Universidade Empreendedora como uma Plataforma para o Bem comum
Desenvolvimento da vinculação mãe-filho
1. Desenvolvimento sócio-
afectivo
Interacção mãe/filho
Ano lectivo 2009/2010
Formadora: Daniela Gonçalves
2. Relações precoces mãe/filho
Um dos aspectos mais estudados tem
sido a relação da díade mãe/filho. As
características desta relação, no
primeiro ano de vida, vão ter grande
importância no desenvolvimento futuro
da criança: personalidade, auto-
estima, confiança em si próprio,
relacionamento interpessoal.
3. Relações precoces mãe/filho
A relação com o filho começa antes do
nascimento, na fantasia dos pais. Ser
mãe e ser pai, são marcados por uma
relação simbólica, um jogo de
fantasia: será menino ou menina?
Como vai ser? Com que se parecerá?
Como será a nossa relação?
4. Relações precoces mãe/filho
Muitas mães testemunham como
falam com o bebé que tem na barriga:
Como lhe apresentam a família e a
casa, como lhe falam dos
aborrecimentos do dia de trabalho,
nas expectativas nele depositados,
como se sentem na gravidez, como
vivem os tempos em que o sentem
crescer dentro delas…
5. Relações precoces mãe/filho
Poderemos quase dizer quer o bebé
antes de nascer, se relaciona com a
mãe e com as pessoas significativas
do seu meio. Ele influencia e é
influenciado pelo mundo envolvente.
A forma como decorre o próprio
nascimento tem sido considerada
como muito importante.
6. Relações precoces mãe/filho
Não só o próprio acto de nascer, mas
o acolhimento – externo e interno –
que é feito. É a forma terna como lhe
é dado nome, como se descobre com
quem se parece, como se arranjou
espaço para si na casa, que faz
inscrever este filho no casal e nas
histórias das famílias.
7. Relações precoces mãe/filho
A relação da mãe e das outras
pessoas com os bebés é,
normalmente diferente das que
desenvolvem com outras crianças
mais velhas: no tom de voz, nos
olhares, nos gestos, no que é dito e na
forma como é dito.
8. Construção do objecto
Através da mãe, a criança tem acesso aos objectos
simples, depois a objectos progressivamente mais
complexos e finalmente à sua dimensão.
A relação de objecto da criança com a mãe, objecto
de amor, define a afectividade relacional. Há ainda
um enquadramento dessa afectividade num estado
afectivo geral, que poode ser alegre ou triste,
tranquilo ou ansioso, agitado ou instável.
9. Interacção mãe/filho
A relação mãe/filho tem
sido perspectivada de
forma diferente por
diversas correntes da
psicologia.
10. Vinculação
John Bowlby, é um psicanalista
britânico que, segundo os estudos
de Sptiz, começou por estudar a
carência afectiva e a perda da
ligação maternal.
11. Vinculação
Este autor apresenta a necessidade
de vinculação (apego), isto é, a
necessidade de estabelecimento de
contacto e de laços emocionais entre
o bebé e a mãe e outras pessoas
próximas, como um fenómeno
determinado biologicamente.
12. Vinculação
A necessidade de vinculação não é
fruto da aprendizagem, mas uma
necessidade básica do mesmo tipo
que a alimentação e a sexualidade.
Bowlby considera que esta
necessidade não é herdada – o que
se herda é o potencial para a
desenvolver.
13. Vinculação
O bebé tem variáveis
comportamentais – sistemas de
comportamentos – que favorecem a
vinculação, como a sucção, o agarrar,
o chorar, o seguir, o sorrir. Bowlby
refere o chorar e o sorrir como os
comportamentos que activam uma
resposta materna.
14. Vinculação
Estes sistemas comportamentais
definem a sua natureza de acordo
com o meio em que se processa o
desenvolvimento. Os comportamentos
de vinculação do bebé vão ser
consolidados por sinais para
desencadear ou manter respostas de
proximidade e de contacto com a mãe.
15. Vinculação
A mãe dá significado aos sinais
emitidos. O recém nascido, sem falar,
como que ensina os pais a tratarem
bem dele, a adaptarem-se aos seu
ritmo, a “adivinharem” as suas
necessidades.
16. Vinculação
Esta perspectiva é profundamente
interactiva – a relação mãe/filho é
bidireccional, isto é ambos emitem
sinais que activam a vinculação.
Esta perspectiva é profundamente
interactiva – a relação mãe/filho é
bidireccional, isto é ambos emitem
sinais que activam a vinculação
17. Vinculação
Serão, segundo alguns autores, as
transformações hormonais que se
seguem ao parto que predispõem a
mãe a responder aos estímulos vindos
do bebé. A relação entre a mãe e o
bebé estabelece uma comunicação
emocional através de um sistema de
regulação mútua com adaptações
constantes.
18. Vinculação
A sensibilidade e a disponibilidade
emocional da mãe vão favorecer a
adequação de resposta aos sinais do
bebé e facilitar o ultrapassar das
possíveis dificuldades interactivas. Os
padrões de vinculação resultam da
qualidade desta interacção e
influenciarão a vida psicológica futura.
