2. A Virgem Maria à Luz dos Escritos Patrísticos
Patrística e patrologia
O termo "patrologia" quer expressar sobretudo o estudo
histórico e literário (vida e obras) dos escritores antigos.
Na origem, "patrística" era um adjetivo, subentendendo
teologia. Apareceu no século XVII entre os teólogos luteranos e
católicos, que distinguiam a teologia em "bíblica, patrística,
escolástica, simbólica, especulativa". Aqueles que hoje lhe dão
preferência estudam as idéias e as doutrinas mais do que o
aspecto filológico e literário. (trecho retirado da obra
DICIONÁRIO PATRÍSTICO E DE ANTIGUIDADES
CRISTÃS/Tradução de Cristina Andrade; organizado por
Angelo Di Berardino. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. Verb.
PATROLOGIA – PATRÍTICA. Pg 1103).
3. A Virgem Maria à Luz dos Escritos Patrísticos
Santos Padres
Designamos com o nome de "Santos Padres", Padres
da Igreja" ou "Pais da Igreja", aqueles escritores
cristãos dos primeiros séculos, que se distinguiram
pela exposição da doutrina cristã. Eles defenderam as
verdades do Cristianismo contra as heresias que
surgiram e que procuravam se infiltrar no mundo
cristão do seu tempo. Na Igreja Latina, como na
Oriental, apareceram nomes preeminentes, em cujos
escritos se encontram os fundamentos da pregação da
Igreja Primitiva. Ambrósio, Agostinho, Jerônimo,
Atanásio, João Crisóstomo, etc. - são alguns desses
Santos Padres que nos transmitem a fé e a vivência das
primeiras gerações cristãs.
4. A Virgem Maria à Luz dos Escritos Patrísticos
"Consequentemente a este plano, Maria
Virgem nos aparece obediente, ao dizer: Eis a
escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a
tua palavra. Eva, porém, foi desobediente,
embora ainda fosse virgem. Do mesmo modo
que Eva, tendo Adão por esposo,
desobedeceu e tornou-se causa de morte para
si e para todo o gênero humano, assim
também Maria, tendo um varão predestinado
e, contudo, permanecendo virgem, obedeceu
e tornou-se para todo o mundo causa de
salvação." (Santo Irineu de Lião - Século II 0
ENCHIRIDION PATRISTICUM, N° 224)
5. A Virgem Maria à Luz dos Escritos Patrísticos
"Assim como Eva, seduzida pela palavra do maligno, para
que se afastasse de Deus, pecou contra a palavra d'Este,
assim Maria, evangelizada pela palavra, mereceu trazer a
Deus. E se aquela desobedeceu a Deus, esta foi obediente
a Ele, para que a Virgem Maria se tornasse advogada de
Eva." (ADVERSUS HAERESES L. 5, cap. 19).
"Deus recuperou, por um desejo de emulação, a sua
imagem e semelhança, arrebatadas pelo demônio. Em Eva,
virgem, insinuou-se a palavra que gerou a morte. É também
numa virgem que devia nascer o Verbo que gerasse a vida,
a fim de que a humanidade, perdida pelo sexo feminino,
recebesse a salvação por esse mesmo sexo. Eva creu na
serpente, Maria acreditou em Gabriel. A falta cometida pela
credulidade de uma foi destruída pela fé da outra."
(Tertuliano - ENCHIRIDION, N° 358)
6. A Virgem Maria à Luz dos Escritos Patrísticos
“Salve, ó vós que não cessareis jamais de ser
nossa alegria, Santa Mãe de Deus!” (São Metódio)
"A Mãe que gera o Logos-Homem nos corações
dos crentes é a nossa Mãe da Igreja" (São
Metódio)
"Como o Corpo do Senhor foi colocado a sós no
sepulcro, para que pudesse demonstrar Sua
Ressurreição, talvez, foi por um motivo semelhante que
Seu Corpo proveio de Maria, como Filho único, para
que crêssemos em Sua origem divina" (Santo Atanásio
- Tratado da Virgindade, 2)
7. A Virgem Maria à Luz dos Escritos Patrísticos
"Então o outro estendeu a mão adiante como para mostrar
algo que de improviso havia aparecido. Gregório voltou a
vista na direção indicada, viu uma figura, que era uma
mulher muito mais linda que qualquer pessoa humana.
