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ENTECA 2011
                                   VIII Encontro Tecnológico da Engenharia Civil e Arquitetura
                                   8 - 10 Novembro 2011         ISSN 1808-3625



      PAINÉIS COM RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO - RCD.
          PARTE I: APTIDÃO DO RCD PARA USO EM CONCRETO

                                       Jorge Daniel de Melo Moura 1

                                          Adauto Pereira Cardoso2

                                           Ederaldo Furlaneto Jr 3

                                            Marcos Carlos Strass 4
RESUMO

O setor da construção civil no Brasil é um dos que exercem maior impacto ambiental, tanto pelo alto
impacto na produção de seus insumos como pela irracionalidade dos processos construtivos e de
demolição. Os Resíduos de Construção e Demolição (RCD), no Brasil e no exterior, somam mais de
50% em massa do total de resíduos sólidos urbanos. Esta constatação motivou a investigação do uso
de concreto composto com agregados de RCD reciclados na produção de painéis pré-fabricados. A
primeira etapa de trabalho, descrita neste artigo, tem o foco no estudo da viabilidade do uso dos
agregados de RCD em traços de concreto. A análise granulométrica dos agregados de RCD mostra
similaridades com os agregados naturais. As massas específicas aparentes apresentam valores 25%
inferiores aos dos agregados naturais, sugerindo porosidade maior e um concreto mais leve que o
convencional. Para o primeiro traço ensaiado, adensado de forma convencional, aplicou-se um fator
água/cimento alto. A alta absorção de água do material em relação aos agregados naturais aliada ao
elevado fator a/c aplicado para a melhora da plasticidade, contribuiu para o baixo desempenho
mecânico do concreto. A inserção do adensamento mecânico permitiu a redução do fator a/c do
segundo traço a níveis comparados ao do concreto com agregados naturais. A resistência deste traço
atingiu valores próximos do preconizado para o concreto convencional. Algumas dificuldades
encontradas no estudo estão relacionadas à deficiência observada na triagem, controle de qualidade e
processamento da fração mineral de RCD e variabilidade intrínseca dos agregados reciclados. Porém,
este material apresenta-se como extremamente promissor, possibilitando a ampliação do campo de
utilização dos materiais reciclados na construção civil e contribui para novas práticas construtivas
ambientalmente amigáveis e tecnicamente eficientes.


Palavras-chave: Concreto de RCD. Resíduos de construção e demolição. Agregados para concreto.




1
  Prof. Dr.,Univ. Est. de Londrina do Dep. de Arquitetura e Urbanismo-jordan@uel.br
2
  Prof. MSc., Univ. Est. de Londrina do Dep. de Arquitetura e Urbanismo- adautoarq@uel.br
3
  Prof. MSc., Univ. Est. de Londrina. Dep. de Construção Civil-ederaldof@bol.com.br
4
    Prof. MSc., Univ. Est. de Londrina do Dep. de Construção Civil - marcos.strass@uel.br
1. INTRODUÇÃO

        Os resíduos de construção e demolição (RCD) representam, segundo John, Angulo e Kahn
(2006), de 13% a 67% em massa, dos resíduos sólidos urbanos. Com base em informações dos
mesmos autores, se mantida a média nacional estimada em 2002, de 500 kg/habitante por ano, em
Londrina seriam produzidos anualmente um total de 250 mil toneladas de resíduos sólidos. Deste
total, acima de 32,5 mil toneladas seriam de RCD.
        Diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão e manejo correto de resíduos da
construção civil visando destinos mais nobres para os resíduos gerados nessa atividade foram
estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente, por meio da Resolução no 307. Os
resíduos de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e infraestrutura, de
edificações e de peças pré-moldadas em concreto são classificados, com base nesta resolução, como
resíduos de classe A, ou seja, resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados. (BRASIL,
2002)
        Dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada em 2008 demonstram que de
um total de 5.564 municípios brasileiros, 392 têm algum tipo de processamento dos resíduos de
construção e demolição. Destes, 79 reaproveitam agregados produzidos a partir do processamento
dos resíduos na fabricação de componentes construtivos e apenas 20 fazem a triagem e a trituração
dos resíduos classe A, com classificação granulométrica dos agregados reciclados. (IBGE, 2010)
        A empresa Kurica Seleta Ambiental de Londrina é hoje uma das que recebe entulho de
construção tanto de obras novas quanto de demolição, produzindo quantidades substanciais de RCD
moído. O material ainda não é utilizado em larga escala por várias razões, sendo a principal, a falta
de conhecimento das características do material e seu desempenho.




                                    (a)                                    (b)
 Figura 1 – Kurica Ambiental (a) Agregado graúdo de RCD reciclado (brita); (b) Agregado
                              miúdo RCD (areia artificial)

        É imperativa a reutilização e reciclagem de produtos a fim de retirar da natureza grande
quantidade de entulho e o transformar em novos insumos para o mesmo setor como a areia o
pedrisco e a pedra em várias composições granulométricas.
        Em 2004 entrou em vigor a ABNT:NBR 15116 (2004) que prevê a utilização dos agregados
reciclados para camadas de pavimentação e para o preparo de concretos sem função estrutural.
        A utilização no preparo de concretos com função estrutural depende ainda de estudos que
viabilizem esta tecnologia e deve ser tratada futuramente em normalização específica.
        Os resíduos sólidos pertencentes à classe A, oriundos de áreas de reciclagem organizadas em
acordo com a NBR 15114, devem atender aos requisitos das aplicações específicas apresentadas na
NBR 15116 e ser classificados como: agregados de resíduo de concreto (ARC), em cuja fração
graúda são compostos de no mínimo 90% em massa de fragmentos à base de cimento portland e
rochas. e; agregado de resíduo misto (ARM), em cuja fração graúda são compostos com menos de
90% em massa de fragmentos à base de cimento portland e rochas (ABNT, 2004). São classificados

    Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura                       2
na terminologia comercial em algumas usinas brasileiras como agregado cinza e agregado
vermelho, observando visualmente e respectivamente a predominância de componentes de
construção de natureza cimentícia ou cerâmica.
        A homogeneidade proporcionada por esta classificação não é suficiente para aproximar as
características de desempenho estrutural dos produtos resultantes dos agregados reciclados
classificados como ARC do desempenho do concreto que os originou.
        Algumas razões para os agregados de RCD reciclados serem indicados por norma, até o
momento, apenas para o preparo de concreto sem função estrutural, em substituição total ou parcial
aos agregados convencionais, desde que não contrariem exigências contidas nas normas pertinentes
à aplicação específica em cada caso, são as dificuldades relacionadas ao processo de obtenção desta
matéria-prima. Estas dificuldades, apontadas por John, Angulo e Kahn (2006, p. 175), são: a baixa
eficiência da classificação do RCD mineral; a variabilidade intrínseca observada nos agregados de
RCD reciclados e fases presentes e; a correlação insuficiente entre os resultados de controle de
qualidade tradicionais desses agregados e o desempenho de concretos produzidos a partir destes.
        Apesar destas dificuldades, observa-se que a disponibilidade do RCD e a necessidade de
formação de mercado consumidor que faça uso adequado deste material são potencialmente
compatíveis com o propósito do presente estudo. O objetivo deste trabalho é a análise da
viabilidade do emprego de agregados de RCD da classe A na confecção de concretos para aplicação
em painéis estruturais. Esta primeira parte trata do estudo do material em si, enquanto que numa
segunda parte, será analisada a confecção dos painéis.


2. METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

       A primeira etapa foi a determinação das características físicas do material, granulometria,
umidade e massa específica.
       Na seqüência, se passou a confeccionar traços de concreto realizados com RCD e ensaiá-los
através de corpos de prova de compressão.
       Finalmente se moldaram placas com lançamento do concreto sem e com adensamento
mecânico.


3. RESULTADOS

3.1. Caracterização do material reciclado de RCD

        A primeira etapa do trabalho foi a caracterização dos agregados. Os resultados dos ensaios
físicos são enunciados abaixo.

3.1.1. Determinação da composição granulométrica do agregado miúdo de RCD (areia artificial)

       O agregado é produzido a partir de cerâmica vermelha triturada (telhas e tijolos). A amostra
ensaiada é de 1000g, com teor de umidade h=0%.
       O aspecto do material pode ser visualizado na Figura 2a




    Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura                      3
Tabela 1 – Caracterização granulométrica do agregado miúdo de RCD
 Peneira(mm)         Peso retido (g)       Peso retido acumulado           % retida     % retida acumulada
     4,8                  5,00                      5,00                     0,5               0,5
     2,4                 150,00                    155,00                     15               15,5
     1,2                 155,00                    310,00                    15,5               31
     0,6                 225,00                    535,00                    22,5              53,5
     0,3                 250,00                    785,00                     25               78,5
    0,15                 155,00                    940,00                    15,5               94
    0,075                 40,00                    980,00                     4                 98
   FUNDO                  20,00                   1000,00                     2                100




                                     (a)                                   (b)
Figura 2 – (a) Agregados miúdo e graúdo de RCD; (b) Moldagem das placas para ensaio

3.1.2. Determinação da composição granulométrica do agregado graúdo de RCD (brita artificial)

       O agregado é produzido a partir de cerâmica vermelha triturada (telhas e tijolos) e entulho
de concreto de cimento e reboco de paredes. A amostra ensaiada é de 1000g, com teor de umidade
h=0%

               Tabela 2 - Resultados de ensaio granulométrico do agregado graúdo
 Peneira(mm)       Peso retido (g)      Peso retido acumulado (g)          % retida   % retida acumulada
     4,8                705,00                      70,5                    70,5            70,5
     2,4                225,00                      22,5                    22,50          93,00
     1,2                20,00                        2                        2            95,00
     0,6                15,00                       1,5                      1,5           96,50
     0,3                15,00                       1,5                      1,5           98,00
    0,15                10,00                        1                        1            99,00
    0,075                5,00                       0,5                      0,5           99,50
   FUNDO                 5,00                       0,5                      0,5           100,00


3.1.3. Determinação dos teores de umidade do agregado miúdo de RCD (areia artificial)

       Amostra 5000g, retirada de estoque acondicionado ao ar livre.

       Parâmetro a ser calculado: h = teor de umidade em %
       Parâmetros medidos:
       Ph = peso da amostra úmida
       Ps = peso da amostra seca
    Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura                               4
Processo de secagem em estufa elétrica a temperatura de 105 graus Celcius por período de
24 horas segundo norma NM 248: 2001 (ABNT, 2003).
       h(%)= Peso de água/ Peso da amostra seca
       h(%)= (Ph-Ps)/Ps
       Ph= 5000g
       Ps= 4605g
       h%=(5000-4605)/4605 = 0,0857*100                       h%= 8,57%


3.1.4. Determinação dos teores de umidade do Agregado graúdo de RCD (brita artificial)

       Amostra 5000g, retirada de estoque acondicionado ao ar livre. Processo de secagem em
estufa elétrica a temperatura de 105 graus Celcius por período de 24 horas segundo norma NBR
7217.
       Ph= 5000 g
       Ps= 4560 g
       h%= (5000-4560)/4560 = 0,0965*100                       h%=9,65%


3.1.5. Determinação do peso unitário (massa específica aparente, do agregado miúdo de RCD
(areia artificial)

       = massa específica aparente (massa unitária)
       m= massa da amostra em kg                                            = 1,259 Kg/dm3
       V= volume aparente em dm3

3.1.6. Determinação do peso unitário (massa específica aparente, do agregado graúdo de RCD
(brita artificial)
                                                                              = 1,016 Kg/dm3




   Figura 3 – Placa de concreto de agregados de RCD reciclados com massa específica 25%
                              inferior ao concreto convencional

3.2. Concreto produzido com agregados de RCD reciclado

       A seguir, passa-se a descrever a confecção e ensaios de concreto realizado com os agregados
acima caracterizados.




    Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura                        5
Figura 4 – Moldagem de corpos de prova


3.2.1. Desenvolvimento do traço no 1

         As Tabelas 3 e 4 apresentam respectivamente o traço e as resistências características do
traço.

                        Tabela 3 - Traço no 1 em volume do concreto utilizado
                                       material            quantidade
                                     Brita RCD               20,45L
                                     Areia RCD               20,45L
                                      Cimento            1 saco (50kg)
                                         Cal                 12,5Kg
                                        H2O                    33L
                                 Fator água/cimento           0,66
                                   Concreto pronto            100L

         Tabela 4 - Resistência à compressão de corpos de prova cilíndricos do traço no 1
   Corpo de prova      Diâmetro mm         Secção mm2        Força aplicada Kgf   Tensão de ruptura Mpa
          1                 100               7854                 3676                    4.6
          2                 100               7854                 3710                    4.6
          3                 100               7854                 3486                    4.4
          4                 100               7854                 3743                    4.7
          5                 150              17671                 7285                    4.0
                                                           Resist. média                  4,46
                                                           Resist. mín.                   4.00
                                                           Resist. max.                   4.70


3.2.2. Desenvolvimento do traço no 2

       As observações obtidas nos ensaios do traço no 1 levaram à introdução de mesa vibratória
(Figura 5) a fim de melhorar o adensamento deste concreto de traço no 2, mantendo o fator água/
cimento em valores convenientes à melhora do seu desempenho.




    Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura                              6
Figura 5 – Placa moldada com auxílio de mesa vibratória

       As Tabelas 5 e 6 apresentam a composição do traço e as resistências características do
concreto produzido neste novo processo.

                                  Tabela 5 - Composição do traço no 2
                                            Material            Quantidade
                                          Brita RCD                20,45L
                                          Areia RCD                20,45L
                                            Cimento            1 saco (50 kg)
                                              Cal                  12,5Kg
                                              H2O                   20,5L
                                      Fator água/cimento             0,41
                                       Concreto pronto              100L

        A Tabela 5, mostra o traço no 2 com a mesma composição que o traço no 1 com exceção do
fator água/cimento.

          Tabela 6 - Resistência à compressão de corpos de prova cilíndricos traço no 2
  Corpo de prova Diâmetro Secção mm2         Força aplicada Kgf Tensão de ruptura Mpa
         1            100          314,16           62832                  20,00
         2            100          314,16           61725                  19,64
         3            100          314,16           62003                  19,73
         4            100          314,16           62857                  20,00
         5            100          314,16           62863                  20,00
                                               Resist. média               19,87
                                                Resist. mín.               19,64
                                               Resist. max.                20,00


4. DISCUSSÃO

4.1. Granulometria e massa específica aparente

       Em relação à granulometria dos agregados, a análise da Tabela 1 demonstra que a
granulometria do agregado miúdo é semelhante à observada na areia natural silicosa/quartzosa
encontrada na região sul do Brasil. Considerando este aspecto isoladamente o material seria
considerado adequado para a produção de concretos convencionais


   Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura                   7
No que diz respeito ao agregado graúdo, observa-se que a granulometria é semelhante à
apresentada pelas britas, número 0 e 1, obtidas na trituração da rocha basáltica, comum na região
sul/sudeste. Da mesma forma que para o agregado miúdo, considerando-se este aspecto,
isoladamente, o material é adequado para a produção de concretos convencionais (Tabela 2).
        Em relação aos teores de umidade, observa-se que a umidade da amostra de agregado miúdo
é superior a da areia natural de mesma composição granulométrica que fica em torno de 5%. Este
resultado indica a confirmação das informações apresentadas por John, Angulo e Kahn (Op cit.,
2006) relacionando a massa específica inferior à dos agregados naturais com a porosidade e
consequente alta absorção de água do material. Isto aponta para a necessidade de corrigir o fator
água/cimento para se obter as resistências esperadas no concreto produzido com este agregado.
        Para o agregado graúdo observou-se teor de umidade muito superior ao da brita natural,
considerada seca (h=0%), o que exige atenção na correção do fator água/cimento nos traços para o
concreto produzido. Além disto, pelo caráter poroso deste agregado, não se sabe o quanto desta
umidade pode migrar para a hidratação do cimento quando da confecção do concreto, indicando a
necessidade de mais investigação para a análise deste efeito.
        Na medida em que se almeja o incremento do uso deste material, a empresa deve tomar
consciência das variações das características físicas destes agregados a fim de imprimir um melhor
controle sobre seu produto por um lado, e por outro, divulgar os resultados de seus testes para
possibilitar uma utilização generalizada e segura do RCD no mercado (meio produtivo).
        Apesar disto, o material é extremamente promissor e deve ser investigado a fundo para que
o fabricante de concreto, usina ou construtora, adquira confiança na utilização do mesmo, tendo em
vista que seu apelo ambiental é muito favorável.
        No que diz respeito à massa especifica dos agregados constata-se que ambos são mais leves
que os convencionais. A areia artificial ensaiada, agregado miúdo de RCD, apresentou valor de
massa específica aparente Kg/dm3; enquanto a areia natural tem  variando entre 1,6 e 1,8
kg/dm3. A brita artificial ensaiada, agregado graúdo de RCD, apresentou Kg/dm3;
enquanto a brita natural de basalto tem valores de  entre 1,5 a 1,6 kg/dm3. Conseqüentemente, o
concreto produzido ficou significativamente mais leve. O concreto convencional conta com massa
específica de 2,4 kg/dm3 enquanto que o concreto com RCD apresentou o valor de 1,8 kg/dm3.

4.2. Desenvolvimento dos traços

4.2.1. Traço 1

        Os resultados do traço 1 apresentados na Tabela 4, mostram que os valores de resistência
são relativamente baixos. No entanto, estes valores são próximos ao preconizado para resistência de
blocos para alvenaria estrutural (ABNT, 2007). Em princípio, se poderia usar este concreto, tanto na
confecção de painéis quanto na composição de blocos estruturais. Valores de resistência obtidos por
John, Angulo e Kahn (Op cit., 2006), para traço e fator a água/cimento (0,67) similares, são muito
mais elevados que os obtidos neste estudo - variando de 15 MPa a 23 MPa. Um controle mais
eficiente do processo de classificação dos agregados possibilitou esta situação. Considerando-se que
a resistência do concreto é inversamente proporcional à porosidade do agregado, o aumento da
massa específica aparente dos agregados seria a principal razão para este resultado. Dada a relativa
homogeneidade de composição química das diferentes fases presentes na fração mineral de RCD –
composta essencialmente de SiO2, CaO e Al2 O3 (ANGULO, 2005) - as variações na massa
específica aparente dos agregados de RCD reciclados são devido às variações na porosidade.
Assim, uma classificação por densidade seria, indiretamente, uma classificação por resistência
mecânica dos grãos desses agregados.
        As normas estabelecem limites máximos de presença de outras fases minerais que não o
concreto e controlam valores mínimos de massa específica aparente média ou valores máximos de

    Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura                      8
absorção de água. Apesar de serem propriedades relacionadas à porosidade, que é um critério
vinculado à resistência mecânica e durabilidade dos concretos, não são suficientes para estabelecer
uma relação clara entre as propriedades dos agregados de RCD reciclados e as propriedades
mecânicas dos concretos produzidos.
        Uma das razões para isso poderia ser o fato de que exceto em obras constituídas quase que
exclusivamente em concreto, a técnica de demolição seletiva na origem é quase inexistente. A
resolução 307 do Conama (BRASIL, 2002) não prevê a segregação entre diferentes frações dos
resíduos minerais de classe A. A mistura heterogênea de resíduos de concreto e alvenaria é
predominante nos agregados reciclados de RCD produzidos em usinas de brasileiras. Constata-se
também a presença de materiais não minerais e argamassas.
        A seqüência e variedade de operações unitárias de tratamento de RCD para produzir matéria
prima com características físicas e químicas adequadas à utilização na indústria de transformação
influenciam tanto na eficiência da remoção de frações indesejáveis ao processo, como em aspectos
críticos – teor de finos e proporção entre frações graúda e miúda. John, Angulo e Kahn (2006) citam
a concentração gravítica por meio de “jigues” como um método mecânico duplamente eficiente de
catação para usinas que operam por via seca. Além de separar uma fração leve – mineral e não
mineral – presente nos agregados de RCD reciclados, reduz o teor de finos e a emissão de
particulados.

