O documento discute a história das mulheres no Brasil e apresenta cinco dramaturgas brasileiras dos séculos XVIII e XIX. Resume as contribuições de Maria Angélica Ribeiro, considerada a primeira dramaturga brasileira, Josephina Álvares de Azevedo, pioneira na defesa dos direitos femininos, e Joana Paula Manso de Noronha, fundadora do primeiro jornal dirigido por mulheres no país.
3. mulheres na história
• Mulheres na História do Brasil
• Relegadas a segundo plano
• Movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio
aos grupos anarquistas do início do século 20 - buscavam melhores
condições de trabalho e qualidade de vida.
• A luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas
décadas de 1920 e 30, que conseguiram o direito ao voto em 1932, na
Constituição promulgada por Getúlio Vargas.
• A partir dos anos 1970 emergiram no país organizações que passaram
a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a
sexualidade e a saúde da mulher.
4. mulheres na história
• Nosso trabalho traz um breve panorama, pontuando
algumas dramaturgas brasileiras dos sécs. XVIII e XIX
• Mostra a busca por conquistar, afirmar e confirmar a capacidade
feminina em um campo dominado até então pela figura masculina
• Não se sabe ao certo quem foi a primeira mulher dramaturga
• Muitas vezes era usado pseudônimo, o que dificulta a identificação da
primeira mulher a se dedicar à escrita dramática
• Primeira peça feminina: “Tristes efeitos do amor, drama em que falam
Pauliceia, a Prudência e a Desesperação na figura de uma Fúria” por
uma Anônima e Ilustre Senhora da cidade de São Paulo, de 1797
5. mulheres na história
• Transformações na sociedade
brasileira na segunda metade do séc.
XIX
• Projeto modernizador
• Movimento de renovação da cena teatral
- RJ - Teatro Ginásio Dramático
• Formação de nova consciência de
gênero
• A luta por direitos
• Educação
• Voto
• Produção literária
7. renovação teatral
• Predominava na época:
• A mesmice do repertório de João Caetano (1808-1863) - interpretação
apoiada nos cânones do romantismo teatral: explosivo e
melodramático
• Teatro Ginásio Dramático (antigo Teatro São Francisco de
Paula)
• Novo tipo de peça
• Proposta “moderna” de dramaturgos franceses
• Rejeita o romantismo teatral
9. Renovação teatral
• Novas peças
• Identificadas com as comédias realistas francesas
• Buscam retratar e corrigir costumes - reforma social segundo valores
burgueses
• Missão civilizadora e função utilitária do teatro
• Crítica teatral dos jovens folhetinistas
• José de Alencar (1829-1877) e Machado de Assis (1839-1908)
• Teatro como meio ideal de regenerar a sociedade brasileira
• Necessidade de se criar um teatro nacional
• Convocação para a dramaturgia e incitação às “vocações dramáticas”
nacionais, para que as veias do povo fossem inoculadas com o
“sangue da civilização”
10. renovação teatral
• Boom na dramaturgia nacional
• “O demônio familiar”, “Mãe” e “As asas de um anjo”, de José de
Alencar
• “Luxo e vaidade”, de Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)
• “Onfália”, de Quintino Bocaiúva
• “História de uma moça rica”, de Pinheiro Guimarães (1832-1877)
• As escritoras
• Escritoras de prestígio nos círculos literários - RJ
• Crônicas regulares na imprensa jornalística
• Sem o mesmo reconhecimento e alcance das produções masculinas
da época
12. joana paula manso de noronha
• Nacionalidade: Argentina
• Fundou a primeira publicação
periódica redigida e editada por e
para mulheres
• “O Jornal das Senhoras”
• Joana foi ousada em uma
sociedade em que as mulheres
eram na maioria analfabetas
• Direito das mulheres à educação como
primeiro passo para a construção da
cidadania
14. “o jornal das senhoras”
“Ora pois, uma Senhora a testa da
redacção de um jornal! que bicho de
sete cabeças será?”
