /hab, triplicando o PIB do cabo e sendo quase 12 vezes o
PIB per capita do município de Sirinhaém, que na época se aproximava do PIB
médio do estado de Pernambuco. Estas diferenças estonteantes na distribuição
de renda entre municípios vizinhos, não se vêm refletidas com a mesma
intensidade nas condições de vida da população, isto pôde ser percebido
claramente pela equipe do EIA nas visitas de campo às diversas comunidades
rurais assentadas na AID do empreendimento. Todas elas, independentemente do
município em que se encontram enfrentam as mesmas dificuldades de acesso a
alguns dos serviços básicos.

Contudo, alguns indicadores referentes à infra-estrutura de serviços básicos
evidentemente melhoraram. Em 2000, a cobertura de coleta de lixo nas cidades
era precária, sendo incipiente no município de Sirinhaém com apenas 50% dos
domicílios, seguida por Ipojuca com 71% e Cabo com 86%. Hoje, a cobertura de
coleta nas sedes urbanas para qualquer um dos três municípios é superior a 95%.
Na área de coleta de esgoto principalmente também se devem verificar avanços
significativos nestes últimos 9 anos, o que terá influência em indicadores de
mortalidade infantil e expectativa de vida ao nascer. Em 2000, conforme dados
do DATASUS, as taxas de mortalidade infantil por 1.000 nascidos vivos
atingiram 17, 41,7 e 19,3 nos municípios do Cabo, Ipojuca e Sirinhaém,
respectivamente, mas com tendência decrescente em relação ao ano de 2001




                                        26 de 56
As semelhanças socioeconômicas dos três municípios envolvidos podem ser
visualizadas de melhor forma através de um indicador como o IDH. Conforme
dados do PNUD de 2000, o IDH dos municípios envolvidos podia ser considerado
como de médio desenvolvimento humano. O Cabo exibia o maior IDH do grupo dos
três municípios com um valor de 0,707, superando Ipojuca e Sirinhaém em 7,4% e
11,6% respectivamente. Contudo, o município que exibiu uma maior evolução em
termos de IDH no período de 1991 – 2000, foi Sirinhaém com aumento de 46,2%,
quase o dobro de Ipojuca que exibiu uma melhoria de 24,15% e muito acima do
Cabo cuja evolução foi de 12,22%.

É esse o contexto socioeconômico em que se desenvolve o projeto de duplicação,
e especialmente dos municípios de Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e
Sirinhaém, considerados como a área de influência indireta do meio antrópico.
Neste recorte de terreno, estima-se que habitem atualmente em torno de
355.000 pessoas, em torno de 2,5 vezes maior que a população em 1970.

As comunidades diretamente afetadas

As comunidades assentadas na faixa de domínio da rodovia, ou ainda na Área de
Influência Direta (AID) que serão diretamente afetadas, foram pesquisadas pela
equipe de EIA através de visitas e questionários aplicados a lideranças ou
moradores antigos.
Ao todo, as comunidades identificadas somam 12 ocupações, 1 delas pertencentes
ao Cabo de Santo Agostinho, 06 ao município de Ipojuca e 4 ao município de
Sirinhaém conforme relacionado no Quadro a seguir.

            QUADRO 6 – Comunidades pesquisadas localizadas na AID.

                                                           Distância
                                  Localização Relativa
               Comunidade                                aproximada da
                                        à rodovia
                                                          PE-060 (km)
                    CABO
       1   SUAPE                    Margem Direita        As margens
                IPOJUCA
       2   Penderama                Margem Direita          300 m
       3   Califórnia               Margem Direita          200 m
       4   Travessia de Ipojuca       Pista Local         As margens
       5   Rurópolis               Margem Esquerda           70 m
       6   Alto da Bela Vista       Margem Direita          150 m
       7   Tapera                  Margem Esquerda           20 m



                                    27 de 56
SIRINHAÉM
       8      Todos os Santos            Margem Esquerda     100 m
       9      Engenho São Paulo          Margem Esquerda     200 m
       10     Bom Jardim                  Margem Direita      20 m
       11     Ferro Velho                 Margem Direita     150 m
              Travessia de                                 As margens
       12                                    Pista Local
              Sirinhaém


Como já mencionado, todas as comunidades entrevistadas guardam uma
semelhança nas suas condições de vida, independente do município em que se
localizem.
A maior parte delas são comunidades surgidas há 40 ou 50 anos e pertencentes
às usinas de cana-de-açúcar, das quais hoje são totalmente dependentes em
termos de oportunidades de trabalho. Inclusive foi detectado como padrão a
ausência de lideranças nestas comunidades, muitas delas responderam que os
conflitos internos são resolvidos pelos administradores das usinas. As condições
de saneamento básico são precárias, sem esgotamento sanitário, sem coleta de
lixo e inclusive sem água encanada em algumas, áreas onde o fornecimento é feito
através de cacimbas (situação mais comum).




            Foto 17 – Ambiência rural no Engenho Tapera

As características da comunidade do Alto da Bela Vista localizada em Ipojuca e
que terá o maior número de remanejamentos, é um pouco diferente. Esta
ocupação surgida no anos 70 apresenta uma ambiência urbana, lembrando em
pequena escala as ocupações dos morros da zona norte de Recife e Olinda.

De todas as comunidades estudadas, quiçá é a que apresenta as condições mais
precárias em termos urbanísticos, uma vez que parte do assentamento está em
cotas baixas, ocupando uma várzea aterrada, mas sofrendo de alagamentos nos


                                           28 de 56
períodos de inverno, e outra parte está a meia encosta e sujeita a riscos de
desabamentos, e onde se observam mantas plásticas pretas nas barreiras como
medida de contingência.

Os entrevistados afirmaram que a maioria dos moradores possui o título de posse
das terras, informaram em termos de saneamento que apenas 30% tem sistema
individual de fossa os outros 70% despejam a céu aberto o esgoto gerado.
Quando questionados sobre a ocupação da comunidade, afirmaram que 10% estão
empregados em Suape; 30% na rede de Hotelaria em Porto de Galinhas e 60% no
corte de cana-de-açúcar.




               Foto 18 – Panorâmica da comunidade do Alto da Bela Vista

Em termos das travessias urbanas de Ipojuca e Sirinhaém, onde alguns
                                         comércios    serão    afetados    pela
                                         duplicação, as informações coletadas
                                         apontam para uma distribuição na
                                         clientela      desses       comércios
                                         representado por 40% de moradores
                                         locais, 20% empresas locais, 10%
                                         empresas de Suape e 30% associado
                                         ao tráfego da PE-60. Foi identificado
                                         um assentamento sem terra do lado
direito da PE-060, no acesso ao Engenho Daranguza.

As principais reivindicações da comunidade estão associadas à segurança para
atravessar a PE-060 em direção às paradas de ônibus e o saneamento básico. A
seguir listam-se algumas respostas dos entrevistados, propositalmente
deixaram-se as respostas repetidas obtidas em diversas comunidades.

                                       29 de 56
A construção e alargamentos das pontes ao longo deste trecho;
      A construção de lombada eletrônica;
      A melhoria dos acessos da comunidade para PE-60;
      Saneamento;
      Construção de via para bicicletas e alargamento dos acostamentos e via
      para pedestre.
      Melhoria dos acessos até a PE-60;
      Posto médico na comunidade;
      Coleta de Lixo;
      Construção de banheiros;
      Saneamento;
      Melhoria nos transportes públicos;
      Lombada eletrônica;
      Correio.
      Lombadas eletrônicas;
      Acostamentos;
      Saneamento;
      A construção de uma passarela de pedestres;
      Correio;
      Mais ônibus;
      Acostamentos;
      Saneamento;
      Segurança.
      Lombada;
      Saneamento;
      Passarela;
      Abrigos.


O Patrimônio Histórico e Cultural
A região de estudo apresenta uma riqueza histórica e cultural bem reconhecida,
caracterizada por fortes da época da colônia, casarões antigos da época do
esplendor da cana-de-açúcar, e inclusive, vestígios antigos de ocupações
indígenas.

A reconstrução etnohistórica da área aponta para a existência, no litoral e zona
da mata, que hoje corresponde ao estado de Pernambuco, de uma ocupação
extensa de grupos denominados de Caeté, Tabajara e Potiguara, todos
identificados como pertencentes ao tronco lingüístico Tupi-Guarani. Para estes
grupos, a cerâmica era um elemento cultural importante e estava relacionada
tanto com os aspectos de subsistência como de rituais de morte, de

                                     30 de 56
sepultamento e nas festas. Na realidade é o vestígio mais recorrente nos sítios
arqueológicos do litoral, materializando o que é relatado pelos cronistas (SILVA,
2004:60). Já em uma época mais recente, especificamente na segunda metade do
século XVI, chega-se à época de colonização do litoral sul de Pernambuco, com a
implantação dos engenhos nas terras baixas e nas áreas de várzeas. De fato, o
núcleo originário de Ipojuca, no século XVI, enquadra-se na ocupação de porto
fluvial. No início da colonização a área foi explorada com a extração do pau-brasil
que era embarcado em Porto de Galinhas. Entre 1550 e 1650 Ipojuca tornou-se
um importante centro açucareiro possuindo mais de 30 engenhos, dois portos
(Suape e Porto de Galinhas) e o rio Ipojuca.
É nesse contexto que foram direcionados os estudos arqueológicos do EIA, ora
na procura através de prospecção de superfície de vestígios de grupos
ceramistas, ora através da visita aos antigos engenhos para conferência da sua
situação atual. Este levantamento atende à portaria 230 do IPHAN.

Ao todo, foram identificados e vistoriados aproximadamente 40 locais de
relevância histórica, a maior parte deles correspondentes a antigos engenhos da
época colonial de Pernambuco, desses, 26 locais vistoriados que se localizam
dentro da Área de Influência Indireta – AII do empreendimento, salientando que
neste caso, o referido recorte de estudo estendeu-se de 2km para 4km, no
intuito de fazer a pesquisa de forma mais abrangente.
Os resultados constatam que poucos engenhos estão localizados próximos à
rodovia PE-60, com exceção dos engenhos Penderama e Tapera, que apesar do
processo de descaracterização, com novas edificações presentes e utilização
como moradia, conservam elementos característicos do outrora passado colonial.


 A                                          B




Foto 19 – A) Engenho Jasmim
Foto 20 – B) Engenho Penderama – Antiga senzala e capela




                                          31 de 56
Da mesma forma, foram vistoriados vinte (20) morros pelo método oportunístico
aproveitando aqueles em que a cana-de-açúcar havia sido retirada para o
processo de moagem nas usinas. Dos 20 locais vistoriados, em 12 deles foram
identificados vestígios arqueológicos, correspondendo em sua totalidade a
pequenos fragmentos de louça da época colonial, e/ou, fragmentos cerâmicos e
elementos líticos pertencentes a ocupações pré-históricas que no passado
ocupavam os morros da zona da mata de Pernambuco.
Independente da relevância científica dos vestígios identificados, a prospecção
de superfície deixa em evidencia o grande potencial que em termos arqueológicos
pode apresentar a zona de influência do empreendimento, principalmente em
aqueles setores que sofreram menos alterações ao longo destes últimos anos, ou
seja, os topos de morros protegidos com remanescente de mata atlântica.



