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Casamento caipira

PERSONAGENS:

NOIVA: Chiquinha

MÃE DA NOIVA: Januária

PAI DA NOIVA: Chico Facão

NOIVO: Zé do Brejo

MÃE                   DO             NOIVO:   Benedita



PAI DO NOIVO: Bertoldo

PADRE: Romão

IRMÃ DO NOIVO: Mariquinha




CENÁRIO:

Enfeitado com bandeirolas e balões




FIGURINO:


Masculino:

Calça meia canela com remendos

no bolso

Camisa xadrez ou estampada
Paletó apertado

Lenço riscado no pescoço

Chapéu de palha

Sapatão

Pintura de costelas e cavanhaque

Feminino:

Vestido de Chita

Trança e fita no cabelo

Rouge no rosto

Pintinhas

Boca de coração




CHIQUINHA ENTRA COM A MÃE:

Mãe da noiva: Eu falei, Chiquinha, pro cê num piscá prece jacu. Prá piscá pra
argum rapaiz bunito da cidade. Agora que o seu pai viu, vai fazê ocê casá cum
esse bocó.

Noiva: Mais mãe, eu tava piscano pro rapais rico, mais o pai tava bêbo e achô
qui era pra esse jacu. E outra coisa, mãe, o moço bunito não tava nem aí cumigo.

CHEGA O PADRE:

Padre: Bem, quero fazê logo este casamento, onde é qui tão us noivo?

Mãe da noiva: Padre Romão, espera um bocadinho que meu marido foi buscá
aquele cachorro sarnento do Zé do Brejo nu buteco do seu Janjão.
CHEGAM OS NOIVOS E O PAI DA NOIVA DISCUTINDO:

Noivo: Óia aqui seu Chico Facão, já falei mais de mir veiz: Eu num vô casá ca
Chiquinha não. Num tô perparado. E o capado onda num ingordô.

Pai da noiva: Ceis vão casá sim, já tem tudo pronto, num mandei ocê piscá pra
minha fia, que que é uma moça di respeito.

Noivo: Mas eu num pisquei pra sua fia. É que ela tava mexeno muito co zóio e
eu fui ajudá ela tirá o cisco qui entrô. Num é memo Chiquinha?

Noiva: O que?Ocê pára di bestera, Zé do Brejo, óia lá o qui vai faláÓia lá heim!

Pai da noiva: (Junta o noivo pelo braço) Fala qui num vai casá, Zá do Brejo,
fala!

Mãe do noivo: Chico Facão, larga meu fio, qui eu criei ele tão bem pra casá
com essa feiosa qui nem lava os pé pra durmi.

Noiva: É Mintira, é mintira. A sinhora, dono Binita, tá levantano farso di mim.

Mãe do noivo: Sua galinha d’angola da cara pintadinha. Assanhada! Regatera!
Não é verdade Mariquinha

Irmã do noivo (Mariquinha): É isso memo mãe, não deixe barato, Ela só
que a herança dele. Sua zóio arregalado!

Noiva: É mintira pessoar. Ele não têm dinheiro nenhum e além di tudu, é
muito feio. Parece um galo di briga arrepiado!

A NOIVA CHORA:

Irmã do noivo: Fica queta minina, que feia é ocê e a sua famia intera.

Mãe da noiva: Sua vaca, ocê tá falano mar da minha princesa?

Pai da noiva: (BATE PALMAS E DIZ) Vamo acabá logo cum essa baruiera e
casá os dois!
Padre: Vamo começá o casamento logo, qui eu tenho qui eu tô cum fome.
Silêncio pessoar!

Noiva: (PÕE AS MÃOS PARA O CÉU E AGRADECE) Até qui enfim
vô disincaiá. Qui belezura! Brigado, Santo Antonho!

Padre: Zé do Brejo, oce aceita casá com Chiquinha?

Noivo: É, num tem outro jeito memo. Então eu caso.

Padre: E ocê Chiquinha, aceita casá co seu Zé do Brejo?

Noiva: Craro, eu num sô troxa,

Pai da Noiva: Casa esses dois logo, Padre Romão, antes que o
noivo fuja!

Padre: Então ceis tão casados!

Noivo e Noiva: Amém seu Padre!



TODOS SE ORGANIZAM: NOIVOS JUNTOS. CADA PAI E
MÃE PERTO DE SEUS FILHOS E AS IRMÃS PERTO DOS
PAIS.

Mãe da noiva: É bão ocê num passá perto do meu marido di novo, sinão eu vô
te batê. Sua regatera!

Mãe do noivo: Não. Capais qui eu vô querê esse home feio i fidido! Chega meu
fio qui vai casá cum essa feiosa!