15. “o jornal das senhoras”
• Primeira publicação periódica
dirigida e editada por uma mulher e
para o público feminino
• 1º de Janeiro de 1852
• Joana Paula Manso de Noronha
• “Modas, Litteratura, Bellas-Artes,
Theatros e Critica”
• Reivindicava melhores condições de
educação e acesso ao mercado de
trabalho
• Recife e Rio de Janeiro – pólos de
produção periódica feminina
17. o jornal das senhoras
• Importante canal de propagação dos ideários feministas e
dos pensamentos das mulheres da época, muitas expressas
em anonimato
• Canal fundamental de comunicação entre elas
• 1853 - convocação de Joana Paula para as colaboradoras
e leitoras assistirem no Teatro São Pedro a récita do drama
histórico “O ditador Rosas e a Mashorca” e da comédiavaudeville “As manias do século”, de sua autoria
• Sancionar publicamente as conquistas intelectuais das mulheres, em
ressonância às ideias em prol da igualdade entre os sexos que já há
algum tempo circulavam pelo Rio de Janeiro
• Teatro como o mais eficaz “meio de propaganda”
20. dramaturgas do séc. xix
• Algumas dramaturgas importantes da época no Brasil:
• Maria Angélica Ribeiro
• Josephina Álvares de Azevedo
• Julia Lopes de Almeida
• Consuelo de Castro
22. maria angélica ribeiro (1829-1880)
• Não foi a primeira dramaturga
brasileira
• Relevância de sua obra está na
continuidade da produção
• Mais de 20 textos para teatro - a maior
parte inéditos e perdidos
• Pioneira na cena teatral brasileira
no gênero feminino
• Incentivada pelo marido cenógrafo
• Pouco depois da convocação de Joana
Paula, Maria Angélica remete ao
Conservatório Dramático seu primeiro
drama
23. maria angélica ribeiro
• Órfã de pai, recebeu educação aprimorada por seu tutor,
Antônio Bracet
• Aos 12 anos já escrevia versos e pouco depois colabora em revistas
sob o pseudônimo de Nênia Silva
• Casa-se aos 14 anos e somente aos 25, após ter três filhos,
investe na carreira literária
• Maio de 1855
• Buscando alívio pela morte do caçula (Ribeiro apud Andrade,
2011:4), escreve o primeiro texto teatral, “Guite ou A feiticeira
dos desfiladeiros negros”, obtendo aprovação do Conservatório
Dramático e os louvores do seu presidente, Diogo de Bivar
24. maria angélica ribeiro
• 1856
• Escreve os dramas “Paulina” e “A aventureira de Vaucloix”, também
aprovados pelo Conservatório Dramático e elogiados pelo presidente
da casa.
• O censor que examinara “A aventureira de Vaucloix”, embora
lamentasse “que a autora preferisse fazer a ação passar-se em França
e entre franceses” e fizesse ressalvas à “linguagem empolada e
algumas vezes sentenciosa que a autora empresta a seus campônios”,
bem como ao estilo “demasiadamente afrancesado”, cobriu-lhe de
louvores desde o início e fez a seguinte recomendação: “Prossiga
a autora na tarefa que encetou, aproveite seu talento a bem da
literatura, que os amantes das letras lhe tributarão as homenagens de
que é credora” (Silva apud Andrade, 2011:5)
25. maria angélica ribeiro
• 1858 - “O anjo sem asas”
• Drama em 5 atos
• Diálogo evidente com “As asas de um anjo”, de José de Alencar
• Encenado no Ginásio Dramático no mesmo ano
• Não foi à cena mais que três vezes, devido à intervenção da polícia,
que proibiu sua encenação por julgá-lo imoral (inovação no tema prostituição)
• Sem negar a visão burguesa em relação à não possibilidade de
reabilitação da mulher decaída, admitia a ideia romântica de que,
pelo menos na esfera do espírito, era possível à cortesã regenerar-se.
E mais: reconhecia que a responsabilidade por sua degradação era
menos dela que da própria sociedade
26. maria angélica ribeiro
• “O Onfalista”
• Possível diálogo com “Onfália”, peça de Quintino Bocaiúva
• Volta à temática da prostituição
• “Gabriela”
• Drama em 4 atos escrito “ao correr da pena” para o espetáculo em
benefício da famosa Gabriela da Cunha.