  A                                                B




Foto 21 – A) Material Cerâmico Foto 22 – B) Local da Ocorrência 5

   A                                                B




Foto 23 – A) material lítico - afiador Foto 24 – B) material lítico – lasca de sílex




                                             32 de 56
Quadro 7 – Relação de locais de relevância histórica/cultural na AII estendida
                                    (4km)

 PONTOS DE RELEVÂNCIA          LOCALIZAÇÃO       DISTÂNCIA PROXIMIDADE
  HISTÓRICA E CULTURAL                           EIXO PE-60
Engenho Tabatinga                 Ipojuca          2.466,56    AII
Engenho Jasmim                    Ipojuca          3.139,82    AII
Engenho Penderama                 Ipojuca           302.47     AID
Engenho Arendepe                  Ipojuca          3.105,69    AII
Engenho Guerra                    Ipojuca          2.067,89    AII
Engenho Pindoba                   Ipojuca          3.300,39    AII
Engenho Saco                      Ipojuca          1.462,42    AII
Usina Ipojuca                     Ipojuca          2.659,92    AII
Engenho Conceição Nova            Ipojuca          1.628,81    AII
Chaminé de antiga olaria          Ipojuca           209,96     AID
Engenho Tapera                    Ipojuca            61,30     AID
Engenho Santa Rosa                Ipojuca          2.153,42    AII
Engenho São Pedro              Camela, Ipojuca     2.335,88    AII
Igreja de Santo Antônio de
                               Camela, Ipojuca     2960,73          AII
Camela
Engenho Todos os Santos            Ipojuca          139,91          AID
Engenho ou Usina Trapiche
                                  Sirinhaém        1.295,36         AII
Velho
Usina Trapiche                    Sirinhaém       2.329,30          AII
Capela de São Roque               Sirinhaém        850,92           AII
Igreja de Nossa Senhora da
                                  Sirinhaém        768,60           AII
Conceição
Convento de Santo
Antônio/Igreja de São             Sirinhaém        1.026,52         AII
Francisco
Engenho Tinoco                    Sirinhaém        4.586,14         AII
Casa da Câmara e Cadeia           Sirinhaém         795,03          AII
Engenho Bom Jardim                Sirinhaém          53,61          AID
Engenho Sibiró Cavalcante         Sirinhaém         680,54          AII




                                   33 de 56
4 - AVALIAÇÃO AMBIENTAL

A metodologia utilizada neste capítulo atende a RESOLUÇÃO DO CONAMA
001/86, bem como o Termo de Referência da CPRH:




                             34 de 56
Como seria o futuro da área sem o empreendimento ?
O futuro ambiental da região com ou sem o empreendimento está diretamente
atrelado às principais vocações da área, que por sua vez têm um rebatimento
direto nas condições de trafegabilidade e oferta de serviço que podem ser
esperadas na PE-060, então vejamos cada uma dessas vocações e suas
perspectivas futuras.

Os melhores anos de SUAPE estão por vir

Na próxima década toda essa estruturação que vem sendo alicerçada no CIPS
com a captação de empresas privadas de grande porte que acreditaram no
projeto SUAPE, deverá começar a dar retorno em termos de geração de
empregos e aumento do PIB. E não tem como ser de outra forma, os
investimentos de capitais privados que na última década aumentaram
exponencialmente deverão continuar crescendo e começar a trazer benefícios
para o estado.

         Figura 11 – Histórico de investimentos em SUAPE (1979 – 2007)




                                   Investimento Privado
                                   Investimento União
                                   Investimento Estado

Diante desse panorama altamente positivo, e considerando que a contrapartida
de SUAPE para os empreendedores é a oferta da infra-estrutura requerida para
os seus projetos, fica remota a possibilidade de não implantação do projeto pelo
menos neste trecho de SUAPE.




                                   35 de 56
O crescimento do setor turístico no litoral sul

Matéria prima para o turismo existe de sobra no litoral sul de Pernambuco. O
governo do Estado e os empreendedores privados sabem disso e enxergam na
exploração turística do litoral um enorme potencial em termos de captação de
receita provinda de visitantes estrangeiros, e mesmo de brasileiros de outros
estados, do sul principalmente.




A previsão é que até 2020 sejam aplicados em turismo, investimentos públicos e
privados em torno de R$ 18.000.000. Uma parcela bem significativa destes
recursos seria direcionada para o litoral sul do estado, e tem mais: em torno de
70% da parcela pública destes recursos seria destinada para o saneamento
básico e infra-estrutura urbana.

  Figura 12 – Distribuição por região de investimentos em turismo (2008 – 2020)




             Fonte: Plano estratégico de turismo de Pernambuco- 2008




                                          36 de 56
A concretização destas projeções tão alentadoras depende do atendimento por
parte do estado dos compromissos com os investidores, como é o caso da
revitalização da estrada da batalha, que hoje em dia representa um gargalo no
fluxo de veículos para o litoral sul. Esta revitalização da estrada da Batalha,
deixaria ainda mais em evidencia a necessidade de se duplicar a PE-060 até o
acesso a Porto de Galinhas como mínimo. Sendo assim, observa-se que desde a
ótica do desenvolvimento turístico da região, com ampla disponibilidade de
recursos para o litoral sul, a hipótese de não implantação do empreendimento
parece distante.

A nova realidade do setor sucroalcooleiro

Novos tempos se vislumbram para a indústria canavieira. Um novo tempo em que a
tolerância de todos os segmentos da sociedade e os órgãos de controle ambiental
do estado vem chegando a seu fim, e a passividade com que historicamente se
encarou esse modelo de exploração agrícola extremamente agressivo parece que
vem encontrando limites para seu enquadramento nos preceitos de
desenvolvimento sustentável, tudo isso em um contexto de franca expansão do
setor nos próximos anos, como veremos a seguir.

Conforme dados do Centro Nacional de Referência em Biomassa de 2008, até
2020 no Brasil a área plantada com cana-de-açúcar deverá duplicar passando de
6,3 para 13,9 milhões de hectares, elevando a produção a 1.038 milhões de
toneladas por ano, o que também representa um crescimento na participação na
matriz energética que passará de 3% para 15% em 2020.


    Figura 13 – Previsão de crescimento do setor sucroalcooleiro (2006 – 2020)




        Fonte: ÚNICA 2008




                                    37 de 56
Embora estes dados de expansão do setor não apliquem em cheio para a Zona da
Mata de Pernambuco, mostram que o negocio da cana-de-açúcar continuará sendo
uma alternativa econômica interessante na próxima década. Contudo, este
cenário otimista deverá ser equacionado com os limites ambientais e legais que
começam a ser exigidos ao setor canavieiro. Em 2008, o Ministério do Meio
Ambiente anunciou a autuação das 24 usinas de cana de Pernambuco, segundo o
órgão, todas infratoras da legislação ambiental e responsáveis pela destruição da
cobertura vegetal nativa, especialmente de Mata Atlântica, e contaminação dos
cursos d’água. A decisão do Ministério pode não chegar a ser concretizada nos
termos em que foi proposta, contudo, é um alerta do poder público no sentido de
obrigar às usinas de Pernambuco a mudar seu modelo produtivo por outro menos
nocivo para o meio ambiente, a exemplo do que já acontece no interior de São
Paulo.

Sendo assim, o cenário tendencial referente à influência da indústria
sucroalcooleira na qualidade ambiental futura da região é de recuperação. Não
tem como ser diferente. Na AII do empreendimento não existe mais nada a
desmatar, toda a cobertura vegetal original, salvo pequenas exceções foi
suprimida, ademais, com exceção do rio Sirinhaém, nenhum dos cursos de água
que cortam a PE-060 no trecho de estudo apresenta vegetação nativa na APP.
Dessa forma, a dinâmica do território atrelada à indústria canavieira só pode ser
de uma melhoria nos próximos anos, propulsada pelas exigências legais em termos
de reflorestamento de APP’s, reservais legais e outras compensações, e porque
não, de uma mudança de mentalidade dos proprietários das usinas.

Como se insere a PE-060 em todo esse contexto?

Todas as considerações discutidas nos parágrafos acima terão como resposta o
aumento de veículos na PE-060 ao longo do tempo.

As projeções de movimento efetuadas permitem visualizar que até o ano de
2020, o volume de tráfego no trecho entre o acesso a SUAPE – Entroncamento
com a PE-038 terá um aumento de 88%, situando-se em torno de 19.000
veículos/dia. Já no trecho entre o Entroncamento da PE-038 e Sirinhaém o
incremento no fluxo diário de veículos será do dobro, passando de 5.188
veículos/dia em 2006 para 10.000 em 2025. Sendo assim, observa-se que o
cenário de qualidade ambiental nas áreas diretamente atendidas pela PE-060 se
veria afetado pela ocorrência de impactos ambientais negativos que acentuariam
os graves problemas de mobilidade verificados hoje no eixo viário, com
rebatimento nas dimensões técnicas, institucionais, econômicas, turísticas e de



                                    38 de 56
qualidade de população, não só dos municípios atingidos, mas do Território de
Desenvolvimento de SUAPE como um todo.

A não implantação do empreendimento representaria uma acentuação progressiva
das dificuldades de trafegabilidade que se verificam nos períodos de pico da PE-
060. Já no ano de 2015 a rodovia atingiria um nível de serviço na classificação F
no trecho de SUAPE, característico de uma circulação muito congestionada, com
uma demanda superior à capacidade da rodovia. Esta situação reafirma mais uma
vez a necessidade impreterível de duplicação do eixo viário neste trecho de
SUAPE.

Na dimensão institucional a não implantação do empreendimento representaria
um desgaste profundo na relação entre população, investidores e poder público,
criando descrédito e rejeição, uma vez que a promessa da duplicação vem sendo
feita há vários anos por diferentes correntes políticas, e é esperada pela
população com expectativas de impulsionar ainda mais o desenvolvimento da
região. Esta situação teria um reflexo direto na qualidade de vida da população
assentada no entorno, uma vez que os impactos hoje verificados de poluição
sonora, atmosférica, stress e acidentalidade decorrente dos engarrafamentos
nos fins de semana e no período de verão principalmente, ver-se-iam obviamente
acrescentados.

Nota-se que na maioria dos casos, em se tratando de projetos de
desenvolvimento de utilidade pública concebidos justamente para beneficiar a
maior parte da população, os impactos negativos de um retrocesso na iniciativa
de implantação, tendem a ser mais severos que os impactos negativos
temporários que a alternativa de implantação possa gerar sobre núcleos menores
de população e ecossistemas pontuais. Pelo observado no estudo, este é o caso da
duplicação da PE-060.


Como seria o futuro da área com o empreendimento?
O cenário com a implantação do empreendimento apresentaria uma
compatibilidade total entre a oferta de infra estrutura de transporte e
investimentos programados na região. Basicamente todos os aspectos negativos
que poderiam acontecer no cenário de não implantação, manifestam-se em
caráter positivo neste cenário.




                                    39 de 56
Quais seriam esses impactos positivos?
O projeto, na sua conjuntura integrada, é claro que causará um impacto positivo
na região e no estado. De fato, a essência de qualquer obra de infra-estrutura
construída com recursos públicos não é outra que beneficiar a coletividade, e
nesse sentido o projeto de duplicação da PE-060 não é diferente. O principal
impacto positivo que a duplicação promoverá será o de facilitar o transporte, a
comunicação e a expansão do comércio intermunicipal e regional, possibilitando o
crescimento de produção e comercialização a partir do fluxo de capitais e de
pessoas. Acelerando a interconexão entre os municípios de forma a proporcionar
melhores condições de vida aos cidadãos e cidadãs. A duplicação da PE-060
significa um aumento de velocidade, diminuição do tempo de deslocamento, maior
disciplinamento do trânsito, dinamizando o uso e ocupação do solo e
incrementando o valor imobiliário do entorno. Mais ainda, a duplicação promoverá
um aumento da segurança e conforto, diminuição do índice de acidentes, fomento
do potencial econômico, cultural e de integração municipal pelo incremento do
valor econômico do solo.