Novamente perturbado desviou o olhar e se sentiu cheio de
perplexidade; não sabia o que pensar acerca daquela visão
em que não conseguia olhar. O mais extraordinário era que,
apesar de ser noite escura, brilhava diante dele uma luz ao
lado da figura aparecida, como se tivesse sido acendida
uma luz muito brilhante... Diz-se que Gregório escutou a
mulher que enxortava ao evangelista João para explicar ao
jovem (Gregório) o mistério da verdadeira Fé. São João, por
sua parte, se declarou totalmente disposto a obedecer a
Mãe do Senhor e disse o que desejava de todo o coração."
(Vida de São Gregório Taumaturgo, p. 46, 912).
8. A Virgem Maria à Luz dos Escritos Patrísticos
“Tendo sido o primeiro homem
formado de uma terra imaculada, era
necessário que o homem perfeito
nascesse de uma Virgem igualmente
imaculada, para que o Filho de Deus,
que antes formara o homem,
reparasse a vida eterna que os
homens tinham perdido” (Cartas dos
Padres de Acaia).
9. A Virgem Maria à Luz dos Escritos Patrísticos
"O Cristo foi concebido e tomou o seu
crescimento de Maria, a Mãe de Deus
toda pura". Mais além ele diz: "Como o
Salvador do mundo tinha decretado
salvar o gênero humano, nasceu da
Imaculada Virgem Maria". (Santo
Hilário de Poitiers - Século III)
10. A Virgem Maria à Luz dos Escritos Patrísticos
"Este menino não precisa de Pai na
terra, porque tem um pai incorruptível
no céu; não precisa de Mãe no Céu,
porque tem uma Mãe Imaculada e
casta na terra, a Virgem Bemaventurada, Maria" (Orígenes)
S. Dionísio Areopagita: "Maria é feita Mãe de
Deus, para a salvação dos infelizes." (S. Dion.
in revel. S. Brigit.)
11. A Virgem Maria à Luz dos Escritos Patrísticos
"Maria Santíssima, diz o grande polemista, é
Mãe de Cristo e Mãe de Deus. A carne de
Cristo não foi primeiro concebida, depois
animada, e enfim assumida pelo Verbo; mas
no mesmo momento foi concebida e unida à
alma do Verbo. Não houve, pois, intervalo de
tempo entre o instante da Conceição da carne,
que permitiria chamar Maria "Mãe de um
homem", e a vinda da majestade divina. No
mesmo instante a carne de Cristo foi
concebida e unida à alma e ao Verbo". (São
Cirilo de Jerusalém)
12. Dogmas marianos
“Os dogmas são luzes no
caminho de nossa fé, que o
iluminam e tornam seguro”
(Catecismo da igreja
católica, no 90).
13. Dogmas marianos
Mater Dei
O primeiro dos quatro dogmas marianos é o da
maternidade divina de Maria. Primeiro,
historicamente. Primeiro, como razão de todos os
outros. O dogma que declara verdade de fé que
Maria é Mãe de Deus foi proclamado pelo
Concílio de Éfeso, no ano 431. Maria recebeu o
nome de "Theotokos", palavra grega que diz
exatamente "Mãe de Deus", e foi julgado
insuficiente o título de "Christotokos", ou seja
"Mãe de Cristo".
14. Dogmas marianos
Mater Dei
"Se alguém não confessar que o Emanuel (Cristo) é
verdadeiramente Deus, e que portanto, a Santíssima
Virgem é Mãe de Deus, porque pariu segundo a
carne ao Verbo de Deus feito carne, seja anátema."