A NOIVA CHORA:

Mãe da noiva: Não chora não! Despois eu insino pro ocê como é que se induca
uma sogra!
Padre: (Irritado) Fiquem quietas, vamo fazê logo esse casamento. Dona
Chiquinha, aceita Seu Zé do Brejo como seu marido, na alegria e na tristeza, na
saúde e na doença, até que a morte leve argum dos dois pro sumitério?

Noiva: (sorridente) É craro qui sim, seu padre...

O NOIVO SE AFASTA COM MEDO.

Padre: Senhor Zé do Brejo, aceita dona Chiquinha como sua esposa, na alegria
e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte leve argum dos dois pro
sumitério?

O NOIVO OLHA O PAI DA NOIVA, ELE ARREGALA OS
OLHOS AMEAÇANDO-O, A SEGUIR, O NOIVO OLHA
PARA A MÃE DA NOIVA. ELA PÕE A MÃO NA CINTURA E
BATE O PÉ.

Noivo: Sim, seu Padre. ë com todo o gosto

Padre: Intão não tem mais jeito, ocêis já Estão casado! I nada di
beijá a noiva, pra módi não escandalizá ninguém!



A MÃE DA NOIVA DESMAIA.

O PAI DA NOIVA SOCORRE.

Pai da noiva: Januária. Ô meu Deus, será qui ela vai morrê bem agora?

A MÃE DA NOIVA SE LEVANTA SE ABANANDO.

Mãe da noiva: Ai, qui calor! (abana-se com as mãos )

Mãe do noivo: Num tô gostano disso!

Irmã do noivo: Liga não, mãe, é frescura dessa véia. Ela tá é quereno tomá
meu marido!
Mãe do noivo: (Puxa o marido pelo braço) Pára di oiá pra ela, seu véio
assanhado!

OS NOIVOS SE ABRANÇAM E CONVIDAM O POVO PARA
A FESTANÇA.

Noivo: E agora, pessoar, Vamos pras festança. Todo mundo
dançano.

Noiva: Viva Santo Antonho! (três vezes)

TODOS: Viva

TODOS EM PAR COMEÇAM A DANÇAR. (O padre dança com a
irmã do noivo)
Personagens: Padre, Coroinha, Noiva, Noivo, Delegado, Ajudantes do
delegado, Pais da noiva e Padrinhos.
Cenário: representação de um altar de Igreja ou capela.



O enredo do casamento caipira é o seguinte, com algumas variações:
A noiva fica grávida antes do casamento e seus pais obrigam o noivo
a se casar com ela. Este tenta fugir, daí a necessidade do pai pedir a
interferência do delegado e seus soldados. Depois, é só comemorar o
casamento              através               da           quadrilha."
O padre encontra-se no altar e anuncia a chegada da noiva, que
entra com o pai e vai até o "altar", onde se encontra o padre
devidamente paramentado, seu coroinha e ainda os padrinhos e pais
dos                                                            noivos.
Os diálogos são carregados com bastante sotaque do interior:


PADRE - A noiva tá chegano! Vamo batê parma pr'ela, pessoar!!!
- Cadê o noivo ??? - diz o padre.
NOIVA - Ai mãe, ele num vem, acho que vou dismaiá... (e, simulando um
desmaio, é acudida pela mãe e madrinha)
- Pai da noiva faz um sinal p/ o delegado, cochicha com ele e...
DELEGADO - Pera aí seu padre; eu já vô buscá ele. ( e sai acompanhado por
dois ajudantes, armados de espingarda e cassetetes)
Entra o noivo encurralado pelo delegado, que permanece no altar, grande
parte da cerimônia, atrás do noivo, para que ele não fuja.

PADRE - Bão, vamo começá logo esse casório. ( e, dirigindo-se para a noiva:)
- Ocê, Ciquinha Dengosa, promete, de coração, prá marido toda vida, o
Pedrinho Foguetão?
NOIVA - Mas que pregunta isquisita seu vigário faz prá mim ; eu vim aqui mais
o Pedrinho num foi prá dizê que sim???
PADRE - (dirigindo-se ao noivo) E ocê Pedrinho, que me olha assim tão prosa,
qué mesmo prá sua esposa a Sinhá Chiquinha Dengosa?
NOIVO - Num havia de querê, num é essa minha opinião mas, se não caso com
a Chiquinha , vô direto pro caixão... ( diz isso virando para o delegado, que está
de punho da espingarda)
PADRE - Então, em nome do cravo e do manjericão, caso a Chiquinha Dengosa
com o Pedrinho Foguetão!
- E Viva os noivos!
CONVIDADOS - VIVA!!! (conforme os noivos passam pelos convidados, pode-
se jogar arroz)
PADRE - E vamo pro Baile, pessoar!!! Com os convidados já devidamente
formados, tem início a quadrilha - grande baile do casamento.