Este grande conjunto de impactos positivos que em essência justificam o projeto,
geram outros benefícios menos abrangentes, ora pontuais e temporários, ora
permanentes e regionais, que são considerados também como Impactos Positivos,
vejamos:


a. Possibilidade de Consolidar Lideranças e Grupos Organizados:

Embora as desapropriações previstas para a implantação da nova faixa sejam
poucas, o processo de negociação é uma boa possibilidade para promover o
fortalecimento e/ou criação de grupos organizados e lideranças na região. Pelo
que foi observado nas pesquisas de campo, as lideranças existentes são poucas, e
na maioria dos casos as comunidades ainda são dependentes dos administradores
das usinas.

b. Ampliação do Conhecimento Científico:

Dentre os impactos positivos, destaca-se a ampliação do conhecimento científico
da região, neste caso especificamente destacam-se as informações levantadas
em termos socioeconômicos e de patrimônio cultural da região. Neste caso,
destaca-se por exemplo, o levantamento arqueológico efetuado, com a
identificação de vestígios cerâmicos e de louça em vários dos morros
pesquisados. Embora este material não seja tão relevante do ponto de vista



                                    40 de 56
científico, o volume de informação coletada, tanto para a elaboração do
EIA/RIMA como para os PBA’s posteriores, são uma rica fonte de informação
para trabalhos futuros.

c. Geração de Empregos e Ativação da Economia local
O projeto da PE-060, embora sem ter uma vocação nítida de geração de
empregos, não será uma exceção à regra. Prevê-se que o empreendimento gere
em torno de 100 empregos diretos durante o ano de implantação previsto para os
primeiros dois trechos, somando engenheiros, operadores de máquinas,
topógrafos, operários da construção civil, apoios administrativos, fiscalização,
dentre outros. Igualmente uma geração não estimada de empregos indiretos será
verificada em torno de fornecedores de serviços de alimentação, aquisição de
insumos para a obra, serviços de transporte, serviços de hospedagem, dentre
outros.

d. Diminuição da poluição sonora e o caos urbano
O nível de poluição auditiva que se verifica na PE-060 na travessia urbana de
Ipojuca, deve melhorar com a duplicação da rodovia. O desvio do trânsito por
uma nova variante afastada do tecido urbano, reduz as emissões de gases e
ruídos, que provavelmente atingirão níveis acordes com a legislação em vigor.

e. Melhoria paisagística do Eixo Viário
O trecho duplicado melhorará notoriamente em termos paisagísticos, sendo este
fato verificado em todas as rodovias do estado cuja capacidade foi ampliada
através da duplicação da faixa. O novo traçado investe a rodovia de modernidade,
de conforto, segurança, com acabamentos impecáveis em termos de drenagem,
proteção de taludes, acostamentos, sinalização.
Estas mesmas sensações permitem ao motorista e acompanhantes um percurso
mais prazeroso com disposição para observar a paisagem e desfrutar da viagem.

f. Valorização de imóveis e terras
A somatória de todos os benefícios advindos da duplicação do trecho em apreço
discutidos acima, refletirá na valorização ainda maior dos imóveis e terras
localizadas as margens. Embora a propriedade da terra ao longo do percurso
esteja concentrada em grandes grupos econômicos, notadamente as usinas e
mesmo SUAPE, considera-se esta valorização como impacto positivo, embora de
baixa relevância.




                                     41 de 56
g. Diminuição de acidentes e riscos pelos caminhões canavieiros
Os caminhões canavieiros que circulam sazonalmente no trecho de estudo e em
geral em toda a zona da mata sul de Pernambuco, configuram atualmente um foco
de risco no tráfego da PE-060 pela situação de entrada e saída da pista em
diversos pontos e em condições de visibilidade reduzida pela mesma tipologia da
carga que transportam. Com a duplicação da rodovia, esta circulação de veículos
será disciplinada, ora pelo sistema de retornos que obrigará o veículo a realizar
uma manobra adequada para acessar aos pontos de colheita, ora pela sinalização
da rodovia que deverá prever a entrada e saída de veículos pesados nos pontos
predeterminados.


Quais seriam esses impactos Negativos?
A identificação e qualificação de Impactos Negativos que serão gerados nas três
fases de análise definidas para o projeto: Fase de Planejamento, Fase de
Implantação e Fase de Operação, foi realizada com participação de toda a equipe
técnica, que definiu, a partir de um método numérico ponderativo, uma escala de
importância dos impactos em 5 categorias:



                  QUADRO 8 – IDENTIFICAÇÃO DE IMPACTOS NEGATIVOS.

     Categoria                                  Descrição
                  Danos inexpressivos ao meio ambiente. O Máximo que pode ocorrer é
    Muito Baixa   ameaça de impactos que podem ser facilmente eliminadas com a aplicação
                  de medidas mitigadoras.
                  Danos leves a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. Os
    Baixa         impactos são controláveis a um baixo custo e os danos ambientais são
                  facilmente revertidos.
                  Danos moderados a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. Os
    Moderada      impactos são controláveis, mas se não neutralizados oportunamente,
                  podem degenerar em situações de dano mais severos.
                  Danos importantes a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico.
    Alta          Exige ações corretivas imediatas para evitar seu desdobramento em uma
                  condição mais crítica.
                  Danos irreparáveis a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. O
    Muito Alta    restabelecimento das condições primitivas do meio ambiente é lento ou
                  impossível.



Como resultado deste procedimento foram levantados 26 impactos negativos,
distribuídos conforme se mostra na figura a seguir:


                                         42 de 56
Figura 14 – Resumo da avaliação de Impactos


                             12
                                                                       12
    Quantidade de Impactos


                             10
          Negativos




                              8                      8
                              6

                              4                                                         4

                              2                                                                   1
                                       1
                              0
                                  MUITO BAIXA      BAIXA          MODERADA            ALTA   MUITO ALTA

                                                           Importância dos Impactos

Os principais impactos considerados no estudo estão relacionados com o meio
socioeconômico, especialmente no tocante à necessidade do remanejamento
involuntário de população. Este remanejamento de população será efetuado em
comunidades de alta fragilidade social como o Alto da Bela Vista, sendo preciso
garantir que as condições desta comunidade no novo local de destino sejam
melhores que as atuais, que outrossim, são precárias. A valoração deste impacto
no nível máximo de importância do estudo pode ser associada à mesma conotação
de utilidade pública da duplicação, onde não parece justo que um empreendimento
concebido para trazer uma melhoria na qualidade de vida da população,
prejudique uma minoria altamente vulnerável. Dessa forma, os esforços para
mitigá-los devem ser igualmente priorizados durante a implantação do
empreendimento.

Os impactos classificados como de importância ALTA podem ser mitigados
através da implantação dos PBA’s, não tendo sido identificado em nenhum deles,
algum aspecto restritivo a ponto de inviabilizar o projeto ou parte dele.

Salienta-se que identificou-se como necessária uma revisão da posição dos
retornos no trecho entre a PE-038 e Sirinhaém, devendo estes serem projetados
em áreas que não atinjam comunidades assentadas na faixa de domínio, como no
caso atual da comunidade Tapera. Esta modificação deve ser incorporada no
Projeto Executivo.
Igualmente considerou-se como muito relevante, porém, com probabilidade baixa
de ocorrência, o impacto potencial de ocupação desordenada da faixa de domínio
da PE-060 após a finalização dos trabalhos de duplicação. Este impacto poderia
produzir-se com maior intensidade na cidade de Ipojuca, uma vez que a nova


                                                               43 de 56
variante gerará dois “bolsões” de terreno para expansão da cidade. O impacto
principal seria a ocupação irregular do espaço remanescente entre a margem
esquerda do Rio Ipojuca e a nova variante, conforme se mostra na figura a
seguir:

      Figura 15 – Área susceptível a ocupação irregular com a duplicação




Igualmente salienta-se que foi identificado um conflito com o hospital da
UNIMED (Empreendimento de iniciativa Privada), em termos da superposição de
áreas para o referido hospital e para a variante de Ipojuca.




