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                            CIÊNCIAS SOCIAIS



Prof. Luiz Fernando


As Ciências Sociais têm seu início com a Revolução Industrial.
Revolução Industrial ---     1780 – 1860
Revolução Francesa ---       1789 – 1799


O capitalismo surge no período da Revolução Industrial.
O modo de produção que antecede ao capitalismo é o feudal.


A Revolução Francesa foi uma revolução política.




EDUCAR vem do latim EDUCARE ---            ação de conduzir para fora
E     DUC    AR(E)                          Processo de desenvolvimento
E     --- para fora                        da capacidade física, intelectual
DUC --- conduzir                           e moral da criança e do ser huma
ARE --- ação                               no em geral, visando à sua melhor
                                            Integração individual e social.


Conhecimento de um fenômeno:        Quem?
                                    Como?
                                    Quando?
                                    Onde?
                                    Por que?
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PATRIOTA ---      vínculos com a terra do pai.


Antes da Revolução Industrial (1780 – 1860) já existiam algumas indústrias.
Neste período de 60 anos, a indústria se expande pelo mundo.


Na Idade Média, existia uma visão da sociedade com base na MATEMÁTICA
SOCIAL. Tentava explicar o SUJEITO e o CONTEXTO CULTURAL.
Após a Revolução Industrial, já era reconhecida como CIÊNCIA SOCIAL.




INDIVÍDUO


Palavra de origem latina, significando o INDIVISÍVEL.
Em grego, átomo ( indivisível ).
É a menor porção de um coletivo chamado MASSA.




PESSOA


Vem do grego PERSONA --- A PERSONAGEM
PER / SONARE ---        O PERSONARE era um funil de máscara para orientar
o som.
A pessoa assume PERSONALIDADES DIFERENTES em função do ambiente
freqüentado. Há diversas formas de se apresentar de acordo com a situação.
Todos são indivíduos, porém, pessoas diferentes. São os FATORES
DIFERENCIAIS.
Pessoa é um indivíduo agregado com fatores diferenciais ( gosto, idéia,
valores, etc. ).


CIDADÃO


É a pessoa acrescida da participação na vida da comunidade (do coletivo).
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EXERCÍCIO


Extrair o conteúdo do texto lido pelo professor.




O indivíduo, ao nascer, é inserido numa determinada sociedade com sua
respectiva cultura. Passa a internalizar valores, assumir atitudes e desenvolver
comportamentos padronizados direcionados pela cultura. O indivíduo é
socializado, ou seja, inserido nos padrões da sociedade desde a infância até
se tornar um adulto.
As atitudes e comportamentos são aceitos de forma passiva e inconsciente.
O indivíduo é “acostumado” com o seu modo de ser, sem questioná-lo.
O desenvolvimento material da sociedade revela estilos de vida diferenciados,
alterando ou adicionando novos valores à cultura.
Somente uma reflexão, uma avaliação consciente da realidade em seus mais
amplos aspectos, nos permitiria reavaliar nosso estilo de vida, resgatando
valores   alijados   pelas   mudanças   próprias    da   vida   social   e   seus
condicionamentos.
Vivemos em uma sociedade ocidental que tem o consumismo como valor
central, limitando uma experiência mais rica em relação à imensidão de
possibilidades que a cultura humana oferece.
Temos a necessidade de criar e descobrir novos e antigos valores, escapando,
de forma consciente, das condicionantes rígidas e pré-estabelecidas.
Acostumar e aceitar, sem avaliação, sem reflexão, é conformar com uma
realidade que, certamente, necessita de correções e contínuo desenvolvimento
no sentido de seu aprimoramento.


ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL


É a diferenciação de indivíduos e grupos em STATUS ( posições ), STRATUS
ou CAMADAS mais ou menos duradouros e hierarquicamente sobrepostos.
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MAX WEBER


A diversificação ocorre em três dimensões da sociedade:


            Ordem política
            Ordem econômica
            Ordem social


SOROKIN


As formas concretas de estratificação apresentam-se independentes e, por
este motivo, podem ser reduzidas a três tipos fundamentais:


            Estratificação política
            Estratificação econômica
            Estratificação inter e intra-profissional


Estratificação inter-profissional --- Há uma integração de profissões para se
                                      desenvolver um trabalho.
Ex:   Para o aviador pilotar um avião comercial, são necessários comissários,
pessoal de limpeza, controlador de vôo, equipe de manutenção, etc., cada um
com sua importância relativa.




Estratificação intra-profissional --- Profissional     que   se   sobressai   numa
                                      determinada profissão.




DAVIS e MOORE


Indicam que os fatores determinantes da DISTRIBUIÇÃO das DIFERENTES
POSIÇÕES em uma sociedade são:
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               Importância para a sociedade ( função )
               Treinamento (experiência)
               Talento (vocação)




MELVIN J. TUMIN


Considera que a posição de qualquer indivíduo, grupo ou sociedade, em uma
hierarquia de posições desiguais, ocorre:


               Com relação a poder
               Propriedade
               Valorização social
               Satisfação psicológica




KINGSLEY DAVIS


O sistema de CASTAS compõe-se de um número muito grande de GRUPOS,
geralmente      hereditários,    geralmente    locais,    rigidamente      endogâmicos,
dispostos numa hierarquia de inferioridade e superioridade.
Estes grupos correspondem a diferenciações profissionais na maioria das
vezes,   são     impermeáveis       a   movimentos       da   mobilidade    social,   são
reconhecidos por lei e possuem fundamentação religiosa.


EX:   Os intocáveis na Índia são pessoas especiais e consideradas santas.


A endogamia é um parâmetro de manutenção da casta.
Há castas relacionadas a profissões.


Sub-castas ---      constituídas       por   elementos       expulsos      de   castas,
                     principalmente por motivo de sobrevivência ( fome ).
                     Ex:     Calé ( Índia )
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                         Os calés desenvolveram habilidades relativas ao
                         trabalho com pedras preciosas e tapeçaria.
                         Constituíram um dialeto denominado CALÓN.
                         Saíram da Índia em três grandes grupos para:
                         Rússia --- contato com Czares. Aprenderam Czards
                         Norte da África --- contato com Beduínos ( povos
                         errantes      do   deserto   ).   Os   beduínos   usavam
                         ALMOFADAS para se sentarem no deserto.
                         Os gaúchos herdaram a vestimenta dos beduínos.
                         Os beduínos extraíam o álcool de cereais para matar a
                         sede. Usavam o alambique.
                         Romênia --- foram apelidados TZI-GANI ( ladrões de
                         crianças )
                         Os calés ( 3 grupos ) se encontraram, posteriormente,
                         na Península Ibérica, na época da inquisição.
                         Calé --- gerou ralé
                         Tzi-gani --- em Portugal --- CI / GANO
                                      --- na Espanha --- ZIN / GARO


A canja é um alimento de origem cigana.
As mulheres ciganas costumam se casar após a 1ª menstruação.
A mulher e o marido levam dotes para o casamento.




ESTAMENTOS


HANZ FREYER


A sociedade estamental é uma fase determinada na história das formas sociais
de dominação e à medida que se afirma, distribui, segundo um esquema fixo,
parcelas desiguais de direitos e deveres.
Ex:   Faraós, Césares, Hitler, etc.
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Grupos estamentais ---          utilizam   a      HONRA    como    parâmetro       de
                                 relacionamento pessoal.
                                 Ex:    índios, indianos, orientais, etc.




SOROKIN


Os   estamentos    assemelham-se        a   grupos    que   lhes   são      superiores.
Apresentam-se, mais ou menos, organizados e no que diz respeito aos
inferiores,   constituem   uma      coletividade    semi-organizada,     parcialmente
hereditária e solidária, à medida que seus componentes estão ligados por
laços de direitos e obrigações, por privilégios e isenção do pagamento de
impostos, geralmente determinados pelo Estado ( poder ) e por ocupações e
funções econômicas semelhantes.




KARL MARX


O conceito de classe social nasce durante a revolução industrial.
A sociedade de classes é o produto de uma seqüência determinada de
mudanças históricas:
A DIVISÃO DO TRABALHO e o AUMENTO DO NÍVEL DE RIQUEZA são
acompanhados da EXPANSÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA.
Esse processo envolve a criação de um PRODUTO EXCEDENTE, apropriado
pela minoria de não produtores que, conseqüentemente, estabelece uma
relação de exploração frente à maioria de produtores.
Em cada tipo de sociedade de classes existem duas fundamentais, fazendo
com que a CLASSE seja definida segundo a RELAÇÃO de agrupamentos
individuais com os MEIOS DE PRODUÇÃO.
A DOMINAÇÃO ECONÔMICA está correlacionada com a DOMINAÇÃO
POLÍTICA, no sentido em que o controle dos meios de produção dá origem
(ou conduz) ao controle político.


MAX WEBER
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Weber estabeleceu três gêneros de divisão de classes, segundo as
PROPRIEDADES (posses), o MODO DE AQUISIÇÃO e o conjunto da SITUAÇÃO
SOCIAL específica dos membros de uma classe;


A – Classe Proprietária – aquela em que a situação de classe é determinada,
primeiramente, pelas diferenças relacionadas à propriedade;


B – Classe Lucrativa – aquela em que a situação de classe é determinada, de
modo primário, pelas possibilidades de valorização no mercado de bens e
serviços;


C – Classe Social – fundamentada no conjunto de situações de classe.
Os diversos tipos de qualificação, de preparo técnico e de instrução
representam “situações de classe”.


SOROKIN


A CLASSE pode ser considerada como certo tipo semelhante a grupo,
legalmente aberto, mas de fato semi-fechada, normal no sentido de que sua
posição é orientada pelo GÊNERO DE TRABALHO REALIZADO, baseada em
solidariedade, antagônica a outras classes, semi-organizada, parcialmente
consciente de sua existência e unidade, característica das sociedades dos
séculos XVIII, XIX e XX, multi-vinculada e unida por dois vínculos específicos:
o OCUPACIONAL e o ECONÔMICO.




GEORGES GURVITCH


As classes são agrupamentos de fato e à distância, com características de
SUPRA-FUNCIONALIDADE          e   INCOMPATIBILIDADE        radical   entre    si,
apresentando resistência à penetração pela sociedade global, com tendência à
estruturação intensa, mas, por serem supra-funcionais, permanecem sempre
INORGANIZADAS.
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FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Se até a década de 50 o Brasil apresentava três classes sociais claramente
delimitadas ( a alta, a média e a baixa ), hoje ( 1972 ) estas se diferenciaram,
originando as seguintes:
Classe alta tradicional, nova classe rica ( emergentes ), classe média alta,
classe média média, classe média baixa, classe baixa alta e classe baixa baixa.