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Casamento caipira

  • 1. Casamento caipira PERSONAGENS: NOIVA: Chiquinha MÃE DA NOIVA: Januária PAI DA NOIVA: Chico Facão NOIVO: Zé do Brejo MÃE DO NOIVO: Benedita PAI DO NOIVO: Bertoldo PADRE: Romão IRMÃ DO NOIVO: Mariquinha CENÁRIO: Enfeitado com bandeirolas e balões FIGURINO: Masculino: Calça meia canela com remendos no bolso Camisa xadrez ou estampada
  • 2. Paletó apertado Lenço riscado no pescoço Chapéu de palha Sapatão Pintura de costelas e cavanhaque Feminino: Vestido de Chita Trança e fita no cabelo Rouge no rosto Pintinhas Boca de coração CHIQUINHA ENTRA COM A MÃE: Mãe da noiva: Eu falei, Chiquinha, pro cê num piscá prece jacu. Prá piscá pra argum rapaiz bunito da cidade. Agora que o seu pai viu, vai fazê ocê casá cum esse bocó. Noiva: Mais mãe, eu tava piscano pro rapais rico, mais o pai tava bêbo e achô qui era pra esse jacu. E outra coisa, mãe, o moço bunito não tava nem aí cumigo. CHEGA O PADRE: Padre: Bem, quero fazê logo este casamento, onde é qui tão us noivo? Mãe da noiva: Padre Romão, espera um bocadinho que meu marido foi buscá aquele cachorro sarnento do Zé do Brejo nu buteco do seu Janjão.
  • 3. CHEGAM OS NOIVOS E O PAI DA NOIVA DISCUTINDO: Noivo: Óia aqui seu Chico Facão, já falei mais de mir veiz: Eu num vô casá ca Chiquinha não. Num tô perparado. E o capado onda num ingordô. Pai da noiva: Ceis vão casá sim, já tem tudo pronto, num mandei ocê piscá pra minha fia, que que é uma moça di respeito. Noivo: Mas eu num pisquei pra sua fia. É que ela tava mexeno muito co zóio e eu fui ajudá ela tirá o cisco qui entrô. Num é memo Chiquinha? Noiva: O que?Ocê pára di bestera, Zé do Brejo, óia lá o qui vai faláÓia lá heim! Pai da noiva: (Junta o noivo pelo braço) Fala qui num vai casá, Zá do Brejo, fala! Mãe do noivo: Chico Facão, larga meu fio, qui eu criei ele tão bem pra casá com essa feiosa qui nem lava os pé pra durmi. Noiva: É Mintira, é mintira. A sinhora, dono Binita, tá levantano farso di mim. Mãe do noivo: Sua galinha d’angola da cara pintadinha. Assanhada! Regatera! Não é verdade Mariquinha Irmã do noivo (Mariquinha): É isso memo mãe, não deixe barato, Ela só que a herança dele. Sua zóio arregalado! Noiva: É mintira pessoar. Ele não têm dinheiro nenhum e além di tudu, é muito feio. Parece um galo di briga arrepiado! A NOIVA CHORA: Irmã do noivo: Fica queta minina, que feia é ocê e a sua famia intera. Mãe da noiva: Sua vaca, ocê tá falano mar da minha princesa? Pai da noiva: (BATE PALMAS E DIZ) Vamo acabá logo cum essa baruiera e casá os dois!
  • 4. Padre: Vamo começá o casamento logo, qui eu tenho qui eu tô cum fome. Silêncio pessoar! Noiva: (PÕE AS MÃOS PARA O CÉU E AGRADECE) Até qui enfim vô disincaiá. Qui belezura! Brigado, Santo Antonho! Padre: Zé do Brejo, oce aceita casá com Chiquinha? Noivo: É, num tem outro jeito memo. Então eu caso. Padre: E ocê Chiquinha, aceita casá co seu Zé do Brejo? Noiva: Craro, eu num sô troxa, Pai da Noiva: Casa esses dois logo, Padre Romão, antes que o noivo fuja! Padre: Então ceis tão casados! Noivo e Noiva: Amém seu Padre! TODOS SE ORGANIZAM: NOIVOS JUNTOS. CADA PAI E MÃE PERTO DE SEUS FILHOS E AS IRMÃS PERTO DOS PAIS. Mãe da noiva: É bão ocê num passá perto do meu marido di novo, sinão eu vô te batê. Sua regatera! Mãe do noivo: Não. Capais qui eu vô querê esse home feio i fidido! Chega meu fio qui vai casá cum essa feiosa! A NOIVA CHORA: Mãe da noiva: Não chora não! Despois eu insino pro ocê como é que se induca uma sogra!