                                  44 de 56
RIMA_PE-060-30
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  • 1. RIMA RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL DUPLICAÇÃO DA RODOVIA PE-060 NO TRECHO ACESSO A SUAPE (km 10,44) – ENTRONCAMENTO COM A PE-061 EM SIRINHAÉM (km 42,17) Outubro de 2009
  • 2. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL –RIMA DUPLICAÇÃO DA RODOVIA PE-060 NO TRECHO ACESSO A SUAPE (km 10,44) – ENTRONCAMENTO COM A PE-061 EM SIRINHAÉM (km 42,17) CONTEÚDO 1 - A PE-060 E O TRECHO DE ESTUDO ........................................... 5 2 - A PROPOSTA DE DUPLICAÇÃO ................................................11 3 - O DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ................................................17 4 - AVALIAÇÃO AMBIENTAL.......................................................21 5 - MEDIDAS MITIGADORAS E PROPOSIÇÃO DE PBA’S .......................21 6 - CONCLUSÕES DO ESTUDO.....................................................21 2 de 56
  • 3. O RIMA O presente documento foi elaborado pela empresa Moraes e Bacelar Advogados e Consultores, e corresponde ao Relatório de Impacto Ambiental - RIMA do projeto de “DUPLICAÇÃO DA RODOVIA PE-060 NO TRECHO ACESSO A SUAPE (km 10,44) – ENTRONCAMENTO COM A PE-061 EM SIRINHAÉM (km 42,17)”, que está sendo planejado pelo Departamento de Estradas e Rodagem – DER de Pernambuco. Este documento corresponde ao resumo não técnico do Estudo de Impacto Ambiental - EIA, onde se apresentam de forma mais clara e didática os principais aspectos relacionados com o empreendimento analisado, de tal forma a permitir que pessoas interessadas possam entender a proposta e as conseqüências ambientais da mesma, sem precisar ter um conhecimento técnico prévio dos assuntos abordados. No documento poderão ser consultados os aspectos mais relevantes da etapa de diagnóstico, os prognósticos futuros com e sem o empreendimento e a avaliação de impacto ambiental. Agora, para informações mais detalhadas dos estudos realizados, deverá ser consultado o estudo principal que é o EIA na biblioteca da CPRH ou nas prefeituras dos municípios de Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca ou Sirinhaém. Por que uma empresa de advogados elabora um estudo de impacto ambiental? O Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) é uma ferramenta de licenciamento ambiental exigida pelos órgãos ambientais para empreendimentos que se presuma tenham um grau de impacto importante. Para elaboração deste tipo de estudo devem ser consultadas normas, leis, decretos, resoluções, portarias de âmbito federal, estadual e municipal, requerendo da empresa que elabora o estudo um conhecimento macro da legislação ambiental brasileira. Neste caso, a Moraes e Bacelar, que oferece serviços de direito ambiental, foi contratada pela empresa SUAPE para elaboração do presente estudo, e para isso, foi requerida a conformação de uma equipe multidisciplinar de 17 especialistas em diversas áreas do conhecimento, que atenderam integralmente o Termo de Referência da CPRH. 3 de 56
  • 4. Como é a inter-relação entre o DER, SUAPE e a CPRH? Como foi conformada a equipe técnica da Moraes e Bacelar? 4 de 56
  • 5. 1 - A PE-060 E O TRECHO DE ESTUDO A PE-060 é uma rodovia do estado de Pernambuco que se desenvolve em um percurso de 84km, paralelo à linha de praia do litoral sul do estado, e interliga as cidades de Cabo de Santo Agostinho e São José da Coroa Grande. Figura 1 – Localização do Empreendimento Fonte: Adaptado do projeto executivo da Maia Melo (2008) 5 de 56
  • 6. A PE-60 é claramente a principal rodovia estadual de Pernambuco pela sua dupla função de dar acesso às praias do litoral sul de Pernambuco e servir como eixo de ligação do Porto de Suape com o restante da malha rodoviária do estado e do país. Com efeito, tudo o que tenha a ver com o porto de SUAPE apresenta atualmente uma altíssima relevância regional e inclusive nacional e uma prioridade 1A para o estado de Pernambuco. Nesse sentido, a duplicação da PE-060 terá repercussão direta nos seguintes aspectos: Promoção da expansão econômica da região. Melhoramento e integração dos pólos econômicos que se desenvolvem ao longo da rodovia. Redução de Custos de Transporte através da economia de tempo de viagem e de equipamento de transporte. Promoção do crescimento do turismo intra regional, possibilitando a oferta de programas variados com deslocamentos rápidos e seguros. Criação de novas oportunidades de negócios. Redução de acidentalidade na rodovia. O trecho Envolvido Dos 84 km que conformam a PE-060, foram estudados 33,78km que é a distância existente entre o inicio do trecho, um pouco antes do primeiro acesso a SUAPE, e o entroncamento com a PE-061 que dá acesso a Barra de Sirinhaém. Ao longo desses 33,78 km, o trecho de estudo da PE-060 corta terras de quatro (4) bacias hidrográficas, GL2, GL3, Ipojuca e Sirinhaém que se inserem em três municípios: Cabo (3,90%), Ipojuca (66,5%) e Sirinhaém (29,6%). A rodovia atualmente A PE-060 apresenta como características marcantes uma plataforma de 12,0m de largura composta de duas faixas de rolamento com 3,5m cada e acostamentos de 2,5m de largura. Em alguns pontos do traçado constata-se um estreitamento dos acostamentos em decorrência do avanço da cana-de-açúcar na faixa de domínio. A figura a seguir mostra um esquema da seção transversal atual da PE- 060. 6 de 56
  • 7. Figura 2 – Seção transversal típica do trecho atual 2,50 3,50 3,50 2,50 O eixo viário atravessa uma região ondulada, de domínio colinoso o que lhe confere como característica uma sinuosidade alta com trechos extensos sem possibilidade de ultrapassagem, mesmo assim, as características geométricas de rampa máxima e raio mínimo são aceitáveis em quase todo o percurso, o que significa que poderá ser duplicada sem maiores restrições. O tráfego na PE-060 é intenso, especialmente nos finais de semana onde há aumento do fluxo de veículos de passeio que se dirigem às diversas praias do litoral sul de Pernambuco e do litoral norte de Alagoas. Dados do DER sugerem que diariamente circulam na estrada uma média da ordem de 11.270 veículos/dia no trecho até Ipojuca (sendo influenciado basicamente pela presença de SUAPE) e um valor de 5.700 veículos/dia (50% menor) característico do restante do trecho até Sirinhaém, porém salientando que estes valores apresentam uma sazonalidade marcante. Interessante notar que o levantamento de dados da JBR incluiu uma pesquisa de origem e destino nos caminhões que circulavam no trecho nos dias 04 e 05 de março de 2009. Foram ao todo entrevistados 522 caminhões circulando em ambos sentidos, dos quais 62,6% afirmaram estar trabalhando com alguma atividade relacionada com o Porto de SUAPE. Isto deixa em evidência a grande importância do CIPS como principal eixo de geração de tráfego pesado na PE- 060. Em termos da composição do tráfego nos diferentes segmentos da PE-060, observa-se que no trecho de SUAPE, em torno de 20% corresponde a caminhões. 7 de 56
  • 8. Já em Sirinhaém, este valor diminui para a metade, e sendo ainda menor na cidade de Ipojuca conforme dados do DER de outubro e novembro de 2009. Figura 3 – Variação sazonal do tráfego trecho BR-101 – Ipojuca (Dados 2004) 12.000 11.000 10.000 N° de veículos / dia 9.000 8.000 7.000 6.000 5.000 4.000 dez mai jul fev nov set out jan jun ago mar abr Figura 4 – Composição do tráfego na PE-060 (Dados DER/2008) 100,0% 90,0% 80,0% 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Veículos passeio Ônibus Caminhões BR-101 - SUAPE (JBR/2009) BR-101 - SUAPE (DER/2008) IPOJUCA (DER/208) SIRINHAÉM (DER/2008) Em termos de acidentalidade, menciona-se que o abalroamento 1 de veículos responde pela maior parcela dos acidentes ocorridos no trecho (32%), seguido da colisão (31%), capotamento (11%) e atropelamento de pedestres (7%). As causas 1 Abalroamento – Acidente em que os veículos colidem lateral ou transversalmente, estando os mesmos trafegando pela mesma via, podendo ser no mesmo sentido ou em sentidos contrários. 8 de 56
  • 9. da maior parte dos acidentes estão relacionadas, ora com a inadequação das características geométricas de quase todos os acessos de áreas de plantação de cana-de-açúcar, ora com a imprudência de motoristas nas ultrapassagens em setores proibidos, ou atropelamentos em áreas urbanas ou de presença de comunidades. A B Foto 1 – A) Ultrapassagens em setores proibidos e acostamentos sem manutenção Foto 2 – B) Sinalização vertical ocultada pela falta de capinação na estrada A proposta de duplicação está bem integrada com o restante do planejamento regional? Completamente. O estudo realizado abrangeu o levantamento de mais de 40 planos, programas e projetos, governamentais e privados, focalizados na região de estudo. O resultado da análise recíproca entre eles é a confirmação da importância da PE-060 como um eixo que serve tanto a todo setor de produção do Complexo Portuário de SUAPE, quanto à atividade turística, além da ligação com o litoral Norte de Alagoas. A análise mostra também que a duplicação é tida como elemento chave na viabilização de empreendimentos privados propostos tais como hospitais regionais, shopping centers e loteamentos residenciais e turísticos. Um único possível conflito foi identificado com o complexo hospitalar privado da UNIMED, uma vez que a área requerida para este empreendimento, localizada na margem esquerda da PE-060 após o entroncamento da PE-042 que conduz a Escada, conflita com a área requerida para implantação da variante projetada na cidade de Ipojuca. 9 de 56
  • 10. Foto 3 – Panorâmica da área de implantação da unidade da UNIMED 10 de 56
  • 11. 2 - A PROPOSTA DE DUPLICAÇÃO A diretriz básica para construção da nova pista (duplicação), baseia-se na implantação da mesma, de forma paralela à plataforma atual. O projeto prevê um canteiro central entre os dois eixos o que permite o desenvolvimento de greides independentes, permitindo uma melhor interconexão entre rampas sucessivas criando um traçado mais contínuo e de maior fluidez. A nova pista se desenvolve em quase todo o trajeto dentro da faixa de domínio existente. Esta concepção apresenta uma única modificação na variante de Ipojuca que contornará a cidade pelo lado sul em um percurso de aproximadamente 2000m entre o entroncamento da PE-042 até o Rio Ipojuca. Figura 5 – Seção transversal típica da duplicação EXISTENTE IMPLANTAÇÃO 7,00 7,00 0,30 2,50 3,50 1,00 3,50 VARIÁVEL 1,00 3,50 3,50 2,50 0,30 CANTEIRO CENTRAL SEGURANÇA ACOSTAMENTO SEGURANÇA FAIXA DE FAIXA DE BARREIRA DE SEGURANÇA CBUQ e=0,065m CBUQ- Fx “C” CBUQ e=0,05m CBUQ Fx “B” - e=0,065m 3% e=0,05m CBUQ - Fx “C” 3% e=0,05m 5% 3% 3% 1 0% 10 % 3 3 2 2 PAVIMENTO EXISTENTE SARJETA BASE BRITA TRAPEZOIDAL GRADUADA DE CONCRETO e=0,15m SUB-BASE ESTABILIZADA GRANULOMETRICAMENTE e=0,20m Figura 6 – Seção transversal típica na variante de Ipojuca TRECHO DE IMPLANTAÇÃO 7,00 7,00 0,30 2,50 3,50 3,50 1,00 VARIÁVEL 1,00 3,50 3,50 2,50 0,30 FAIXA DE CANTEIRO CENTRAL FAIXA DE ACOSTAMENTO ACOSTAMENTO SEGURANÇA SEGURANÇA BARREIRA NEW JERSEY CBUQ- Fx“C” CBUQ- Fx “C” CBUQ- Fx“B” e=0,05m e=0,05m e=0,05m CBUQ- Fx “B” 3% 10% 3% e=0,05m 3% 10% 3% 3 3 2 2 BASE SUB-BASE ESTABILIZADA SARJETA BASE GRANULOMETRICAMENTE TRAPEZOIDAL (BRITA GRADUADA) (BRITA GRADUADA) DE CONCRETO e=0,15m e=0,20m e=0,15m SUB-BASE ESTABILIZADA GRANULOMETRICAMENTE e=0,20m 11 de 56
  • 12. Que lado será duplicado ? O lado da PE-060 a ser duplicado irá sendo alternado em função das restrições existentes em cada margem, ora pela presença de indústria, ora de comunidades, ora pela presença de fragmentos de mata ou solos moles. A figura a seguir resume a proposta de duplicação analisada no EIA/RIMA. Figura 7 – Diagrama linear do traçado longitudinal da duplicação km 42.17 PE-61 (Barra de Sirinhaém) 270266E - 9056017N 267854E - 9050127N Rio Sirinhaém km 39.6 PE-64 (Usina Trapiche) 270266E - 9056017N 269823E - 9056918N Riacho São Lourenço km 33.0 PE-54 (Serrambi) km 32.2 Acesso a Camela 271830E - 9068829N km 25.36 Rio Arimbi Entroncamento PE-38 - Porto de Galinhas km 21.00 Rio da mata km 19,04 Rio Ipojuca km 16.84 Entroncamento PE-042 - Escada Pista existente Pista duplicada II e III trecho Variante de Ipojuca Pista duplicada IV trecho Melhoramento de traçado km 10.44 12 de 56
