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APLICAÇÃO DE AGREGADO RECICLADO DE RESÍDUO SÓLIDO DA
            CONSTRUÇÃO CIVIL EM CAMADAS DE PAVIMENTOS

                                      Rosângela dos Santos Motta
                                      Liedi Légi Bariani Bernucci
                                            Edson de Moura
                                 Departamento de Engenharia de Transportes
                               Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

RESUMO
Este artigo apresenta um estudo sobre a viabilidade técnica do uso de agregado reciclado de resíduo sólido da
construção civil em camadas de pavimentos para vias de baixo volume de tráfego. O material estudado foi
submetido a ensaios de laboratório que objetivaram caracterizá-lo fisicamente e verificar seu comportamento
mecânico em ensaios de compactação, índice de suporte Califórnia e de módulo de resiliência. Os valores
obtidos demonstram que o agregado reciclado é passível de uso em construção de pavimentos.

ABSTRACT
The paper presents a study about the technical feasibility of using construction and demolition waste as a
pavement material for low-volume roads. The recycled material was submitted to laboratory tests aimed at
characterizing it physically and verifying its mechanical behaviour in tests like compaction, California Bearing
Ratio and resilient modulus. The values obtained show that the recycled aggregate can be considered for use as a
paving material.

1. INTRODUÇÃO
A grande geração de resíduo de construção civil em cidades de grande e médio portes tem
sido um problema crônico que envolve questões de ordem ambiental, social e financeira,
principalmente porque grande parte deste material gerado normalmente é disposta de forma
irregular em locais como vias, rios, córregos, terrenos baldios e áreas de mananciais. Desta
forma, descartado ilegalmente, o resíduo de construção pode trazer riscos à população em
função de dois aspectos relevantes: atração de transmissores de doenças e entupimento de
bueiros e assoreamento dos recursos hídricos, que implicam em um aumento das enchentes
nas estações chuvosas.

Além disso, uma outra questão relacionada é o custo envolvido em todo o sistema de coleta,
transporte e destinação final dos resíduos de construção civil. Na cidade de São Paulo, por
exemplo, os gastos com todo o processo são elevadíssimos, atingindo soma da ordem de R$
45,0 × 106/ano (Angulo et al., 2003a), dada a grande quantidade de material gerado que, de
acordo com o Departamento de Limpeza Urbana (LIMPURB), já ultrapassa 17.000 ton/dia.
Ainda segundo Angulo et al. (2003b), a geração média de resíduos de construção civil per
capita em algumas cidades brasileiras gira em torno de 500kg/ano. Este tipo de problema não
é restrito aos países em desenvolvimento que possuem grandes metrópoles. Na Itália, por
exemplo, a média de geração de resíduos sólidos da construção civil é de 600kg/ano/pessoa;
na Holanda, tem-se os maiores índices europeus, com cerca de 1000kg/ano/pessoa (Costa e
Ursella, 2003). A diferença é na ação tomada pelos países desenvolvidos com relação à
disposição destes resíduos; há leis fortes para incentivar o uso de reciclados e mesmo, em
certas condições, para proibir a geração de resíduos sem uma programada destinação.

Por outro lado, deve-se atentar para a questão dos aterros sanitários, uma vez que o resíduo
sólido de construção civil corresponde a mais de 50% dos resíduos sólidos urbanos (Angulo et
al., 2003a) que são coletados e a eles destinados. Isto significa que este tipo de resíduo é o
grande responsável atualmente pelo esgotamento dos aterros sanitários, fazendo surgir a


                                                      259
necessidade de criação de novos locais para destinação dos mesmos pelos órgãos responsáveis
pela limpeza urbana (Bodi et al., 1995). Como conseqüência, há um agravamento financeiro
dos recursos públicos em decorrência da desapropriação de novas áreas, aliado às distâncias
cada vez maiores a serem percorridas pelos veículos de carga para despejo dos resíduos; sem
falar na dificuldade, muitas vezes, de encontrar locais adequados para a constituição de aterro
sanitário por estas áreas serem ambientalmente protegidas.

O resíduo de construção, após passar por um processo de reciclagem, pode ser empregado nas
mais diferentes formas como, por exemplo, na confecção de elementos pré-moldados e na
execução de camadas em estruturas de pavimentos (Triches e Kryckyj, 1999). Na Holanda,
por exemplo, 85% dos resíduos de construção são submetidos a um processo de
beneficiamento para serem utilizados nestas duas finalidades principalmente (Hendriks e
Janssen, 2001).

O sistema de reciclagem de resíduo de construção é feito nas chamadas usinas recicladoras.
Basicamente, são primeiramente feitas a retirada de componentes como ferro, madeira,
plástico e papel (que são reciclados para outros fins), e ainda são separados materiais que
eventualmente demandem mais cautela na reciclagem, como o gesso. Após esta primeira
separação, os resíduos são submetidos à britagem. No Brasil, a primeira usina recicladora foi
implementada no ano de 1991, na cidade de São Paulo, com capacidade para produzir 100
ton/hora. De acordo com Bennert et al. (2000), a reciclagem de resíduos de construção tem
crescido em grandes proporções, mas poucas pesquisas sobre a durabilidade a longo prazo
destes materiais têm sido feitas.

Sendo uma alternativa aos materiais convencionalmente utilizados em pavimentação, o
agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil torna-se interessante por ser
disponível em grande quantidade e por apresentar custo inferior em comparação aos materiais
comumente empregados, principalmente por estes últimos só serem encontrados em distâncias
cada vez maiores, em função da densa ocupação das cidades, o que implica num aumento do
custo de transporte. Em São Paulo, os agregados reciclados apresentam preço cerca de 20 a
30% inferior ao das britas graduadas simples, tornando este material uma boa opção para
pavimentação de vias ainda em terra ou cascalhadas nas periferias e em bairros mais pobres,
principalmente nas cidades de médio e grande portes. Na cidade de São Paulo, por exemplo,
segundo dados da própria Prefeitura, são mais de 3.000 km de vias sem pavimentação, ou
mais de 18% do total existente.

Este estudo visa analisar as características físicas e mecânicas do agregado reciclado de
resíduo sólido da construção civil, através de ensaios realizados em laboratório, visando sua
aplicação como insumo em construção de camadas de pavimentos.