A sociedade atual, uma sociedade de classes, é constituída, basicamente, por
duas classes sociais; a classe proprietária dos meios de produção e a classe
dos trabalhadores que vendem sua força de trabalho.
Os trabalhadores que não conseguem se colocar no mercado de trabalho e
não tendo recursos para a sobrevivência, constituem um contingente ou grupo
de excluídos. São excluídos porque estão à margem do processo produtivo e
por isso, não constituem uma classe social.
A estruturação de uma classe social se fundamenta em sua relação com o
processo produtivo.
Os trabalhadores vendem para os capitalistas, proprietários dos meios de
produção, sua força de trabalho, que também é uma mercadoria.
O conceito de “classe lucrativa” é, na realidade, o conceito de classe
trabalhadora, aquela desprovida dos meios de produção e por esta razão, só
pode sobreviver vendendo uma mercadoria, a sua força de trabalho,
recebendo em troca, um salário de sobrevivência.
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MOBILIDADE SOCIAL


Espaço social é o universo constituído pela população humana.


A posição de um indivíduo, grupo ou fenômeno social é passível de
localização no espaço social através das relações que mantêm com outro
homem, grupo ou fenômeno social, relacionado como ponto de referência.


Por MOBILIDADE SOCIAL entende-se toda passagem, de um indivíduo ou de
um grupo, de uma posição social para outra dentro de uma constelação de
grupos ou estratos sociais.


Por MOBILIDADE CULTURAL compreende-se o deslocamento similar de
normas, significados, valores ou veículos.


A PASSAGEM de um grupo social para outro, situado no mesmo nível ou
estrato, é HORIZONTAL.
Quando        em   nível   ou   estrato   diferente,   é   VERTICAL,   podendo   ser
ASCENDENTE ou DESCENDENTE, tanto de indivíduos e grupos ( mobilidade
social ) quanto de significados, normas, valores ou veículos ( mobilidade
cultural ).




MUDANÇA SOCIAL


É toda transformação observada no tempo que afeta, de maneira que não seja
provisória ou efêmera, a estrutura ou o funcionamento da organização social
de uma coletividade e altera o curso de sua história.
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Fatores determinantes da mudança social:


1 - Fatores Geográficos


São certos cataclismos naturais.




2 - Fatores Biológicos:


            Miscigenação de grupos étnicos
            Elevação da taxa de mortalidade
            Rápido crescimento de uma população
            Epidemias




3 - Fatores Sociais


            Guerras
            Invasões e conquistas
            Lutas de classes e revoluções




4 - Fatores Culturais:


            Descobertas científicas
            Invenções técnicas
            Desenvolvimento de aspectos intelectuais




Os problemas sociais são problemas de relações humanas que ameaçam,
seriamente, a própria sociedade ou impedem as aspirações importantes de
muitas pessoas.
Existem quando a capacidade de uma sociedade organizada, para ordenar as
relações entre as pessoas, parece estar falhando.
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A DESORGANIZAÇÃO SOCIAL aparece em três níveis:


            Nível do indivíduo
            Nível da família
            Nível da comunidade




MOVIMENTOS SOCIAIS


Têm origem numa parcela da sociedade global com característica de maior ou
menor organização e certo grau de continuidade.


Derivam da insatisfação e / ou das contradições existentes na ordem
estabelecida.


Têm caráter, predominantemente, urbano, vinculados a determinado contexto
histórico e são, ou de transformação, ou de manutenção do STATUS QUO.


Status quo ---     status relativo aos demais
                    Quando um status muda, seu status quo também muda.




TIPOS de movimentos sociais:


1 – Movimentos migratórios


Sua característica principal é o acentuado descontentamento com a situação
na sociedade de origem, o que determina a tomada de decisão de se transferir
para outro local.
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Dinâmica de grupo --- 30/03


Ler CAP 1 referente à CULTURA
HUIZINGA, Johan. Homo ludens. São Paulo: Perspectiva, 2004.


HUIZINGA


Fez um estudo sobre o jogo, definindo três momentos:


1 – Expectativa   ---    momento que antecede ao jogo.
2 – Tensão        ---    busca do objetivo durante o jogo.
3 – Relaxamento ---      acontece após o jogo, seja qual for o resultado.


TIPOS de movimentos sociais: ( continuação )


2 – Movimentos progressistas


Atuam em um segmento da sociedade, tentando exercer influência nas
instituições e organizações da mesma.
São também chamados LIBERAIS, desejando a introdução de mudanças
consideradas positivas.
Ex:   movimentos sindicais


Fases do movimento sindical:          Ofício
                                      Indústria
                                      Oposição
                                      Minorias militantes
                                      Massa
                                      Controle
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A partir da década de 30, os sindicatos começam a se organizar no Brasil.


Sindicalismo de Ofício ---     caracterizado      pelo    forte    exclusivismo
                                profissional.


Sindicalismo de Indústria --- enquadra         pessoas    qualificadas,   semi-
                                qualificadas e não qualificadas.


Sindicalismo de Oposição ---          é, unicamente, fabril.


Sindicalismo das Minorias Militantes --- quando uma pequena parcela é
                                sindicalizada, organizada e mais consciente.


Sindicalismo de Massa ---      atinge o patamar econômico em todo o país.


Sindicalismo de Controle --- caracterizado pela divisão das grandes centrais
                                sindicais.




3 – Movimentos conservacionistas ou de resistência


São uma tentativa de preservação da sociedade de mudanças.
Opõe-se, tanto às transformações propostas quanto às já realizadas, quando,
então, propugnam a volta à situação anterior.


Ex:   manifestações contra a legalização do aborto.
      manifestações contra o divórcio.
      alguns movimentos ecológicos




4 – Movimentos regressivos
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Também denominados REACIONÁRIOS.
Consistem numa tentativa de retornar às condições imperantes em um
momento anterior.
Nascem, geralmente, do descontentamento com a direção e as tendências de
determinada mudança.


Ex:   Ku Klux Klan
      White Power
      Skin Head
      SBDTFP


Ku Klux Klan --- nasce     como    movimento     contrário   ao   abolicionismo
                    americano.


White Power e
Skin Head    --- movimento em defesa do nacional-socialismo e fascismo.


SBDTFP       --- Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e
                    Propriedade.


                    Criada pelo empresário paulista Plínio Correia de Oliveira.


                    Posicionou-se contra o movimento de 1964 no Brasil.


                    Contrária ao comunismo.




5 – Movimentos expressivos


Não se propõem a realizar modificações na realidade exterior e se apresenta
desagradável, conflitante e confiante.
Ao contrário, seus componentes modificam sua própria percepção e suas
reações à realidade através de alguma espécie de atividade.
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Ex:    seita do Reverendo Moon
       movimentos messiânicos




6 – Movimentos utópicos


São considerados movimentos separatistas ou de fuga.
Consistem na tentativa de criar um contexto social ideal para um grupo de
seguidores, geralmente, pouco numerosos.


Ex:    Utopia de Thomas Moore
       movimento Hippie
       a Tropicália no Brasil, com base cultural.




7 – Movimentos reformistas


Apresentam-se como uma tentativa de introduzir melhoramentos em alguns
aspectos da sociedade, sem transformar sua estrutura social básica.


Esses movimentos encontram dificuldades para se firmarem em sociedades
autoritárias, pois estas, por sua própria natureza, reprimem, violentamente, as
críticas.


Seu maior campo de ação ocorre, conseqüentemente, nas sociedades
democráticas, o que, em parte, limita suas ações.


Ex:    movimento da abolição da escravatura
       movimento feminista
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8 – Movimentos Revolucionários


Procuram alterar a totalidade da sociedade, substituindo o sistema social por
outro, completamente, diferente.
Propõem, portanto, mudanças mais rápidas e drásticas.


O meio social mais favorável dos movimentos sociais revolucionários é o dos
governos autoritários que bloqueiam os desejos de reforma, concentrando o
descontentamento social.


Nos países nos quais o governo é democrático e não repressivo, florescem os
movimentos reformistas e estes constituem-se nos piores inimigos dos
movimentos revolucionários, já que podem drenar o descontentamento que se
constitui na base para o recrutamento dos movimentos revolucionários.




FASES DO MOVIMENTO SOCIAL




1 – Agitação


É um estágio prolongado, gerando uma instabilidade social.




2 – Excitação


Fase crítica e essencial, muito curta, quando surgem as lideranças.




3 – Formalização


Fase de desenvolvimento moral e ideológico do movimento.
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4 – Institucionalização


Pode durar indefinidamente, quando os movimentos geram sedes, escritórios,
etc.




CONTROLE SOCIAL


É o conjunto de sanções a que uma sociedade recorre para assegurar a
conformidade de seus membros e suas condutas ao modelo estabelecido.




CÓDIGOS


São modelos culturais que exercem determinada ação sobre indivíduos e
grupos.
São normas de conduta, cujo poder, repousa, em parte, nas sanções que as
acompanham.




SOCIALIZAÇÃO


É o processo de aprendizagem e interiorização de elementos sócio-culturais,
normas e valores do grupo, que se integram na estrutura da personalidade da
pessoa social.




CONFORMIDADE


É a ação orientada para uma norma ( ou normas ) especial, compreendida
dentro dos limites de comportamento por ela permitido ou delimitado.
Por sua vez, o comportamento em desvio é uma infração motivada.


Ex:    conformidade de um grupo de marginais
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CAUSAS DA CONFORMIDADE


A – Socialização




B – Isolamento


É o processo, através do qual, a pessoa se adapta às diversas normas e
valores em conflito e a diferentes momentos e lugares, de tal maneira que, a
ação apropriada para uma determinada ocasião permaneça restrita a ela.




C – Hierarquia


Além do fator tempo e lugar, as normas e valores integrantes de um sistema
social encontram-se classificadas por ordem de precedência.


Esta hierarquia permite uma escolha mais adequada em ocasiões em que mais
de uma norma pode ser aplicada no mesmo momento e lugar.




D – Controle Social


Quando conhecido, o controle social pode funcionar através da antecipação,
pois a pessoa socializada pode prever as conseqüências que advirão de seu
comportamento desviado se ferir as expectativas dos demais membros do
grupo.
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E – Ideologia


A ideologia pode reforçar a conformidade de seus membros quando dá
suporte intelectual às normas, através de uma visão, do papel e do lugar do
grupo na sociedade.




F – Interesses adquiridos


As normas sociais definem, não só as obrigações, como também, os direitos.


Desta maneira, as possíveis sanções ou motivos idealistas e, também, os
interesses adquiridos contribuem para a conformidade dos membros às
normas sociais, que protegem certas vantagens desfrutadas por seus
membros e as transformam em vantagens legitimadas, originando a convicção
no apoio dado à norma.