• Encenado pela companhia do Ginásio Dramático em 1863, sendo
aplaudido pelo público e pela crítica.
• Manifestações mais destacadas no “Jornal do Comércio”,
assinadas por Visconti Coaraci e Machado de Assis, que sublinham
a naturalidade dos diálogos e, sobretudo, a moralidade da peça,
filiando-a implícita e explicitamente à estética realista francesa
27. maria angélica ribeiro
• Algumas obras:
• “Guite ou A Feiticeira dos Desfiladeiros
Negros” - 1855
• “O Anjo sem Asas” - 1858
• “Gabriela” - 1863
• “Cancros Sociais” - 1865
• “Um dia na opulência” - 1877
• “A Ressureição do Primo Basílio” - 1878
• “Opinião pública” - encenado em 1879
no Teatro São Luís
28. maria angélica ribeiro
• Peça mais conhecida:
“Cancros Sociais”
• Publicado em 1866
• Aplaudido pelo público e pela
imprensa local – com várias críticas
favoráveis em jornais, tornando seu
nome conhecido e principalmente
respeitado no ambiente teatral da
época, como até então nenhum nome
feminino o fora
• Paralelamente à dramaturgia,
traduzia textos teatrais
29. maria angélica ribeiro
• Desabafos de uma autora do séc. XIX - Prefácio de “Cancros
Sociais”
“As europeias sim, essas inteligentes e talentosas, podem estudar e
escrever; poetar ou compor dramas e romances; podem satisfazer as
ambições da sua alma, ter culto e conquistar renome..
Entre nós, não, que nada disso se pode dar! O que sai de lavra femininina,
ou não presta ou é trabalho de homem. E nesta última suposição, vai uma
ideia oculta e desonesta.
E para que compraríamos, nós mulheres, a fama de sermos autoras de
trabalhos que não fossem nossos, se com ela nada ganhamos, nem temos
possibilidade de obter lugar ou emprego pelos nossos méritos literários?
Valem-nos eles de coisa alguma? [...]” (RIBEIRO, 1886).
31. josephina álvares de azevedo
• Uma mulher misteriosa
• Nascimento: Recife, Pernambuco.
05 de Maio de 1851
• Prima de Álvares de Azevedo
• Professora e escritora - formação
desconhecida
• Mãe e esposa, mas não se sabe
quantos filhos e quem era o marido
32. josephina álvares de azevedo
• Escrita militante
• Obra jornalístico-literária produzida
em torno dos direitos femininos a uma
“educação sólida e desenvolvida”,
• Narrativas (contos, artigos, esboços
biográficos), versos, traduções e texto
teatral com o objetivo primeiro de
intervir na ordem social e política do
seu tempo, contribuindo para criar
condições mais justas e igualitárias
para mulheres e homens
• Discussões pelos direitos eleitorais das
mulheres na Constituição brasileira de
1891
• Dramaturgia
• Inspiração: teatro musicado
• Textos musicais + drama burguês +
comédia de costumes
• Ruptura do clima doméstico-burguês
• Contradição: novo lugar social
reivindicado politicamente pelas
mulheres x drama doméstico conteúdo novo x forma antiga
33. jornal “a família”
• 1888 - 1898
• Publicações ininterruptas do jornal até
1897, quando publica seu terceiro e
último livro “Galleria Illustre (Mulheres
Célebres)”
• 1898 retoma “A Família”, com nova
fase
• Conteúdo
• Série de artigos “O direito de voto”
• Artigos de Opinião Pública
• Tradução de textos franceses
• Contos e poemas
• Personalidades feministas
34. josephina álvares de azevedo
• 1878 - “O Voto Feminino”
• Comédia de costumes encenada no
Teatro Recreio Dramático, um dos mais
populares do RJ à época
• Aborda o conflito entre homens e
mulheres sobre o direito feminino ao
voto
• Resistência masculina
• Republicada no jornal “A Família” e sob
forma de livro =(“A mulher moderna:
trabalhos de propaganda”)
• Objetivo: fortalecer a propaganda
sufragista
• Sucessão de 15 cenas do cotidiano
doméstico da época - conjunto de
discussões entre casais relacionadas
ao voto das mulheres
• Não se efetiva enquanto ação
dramática - diálogo não faz passagem
à ação
• Criação de tipos sociais
• 1890 - “Retalhos”
• Reedição dos artigos “O direito de
voto”, entre outros, em meio menos
efêmero que o jornal
35. josephina álvares de azevedo
• Emancipação Feminina - Uma Tarefa de Vida
“Eu não pretendo, qual Joana d’Arc, de uma cruzada santa,
conduzir exércitos à vitória, desfraldando o estandarte
aurifulgente da legítima e sagrada - Emancipação da Mulher
- porque não tenho força nem talento para tanto; mas não
deixarei jamais de pensar assim e dizer francamente aquilo que
penso. Não interceptemos os raios do sol com a transparência
de uma cambraia.”