2. PROGRAMA EXPERIMENTAL
O material estudado em laboratório foi coletado na usina recicladora da Prefeitura do
Município de São Paulo (PMSP). A Figura 1 traz uma vista geral da usina recicladora e a
Figura 2 uma foto do material após britagem.




                                             260
Figura 1: Vista geral da usina recicladora de      Figura 2: Aspecto do resíduo sólido de
resíduo sólido de construção civil da PMSP               construção civil reciclado

Para caracterizar fisicamente o material, foram feitos quatro ensaios: (a) separação dos
componentes em função de sua natureza; (b) verificação da distribuição granulométrica; (c)
abrasão Los Angeles; e (d) absorção. Já o estudo do comportamento mecânico do agregado
reciclado incluiu os seguintes ensaios: (a) compactação utilizando o equipamento MCV
adaptado; (b) Índice de Suporte Califórnia (I.S.C.); e (c) módulo de resiliência (M.R.).

2.1. Ensaios de caracterização física

2.1.1. Separação dos componentes em função de sua natureza
Por meio de separação manual e posterior identificação visual, os componentes do agregado
reciclado foram sub-divididos em grupos distintos, conforme a natureza dos materiais
encontrados na amostra. No entanto, este procedimento somente foi adotado para os grãos
com diâmetro superior a 4,76mm, dada a dificuldade de identificação daqueles com diâmetros
inferiores.

Os grupos de materiais encontrados na amostra estudada foram classificados como sendo:
concreto ou argamassa, brita (agregado pétreo), telha/tijolo, piso/azulejo, telha de amianto e
material fino (correspondente, este último, à fração passada na peneira de abertura 4,76mm).
A partir daí, foram determinadas as porcentagens de cada um dos tipos de material dentro da
amostra, como é apresentado na Figura 3.




                                             261
50
                                            41,87
                                40
                   Porcentagem (%)




                                30                                                                       26,31
                                                           23,75

                                20


                                10
                                                                      4,34        3,42
                                                                                              0,32
                                     0
                                          concreto        brita  telha/tijolo piso/azulejo   telha de   material
                                             ou        (agregado                             amianto     fino*
                                         argamassa       pétreo)

                                                (*): material passante na peneira de abertura 4,76mm

                                           Figura 3: Composição do agregado reciclado estudado

2.1.2. Distribuição granulométrica
A verificação da granulometria do material foi feita por peneiramento seco, de acordo com a
NBR 7181. Além disso, foi respeitada a dimensão característica máxima exigida na NBR
15115, que é de 63,5mm. A Figura 4 ilustra a curva granulométrica obtida nesta pesquisa.


             100                                                                                                         0

              80                                                                                                         20
% passante




              60                                                                                                         40
                                                                                                                               % retida



              40                                                                                                         60

              20                                                                                                         80

               0                                                                                                         100
               0,01                                  0,1                     1                  10                 100
                                                               abertura das peneiras (mm)

                                         Figura 4: Curva granulométrica agregado reciclado estudado

2.1.3. Abrasão Los Angeles
A determinação da Abrasão Los Angeles do agregado reciclado foi feita de acordo com a
norma DNER-ME 035/98. A graduação escolhida para a realização do ensaio foi a B, ou seja,
aquela que utiliza o material retido entre as peneiras 19 e 12,5mm e 12,5 e 9,5mm.


                                                                        262
A massa total de agregado reciclado ensaiado foi 5.000,8g. Após o ensaio no equipamento
Los Angeles, verificou-se que a massa de material retida na peneira 1,7 mm foi de 2.510,9g.
Com isto, o valor de Abrasão Los Angeles deste material é de 50 %.

2.1.4. Absorção
A determinação da absorção do agregado reciclado foi feita de acordo com a norma DNER-
ME 081/98. Os dados obtidos no ensaio podem ser verificados na Tabela 1.

                                  Tabela 1: Dados do ensaio
        Massa do material seco (Ms)                                       13.619,3g
        Tempo de imersão                                                     25h
        Temperatura ambiente                                                20ºC
        Massa do material na condição saturada superfície seca (Mh)       14.463,2g

O cálculo da absorção resulta em valor de 7,8%. Em britas tem-se verificado valores
inferiores a 1 ou 2%.

2.2. Ensaios de verificação do comportamento mecânico

Preliminarmente ao estudo do comportamento mecânico do agregado reciclado, procedeu-se à
determinação do teor ótimo de umidade de compactação dos corpos-de-prova para a
realização dos ensaios.

Para tanto, a compactação foi realizada em um cilindro tripartido de 15 x 30 cm (Figura 5), ou
seja, diferindo apenas em altura do cilindro Proctor, concebido exclusivamente para o fim
deste estudo, em função da grande dimensão característica máxima do agregado reciclado
(63,5mm). O soquete utilizado e os procedimentos de ensaio seguidos foram os mesmos
preconizados pela NBR 7182.




         Figura 5: Corpo-de-prova compactado em cilindro tripartido de 15 x 30 cm

Foram ensaiados quatro teores de umidade diferentes: 8,0, 10,0, 12,0 e 14,0%. Os teores
foram selecionados levando-se em conta o valor de absorção verificado no item 2.1.4. Para
cada um dos teores de umidade foram compactados dois corpos-de-prova, sendo um deles


                                              263
preparado em 13 camadas com 25 golpes/camada e outro em 6 camadas com 54
golpes/camada. Ambas energias aplicadas são numericamente iguais e correspondem
aproximadamente à energia Proctor Intermediária.

A Figura 6 mostra as curvas de compactação obtidas pelos dois processos citados: com 13
camadas com 25 golpes/camada e com 6 camadas com 54 golpes/camada.

                  19,0

                  18,5
   peas (kN/m³)




                  18,0

                  17,5

                  17,0
                         7,0   8,0     9,0     10,0         11,0     12,0     13,0     14,0   15,0
                                                 teor de umidade (%)

                                     13 camadas e 25 golpes        6 camadas e 54 golpes

                   Figura 6: Variação do peso específico aparente seco em função da umidade

Observe-se que a energia de compactação é a mesma nos dois casos, porém a possibilidade de
manutenção dos maiores grãos sem significativas quebras é observada no caso de processo
envolvendo menor número de camadas, ou seja, maior espessura por camada (50 mm).