A expressão “interesses adquiridos” é também desprovida de conotação
valorativa quando aplicada neste contexto.




CAUSAS DOS DESVIOS


A – Socialização falha ou carente.


Quando não houver uma socialização completa.


B – Sanções fracas


Se as sanções referentes à conformidade e ao desvio são fracas, perdem
muito de seu poder de orientação ou de determinação do comportamento.
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C – Cumprimento medíocre


Se as sanções são, adequadamente, fortes, mas sua aplicação não é
freqüente, a validade da norma enfraquece.


Ex:   a lei do silêncio




D – Facilidade de racionalização


A racionalização é o processo pelo qual a pessoa, que interiorizou as normas
sociais, justifica seu comportamento em desvio, reconciliando-se com sua alta
imagem de pessoa de confiança, seguidora das normas sociais.




E – Alcance indefinido da norma


Muitas vezes o alcance ou os limites da norma não são, claramente, definidos.
Desta maneira, o comportamento que alguns consideram desviado pode ser
defendido pela pessoa como sendo, na realidade, mais legítimo que o
esperado.




F – Sigilo das infrações


O não descobrimento do comportamento em desvio e, conseqüentemente, o
não emprego do controle social tendem a fortalecer a atitude criada pelo
desvio.




G – Execução injusta ou corrupta da lei


Quando as pessoas encarregadas da execução e manutenção da lei não o
fazem de maneira justa e eqüitativa, ou quando são, até certo ponto coniventes
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com o comportamento desviado, tal atitude contribui para solapar o respeito
pela lei por parte da população.




H – Legitimação sub-cultural do desvio


Através da aprovação do comportamento desviado ou não conformado, pelos
seus companheiros, o indivíduo é encorajado no desvio das normas da
sociedade maior.


Ex:   trato entre os bandidos




I – Sentimentos de lealdade para com o grupo em desvio


A solidariedade e a cooperação, existentes no interior do grupo, exercem
pressão sobre o indivíduo a fim de que mantenha sua lealdade, mesmo que
não mais aprove ou não deseje permanecer no comportamento desviado.
O grupo, ao mesmo tempo que modela o comportamento de seus membros
através das normas, também o restringe e o disciplina através da pressão
exercida em função das normas predominantes.




HOMO LUDENS – Johan Huizinga


NATUREZA E SIGNIFICADO DO JOGO COMO FENÔMENO CULTURAL


Extratos:


O jogo antecede à cultura.
A cultura pressupõe a sociedade humana.


Forma simples do jogo ---      animais brincando
23



Formas complexas ---         competições
                              representações ao público


O jogo encerra um determinado sentido ---         tensão
                                                   alegria
                                                   divertimento


A realidade do jogo ultrapassa a esfera da vida humana.


A existência do jogo não está ligada a qualquer grau determinado de
civilização ou a qualquer concepção de universo.
Possui uma realidade autônoma.
É irracional.


É encontrado na cultura como um elemento dado existente antes da própria
cultura, acompanhando-a e marcando-a desde as mais distantes origens até a
fase de civilização.


Pode ser entendido como forma específica de atividade, como forma
“significante”, como função social.


Ele se baseia na manipulação de certas imagens, numa certa “imaginação” da
realidade, ou seja, a transformação desta em imagens.
Nossa preocupação fundamental será captar o valor e o significado dessas
imagens e dessa imaginação.


As grandes atividades da sociedade humana são marcadas pelo jogo:


      A linguagem
      O mito
      O culto ---      os ritos sagrados
                        os sacrifícios
                        consagrações
24



                           mistérios


O puro e simples jogo constitui uma das principais bases da civilização.
Algumas forças intuitivas da vida civilizada têm origem no MITO e no CULTO:


      O direito e a ordem
      O comércio e o lucro
      A indústria e a arte
      A poesia
      A sabedoria e a ciência


São inerentes ao jogo:     seriedade
                           beleza
                           vivacidade
                           graça


As manifestações sociais do jogo constituem suas formas mais elevadas.


Características do jogo:


1 – O jogo é livre


É uma atividade voluntária.
O prazer por ele provocado o transforma em necessidade.
Liga-se a noções de obrigação e dever apenas quando constitui uma função
cultural reconhecida, como no CULTO e RITUAL.


2 – É uma evasão da vida real


Possui uma esfera temporária de atividade com orientação própria.
O “faz de conta” exprime um sentimento de inferioridade em relação à
SERIEDADE.
É desinteressado, visto que não pertence à vida comum, situando-se fora do
mecanismo de satisfação imediata das necessidades e desejos.
25



É uma atividade temporária.
Tem uma finalidade autônoma.
Realiza-se tendo em vista uma satisfação que consiste nessa própria
realização.
É parte integrante da vida em geral.
Tem uma função cultural.


3 – Isolamento e limitação


Distingue-se da vida “comum”, tanto pelo lugar, quanto pela duração.




4 – Fenômeno Cultural


Mesmo depois do jogo ter chegado ao fim, ele permanece como uma criação
nova do espírito, um tesouro a ser conservado pela memória.
É transmitido.
Torna-se tradição.


5 – Ele cria ordem e é ordem


Introduz na confusão da vida e na imperfeição do mundo uma perfeição
temporária e limitada.
Exige uma ordem suprema e absoluta.
A tensão existente significa incerteza, acaso.
Suas regras são absolutas e não permitem discussão.
O jogador que desrespeita ou ignora as regras é considerado um “desmancha-
prazeres”, é um covarde e precisa ser expulso, pois destrói o mundo mágico.
O jogador desonesto, o que finge jogar seriamente é um “batoteiro”.


O jogo ( resumo ):
É uma atividade livre, conscientemente tomada como “não-séria” e exterior à
vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira
intensa e total.
26



É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual
não se pode obter qualquer lucro, praticado dentro dos limites ESPACIAIS e
TEMPORAIS próprios, segundo uma certa ordem e certas regras.
Promove a formação de grupos sociais com tendência a rodearem-se de
segredo e a sublinharem sua diferença em relação ao resto do mundo por
meio de disfarces ou outros meios semelhantes.


Funções do jogo nas formas mais elevadas:


     Uma luta por alguma coisa.
     Representação de alguma coisa.
     O jogo passa a “representar” uma luta.
     Torna-se uma luta para melhor representar.




Representação


Mais do que uma realidade falsa, a representação é a realização de uma
aparência, uma “imaginação”.
A representação SAGRADA é uma realização MÍSTICA.
O CULTO é um espetáculo, uma representação dramática, uma figuração
imaginária de uma realidade desejada.




Sociedade Primitiva


Na sociedade primitiva verifica-se a presença do jogo, tal como nas CRIANÇAS
e nos ANIMAIS e que, desde a origem, nele se verificam todas as
características LÚDICAS:


                               ordem
                               tensão
                               movimento
27



                               mudança
                               solenidade
                               ritmo
                               entusiasmo


Sociedade mais recente


Em fase mais tardia de sociedade, o jogo se encontra associado à expressão
de alguma coisa, nomeadamente aquilo a que podemos chamar VIDA ou
NATUREZA.
O que era jogo desprovido de expressão verbal adquire agora uma FORMA
POÉTICA.




O sagrado


Pouco a pouco, o jogo vai adquirindo a significação de ATO SAGRADO.
O CULTO vem-se juntar ao jogo, sendo este, contudo, o fato inicial.
O ato de culto possui todas as características formais e essenciais do jogo.
O jogo autêntico e espontâneo também pode ser profundamente SÉRIO.
É impossível perder de vista, por um momento só que seja, o conceito de jogo
em tudo quanto diz respeito à vida religiosa dos povos primitivos.
Para Platão, a religião é, essencialmente, constituída pelos jogos dedicados à
divindade, os quais são para os homens, a mais elevada atividade possível.
Os atos de culto, pelo menos sob uma parte importante de seus aspectos,
serão sempre abrangidos pela categoria de jogo, mas esta aparente
subordinação em nada implica o não reconhecimento de seu caráter sagrado.




Festa e Jogo


Existem entre a festa e o jogo, naturalmente, as mais estreitas relações.
Ambos implicam uma eliminação da vida quotidiana, predominam a alegria,
embora a festa possa, também, ser SÉRIA.
28



São limitados no tempo e no espaço.
Encontramos uma combinação de regras estreitas com a mais autêntica
liberdade.
O modo mais íntimo de união de ambos parece poder encontrar-se na DANÇA.


A consciência


O jogo autêntico possui, além de suas características formais e de seu
ambiente de alegria, pelo menos um outro traço dos mais fundamentais, a
consciência, mesmo que seja latente, de estar “apenas fazendo de conta”.
Nas religiões primitivas se encontra um certo elemento de “faz de conta”.
Tanto o feiticeiro como o enfeitiçado são, ao mesmo tempo, conscientes e
iludidos, mas um deles, escolhe o papel de iludido.
Ilusão --- “em jogo”




Conceito de jogo


Enfim, o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de
certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras
livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em
si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão, de alegria e de uma
consciência de ser diferente da “vida quotidiana”.




Conceitos extraídos de: HOMO LUDENS de Johan Huizinga.
                        Texto sobre Cultura de Julieta de Andrade e Luiz
                        Fernando de A. Soares.




De acordo com Johan Huizinga, o jogo é uma atividade, que na sua origem,
antecede à cultura e à própria sociedade humana, pois a cultura só existe com
29



base na sociedade humana. Existe antes da cultura, porém, está nela integrado
desde suas origens até a civilização.


O jogo pode assumir formas simples ou complexas.
Um exemplo de forma simples são as brincadeiras das crianças.
Formas complexas são as competições e representações ao público.
A tensão, alegria e o divertimento se manifestam no jogo, o qual, não está
ligado a qualquer grau determinado de civilização e concepções filosóficas.
A seriedade, beleza, vivacidade, e graça são inerentes ao jogo.

O jogo se baseia na transformação da realidade em imagens, numa
“imaginação” da realidade, sendo a maior dificuldade a compreensão do
significado dessas imagens e imaginação.


Podemos afirmar que muitas atividades sociais são caracterizadas pelo jogo,
como a LINGUAGEM, o MITO e o CULTO.
O culto se desdobra em ritos sagrados, sacrifícios, consagrações e mistérios.


Algumas instituições da civilização têm origem no MITO e no CULTO, como o
direito e a ordem, o comércio e o lucro, a indústria e a arte, a poesia, a
sabedoria e a ciência.
Vejamos as principais características do jogo:


1 – O jogo é livre.


