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Alexander Lisboa,
Gustavo Andrade,
Gustavo Gomes,
Júlia Marinho,
Paola Giovana

Dramaturgas
Brasileiras
mulheres na história
mulheres na história
•	Mulheres na História do Brasil
•	 Relegadas a segundo plano
•	 Movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio
aos grupos anarquistas do início do século 20 - buscavam melhores
condições de trabalho e qualidade de vida.
•	 A luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas
décadas de 1920 e 30, que conseguiram o direito ao voto em 1932, na
Constituição promulgada por Getúlio Vargas.
•	 A partir dos anos 1970 emergiram no país organizações que passaram
a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a
sexualidade e a saúde da mulher.
mulheres na história
•	Nosso trabalho traz um breve panorama, pontuando
algumas dramaturgas brasileiras dos sécs. XVIII e XIX
•	 Mostra a busca por conquistar, afirmar e confirmar a capacidade
feminina em um campo dominado até então pela figura masculina

•	Não se sabe ao certo quem foi a primeira mulher dramaturga
•	 Muitas vezes era usado pseudônimo, o que dificulta a identificação da
primeira mulher a se dedicar à escrita dramática
•	 Primeira peça feminina: “Tristes efeitos do amor, drama em que falam
Pauliceia, a Prudência e a Desesperação na figura de uma Fúria” por
uma Anônima e Ilustre Senhora da cidade de São Paulo, de 1797
mulheres na história
•	Transformações na sociedade
brasileira na segunda metade do séc.
XIX
•	 Projeto modernizador
•	 Movimento de renovação da cena teatral
- RJ - Teatro Ginásio Dramático
•	 Formação de nova consciência de
gênero

•	A luta por direitos
•	 Educação
•	 Voto
•	 Produção literária
renovação teatral
renovação teatral
•	Predominava na época:
•	 A mesmice do repertório de João Caetano (1808-1863) - interpretação
apoiada nos cânones do romantismo teatral: explosivo e
melodramático

•	Teatro Ginásio Dramático (antigo Teatro São Francisco de
Paula)
•	 Novo tipo de peça
•	 Proposta “moderna” de dramaturgos franceses
•	 Rejeita o romantismo teatral
teatro ginásio dramático
Renovação teatral
•	Novas peças
•	 Identificadas com as comédias realistas francesas
•	 Buscam retratar e corrigir costumes - reforma social segundo valores
burgueses
•	 Missão civilizadora e função utilitária do teatro

•	Crítica teatral dos jovens folhetinistas
•	 José de Alencar (1829-1877) e Machado de Assis (1839-1908)
•	 Teatro como meio ideal de regenerar a sociedade brasileira
•	 Necessidade de se criar um teatro nacional
•	 Convocação para a dramaturgia e incitação às “vocações dramáticas”
nacionais, para que as veias do povo fossem inoculadas com o
“sangue da civilização”
renovação teatral
•	Boom na dramaturgia nacional
•	 “O demônio familiar”, “Mãe” e “As asas de um anjo”, de José de
Alencar
•	 “Luxo e vaidade”, de Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)
•	 “Onfália”, de Quintino Bocaiúva
•	 “História de uma moça rica”, de Pinheiro Guimarães (1832-1877)

•	As escritoras
•	 Escritoras de prestígio nos círculos literários - RJ
•	 Crônicas regulares na imprensa jornalística
•	 Sem o mesmo reconhecimento e alcance das produções masculinas
da época
joana paula manso
de noronha
joana paula manso de noronha
•	Nacionalidade: Argentina
•	Fundou a primeira publicação
periódica redigida e editada por e
para mulheres
•	 “O Jornal das Senhoras”

•	Joana foi ousada em uma
sociedade em que as mulheres
eram na maioria analfabetas
•	 Direito das mulheres à educação como
primeiro passo para a construção da
cidadania
o jornal das senhoras
“o jornal das senhoras”

“Ora pois, uma Senhora a testa da
redacção de um jornal! que bicho de
sete cabeças será?”
“o jornal das senhoras”
•	Primeira publicação periódica
dirigida e editada por uma mulher e
para o público feminino
•	 1º de Janeiro de 1852
•	 Joana Paula Manso de Noronha
•	 “Modas, Litteratura, Bellas-Artes,
Theatros e Critica”
•	 Reivindicava melhores condições de
educação e acesso ao mercado de
trabalho

•	Recife e Rio de Janeiro – pólos de
produção periódica feminina
“o jornal das senhoras”
o jornal das senhoras
•	Importante canal de propagação dos ideários feministas e
dos pensamentos das mulheres da época, muitas expressas
em anonimato
•	 Canal fundamental de comunicação entre elas

•	1853 - convocação de Joana Paula para as colaboradoras
e leitoras assistirem no Teatro São Pedro a récita do drama
histórico “O ditador Rosas e a Mashorca” e da comédiavaudeville “As manias do século”, de sua autoria
•	 Sancionar publicamente as conquistas intelectuais das mulheres, em
ressonância às ideias em prol da igualdade entre os sexos que já há
algum tempo circulavam pelo Rio de Janeiro
•	 Teatro como o mais eficaz “meio de propaganda”
outros jornais
Dramaturgas do séc. xix
dramaturgas do séc. xix
•	Algumas dramaturgas importantes da época no Brasil:
•	 Maria Angélica Ribeiro
•	 Josephina Álvares de Azevedo
•	 Julia Lopes de Almeida
•	 Consuelo de Castro
maria angélica ribeiro
maria angélica ribeiro (1829-1880)
•	Não foi a primeira dramaturga
brasileira
•	 Relevância de sua obra está na
continuidade da produção
•	 Mais de 20 textos para teatro - a maior
parte inéditos e perdidos

•	Pioneira na cena teatral brasileira
no gênero feminino
•	 Incentivada pelo marido cenógrafo
•	 Pouco depois da convocação de Joana
Paula, Maria Angélica  remete ao
Conservatório Dramático seu primeiro
drama
maria angélica ribeiro
•	Órfã de pai, recebeu educação aprimorada por seu tutor,
Antônio Bracet
•	 Aos 12 anos já escrevia versos e pouco depois colabora em revistas
sob o pseudônimo de Nênia Silva

