O Haiti foi a primeira nação da América Latina a se tornar independente em 1804, após uma revolta de escravos liderada por Toussaint L'Ouverture. A independência trouxe consequências negativas como dívidas com outros países e crises econômicas. Ao longo do século XIX e início do XX, o Haiti sofreu com ditaduras e invasões estrangeiras que atrasaram seu desenvolvimento.
8. • O Haiti faz parte de uma das ilhas do Caribe,
que junto com Cuba foi o primeiro ponto da
invasão européia na América, importante
entreposto na viagem entre a costa da
América Espanhola e a Europa. Depois, sob
administração francesa, seria responsável por
mais de 70% da produção de açúcar
consumido na Europa e de mais de 60% do
café. Em seu solo produziam também cacau e
algodão para a metrópole.
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12. • Conhecido no período colonial pela riqueza
que proporcionava à França, o Haiti seria
apelidado de "Pérola da Antilhas". Devido à
brutal exploração que sofriam os escravos e
sob influência dos ideais de liberdade e
igualdade propagados durante a Revolução
Francesa, ocorre uma revolta de escravos
liderada por Toussaint L’Overture, que levaria
à primeira independência na América Latina,
em 1804.
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15. • O Haiti foi o primeiro país da América Latina a
se tornar independente. Chamada de colônia
Saint Domingue, o país era o maior produtor
de açúcar do mundo e o principal exportador
de café para a Europa.
16. • Sua população era de aproximadamente 500
mil habitantes: 35 mil brancos, 30 mil mulatos
livres e mais de 430 mil escravos negros
oriundos da África Ocidental.
• Percebendo que estavam em maioria, os
escravos negros formaram uma rebelião
liderada por Toussaint L’Overture e pelo líder
religioso Dutty Boukman para se livrar do
domínio da França.
18. • Em 1791, L’Overture instigou os escravos a
massacrarem a população branca, que cada
vez mais restringia a liberdade de seus
escravos com políticas racistas. As tropas
francesas continuaram resistindo por um bom
tempo, chegando a receber apoio de exércitos
ingleses e espanhóis, mas logo foram
derrotadas pelos escravos.
24. • L’Overture chegou a assumir o governo de
Saint Domingue em 1801, mas acabou sendo
aprisionado pelas tropas de Napoleão
Bonaparte. Morreu em péssimas condições
dois anos depois, em Paris.
25. • Porém, os escravos continuaram
demonstrando força e resistência perante os
franceses. Em 1804, o ex-escravo Jean-
Jacques Dessalines formou uma nova frente
de negros escravos e assumiu o Império da
ilha, que passou a se chamar Haiti – nome
dado pelas primeiras populações indígenas de
São Domingos, que significa “a terra das
montanhas”.
28. • Apesar da longa batalha, as consequências
da independência do Haiti foram muito
negativas. Livres da França, os países que
mantinham relações comerciais com a ilha
ficaram com medo de que esse ato de rebelião
se expandisse para as colônias americanas e
acabaram não cumprindo os pactos comerciais
que tinham combinado antes.
29. • Além de ter de pagar uma quantia absurda de
indenização para a França, o Haiti sofreu uma
grave crise econômica, principalmente após a
morte de Dessalines, em 1806. O país chegou
a ser dividido em dois regimes, um
monárquico e outro republicano. Somente em
1820 os territórios foram reunificados por
Jean Boyer, que adotou o sistema
republicano.
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31. • Após a independência e ao longo de todo o
século XIX, o Haiti aumentou a exploração de
suas riquezas, mas esse processo lhe custou
um grande endividamento externo,
especialmente com capitais norte-americanos.
32. • Essa dependência cresceu até o momento em
que os EUA, alegando que o Haiti não estava
cumprindo dos contratos, invadiram o Haiti
em 1915 e o transformaram em uma colônia
até o ano de 1934. Era o Big Stick funcionando
a todo vapor na América Latina.
39. • Depois de 1934, a influência norte-americana
continuava forte, apesar de suas tropas terem
saído do país. Em 1957, o Haiti teve as suas
primeiras eleições livres e o médico sanitarista
François Duvalier foi eleito.
41. • Querido pelo povo haitiano por sua luta contra
a malária, um mal que assolava o país, Duvalier
foi apelidado de Papa Doc, ou seja, Papai
Médico.
• Mas o encanto durou pouco: o “papai médico”
logo mostrou sua face de monstro e passou a
implantar uma ditadura ferrenha que
perseguia, torturava e matava opositores e
proibia partidos políticos de oposição.
42. • Em 1961 Papa-Doc se reelegeu usando
corrupção e fraudes e em 1964 proclamou-se
presidente vitalício. Para conseguir tudo isso,
montou um verdadeiro batalhão do terror:
os tontons-macoutes (uma tropa leal a ele);
para o povo haitiano os tontons-macoutes
eram um tipo de bicho-papão.
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46. • O saldo dessa fase, que durou até 1971, foi de
aproximadamente 30 mil mortos, 15 mil
desaparecidos e uma enorme dívida externa.