4.2.2. Traço 2

        Para o desenvolvimento do traço 2 (tabelas 5 e 6), houve a disponibilização de mesa
vibratória que permitiu a realização do adensamento mecânico com a redução do fator a/c. A
operação veio suprir a falta de plasticidade de um concreto bastante seco (slump ± 4cm a 5cm).
        A diminuição do fator água/cimento do concreto para o nível de 0,41 (comparar Tabelas 3 e
5) resultou no incremento da resistência média do traço no 2 (19,87 MPa – Tabela 6) em quase 5
vezes o valor médio para o traço no 1 (4,46 MPa - Tabela 4). Para este valor de fator água/cimento,
John, Angulo e Kahn (Op cit., 2006) relatam níveis de resistência variando de 27 a 45 MPa, com
variação da massa específica aparente dos agregados de 1,8 a 2,7 kg/dm3 respectivamente. Observe-
se que os agregados neste estudo são de resíduo misto (ARM), com predominância de cerâmica
vermelha obtida pela moagem de tijolos e telhas. Nas usinas brasileiras, incluindo a fornecedora dos
agregados para o estudo, uma parcela significativa da fração fina (<75m) pode estar misturada à
fração mineral do RCD. A presença de argilominerais e a quantidade de finos aumentam o consumo
de água em concretos e prejudicam sua qualidade. Possivelmente isto somado ao problema
intrínseco relacionado à classificação prévia e no processo de produção dos agregados, descritas em
4.2.1., sejam a razão pela qual os níveis de resistência foram inferiores àqueles relatados pelos
autores citados.
        Ainda assim, trata-se de um concreto que poderá, com agregação de tecnologia no seu
desenvolvimento, ser utilizado mesmo em aplicações convencionais do concreto, considerando que
a resistência de 19,87 MPa está muito próxima aos 20 MPa preconizados pela norma (ABNT,
2007). Há que se ressaltar que as tecnologias utilizadas para obter uma melhora de 60% na
resistência a compressão, foram simples, disponíveis e de baixo custo.
        Este resultado aponta na direção do grande potencial do concreto estudado ser utilizado
amplamente, com ênfase nas obras de interesse social. A relação custo/benefício aqui observada é
muito favorável técnica, financeira, social e ambientalmente.
        O painel executado, apresentado em outro artigo relacionado a esta pesquisa, conta com
armadura metálica de enrijecimento. Isto deve elevar a resistência do conjunto. A calibragem
correta entre a massa específica e a resistência a compressão da parede trará benefícios importantes
para o desenvolvimento deste processo construtivo.


    Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura                      9
5. CONCLUSÕES

        Este trabalho se refere ao estudo de viabilidade de produção de concreto com agregados de
RCD reciclados para aplicação em painéis estruturais.
        Na medida em que se vislumbra o incremento do uso deste material, as empresas devem
tomar consciência das variações das características físicas destes agregados a fim de imprimir um
melhor controle sobre seu produto por um lado, e por outro, divulgar os resultados de seus testes
para possibilitar uma utilização generalizada e segura do RCD no mercado (meio produtivo).
        Os agregados de RCD testados nesta pesquisa apresentaram um teor de umidade bastante
elevado, sobretudo aquele que substituiria a brita. A inserção destes na composição do concreto
exige um grau de atenção redobrada no que diz respeito ao controle da umidade do traço.
        A massa específica do concreto com RCD resultou em valores 25% inferiores aos realizados
com concreto convencional produzido com agregados naturais. Apesar de a resistência do concreto
ser inversamente proporcional à porosidade do agregado, o aumento da massa específica aparente
dos agregados não foi uma estratégia adotada neste estudo.
        O concreto confeccionado com os agregados de RCD apresentou respostas bastante
positivas com massa específica, 25% inferior ao concreto convencional. Em termos de resistência
do traço, dadas as características do agregado já citadas, o que se constatou foi que aumentar o fator
água/cimento para obter plasticidade suficiente em lançamento convencional resultou em baixos
valores de resistência. No entanto, apenas a introdução de processo de vibração quando do
lançamento do concreto, reduziu a importância da plasticidade e possibilitou a redução do fator
água/cimento, fazendo o concreto alcançar níveis de resistência da ordem de 20 MPa. Este valor o
capacita para aplicações semelhantes às do concreto convencional elaborado com agregados
naturais.
        Apesar das precauções recomendadas, o material é extremamente promissor e deve ser
investigado a fundo para o desenvolvimento e estabelecimento de estratégias de classificação mais
adequadas e de parâmetros que permitam determinar uma relação mais clara entre as propriedades
dos agregados de RCD reciclados e as propriedades mecânicas dos concretos com eles produzidos.
Desta forma os agentes envolvidos no processo de fabricação e uso de concreto adquirem confiança
na utilização do mesmo. A ampliação do consumo de RCD tem um apelo muito favorável devido ao
potencial de diminuir substancialmente o impacto ambiental gerado pela construção civil.


AGRADECIMENTOS

       Ao Carlos Alberto Duarte pelo apoio laboratorial e generosidade no decorrer do projeto e
ao Diego Giovani Bonifácio pelo envolvimento em iniciação científica e interesse pelo trabalho.
`A prefeitura do campus da UEL pelo fornecimento de mão de obra e equipamentos.

REFERÊNCIAS

ANGULO, S. C. Caracterização de agregados de resíduos de construção e demolição reciclados e a
influência de suas características no comportamento mecânico dos concretos. 2005. 149 f. Tese
(Doutorado em Engenharia Civil) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118 Projeto de estruturas de
concreto – Procedimento Rio de Janeiro, 2007

____________. ABNT NBR 15116: Agregados de resíduos sólidos da construção civil: utilização em
pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural - requisitos. Rio de Janeiro, 2004.


    Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura                       10
____________. ABNT NBR 9062: Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio
de Janeiro, 2006.

____________. ABNT NBR 6136: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Requisitos.
Rio de Janeiro, 2007.

____________. ABNT NM 248: Agregados - Determinação da composição granulométrica. Rio de
Janeiro, 2003.

BRASIL. Conselho nacional do meio ambiente. Resolução no 307, de 5 de julho de 2002. Estabelece
diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Resoluções do Conama,
Brasília, 2002, p. 571 a 574. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=
307>. Acesso em: 09/2011.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional de saneamento
básico. PNSB - 2008. Rio de Janeiro: IBGE, 2010, p. 153, 169 e 170. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/ pnsb2008/PNSB_2008.pdf>. Acesso
em: 09/2011.