(Concílio de Éfeso - 431)
O Concílio Vaticano II faz referência ao dogma da
seguinte maneira: "Desde os tempos mais remotos, a
Bem-Aventurada Virgem é honrrada com o título de
Mãe de Deus, a cujo amparo os fiéis acodem com
suas súplicas em todos os seus perigos e
necessidades". (Constituição Dogmática Lumen
15. Dogmas marianos
Virgindade perpétua
O Dogma da Perpétua Virgindade se refere a que
Maria foi Virgem antes, durante e perpetuamente
depois do parto.
"Ela é a Virgem que conceberá e dará à luz um
Filho cujo nome será Emanuel" (Cf. Is., 7, 14;
Miq., 5, 2-3; Mt., 1, 22-23) (Constituição
Dogmática Lumen Gentium, 55 - Concílio
Vaticano II).
16. Dogmas marianos
Virgindade perpétua
Algumas dificuldades foram
colocadas ao tema da virgindade de
Maria:
- o pequeno número de textos;
- a dependência de algum mito
pagão (?).
17. Dogmas marianos
Virgindade perpétua
Quanto a suposta dependência de mitologias
pagãs, podemos facilmente verificar que ela não
existe. No paganismo há três casos possíveis de
concepções extraordinárias:
- deuses mães têm filhos deuses - em nenhum
caso são consideradas virgens;
- deuses se unem a mulheres humanas e surgem
os heróis - nunca se trata de concepção virginal;
- A deusa Atene nasce não de uma deusa mãe,
mas somente de um Deus pai (da cabeça de
Zeus)
18. Dogmas marianos
Virgindade perpétua
"O aprofundamentamento da fé na maternidade
virginal levou a Igreja a confessar a virgindade
real e perpétua de Maria inclusive no parto do
Filho de Deus feito homem. Com efeito, o
nascimento de Cristo "longe de diminuir,
consagrou a integridade virginal" de sua mãe. A
liturgia da Igreja celebra a Maria como a
'Aeiparthenos' a 'sempre-virgem'." (499-catecismo
da Igreja Católica).
19. Dogmas marianos
Virgindade perpétua
"Real e perpétua virgindade mesmo no
ato de dar à luz o Filho de Deus feito
homem" (Catecismo da Igreja Católica,
499).
"Como o esplendor do sol atravessa o vidro sem
quebrar e penetra na sua solidez com sua
impalpável sutileza, assim o Verbo de Deus, luz
do Pai, penetra na morada da Virgem e sai de
20. Dogmas marianos
Imaculada Conceição
"Defende que a concepção de Maria foi realizada
sem qualquer mancha de pecado original, no
ventre da sua mãe. Dessa forma, ela foi
preservada por Deus do pecado desde o primeiro
momento da sua existência, como apontam as
palavras do Anjo Gabriel - "sempre cheia de
graça divina" - Kecharitomene, em grego. Essa
doutrina foi definida dogmaticamente pelo Papa
Pio IX na Constituição Ineffabilis Deus, em 8 de
dezembro de 1854.
21. Dogmas marianos
Imaculada Conceição
Quem virá explicar a Imaculada Conceição é
Duns Escoto, com o pensamento de que o ato
redentor de Cristo foi tão perfeito que preservou
Maria do pecado.