•	Casa-se aos 14 anos e somente aos 25, após ter três filhos,
investe na carreira literária
•	Maio de 1855
•	 Buscando alívio pela morte do caçula (Ribeiro apud Andrade,
2011:4), escreve o primeiro texto teatral, “Guite ou A feiticeira
dos desfiladeiros negros”, obtendo aprovação do Conservatório
Dramático e os louvores do seu presidente, Diogo de Bivar
maria angélica ribeiro
•	1856
•	 Escreve os dramas “Paulina” e “A aventureira de Vaucloix”, também
aprovados pelo Conservatório Dramático e elogiados pelo presidente
da casa.
•	 O censor que examinara “A aventureira de Vaucloix”, embora
lamentasse “que a autora preferisse fazer a ação passar-se em França
e entre franceses” e fizesse ressalvas à “linguagem empolada e
algumas vezes sentenciosa que a autora empresta a seus campônios”,
bem como ao estilo “demasiadamente afrancesado”, cobriu-lhe de
louvores desde o início e fez a seguinte recomendação: “Prossiga
a autora na tarefa que encetou, aproveite seu talento a bem da
literatura, que os amantes das letras lhe tributarão as homenagens de
que é credora” (Silva apud Andrade, 2011:5)
maria angélica ribeiro
•	1858 - “O anjo sem asas”
•	 Drama em 5 atos
•	 Diálogo evidente com “As asas de um anjo”, de José de Alencar
•	 Encenado no Ginásio Dramático no mesmo ano
•	 Não foi à cena mais que três vezes, devido à intervenção da polícia,
que proibiu sua encenação por julgá-lo imoral (inovação no tema prostituição)
•	 Sem negar a visão burguesa em relação à não possibilidade de
reabilitação da mulher decaída, admitia a ideia romântica de que,
pelo menos na esfera do espírito, era possível à cortesã regenerar-se.
E mais: reconhecia que a responsabilidade por sua degradação era
menos dela que da própria sociedade
maria angélica ribeiro
•	“O Onfalista”
•	 Possível diálogo com “Onfália”, peça de Quintino Bocaiúva
•	 Volta à temática da prostituição

•	“Gabriela”
•	 Drama em 4 atos escrito “ao correr da pena” para o espetáculo em
benefício da famosa Gabriela da Cunha.
•	 Encenado pela companhia do Ginásio Dramático em 1863, sendo
aplaudido pelo público e pela crítica.
•	 Manifestações mais destacadas no “Jornal do Comércio”,
assinadas por Visconti Coaraci e Machado de Assis, que sublinham
a naturalidade dos diálogos e, sobretudo, a moralidade da peça,
filiando-a implícita e explicitamente à estética realista francesa
maria angélica ribeiro
•	Algumas obras:
•	 “Guite ou A Feiticeira dos Desfiladeiros
Negros” - 1855
•	 “O Anjo sem Asas” - 1858
•	 “Gabriela” - 1863
•	 “Cancros Sociais” - 1865
•	 “Um dia na opulência” - 1877
•	 “A Ressureição do Primo Basílio” - 1878
•	 “Opinião pública” - encenado em 1879
no Teatro São Luís
maria angélica ribeiro
•	Peça mais conhecida: 	
“Cancros Sociais”
•	 Publicado em 1866
•	 Aplaudido pelo público e pela
imprensa local – com várias críticas
favoráveis em jornais, tornando seu
nome conhecido e principalmente
respeitado no ambiente teatral da
época, como até então nenhum nome
feminino o fora

•	Paralelamente à dramaturgia,
traduzia textos teatrais
maria angélica ribeiro
•	Desabafos de uma autora do séc. XIX - Prefácio de “Cancros
Sociais”
“As europeias sim, essas inteligentes e talentosas, podem estudar e
escrever; poetar ou compor dramas e romances; podem satisfazer as
ambições da sua alma, ter culto e conquistar renome..
Entre nós, não, que nada disso se pode dar! O que sai de lavra femininina,
ou não presta ou é trabalho de homem. E nesta última suposição, vai uma
ideia oculta e desonesta.
E para que compraríamos, nós mulheres, a fama de sermos autoras de
trabalhos que não fossem nossos, se com ela nada ganhamos, nem temos
possibilidade de obter lugar ou emprego pelos nossos méritos literários?
Valem-nos eles de coisa alguma? [...]” (RIBEIRO, 1886).
josephina álvares de
azevedo
josephina álvares de azevedo
•	Uma mulher misteriosa
•	 Nascimento: Recife, Pernambuco. 	
05 de Maio de 1851
•	 Prima de Álvares de Azevedo
•	 Professora e escritora - formação
desconhecida
•	 Mãe e esposa, mas não se sabe
quantos filhos e quem era o marido
josephina álvares de azevedo
•	Escrita militante
•	 Obra jornalístico-literária produzida
em torno dos direitos femininos a uma
“educação sólida e desenvolvida”,
•	 Narrativas (contos, artigos, esboços
biográficos), versos, traduções e texto
teatral com o objetivo primeiro de
intervir na ordem social e política do
seu tempo, contribuindo para criar
condições mais justas e igualitárias
para mulheres e homens
•	 Discussões pelos direitos eleitorais das
mulheres na Constituição brasileira de
1891

•	Dramaturgia
•	 Inspiração: teatro musicado
•	 Textos musicais + drama burguês +
comédia de costumes
•	 Ruptura do clima doméstico-burguês
•	 Contradição: novo lugar social
reivindicado politicamente pelas
mulheres x drama doméstico conteúdo novo x forma antiga
jornal “a família”
•	1888 - 1898
•	 Publicações ininterruptas do jornal até
1897, quando publica seu terceiro e
último livro “Galleria Illustre (Mulheres
Célebres)”
•	 1898 retoma “A Família”, com nova
fase