Verificou-se a existência de água livre, facilmente observada, quando da preparação da
amostra para a compactação com teores acima de 12%, ou seja, com excesso da quantidade de
água adicionada (Figura 7).




  Figura 7: Água livre em excesso na preparação da amostra com teor de umidade de 14%




                                                      264
Na Figura 6, nota-se a dificuldade de construção de uma curva de compactação; a ausência do
ramo úmido na curva não foi causada pela falta de um corpo-de-prova com teor de umidade
maior que 14%. Com isto, aliado à existência de água livre em amostras com altos teores de
umidade, optou-se por moldar os corpos-de-prova em umidade de 11%.

2.2.1. Variação do Peso Específico Aparente Seco com a Energia de Compactação
Para a realização de ensaio que pudesse contemplar a variação do peso específico aparente
seco em função do incremento da energia de compactação utilizou-se o equipamento MCV,
criado por Parsons (1976), com uma adaptação no que se refere ao soquete: foi empregado um
soquete de 4500g ao invés dos 7000g proposto pelo pesquisador. Rezende (1998) estudou
detalhadamente o uso do equipamento MCV e de sua adaptação para a pesquisa de solos
concrecionados, uma vez que a presença de material retido na peneira de 2 mm é importante,
inviabilizando o uso do equipamento mini-MCV criado por Nogami e Villibor (1981).

Este ensaio demonstra a densificação frente ao aumento de energia de compactação,
mostrando a quantidade necessária desta última para que o valor do peso específico aparente
seco do material se torne constante.

No processo foi utilizado apenas o material passado na peneira ¾”, como especifica a norma
de compactação em cilindro Proctor NBR 7182, em função da grande dimensão característica
máxima do agregado reciclado em comparação com as medidas do cilindro.

A compactação foi feita na umidade ótima estipulada no ensaio de compactação, ou seja,
11%.

A Figura 8 apresenta a curva obtida de peso específico aparente seco x número de golpes.

                 20


                 15
  peas (kN/m³)




                 10


                 5


                 0
                      0      50         100        150         200       250         300   350
                                                     nº de golpes

                          Figura 8: Peso específico aparente seco × curva nº de golpes

Vale ressaltar que não se efetuou a compactação até a completa estabilização do material, pois
o número de golpes a ser aplicado para atingi-la seria extremamente elevado. Assim, a
compactação foi feita até atingir a marca de 300 golpes, podendo-se notar que a variação de
peso específico nesta região já é bem pequena.



                                                      265
Apesar de outros materiais granulares como as Britas Graduadas Simples também
apresentarem aumento do peso específico aparente seco com o número de golpes de
compactação, a estabilização se dá muito anteriormente, pois os agregados são mais
resistentes e se quebram menos freqüentemente.

Deve-se ressaltar que após 110 golpes de compactação neste ensaio, a energia de
compactação corresponde à utilizada nos ensaios Proctor com cilindros com 15 cm de
diâmetro e 30 cm de altura. Além disso, o peso específico aparente seco atingido, após esta
mesma quantidade de golpes, é de aproximadamente 16,0 kN/m3, contra os 18,4 kN/m3 obtido
pelo método de compactação Proctor com 6 camadas no cilindro de 15 cm × 30 cm. Ainda é
interessante realçar que mesmo após 300 golpes, o que corresponde à energia um pouco
superior à modificada, o corpo-de-prova não atingiu o mesmo peso específico aparente seco
do ensaio Proctor na intermediária, tendo sido obtido somente 17,5 kN/m3.

Posteriormente, foi verificada a variação da granulometria, ocasionada pelo processo de
compactação, através de peneiramento seco do material; a Figura 9 mostra a diferença entre a
graduação do resíduo sólido reciclado antes e após a compactação. O material original
enquadrava-se na faixa A de Materiais Estabilizados Granulometricamente do DER-SP
(1991) e após compactação passou a estar na faixa B do (DER-SP, 1991).

               100                                                                 0

               80                                                                  20
                                                                      DEPOIS
  % passante




               60                                                                  40


                                                                                        % retida
               40                                                   ANTES          60

               20                                                                  80

                0                                                                 100
                 0,01     0,1                 1                10              100
                                  abertura das peneiras (mm)


Figura 9: Variação granulométrica após compactação severa no equipamento MCV adaptado

Verifica-se que as maiores diferenças ocorreram no trecho entre as peneiras 1,19mm e 4,76
mm.

2.2.2. Índice de Suporte Califórnia (I.S.C.)
O ensaio de Índice de Suporte Califórnia (ISC) ou California Bearing Ratio (CBR) foi
realizado de acordo com a norma do DNER-ME 50-64; foi utilizado apenas o material
passado na peneira ¾”, como especifica a mesma norma.

Foram moldados dois corpos-de-prova, compactados na energia intermediária. Ambos não
apresentaram expansão após a imersão em água por quatro dias. Foram calculados os pesos


                                            266
específicos aparentes secos do agregado reciclado neste ensaio, tendo sido obtido 17,3 kN/m3
em média. O teor de umidade verificado foi de 12%.

O valor de I.S.C. encontrado para os materiais compactados na energia intermediária foi de
75%.

2.2.3. Módulo de resiliência (M.R.)
O ensaio de módulo de resiliência foi realizado de acordo com a norma do DNER-ME 131-
94. Os carregamentos aplicados de tensão de confinamento σ3 foram 0,02; 0,05; 0,07 e 0,10
MPa e de tensões-desvio σd de 0,07; 0,10 e 0,16 MPa.

Diferentemente dos ensaios descritos nos itens 2.2.1 e 2.2.2, no ensaio de módulo de
resiliência foi utilizada uma amostra integral do material, e não somente os componentes
passados pela peneira ¾”. A compactação foi feita em cilindro tripartido, utilizando energia
intermediária e teor de umidade de 11%.

A Figura 10 mostra o gráfico com os valores obtidos no ensaio.