19. Vinculação
O tipo de ligação entre o filho e a mãe
muda à medida que criança se
desenvolve, embora se mantenham as
características da vinculação
20. Vinculação
Se no recém nascido há uma
tendência para um comportamento
vinculativo com uma só pessoa, em
breve a criança vai-se vincular a
outras pessoas. Este comportamento
de vinculação pode existir durante
toda a vida.
21. Como se forma a vinculação?
O bebé como promotor da vinculação:
Configuração facial do bebé;
Preferência do bebé pela figura humana;
Emite sinais facilitadores da comunicação e
da interacção: choro,sorriso,expressoes
emocionais;
Outras condutas: reflexo de sucção e
preensão
22. Como se forma a vinculação?
O adulto como promotor da vinculação:
O contacto físico frequente (pegar ao colo, beijos,
…);
Manutenção do olhar;
Tipo de linguagem (exagerado, repetitivo, sem
significado);
Sincronia interactiva: pausa - produção /acção;
Expressões faciais exageradas, repetidas e
prolongadas;
Capacidade de interpretar os sinais do bebé e de
responder de forma estável e continuada.
23. Experiências Etológicas
A vinculação é um processo que se
manifesta em certos mamíferos e
aves.
Na década de 50, o etólogo Harry
Harlow, desenvolveu experiências em
crias de macacos.
24. Experiências Etológicas
Colocou, na mesma jaula, duas mães-
substituto: uma era construída em arame, a
outra em tecido felpudo. Esta experiência
decorreu em várias jaulas: em metade
delas, era o modelo de arame que fornecia
alimento à cria; na outra metade, esta
função era assegurada pela mãe do tecido
felpudo.
25. Experiências Etológicas
A variável analisada foi o tempo que as
crias passavam junto das mães artificiais.
As observações levaram o investigador a
concluir que as crias preferiam a mãe de
tecido independentemente de qual fosse a
que lhes forneciam alimento, recorrendo a
estas em caso de perigo.
26. Experiências Etológicas
Estas experiências levam Harlow a
afirmar que a necessidade e a procura
de contacto corporal e de proximidade
física são mais importantes que a
necessidade de alimentação.
27. Experiências Etológicas
Esta necessidade de agarrar, de estar
junto da mãe, vai ser designada como
contacto e conforto. Este mecanismo,
também estudado nos bebés
humanos, permite concluir que o
contacto físico com a mãe é da maior
importância sendo uma necessidade
primária que não depende da
alimentação.
28. Experiências Etológicas
Harlow fala da necessidade de amor e
de emoção que observou nos
primatas. Evidencia a interacção
existente entre mãe e filho – o filho
abraça a mãe que cada vez mais
sente a necessidade de expressar
este terno abraço – que está na base
da vinculação.
30. Processo de
separação/individualização
Os comportamentos vinculativos
também evoluem. Assim, entre os 6 e
os 9 meses, a vinculação fica
formada, existindo dois
comportamentos característicos:
prazer de ver a mãe e tristeza de
separar-se dela.
31. Processo de
separação/individualização
As interacções
ocorridas ao longo
do tempo vão
contribuir para a
construção de uma
relação
interpessoal e de
uma interlocução.
32. Processo de
separação/individualização
O desenvolvimento do bebé,
nomeadamente as melhores
competências perceptivas e a
capacidade de ter imagens mentais,
vai-lhe permitir ter, de uma forma
interiorizada, uma representação de
mãe.
33. Processo de
separação/individualização
Uma etapa importante ocorre quando
o bebé se sente individualizado
corporalmente da mãe, ultrapassando
o estado indiferenciado, fusional,
anteriormente vivido.
34. Processo de
separação/individualização
Sptiz refere a “angústia do 8º mês”
que se manifesta na sensação de que
a mãe, que não está ao seu lado, o
abandonou. O facto de se sentir
diferenciado da mãe acarreta o receio
de a poder perder.
35. Processo de
separação/individualização
Depois dos 8 meses, o bebé começa a
estranhar as pessoas não habituais, com
reacções que vão da simples estranheza à
ansiedade ou angústia, e estas respostas
resultam do facto de o bebé ter interiorizado
imagens da mãe e de pessoas significativas
e de as diferenciar das outras caras e
figuras.
36. Processo de
separação/individualização
Segundo Sptiz, não é o estranho, enquanto
tal, que angustia o bebé, mas o
desaparecimento da mãe, que o mergulha
numa profunda insegurança. A chegada do
estranho, iludindo o bebé no desejo de ver
a mãe, reactiva a sua ansiedade e daí este
repúdio vigoroso do intruso, por mais
intencionado e cheio de solicitude que seja,
e cujo único erro é o de estar presente
quando a mãe não está.
37. Processo de
separação/individualização
É nesta fase que o bebé tem reacções
de angústia às separações da mãe e
expressa alegria nos reencontros com
as pessoas queridas.
38. Processo de
separação/individualização
É o desenvolvimento global, que
ocorre no primeiro ano de vida, que
vai transformar as interacções iniciais
em relações interpessoais elaboradas
e consistentes.