•	Conteúdo
•	 Série de artigos “O direito de voto”
•	 Artigos de Opinião Pública
•	 Tradução de textos franceses
•	 Contos e poemas
•	 Personalidades feministas
josephina álvares de azevedo
•	1878 - “O Voto Feminino”
•	 Comédia de costumes encenada no
Teatro Recreio Dramático, um dos mais
populares do RJ à época
•	 Aborda o conflito entre homens e
mulheres sobre o direito feminino ao
voto
•	 Resistência masculina
•	 Republicada no jornal “A Família” e sob
forma de livro =(“A mulher moderna:
trabalhos de propaganda”)
•	 Objetivo: fortalecer a propaganda
sufragista

•	 Sucessão de 15 cenas do cotidiano
doméstico da época - conjunto de
discussões entre casais relacionadas
ao voto das mulheres
•	 Não se efetiva enquanto ação
dramática - diálogo não faz passagem
à ação
•	 Criação de tipos sociais

•	1890 - “Retalhos”
•	 Reedição dos artigos “O direito de
voto”, entre outros, em meio menos
efêmero que o jornal
josephina álvares de azevedo
•	Emancipação Feminina - Uma Tarefa de Vida
“Eu não pretendo, qual Joana d’Arc, de uma cruzada santa,
conduzir exércitos à vitória, desfraldando o estandarte
aurifulgente da legítima e sagrada - Emancipação da Mulher
- porque não tenho força nem talento para tanto; mas não
deixarei jamais de pensar assim e dizer francamente aquilo que
penso. Não interceptemos os raios do sol com a transparência
de uma cambraia.”
(A Família - Ano 1 - Nº 1)
josephina álvares de azevedo
•	Recepção negativa dos homens:
“O artigo da redação tem por epígrafe estas palavras de Victor
Hugo: ‘Veneremos a mulher! Santifiquemo-la e glorifiquemola!’ Inteiramente de acordo, exma. senhora. Permita-nos,
porém, que humildemente lhe digamos que a mulher para
ser venerada, glorificada e, sobretudo santificada, não deve
competir com o homem na ‘direção de estado’ e em muitas
coisas mais, como V. Exc. sustenta.”
(Da Província de São Paulo, sem Nº apud A Família, ano I, Nº 2)
josephina álvares de azevedo
•	O Sufrágio Universal - O Voto Feminino
“É chegado o momento de mostrares às nossas patrícias a sua
importância na sociedade. (...) O direito de voto das mulheres é
uma necessidade latente, de que há muito recente se não só o
nosso, como muitos outros países.”
(A Família, 06/07/1889)
josephina álvares de azevedo
•	O Voto Feminino
•	 A intenção de sensibilizar também a opinião pública,  o mais
amplamente possível, terá indicado à ativista o teatro musicado, de
grande popularidade na época, como inspiração de um texto com uns
poucos números musicais, incluídos numa forma misturada de drama
burguês e comédia de costumes.
•	 O híbrido deste formato revela-se já nas rubricas do cenário (“Sala
em casa do Conselheiro Anastácio. Mobília rica. Decoração de luxo.”),
indicadoras da atmosfera de drama burguês, a que se juntam o
risível do marido rico avarento, o Conselheiro Anastácio, ocupado
numa inusitada aferição de contas do armazém e, logo a seguir,
a desenvoltura da esposa insubordinada, Sra. D. Inês, vinda à sala
a seu chamado. Há, desde então, uma ruptura irremediável do
clima doméstico-burguês. A esposa, em resposta à reclamação do
josephina álvares de azevedo
marido por ela não priorizar os afazeres da casa e se ocupar antes
com a leitura das notícias do dia publicadas nos jornais, retruca-lhe,
irreverente e imperiosa: “Naturalmente. E então queria o senhor que
assim não fosse?”.
júlia lopes de almeida
júlia lopes de almeida
•	Rio de Janeiro, 1862-1934
•	 Defendia a educação feminina, o
divórcio e a abolição da escravatura

•	Teatro, romance, contos, literatura
infantil, crônicas e artigos
•	Foi presidenta honorária da Legião
da Mulher Brasileira (1919);
•	Participou das reuniões de
formação da Academia Brasileira
de Letras, da qual ficou excluída por
ser do sexo feminino
júlia lopes de almeida
•	Peças:
•	 “A Herança” (um ato)
•	 “Quem Não Perdoa” (três atos)
•	 “Nos Jardins de Saul” (um ato)
•	 “Doidos de Amor” (um ato)

•	Escreveu para diversos jornais e
revistas:
•	 Gazeta de Campinas
•	 A Semana
•	 A Mensageira
consuelo de castro
dramaturgas do séc. xx
dramaturgas do séc. xx
•	Algumas dramaturgas importantes da época no Brasil:
•	 Denise Stoklos  - Irati, Paraná, 14 de julho de 1950.
•	 Hilda Hilst - Jaú, 1930-2004.
•	 Leila Assumpção - Botucatu, 1943
denise stocklos
denise stocklos
•	Irati, Paraná - 14 de Julho de 1950
•	Começou a carreira como autora,
diretora e atriz em 1968.
•	Trabalhou em diversas peças até
1977
•	Londres
•	 1979 - Especializa-se em mímica
e desenvolve  seu primeiro solo:
“Denise Stoklos” - One Woman Show”
apresentado-o na Inglaterra e na
França.
denise stocklos
•	 Retorna ao Brasil com este espetáculo
apresentando-se e ensinando nas
principais cidades brasileiras e
coreografando

•	Peças
•	 “Círculo na Lua, Lama na Rua” - 1968
•	 “A Semana” - 1969
•	 “Vejo o Sol” - 1970
•	 “Mar Doce Prisão” - 1971
•	 “Cadillac de Lata” - 1973
•	 “One Woman Show” - 1980
•	 “Elis Regina” - 1982

•	 “Habeas Corpus” - 1986
•	 “Denise Stocklos in Mary Stuart” - 1987
•	 “Hamlet em Irati” - 1988
•	 “Casa” - 1990
•	 “500 Anos - Um Fax de Denise
Stocklos para Cristóvão Colombo” 1992
•	 “Amanhã Será Tarde e Depois de
Amanhã nem Existe” - 1993
•	 “Des-Medéia” - 1994
•	 “Elogio” - 1995
•	 “Mais Pesado que o Ar / Santos
Dumont” - 1996
denise stocklos
•	 “Desobediência Civil” - 1997
•	 “Vozes Dissonantes” - 1999
•	 “Louise Bourgeois - I do, I undo, I redo”
- 2000
•	 “Calendário da Pedra” - 2001
•	 “Olhos Recém-Nascidos” - 2004
•	 “Cantadas” - 2007
•	 “Denise Stocklos em Teatro para
Crianças” - 2007
•	 “Preferiria Não?” - 2011