JOHN, V. M.; ANGULO, S. C.; KAHN, H.. Controle da qualidade dos agregados de resíduos de construção
e demolição reciclados para concretos a partir de uma ferramenta de caracterização. Porto Alegre, 2006,
ANTAC - Coletânea Habitare, vol. 7, cap. 6, p. 168-207.Disponível em: <http://www.habitare.org.br/
publicacoes_coletanea7.aspx>. Acesso em: ago. 2011.




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Análise da viabilidade do uso de agregados de RCD em concreto

  • 1. ENTECA 2011 VIII Encontro Tecnológico da Engenharia Civil e Arquitetura 8 - 10 Novembro 2011 ISSN 1808-3625 PAINÉIS COM RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO - RCD. PARTE I: APTIDÃO DO RCD PARA USO EM CONCRETO Jorge Daniel de Melo Moura 1 Adauto Pereira Cardoso2 Ederaldo Furlaneto Jr 3 Marcos Carlos Strass 4 RESUMO O setor da construção civil no Brasil é um dos que exercem maior impacto ambiental, tanto pelo alto impacto na produção de seus insumos como pela irracionalidade dos processos construtivos e de demolição. Os Resíduos de Construção e Demolição (RCD), no Brasil e no exterior, somam mais de 50% em massa do total de resíduos sólidos urbanos. Esta constatação motivou a investigação do uso de concreto composto com agregados de RCD reciclados na produção de painéis pré-fabricados. A primeira etapa de trabalho, descrita neste artigo, tem o foco no estudo da viabilidade do uso dos agregados de RCD em traços de concreto. A análise granulométrica dos agregados de RCD mostra similaridades com os agregados naturais. As massas específicas aparentes apresentam valores 25% inferiores aos dos agregados naturais, sugerindo porosidade maior e um concreto mais leve que o convencional. Para o primeiro traço ensaiado, adensado de forma convencional, aplicou-se um fator água/cimento alto. A alta absorção de água do material em relação aos agregados naturais aliada ao elevado fator a/c aplicado para a melhora da plasticidade, contribuiu para o baixo desempenho mecânico do concreto. A inserção do adensamento mecânico permitiu a redução do fator a/c do segundo traço a níveis comparados ao do concreto com agregados naturais. A resistência deste traço atingiu valores próximos do preconizado para o concreto convencional. Algumas dificuldades encontradas no estudo estão relacionadas à deficiência observada na triagem, controle de qualidade e processamento da fração mineral de RCD e variabilidade intrínseca dos agregados reciclados. Porém, este material apresenta-se como extremamente promissor, possibilitando a ampliação do campo de utilização dos materiais reciclados na construção civil e contribui para novas práticas construtivas ambientalmente amigáveis e tecnicamente eficientes. Palavras-chave: Concreto de RCD. Resíduos de construção e demolição. Agregados para concreto. 1 Prof. Dr.,Univ. Est. de Londrina do Dep. de Arquitetura e Urbanismo-jordan@uel.br 2 Prof. MSc., Univ. Est. de Londrina do Dep. de Arquitetura e Urbanismo- adautoarq@uel.br 3 Prof. MSc., Univ. Est. de Londrina. Dep. de Construção Civil-ederaldof@bol.com.br 4 Prof. MSc., Univ. Est. de Londrina do Dep. de Construção Civil - marcos.strass@uel.br
  • 2. 1. INTRODUÇÃO Os resíduos de construção e demolição (RCD) representam, segundo John, Angulo e Kahn (2006), de 13% a 67% em massa, dos resíduos sólidos urbanos. Com base em informações dos mesmos autores, se mantida a média nacional estimada em 2002, de 500 kg/habitante por ano, em Londrina seriam produzidos anualmente um total de 250 mil toneladas de resíduos sólidos. Deste total, acima de 32,5 mil toneladas seriam de RCD. Diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão e manejo correto de resíduos da construção civil visando destinos mais nobres para os resíduos gerados nessa atividade foram estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente, por meio da Resolução no 307. Os resíduos de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e infraestrutura, de edificações e de peças pré-moldadas em concreto são classificados, com base nesta resolução, como resíduos de classe A, ou seja, resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados. (BRASIL, 2002) Dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada em 2008 demonstram que de um total de 5.564 municípios brasileiros, 392 têm algum tipo de processamento dos resíduos de construção e demolição. Destes, 79 reaproveitam agregados produzidos a partir do processamento dos resíduos na fabricação de componentes construtivos e apenas 20 fazem a triagem e a trituração dos resíduos classe A, com classificação granulométrica dos agregados reciclados. (IBGE, 2010) A empresa Kurica Seleta Ambiental de Londrina é hoje uma das que recebe entulho de construção tanto de obras novas quanto de demolição, produzindo quantidades substanciais de RCD moído. O material ainda não é utilizado em larga escala por várias razões, sendo a principal, a falta de conhecimento das características do material e seu desempenho. (a) (b) Figura 1 – Kurica Ambiental (a) Agregado graúdo de RCD reciclado (brita); (b) Agregado miúdo RCD (areia artificial) É imperativa a reutilização e reciclagem de produtos a fim de retirar da natureza grande quantidade de entulho e o transformar em novos insumos para o mesmo setor como a areia o pedrisco e a pedra em várias composições granulométricas. Em 2004 entrou em vigor a ABNT:NBR 15116 (2004) que prevê a utilização dos agregados reciclados para camadas de pavimentação e para o preparo de concretos sem função estrutural. A utilização no preparo de concretos com função estrutural depende ainda de estudos que viabilizem esta tecnologia e deve ser tratada futuramente em normalização específica. Os resíduos sólidos pertencentes à classe A, oriundos de áreas de reciclagem organizadas em acordo com a NBR 15114, devem atender aos requisitos das aplicações específicas apresentadas na NBR 15116 e ser classificados como: agregados de resíduo de concreto (ARC), em cuja fração graúda são compostos de no mínimo 90% em massa de fragmentos à base de cimento portland e rochas. e; agregado de resíduo misto (ARM), em cuja fração graúda são compostos com menos de 90% em massa de fragmentos à base de cimento portland e rochas (ABNT, 2004). São classificados Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura 2