É uma atividade de livre opção, sendo que o prazer pelo jogo o transforma em
necessidade.
Obrigação e dever estão vinculados ao CULTO e RITUAL.




2 – É uma evasão da vida real


Não está comprometido com a vida comum.
Tem uma finalidade em si mesmo.
30




3 – Isolamento e limitação


É uma atividade temporária e espacial.
É espacial porque se desenvolve num local apropriado, entretanto, é parte
integrante da vida em geral, tendo uma função cultural.
Diferencia-se da vida comum em função do lugar de seu desenrolar e do
tempo, da duração.


4 – Fenômeno Cultural


O jogo é uma criação, mantido na memória e socialmente transmitido,
tornando-se uma tradição.




5 – Ele cria ordem e é ordem


Busca uma perfeição temporária e limitada, exigindo uma ordem absoluta, com
regras não questionáveis.
Em síntese, o jogo existe desde a sociedade primitiva, atingindo a sociedade
civilizada, manifestando-se , também, no sagrado, no culto, rituais e festas.


Um importante traço do jogo é a CONSCIÊNCIA, é o elemento “faz de conta”.


Huizinga assim conceitua o jogo:


É uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e
determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente
consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo,
acompanhado de um sentimento de tensão, de alegria e de uma consciência
de ser diferente da “vida quotidiana”.
31



De acordo com este conceito, o jogo da bola de barbante, realizado em sala de
aula, possuía essas características definidas por Huizinga.
Foi uma atividade voluntária, exercida numa sala de aula, por um tempo
definido, onde o professor apresentou as regras que foram aceitas pelos
alunos e tornando-se obrigatórias. Um de nossos colegas ficou encarregado
da fiscalização do cumprimento das mesmas.




A finalidade do jogo estava em si mesma, com manifestações de tensão
durante o seu desenrolar, como também, momentos de alegria, de satisfação e
havendo em todos os participantes uma consciência de ser uma atividade
diferente da nossa vida normal, porém integrada à vida em geral.
Para o professor, este jogo tinha a finalidade de representar um aspecto da
realidade, ou seja, como o jogo é integrante da vida cultural.
Este jogo da bola de barbante é um elemento da cultura, com seus
significados. Foi aprendido, memorizado e será socialmente transmitido pelos
participantes, assim como pelo professor Luiz, que há cerca de 20 anos,
tornando uma tradição, o utiliza em seus ensinamentos relativos às relações
entre o jogo e a cultura.
Neste jogo foi possível perceber como são estabelecidas e como se
apresentam as inúmeras relações culturais entre os participantes, constituindo
uma grande rede de relações.
Desta forma, o jogo está integrado a uma determinada cultura.
Apesar de ter as suas características próprias, de ter surgido antes das
formações sociais primitivas e, por conseqüência, antes da cultura,
entendemos que hoje em dia, com o desenvolvimento social e cultural, o jogo
se reveste totalmente de elementos culturais.
Joga-se numa determinada sociedade com a sua respectiva cultura.
O jogo realizado em nossa sala de aula está integrado pela nossa cultura. As
relações ali estabelecidas demonstraram claramente que a rede de relações
que foram desenvolvidas tinham um componente cultural determinado, isto é,
os nossos próprios valores, nossas crenças, nosso modo de pensar.
O professor fazia narrativas impregnadas de valores culturais nossos.
32



Partindo do pressuposto que atualmente todo homem vive em sociedade com
sua   própria   cultura,   poderíamos    afirmar    que   o   jogo    somente     será
compreendido       e   desenvolvido    através     de   relações     orientadas   por
determinados valores culturais.
O homem nasce numa determinada sociedade, numa determinada cultura.
O acervo cultural é socialmente transmitido e aprendido, constituindo uma
tradição.


ALTERIDADE


Aquilo que é próprio do outro.
Reinterpretação.




INFLUÊNCIAS SÓCIO-CULTURAIS


1 – ETNOCENTRISMO


É a tendência em eleger valores e costumes do grupo em que a pessoa nasceu
e foi educada, como normas infalíveis de juízo de valor das condutas de
qualquer outro grupo sócio-cultural.
Ex:   o padrão de meu grupo é melhor que o do outro.




2 – ANTROPOCENTRISMO


É a tendência em eleger os valores e costumes do grupo de predominância
política, cultural ou econômica, como parâmetros correcionais nos processos
de dominação ou colonização.


3 – SUBJETIVIDADE


É a tendência para julgar os fatos observados e situações que vivenciamos,
tomando, por base, a emoção e a afetividade favorável ou adversa que uma
33



pessoa, um grupo, um fato desperta em nós, deixando, de lado, o exame
rigoroso das razões de nosso juízo sobre esta pessoa, grupo ou situação.


4 – AUTORITARISMO


É a tendência em aceitar, como verdadeira, uma afirmação porque alguém a
disse e não pelas razões, experiência ou investigação levada a cabo por essa
pessoa.


O hábito de admitir, desde criança, verdades mais ou menos seguras,
simplesmente porque nos foram ditas pelas pessoas adultas que nos rodeiam,
pode continuar ao longo da vida.




5 – DOGMATISMO


É a tendência em escolher fórmulas que expressam conhecimentos como
verdades indiscutíveis, à margem do estudo, da crítica, da discussão.


DOGMA não é o mesmo que dogmatismo, embora esse ponto corresponda,
melhor, a uma explicação teológica quando fazemos referência ao dogma
religioso.


A atitude científica está consciente do quanto são provisórios todos os
conhecimentos.


Ex:   Os livros religiosos são dogmáticos.


      Cátaros ---      Católicos puritanos
                        Acreditam em reencarnação.


6 – IMPRESSIONISMO
34



Embora possa ser uma espécie de subjetivismo, consiste, também, em
confundir experiências transitórias com verdades comprovadas.


É afirmar qual algo diz respeito a toda uma coletividade quando, unicamente,
se refere a uma pessoa ou a um pequeno grupo.




7 – ESTEREÓTIPOS


São imagens não comprovadas que, desde a infância, nos têm sido dadas, ou
que, nós mesmos formamos a respeito de grupos étnicos, culturais, nacionais,
etc.


É uma forma de generalização insubstancial, mas que traz, também, graves
conseqüências para a vida.




8 – ESPECIALISMO


Consiste no processo, tácito ou expresso, de desvalorizar          qualquer
conhecimento que não esteja dentro da área da ciência a que nos dedicamos,
ou em pretender que a ciência cultivada por nós contenha todos os
conhecimentos, ou seja igualmente válida em qualquer outra área de
fenômenos.


Todas essas limitações sócio-culturais nos levam a entender a necessidade de
dar ao nosso conhecimento rígida objetividade e de adquirir o hábito
metodológico que nos libera de algumas dessas limitações tão graves para a
vida pessoal e das sociedades.


ALTERIDADE
35



É aquilo que é próprio do outro, referente à cultura do outro.




CASAMENTO ROMANO


Proclama ---       Assessor do sacerdote.
                    Verificava a aprovação do casamento na comunidade.
                    Verificava a existência de algum impedimento.


Vesta ---          Sacerdotisa
                    Preparava a noiva no dia do casamento.


Um escravo, o maior amigo do noivo, desde criança, faz os preparativos da
cerimônia e administra os recursos dos noivos.


O pai conduzia a noiva para o local do casamento, uma praça pública.
Neste local se encontrava o sacerdote, uma mesa com um bolo.
O sacerdote da cerimônia pergunta, ao público, se alguém tem algo a declarar
contra o casamento.
O noivo oferece vinho aos presentes.


A cerimônia do casamento denominava-se COMFARREÁCEO
áceo ---    ação
com ---     comer
farre ---   bolo




Após o COMFARREÁCEO, os noivos saem caminhando, acompanhados pelo
povo em festa, até a casa onde irão residir, juntamente com o escravo amigo.
Nesta casa, era colocado um pote de mel para alimentar os noivos, que ali
comemoravam durante sete dias ( uma lua ).
36



Cabia ao escravo, a verificação da virgindade da noiva, anunciando ou não a
dignidade da moça.
Após a semana de comemoração, o marido apresentava, em praça pública, o
órgão sexual castrado do escravo, como prova da honradez da noiva.
Neste momento, deixava de ser escravo, passando à condição de EUNUCO da
família. Convivia com a família, educava os filhos do casal e verificava as
condições das bebidas e alimentos antes de serem usados pela família.
Tinha a prerrogativa de freqüentar os quartos do casal e filhos.
Após a criação dos filhos, já adultos e casados, a família concedia ao EUNUCO
um APOSENTO, caracterizando sua aposentadoria.
O eunuco era respeitado pelos cidadãos, tendo o direito de denunciar a
pessoa que o desrespeitasse.




INSTITUIÇÃO SOCIAL


A sociedade se organiza através das instituições.
É uma estrutura, relativamente, permanente de padrões, papéis, e relações que
os indivíduos realizam, segundo determinadas formas sancionadas e
unificadas, com o objetivo de satisfazer necessidades sociais básicas.




CARACTERÍSTICAS DAS INSTITUIÇÕES


      Finalidade
      Estruturação
      Estrutura unificada
      Valores




FINALIDADE


Satisfação das necessidades sociais.
37




ESTRUTURAÇÃO


Coesão entre componentes.




ESTRUTURA UNIFICADA


Cada instituição pode ser vista como uma unidade independente.


VALORES


Código de conduta.




PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES


      Família
      Religião
      Estado
      Empresa
      Educação




FAMÍLIA


A família é uma instituição social.
Cada unidade familiar se diferencia em relação à outra.
A união de uma família, em geral, forma o CLÃ.


A instituição FAMÍLIA é um grupo social caracterizado pela residência comum,
cooperação econômica e reprodução.
38



A família pode ser:


      Elementar
      Extensa
      Composta
      Conjugada Fraterna
      Fantasma




ELEMENTAR


Unidade formada por:   Homem
                       Esposa
                       Filhos




EXTENSA


Unidade composta por: Duas ou mais famílias nucleares ( elementares )
                       Ligadas por laços consangüíneos




COMPOSTA


Unidade formada por:   3 ou mais cônjuges
                       Filhos




CONJUGADA FRATERNA


Unidade que inclui:    2 ou mais irmãos
                       Respectivas esposas
                       Filhos
39




FANTASMA


Unidade formada:         Mulher casada
                         Seus filhos
                         Fantasma




                         O marido não desempenha papel de pai, é, apenas,
                         genitor ( pai biológico ).
                         O FANTASMA é o irmão mais velho da mulher e tem a
                         função de PATER ( pai social ).