•	Em 2013 Denise Stocklos está com
seu novo espetáculo solo “Carta ao
Pai”, de Kafka, em comemoração
aos 45 anos de Teatro Essencial.
denise stocklos
•	Faço, Desfaço, Refaço
•	 Louise Bourgeois
•	 Companhia Denise Stocklos
•	 Texto: Louise Bourgeois
•	 Tradução, adaptação, direção e
atuação: Denise Stocklos
denise stocklos
•	Teatro Essencial
“Onde apenas o vivo, a energia vital, a força de sobrevivência do humano
se estabelecem como base do teatro. Uma idéia surgida da própria
organicidade da sobrevivência sul americana onde a Sociedade-mãe e o
Estado-pai abandonam o recém-nascido e só lhe prometem carência física,
mental espiritual. A idéia de um teatro que carrega a resistência desse povo
para a cena. Aquilo que o ator tem como instrumento: seu corpo, voz e
pensamento seria tudo. Do corpo o espaco, o gesto, o movimento. Da voz
a palavra, a sonoridade, o canto. Do pensamento a crítica, a dramaturgia, a
organização dos elementos. Espetáculo feito na estrutura de monólogos,
música e gestual. Peça de Teatro cuja leitura pode ser feita ao nível da
imagem e ao nível do verbo, ambos muitas vezes complementandose ou até contradizendo-se. A meta é uma comunicação mais ampla
com estímulos a uma nova organização perceptiva. A plataforma da
denise stocklos
representação está nos signos resultantes de ritmo/espaço e som calcados
na agilidade da decodificação. Não há mais nada no palco do que não seja
ambientação cênica exteriorizada da presença humana (nada decorativo).
E dessa presença todos os momentos teatrais são articulados. Diversos
generos, modalidades e tempos, são rotas para um percurso plástico em
direção ao contexto apresentado: um poema sobre nossa natureza. A
perspectiva é a realização técnica rigorosa e humorista. Ensaio teatral em
que se pretende elevar ainda que sísifamente a pedra de confiança na
auto-suficiência genuína do ser humano. A certeza serena e obstinada de
que apenas o ato amoroso da valorização humana pode proporcionar
ao criador de sua própria transformação, a chance. O lúcido encontro do
real com o imaginário. Não só a lógica, não só o distanciamento, não só
a defacetação. Mas uma chama revolucionária, ardente não apenas em
câmera teatral onde o espetáculo ocorre, mas incendiária em todos os
denise stocklos
seus vazamentos. Que atice fogo nas outonais folhas mortas dos diários
estéticos artificiais. Que queime o campo infértil, ocioso dos parâmetros.
Que o “Teatro Essencial” possa fazer brotar, insurreto o fruto.”
Denise Stoklos - Maio de 1988
hilda hilst
hilda hilst
•	Jaú, São Paulo. 1930 - 2004
•	 Filha de Apolônio de Almeida Prado
Hilst

•	Poeta, ficcionista, cronista e
dramaturga
•	 Teatro como comunicação imediata

•	Já havia se mudado para a Casa
do Sol quando começa a escrever
teatro
hilda hilst
•	Produziu oito peças entre 1967
e 1969, cujo tema central era a
opressão do operariado, a busca
pela liberdade e a censura.
•	 O tema era significativo para o período
logo após o golpe militar, que tinha
como um dos objetivos impedir
a revolta comunista e conter os
movimentos de luta proletária
•	 Após uma denúncia, militares invadem
a casa da mãe de Hilda e queimam
todos seus livros
hilda hilst

“Lobos? São muitos.
Mas tu podes ainda
A palavra na língua
Aquietá-los.

Lúcidos? São poucos.
Mas se farão milhares
Se à lucidez dos poucos
Te juntares.

Mortos? O mundo.
Mas podes acordá-lo
Sortilégio de vida
Na palavra escrita.

Raros? Teus preclaros amigos.
E tu mesmo, raro.
Se nas coisas que digo
Acreditares.”
hilda hilst
•	Obras para o Teatro:
•	 “A Possessa” - 1967
•	 “O Rato no Muro” - 1967
•	 “O Visitante” - 1968
•	 “Auto da Barca de Camiri” - 1968
•	 “O Novo Sistema” - 1968
•	 “Aves da Noite” - 1968
•	 “O Verdugo” - 1969 (Prêmio Anchieta)
•	 “A Morte de Patriarca” - 1969
leilah assumpção
leilah assumpção
•	Botucatu, 1943
•	16 peças teatrais
•	3 novelas
•	 “Venha Ver o Sol na Estrada” - 1973
•	 “Revira Volta” - 1974
•	 “O Remate” - 1975

•	A primeira minissérie brasileira
•	 “Avenida Paulista” - 1982
leilah assumpção
•	Peças:
•	 “Fala baixo senão eu grito “
•	 “Roda cor de roda”
•	 “Kuka de Kamaiorá”
•	 “Seda pura e alfinetadas”
•	 “Boca molhada de paixão
calada”
•	 “Lua nua”
•	 “Cinco vezes comédia”
•	 “Uiva e Vocifera”	

•	 “Vejo um vulto na janela me
acudam que eu sou Donzela”
•	 “O grande momento de
Mariana Martins”
•	 “Jorginho, o Machão”
•	 “Amanhã”
•	 “Amélia”
•	 “De manhã”
•	 “Intimidade indecente”
•	 “Adorável Desgraçada”
leilah assumpção
•	Procedimentos Dramatúrgicos
Relação de um casal
•	 Intimidade
•	 Cordial / afeto / próximo
•	 Roberta

•	 Indecente
•	 Desonesto / inconveniente /
indecoroso
•	 Mariano

•	E tudo ocorre como pede a rubrica:
•	 “Sala de visitas de família de classe média alta.”
leilah assumpção
•	No 1º Quadro:
•	 Roberta se insinua para Mariano e ele continua lendo o jornal

•	No 2º quadro:  A inversão.
•	 Prazer, intimidade, desejo.