  • 3. na terminologia comercial em algumas usinas brasileiras como agregado cinza e agregado vermelho, observando visualmente e respectivamente a predominância de componentes de construção de natureza cimentícia ou cerâmica. A homogeneidade proporcionada por esta classificação não é suficiente para aproximar as características de desempenho estrutural dos produtos resultantes dos agregados reciclados classificados como ARC do desempenho do concreto que os originou. Algumas razões para os agregados de RCD reciclados serem indicados por norma, até o momento, apenas para o preparo de concreto sem função estrutural, em substituição total ou parcial aos agregados convencionais, desde que não contrariem exigências contidas nas normas pertinentes à aplicação específica em cada caso, são as dificuldades relacionadas ao processo de obtenção desta matéria-prima. Estas dificuldades, apontadas por John, Angulo e Kahn (2006, p. 175), são: a baixa eficiência da classificação do RCD mineral; a variabilidade intrínseca observada nos agregados de RCD reciclados e fases presentes e; a correlação insuficiente entre os resultados de controle de qualidade tradicionais desses agregados e o desempenho de concretos produzidos a partir destes. Apesar destas dificuldades, observa-se que a disponibilidade do RCD e a necessidade de formação de mercado consumidor que faça uso adequado deste material são potencialmente compatíveis com o propósito do presente estudo. O objetivo deste trabalho é a análise da viabilidade do emprego de agregados de RCD da classe A na confecção de concretos para aplicação em painéis estruturais. Esta primeira parte trata do estudo do material em si, enquanto que numa segunda parte, será analisada a confecção dos painéis. 2. METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA A primeira etapa foi a determinação das características físicas do material, granulometria, umidade e massa específica. Na seqüência, se passou a confeccionar traços de concreto realizados com RCD e ensaiá-los através de corpos de prova de compressão. Finalmente se moldaram placas com lançamento do concreto sem e com adensamento mecânico. 3. RESULTADOS 3.1. Caracterização do material reciclado de RCD A primeira etapa do trabalho foi a caracterização dos agregados. Os resultados dos ensaios físicos são enunciados abaixo. 3.1.1. Determinação da composição granulométrica do agregado miúdo de RCD (areia artificial) O agregado é produzido a partir de cerâmica vermelha triturada (telhas e tijolos). A amostra ensaiada é de 1000g, com teor de umidade h=0%. O aspecto do material pode ser visualizado na Figura 2a Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura 3
  • 4. Tabela 1 – Caracterização granulométrica do agregado miúdo de RCD Peneira(mm) Peso retido (g) Peso retido acumulado % retida % retida acumulada 4,8 5,00 5,00 0,5 0,5 2,4 150,00 155,00 15 15,5 1,2 155,00 310,00 15,5 31 0,6 225,00 535,00 22,5 53,5 0,3 250,00 785,00 25 78,5 0,15 155,00 940,00 15,5 94 0,075 40,00 980,00 4 98 FUNDO 20,00 1000,00 2 100 (a) (b) Figura 2 – (a) Agregados miúdo e graúdo de RCD; (b) Moldagem das placas para ensaio 3.1.2. Determinação da composição granulométrica do agregado graúdo de RCD (brita artificial) O agregado é produzido a partir de cerâmica vermelha triturada (telhas e tijolos) e entulho de concreto de cimento e reboco de paredes. A amostra ensaiada é de 1000g, com teor de umidade h=0% Tabela 2 - Resultados de ensaio granulométrico do agregado graúdo Peneira(mm) Peso retido (g) Peso retido acumulado (g) % retida % retida acumulada 4,8 705,00 70,5 70,5 70,5 2,4 225,00 22,5 22,50 93,00 1,2 20,00 2 2 95,00 0,6 15,00 1,5 1,5 96,50 0,3 15,00 1,5 1,5 98,00 0,15 10,00 1 1 99,00 0,075 5,00 0,5 0,5 99,50 FUNDO 5,00 0,5 0,5 100,00 3.1.3. Determinação dos teores de umidade do agregado miúdo de RCD (areia artificial) Amostra 5000g, retirada de estoque acondicionado ao ar livre. Parâmetro a ser calculado: h = teor de umidade em % Parâmetros medidos: Ph = peso da amostra úmida Ps = peso da amostra seca Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura 4
  • 5. Processo de secagem em estufa elétrica a temperatura de 105 graus Celcius por período de 24 horas segundo norma NM 248: 2001 (ABNT, 2003). h(%)= Peso de água/ Peso da amostra seca h(%)= (Ph-Ps)/Ps Ph= 5000g Ps= 4605g h%=(5000-4605)/4605 = 0,0857*100 h%= 8,57% 3.1.4. Determinação dos teores de umidade do Agregado graúdo de RCD (brita artificial) Amostra 5000g, retirada de estoque acondicionado ao ar livre. Processo de secagem em estufa elétrica a temperatura de 105 graus Celcius por período de 24 horas segundo norma NBR 7217. Ph= 5000 g Ps= 4560 g h%= (5000-4560)/4560 = 0,0965*100 h%=9,65% 3.1.5. Determinação do peso unitário (massa específica aparente, do agregado miúdo de RCD (areia artificial) = massa específica aparente (massa unitária) m= massa da amostra em kg  = 1,259 Kg/dm3 V= volume aparente em dm3 3.1.6. Determinação do peso unitário (massa específica aparente, do agregado graúdo de RCD (brita artificial)  = 1,016 Kg/dm3 Figura 3 – Placa de concreto de agregados de RCD reciclados com massa específica 25% inferior ao concreto convencional 3.2. Concreto produzido com agregados de RCD reciclado A seguir, passa-se a descrever a confecção e ensaios de concreto realizado com os agregados acima caracterizados. Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura 5
  • 6. Figura 4 – Moldagem de corpos de prova 3.2.1. Desenvolvimento do traço no 1 As Tabelas 3 e 4 apresentam respectivamente o traço e as resistências características do traço. Tabela 3 - Traço no 1 em volume do concreto utilizado material quantidade Brita RCD 20,45L Areia RCD 20,45L Cimento 1 saco (50kg) Cal 12,5Kg H2O 33L Fator água/cimento 0,66 Concreto pronto 100L Tabela 4 - Resistência à compressão de corpos de prova cilíndricos do traço no 1 Corpo de prova Diâmetro mm Secção mm2 Força aplicada Kgf Tensão de ruptura Mpa 1 100 7854 3676 4.6 2 100 7854 3710 4.6 3 100 7854 3486 4.4 4 100 7854 3743 4.7 5 150 17671 7285 4.0 Resist. média 4,46 Resist. mín. 4.00 Resist. max. 4.70 3.2.2. Desenvolvimento do traço no 2 As observações obtidas nos ensaios do traço no 1 levaram à introdução de mesa vibratória (Figura 5) a fim de melhorar o adensamento deste concreto de traço no 2, mantendo o fator água/ cimento em valores convenientes à melhora do seu desempenho. Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura 6
  • 7. Figura 5 – Placa moldada com auxílio de mesa vibratória As Tabelas 5 e 6 apresentam a composição do traço e as resistências características do concreto produzido neste novo processo. Tabela 5 - Composição do traço no 2 Material Quantidade Brita RCD 20,45L Areia RCD 20,45L Cimento 1 saco (50 kg) Cal 12,5Kg H2O 20,5L Fator água/cimento 0,41 Concreto pronto 100L A Tabela 5, mostra o traço no 2 com a mesma composição que o traço no 1 com exceção do fator água/cimento. Tabela 6 - Resistência à compressão de corpos de prova cilíndricos traço no 2 Corpo de prova Diâmetro Secção mm2 Força aplicada Kgf Tensão de ruptura Mpa 1 100 314,16 62832 20,00 2 100 314,16 61725 19,64 3 100 314,16 62003 19,73 4 100 314,16 62857 20,00 5 100 314,16 62863 20,00 Resist. média 19,87 Resist. mín. 19,64 Resist. max. 20,00 4. DISCUSSÃO 4.1. Granulometria e massa específica aparente Em relação à granulometria dos agregados, a análise da Tabela 1 demonstra que a granulometria do agregado miúdo é semelhante à observada na areia natural silicosa/quartzosa encontrada na região sul do Brasil. Considerando este aspecto isoladamente o material seria considerado adequado para a produção de concretos convencionais Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura 7