  • 13. Quais são as principais obras previstas ? O quadro resumo com as obras previstas é apresentado na seqüência: Quadro 1 – Obras principais previstas no projeto TIPOLOGIA / REFERÊNCIA DE OBRA PREVISTA LOCALIZAÇÃO LOCALIZAÇÃO Interseções elevadas Estaca 1.025+0 Acesso a SUAPE Rotatória elevada em dois níveis Acesso a Pedreira Estaca 1.140+10 Rotatória elevada em dois níveis Anhaguera Acesso a Porto de Estaca 1.492+7 Rotatória elevada em dois níveis Galinhas Retornos Estaca 1.578 Zona Rural Retorno duplo Estaca 1.705 Zona Rural Retorno duplo Estaca 1.818 Zona Rural Retorno duplo 1800m antes da ponte Estaca 1.929 Retorno sentido Ipojuca sobre o Rio Sibiró 700m antes do acesso a Estaca 2.058 Retorno sentido Sirinhaém Camela 1300m após o acesso para Estaca 2.188 Retorno sentido Ipojuca Serrambi Estaca 2.294 Zona Rural Retorno sentido Sirinhaém Estaca 2.437 Zona Rural Retorno sentido Ipojuca 900m antes do acesso à Estaca 2.491 Retorno sentido Sirinhaém usina Trapiche Pontes Estaca 1.050+5 - Ponte sobre o rio Tabatinga Estaca 1.171+5 - Ponte sobre o rio Congari Estaca 1.403+4 - Ponte sobre o rio Ipojuca Estaca 1.435 - Ponte sobre o rio da Mata Estaca 1.718 - Ponte sobre o rio Arimbi - Ponte sobre o rio Sibiró (Santa Estaca 2.024+7 Rosa) Estaca 2.132+17 - Ponte sobre o rio São Pedro Estaca 2.191+15 - Ponte sobre o rio São Lourenço Estaca 2.044+10 - Ponte sobre o rio Boca da Mata Estaca 2.548 - Ponte sobre o rio Sirinhaém 13 de 56
  • 14. Balanço de movimentação de terra Quadro 2 – Balanço de movimentação de Terra Balanço1 Balanço Entre PE-038 e Descrição Até a PE-038 a PE-061 (m³) (m³) Escavação Volume total de corte 1.545.494,97 ± 3.098.000,0 (1ª categoria) Volume total de corte 12.097,16 ± 24.250,0 (2ª categoria) Volume total de corte 34.227,37 ± 68.600,0 (3ª categoria) Escavação de solo mole 79.752,00 ± 159.900,0 Aterros Corpo de estrada, material 1.546.779,00 ± 3.100.900,0 selecionado e reaterro de rebaixos Material para bota-fora Destinação final em Bota-fora 124.792,00 ± 250.000,00 (1) Estimativa realizada com os índices dos trechos anteriores O material excedente da escavação gerado no trecho até o entroncamento da PE-038 poderá ser destinado aos bota-foras de SUAPE, ou então, utilizado para recomposição das áreas de empréstimo. Já o local de destinação do material excedente no restante do trecho, será objeto de complementação do estudo na etapa posterior de elaboração de Projeto Executivo. Para o fornecimento de materiais para aterro e concretos, constam no projeto as seguintes áreas de empréstimo: Quadro 3 – Identificação de Áreas de Empréstimo Código Estaca de Localização Área Distância Volume Referência (m²) do Eixo Utilizável (km) (m³) E-01 1.026 - LE CIPS 9.000 3,9 45.603 E-02 1.182 - LE Usina Salgado 60.000 0,02 305.640 E-03 1.313 - LE Usina Salgado 80.000 0,02 360.000 14 de 56
  • 15. E-04 1.498 - LE Usina Ipojuca 20.000 0,02 108.000 J-1 1.026 - LE CIPS 14.400 3,30 31.493 J-2 1.028 - LD CIPS 11.025 0,80 23.318 J-3 © 1.492 - LE Usina Salgado 31.500 6,40 22.680 A1 © 1.492 - LE Usina Salgado 14.000 7,10 22.680 A2 © 1.305 - LD Rio Ipojuca - 7,5 - A3 © 1.492 - LE Areial Salgado - 12,00 - Areial Usina A4 © 2.542 - LD - 5,00 - Trapiche P1 © 1.141 - LD Anhanguera - 4,00 - Pedreira P2 © 2.647 - LE - 2,00 - Trapiche © Já alteradas por exploração comercial ou exploração de particulares Haverá necessidade de remanejar população ? Sim, os dados de desapropriação existentes para o trecho até a PE-038, apontam para uma desapropriação da ordem de 161 imóveis, salientando que parte deles são terras das usinas Ipojuca, Salgado e inclusive de SUAPE. As principais comunidades afetadas são o Alto Belo Vista (afetado pela rotatória de acesso a Porto de Galinhas) que terá em torno de 90 imóveis desapropriados, na variante de Ipojuca com aproximadamente 28 imóveis e a comunidade Nova Califórnia com um remanejamento aproximado em torno de 10 imóveis. No restante do trecho entre o entroncamento da PE-038 e a cidade de Sirinhaém não foram identificadas situações de desapropriação relevantes, salvo alguns casos como no engenho Ferro Velho, onde se encontra invadida a faixa de domínio. A B Foto 4 – A) Desapropriação na cidade de Ipojuca - B) Panorâmica do Alto Bela Vista, onde serão realizadas as principais desapropriações 15 de 56
  • 16. A obra será iniciada em todo o trecho ao mesmo tempo ? Não, o EIA/RIMA permitirá a obtenção da Licença Prévia para a totalidade do trecho, porém, isto não é suficiente para executar a obra, precisa de uma nova etapa de licenciamento para obtenção da LI. Essa segunda etapa de licenciamento será feita por trechos, sendo que o primeiro a ser tramitado será o aferente a SUAPE que vai desde o acesso norte, até o acesso sul, em uma extensão de 3,24km. Esta obra será executada por SUAPE, o restante do trecho será programado e executado pelo DER. Quanto vai demorar em implantar esse primeiro trecho ? O projeto Executivo da Maia Melo Engenharia aponta para um período de 1 ano para o trecho até o entroncamento da PE-038 que dá acesso a Porto de Galinhas. Dessa forma, espera-se que a obra de SUAPE esteja concluída em um tempo bem inferior a esses 12 meses. O canteiro já está definido ? Sim, ficará localizado nas imediações da rotatória de acesso a SUAPE. A proposta é que seja dividido em dois espaços: o canteiro e suas facilidades com área de 60x40m e uma área adicional para estocagem de 10.000m². 16 de 56
  • 17. 3 - O DIAGNÓSTICO AMBIENTAL Os levantamentos efetuados pela equipe técnica estiveram restritos às Áreas de Influência previamente definidas. Inicialmente definiu-se uma Área de Abrangência Regional, envolvendo todo o litoral sul do estado, desde o entroncamento com a BR-101 no Cabo de Santo Agostinho, até o município de São José da Coroa Grande. Esta grande área serviu como pano de fundo para os estudos mais detalhados que estiveram restritos às áreas de Influência Direta (AID) e Indireta (AII), definidas conforme se mostra na figura a seguir: Figura 8 – Esquema das Áreas de Influência Adotadas ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA - AII 2.000m 2.000m ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA - AID 500m 500m ADA PISTA EXISTENTE PISTA DUPLICADA O meio físico na Região A PE-060 se desenvolve em uma região de relevo movimentado, dominado por uma feição colinosa do lado oeste do eixo viário e uma feição de planície do lado leste, cenário este onde a PE-060 discorre no limite entre as duas, adotando a característica sinuosa do relevo colinoso, mas também a travessia de áreas de várzea e depósitos de solo mole características das áreas baixas que antecedem o contato do continente com o oceano atlântico. Esta conformação topográfica é a manifestação em superfície do contexto geotectônico que governa a região. Com efeito, o traçado da rodovia PE-060 desenvolve-se sobre substratos bem diferenciados: no segmento inicial, ocorrem sedimentos recentes da planície aluvial do rio Massangana, com morrotes isolados de textura arenosa e silto-argilosa da Formação Cabo, com poucos afloramentos de destaque; em seguida passa para áreas de relevo um pouco mais movimentado, formadas pelos conglomerados da Fm. Cabo; nos quilômetros finais, ocorrem as rochas graníticas do embasamento cristalino. Nas várzeas e vale do rio Ipojuca, 17 de 56
  • 18. ocorrem sedimentos recentes, representados por depósitos fluviais, arenosos e silte-arenosos, e aqueles, com predominância de argilas orgânicas e turfas. Foto 5 - Bloco de granito do embasamento cristalino, envolto em seu solo residual. A B Foto 6 –A) Conglomerado da Fm. Cabo Foto 7 –B) Cortes em rochas conglomeráticas da Fm. Cabo A conformação colinosa da região que, em pequena escala se assemelha a um “mar de morros” em grande escala conforma divisores de água e bacias hidrográficas. De fato nos 33 km do trecho em estudo, a PE-060 corta quatro bacias hidrográficas: Ipojuca e Sirinhaém, a bacia GL3 de pequenos rios litorâneos e um trecho da bacia GL2, também de rios litorâneos. A bacia GL2 tem como destaque no trecho da duplicação da PE 060 o rio Tabatinga, bem no extremo norte do percurso da rodovia. A GL-3 é constituída pelas drenagens dos rios Merepe e Maracaípe, que não apresentam entre si um divisor de águas bem definido. O trajeto da duplicação da rodovia PE 060 intercepta principalmente os rios Sirinhaém e Ipojuca, além de diversos cursos de água menores. 18 de 56
  • 19. Figura 9 – Bacias Hidrográficas do Estado de Pernambuco GL-2 GL-3 Dentro destas 4 bacias principais identificam-se 8 cursos de água que cortam a PE-060 em sentido oeste-leste, e que com exceção do Rio Sirinhaém e o Rio Ipojuca, constituem cursos de água de pequeno porte, com nascentes próximas da área de estudo. Quadro 4- Sub-bacias identificadas no trecho de estudo Curso de Água Bacia Localização Rio Tabatinga GL-2 Estaca 1.050+5 Rio Congari Ipojuca Estaca 1.171+5 Riacho da Mata Ipojuca Estaca 1.435 Rio Arimbi GL-3 Estaca 1.718 Rio Sibiró (Santa Rosa) Sirinhaém Estaca 2.024+7 Riacho São Pedro Sirinhaém Estaca 2.132+17 Riacho São Lourenço Sirinhaém Estaca 2.191+15 Riacho Boca da Mata Sirinhaém Estaca 2.044+10 Em cinco (5) cursos de água (Tabatinga, Ipojuca, Arimbi, Santa Rosa e Sirinhaém) foram coletadas amostras para verificar seu grau de poluição. Todos os mananciais foram enquadrados como Classe 2, sendo confirmada sua contaminação por coliformes totais e coliformes termotolerantes (Scherichia coli) atestando a poluição de natureza sanitária urbana. Os Rios Arimbi e Santa Rosa apresentaram uma qualidade ligeiramente superior nas amostras analisadas, sendo isto decorrente da proximidade da sua nascente, e a ocupação da sua microbacia a montante da PE-060, sem aportes de ares urbanas, tão só, de cultivos de cana. Entretanto, os Rios Ipojuca, Tabatinga e Sirinhaém já apresentam a qualidade de suas águas mais comprometida. Outrossim, o Rio Tabatinga também apresentou pior situação de indicadores de poluição por carga orgânica evidenciado pelos parâmetros DQO, DBO, OD e Scherichia coli, 19 de 56
  • 20. certamente ligado a sua menor capacidade autodepurativa em relação aos Rios Ipojuca e Serinhaém. Em termos climatológicos, fica fácil antever que a região apresenta características litorâneas, tendo seu clima classificado como As’ e o AMs’, quente e úmido com chuvas durante quase todo o ano e com uma estação seca menor (outubro-dezembro). A pluviometria situa-se em torno de 2000mm/ano, sendo bem distribuída espacialmente conforme se mostra na Figura a seguir. Figura 10 – Distribuição mensal da pluviometria anual 400,0 350,0 300,0 Precipitação mensal (mm) 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 Dez Nov Abr Ago Set Out Fev Mar Jan Jun Mai Jul Gameleira Porto de Galinhas Escada Evaporação (Recife 1961 - 1990) Qualidade do Ar. Em termos de qualidade do ar, verificou-se que as principais fontes de poluição na área estão relacionadas com: a. Atividade industrial no Porto de SUAPE (fonte fixa); b. Caldeiras das usinas Ipojuca e Trapiche (fonte fixa); c. Queimadas de cana-de-açúcar (fonte fixa); d. Emissões veiculares (fonte móvel); As três primeiras fontes de poluição precisariam de um estudo específico para serem avaliadas, já a poluição em decorrência da circulação dos veículos foi estimada partindo da composição do tráfego diário, e índices médios de geração por veículo. Os resultados mostram que a PE-060 no trecho de estudo aporta por dia 561 toneladas de CO para a atmosfera, a uma taxa de 6,50 g/s. Igualmente a contribuição de óxidos de nitrogênio estimada, está em torno de 365 t/dia. 20 de 56