                                    10000
      Módulo de Resiliência [MPa]




                                      100

                                                                                     σd = 0,07 MPa
                                                                                     σd = 0,10 MPa
                                                                                     σd = 0,15 MPa

                                        1
                                         0,01                       0,1                              1
                                                      Tensão de confinamento [MPa]
                                                Figura 10: Módulo de resiliência

Verifica-se que os valores de módulo de resiliência obtidos não diferiram muito em função
das diferenças de tensões σd aplicadas, mostrando ser um material pouco dependente da
tensão desvio.

3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Em relação aos tipos de materiais componentes do agregado reciclado estudado, nota-se,
conforme gráfico da Figura 3, que a maior parte é composta por concreto ou argamassa,
correspondendo a mais de 40% do total. Já a parcela de telha de amianto participa com uma
fração muito pequena, ou menos de 0,5%.



                                                              267
Verifica-se que o material é bem graduado (Figura 4), já que o mesmo apresenta um Cu
(Coeficiente de Uniformidade) igual a 42, valor este bem acima do valor mínimo estipulado
pela NBR 15115, que é 10.

O DER-SP (1991) especifica que, no caso de sub-bases e bases estabilizadas
granulometricamente, o valor de Abrasão Los Angeles deve ser de até 50% e nos casos de
macadame hidráulico e de brita graduada o valor máximo deve ser de 40%. Este último é o
limite estipulado também pela NBR 11806 para a brita graduada simples. Portanto, o valor
obtido no ensaio está de acordo para materiais estabilizados granulometricamente, mas fora
das especificações de materiais granulares nobres da pavimentação.

O ensaio de variação do peso específico aparente seco com a energia de compactação mostra
a dificuldade de estabilização do material, exigindo grande demanda de energia de
compactação para tentar alcançá-la, o que provavelmente ocorre devido à existência de
agregados com forma alongada e com cantos pouco resistentes. Isto implica em necessidade
de ampliar o estudo para limitação de deformação permanente da camada, que pode vir a ser
ocasionada pelo tráfego.

A variação de granulometria, que culminou com a redução de porcentagem de agregados
graúdos e aumento de agregados miúdos e de finos, não deve, no entanto, ser considerada
maléfica. Esta quebra pode aumentar o embricamento e resistência ao cisalhamento do
material.

4. CONCLUSÕES
O agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil é de uso promissor em obras de
pavimentação por apresentar expansão nula e Índice de Suporte Califórnia de valor aceitável –
75% – para vias com volume de tráfego N ≤ 106 de repetições do eixo-padrão de 80 kN. De
acordo com a NBR 15115, os valores mínimos de C.B.R. para reforço do subleito, sub-base e
base são, respectivamente, 12, 20 e 60%.

Em relação ao módulo de resiliência, tomando como referência os valores mínimos
empregados pela PMSP, o material também apresenta valor satisfatório – em torno de 120
MPa – tanto para bases como para sub-bases. As bases granulares devem apresentar M.R.
entre 100 e 500 MPa e as sub-bases, levando-se em conta um C.B.R. do subleito de valor
baixo e igual a 2%, devem ser acima de 120MPa, aproximadamente.

O uso do agregado reciclado deve ser incentivado, tanto por apresentar custo inferior aos
materiais comumente empregados, como para reduzir problemas ambientais causados pelo
grande volume gerado.

Agradecimentos
Os autores agradecem o apoio financeiro do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – a esta pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT (1984a) NBR 7181 – Solo – Análise Granulométrica. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de
    Janeiro.
ABNT (1984b) NBR 7182 – Solo – Ensaio de Compactação. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de
    Janeiro.




                                                268
ABNT (1991) NBR 11806 – Materiais para sub-base ou base de brita graduada. Associação Brasileira de
       Normas Técnicas, Rio de Janeiro.
ABNT (2004) NBR 15115 – Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil – Execução de
       Camadas de Pavimentação – Procedimentos. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro.
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       Construção e Demolição. Anais do VI Seminário Desenvolvimento Sustentável e a Reciclagem na
       Construção Civil, IBRACON, São Paulo, 1 CD-ROM.
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       Demolition Waste in Brazil. Anais do V International Conference on the Environmental and Technical
       Implications of Construction with Alternative Materials, WASCON, San Sebastián, Espanha, 1 CD-
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       Under Traffic-Type Loading in Base and Subbase Applications. Transportation Research Record, n.1714,
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Bodi, J.; Brito Filho, J. A.; Almeida, S. de (1995) Utilização de Entulho de Construção Civil Reciclado na
       Pavimentação Urbana. Anais da XXIX Reunião Anual de Pavimentação, ABPv, Cuiabá, p.409-436.
Costa, U. e Ursella, P. (2003) Construction and Demolition Waste Recycling in Italy. Anais do V International
       Conference on the Environmental and Technical Implications of Construction with Alternative Materials,
       WASCON, San Sebastián, Espanha. p. 231-239.
DER-SP (1991) Manual de Normas Pavimentação. Departamento de Estradas de Rodagem, São Paulo.
DNER (1964) DNER-ME 50/64 – Índice de Suporte Califórnia. Departamento Nacional de Estradas de
       Rodagem, Rio de Janeiro.
DNER (2002a) DNER-ME 035/98 – Agregados – Determinação da Abrasão “Los Angeles”. Departamento
       Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro.
DNER (2002b) DNER-ME 195/97 – Agregados – Determinação da Absorção e da Massa Específica de
       Agregado Graúdo. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro.
DNER (2002c) DNER-ME 131/94 – Solos – Determinação do Módulo de Resiliência. Departamento Nacional de
       Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro.
GEIPOT (2000) Anuário Estatístico dos Transportes – 2000. Empresa Brasileira de Planejamento de
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Hendriks, F. e Janssen, G. M. T. (2001) Reuse of construction and demolition waste in the Netherlands for road
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Nogami, J. S.; Villibor, D. F. (1981) Uma nova classificação de solos para finalidades rodoviárias. Anais do
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Parsons, A. W. (1976) The Rapid Measurement of the Moisture Condition of Earthwork Material. LR 750.
       Transport and Road Research Laboratory. Crowthorne, UK.
Rezende, A.A .(1998) O Enasio MCV-ITA como Suporte à Extensão da Metodologia MCT aos Solos Lateríticos
       Concrecionados. Dissertação de Mestrado. ITA. São José dos Campos, SP.
Triches, G. e Kryckyj, P. R (1999) Aproveitamento de Entulho da Construção Civil na Pavimentação Urbana.
       Anais do IV Congresso Brasileiro de Geotecnia Ambiental, REGEO’99, São José dos Campos, p.259-
       265.