•	No 3º quadro: O encontro do chá.
•	 Permanecem as dúvidas.

•	O 4º quadro: A Solidão.
•	 MARIANO: Deveria apenas ter tido um caso com a Rejane, você com
seu personal trainer e com a Léa, que eu detesto, nenhum contava
nada pro outro, tudo passaria logo e teríamos continuado juntos e
companheirinhos até hoje.
•	 ROBERTA: Mas isso é o que faziam os nossos avôs!
leilah assumpção
•	Uma Nova Mulher
•	 O que se discute durante todo o texto são as mudanças
comportamentais da sociedade e a relação de um casal em crise
devido à longa convivência, ao interesse sexual e às alterações físicas
e biológicas que o envelhecimento naturalmente acarreta.
•	 Além de uma mulher que encara todas essas mudanças a partir de
uma nova perspectiva, enquanto o homem se mantem no velho olhar.

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Dramaturgas brasileiras

  • 1. Alexander Lisboa, Gustavo Andrade, Gustavo Gomes, Júlia Marinho, Paola Giovana Dramaturgas Brasileiras
  • 3. mulheres na história • Mulheres na História do Brasil • Relegadas a segundo plano • Movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio aos grupos anarquistas do início do século 20 - buscavam melhores condições de trabalho e qualidade de vida. • A luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 30, que conseguiram o direito ao voto em 1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. • A partir dos anos 1970 emergiram no país organizações que passaram a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher.
  • 4. mulheres na história • Nosso trabalho traz um breve panorama, pontuando algumas dramaturgas brasileiras dos sécs. XVIII e XIX • Mostra a busca por conquistar, afirmar e confirmar a capacidade feminina em um campo dominado até então pela figura masculina • Não se sabe ao certo quem foi a primeira mulher dramaturga • Muitas vezes era usado pseudônimo, o que dificulta a identificação da primeira mulher a se dedicar à escrita dramática • Primeira peça feminina: “Tristes efeitos do amor, drama em que falam Pauliceia, a Prudência e a Desesperação na figura de uma Fúria” por uma Anônima e Ilustre Senhora da cidade de São Paulo, de 1797
  • 5. mulheres na história • Transformações na sociedade brasileira na segunda metade do séc. XIX • Projeto modernizador • Movimento de renovação da cena teatral - RJ - Teatro Ginásio Dramático • Formação de nova consciência de gênero • A luta por direitos • Educação • Voto • Produção literária
  • 7. renovação teatral • Predominava na época: • A mesmice do repertório de João Caetano (1808-1863) - interpretação apoiada nos cânones do romantismo teatral: explosivo e melodramático • Teatro Ginásio Dramático (antigo Teatro São Francisco de Paula) • Novo tipo de peça • Proposta “moderna” de dramaturgos franceses • Rejeita o romantismo teatral
  • 9. Renovação teatral • Novas peças • Identificadas com as comédias realistas francesas • Buscam retratar e corrigir costumes - reforma social segundo valores burgueses • Missão civilizadora e função utilitária do teatro • Crítica teatral dos jovens folhetinistas • José de Alencar (1829-1877) e Machado de Assis (1839-1908) • Teatro como meio ideal de regenerar a sociedade brasileira • Necessidade de se criar um teatro nacional • Convocação para a dramaturgia e incitação às “vocações dramáticas” nacionais, para que as veias do povo fossem inoculadas com o “sangue da civilização”
  • 10. renovação teatral • Boom na dramaturgia nacional • “O demônio familiar”, “Mãe” e “As asas de um anjo”, de José de Alencar • “Luxo e vaidade”, de Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) • “Onfália”, de Quintino Bocaiúva • “História de uma moça rica”, de Pinheiro Guimarães (1832-1877) • As escritoras • Escritoras de prestígio nos círculos literários - RJ • Crônicas regulares na imprensa jornalística • Sem o mesmo reconhecimento e alcance das produções masculinas da época
  • 12. joana paula manso de noronha • Nacionalidade: Argentina • Fundou a primeira publicação periódica redigida e editada por e para mulheres • “O Jornal das Senhoras” • Joana foi ousada em uma sociedade em que as mulheres eram na maioria analfabetas • Direito das mulheres à educação como primeiro passo para a construção da cidadania
  • 13. o jornal das senhoras
  • 14. “o jornal das senhoras” “Ora pois, uma Senhora a testa da redacção de um jornal! que bicho de sete cabeças será?”
  • 15. “o jornal das senhoras” • Primeira publicação periódica dirigida e editada por uma mulher e para o público feminino • 1º de Janeiro de 1852 • Joana Paula Manso de Noronha • “Modas, Litteratura, Bellas-Artes, Theatros e Critica” • Reivindicava melhores condições de educação e acesso ao mercado de trabalho • Recife e Rio de Janeiro – pólos de produção periódica feminina
  • 16. “o jornal das senhoras”
  • 17. o jornal das senhoras • Importante canal de propagação dos ideários feministas e dos pensamentos das mulheres da época, muitas expressas em anonimato • Canal fundamental de comunicação entre elas • 1853 - convocação de Joana Paula para as colaboradoras e leitoras assistirem no Teatro São Pedro a récita do drama histórico “O ditador Rosas e a Mashorca” e da comédiavaudeville “As manias do século”, de sua autoria • Sancionar publicamente as conquistas intelectuais das mulheres, em ressonância às ideias em prol da igualdade entre os sexos que já há algum tempo circulavam pelo Rio de Janeiro • Teatro como o mais eficaz “meio de propaganda”
  • 20. dramaturgas do séc. xix • Algumas dramaturgas importantes da época no Brasil: • Maria Angélica Ribeiro • Josephina Álvares de Azevedo • Julia Lopes de Almeida • Consuelo de Castro