  • 8. No que diz respeito ao agregado graúdo, observa-se que a granulometria é semelhante à apresentada pelas britas, número 0 e 1, obtidas na trituração da rocha basáltica, comum na região sul/sudeste. Da mesma forma que para o agregado miúdo, considerando-se este aspecto, isoladamente, o material é adequado para a produção de concretos convencionais (Tabela 2). Em relação aos teores de umidade, observa-se que a umidade da amostra de agregado miúdo é superior a da areia natural de mesma composição granulométrica que fica em torno de 5%. Este resultado indica a confirmação das informações apresentadas por John, Angulo e Kahn (Op cit., 2006) relacionando a massa específica inferior à dos agregados naturais com a porosidade e consequente alta absorção de água do material. Isto aponta para a necessidade de corrigir o fator água/cimento para se obter as resistências esperadas no concreto produzido com este agregado. Para o agregado graúdo observou-se teor de umidade muito superior ao da brita natural, considerada seca (h=0%), o que exige atenção na correção do fator água/cimento nos traços para o concreto produzido. Além disto, pelo caráter poroso deste agregado, não se sabe o quanto desta umidade pode migrar para a hidratação do cimento quando da confecção do concreto, indicando a necessidade de mais investigação para a análise deste efeito. Na medida em que se almeja o incremento do uso deste material, a empresa deve tomar consciência das variações das características físicas destes agregados a fim de imprimir um melhor controle sobre seu produto por um lado, e por outro, divulgar os resultados de seus testes para possibilitar uma utilização generalizada e segura do RCD no mercado (meio produtivo). Apesar disto, o material é extremamente promissor e deve ser investigado a fundo para que o fabricante de concreto, usina ou construtora, adquira confiança na utilização do mesmo, tendo em vista que seu apelo ambiental é muito favorável. No que diz respeito à massa especifica dos agregados constata-se que ambos são mais leves que os convencionais. A areia artificial ensaiada, agregado miúdo de RCD, apresentou valor de massa específica aparente Kg/dm3; enquanto a areia natural tem  variando entre 1,6 e 1,8 kg/dm3. A brita artificial ensaiada, agregado graúdo de RCD, apresentou Kg/dm3; enquanto a brita natural de basalto tem valores de  entre 1,5 a 1,6 kg/dm3. Conseqüentemente, o concreto produzido ficou significativamente mais leve. O concreto convencional conta com massa específica de 2,4 kg/dm3 enquanto que o concreto com RCD apresentou o valor de 1,8 kg/dm3. 4.2. Desenvolvimento dos traços 4.2.1. Traço 1 Os resultados do traço 1 apresentados na Tabela 4, mostram que os valores de resistência são relativamente baixos. No entanto, estes valores são próximos ao preconizado para resistência de blocos para alvenaria estrutural (ABNT, 2007). Em princípio, se poderia usar este concreto, tanto na confecção de painéis quanto na composição de blocos estruturais. Valores de resistência obtidos por John, Angulo e Kahn (Op cit., 2006), para traço e fator a água/cimento (0,67) similares, são muito mais elevados que os obtidos neste estudo - variando de 15 MPa a 23 MPa. Um controle mais eficiente do processo de classificação dos agregados possibilitou esta situação. Considerando-se que a resistência do concreto é inversamente proporcional à porosidade do agregado, o aumento da massa específica aparente dos agregados seria a principal razão para este resultado. Dada a relativa homogeneidade de composição química das diferentes fases presentes na fração mineral de RCD – composta essencialmente de SiO2, CaO e Al2 O3 (ANGULO, 2005) - as variações na massa específica aparente dos agregados de RCD reciclados são devido às variações na porosidade. Assim, uma classificação por densidade seria, indiretamente, uma classificação por resistência mecânica dos grãos desses agregados. As normas estabelecem limites máximos de presença de outras fases minerais que não o concreto e controlam valores mínimos de massa específica aparente média ou valores máximos de Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura 8
  • 9. absorção de água. Apesar de serem propriedades relacionadas à porosidade, que é um critério vinculado à resistência mecânica e durabilidade dos concretos, não são suficientes para estabelecer uma relação clara entre as propriedades dos agregados de RCD reciclados e as propriedades mecânicas dos concretos produzidos. Uma das razões para isso poderia ser o fato de que exceto em obras constituídas quase que exclusivamente em concreto, a técnica de demolição seletiva na origem é quase inexistente. A resolução 307 do Conama (BRASIL, 2002) não prevê a segregação entre diferentes frações dos resíduos minerais de classe A. A mistura heterogênea de resíduos de concreto e alvenaria é predominante nos agregados reciclados de RCD produzidos em usinas de brasileiras. Constata-se também a presença de materiais não minerais e argamassas. A seqüência e variedade de operações unitárias de tratamento de RCD para produzir matéria prima com características físicas e químicas adequadas à utilização na indústria de transformação influenciam tanto na eficiência da remoção de frações indesejáveis ao processo, como em aspectos críticos – teor de finos e proporção entre frações graúda e miúda. John, Angulo e Kahn (2006) citam a concentração gravítica por meio de “jigues” como um método mecânico duplamente eficiente de catação para usinas que operam por via seca. Além de separar uma fração leve – mineral e não mineral – presente nos agregados de RCD reciclados, reduz o teor de finos e a emissão de particulados. 