Rosângela dos Santos Motta e Liedi Légi Bariani Bernucci
Laboratório de Tecnologia de Pavimentação – PTR – Escola Politécnica da USP
Av. Prof. Almeida Prado, travessa 2, no 83
Cidade Universitária – São Paulo – SP – CEP 05508-900
e-mail:rosangela.motta@poli.usp.br / liedi@usp.br




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  • 1. APLICAÇÃO DE AGREGADO RECICLADO DE RESÍDUO SÓLIDO DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM CAMADAS DE PAVIMENTOS Rosângela dos Santos Motta Liedi Légi Bariani Bernucci Edson de Moura Departamento de Engenharia de Transportes Escola Politécnica da Universidade de São Paulo RESUMO Este artigo apresenta um estudo sobre a viabilidade técnica do uso de agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil em camadas de pavimentos para vias de baixo volume de tráfego. O material estudado foi submetido a ensaios de laboratório que objetivaram caracterizá-lo fisicamente e verificar seu comportamento mecânico em ensaios de compactação, índice de suporte Califórnia e de módulo de resiliência. Os valores obtidos demonstram que o agregado reciclado é passível de uso em construção de pavimentos. ABSTRACT The paper presents a study about the technical feasibility of using construction and demolition waste as a pavement material for low-volume roads. The recycled material was submitted to laboratory tests aimed at characterizing it physically and verifying its mechanical behaviour in tests like compaction, California Bearing Ratio and resilient modulus. The values obtained show that the recycled aggregate can be considered for use as a paving material. 1. INTRODUÇÃO A grande geração de resíduo de construção civil em cidades de grande e médio portes tem sido um problema crônico que envolve questões de ordem ambiental, social e financeira, principalmente porque grande parte deste material gerado normalmente é disposta de forma irregular em locais como vias, rios, córregos, terrenos baldios e áreas de mananciais. Desta forma, descartado ilegalmente, o resíduo de construção pode trazer riscos à população em função de dois aspectos relevantes: atração de transmissores de doenças e entupimento de bueiros e assoreamento dos recursos hídricos, que implicam em um aumento das enchentes nas estações chuvosas. Além disso, uma outra questão relacionada é o custo envolvido em todo o sistema de coleta, transporte e destinação final dos resíduos de construção civil. Na cidade de São Paulo, por exemplo, os gastos com todo o processo são elevadíssimos, atingindo soma da ordem de R$ 45,0 × 106/ano (Angulo et al., 2003a), dada a grande quantidade de material gerado que, de acordo com o Departamento de Limpeza Urbana (LIMPURB), já ultrapassa 17.000 ton/dia. Ainda segundo Angulo et al. (2003b), a geração média de resíduos de construção civil per capita em algumas cidades brasileiras gira em torno de 500kg/ano. Este tipo de problema não é restrito aos países em desenvolvimento que possuem grandes metrópoles. Na Itália, por exemplo, a média de geração de resíduos sólidos da construção civil é de 600kg/ano/pessoa; na Holanda, tem-se os maiores índices europeus, com cerca de 1000kg/ano/pessoa (Costa e Ursella, 2003). A diferença é na ação tomada pelos países desenvolvidos com relação à disposição destes resíduos; há leis fortes para incentivar o uso de reciclados e mesmo, em certas condições, para proibir a geração de resíduos sem uma programada destinação. Por outro lado, deve-se atentar para a questão dos aterros sanitários, uma vez que o resíduo sólido de construção civil corresponde a mais de 50% dos resíduos sólidos urbanos (Angulo et al., 2003a) que são coletados e a eles destinados. Isto significa que este tipo de resíduo é o grande responsável atualmente pelo esgotamento dos aterros sanitários, fazendo surgir a 259
  • 2. necessidade de criação de novos locais para destinação dos mesmos pelos órgãos responsáveis pela limpeza urbana (Bodi et al., 1995). Como conseqüência, há um agravamento financeiro dos recursos públicos em decorrência da desapropriação de novas áreas, aliado às distâncias cada vez maiores a serem percorridas pelos veículos de carga para despejo dos resíduos; sem falar na dificuldade, muitas vezes, de encontrar locais adequados para a constituição de aterro sanitário por estas áreas serem ambientalmente protegidas. O resíduo de construção, após passar por um processo de reciclagem, pode ser empregado nas mais diferentes formas como, por exemplo, na confecção de elementos pré-moldados e na execução de camadas em estruturas de pavimentos (Triches e Kryckyj, 1999). Na Holanda, por exemplo, 85% dos resíduos de construção são submetidos a um processo de beneficiamento para serem utilizados nestas duas finalidades principalmente (Hendriks e Janssen, 2001). O sistema de reciclagem de resíduo de construção é feito nas chamadas usinas recicladoras. Basicamente, são primeiramente feitas a retirada de componentes como ferro, madeira, plástico e papel (que são reciclados para outros fins), e ainda são separados materiais que eventualmente demandem mais cautela na reciclagem, como o gesso. Após esta primeira separação, os resíduos são submetidos à britagem. No Brasil, a primeira usina recicladora foi implementada no ano de 1991, na cidade de São Paulo, com capacidade para produzir 100 ton/hora. De acordo com Bennert et al. (2000), a reciclagem de resíduos de construção tem crescido em grandes proporções, mas poucas pesquisas sobre a durabilidade a longo prazo destes materiais têm sido feitas. Sendo uma alternativa aos materiais convencionalmente utilizados em pavimentação, o agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil torna-se interessante por ser disponível em grande quantidade e por apresentar custo inferior em comparação aos materiais comumente empregados, principalmente por estes últimos só serem encontrados em distâncias cada vez maiores, em função da densa ocupação das cidades, o que implica num aumento do custo de transporte. Em São Paulo, os agregados reciclados apresentam preço cerca de 20 a 30% inferior ao das britas graduadas simples, tornando este material uma boa opção para pavimentação de vias ainda em terra ou cascalhadas nas periferias e em bairros mais pobres, principalmente nas cidades de médio e grande portes. Na cidade de São Paulo, por exemplo, segundo dados da própria Prefeitura, são mais de 3.000 km de vias sem pavimentação, ou mais de 18% do total existente. Este estudo visa analisar as características físicas e mecânicas do agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil, através de ensaios realizados em laboratório, visando sua aplicação como insumo em construção de camadas de pavimentos. 2. PROGRAMA EXPERIMENTAL O material estudado em laboratório foi coletado na usina recicladora da Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP). A Figura 1 traz uma vista geral da usina recicladora e a Figura 2 uma foto do material após britagem. 260