  • 21. Em termos de ruído, as medições efetuadas em 7 pontos da estrada e a 5m da borda, mostram valores típicos de operação de rodovias movimentadas, com valores entre 70 e 85 dB. O meio Biótico nas áreas de Influência A paisagem da região fisiográfica do Litoral-Mata foi fortemente moldada pela cultura da cana-de-açúcar que tomou o lugar dos ecossistemas terrestres originais ao longo dos cinco séculos de desmatamentos. Os remanescentes de vegetação natural apresentam-se hoje nas suas formas sucessoras, com diferentes graus de antropismo. Vale salientar que, apesar da fragmentação e redução das áreas de Mata Atlântica, nenhuma das espécies citadas se encontra na condição de “ameaçada de extinção” segundo a lista oficial integrante da Instrução Normativa MMA Nº 6, de 23 de setembro de 2008. O mosaico de fragmentos vegetais existente hoje nas áreas de influência pode ser verificado no Quadro a seguir: QUADRO 5 – DISTRIBUIÇÃO ABSOLUTA E PERCENTUAL DO USO DO SOLO NA AII E AID AII AID USO HA % HA % Ecosistema construído (urbano + 188,23 1,75% 130,67 3,94% Rural) Indústria/Comércio 87,34 0,81% 64,28 1,94% Sistema viário (Rodovias + vicinais) 32,29 0,30% 64,60 1,95% Várzea, área alagada 4,85 0,05% 18,52 0,56% Hidrografia 83,82 0,78% 28,66 0,87% Cana-de-Açúcar 7.936,41 73,73% 2.404,93 72,60% Remanescentes de Mata Atlântica 1.176,79 10,93% 221,85 6,70% Formação vegetal mista com espécies de mata em estágio inicial de 815,73 7,58% 219,97 6,64% regeneração Cultivos Agrícolas 264,96 2,46% 73,38 2,22% Pasto 120,93 1,12% 85,08 2,57% Solo Exposto 52,49 0,49% 0,70 0,02% Total 10.763,84 100,00% 3.312,64 100,00% 21 de 56
  • 22. Como pode ser observado no quadro anterior, dividiu-se a vegetação da área de influência direta em categorias, descritas a seguir: 1. Cultivos agrícolas, representados por plantios de cana-de-açúcar cuja cultura, estreitamente relacionada à história de uso da terra na região, delineia a paisagem da Zona da Mata pernambucana; 2. Vegetação arbórea subespontânea de beira de estrada, constituída predominantemente por fruteiras (mangueiras, jaqueiras, azeitoneiras- roxa, cajazeiras) e pela regeneração espontânea de macaibeiras e imbaúbas; é constituída por árvores esparsas, mas por vezes, encontram- se agrupadas em remanescentes de antigos sítios ou próximo às comunidades; 3. Maciços vegetais, geralmente arbustivos, de espécies pioneiras, que se estabelecem em áreas mais úmidas, mal drenadas, resultado da regeneração natural de espécies colonizadoras em locais anteriormente cultivados e hoje abandonados. Dominam alguns tipos de espinheiros ou calumbis, jurubeba e outras espécies ruderais. 4. Regeneração em estágio inicial de espécies pioneiras da Mata Atlântica (imbaúba, lacre, murici), com cobertura arbórea rala, porte baixo, sem estratificação vegetal, geralmente se estabelecendo em cortes de barreiras, em locais imprestáveis ao cultivo da cana-de-açúcar, ou na borda de fragmentos florestais mais maduros. 5. Vegetação ciliar (projeto de recuperação de mata ciliar do rio Sirinhaém) 6. Maciços vegetais plantados (pequenos trechos com grande densidade de sabiá - Mimosa caesalpiniifolia, e inga – Inga edulis.). A B Foto 6 – A) – Pastos B). Povoado do Engenho Tapera, com vegetação arbórea cultivada. (UTM 0271128/9067274) 22 de 56
  • 23. A B Foto 7 – A) – Ocupação recente à beira da pista onde se estabelece um pequeno maciço de Mimosa sp.. Ao fundo, canavial. UTM 275117/ 9072834. B). Vegetação arbustiva pioneira se estabelece em locais mal drenados, ás margens de PE-60 Foto 8 – Regeneração de Mata Atlântica estabelecendo-se às margens da PE-60. Ponto UTM 026831/9057044 Foto 9 – Aspecto geral de fragmento próximo ao trajeto da PE-60, em Ipojuca (UTM0269718/9062462) 23 de 56
  • 24. Foto 10 – Aspecto geral da mata ciliar do rio Sirinhaém, na área de influência direta do empreendimento (UTM268107/9051070) E a Fauna? A devastação dos ecossistemas originais como a substituição quase total da mata atlântica pela cana-de-açúcar, tem um reflexo direto na fauna associada. Um indicador claro disso é o número de aves identificadas na área de abrangência, que se situa em torno de 100, uma diversidade regular se comparada aquela da Mata Atlântica pernambucana, com cerca de 200 espécies. Como era de se esperar, predominam espécies pouco sensíveis às pressões antrópicas, portanto bem adaptadas aos diversos tipos de ambientes florestados, com exceção, por exemplo, do frei-vicente (Tangara cayana), dançarino ou tangará (Chiroxiphia pareola) e da viuvinha (Arundinicola leucocephala), espécies com sensitividade média. O pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa – não incluído na lista), espécie Vulnerável (IUCN, 2008; NEVES et alli, 2000) tem suas populações em declínio devido a captura para comércio, e principalmente devido a perda de hábitat, ainda pode ser detectado nas manchas maiores de Mata, fora da área de influência da PE-60. Foto 11 – A) - Tangara cayana (Fonte: EIA/RIMA Geosistemas) Foto 12 – B) - Phaethornis ruber (Fonte: EIA/RIMA Geosistemas) Foto 13 – C) - Coereba flaveola (Fonte: EIA/RIMA Geosistemas) 24 de 56
  • 25. Igualmente, o mosaico de fragmentos de mata a que ficou reduzida área de abrangência do empreendimento, fornece condições só para o estabelecimento de pequenos mamíferos, em particular os roedores e marsupiais, são essencialmente herbívoros, reproduzem bastante, colonizam ambientes e servem de alimento para predadores primários. Dentre os mamíferos foram identificadas 25 espécies, com destaque para 7 pertencentes a família Phyllostomidae (de morcegos), seguida da família Didelphidae (timbu e rato-cachorro), com 4. De um modo geral as espécies mais comuns foram o timbu (Didelphis albiventris) (CRUZ et alli, 2002), os morcegos (Phyllostomus hastatus, P. discolor, Artibeus jamaicensis, Carollia perspicillata, Glossophaga soricina), e o guabiru (Rattus rattus). Em termos de répteis, foram registradas 13 espécies de anfíbios, na sua maioria de hábito noturno e associadas aos ambientes de maior umidade, sendo as mais comuns o sapo-cururu (Rhinella jimi), as pererecas (Hypsiboas albomarginata e Phyllomedusa nordestina), a perereca-de-banheiro ou raspa-cuia (Scinax x- signatus) e o caçote (Leptodactylus ocellatus). Entre os répteis, foram identificadas 26 espécies. Dentre as serpentes, são comuns a jibóia (Boa constrictor), e a corre-campo (Philodryas nattereri). A B Foto 14 – A) - Crotalus sp,(Fonte: EIA/RIMA Geosistemas) Foto 15 – B) - Clelia sp (Foto Isabelle Meunier, Maio de 2009) O meio Socioeconômico O contexto socioeconômico em que se desenvolve o projeto está marcado principalmente pela presença do Complexo Industrial Portuário de Suape - CIPS, mas também pelas outras duas vocações marcantes na região que notadamente são a atividade turística das praias do litoral sul e a atividade sucroalcooleira, ambas em que o município de Sirinhaém adquire ampla relevância. 25 de 56
  • 26. Foto 16 - Funcionamento do setor sucroalcooleiro representado pela atividade na usina trapiche, em sirinhaém. Essa amálgama de vocações delineia um quadro socioeconômico marcado por profundas diferenças na distribuição de renda dos três municípios envolvidos (Sirinhaém, Ipojuca e Cabo), mas também por semelhanças nas condições de vida da população, senão vejamos. Conforme dados do IBGE de 2005, o PIB per capita de Ipojuca era o maior do estado com 51.577 R$ /hab, triplicando o PIB do cabo e sendo quase 12 vezes o PIB per capita do município de Sirinhaém, que na época se aproximava do PIB médio do estado de Pernambuco. Estas diferenças estonteantes na distribuição de renda entre municípios vizinhos, não se vêm refletidas com a mesma intensidade nas condições de vida da população, isto pôde ser percebido claramente pela equipe do EIA nas visitas de campo às diversas comunidades rurais assentadas na AID do empreendimento. Todas elas, independentemente do município em que se encontram enfrentam as mesmas dificuldades de acesso a alguns dos serviços básicos. Contudo, alguns indicadores referentes à infra-estrutura de serviços básicos evidentemente melhoraram. Em 2000, a cobertura de coleta de lixo nas cidades era precária, sendo incipiente no município de Sirinhaém com apenas 50% dos domicílios, seguida por Ipojuca com 71% e Cabo com 86%. Hoje, a cobertura de coleta nas sedes urbanas para qualquer um dos três municípios é superior a 95%. Na área de coleta de esgoto principalmente também se devem verificar avanços significativos nestes últimos 9 anos, o que terá influência em indicadores de mortalidade infantil e expectativa de vida ao nascer. Em 2000, conforme dados do DATASUS, as taxas de mortalidade infantil por 1.000 nascidos vivos atingiram 17, 41,7 e 19,3 nos municípios do Cabo, Ipojuca e Sirinhaém, respectivamente, mas com tendência decrescente em relação ao ano de 2001 26 de 56
  • 27. As semelhanças socioeconômicas dos três municípios envolvidos podem ser visualizadas de melhor forma através de um indicador como o IDH. Conforme dados do PNUD de 2000, o IDH dos municípios envolvidos podia ser considerado como de médio desenvolvimento humano. O Cabo exibia o maior IDH do grupo dos três municípios com um valor de 0,707, superando Ipojuca e Sirinhaém em 7,4% e 11,6% respectivamente. Contudo, o município que exibiu uma maior evolução em termos de IDH no período de 1991 – 2000, foi Sirinhaém com aumento de 46,2%, quase o dobro de Ipojuca que exibiu uma melhoria de 24,15% e muito acima do Cabo cuja evolução foi de 12,22%. É esse o contexto socioeconômico em que se desenvolve o projeto de duplicação, e especialmente dos municípios de Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e Sirinhaém, considerados como a área de influência indireta do meio antrópico. Neste recorte de terreno, estima-se que habitem atualmente em torno de 355.000 pessoas, em torno de 2,5 vezes maior que a população em 1970. As comunidades diretamente afetadas As comunidades assentadas na faixa de domínio da rodovia, ou ainda na Área de Influência Direta (AID) que serão diretamente afetadas, foram pesquisadas pela equipe de EIA através de visitas e questionários aplicados a lideranças ou moradores antigos. Ao todo, as comunidades identificadas somam 12 ocupações, 1 delas pertencentes ao Cabo de Santo Agostinho, 06 ao município de Ipojuca e 4 ao município de Sirinhaém conforme relacionado no Quadro a seguir. QUADRO 6 – Comunidades pesquisadas localizadas na AID. Distância Localização Relativa Comunidade aproximada da à rodovia PE-060 (km) CABO 1 SUAPE Margem Direita As margens IPOJUCA 2 Penderama Margem Direita 300 m 3 Califórnia Margem Direita 200 m 4 Travessia de Ipojuca Pista Local As margens 5 Rurópolis Margem Esquerda 70 m 6 Alto da Bela Vista Margem Direita 150 m 7 Tapera Margem Esquerda 20 m 27 de 56
  • 28. SIRINHAÉM 8 Todos os Santos Margem Esquerda 100 m 9 Engenho São Paulo Margem Esquerda 200 m 10 Bom Jardim Margem Direita 20 m 11 Ferro Velho Margem Direita 150 m Travessia de As margens 12 Pista Local Sirinhaém Como já mencionado, todas as comunidades entrevistadas guardam uma semelhança nas suas condições de vida, independente do município em que se localizem. A maior parte delas são comunidades surgidas há 40 ou 50 anos e pertencentes às usinas de cana-de-açúcar, das quais hoje são totalmente dependentes em termos de oportunidades de trabalho. Inclusive foi detectado como padrão a ausência de lideranças nestas comunidades, muitas delas responderam que os conflitos internos são resolvidos pelos administradores das usinas. As condições de saneamento básico são precárias, sem esgotamento sanitário, sem coleta de lixo e inclusive sem água encanada em algumas, áreas onde o fornecimento é feito através de cacimbas (situação mais comum). Foto 17 – Ambiência rural no Engenho Tapera As características da comunidade do Alto da Bela Vista localizada em Ipojuca e que terá o maior número de remanejamentos, é um pouco diferente. Esta ocupação surgida no anos 70 apresenta uma ambiência urbana, lembrando em pequena escala as ocupações dos morros da zona norte de Recife e Olinda. De todas as comunidades estudadas, quiçá é a que apresenta as condições mais precárias em termos urbanísticos, uma vez que parte do assentamento está em cotas baixas, ocupando uma várzea aterrada, mas sofrendo de alagamentos nos 28 de 56