  • 5. Padre: (Irritado) Fiquem quietas, vamo fazê logo esse casamento. Dona Chiquinha, aceita Seu Zé do Brejo como seu marido, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte leve argum dos dois pro sumitério? Noiva: (sorridente) É craro qui sim, seu padre... O NOIVO SE AFASTA COM MEDO. Padre: Senhor Zé do Brejo, aceita dona Chiquinha como sua esposa, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte leve argum dos dois pro sumitério? O NOIVO OLHA O PAI DA NOIVA, ELE ARREGALA OS OLHOS AMEAÇANDO-O, A SEGUIR, O NOIVO OLHA PARA A MÃE DA NOIVA. ELA PÕE A MÃO NA CINTURA E BATE O PÉ. Noivo: Sim, seu Padre. ë com todo o gosto Padre: Intão não tem mais jeito, ocêis já Estão casado! I nada di beijá a noiva, pra módi não escandalizá ninguém! A MÃE DA NOIVA DESMAIA. O PAI DA NOIVA SOCORRE. Pai da noiva: Januária. Ô meu Deus, será qui ela vai morrê bem agora? A MÃE DA NOIVA SE LEVANTA SE ABANANDO. Mãe da noiva: Ai, qui calor! (abana-se com as mãos ) Mãe do noivo: Num tô gostano disso! Irmã do noivo: Liga não, mãe, é frescura dessa véia. Ela tá é quereno tomá meu marido!
  • 6. Mãe do noivo: (Puxa o marido pelo braço) Pára di oiá pra ela, seu véio assanhado! OS NOIVOS SE ABRANÇAM E CONVIDAM O POVO PARA A FESTANÇA. Noivo: E agora, pessoar, Vamos pras festança. Todo mundo dançano. Noiva: Viva Santo Antonho! (três vezes) TODOS: Viva TODOS EM PAR COMEÇAM A DANÇAR. (O padre dança com a irmã do noivo)
  • 7. Personagens: Padre, Coroinha, Noiva, Noivo, Delegado, Ajudantes do delegado, Pais da noiva e Padrinhos. Cenário: representação de um altar de Igreja ou capela. O enredo do casamento caipira é o seguinte, com algumas variações: A noiva fica grávida antes do casamento e seus pais obrigam o noivo a se casar com ela. Este tenta fugir, daí a necessidade do pai pedir a interferência do delegado e seus soldados. Depois, é só comemorar o casamento através da quadrilha." O padre encontra-se no altar e anuncia a chegada da noiva, que entra com o pai e vai até o "altar", onde se encontra o padre devidamente paramentado, seu coroinha e ainda os padrinhos e pais dos noivos. Os diálogos são carregados com bastante sotaque do interior: PADRE - A noiva tá chegano! Vamo batê parma pr'ela, pessoar!!! - Cadê o noivo ??? - diz o padre. NOIVA - Ai mãe, ele num vem, acho que vou dismaiá... (e, simulando um desmaio, é acudida pela mãe e madrinha) - Pai da noiva faz um sinal p/ o delegado, cochicha com ele e... DELEGADO - Pera aí seu padre; eu já vô buscá ele. ( e sai acompanhado por dois ajudantes, armados de espingarda e cassetetes) Entra o noivo encurralado pelo delegado, que permanece no altar, grande parte da cerimônia, atrás do noivo, para que ele não fuja. PADRE - Bão, vamo começá logo esse casório. ( e, dirigindo-se para a noiva:) - Ocê, Ciquinha Dengosa, promete, de coração, prá marido toda vida, o Pedrinho Foguetão? NOIVA - Mas que pregunta isquisita seu vigário faz prá mim ; eu vim aqui mais o Pedrinho num foi prá dizê que sim??? PADRE - (dirigindo-se ao noivo) E ocê Pedrinho, que me olha assim tão prosa, qué mesmo prá sua esposa a Sinhá Chiquinha Dengosa? NOIVO - Num havia de querê, num é essa minha opinião mas, se não caso com a Chiquinha , vô direto pro caixão... ( diz isso virando para o delegado, que está de punho da espingarda)
  • 8. PADRE - Então, em nome do cravo e do manjericão, caso a Chiquinha Dengosa com o Pedrinho Foguetão! - E Viva os noivos! CONVIDADOS - VIVA!!! (conforme os noivos passam pelos convidados, pode- se jogar arroz) PADRE - E vamo pro Baile, pessoar!!! Com os convidados já devidamente formados, tem início a quadrilha - grande baile do casamento.