  • 22. maria angélica ribeiro (1829-1880) • Não foi a primeira dramaturga brasileira • Relevância de sua obra está na continuidade da produção • Mais de 20 textos para teatro - a maior parte inéditos e perdidos • Pioneira na cena teatral brasileira no gênero feminino • Incentivada pelo marido cenógrafo • Pouco depois da convocação de Joana Paula, Maria Angélica remete ao Conservatório Dramático seu primeiro drama
  • 23. maria angélica ribeiro • Órfã de pai, recebeu educação aprimorada por seu tutor, Antônio Bracet • Aos 12 anos já escrevia versos e pouco depois colabora em revistas sob o pseudônimo de Nênia Silva • Casa-se aos 14 anos e somente aos 25, após ter três filhos, investe na carreira literária • Maio de 1855 • Buscando alívio pela morte do caçula (Ribeiro apud Andrade, 2011:4), escreve o primeiro texto teatral, “Guite ou A feiticeira dos desfiladeiros negros”, obtendo aprovação do Conservatório Dramático e os louvores do seu presidente, Diogo de Bivar
  • 24. maria angélica ribeiro • 1856 • Escreve os dramas “Paulina” e “A aventureira de Vaucloix”, também aprovados pelo Conservatório Dramático e elogiados pelo presidente da casa. • O censor que examinara “A aventureira de Vaucloix”, embora lamentasse “que a autora preferisse fazer a ação passar-se em França e entre franceses” e fizesse ressalvas à “linguagem empolada e algumas vezes sentenciosa que a autora empresta a seus campônios”, bem como ao estilo “demasiadamente afrancesado”, cobriu-lhe de louvores desde o início e fez a seguinte recomendação: “Prossiga a autora na tarefa que encetou, aproveite seu talento a bem da literatura, que os amantes das letras lhe tributarão as homenagens de que é credora” (Silva apud Andrade, 2011:5)
  • 25. maria angélica ribeiro • 1858 - “O anjo sem asas” • Drama em 5 atos • Diálogo evidente com “As asas de um anjo”, de José de Alencar • Encenado no Ginásio Dramático no mesmo ano • Não foi à cena mais que três vezes, devido à intervenção da polícia, que proibiu sua encenação por julgá-lo imoral (inovação no tema prostituição) • Sem negar a visão burguesa em relação à não possibilidade de reabilitação da mulher decaída, admitia a ideia romântica de que, pelo menos na esfera do espírito, era possível à cortesã regenerar-se. E mais: reconhecia que a responsabilidade por sua degradação era menos dela que da própria sociedade
  • 26. maria angélica ribeiro • “O Onfalista” • Possível diálogo com “Onfália”, peça de Quintino Bocaiúva • Volta à temática da prostituição • “Gabriela” • Drama em 4 atos escrito “ao correr da pena” para o espetáculo em benefício da famosa Gabriela da Cunha. • Encenado pela companhia do Ginásio Dramático em 1863, sendo aplaudido pelo público e pela crítica. • Manifestações mais destacadas no “Jornal do Comércio”, assinadas por Visconti Coaraci e Machado de Assis, que sublinham a naturalidade dos diálogos e, sobretudo, a moralidade da peça, filiando-a implícita e explicitamente à estética realista francesa
  • 27. maria angélica ribeiro • Algumas obras: • “Guite ou A Feiticeira dos Desfiladeiros Negros” - 1855 • “O Anjo sem Asas” - 1858 • “Gabriela” - 1863 • “Cancros Sociais” - 1865 • “Um dia na opulência” - 1877 • “A Ressureição do Primo Basílio” - 1878 • “Opinião pública” - encenado em 1879 no Teatro São Luís
  • 28. maria angélica ribeiro • Peça mais conhecida: “Cancros Sociais” • Publicado em 1866 • Aplaudido pelo público e pela imprensa local – com várias críticas favoráveis em jornais, tornando seu nome conhecido e principalmente respeitado no ambiente teatral da época, como até então nenhum nome feminino o fora • Paralelamente à dramaturgia, traduzia textos teatrais
  • 29. maria angélica ribeiro • Desabafos de uma autora do séc. XIX - Prefácio de “Cancros Sociais” “As europeias sim, essas inteligentes e talentosas, podem estudar e escrever; poetar ou compor dramas e romances; podem satisfazer as ambições da sua alma, ter culto e conquistar renome.. Entre nós, não, que nada disso se pode dar! O que sai de lavra femininina, ou não presta ou é trabalho de homem. E nesta última suposição, vai uma ideia oculta e desonesta. E para que compraríamos, nós mulheres, a fama de sermos autoras de trabalhos que não fossem nossos, se com ela nada ganhamos, nem temos possibilidade de obter lugar ou emprego pelos nossos méritos literários? Valem-nos eles de coisa alguma? [...]” (RIBEIRO, 1886).
  • 31. josephina álvares de azevedo • Uma mulher misteriosa • Nascimento: Recife, Pernambuco. 05 de Maio de 1851 • Prima de Álvares de Azevedo • Professora e escritora - formação desconhecida • Mãe e esposa, mas não se sabe quantos filhos e quem era o marido
  • 32. josephina álvares de azevedo • Escrita militante • Obra jornalístico-literária produzida em torno dos direitos femininos a uma “educação sólida e desenvolvida”, • Narrativas (contos, artigos, esboços biográficos), versos, traduções e texto teatral com o objetivo primeiro de intervir na ordem social e política do seu tempo, contribuindo para criar condições mais justas e igualitárias para mulheres e homens • Discussões pelos direitos eleitorais das mulheres na Constituição brasileira de 1891 • Dramaturgia • Inspiração: teatro musicado • Textos musicais + drama burguês + comédia de costumes • Ruptura do clima doméstico-burguês • Contradição: novo lugar social reivindicado politicamente pelas mulheres x drama doméstico conteúdo novo x forma antiga
