Este documento descreve o trabalho realizado por Nízia Costa para o seu Projeto de Investigação Literária (P.I.L.). Nízia fala sobre seus objetivos de ler obras literárias e melhorar suas habilidades de escrita. Ela inclui poemas que escreveu e histórias que criou.
2. Lembro-me de começar a minha primeira introduç
do P.I.L. por dizer que a maioria dos livros que se
encontram á venda não me chamam á atenção e p
mais estranho que isto possa parecer, a leitura de
cinco obras não mudou em nada o meu ponto de v
sobre o assunto.
Este ano está a ser novamente um grande desafio
mas felizmente devido á experiência adquirida no a
passado este ano sinto-me mais preparada.
Ao longo do P.I.L. vão estar expostos a minha cria
dade e o meu gosto pela escrita.
Os meus principais objectivos são ler todas as de
obras e poder constatar uma melhoria geral em
relação ao ano passado.
INTRODUÇÃO
4. Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...
POEMA ESCOLHIDO
5. No mundo sou só mais uma pétala de uma f
Uma espécie no meio de muitas
Uma brisa passageira num dia de calor
A dor é minha amiga pois nunca me deixa só
E tal como a minha alma, a minha simples a
Que o meu amor amou, também a luz me ab
Vagueio sem rumo neste sitio a que chamam
Na esperança de me sentir viva outra vez
Nem que seja por um segundo
CRIAÇÃO DE UM POEMA
6. Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se
endureceu
Numa linha severa e desenhada?
Como as estátuas, que são gente
nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra
dura,
que não tem coração dentro do
peito.
POEMA ESCOLHIDO
Chamo aos gritos por ti - não me respo
Beijo-te as mãos e o rosto - sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te esc
Por detrás do terror deste vazio.
Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulhe
Que nem a morte te afastou de mim!
7. -Lembras-te de quando eu te levei ao
zoo pela primeira vez? Estavas tão
contente que nem querias ir embora.-
disse a minha mãe durante a nossa
última conversa.
O rosto da minha mãezinha de tão
velinho que estava já não lhe permitia
sorrir pois as dobras do seu sorriso
misturavam-se com as suas rugas.
Foi um dia triste, dia esse em que ela
tentou atenuar a minha dor contando-
me histórias de quando eu era criança.
Mal ela sabia de que agora também
elas ficaram para me assombrar
juntamente com o vazio que ficou
dentro de mim quando ela me
abandonou.
Naquela cama de hospital eu não via
a minha mãe e sim algo que se
CRIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA
8. Por mais que ela tentasse, nenhuma
história foi capaz de me adverter do
facto de que passado algumas horas,
dias ou até semanas ela já não estaria
comigo.
Tentei ficar distante e manter uma
postura de indiferença mas de tão
distante que estava acabei por me
aproximar. Falhei?Sim, falhei. Não
consegui fazer com que o seu
desaparecimento deste mundo fosse
uma coisa banal.
Quando ela deu o seu último suspiro
chorei. Chorei como nunca tinha
chorado antes. Mais uma vez quebrei
uma promessa que lhe tinha feito, a
promessa de viver como se nenhuma
tragédia tivesse acontecido.
Ela disse-me que estaria comigo
CRIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA
9. Cheguei a uma conclusão, uma
mãe também mente. Mente para
proteger, mente porque tem de ser
mas acima de tudo mente porque
sente que o tem de fazer para não
ver os que ama sofrer.
A minha mãe foi embora com um
ar contente mas sei que no fundo
ela sofreu e foi quando lhe fechei
os olhos que o meu amor pelo
mundo morreu.
CRIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA
10. Felicidade, agarrei-te
Como um cão, pelo cachaço!
E, contigo, em mar de azeite
Afoguei-me, passo a passo...
Dei à minha alma a preguiça
Que o meu corpo não tivera.
E foi, assim, que, submissa,
Vi chegar a Primavera...
Quem a colher que a arrecade
(Há, nela, um segredo lento...)
Ó frágil felicidade!
— Palavra que leva o vento,
E, depois, como se a ideia
De, nos dedos, a ter tido
Bastasse, por fim, larguei-a,
Sem ficar arrependido...
ESCOLHA DE DOIS POEMAS
Miguel Torga, “Súplica”
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Pedro Homem de Mello, i
n "Eu Hei-de Voltar um Dia"
11. Ó frágil felicidade!
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Não perturbes a paz que me foi dada.
Dei à minha alma a preguiça
Que o meu corpo não tivera
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
E, contigo, em mar de azeite
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
JUNÇÃO DE DOIS POEMAS