  • 29. períodos de inverno, e outra parte está a meia encosta e sujeita a riscos de desabamentos, e onde se observam mantas plásticas pretas nas barreiras como medida de contingência. Os entrevistados afirmaram que a maioria dos moradores possui o título de posse das terras, informaram em termos de saneamento que apenas 30% tem sistema individual de fossa os outros 70% despejam a céu aberto o esgoto gerado. Quando questionados sobre a ocupação da comunidade, afirmaram que 10% estão empregados em Suape; 30% na rede de Hotelaria em Porto de Galinhas e 60% no corte de cana-de-açúcar. Foto 18 – Panorâmica da comunidade do Alto da Bela Vista Em termos das travessias urbanas de Ipojuca e Sirinhaém, onde alguns comércios serão afetados pela duplicação, as informações coletadas apontam para uma distribuição na clientela desses comércios representado por 40% de moradores locais, 20% empresas locais, 10% empresas de Suape e 30% associado ao tráfego da PE-60. Foi identificado um assentamento sem terra do lado direito da PE-060, no acesso ao Engenho Daranguza. As principais reivindicações da comunidade estão associadas à segurança para atravessar a PE-060 em direção às paradas de ônibus e o saneamento básico. A seguir listam-se algumas respostas dos entrevistados, propositalmente deixaram-se as respostas repetidas obtidas em diversas comunidades. 29 de 56
  • 30. A construção e alargamentos das pontes ao longo deste trecho; A construção de lombada eletrônica; A melhoria dos acessos da comunidade para PE-60; Saneamento; Construção de via para bicicletas e alargamento dos acostamentos e via para pedestre. Melhoria dos acessos até a PE-60; Posto médico na comunidade; Coleta de Lixo; Construção de banheiros; Saneamento; Melhoria nos transportes públicos; Lombada eletrônica; Correio. Lombadas eletrônicas; Acostamentos; Saneamento; A construção de uma passarela de pedestres; Correio; Mais ônibus; Acostamentos; Saneamento; Segurança. Lombada; Saneamento; Passarela; Abrigos. O Patrimônio Histórico e Cultural A região de estudo apresenta uma riqueza histórica e cultural bem reconhecida, caracterizada por fortes da época da colônia, casarões antigos da época do esplendor da cana-de-açúcar, e inclusive, vestígios antigos de ocupações indígenas. A reconstrução etnohistórica da área aponta para a existência, no litoral e zona da mata, que hoje corresponde ao estado de Pernambuco, de uma ocupação extensa de grupos denominados de Caeté, Tabajara e Potiguara, todos identificados como pertencentes ao tronco lingüístico Tupi-Guarani. Para estes grupos, a cerâmica era um elemento cultural importante e estava relacionada tanto com os aspectos de subsistência como de rituais de morte, de 30 de 56
  • 31. sepultamento e nas festas. Na realidade é o vestígio mais recorrente nos sítios arqueológicos do litoral, materializando o que é relatado pelos cronistas (SILVA, 2004:60). Já em uma época mais recente, especificamente na segunda metade do século XVI, chega-se à época de colonização do litoral sul de Pernambuco, com a implantação dos engenhos nas terras baixas e nas áreas de várzeas. De fato, o núcleo originário de Ipojuca, no século XVI, enquadra-se na ocupação de porto fluvial. No início da colonização a área foi explorada com a extração do pau-brasil que era embarcado em Porto de Galinhas. Entre 1550 e 1650 Ipojuca tornou-se um importante centro açucareiro possuindo mais de 30 engenhos, dois portos (Suape e Porto de Galinhas) e o rio Ipojuca. É nesse contexto que foram direcionados os estudos arqueológicos do EIA, ora na procura através de prospecção de superfície de vestígios de grupos ceramistas, ora através da visita aos antigos engenhos para conferência da sua situação atual. Este levantamento atende à portaria 230 do IPHAN. Ao todo, foram identificados e vistoriados aproximadamente 40 locais de relevância histórica, a maior parte deles correspondentes a antigos engenhos da época colonial de Pernambuco, desses, 26 locais vistoriados que se localizam dentro da Área de Influência Indireta – AII do empreendimento, salientando que neste caso, o referido recorte de estudo estendeu-se de 2km para 4km, no intuito de fazer a pesquisa de forma mais abrangente. Os resultados constatam que poucos engenhos estão localizados próximos à rodovia PE-60, com exceção dos engenhos Penderama e Tapera, que apesar do processo de descaracterização, com novas edificações presentes e utilização como moradia, conservam elementos característicos do outrora passado colonial. A B Foto 19 – A) Engenho Jasmim Foto 20 – B) Engenho Penderama – Antiga senzala e capela 31 de 56
  • 32. Da mesma forma, foram vistoriados vinte (20) morros pelo método oportunístico aproveitando aqueles em que a cana-de-açúcar havia sido retirada para o processo de moagem nas usinas. Dos 20 locais vistoriados, em 12 deles foram identificados vestígios arqueológicos, correspondendo em sua totalidade a pequenos fragmentos de louça da época colonial, e/ou, fragmentos cerâmicos e elementos líticos pertencentes a ocupações pré-históricas que no passado ocupavam os morros da zona da mata de Pernambuco. Independente da relevância científica dos vestígios identificados, a prospecção de superfície deixa em evidencia o grande potencial que em termos arqueológicos pode apresentar a zona de influência do empreendimento, principalmente em aqueles setores que sofreram menos alterações ao longo destes últimos anos, ou seja, os topos de morros protegidos com remanescente de mata atlântica. A B Foto 21 – A) Material Cerâmico Foto 22 – B) Local da Ocorrência 5 A B Foto 23 – A) material lítico - afiador Foto 24 – B) material lítico – lasca de sílex 32 de 56
  • 33. Quadro 7 – Relação de locais de relevância histórica/cultural na AII estendida (4km) PONTOS DE RELEVÂNCIA LOCALIZAÇÃO DISTÂNCIA PROXIMIDADE HISTÓRICA E CULTURAL EIXO PE-60 Engenho Tabatinga Ipojuca 2.466,56 AII Engenho Jasmim Ipojuca 3.139,82 AII Engenho Penderama Ipojuca 302.47 AID Engenho Arendepe Ipojuca 3.105,69 AII Engenho Guerra Ipojuca 2.067,89 AII Engenho Pindoba Ipojuca 3.300,39 AII Engenho Saco Ipojuca 1.462,42 AII Usina Ipojuca Ipojuca 2.659,92 AII Engenho Conceição Nova Ipojuca 1.628,81 AII Chaminé de antiga olaria Ipojuca 209,96 AID Engenho Tapera Ipojuca 61,30 AID Engenho Santa Rosa Ipojuca 2.153,42 AII Engenho São Pedro Camela, Ipojuca 2.335,88 AII Igreja de Santo Antônio de Camela, Ipojuca 2960,73 AII Camela Engenho Todos os Santos Ipojuca 139,91 AID Engenho ou Usina Trapiche Sirinhaém 1.295,36 AII Velho Usina Trapiche Sirinhaém 2.329,30 AII Capela de São Roque Sirinhaém 850,92 AII Igreja de Nossa Senhora da Sirinhaém 768,60 AII Conceição Convento de Santo Antônio/Igreja de São Sirinhaém 1.026,52 AII Francisco Engenho Tinoco Sirinhaém 4.586,14 AII Casa da Câmara e Cadeia Sirinhaém 795,03 AII Engenho Bom Jardim Sirinhaém 53,61 AID Engenho Sibiró Cavalcante Sirinhaém 680,54 AII 33 de 56
  • 34. 4 - AVALIAÇÃO AMBIENTAL A metodologia utilizada neste capítulo atende a RESOLUÇÃO DO CONAMA 001/86, bem como o Termo de Referência da CPRH: 34 de 56
  • 35. Como seria o futuro da área sem o empreendimento ? O futuro ambiental da região com ou sem o empreendimento está diretamente atrelado às principais vocações da área, que por sua vez têm um rebatimento direto nas condições de trafegabilidade e oferta de serviço que podem ser esperadas na PE-060, então vejamos cada uma dessas vocações e suas perspectivas futuras. Os melhores anos de SUAPE estão por vir Na próxima década toda essa estruturação que vem sendo alicerçada no CIPS com a captação de empresas privadas de grande porte que acreditaram no projeto SUAPE, deverá começar a dar retorno em termos de geração de empregos e aumento do PIB. E não tem como ser de outra forma, os investimentos de capitais privados que na última década aumentaram exponencialmente deverão continuar crescendo e começar a trazer benefícios para o estado. Figura 11 – Histórico de investimentos em SUAPE (1979 – 2007) Investimento Privado Investimento União Investimento Estado Diante desse panorama altamente positivo, e considerando que a contrapartida de SUAPE para os empreendedores é a oferta da infra-estrutura requerida para os seus projetos, fica remota a possibilidade de não implantação do projeto pelo menos neste trecho de SUAPE. 35 de 56
  • 36. O crescimento do setor turístico no litoral sul Matéria prima para o turismo existe de sobra no litoral sul de Pernambuco. O governo do Estado e os empreendedores privados sabem disso e enxergam na exploração turística do litoral um enorme potencial em termos de captação de receita provinda de visitantes estrangeiros, e mesmo de brasileiros de outros estados, do sul principalmente. A previsão é que até 2020 sejam aplicados em turismo, investimentos públicos e privados em torno de R$ 18.000.000. Uma parcela bem significativa destes recursos seria direcionada para o litoral sul do estado, e tem mais: em torno de 70% da parcela pública destes recursos seria destinada para o saneamento básico e infra-estrutura urbana. Figura 12 – Distribuição por região de investimentos em turismo (2008 – 2020) Fonte: Plano estratégico de turismo de Pernambuco- 2008 36 de 56
  • 37. A concretização destas projeções tão alentadoras depende do atendimento por parte do estado dos compromissos com os investidores, como é o caso da revitalização da estrada da batalha, que hoje em dia representa um gargalo no fluxo de veículos para o litoral sul. Esta revitalização da estrada da Batalha, deixaria ainda mais em evidencia a necessidade de se duplicar a PE-060 até o acesso a Porto de Galinhas como mínimo. Sendo assim, observa-se que desde a ótica do desenvolvimento turístico da região, com ampla disponibilidade de recursos para o litoral sul, a hipótese de não implantação do empreendimento parece distante. A nova realidade do setor sucroalcooleiro Novos tempos se vislumbram para a indústria canavieira. Um novo tempo em que a tolerância de todos os segmentos da sociedade e os órgãos de controle ambiental do estado vem chegando a seu fim, e a passividade com que historicamente se encarou esse modelo de exploração agrícola extremamente agressivo parece que vem encontrando limites para seu enquadramento nos preceitos de desenvolvimento sustentável, tudo isso em um contexto de franca expansão do setor nos próximos anos, como veremos a seguir. Conforme dados do Centro Nacional de Referência em Biomassa de 2008, até 2020 no Brasil a área plantada com cana-de-açúcar deverá duplicar passando de 6,3 para 13,9 milhões de hectares, elevando a produção a 1.038 milhões de toneladas por ano, o que também representa um crescimento na participação na matriz energética que passará de 3% para 15% em 2020. Figura 13 – Previsão de crescimento do setor sucroalcooleiro (2006 – 2020) Fonte: ÚNICA 2008 37 de 56
  • 38. Embora estes dados de expansão do setor não apliquem em cheio para a Zona da Mata de Pernambuco, mostram que o negocio da cana-de-açúcar continuará sendo uma alternativa econômica interessante na próxima década. Contudo, este cenário otimista deverá ser equacionado com os limites ambientais e legais que começam a ser exigidos ao setor canavieiro. Em 2008, o Ministério do Meio Ambiente anunciou a autuação das 24 usinas de cana de Pernambuco, segundo o órgão, todas infratoras da legislação ambiental e responsáveis pela destruição da cobertura vegetal nativa, especialmente de Mata Atlântica, e contaminação dos cursos d’água. A decisão do Ministério pode não chegar a ser concretizada nos termos em que foi proposta, contudo, é um alerta do poder público no sentido de obrigar às usinas de Pernambuco a mudar seu modelo produtivo por outro menos nocivo para o meio ambiente, a exemplo do que já acontece no interior de São Paulo. Sendo assim, o cenário tendencial referente à influência da indústria sucroalcooleira na qualidade ambiental futura da região é de recuperação. Não tem como ser diferente. Na AII do empreendimento não existe mais nada a desmatar, toda a cobertura vegetal original, salvo pequenas exceções foi suprimida, ademais, com exceção do rio Sirinhaém, nenhum dos cursos de água que cortam a PE-060 no trecho de estudo apresenta vegetação nativa na APP. Dessa forma, a dinâmica do território atrelada à indústria canavieira só pode ser de uma melhoria nos próximos anos, propulsada pelas exigências legais em termos de reflorestamento de APP’s, reservais legais e outras compensações, e porque não, de uma mudança de mentalidade dos proprietários das usinas. Como se insere a PE-060 em todo esse contexto? Todas as considerações discutidas nos parágrafos acima terão como resposta o aumento de veículos na PE-060 ao longo do tempo. As projeções de movimento efetuadas permitem visualizar que até o ano de 2020, o volume de tráfego no trecho entre o acesso a SUAPE – Entroncamento com a PE-038 terá um aumento de 88%, situando-se em torno de 19.000 veículos/dia. Já no trecho entre o Entroncamento da PE-038 e Sirinhaém o incremento no fluxo diário de veículos será do dobro, passando de 5.188 veículos/dia em 2006 para 10.000 em 2025. Sendo assim, observa-se que o cenário de qualidade ambiental nas áreas diretamente atendidas pela PE-060 se veria afetado pela ocorrência de impactos ambientais negativos que acentuariam os graves problemas de mobilidade verificados hoje no eixo viário, com rebatimento nas dimensões técnicas, institucionais, econômicas, turísticas e de 38 de 56