  • 33. jornal “a família” • 1888 - 1898 • Publicações ininterruptas do jornal até 1897, quando publica seu terceiro e último livro “Galleria Illustre (Mulheres Célebres)” • 1898 retoma “A Família”, com nova fase • Conteúdo • Série de artigos “O direito de voto” • Artigos de Opinião Pública • Tradução de textos franceses • Contos e poemas • Personalidades feministas
  • 34. josephina álvares de azevedo • 1878 - “O Voto Feminino” • Comédia de costumes encenada no Teatro Recreio Dramático, um dos mais populares do RJ à época • Aborda o conflito entre homens e mulheres sobre o direito feminino ao voto • Resistência masculina • Republicada no jornal “A Família” e sob forma de livro =(“A mulher moderna: trabalhos de propaganda”) • Objetivo: fortalecer a propaganda sufragista • Sucessão de 15 cenas do cotidiano doméstico da época - conjunto de discussões entre casais relacionadas ao voto das mulheres • Não se efetiva enquanto ação dramática - diálogo não faz passagem à ação • Criação de tipos sociais • 1890 - “Retalhos” • Reedição dos artigos “O direito de voto”, entre outros, em meio menos efêmero que o jornal
  • 35. josephina álvares de azevedo • Emancipação Feminina - Uma Tarefa de Vida “Eu não pretendo, qual Joana d’Arc, de uma cruzada santa, conduzir exércitos à vitória, desfraldando o estandarte aurifulgente da legítima e sagrada - Emancipação da Mulher - porque não tenho força nem talento para tanto; mas não deixarei jamais de pensar assim e dizer francamente aquilo que penso. Não interceptemos os raios do sol com a transparência de uma cambraia.” (A Família - Ano 1 - Nº 1)
  • 36. josephina álvares de azevedo • Recepção negativa dos homens: “O artigo da redação tem por epígrafe estas palavras de Victor Hugo: ‘Veneremos a mulher! Santifiquemo-la e glorifiquemola!’ Inteiramente de acordo, exma. senhora. Permita-nos, porém, que humildemente lhe digamos que a mulher para ser venerada, glorificada e, sobretudo santificada, não deve competir com o homem na ‘direção de estado’ e em muitas coisas mais, como V. Exc. sustenta.” (Da Província de São Paulo, sem Nº apud A Família, ano I, Nº 2)
  • 37. josephina álvares de azevedo • O Sufrágio Universal - O Voto Feminino “É chegado o momento de mostrares às nossas patrícias a sua importância na sociedade. (...) O direito de voto das mulheres é uma necessidade latente, de que há muito recente se não só o nosso, como muitos outros países.” (A Família, 06/07/1889)
  • 38. josephina álvares de azevedo • O Voto Feminino • A intenção de sensibilizar também a opinião pública, o mais amplamente possível, terá indicado à ativista o teatro musicado, de grande popularidade na época, como inspiração de um texto com uns poucos números musicais, incluídos numa forma misturada de drama burguês e comédia de costumes. • O híbrido deste formato revela-se já nas rubricas do cenário (“Sala em casa do Conselheiro Anastácio. Mobília rica. Decoração de luxo.”), indicadoras da atmosfera de drama burguês, a que se juntam o risível do marido rico avarento, o Conselheiro Anastácio, ocupado numa inusitada aferição de contas do armazém e, logo a seguir, a desenvoltura da esposa insubordinada, Sra. D. Inês, vinda à sala a seu chamado. Há, desde então, uma ruptura irremediável do clima doméstico-burguês. A esposa, em resposta à reclamação do
  • 39. josephina álvares de azevedo marido por ela não priorizar os afazeres da casa e se ocupar antes com a leitura das notícias do dia publicadas nos jornais, retruca-lhe, irreverente e imperiosa: “Naturalmente. E então queria o senhor que assim não fosse?”.
  • 40. júlia lopes de almeida
  • 41. júlia lopes de almeida • Rio de Janeiro, 1862-1934 • Defendia a educação feminina, o divórcio e a abolição da escravatura • Teatro, romance, contos, literatura infantil, crônicas e artigos • Foi presidenta honorária da Legião da Mulher Brasileira (1919); • Participou das reuniões de formação da Academia Brasileira de Letras, da qual ficou excluída por ser do sexo feminino
  • 42. júlia lopes de almeida • Peças: • “A Herança” (um ato) • “Quem Não Perdoa” (três atos) • “Nos Jardins de Saul” (um ato) • “Doidos de Amor” (um ato) • Escreveu para diversos jornais e revistas: • Gazeta de Campinas • A Semana • A Mensageira
  • 45. dramaturgas do séc. xx • Algumas dramaturgas importantes da época no Brasil: • Denise Stoklos - Irati, Paraná, 14 de julho de 1950. • Hilda Hilst - Jaú, 1930-2004. • Leila Assumpção - Botucatu, 1943
  • 47. denise stocklos • Irati, Paraná - 14 de Julho de 1950 • Começou a carreira como autora, diretora e atriz em 1968. • Trabalhou em diversas peças até 1977 • Londres • 1979 - Especializa-se em mímica e desenvolve seu primeiro solo: “Denise Stoklos” - One Woman Show” apresentado-o na Inglaterra e na França.
  • 48. denise stocklos • Retorna ao Brasil com este espetáculo apresentando-se e ensinando nas principais cidades brasileiras e coreografando • Peças • “Círculo na Lua, Lama na Rua” - 1968 • “A Semana” - 1969 • “Vejo o Sol” - 1970 • “Mar Doce Prisão” - 1971 • “Cadillac de Lata” - 1973 • “One Woman Show” - 1980 • “Elis Regina” - 1982 • “Habeas Corpus” - 1986 • “Denise Stocklos in Mary Stuart” - 1987 • “Hamlet em Irati” - 1988 • “Casa” - 1990 • “500 Anos - Um Fax de Denise Stocklos para Cristóvão Colombo” 1992 • “Amanhã Será Tarde e Depois de Amanhã nem Existe” - 1993 • “Des-Medéia” - 1994 • “Elogio” - 1995 • “Mais Pesado que o Ar / Santos Dumont” - 1996
  • 49. denise stocklos • “Desobediência Civil” - 1997 • “Vozes Dissonantes” - 1999 • “Louise Bourgeois - I do, I undo, I redo” - 2000 • “Calendário da Pedra” - 2001 • “Olhos Recém-Nascidos” - 2004 • “Cantadas” - 2007 • “Denise Stocklos em Teatro para Crianças” - 2007 • “Preferiria Não?” - 2011 • Em 2013 Denise Stocklos está com seu novo espetáculo solo “Carta ao Pai”, de Kafka, em comemoração aos 45 anos de Teatro Essencial.