22. Dogmas marianos
Imaculada Conceição
A definição do dogma se deu no pontificado de Pio IX, a 8 de
dezembro de 1854 (Bula "Ineffabílis Deus"):
"Para honra da santa e indivisa Trindade, para glória e
ornamento da Virgem Mãe de Deus, para exaltação, da fé
católica e aumento da religião cristã, por autoridade de Nosso
Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e
Paulo e pela nossa própria, declaramos, pronunciamos e
definimos que a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem
Maria, no primeiro instante de sua conceição, por graça singular
e privilégio de Deus onipotente e em atenção aos méritos de
Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, foi preservada imune
de toda mancha de culpa original, foi revelada por Deus e, por
isso, deve ser crida firmemente e constantemente por todos os
23. Dogmas marianos
Imaculada Conceição
A definição do dogma se deu no pontificado de Pio IX, a 8 de
dezembro de 1854 (Bula "Ineffabílis Deus"):
"Para honra da santa e indivisa Trindade, para glória e
ornamento da Virgem Mãe de Deus, para exaltação, da fé
católica e aumento da religião cristã, por autoridade de Nosso
Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e
Paulo e pela nossa própria, declaramos, pronunciamos e
definimos que a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem
Maria, no primeiro instante de sua conceição, por graça singular
e privilégio de Deus onipotente e em atenção aos méritos de
Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, foi preservada imune
de toda mancha de culpa original, foi revelada por Deus e, por
isso, deve ser crida firmemente e constantemente por todos os
24. Dogmas marianos
Imaculada Conceição
O cerne da problemática acerca da Imaculada
Conceição, ao longo da história, consistiu em que
o Cristo deveria sempre ser colocado como
Redentor de todo o gênero humano. Todos
necessitam da salvação, pois todos estão mortos
pelo pecado (cf. Rm 5, 12-21). A ausência do
Pecado original em Maria daria a impressão de
que ela não teria precisado de salvação, o que
era ir contra a redenção universal operada na
cruz.
25. Dogmas marianos
Imaculada Conceição
O mérito da explicação coube a Duns Escoto. A problemática foi
solucionada pelos conceitos "preservação" e "previsão": Maria foi
preservada do pecado original em previsão dos méritos de Cristo na
Redenção. Como conseqüência, Maria foi preservada também da
concupiscência (tendência para o mal), que sem ser culpa, é
mancha deixada pelo pecado original.
Segundo o pensamento de Escoto, uma redenção que preserva de
cair é mais perfeita do que aquela que salva após a queda. Maria é,
assim, redimida de modo mais perfeito ("sublimiori modu" - Pio IX).
Maria é, então, a primeira redimida, aquela em quem o pecado
original foi plenamente vencido .
Alguns quiseram entender esta afirmação deslocando a redenção"
de Maria para o momento da concepção de Cristo.
De fato, não haveria nenhuma impossibilidade racional para a
concepção de Jesus por uma mulher, pecadora como todo o gênero
27. Dogmas marianos
Maria, assunta ao céu
- Dogma de fé definido pelo Papa Pio XII em 1,ll,
1950 - "Munificentissimus Deus"
- Objeto primário da definição: glorificação
corporal de Maria - não define se Maria morreu ou
não.
- Trata-se da glorificação antecipada de Maria sua glorificação em corpo e alma.
28. Dogmas marianos
Maria, assunta ao céu
Tendo terminado o curso de sua vida aqui na terra,
Ela foi elevada, assunta ao Céu, em corpo e alma. E
esse singular privilégio concedido por Deus a Maria é
um dogma de nossa Fé, definido pelo Papa Pio XII,
no dia 1° de novembro de 1950: "... com a autoridade
de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Bem-aventurados
Apóstolos São Pedro e São Paulo e com a Nossa,
pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma
divinamente revelado que: a Imaculada Mãe de
Deus, a sempre Virgem Maria, terminando o curso da
vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória
celestial" (n. 44).
29. Dogmas marianos
Maria, assunta ao céu
- Maria hoje já possui a Deus com seu corpo de sua alma ou seja, ela, como ser humano total já está na comunhão
divina.
- o Cristo ressuscitado hoje é o nosso intercessor,- nosso
advogado junto ao Pai: Rm 6,9; Hb 7,25; 1Jo 2,1. Maria,
com seu corpo já glorificado também intercede por nós,
unindo sua intercessão à de Cristo. Só Cristo e Maria
intercedem com sua totalidade humana.
- A humanidade de Maria está na glória: daí a devoção ao
Coração de Maria.