(A Família - Ano 1 - Nº 1)
36. josephina álvares de azevedo
• Recepção negativa dos homens:
“O artigo da redação tem por epígrafe estas palavras de Victor
Hugo: ‘Veneremos a mulher! Santifiquemo-la e glorifiquemola!’ Inteiramente de acordo, exma. senhora. Permita-nos,
porém, que humildemente lhe digamos que a mulher para
ser venerada, glorificada e, sobretudo santificada, não deve
competir com o homem na ‘direção de estado’ e em muitas
coisas mais, como V. Exc. sustenta.”
(Da Província de São Paulo, sem Nº apud A Família, ano I, Nº 2)
37. josephina álvares de azevedo
• O Sufrágio Universal - O Voto Feminino
“É chegado o momento de mostrares às nossas patrícias a sua
importância na sociedade. (...) O direito de voto das mulheres é
uma necessidade latente, de que há muito recente se não só o
nosso, como muitos outros países.”
(A Família, 06/07/1889)
38. josephina álvares de azevedo
• O Voto Feminino
• A intenção de sensibilizar também a opinião pública, o mais
amplamente possível, terá indicado à ativista o teatro musicado, de
grande popularidade na época, como inspiração de um texto com uns
poucos números musicais, incluídos numa forma misturada de drama
burguês e comédia de costumes.
• O híbrido deste formato revela-se já nas rubricas do cenário (“Sala
em casa do Conselheiro Anastácio. Mobília rica. Decoração de luxo.”),
indicadoras da atmosfera de drama burguês, a que se juntam o
risível do marido rico avarento, o Conselheiro Anastácio, ocupado
numa inusitada aferição de contas do armazém e, logo a seguir,
a desenvoltura da esposa insubordinada, Sra. D. Inês, vinda à sala
a seu chamado. Há, desde então, uma ruptura irremediável do
clima doméstico-burguês. A esposa, em resposta à reclamação do
39. josephina álvares de azevedo
marido por ela não priorizar os afazeres da casa e se ocupar antes
com a leitura das notícias do dia publicadas nos jornais, retruca-lhe,
irreverente e imperiosa: “Naturalmente. E então queria o senhor que
assim não fosse?”.
41. júlia lopes de almeida
• Rio de Janeiro, 1862-1934
• Defendia a educação feminina, o
divórcio e a abolição da escravatura
• Teatro, romance, contos, literatura
infantil, crônicas e artigos
• Foi presidenta honorária da Legião
da Mulher Brasileira (1919);
• Participou das reuniões de
formação da Academia Brasileira
de Letras, da qual ficou excluída por
ser do sexo feminino
42. júlia lopes de almeida
• Peças:
• “A Herança” (um ato)
• “Quem Não Perdoa” (três atos)
• “Nos Jardins de Saul” (um ato)
• “Doidos de Amor” (um ato)
• Escreveu para diversos jornais e
revistas:
• Gazeta de Campinas
• A Semana
• A Mensageira
45. dramaturgas do séc. xx
• Algumas dramaturgas importantes da época no Brasil:
• Denise Stoklos - Irati, Paraná, 14 de julho de 1950.
• Hilda Hilst - Jaú, 1930-2004.
• Leila Assumpção - Botucatu, 1943
47. denise stocklos
• Irati, Paraná - 14 de Julho de 1950
• Começou a carreira como autora,
diretora e atriz em 1968.