  • 3. Figura 1: Vista geral da usina recicladora de Figura 2: Aspecto do resíduo sólido de resíduo sólido de construção civil da PMSP construção civil reciclado Para caracterizar fisicamente o material, foram feitos quatro ensaios: (a) separação dos componentes em função de sua natureza; (b) verificação da distribuição granulométrica; (c) abrasão Los Angeles; e (d) absorção. Já o estudo do comportamento mecânico do agregado reciclado incluiu os seguintes ensaios: (a) compactação utilizando o equipamento MCV adaptado; (b) Índice de Suporte Califórnia (I.S.C.); e (c) módulo de resiliência (M.R.). 2.1. Ensaios de caracterização física 2.1.1. Separação dos componentes em função de sua natureza Por meio de separação manual e posterior identificação visual, os componentes do agregado reciclado foram sub-divididos em grupos distintos, conforme a natureza dos materiais encontrados na amostra. No entanto, este procedimento somente foi adotado para os grãos com diâmetro superior a 4,76mm, dada a dificuldade de identificação daqueles com diâmetros inferiores. Os grupos de materiais encontrados na amostra estudada foram classificados como sendo: concreto ou argamassa, brita (agregado pétreo), telha/tijolo, piso/azulejo, telha de amianto e material fino (correspondente, este último, à fração passada na peneira de abertura 4,76mm). A partir daí, foram determinadas as porcentagens de cada um dos tipos de material dentro da amostra, como é apresentado na Figura 3. 261
  • 4. 50 41,87 40 Porcentagem (%) 30 26,31 23,75 20 10 4,34 3,42 0,32 0 concreto brita telha/tijolo piso/azulejo telha de material ou (agregado amianto fino* argamassa pétreo) (*): material passante na peneira de abertura 4,76mm Figura 3: Composição do agregado reciclado estudado 2.1.2. Distribuição granulométrica A verificação da granulometria do material foi feita por peneiramento seco, de acordo com a NBR 7181. Além disso, foi respeitada a dimensão característica máxima exigida na NBR 15115, que é de 63,5mm. A Figura 4 ilustra a curva granulométrica obtida nesta pesquisa. 100 0 80 20 % passante 60 40 % retida 40 60 20 80 0 100 0,01 0,1 1 10 100 abertura das peneiras (mm) Figura 4: Curva granulométrica agregado reciclado estudado 2.1.3. Abrasão Los Angeles A determinação da Abrasão Los Angeles do agregado reciclado foi feita de acordo com a norma DNER-ME 035/98. A graduação escolhida para a realização do ensaio foi a B, ou seja, aquela que utiliza o material retido entre as peneiras 19 e 12,5mm e 12,5 e 9,5mm. 262
  • 5. A massa total de agregado reciclado ensaiado foi 5.000,8g. Após o ensaio no equipamento Los Angeles, verificou-se que a massa de material retida na peneira 1,7 mm foi de 2.510,9g. Com isto, o valor de Abrasão Los Angeles deste material é de 50 %. 2.1.4. Absorção A determinação da absorção do agregado reciclado foi feita de acordo com a norma DNER- ME 081/98. Os dados obtidos no ensaio podem ser verificados na Tabela 1. Tabela 1: Dados do ensaio Massa do material seco (Ms) 13.619,3g Tempo de imersão 25h Temperatura ambiente 20ºC Massa do material na condição saturada superfície seca (Mh) 14.463,2g O cálculo da absorção resulta em valor de 7,8%. Em britas tem-se verificado valores inferiores a 1 ou 2%. 2.2. Ensaios de verificação do comportamento mecânico Preliminarmente ao estudo do comportamento mecânico do agregado reciclado, procedeu-se à determinação do teor ótimo de umidade de compactação dos corpos-de-prova para a realização dos ensaios. Para tanto, a compactação foi realizada em um cilindro tripartido de 15 x 30 cm (Figura 5), ou seja, diferindo apenas em altura do cilindro Proctor, concebido exclusivamente para o fim deste estudo, em função da grande dimensão característica máxima do agregado reciclado (63,5mm). O soquete utilizado e os procedimentos de ensaio seguidos foram os mesmos preconizados pela NBR 7182. Figura 5: Corpo-de-prova compactado em cilindro tripartido de 15 x 30 cm Foram ensaiados quatro teores de umidade diferentes: 8,0, 10,0, 12,0 e 14,0%. Os teores foram selecionados levando-se em conta o valor de absorção verificado no item 2.1.4. Para cada um dos teores de umidade foram compactados dois corpos-de-prova, sendo um deles 263
  • 6. preparado em 13 camadas com 25 golpes/camada e outro em 6 camadas com 54 golpes/camada. Ambas energias aplicadas são numericamente iguais e correspondem aproximadamente à energia Proctor Intermediária. A Figura 6 mostra as curvas de compactação obtidas pelos dois processos citados: com 13 camadas com 25 golpes/camada e com 6 camadas com 54 golpes/camada. 19,0 18,5 peas (kN/m³) 18,0 17,5 17,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 teor de umidade (%) 13 camadas e 25 golpes 6 camadas e 54 golpes Figura 6: Variação do peso específico aparente seco em função da umidade Observe-se que a energia de compactação é a mesma nos dois casos, porém a possibilidade de manutenção dos maiores grãos sem significativas quebras é observada no caso de processo envolvendo menor número de camadas, ou seja, maior espessura por camada (50 mm). Verificou-se a existência de água livre, facilmente observada, quando da preparação da amostra para a compactação com teores acima de 12%, ou seja, com excesso da quantidade de água adicionada (Figura 7). Figura 7: Água livre em excesso na preparação da amostra com teor de umidade de 14% 264