Quanto à AUTORIDADE a família pode ser:


      Patriarcal
      Matriarcal
      Paternal ou Igualitária




PATRIARCAL


A figura central é o PAI, o qual possui a autoridade de chefe sobre a mulher e
os filhos.




MATRIARCAL


A figura central é a mãe, havendo predominância da autoridade feminina.
Ex:   famílias latinas
40



PATERNAL OU IGUALITÁRIA


A autoridade pode ser mais equilibrada entre cônjuges, dependendo das
situações, ações ou questões particulares.
Ex:   sociedades americanas




MATRIMÔNIO


O matrimônio, casamento, é o modo pelo qual a sociedade humana estabelece
normas para a relação entre sexos ou indivíduos.




MODALIDADES DE CASAMENTO


      Monogamia


      Poligamia:        Poliandria:          Simples
                                             Adelfa


                        Poligimia:           Simples
                                             Sororal


                        Grupal




MONOGAMIA


Consiste no casamento de 2 indivíduos.




POLIGAMIA
41




Refere-se ao casamento de um indivíduo com 2 ou mais cônjuges.


POLIANDRIA


É uma poligamia.
É o casamento de uma mulher, simultaneamente, com 2 ou mais homens.
Ex:   na Índia e Tibet


Pode ser:    Simples ---         não há restrições.


             Adelfa --- mulher casa com 2 irmãos.
                            Ex:   mulheres tibetanas




POLIGIMIA


É uma poligamia.
É o casamento de um homem, simultaneamente, com 2 ou mais mulheres.
Ex:   muçulmanos


Pode ser :   Simples ---         não há restrições.


             Sororal ---         homem casa com 2 irmãs.
                                  Ex:   em Madagascar




GRUPAL


É uma poligamia.
É a união marital de vários homens e várias mulheres.
Ex:   tribos indígenas brasileiras