• Trabalhou em diversas peças até
1977
• Londres
• 1979 - Especializa-se em mímica
e desenvolve seu primeiro solo:
“Denise Stoklos” - One Woman Show”
apresentado-o na Inglaterra e na
França.
48. denise stocklos
• Retorna ao Brasil com este espetáculo
apresentando-se e ensinando nas
principais cidades brasileiras e
coreografando
• Peças
• “Círculo na Lua, Lama na Rua” - 1968
• “A Semana” - 1969
• “Vejo o Sol” - 1970
• “Mar Doce Prisão” - 1971
• “Cadillac de Lata” - 1973
• “One Woman Show” - 1980
• “Elis Regina” - 1982
• “Habeas Corpus” - 1986
• “Denise Stocklos in Mary Stuart” - 1987
• “Hamlet em Irati” - 1988
• “Casa” - 1990
• “500 Anos - Um Fax de Denise
Stocklos para Cristóvão Colombo” 1992
• “Amanhã Será Tarde e Depois de
Amanhã nem Existe” - 1993
• “Des-Medéia” - 1994
• “Elogio” - 1995
• “Mais Pesado que o Ar / Santos
Dumont” - 1996
49. denise stocklos
• “Desobediência Civil” - 1997
• “Vozes Dissonantes” - 1999
• “Louise Bourgeois - I do, I undo, I redo”
- 2000
• “Calendário da Pedra” - 2001
• “Olhos Recém-Nascidos” - 2004
• “Cantadas” - 2007
• “Denise Stocklos em Teatro para
Crianças” - 2007
• “Preferiria Não?” - 2011
• Em 2013 Denise Stocklos está com
seu novo espetáculo solo “Carta ao
Pai”, de Kafka, em comemoração
aos 45 anos de Teatro Essencial.
50. denise stocklos
• Faço, Desfaço, Refaço
• Louise Bourgeois
• Companhia Denise Stocklos
• Texto: Louise Bourgeois
• Tradução, adaptação, direção e
atuação: Denise Stocklos
51. denise stocklos
• Teatro Essencial
“Onde apenas o vivo, a energia vital, a força de sobrevivência do humano
se estabelecem como base do teatro. Uma idéia surgida da própria
organicidade da sobrevivência sul americana onde a Sociedade-mãe e o
Estado-pai abandonam o recém-nascido e só lhe prometem carência física,
mental espiritual. A idéia de um teatro que carrega a resistência desse povo
para a cena. Aquilo que o ator tem como instrumento: seu corpo, voz e
pensamento seria tudo. Do corpo o espaco, o gesto, o movimento. Da voz
a palavra, a sonoridade, o canto. Do pensamento a crítica, a dramaturgia, a
organização dos elementos. Espetáculo feito na estrutura de monólogos,
música e gestual. Peça de Teatro cuja leitura pode ser feita ao nível da
imagem e ao nível do verbo, ambos muitas vezes complementandose ou até contradizendo-se. A meta é uma comunicação mais ampla
com estímulos a uma nova organização perceptiva. A plataforma da
52. denise stocklos
representação está nos signos resultantes de ritmo/espaço e som calcados
na agilidade da decodificação. Não há mais nada no palco do que não seja
ambientação cênica exteriorizada da presença humana (nada decorativo).
E dessa presença todos os momentos teatrais são articulados. Diversos
generos, modalidades e tempos, são rotas para um percurso plástico em
direção ao contexto apresentado: um poema sobre nossa natureza. A
perspectiva é a realização técnica rigorosa e humorista. Ensaio teatral em
que se pretende elevar ainda que sísifamente a pedra de confiança na
auto-suficiência genuína do ser humano. A certeza serena e obstinada de
que apenas o ato amoroso da valorização humana pode proporcionar
ao criador de sua própria transformação, a chance. O lúcido encontro do
real com o imaginário. Não só a lógica, não só o distanciamento, não só
a defacetação. Mas uma chama revolucionária, ardente não apenas em
câmera teatral onde o espetáculo ocorre, mas incendiária em todos os
53. denise stocklos
seus vazamentos. Que atice fogo nas outonais folhas mortas dos diários
estéticos artificiais. Que queime o campo infértil, ocioso dos parâmetros.