  • 7. Na Figura 6, nota-se a dificuldade de construção de uma curva de compactação; a ausência do ramo úmido na curva não foi causada pela falta de um corpo-de-prova com teor de umidade maior que 14%. Com isto, aliado à existência de água livre em amostras com altos teores de umidade, optou-se por moldar os corpos-de-prova em umidade de 11%. 2.2.1. Variação do Peso Específico Aparente Seco com a Energia de Compactação Para a realização de ensaio que pudesse contemplar a variação do peso específico aparente seco em função do incremento da energia de compactação utilizou-se o equipamento MCV, criado por Parsons (1976), com uma adaptação no que se refere ao soquete: foi empregado um soquete de 4500g ao invés dos 7000g proposto pelo pesquisador. Rezende (1998) estudou detalhadamente o uso do equipamento MCV e de sua adaptação para a pesquisa de solos concrecionados, uma vez que a presença de material retido na peneira de 2 mm é importante, inviabilizando o uso do equipamento mini-MCV criado por Nogami e Villibor (1981). Este ensaio demonstra a densificação frente ao aumento de energia de compactação, mostrando a quantidade necessária desta última para que o valor do peso específico aparente seco do material se torne constante. No processo foi utilizado apenas o material passado na peneira ¾”, como especifica a norma de compactação em cilindro Proctor NBR 7182, em função da grande dimensão característica máxima do agregado reciclado em comparação com as medidas do cilindro. A compactação foi feita na umidade ótima estipulada no ensaio de compactação, ou seja, 11%. A Figura 8 apresenta a curva obtida de peso específico aparente seco x número de golpes. 20 15 peas (kN/m³) 10 5 0 0 50 100 150 200 250 300 350 nº de golpes Figura 8: Peso específico aparente seco × curva nº de golpes Vale ressaltar que não se efetuou a compactação até a completa estabilização do material, pois o número de golpes a ser aplicado para atingi-la seria extremamente elevado. Assim, a compactação foi feita até atingir a marca de 300 golpes, podendo-se notar que a variação de peso específico nesta região já é bem pequena. 265
  • 8. Apesar de outros materiais granulares como as Britas Graduadas Simples também apresentarem aumento do peso específico aparente seco com o número de golpes de compactação, a estabilização se dá muito anteriormente, pois os agregados são mais resistentes e se quebram menos freqüentemente. Deve-se ressaltar que após 110 golpes de compactação neste ensaio, a energia de compactação corresponde à utilizada nos ensaios Proctor com cilindros com 15 cm de diâmetro e 30 cm de altura. Além disso, o peso específico aparente seco atingido, após esta mesma quantidade de golpes, é de aproximadamente 16,0 kN/m3, contra os 18,4 kN/m3 obtido pelo método de compactação Proctor com 6 camadas no cilindro de 15 cm × 30 cm. Ainda é interessante realçar que mesmo após 300 golpes, o que corresponde à energia um pouco superior à modificada, o corpo-de-prova não atingiu o mesmo peso específico aparente seco do ensaio Proctor na intermediária, tendo sido obtido somente 17,5 kN/m3. Posteriormente, foi verificada a variação da granulometria, ocasionada pelo processo de compactação, através de peneiramento seco do material; a Figura 9 mostra a diferença entre a graduação do resíduo sólido reciclado antes e após a compactação. O material original enquadrava-se na faixa A de Materiais Estabilizados Granulometricamente do DER-SP (1991) e após compactação passou a estar na faixa B do (DER-SP, 1991). 100 0 80 20 DEPOIS % passante 60 40 % retida 40 ANTES 60 20 80 0 100 0,01 0,1 1 10 100 abertura das peneiras (mm) Figura 9: Variação granulométrica após compactação severa no equipamento MCV adaptado Verifica-se que as maiores diferenças ocorreram no trecho entre as peneiras 1,19mm e 4,76 mm. 2.2.2. Índice de Suporte Califórnia (I.S.C.) O ensaio de Índice de Suporte Califórnia (ISC) ou California Bearing Ratio (CBR) foi realizado de acordo com a norma do DNER-ME 50-64; foi utilizado apenas o material passado na peneira ¾”, como especifica a mesma norma. Foram moldados dois corpos-de-prova, compactados na energia intermediária. Ambos não apresentaram expansão após a imersão em água por quatro dias. Foram calculados os pesos 266
  • 9. específicos aparentes secos do agregado reciclado neste ensaio, tendo sido obtido 17,3 kN/m3 em média. O teor de umidade verificado foi de 12%. O valor de I.S.C. encontrado para os materiais compactados na energia intermediária foi de 75%. 2.2.3. Módulo de resiliência (M.R.) O ensaio de módulo de resiliência foi realizado de acordo com a norma do DNER-ME 131- 94. Os carregamentos aplicados de tensão de confinamento σ3 foram 0,02; 0,05; 0,07 e 0,10 MPa e de tensões-desvio σd de 0,07; 0,10 e 0,16 MPa. Diferentemente dos ensaios descritos nos itens 2.2.1 e 2.2.2, no ensaio de módulo de resiliência foi utilizada uma amostra integral do material, e não somente os componentes passados pela peneira ¾”. A compactação foi feita em cilindro tripartido, utilizando energia intermediária e teor de umidade de 11%. A Figura 10 mostra o gráfico com os valores obtidos no ensaio. 10000 Módulo de Resiliência [MPa] 100 σd = 0,07 MPa σd = 0,10 MPa σd = 0,15 MPa 1 0,01 0,1 1 Tensão de confinamento [MPa] Figura 10: Módulo de resiliência Verifica-se que os valores de módulo de resiliência obtidos não diferiram muito em função das diferenças de tensões σd aplicadas, mostrando ser um material pouco dependente da tensão desvio. 3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Em relação aos tipos de materiais componentes do agregado reciclado estudado, nota-se, conforme gráfico da Figura 3, que a maior parte é composta por concreto ou argamassa, correspondendo a mais de 40% do total. Já a parcela de telha de amianto participa com uma fração muito pequena, ou menos de 0,5%. 267