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Classe e estilo de vida
 

Ciências Sociais: origem, conceitos e teorias

  • 1. 1 CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Luiz Fernando As Ciências Sociais têm seu início com a Revolução Industrial. Revolução Industrial --- 1780 – 1860 Revolução Francesa --- 1789 – 1799 O capitalismo surge no período da Revolução Industrial. O modo de produção que antecede ao capitalismo é o feudal. A Revolução Francesa foi uma revolução política. EDUCAR vem do latim EDUCARE --- ação de conduzir para fora E DUC AR(E) Processo de desenvolvimento E --- para fora da capacidade física, intelectual DUC --- conduzir e moral da criança e do ser huma ARE --- ação no em geral, visando à sua melhor Integração individual e social. Conhecimento de um fenômeno: Quem? Como? Quando? Onde? Por que?
  • 2. 2 PATRIOTA --- vínculos com a terra do pai. Antes da Revolução Industrial (1780 – 1860) já existiam algumas indústrias. Neste período de 60 anos, a indústria se expande pelo mundo. Na Idade Média, existia uma visão da sociedade com base na MATEMÁTICA SOCIAL. Tentava explicar o SUJEITO e o CONTEXTO CULTURAL. Após a Revolução Industrial, já era reconhecida como CIÊNCIA SOCIAL. INDIVÍDUO Palavra de origem latina, significando o INDIVISÍVEL. Em grego, átomo ( indivisível ). É a menor porção de um coletivo chamado MASSA. PESSOA Vem do grego PERSONA --- A PERSONAGEM PER / SONARE --- O PERSONARE era um funil de máscara para orientar o som. A pessoa assume PERSONALIDADES DIFERENTES em função do ambiente freqüentado. Há diversas formas de se apresentar de acordo com a situação. Todos são indivíduos, porém, pessoas diferentes. São os FATORES DIFERENCIAIS. Pessoa é um indivíduo agregado com fatores diferenciais ( gosto, idéia, valores, etc. ). CIDADÃO É a pessoa acrescida da participação na vida da comunidade (do coletivo).
  • 3. 3 EXERCÍCIO Extrair o conteúdo do texto lido pelo professor. O indivíduo, ao nascer, é inserido numa determinada sociedade com sua respectiva cultura. Passa a internalizar valores, assumir atitudes e desenvolver comportamentos padronizados direcionados pela cultura. O indivíduo é socializado, ou seja, inserido nos padrões da sociedade desde a infância até se tornar um adulto. As atitudes e comportamentos são aceitos de forma passiva e inconsciente. O indivíduo é “acostumado” com o seu modo de ser, sem questioná-lo. O desenvolvimento material da sociedade revela estilos de vida diferenciados, alterando ou adicionando novos valores à cultura. Somente uma reflexão, uma avaliação consciente da realidade em seus mais amplos aspectos, nos permitiria reavaliar nosso estilo de vida, resgatando valores alijados pelas mudanças próprias da vida social e seus condicionamentos. Vivemos em uma sociedade ocidental que tem o consumismo como valor central, limitando uma experiência mais rica em relação à imensidão de possibilidades que a cultura humana oferece. Temos a necessidade de criar e descobrir novos e antigos valores, escapando, de forma consciente, das condicionantes rígidas e pré-estabelecidas. Acostumar e aceitar, sem avaliação, sem reflexão, é conformar com uma realidade que, certamente, necessita de correções e contínuo desenvolvimento no sentido de seu aprimoramento. ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL É a diferenciação de indivíduos e grupos em STATUS ( posições ), STRATUS ou CAMADAS mais ou menos duradouros e hierarquicamente sobrepostos.
  • 4. 4 MAX WEBER A diversificação ocorre em três dimensões da sociedade: Ordem política Ordem econômica Ordem social SOROKIN As formas concretas de estratificação apresentam-se independentes e, por este motivo, podem ser reduzidas a três tipos fundamentais: Estratificação política Estratificação econômica Estratificação inter e intra-profissional Estratificação inter-profissional --- Há uma integração de profissões para se desenvolver um trabalho. Ex: Para o aviador pilotar um avião comercial, são necessários comissários, pessoal de limpeza, controlador de vôo, equipe de manutenção, etc., cada um com sua importância relativa. Estratificação intra-profissional --- Profissional que se sobressai numa determinada profissão. DAVIS e MOORE Indicam que os fatores determinantes da DISTRIBUIÇÃO das DIFERENTES POSIÇÕES em uma sociedade são:
  • 5. 5 Importância para a sociedade ( função ) Treinamento (experiência) Talento (vocação) MELVIN J. TUMIN Considera que a posição de qualquer indivíduo, grupo ou sociedade, em uma hierarquia de posições desiguais, ocorre: Com relação a poder Propriedade Valorização social Satisfação psicológica KINGSLEY DAVIS O sistema de CASTAS compõe-se de um número muito grande de GRUPOS, geralmente hereditários, geralmente locais, rigidamente endogâmicos, dispostos numa hierarquia de inferioridade e superioridade. Estes grupos correspondem a diferenciações profissionais na maioria das vezes, são impermeáveis a movimentos da mobilidade social, são reconhecidos por lei e possuem fundamentação religiosa. EX: Os intocáveis na Índia são pessoas especiais e consideradas santas. A endogamia é um parâmetro de manutenção da casta. Há castas relacionadas a profissões. Sub-castas --- constituídas por elementos expulsos de castas, principalmente por motivo de sobrevivência ( fome ). Ex: Calé ( Índia )
  • 6. 6 Os calés desenvolveram habilidades relativas ao trabalho com pedras preciosas e tapeçaria. Constituíram um dialeto denominado CALÓN. Saíram da Índia em três grandes grupos para: Rússia --- contato com Czares. Aprenderam Czards Norte da África --- contato com Beduínos ( povos errantes do deserto ). Os beduínos usavam ALMOFADAS para se sentarem no deserto. Os gaúchos herdaram a vestimenta dos beduínos. Os beduínos extraíam o álcool de cereais para matar a sede. Usavam o alambique. Romênia --- foram apelidados TZI-GANI ( ladrões de crianças ) Os calés ( 3 grupos ) se encontraram, posteriormente, na Península Ibérica, na época da inquisição. Calé --- gerou ralé Tzi-gani --- em Portugal --- CI / GANO --- na Espanha --- ZIN / GARO A canja é um alimento de origem cigana. As mulheres ciganas costumam se casar após a 1ª menstruação. A mulher e o marido levam dotes para o casamento. ESTAMENTOS HANZ FREYER A sociedade estamental é uma fase determinada na história das formas sociais de dominação e à medida que se afirma, distribui, segundo um esquema fixo, parcelas desiguais de direitos e deveres. Ex: Faraós, Césares, Hitler, etc.
  • 7. 7 Grupos estamentais --- utilizam a HONRA como parâmetro de relacionamento pessoal. Ex: índios, indianos, orientais, etc. SOROKIN Os estamentos assemelham-se a grupos que lhes são superiores. Apresentam-se, mais ou menos, organizados e no que diz respeito aos inferiores, constituem uma coletividade semi-organizada, parcialmente hereditária e solidária, à medida que seus componentes estão ligados por laços de direitos e obrigações, por privilégios e isenção do pagamento de impostos, geralmente determinados pelo Estado ( poder ) e por ocupações e funções econômicas semelhantes. KARL MARX O conceito de classe social nasce durante a revolução industrial. A sociedade de classes é o produto de uma seqüência determinada de mudanças históricas: A DIVISÃO DO TRABALHO e o AUMENTO DO NÍVEL DE RIQUEZA são acompanhados da EXPANSÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA. Esse processo envolve a criação de um PRODUTO EXCEDENTE, apropriado pela minoria de não produtores que, conseqüentemente, estabelece uma relação de exploração frente à maioria de produtores. Em cada tipo de sociedade de classes existem duas fundamentais, fazendo com que a CLASSE seja definida segundo a RELAÇÃO de agrupamentos individuais com os MEIOS DE PRODUÇÃO. A DOMINAÇÃO ECONÔMICA está correlacionada com a DOMINAÇÃO POLÍTICA, no sentido em que o controle dos meios de produção dá origem (ou conduz) ao controle político. MAX WEBER
  • 8. 8 Weber estabeleceu três gêneros de divisão de classes, segundo as PROPRIEDADES (posses), o MODO DE AQUISIÇÃO e o conjunto da SITUAÇÃO SOCIAL específica dos membros de uma classe; A – Classe Proprietária – aquela em que a situação de classe é determinada, primeiramente, pelas diferenças relacionadas à propriedade; B – Classe Lucrativa – aquela em que a situação de classe é determinada, de modo primário, pelas possibilidades de valorização no mercado de bens e serviços; C – Classe Social – fundamentada no conjunto de situações de classe. Os diversos tipos de qualificação, de preparo técnico e de instrução representam “situações de classe”. SOROKIN A CLASSE pode ser considerada como certo tipo semelhante a grupo, legalmente aberto, mas de fato semi-fechada, normal no sentido de que sua posição é orientada pelo GÊNERO DE TRABALHO REALIZADO, baseada em solidariedade, antagônica a outras classes, semi-organizada, parcialmente consciente de sua existência e unidade, característica das sociedades dos séculos XVIII, XIX e XX, multi-vinculada e unida por dois vínculos específicos: o OCUPACIONAL e o ECONÔMICO. GEORGES GURVITCH As classes são agrupamentos de fato e à distância, com características de SUPRA-FUNCIONALIDADE e INCOMPATIBILIDADE radical entre si, apresentando resistência à penetração pela sociedade global, com tendência à estruturação intensa, mas, por serem supra-funcionais, permanecem sempre INORGANIZADAS.
  • 9. 9 FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Se até a década de 50 o Brasil apresentava três classes sociais claramente delimitadas ( a alta, a média e a baixa ), hoje ( 1972 ) estas se diferenciaram, originando as seguintes: Classe alta tradicional, nova classe rica ( emergentes ), classe média alta, classe média média, classe média baixa, classe baixa alta e classe baixa baixa. A sociedade atual, uma sociedade de classes, é constituída, basicamente, por duas classes sociais; a classe proprietária dos meios de produção e a classe dos trabalhadores que vendem sua força de trabalho. Os trabalhadores que não conseguem se colocar no mercado de trabalho e não tendo recursos para a sobrevivência, constituem um contingente ou grupo de excluídos. São excluídos porque estão à margem do processo produtivo e por isso, não constituem uma classe social. A estruturação de uma classe social se fundamenta em sua relação com o processo produtivo. Os trabalhadores vendem para os capitalistas, proprietários dos meios de produção, sua força de trabalho, que também é uma mercadoria. O conceito de “classe lucrativa” é, na realidade, o conceito de classe trabalhadora, aquela desprovida dos meios de produção e por esta razão, só pode sobreviver vendendo uma mercadoria, a sua força de trabalho, recebendo em troca, um salário de sobrevivência.
  • 10. 10 MOBILIDADE SOCIAL Espaço social é o universo constituído pela população humana. A posição de um indivíduo, grupo ou fenômeno social é passível de localização no espaço social através das relações que mantêm com outro homem, grupo ou fenômeno social, relacionado como ponto de referência. Por MOBILIDADE SOCIAL entende-se toda passagem, de um indivíduo ou de um grupo, de uma posição social para outra dentro de uma constelação de grupos ou estratos sociais. Por MOBILIDADE CULTURAL compreende-se o deslocamento similar de normas, significados, valores ou veículos. A PASSAGEM de um grupo social para outro, situado no mesmo nível ou estrato, é HORIZONTAL. Quando em nível ou estrato diferente, é VERTICAL, podendo ser ASCENDENTE ou DESCENDENTE, tanto de indivíduos e grupos ( mobilidade social ) quanto de significados, normas, valores ou veículos ( mobilidade cultural ). MUDANÇA SOCIAL É toda transformação observada no tempo que afeta, de maneira que não seja provisória ou efêmera, a estrutura ou o funcionamento da organização social de uma coletividade e altera o curso de sua história.
  • 11. 11 Fatores determinantes da mudança social: 1 - Fatores Geográficos São certos cataclismos naturais. 2 - Fatores Biológicos: Miscigenação de grupos étnicos Elevação da taxa de mortalidade Rápido crescimento de uma população Epidemias 3 - Fatores Sociais Guerras Invasões e conquistas Lutas de classes e revoluções 4 - Fatores Culturais: Descobertas científicas Invenções técnicas Desenvolvimento de aspectos intelectuais Os problemas sociais são problemas de relações humanas que ameaçam, seriamente, a própria sociedade ou impedem as aspirações importantes de muitas pessoas. Existem quando a capacidade de uma sociedade organizada, para ordenar as relações entre as pessoas, parece estar falhando.
  • 12. 12 A DESORGANIZAÇÃO SOCIAL aparece em três níveis: Nível do indivíduo Nível da família Nível da comunidade MOVIMENTOS SOCIAIS Têm origem numa parcela da sociedade global com característica de maior ou menor organização e certo grau de continuidade. Derivam da insatisfação e / ou das contradições existentes na ordem estabelecida. Têm caráter, predominantemente, urbano, vinculados a determinado contexto histórico e são, ou de transformação, ou de manutenção do STATUS QUO. Status quo --- status relativo aos demais Quando um status muda, seu status quo também muda. TIPOS de movimentos sociais: 1 – Movimentos migratórios Sua característica principal é o acentuado descontentamento com a situação na sociedade de origem, o que determina a tomada de decisão de se transferir para outro local.