  • 39. qualidade de população, não só dos municípios atingidos, mas do Território de Desenvolvimento de SUAPE como um todo. A não implantação do empreendimento representaria uma acentuação progressiva das dificuldades de trafegabilidade que se verificam nos períodos de pico da PE- 060. Já no ano de 2015 a rodovia atingiria um nível de serviço na classificação F no trecho de SUAPE, característico de uma circulação muito congestionada, com uma demanda superior à capacidade da rodovia. Esta situação reafirma mais uma vez a necessidade impreterível de duplicação do eixo viário neste trecho de SUAPE. Na dimensão institucional a não implantação do empreendimento representaria um desgaste profundo na relação entre população, investidores e poder público, criando descrédito e rejeição, uma vez que a promessa da duplicação vem sendo feita há vários anos por diferentes correntes políticas, e é esperada pela população com expectativas de impulsionar ainda mais o desenvolvimento da região. Esta situação teria um reflexo direto na qualidade de vida da população assentada no entorno, uma vez que os impactos hoje verificados de poluição sonora, atmosférica, stress e acidentalidade decorrente dos engarrafamentos nos fins de semana e no período de verão principalmente, ver-se-iam obviamente acrescentados. Nota-se que na maioria dos casos, em se tratando de projetos de desenvolvimento de utilidade pública concebidos justamente para beneficiar a maior parte da população, os impactos negativos de um retrocesso na iniciativa de implantação, tendem a ser mais severos que os impactos negativos temporários que a alternativa de implantação possa gerar sobre núcleos menores de população e ecossistemas pontuais. Pelo observado no estudo, este é o caso da duplicação da PE-060. Como seria o futuro da área com o empreendimento? O cenário com a implantação do empreendimento apresentaria uma compatibilidade total entre a oferta de infra estrutura de transporte e investimentos programados na região. Basicamente todos os aspectos negativos que poderiam acontecer no cenário de não implantação, manifestam-se em caráter positivo neste cenário. 39 de 56
  • 40. Quais seriam esses impactos positivos? O projeto, na sua conjuntura integrada, é claro que causará um impacto positivo na região e no estado. De fato, a essência de qualquer obra de infra-estrutura construída com recursos públicos não é outra que beneficiar a coletividade, e nesse sentido o projeto de duplicação da PE-060 não é diferente. O principal impacto positivo que a duplicação promoverá será o de facilitar o transporte, a comunicação e a expansão do comércio intermunicipal e regional, possibilitando o crescimento de produção e comercialização a partir do fluxo de capitais e de pessoas. Acelerando a interconexão entre os municípios de forma a proporcionar melhores condições de vida aos cidadãos e cidadãs. A duplicação da PE-060 significa um aumento de velocidade, diminuição do tempo de deslocamento, maior disciplinamento do trânsito, dinamizando o uso e ocupação do solo e incrementando o valor imobiliário do entorno. Mais ainda, a duplicação promoverá um aumento da segurança e conforto, diminuição do índice de acidentes, fomento do potencial econômico, cultural e de integração municipal pelo incremento do valor econômico do solo. Este grande conjunto de impactos positivos que em essência justificam o projeto, geram outros benefícios menos abrangentes, ora pontuais e temporários, ora permanentes e regionais, que são considerados também como Impactos Positivos, vejamos: a. Possibilidade de Consolidar Lideranças e Grupos Organizados: Embora as desapropriações previstas para a implantação da nova faixa sejam poucas, o processo de negociação é uma boa possibilidade para promover o fortalecimento e/ou criação de grupos organizados e lideranças na região. Pelo que foi observado nas pesquisas de campo, as lideranças existentes são poucas, e na maioria dos casos as comunidades ainda são dependentes dos administradores das usinas. b. Ampliação do Conhecimento Científico: Dentre os impactos positivos, destaca-se a ampliação do conhecimento científico da região, neste caso especificamente destacam-se as informações levantadas em termos socioeconômicos e de patrimônio cultural da região. Neste caso, destaca-se por exemplo, o levantamento arqueológico efetuado, com a identificação de vestígios cerâmicos e de louça em vários dos morros pesquisados. Embora este material não seja tão relevante do ponto de vista 40 de 56
  • 41. científico, o volume de informação coletada, tanto para a elaboração do EIA/RIMA como para os PBA’s posteriores, são uma rica fonte de informação para trabalhos futuros. c. Geração de Empregos e Ativação da Economia local O projeto da PE-060, embora sem ter uma vocação nítida de geração de empregos, não será uma exceção à regra. Prevê-se que o empreendimento gere em torno de 100 empregos diretos durante o ano de implantação previsto para os primeiros dois trechos, somando engenheiros, operadores de máquinas, topógrafos, operários da construção civil, apoios administrativos, fiscalização, dentre outros. Igualmente uma geração não estimada de empregos indiretos será verificada em torno de fornecedores de serviços de alimentação, aquisição de insumos para a obra, serviços de transporte, serviços de hospedagem, dentre outros. d. Diminuição da poluição sonora e o caos urbano O nível de poluição auditiva que se verifica na PE-060 na travessia urbana de Ipojuca, deve melhorar com a duplicação da rodovia. O desvio do trânsito por uma nova variante afastada do tecido urbano, reduz as emissões de gases e ruídos, que provavelmente atingirão níveis acordes com a legislação em vigor. e. Melhoria paisagística do Eixo Viário O trecho duplicado melhorará notoriamente em termos paisagísticos, sendo este fato verificado em todas as rodovias do estado cuja capacidade foi ampliada através da duplicação da faixa. O novo traçado investe a rodovia de modernidade, de conforto, segurança, com acabamentos impecáveis em termos de drenagem, proteção de taludes, acostamentos, sinalização. Estas mesmas sensações permitem ao motorista e acompanhantes um percurso mais prazeroso com disposição para observar a paisagem e desfrutar da viagem. f. Valorização de imóveis e terras A somatória de todos os benefícios advindos da duplicação do trecho em apreço discutidos acima, refletirá na valorização ainda maior dos imóveis e terras localizadas as margens. Embora a propriedade da terra ao longo do percurso esteja concentrada em grandes grupos econômicos, notadamente as usinas e mesmo SUAPE, considera-se esta valorização como impacto positivo, embora de baixa relevância. 41 de 56
  • 42. g. Diminuição de acidentes e riscos pelos caminhões canavieiros Os caminhões canavieiros que circulam sazonalmente no trecho de estudo e em geral em toda a zona da mata sul de Pernambuco, configuram atualmente um foco de risco no tráfego da PE-060 pela situação de entrada e saída da pista em diversos pontos e em condições de visibilidade reduzida pela mesma tipologia da carga que transportam. Com a duplicação da rodovia, esta circulação de veículos será disciplinada, ora pelo sistema de retornos que obrigará o veículo a realizar uma manobra adequada para acessar aos pontos de colheita, ora pela sinalização da rodovia que deverá prever a entrada e saída de veículos pesados nos pontos predeterminados. Quais seriam esses impactos Negativos? A identificação e qualificação de Impactos Negativos que serão gerados nas três fases de análise definidas para o projeto: Fase de Planejamento, Fase de Implantação e Fase de Operação, foi realizada com participação de toda a equipe técnica, que definiu, a partir de um método numérico ponderativo, uma escala de importância dos impactos em 5 categorias: QUADRO 8 – IDENTIFICAÇÃO DE IMPACTOS NEGATIVOS. Categoria Descrição Danos inexpressivos ao meio ambiente. O Máximo que pode ocorrer é Muito Baixa ameaça de impactos que podem ser facilmente eliminadas com a aplicação de medidas mitigadoras. Danos leves a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. Os Baixa impactos são controláveis a um baixo custo e os danos ambientais são facilmente revertidos. Danos moderados a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. Os Moderada impactos são controláveis, mas se não neutralizados oportunamente, podem degenerar em situações de dano mais severos. Danos importantes a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. Alta Exige ações corretivas imediatas para evitar seu desdobramento em uma condição mais crítica. Danos irreparáveis a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. O Muito Alta restabelecimento das condições primitivas do meio ambiente é lento ou impossível. Como resultado deste procedimento foram levantados 26 impactos negativos, distribuídos conforme se mostra na figura a seguir: 42 de 56
  • 43. Figura 14 – Resumo da avaliação de Impactos 12 12 Quantidade de Impactos 10 Negativos 8 8 6 4 4 2 1 1 0 MUITO BAIXA BAIXA MODERADA ALTA MUITO ALTA Importância dos Impactos Os principais impactos considerados no estudo estão relacionados com o meio socioeconômico, especialmente no tocante à necessidade do remanejamento involuntário de população. Este remanejamento de população será efetuado em comunidades de alta fragilidade social como o Alto da Bela Vista, sendo preciso garantir que as condições desta comunidade no novo local de destino sejam melhores que as atuais, que outrossim, são precárias. A valoração deste impacto no nível máximo de importância do estudo pode ser associada à mesma conotação de utilidade pública da duplicação, onde não parece justo que um empreendimento concebido para trazer uma melhoria na qualidade de vida da população, prejudique uma minoria altamente vulnerável. Dessa forma, os esforços para mitigá-los devem ser igualmente priorizados durante a implantação do empreendimento. Os impactos classificados como de importância ALTA podem ser mitigados através da implantação dos PBA’s, não tendo sido identificado em nenhum deles, algum aspecto restritivo a ponto de inviabilizar o projeto ou parte dele. Salienta-se que identificou-se como necessária uma revisão da posição dos retornos no trecho entre a PE-038 e Sirinhaém, devendo estes serem projetados em áreas que não atinjam comunidades assentadas na faixa de domínio, como no caso atual da comunidade Tapera. Esta modificação deve ser incorporada no Projeto Executivo. Igualmente considerou-se como muito relevante, porém, com probabilidade baixa de ocorrência, o impacto potencial de ocupação desordenada da faixa de domínio da PE-060 após a finalização dos trabalhos de duplicação. Este impacto poderia produzir-se com maior intensidade na cidade de Ipojuca, uma vez que a nova 43 de 56
  • 44. variante gerará dois “bolsões” de terreno para expansão da cidade. O impacto principal seria a ocupação irregular do espaço remanescente entre a margem esquerda do Rio Ipojuca e a nova variante, conforme se mostra na figura a seguir: Figura 15 – Área susceptível a ocupação irregular com a duplicação Igualmente salienta-se que foi identificado um conflito com o hospital da UNIMED (Empreendimento de iniciativa Privada), em termos da superposição de áreas para o referido hospital e para a variante de Ipojuca. 44 de 56