  • 10. Verifica-se que o material é bem graduado (Figura 4), já que o mesmo apresenta um Cu (Coeficiente de Uniformidade) igual a 42, valor este bem acima do valor mínimo estipulado pela NBR 15115, que é 10. O DER-SP (1991) especifica que, no caso de sub-bases e bases estabilizadas granulometricamente, o valor de Abrasão Los Angeles deve ser de até 50% e nos casos de macadame hidráulico e de brita graduada o valor máximo deve ser de 40%. Este último é o limite estipulado também pela NBR 11806 para a brita graduada simples. Portanto, o valor obtido no ensaio está de acordo para materiais estabilizados granulometricamente, mas fora das especificações de materiais granulares nobres da pavimentação. O ensaio de variação do peso específico aparente seco com a energia de compactação mostra a dificuldade de estabilização do material, exigindo grande demanda de energia de compactação para tentar alcançá-la, o que provavelmente ocorre devido à existência de agregados com forma alongada e com cantos pouco resistentes. Isto implica em necessidade de ampliar o estudo para limitação de deformação permanente da camada, que pode vir a ser ocasionada pelo tráfego. A variação de granulometria, que culminou com a redução de porcentagem de agregados graúdos e aumento de agregados miúdos e de finos, não deve, no entanto, ser considerada maléfica. Esta quebra pode aumentar o embricamento e resistência ao cisalhamento do material. 4. CONCLUSÕES O agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil é de uso promissor em obras de pavimentação por apresentar expansão nula e Índice de Suporte Califórnia de valor aceitável – 75% – para vias com volume de tráfego N ≤ 106 de repetições do eixo-padrão de 80 kN. De acordo com a NBR 15115, os valores mínimos de C.B.R. para reforço do subleito, sub-base e base são, respectivamente, 12, 20 e 60%. Em relação ao módulo de resiliência, tomando como referência os valores mínimos empregados pela PMSP, o material também apresenta valor satisfatório – em torno de 120 MPa – tanto para bases como para sub-bases. As bases granulares devem apresentar M.R. entre 100 e 500 MPa e as sub-bases, levando-se em conta um C.B.R. do subleito de valor baixo e igual a 2%, devem ser acima de 120MPa, aproximadamente. O uso do agregado reciclado deve ser incentivado, tanto por apresentar custo inferior aos materiais comumente empregados, como para reduzir problemas ambientais causados pelo grande volume gerado. Agradecimentos Os autores agradecem o apoio financeiro do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – a esta pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT (1984a) NBR 7181 – Solo – Análise Granulométrica. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro. ABNT (1984b) NBR 7182 – Solo – Ensaio de Compactação. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro. 268
  • 11. ABNT (1991) NBR 11806 – Materiais para sub-base ou base de brita graduada. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro. ABNT (2004) NBR 15115 – Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil – Execução de Camadas de Pavimentação – Procedimentos. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro. Angulo, S. C.; Kahn, H.; John, V. M. e Ulsen, C (2003a) Metodologia de Caracterização de Resíduos de Construção e Demolição. Anais do VI Seminário Desenvolvimento Sustentável e a Reciclagem na Construção Civil, IBRACON, São Paulo, 1 CD-ROM. Angulo, S. C.; John, V. M. e Ulsen, C (2003b) Characterisation and Reciclability of Construction and Demolition Waste in Brazil. Anais do V International Conference on the Environmental and Technical Implications of Construction with Alternative Materials, WASCON, San Sebastián, Espanha, 1 CD- ROM. Bennert T.; Papp, W. J.; Jr. Maher, A.; e Gucunski, N. (2000) Utilization of Construction and Demolition Debris Under Traffic-Type Loading in Base and Subbase Applications. Transportation Research Record, n.1714, p. 33-39. National Academy Press, Washington, USA. Bodi, J.; Brito Filho, J. A.; Almeida, S. de (1995) Utilização de Entulho de Construção Civil Reciclado na Pavimentação Urbana. Anais da XXIX Reunião Anual de Pavimentação, ABPv, Cuiabá, p.409-436. Costa, U. e Ursella, P. (2003) Construction and Demolition Waste Recycling in Italy. Anais do V International Conference on the Environmental and Technical Implications of Construction with Alternative Materials, WASCON, San Sebastián, Espanha. p. 231-239. DER-SP (1991) Manual de Normas Pavimentação. Departamento de Estradas de Rodagem, São Paulo. DNER (1964) DNER-ME 50/64 – Índice de Suporte Califórnia. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro. DNER (2002a) DNER-ME 035/98 – Agregados – Determinação da Abrasão “Los Angeles”. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro. DNER (2002b) DNER-ME 195/97 – Agregados – Determinação da Absorção e da Massa Específica de Agregado Graúdo. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro. DNER (2002c) DNER-ME 131/94 – Solos – Determinação do Módulo de Resiliência. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro. GEIPOT (2000) Anuário Estatístico dos Transportes – 2000. Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes, Ministério dos Transportes, Brasília, DF. Hendriks, F. e Janssen, G. M. T. (2001) Reuse of construction and demolition waste in the Netherlands for road constructions. Heron, v. 46, n. 2, p. 109-117. Nogami, J. S.; Villibor, D. F. (1981) Uma nova classificação de solos para finalidades rodoviárias. Anais do Simpósio de Solos Tropicais em Engenharia, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, p.30-40. Parsons, A. W. (1976) The Rapid Measurement of the Moisture Condition of Earthwork Material. LR 750. Transport and Road Research Laboratory. Crowthorne, UK. Rezende, A.A .(1998) O Enasio MCV-ITA como Suporte à Extensão da Metodologia MCT aos Solos Lateríticos Concrecionados. Dissertação de Mestrado. ITA. São José dos Campos, SP. Triches, G. e Kryckyj, P. R (1999) Aproveitamento de Entulho da Construção Civil na Pavimentação Urbana. Anais do IV Congresso Brasileiro de Geotecnia Ambiental, REGEO’99, São José dos Campos, p.259- 265. Rosângela dos Santos Motta e Liedi Légi Bariani Bernucci Laboratório de Tecnologia de Pavimentação – PTR – Escola Politécnica da USP Av. Prof. Almeida Prado, travessa 2, no 83 Cidade Universitária – São Paulo – SP – CEP 05508-900 e-mail:rosangela.motta@poli.usp.br / liedi@usp.br 269