4.2.2. Traço 2 Para o desenvolvimento do traço 2 (tabelas 5 e 6), houve a disponibilização de mesa vibratória que permitiu a realização do adensamento mecânico com a redução do fator a/c. A operação veio suprir a falta de plasticidade de um concreto bastante seco (slump ± 4cm a 5cm). A diminuição do fator água/cimento do concreto para o nível de 0,41 (comparar Tabelas 3 e 5) resultou no incremento da resistência média do traço no 2 (19,87 MPa – Tabela 6) em quase 5 vezes o valor médio para o traço no 1 (4,46 MPa - Tabela 4). Para este valor de fator água/cimento, John, Angulo e Kahn (Op cit., 2006) relatam níveis de resistência variando de 27 a 45 MPa, com variação da massa específica aparente dos agregados de 1,8 a 2,7 kg/dm3 respectivamente. Observe- se que os agregados neste estudo são de resíduo misto (ARM), com predominância de cerâmica vermelha obtida pela moagem de tijolos e telhas. Nas usinas brasileiras, incluindo a fornecedora dos agregados para o estudo, uma parcela significativa da fração fina (<75m) pode estar misturada à fração mineral do RCD. A presença de argilominerais e a quantidade de finos aumentam o consumo de água em concretos e prejudicam sua qualidade. Possivelmente isto somado ao problema intrínseco relacionado à classificação prévia e no processo de produção dos agregados, descritas em 4.2.1., sejam a razão pela qual os níveis de resistência foram inferiores àqueles relatados pelos autores citados. Ainda assim, trata-se de um concreto que poderá, com agregação de tecnologia no seu desenvolvimento, ser utilizado mesmo em aplicações convencionais do concreto, considerando que a resistência de 19,87 MPa está muito próxima aos 20 MPa preconizados pela norma (ABNT, 2007). Há que se ressaltar que as tecnologias utilizadas para obter uma melhora de 60% na resistência a compressão, foram simples, disponíveis e de baixo custo. Este resultado aponta na direção do grande potencial do concreto estudado ser utilizado amplamente, com ênfase nas obras de interesse social. A relação custo/benefício aqui observada é muito favorável técnica, financeira, social e ambientalmente. O painel executado, apresentado em outro artigo relacionado a esta pesquisa, conta com armadura metálica de enrijecimento. Isto deve elevar a resistência do conjunto. A calibragem correta entre a massa específica e a resistência a compressão da parede trará benefícios importantes para o desenvolvimento deste processo construtivo. Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura 9
  • 10. 5. CONCLUSÕES Este trabalho se refere ao estudo de viabilidade de produção de concreto com agregados de RCD reciclados para aplicação em painéis estruturais. Na medida em que se vislumbra o incremento do uso deste material, as empresas devem tomar consciência das variações das características físicas destes agregados a fim de imprimir um melhor controle sobre seu produto por um lado, e por outro, divulgar os resultados de seus testes para possibilitar uma utilização generalizada e segura do RCD no mercado (meio produtivo). Os agregados de RCD testados nesta pesquisa apresentaram um teor de umidade bastante elevado, sobretudo aquele que substituiria a brita. A inserção destes na composição do concreto exige um grau de atenção redobrada no que diz respeito ao controle da umidade do traço. A massa específica do concreto com RCD resultou em valores 25% inferiores aos realizados com concreto convencional produzido com agregados naturais. Apesar de a resistência do concreto ser inversamente proporcional à porosidade do agregado, o aumento da massa específica aparente dos agregados não foi uma estratégia adotada neste estudo. O concreto confeccionado com os agregados de RCD apresentou respostas bastante positivas com massa específica, 25% inferior ao concreto convencional. Em termos de resistência do traço, dadas as características do agregado já citadas, o que se constatou foi que aumentar o fator água/cimento para obter plasticidade suficiente em lançamento convencional resultou em baixos valores de resistência. No entanto, apenas a introdução de processo de vibração quando do lançamento do concreto, reduziu a importância da plasticidade e possibilitou a redução do fator água/cimento, fazendo o concreto alcançar níveis de resistência da ordem de 20 MPa. Este valor o capacita para aplicações semelhantes às do concreto convencional elaborado com agregados naturais. Apesar das precauções recomendadas, o material é extremamente promissor e deve ser investigado a fundo para o desenvolvimento e estabelecimento de estratégias de classificação mais adequadas e de parâmetros que permitam determinar uma relação mais clara entre as propriedades dos agregados de RCD reciclados e as propriedades mecânicas dos concretos com eles produzidos. Desta forma os agentes envolvidos no processo de fabricação e uso de concreto adquirem confiança na utilização do mesmo. A ampliação do consumo de RCD tem um apelo muito favorável devido ao potencial de diminuir substancialmente o impacto ambiental gerado pela construção civil. AGRADECIMENTOS Ao Carlos Alberto Duarte pelo apoio laboratorial e generosidade no decorrer do projeto e ao Diego Giovani Bonifácio pelo envolvimento em iniciação científica e interesse pelo trabalho. `A prefeitura do campus da UEL pelo fornecimento de mão de obra e equipamentos. REFERÊNCIAS ANGULO, S. C. Caracterização de agregados de resíduos de construção e demolição reciclados e a influência de suas características no comportamento mecânico dos concretos. 2005. 149 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118 Projeto de estruturas de concreto – Procedimento Rio de Janeiro, 2007 ____________. ABNT NBR 15116: Agregados de resíduos sólidos da construção civil: utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural - requisitos. Rio de Janeiro, 2004. Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura 10
  • 11. ____________. ABNT NBR 9062: Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro, 2006. ____________. ABNT NBR 6136: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Requisitos. Rio de Janeiro, 2007. ____________. ABNT NM 248: Agregados - Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003. BRASIL. Conselho nacional do meio ambiente. Resolução no 307, de 5 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Resoluções do Conama, Brasília, 2002, p. 571 a 574. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi= 307>. Acesso em: 09/2011. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional de saneamento básico. PNSB - 2008. Rio de Janeiro: IBGE, 2010, p. 153, 169 e 170. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/ pnsb2008/PNSB_2008.pdf>. Acesso em: 09/2011. JOHN, V. M.; ANGULO, S. C.; KAHN, H.. Controle da qualidade dos agregados de resíduos de construção e demolição reciclados para concretos a partir de uma ferramenta de caracterização. Porto Alegre, 2006, ANTAC - Coletânea Habitare, vol. 7, cap. 6, p. 168-207.Disponível em: <http://www.habitare.org.br/ publicacoes_coletanea7.aspx>. Acesso em: ago. 2011. Anais do VIII Encontro Tecnológico de Engenharia Civil e Arquitetura 11