  • 13. 13 Dinâmica de grupo --- 30/03 Ler CAP 1 referente à CULTURA HUIZINGA, Johan. Homo ludens. São Paulo: Perspectiva, 2004. HUIZINGA Fez um estudo sobre o jogo, definindo três momentos: 1 – Expectativa --- momento que antecede ao jogo. 2 – Tensão --- busca do objetivo durante o jogo. 3 – Relaxamento --- acontece após o jogo, seja qual for o resultado. TIPOS de movimentos sociais: ( continuação ) 2 – Movimentos progressistas Atuam em um segmento da sociedade, tentando exercer influência nas instituições e organizações da mesma. São também chamados LIBERAIS, desejando a introdução de mudanças consideradas positivas. Ex: movimentos sindicais Fases do movimento sindical: Ofício Indústria Oposição Minorias militantes Massa Controle
  • 14. 14 A partir da década de 30, os sindicatos começam a se organizar no Brasil. Sindicalismo de Ofício --- caracterizado pelo forte exclusivismo profissional. Sindicalismo de Indústria --- enquadra pessoas qualificadas, semi- qualificadas e não qualificadas. Sindicalismo de Oposição --- é, unicamente, fabril. Sindicalismo das Minorias Militantes --- quando uma pequena parcela é sindicalizada, organizada e mais consciente. Sindicalismo de Massa --- atinge o patamar econômico em todo o país. Sindicalismo de Controle --- caracterizado pela divisão das grandes centrais sindicais. 3 – Movimentos conservacionistas ou de resistência São uma tentativa de preservação da sociedade de mudanças. Opõe-se, tanto às transformações propostas quanto às já realizadas, quando, então, propugnam a volta à situação anterior. Ex: manifestações contra a legalização do aborto. manifestações contra o divórcio. alguns movimentos ecológicos 4 – Movimentos regressivos
  • 15. 15 Também denominados REACIONÁRIOS. Consistem numa tentativa de retornar às condições imperantes em um momento anterior. Nascem, geralmente, do descontentamento com a direção e as tendências de determinada mudança. Ex: Ku Klux Klan White Power Skin Head SBDTFP Ku Klux Klan --- nasce como movimento contrário ao abolicionismo americano. White Power e Skin Head --- movimento em defesa do nacional-socialismo e fascismo. SBDTFP --- Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Criada pelo empresário paulista Plínio Correia de Oliveira. Posicionou-se contra o movimento de 1964 no Brasil. Contrária ao comunismo. 5 – Movimentos expressivos Não se propõem a realizar modificações na realidade exterior e se apresenta desagradável, conflitante e confiante. Ao contrário, seus componentes modificam sua própria percepção e suas reações à realidade através de alguma espécie de atividade.
  • 16. 16 Ex: seita do Reverendo Moon movimentos messiânicos 6 – Movimentos utópicos São considerados movimentos separatistas ou de fuga. Consistem na tentativa de criar um contexto social ideal para um grupo de seguidores, geralmente, pouco numerosos. Ex: Utopia de Thomas Moore movimento Hippie a Tropicália no Brasil, com base cultural. 7 – Movimentos reformistas Apresentam-se como uma tentativa de introduzir melhoramentos em alguns aspectos da sociedade, sem transformar sua estrutura social básica. Esses movimentos encontram dificuldades para se firmarem em sociedades autoritárias, pois estas, por sua própria natureza, reprimem, violentamente, as críticas. Seu maior campo de ação ocorre, conseqüentemente, nas sociedades democráticas, o que, em parte, limita suas ações. Ex: movimento da abolição da escravatura movimento feminista
  • 17. 17 8 – Movimentos Revolucionários Procuram alterar a totalidade da sociedade, substituindo o sistema social por outro, completamente, diferente. Propõem, portanto, mudanças mais rápidas e drásticas. O meio social mais favorável dos movimentos sociais revolucionários é o dos governos autoritários que bloqueiam os desejos de reforma, concentrando o descontentamento social. Nos países nos quais o governo é democrático e não repressivo, florescem os movimentos reformistas e estes constituem-se nos piores inimigos dos movimentos revolucionários, já que podem drenar o descontentamento que se constitui na base para o recrutamento dos movimentos revolucionários. FASES DO MOVIMENTO SOCIAL 1 – Agitação É um estágio prolongado, gerando uma instabilidade social. 2 – Excitação Fase crítica e essencial, muito curta, quando surgem as lideranças. 3 – Formalização Fase de desenvolvimento moral e ideológico do movimento.
  • 18. 18 4 – Institucionalização Pode durar indefinidamente, quando os movimentos geram sedes, escritórios, etc. CONTROLE SOCIAL É o conjunto de sanções a que uma sociedade recorre para assegurar a conformidade de seus membros e suas condutas ao modelo estabelecido. CÓDIGOS São modelos culturais que exercem determinada ação sobre indivíduos e grupos. São normas de conduta, cujo poder, repousa, em parte, nas sanções que as acompanham. SOCIALIZAÇÃO É o processo de aprendizagem e interiorização de elementos sócio-culturais, normas e valores do grupo, que se integram na estrutura da personalidade da pessoa social. CONFORMIDADE É a ação orientada para uma norma ( ou normas ) especial, compreendida dentro dos limites de comportamento por ela permitido ou delimitado. Por sua vez, o comportamento em desvio é uma infração motivada. Ex: conformidade de um grupo de marginais
  • 19. 19 CAUSAS DA CONFORMIDADE A – Socialização B – Isolamento É o processo, através do qual, a pessoa se adapta às diversas normas e valores em conflito e a diferentes momentos e lugares, de tal maneira que, a ação apropriada para uma determinada ocasião permaneça restrita a ela. C – Hierarquia Além do fator tempo e lugar, as normas e valores integrantes de um sistema social encontram-se classificadas por ordem de precedência. Esta hierarquia permite uma escolha mais adequada em ocasiões em que mais de uma norma pode ser aplicada no mesmo momento e lugar. D – Controle Social Quando conhecido, o controle social pode funcionar através da antecipação, pois a pessoa socializada pode prever as conseqüências que advirão de seu comportamento desviado se ferir as expectativas dos demais membros do grupo.
  • 20. 20 E – Ideologia A ideologia pode reforçar a conformidade de seus membros quando dá suporte intelectual às normas, através de uma visão, do papel e do lugar do grupo na sociedade. F – Interesses adquiridos As normas sociais definem, não só as obrigações, como também, os direitos. Desta maneira, as possíveis sanções ou motivos idealistas e, também, os interesses adquiridos contribuem para a conformidade dos membros às normas sociais, que protegem certas vantagens desfrutadas por seus membros e as transformam em vantagens legitimadas, originando a convicção no apoio dado à norma. A expressão “interesses adquiridos” é também desprovida de conotação valorativa quando aplicada neste contexto. CAUSAS DOS DESVIOS A – Socialização falha ou carente. Quando não houver uma socialização completa. B – Sanções fracas Se as sanções referentes à conformidade e ao desvio são fracas, perdem muito de seu poder de orientação ou de determinação do comportamento.
  • 21. 21 C – Cumprimento medíocre Se as sanções são, adequadamente, fortes, mas sua aplicação não é freqüente, a validade da norma enfraquece. Ex: a lei do silêncio D – Facilidade de racionalização A racionalização é o processo pelo qual a pessoa, que interiorizou as normas sociais, justifica seu comportamento em desvio, reconciliando-se com sua alta imagem de pessoa de confiança, seguidora das normas sociais. E – Alcance indefinido da norma Muitas vezes o alcance ou os limites da norma não são, claramente, definidos. Desta maneira, o comportamento que alguns consideram desviado pode ser defendido pela pessoa como sendo, na realidade, mais legítimo que o esperado. F – Sigilo das infrações O não descobrimento do comportamento em desvio e, conseqüentemente, o não emprego do controle social tendem a fortalecer a atitude criada pelo desvio. G – Execução injusta ou corrupta da lei Quando as pessoas encarregadas da execução e manutenção da lei não o fazem de maneira justa e eqüitativa, ou quando são, até certo ponto coniventes
  • 22. 22 com o comportamento desviado, tal atitude contribui para solapar o respeito pela lei por parte da população. H – Legitimação sub-cultural do desvio Através da aprovação do comportamento desviado ou não conformado, pelos seus companheiros, o indivíduo é encorajado no desvio das normas da sociedade maior. Ex: trato entre os bandidos I – Sentimentos de lealdade para com o grupo em desvio A solidariedade e a cooperação, existentes no interior do grupo, exercem pressão sobre o indivíduo a fim de que mantenha sua lealdade, mesmo que não mais aprove ou não deseje permanecer no comportamento desviado. O grupo, ao mesmo tempo que modela o comportamento de seus membros através das normas, também o restringe e o disciplina através da pressão exercida em função das normas predominantes. HOMO LUDENS – Johan Huizinga NATUREZA E SIGNIFICADO DO JOGO COMO FENÔMENO CULTURAL Extratos: O jogo antecede à cultura. A cultura pressupõe a sociedade humana. Forma simples do jogo --- animais brincando
  • 23. 23 Formas complexas --- competições representações ao público O jogo encerra um determinado sentido --- tensão alegria divertimento A realidade do jogo ultrapassa a esfera da vida humana. A existência do jogo não está ligada a qualquer grau determinado de civilização ou a qualquer concepção de universo. Possui uma realidade autônoma. É irracional. É encontrado na cultura como um elemento dado existente antes da própria cultura, acompanhando-a e marcando-a desde as mais distantes origens até a fase de civilização. Pode ser entendido como forma específica de atividade, como forma “significante”, como função social. Ele se baseia na manipulação de certas imagens, numa certa “imaginação” da realidade, ou seja, a transformação desta em imagens. Nossa preocupação fundamental será captar o valor e o significado dessas imagens e dessa imaginação. As grandes atividades da sociedade humana são marcadas pelo jogo: A linguagem O mito O culto --- os ritos sagrados os sacrifícios consagrações
  • 24. 24 mistérios O puro e simples jogo constitui uma das principais bases da civilização. Algumas forças intuitivas da vida civilizada têm origem no MITO e no CULTO: O direito e a ordem O comércio e o lucro A indústria e a arte A poesia A sabedoria e a ciência São inerentes ao jogo: seriedade beleza vivacidade graça As manifestações sociais do jogo constituem suas formas mais elevadas. Características do jogo: 1 – O jogo é livre É uma atividade voluntária. O prazer por ele provocado o transforma em necessidade. Liga-se a noções de obrigação e dever apenas quando constitui uma função cultural reconhecida, como no CULTO e RITUAL. 2 – É uma evasão da vida real Possui uma esfera temporária de atividade com orientação própria. O “faz de conta” exprime um sentimento de inferioridade em relação à SERIEDADE. É desinteressado, visto que não pertence à vida comum, situando-se fora do mecanismo de satisfação imediata das necessidades e desejos.
  • 25. 25 É uma atividade temporária. Tem uma finalidade autônoma. Realiza-se tendo em vista uma satisfação que consiste nessa própria realização. É parte integrante da vida em geral. Tem uma função cultural. 3 – Isolamento e limitação Distingue-se da vida “comum”, tanto pelo lugar, quanto pela duração. 4 – Fenômeno Cultural Mesmo depois do jogo ter chegado ao fim, ele permanece como uma criação nova do espírito, um tesouro a ser conservado pela memória. É transmitido. Torna-se tradição. 5 – Ele cria ordem e é ordem Introduz na confusão da vida e na imperfeição do mundo uma perfeição temporária e limitada. Exige uma ordem suprema e absoluta. A tensão existente significa incerteza, acaso. Suas regras são absolutas e não permitem discussão. O jogador que desrespeita ou ignora as regras é considerado um “desmancha- prazeres”, é um covarde e precisa ser expulso, pois destrói o mundo mágico. O jogador desonesto, o que finge jogar seriamente é um “batoteiro”. O jogo ( resumo ): É uma atividade livre, conscientemente tomada como “não-séria” e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total.
  • 26. 26 É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode obter qualquer lucro, praticado dentro dos limites ESPACIAIS e TEMPORAIS próprios, segundo uma certa ordem e certas regras. Promove a formação de grupos sociais com tendência a rodearem-se de segredo e a sublinharem sua diferença em relação ao resto do mundo por meio de disfarces ou outros meios semelhantes. Funções do jogo nas formas mais elevadas: Uma luta por alguma coisa. Representação de alguma coisa. O jogo passa a “representar” uma luta. Torna-se uma luta para melhor representar. Representação Mais do que uma realidade falsa, a representação é a realização de uma aparência, uma “imaginação”. A representação SAGRADA é uma realização MÍSTICA. O CULTO é um espetáculo, uma representação dramática, uma figuração imaginária de uma realidade desejada. Sociedade Primitiva Na sociedade primitiva verifica-se a presença do jogo, tal como nas CRIANÇAS e nos ANIMAIS e que, desde a origem, nele se verificam todas as características LÚDICAS: ordem tensão movimento