  • 50. denise stocklos • Faço, Desfaço, Refaço • Louise Bourgeois • Companhia Denise Stocklos • Texto: Louise Bourgeois • Tradução, adaptação, direção e atuação: Denise Stocklos
  • 51. denise stocklos • Teatro Essencial “Onde apenas o vivo, a energia vital, a força de sobrevivência do humano se estabelecem como base do teatro. Uma idéia surgida da própria organicidade da sobrevivência sul americana onde a Sociedade-mãe e o Estado-pai abandonam o recém-nascido e só lhe prometem carência física, mental espiritual. A idéia de um teatro que carrega a resistência desse povo para a cena. Aquilo que o ator tem como instrumento: seu corpo, voz e pensamento seria tudo. Do corpo o espaco, o gesto, o movimento. Da voz a palavra, a sonoridade, o canto. Do pensamento a crítica, a dramaturgia, a organização dos elementos. Espetáculo feito na estrutura de monólogos, música e gestual. Peça de Teatro cuja leitura pode ser feita ao nível da imagem e ao nível do verbo, ambos muitas vezes complementandose ou até contradizendo-se. A meta é uma comunicação mais ampla com estímulos a uma nova organização perceptiva. A plataforma da
  • 52. denise stocklos representação está nos signos resultantes de ritmo/espaço e som calcados na agilidade da decodificação. Não há mais nada no palco do que não seja ambientação cênica exteriorizada da presença humana (nada decorativo). E dessa presença todos os momentos teatrais são articulados. Diversos generos, modalidades e tempos, são rotas para um percurso plástico em direção ao contexto apresentado: um poema sobre nossa natureza. A perspectiva é a realização técnica rigorosa e humorista. Ensaio teatral em que se pretende elevar ainda que sísifamente a pedra de confiança na auto-suficiência genuína do ser humano. A certeza serena e obstinada de que apenas o ato amoroso da valorização humana pode proporcionar ao criador de sua própria transformação, a chance. O lúcido encontro do real com o imaginário. Não só a lógica, não só o distanciamento, não só a defacetação. Mas uma chama revolucionária, ardente não apenas em câmera teatral onde o espetáculo ocorre, mas incendiária em todos os
  • 53. denise stocklos seus vazamentos. Que atice fogo nas outonais folhas mortas dos diários estéticos artificiais. Que queime o campo infértil, ocioso dos parâmetros. Que o “Teatro Essencial” possa fazer brotar, insurreto o fruto.” Denise Stoklos - Maio de 1988
  • 55. hilda hilst • Jaú, São Paulo. 1930 - 2004 • Filha de Apolônio de Almeida Prado Hilst • Poeta, ficcionista, cronista e dramaturga • Teatro como comunicação imediata • Já havia se mudado para a Casa do Sol quando começa a escrever teatro
  • 56. hilda hilst • Produziu oito peças entre 1967 e 1969, cujo tema central era a opressão do operariado, a busca pela liberdade e a censura. • O tema era significativo para o período logo após o golpe militar, que tinha como um dos objetivos impedir a revolta comunista e conter os movimentos de luta proletária • Após uma denúncia, militares invadem a casa da mãe de Hilda e queimam todos seus livros
  • 57. hilda hilst “Lobos? São muitos. Mas tu podes ainda A palavra na língua Aquietá-los. Lúcidos? São poucos. Mas se farão milhares Se à lucidez dos poucos Te juntares. Mortos? O mundo. Mas podes acordá-lo Sortilégio de vida Na palavra escrita. Raros? Teus preclaros amigos. E tu mesmo, raro. Se nas coisas que digo Acreditares.”
  • 58. hilda hilst • Obras para o Teatro: • “A Possessa” - 1967 • “O Rato no Muro” - 1967 • “O Visitante” - 1968 • “Auto da Barca de Camiri” - 1968 • “O Novo Sistema” - 1968 • “Aves da Noite” - 1968 • “O Verdugo” - 1969 (Prêmio Anchieta) • “A Morte de Patriarca” - 1969
  • 60. leilah assumpção • Botucatu, 1943 • 16 peças teatrais • 3 novelas • “Venha Ver o Sol na Estrada” - 1973 • “Revira Volta” - 1974 • “O Remate” - 1975 • A primeira minissérie brasileira • “Avenida Paulista” - 1982
  • 61. leilah assumpção • Peças: • “Fala baixo senão eu grito “ • “Roda cor de roda” • “Kuka de Kamaiorá” • “Seda pura e alfinetadas” • “Boca molhada de paixão calada” • “Lua nua” • “Cinco vezes comédia” • “Uiva e Vocifera” • “Vejo um vulto na janela me acudam que eu sou Donzela” • “O grande momento de Mariana Martins” • “Jorginho, o Machão” • “Amanhã” • “Amélia” • “De manhã” • “Intimidade indecente” • “Adorável Desgraçada”
  • 62. leilah assumpção • Procedimentos Dramatúrgicos Relação de um casal • Intimidade • Cordial / afeto / próximo • Roberta • Indecente • Desonesto / inconveniente / indecoroso • Mariano • E tudo ocorre como pede a rubrica: • “Sala de visitas de família de classe média alta.”
  • 63. leilah assumpção • No 1º Quadro: • Roberta se insinua para Mariano e ele continua lendo o jornal • No 2º quadro: A inversão. • Prazer, intimidade, desejo. • No 3º quadro: O encontro do chá. • Permanecem as dúvidas. • O 4º quadro: A Solidão. • MARIANO: Deveria apenas ter tido um caso com a Rejane, você com seu personal trainer e com a Léa, que eu detesto, nenhum contava nada pro outro, tudo passaria logo e teríamos continuado juntos e companheirinhos até hoje. • ROBERTA: Mas isso é o que faziam os nossos avôs!
  • 64. leilah assumpção • Uma Nova Mulher • O que se discute durante todo o texto são as mudanças comportamentais da sociedade e a relação de um casal em crise devido à longa convivência, ao interesse sexual e às alterações físicas e biológicas que o envelhecimento naturalmente acarreta. • Além de uma mulher que encara todas essas mudanças a partir de uma nova perspectiva, enquanto o homem se mantem no velho olhar.