Mas quem pensava que o pesadelo chamado
Papa Doc tinha terminado enganou-se. Em seu
lugar, acabou assumindo seu filho, Baby Doc,
que continuou com a mesma política
devastadora em todos os sentidos tanto
econômica quanto socialmente.
48. • Na fase Baby Doc (1971-1986), meio milhão
de haitianos fugiram para países vizinhos
como Cuba, República Dominicana e também
para os EUA.
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50. • Quando seu pai morreu em 1971, Baby Doc
tinha 19 anos de idade foi consagrado
presidente vitalício do Haiti, o presidente mais
jovem do mundo. Inexperiente e
irresponsável, a princípio a presidência na
realidade foi exercida por sua mãe, Simone
Ovide Duvalier, sua irmã mais velha Marie-
Denise Duvalier,
51. • e um comitê conduzido por Luckner Cambron,
o Ministro do Interior de Papa Doc. Baby Doc
só aparecia nos cerimoniais e vivia como um
playboy. A população se revoltou e a
repressão política ficou muito mais forte.
52. • O rigor da repressão, o aumento da corrupção
e, o descontentamento crescente da
comunidade de negócios e de outros setores
do país com o governo, desestabilizaram
irreversivelmente seu governo. Pressões
internacionais obrigaram Baby Doc a adotar
medidas aparentemente democratizantes,
como a liberação de presos políticos.
53. • Durante sua visita (1983), o Papa João Paulo
II viu tanta miséria que declarou: - Algo deve
se modificar aqui!
54. • Uma revolta organizada começou nas
províncias em 1985 e a cidade de Gonaïves foi
primeira a perder o controle do governo
central. Até o final daquele ano mais outras
seis cidades, estavam sob o controle dos
rebeldes e no início de 1986 os rebeldes
tomaram Les Cayes.
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58. • A repressão militar ficou mais violenta, mas
não conseguiu retomar o controle da situação
e os governos internacionais, inclusive dos
Estados Unidos comandados por Ronald
Reagan, começaram a pressionar os Duvalier,
pedindo sua renúncia e deixar o Haiti.
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60. • Jean-Claude Duvalier fugiu com família e
seguidores mais próximos, no dia 07 de
fevereiro em um avião de Força Aérea de
Estados Unidos, direto para Paris, França, país
colonizador do Haiti, e que lhe deu asilo, onde
passou a viver com sua esposa e os dois filhos.
64. • Entre 1985 e 1990, o Haiti procurou estabilizar
sua situação política, mas uma sucessão de
golpes militares impediu qualquer
organização. Em 1990, Jean Bertrand Aristide
foi eleito para governar o país, assumindo o
cargo em fevereiro de 1991.
66. • Sacerdote defensor da Teologia da Libertação,
Aristide estabeleceu como eixos de seu
governo o combate à corrupção e ao
narcotráfico e a luta contra a pobreza. Mas,
em poucos meses, seu governo sofreu um
golpe, liderado pelo general Raoul Cedras.
68. • Aristide só conseguiu retornar ao poder em
1993, depois de muita negociação com o
ditador Raul Cedras intermediadas pela OEA e
pela ONU. Os EUA lideraram um embargo
comercial ao Haiti que acabou por
desestruturar a economia do país,
favorecendo o clima para golpes militares e a
permanência de regimes de terror como
69. • aquele conhecido no período da família
Duvalier (Papa-Doc e Baby-Doc). Jean
Bertrand Aristide foi novamente eleito pela
população haitiana em 2001 para um
mandato de cinco anos, até 2006; mas sem o
apoio da comunidade internacional, sofreu
enorme pressão para renunciar.
70. • O Haiti dos golpes militares se vê novamente
sob a iminência de um governo de rebeldes
armados, sem projeto para o país e respeito
às leis vigentes e que ainda acredita que a
força das armas é o melhor caminho.
Definitivamente, os valores democráticos
ainda estão longe da sociedade haitiana.
87. Reconstruindo ainda melhor do
que antes:
• O chefe da Unidade de Gênero e Direitos do
UNICEF, Dan Seymour, observou que as
consequências de um terremoto dessa
magnitude – embora sérias – provavelmente
teriam sido muito menos devastadoras num
país mais desenvolvido.
88. • “Então a questão não é um terremoto”, disse
Seymour. “É o cruzamento, a interação entre
o terremoto e a situação no Haiti, um país
pobre com uma limitadíssima capacidade de
cuidar de suas crianças mesmo no melhor dos
tempos.”
93. • “Mesmo antes do terremoto, o sistema de
saúde era relativamente fraco e a cobertura
vacinal não era adequada”, disse a Chefe de
Saúde Materna, do Recém-nascido e da
Criança do UNICEF, Renee Van de Weerdt. “Os
indicadores de desnutrição eram altos”,
acrescentou Van de Weerdt. “Nós sabemos
que temos de lidar com uma população muito
vulnerável.”