Que o “Teatro Essencial” possa fazer brotar, insurreto o fruto.”
Denise Stoklos - Maio de 1988
55. hilda hilst
• Jaú, São Paulo. 1930 - 2004
• Filha de Apolônio de Almeida Prado
Hilst
• Poeta, ficcionista, cronista e
dramaturga
• Teatro como comunicação imediata
• Já havia se mudado para a Casa
do Sol quando começa a escrever
teatro
56. hilda hilst
• Produziu oito peças entre 1967
e 1969, cujo tema central era a
opressão do operariado, a busca
pela liberdade e a censura.
• O tema era significativo para o período
logo após o golpe militar, que tinha
como um dos objetivos impedir
a revolta comunista e conter os
movimentos de luta proletária
• Após uma denúncia, militares invadem
a casa da mãe de Hilda e queimam
todos seus livros
57. hilda hilst
“Lobos? São muitos.
Mas tu podes ainda
A palavra na língua
Aquietá-los.
Lúcidos? São poucos.
Mas se farão milhares
Se à lucidez dos poucos
Te juntares.
Mortos? O mundo.
Mas podes acordá-lo
Sortilégio de vida
Na palavra escrita.
Raros? Teus preclaros amigos.
E tu mesmo, raro.
Se nas coisas que digo
Acreditares.”
58. hilda hilst
• Obras para o Teatro:
• “A Possessa” - 1967
• “O Rato no Muro” - 1967
• “O Visitante” - 1968
• “Auto da Barca de Camiri” - 1968
• “O Novo Sistema” - 1968
• “Aves da Noite” - 1968
• “O Verdugo” - 1969 (Prêmio Anchieta)
• “A Morte de Patriarca” - 1969
60. leilah assumpção
• Botucatu, 1943
• 16 peças teatrais
• 3 novelas
• “Venha Ver o Sol na Estrada” - 1973
• “Revira Volta” - 1974
• “O Remate” - 1975
• A primeira minissérie brasileira
• “Avenida Paulista” - 1982
61. leilah assumpção
• Peças:
• “Fala baixo senão eu grito “
• “Roda cor de roda”
• “Kuka de Kamaiorá”
• “Seda pura e alfinetadas”
• “Boca molhada de paixão
calada”
• “Lua nua”
• “Cinco vezes comédia”
• “Uiva e Vocifera”
• “Vejo um vulto na janela me
acudam que eu sou Donzela”
• “O grande momento de
Mariana Martins”
• “Jorginho, o Machão”
• “Amanhã”
• “Amélia”
• “De manhã”
• “Intimidade indecente”
• “Adorável Desgraçada”
62. leilah assumpção
• Procedimentos Dramatúrgicos
Relação de um casal
• Intimidade
• Cordial / afeto / próximo
• Roberta
• Indecente
• Desonesto / inconveniente /
indecoroso
• Mariano
• E tudo ocorre como pede a rubrica:
• “Sala de visitas de família de classe média alta.”
63. leilah assumpção
• No 1º Quadro:
• Roberta se insinua para Mariano e ele continua lendo o jornal
• No 2º quadro: A inversão.
• Prazer, intimidade, desejo.
• No 3º quadro: O encontro do chá.
• Permanecem as dúvidas.
• O 4º quadro: A Solidão.
• MARIANO: Deveria apenas ter tido um caso com a Rejane, você com
seu personal trainer e com a Léa, que eu detesto, nenhum contava
nada pro outro, tudo passaria logo e teríamos continuado juntos e
companheirinhos até hoje.
• ROBERTA: Mas isso é o que faziam os nossos avôs!
64. leilah assumpção
• Uma Nova Mulher
• O que se discute durante todo o texto são as mudanças
comportamentais da sociedade e a relação de um casal em crise
devido à longa convivência, ao interesse sexual e às alterações físicas
e biológicas que o envelhecimento naturalmente acarreta.
• Além de uma mulher que encara todas essas mudanças a partir de
uma nova perspectiva, enquanto o homem se mantem no velho olhar.