  • 27. 27 mudança solenidade ritmo entusiasmo Sociedade mais recente Em fase mais tardia de sociedade, o jogo se encontra associado à expressão de alguma coisa, nomeadamente aquilo a que podemos chamar VIDA ou NATUREZA. O que era jogo desprovido de expressão verbal adquire agora uma FORMA POÉTICA. O sagrado Pouco a pouco, o jogo vai adquirindo a significação de ATO SAGRADO. O CULTO vem-se juntar ao jogo, sendo este, contudo, o fato inicial. O ato de culto possui todas as características formais e essenciais do jogo. O jogo autêntico e espontâneo também pode ser profundamente SÉRIO. É impossível perder de vista, por um momento só que seja, o conceito de jogo em tudo quanto diz respeito à vida religiosa dos povos primitivos. Para Platão, a religião é, essencialmente, constituída pelos jogos dedicados à divindade, os quais são para os homens, a mais elevada atividade possível. Os atos de culto, pelo menos sob uma parte importante de seus aspectos, serão sempre abrangidos pela categoria de jogo, mas esta aparente subordinação em nada implica o não reconhecimento de seu caráter sagrado. Festa e Jogo Existem entre a festa e o jogo, naturalmente, as mais estreitas relações. Ambos implicam uma eliminação da vida quotidiana, predominam a alegria, embora a festa possa, também, ser SÉRIA.
  • 28. 28 São limitados no tempo e no espaço. Encontramos uma combinação de regras estreitas com a mais autêntica liberdade. O modo mais íntimo de união de ambos parece poder encontrar-se na DANÇA. A consciência O jogo autêntico possui, além de suas características formais e de seu ambiente de alegria, pelo menos um outro traço dos mais fundamentais, a consciência, mesmo que seja latente, de estar “apenas fazendo de conta”. Nas religiões primitivas se encontra um certo elemento de “faz de conta”. Tanto o feiticeiro como o enfeitiçado são, ao mesmo tempo, conscientes e iludidos, mas um deles, escolhe o papel de iludido. Ilusão --- “em jogo” Conceito de jogo Enfim, o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão, de alegria e de uma consciência de ser diferente da “vida quotidiana”. Conceitos extraídos de: HOMO LUDENS de Johan Huizinga. Texto sobre Cultura de Julieta de Andrade e Luiz Fernando de A. Soares. De acordo com Johan Huizinga, o jogo é uma atividade, que na sua origem, antecede à cultura e à própria sociedade humana, pois a cultura só existe com
  • 29. 29 base na sociedade humana. Existe antes da cultura, porém, está nela integrado desde suas origens até a civilização. O jogo pode assumir formas simples ou complexas. Um exemplo de forma simples são as brincadeiras das crianças. Formas complexas são as competições e representações ao público. A tensão, alegria e o divertimento se manifestam no jogo, o qual, não está ligado a qualquer grau determinado de civilização e concepções filosóficas. A seriedade, beleza, vivacidade, e graça são inerentes ao jogo. O jogo se baseia na transformação da realidade em imagens, numa “imaginação” da realidade, sendo a maior dificuldade a compreensão do significado dessas imagens e imaginação. Podemos afirmar que muitas atividades sociais são caracterizadas pelo jogo, como a LINGUAGEM, o MITO e o CULTO. O culto se desdobra em ritos sagrados, sacrifícios, consagrações e mistérios. Algumas instituições da civilização têm origem no MITO e no CULTO, como o direito e a ordem, o comércio e o lucro, a indústria e a arte, a poesia, a sabedoria e a ciência. Vejamos as principais características do jogo: 1 – O jogo é livre. É uma atividade de livre opção, sendo que o prazer pelo jogo o transforma em necessidade. Obrigação e dever estão vinculados ao CULTO e RITUAL. 2 – É uma evasão da vida real Não está comprometido com a vida comum. Tem uma finalidade em si mesmo.
  • 30. 30 3 – Isolamento e limitação É uma atividade temporária e espacial. É espacial porque se desenvolve num local apropriado, entretanto, é parte integrante da vida em geral, tendo uma função cultural. Diferencia-se da vida comum em função do lugar de seu desenrolar e do tempo, da duração. 4 – Fenômeno Cultural O jogo é uma criação, mantido na memória e socialmente transmitido, tornando-se uma tradição. 5 – Ele cria ordem e é ordem Busca uma perfeição temporária e limitada, exigindo uma ordem absoluta, com regras não questionáveis. Em síntese, o jogo existe desde a sociedade primitiva, atingindo a sociedade civilizada, manifestando-se , também, no sagrado, no culto, rituais e festas. Um importante traço do jogo é a CONSCIÊNCIA, é o elemento “faz de conta”. Huizinga assim conceitua o jogo: É uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão, de alegria e de uma consciência de ser diferente da “vida quotidiana”.
  • 31. 31 De acordo com este conceito, o jogo da bola de barbante, realizado em sala de aula, possuía essas características definidas por Huizinga. Foi uma atividade voluntária, exercida numa sala de aula, por um tempo definido, onde o professor apresentou as regras que foram aceitas pelos alunos e tornando-se obrigatórias. Um de nossos colegas ficou encarregado da fiscalização do cumprimento das mesmas. A finalidade do jogo estava em si mesma, com manifestações de tensão durante o seu desenrolar, como também, momentos de alegria, de satisfação e havendo em todos os participantes uma consciência de ser uma atividade diferente da nossa vida normal, porém integrada à vida em geral. Para o professor, este jogo tinha a finalidade de representar um aspecto da realidade, ou seja, como o jogo é integrante da vida cultural. Este jogo da bola de barbante é um elemento da cultura, com seus significados. Foi aprendido, memorizado e será socialmente transmitido pelos participantes, assim como pelo professor Luiz, que há cerca de 20 anos, tornando uma tradição, o utiliza em seus ensinamentos relativos às relações entre o jogo e a cultura. Neste jogo foi possível perceber como são estabelecidas e como se apresentam as inúmeras relações culturais entre os participantes, constituindo uma grande rede de relações. Desta forma, o jogo está integrado a uma determinada cultura. Apesar de ter as suas características próprias, de ter surgido antes das formações sociais primitivas e, por conseqüência, antes da cultura, entendemos que hoje em dia, com o desenvolvimento social e cultural, o jogo se reveste totalmente de elementos culturais. Joga-se numa determinada sociedade com a sua respectiva cultura. O jogo realizado em nossa sala de aula está integrado pela nossa cultura. As relações ali estabelecidas demonstraram claramente que a rede de relações que foram desenvolvidas tinham um componente cultural determinado, isto é, os nossos próprios valores, nossas crenças, nosso modo de pensar. O professor fazia narrativas impregnadas de valores culturais nossos.
  • 32. 32 Partindo do pressuposto que atualmente todo homem vive em sociedade com sua própria cultura, poderíamos afirmar que o jogo somente será compreendido e desenvolvido através de relações orientadas por determinados valores culturais. O homem nasce numa determinada sociedade, numa determinada cultura. O acervo cultural é socialmente transmitido e aprendido, constituindo uma tradição. ALTERIDADE Aquilo que é próprio do outro. Reinterpretação. INFLUÊNCIAS SÓCIO-CULTURAIS 1 – ETNOCENTRISMO É a tendência em eleger valores e costumes do grupo em que a pessoa nasceu e foi educada, como normas infalíveis de juízo de valor das condutas de qualquer outro grupo sócio-cultural. Ex: o padrão de meu grupo é melhor que o do outro. 2 – ANTROPOCENTRISMO É a tendência em eleger os valores e costumes do grupo de predominância política, cultural ou econômica, como parâmetros correcionais nos processos de dominação ou colonização. 3 – SUBJETIVIDADE É a tendência para julgar os fatos observados e situações que vivenciamos, tomando, por base, a emoção e a afetividade favorável ou adversa que uma
  • 33. 33 pessoa, um grupo, um fato desperta em nós, deixando, de lado, o exame rigoroso das razões de nosso juízo sobre esta pessoa, grupo ou situação. 4 – AUTORITARISMO É a tendência em aceitar, como verdadeira, uma afirmação porque alguém a disse e não pelas razões, experiência ou investigação levada a cabo por essa pessoa. O hábito de admitir, desde criança, verdades mais ou menos seguras, simplesmente porque nos foram ditas pelas pessoas adultas que nos rodeiam, pode continuar ao longo da vida. 5 – DOGMATISMO É a tendência em escolher fórmulas que expressam conhecimentos como verdades indiscutíveis, à margem do estudo, da crítica, da discussão. DOGMA não é o mesmo que dogmatismo, embora esse ponto corresponda, melhor, a uma explicação teológica quando fazemos referência ao dogma religioso. A atitude científica está consciente do quanto são provisórios todos os conhecimentos. Ex: Os livros religiosos são dogmáticos. Cátaros --- Católicos puritanos Acreditam em reencarnação. 6 – IMPRESSIONISMO
  • 34. 34 Embora possa ser uma espécie de subjetivismo, consiste, também, em confundir experiências transitórias com verdades comprovadas. É afirmar qual algo diz respeito a toda uma coletividade quando, unicamente, se refere a uma pessoa ou a um pequeno grupo. 7 – ESTEREÓTIPOS São imagens não comprovadas que, desde a infância, nos têm sido dadas, ou que, nós mesmos formamos a respeito de grupos étnicos, culturais, nacionais, etc. É uma forma de generalização insubstancial, mas que traz, também, graves conseqüências para a vida. 8 – ESPECIALISMO Consiste no processo, tácito ou expresso, de desvalorizar qualquer conhecimento que não esteja dentro da área da ciência a que nos dedicamos, ou em pretender que a ciência cultivada por nós contenha todos os conhecimentos, ou seja igualmente válida em qualquer outra área de fenômenos. Todas essas limitações sócio-culturais nos levam a entender a necessidade de dar ao nosso conhecimento rígida objetividade e de adquirir o hábito metodológico que nos libera de algumas dessas limitações tão graves para a vida pessoal e das sociedades. ALTERIDADE
  • 35. 35 É aquilo que é próprio do outro, referente à cultura do outro. CASAMENTO ROMANO Proclama --- Assessor do sacerdote. Verificava a aprovação do casamento na comunidade. Verificava a existência de algum impedimento. Vesta --- Sacerdotisa Preparava a noiva no dia do casamento. Um escravo, o maior amigo do noivo, desde criança, faz os preparativos da cerimônia e administra os recursos dos noivos. O pai conduzia a noiva para o local do casamento, uma praça pública. Neste local se encontrava o sacerdote, uma mesa com um bolo. O sacerdote da cerimônia pergunta, ao público, se alguém tem algo a declarar contra o casamento. O noivo oferece vinho aos presentes. A cerimônia do casamento denominava-se COMFARREÁCEO áceo --- ação com --- comer farre --- bolo Após o COMFARREÁCEO, os noivos saem caminhando, acompanhados pelo povo em festa, até a casa onde irão residir, juntamente com o escravo amigo. Nesta casa, era colocado um pote de mel para alimentar os noivos, que ali comemoravam durante sete dias ( uma lua ).
  • 36. 36 Cabia ao escravo, a verificação da virgindade da noiva, anunciando ou não a dignidade da moça. Após a semana de comemoração, o marido apresentava, em praça pública, o órgão sexual castrado do escravo, como prova da honradez da noiva. Neste momento, deixava de ser escravo, passando à condição de EUNUCO da família. Convivia com a família, educava os filhos do casal e verificava as condições das bebidas e alimentos antes de serem usados pela família. Tinha a prerrogativa de freqüentar os quartos do casal e filhos. Após a criação dos filhos, já adultos e casados, a família concedia ao EUNUCO um APOSENTO, caracterizando sua aposentadoria. O eunuco era respeitado pelos cidadãos, tendo o direito de denunciar a pessoa que o desrespeitasse. INSTITUIÇÃO SOCIAL A sociedade se organiza através das instituições. É uma estrutura, relativamente, permanente de padrões, papéis, e relações que os indivíduos realizam, segundo determinadas formas sancionadas e unificadas, com o objetivo de satisfazer necessidades sociais básicas. CARACTERÍSTICAS DAS INSTITUIÇÕES Finalidade Estruturação Estrutura unificada Valores FINALIDADE Satisfação das necessidades sociais.
  • 37. 37 ESTRUTURAÇÃO Coesão entre componentes. ESTRUTURA UNIFICADA Cada instituição pode ser vista como uma unidade independente. VALORES Código de conduta. PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES Família Religião Estado Empresa Educação FAMÍLIA A família é uma instituição social. Cada unidade familiar se diferencia em relação à outra. A união de uma família, em geral, forma o CLÃ. A instituição FAMÍLIA é um grupo social caracterizado pela residência comum, cooperação econômica e reprodução.
  • 38. 38 A família pode ser: Elementar Extensa Composta Conjugada Fraterna Fantasma ELEMENTAR Unidade formada por: Homem Esposa Filhos EXTENSA Unidade composta por: Duas ou mais famílias nucleares ( elementares ) Ligadas por laços consangüíneos COMPOSTA Unidade formada por: 3 ou mais cônjuges Filhos CONJUGADA FRATERNA Unidade que inclui: 2 ou mais irmãos Respectivas esposas Filhos
  • 39. 39 FANTASMA Unidade formada: Mulher casada Seus filhos Fantasma O marido não desempenha papel de pai, é, apenas, genitor ( pai biológico ). O FANTASMA é o irmão mais velho da mulher e tem a função de PATER ( pai social ). Quanto à AUTORIDADE a família pode ser: Patriarcal Matriarcal Paternal ou Igualitária PATRIARCAL A figura central é o PAI, o qual possui a autoridade de chefe sobre a mulher e os filhos. MATRIARCAL A figura central é a mãe, havendo predominância da autoridade feminina. Ex: famílias latinas
  • 40. 40 PATERNAL OU IGUALITÁRIA A autoridade pode ser mais equilibrada entre cônjuges, dependendo das situações, ações ou questões particulares. Ex: sociedades americanas MATRIMÔNIO O matrimônio, casamento, é o modo pelo qual a sociedade humana estabelece normas para a relação entre sexos ou indivíduos. MODALIDADES DE CASAMENTO Monogamia Poligamia: Poliandria: Simples Adelfa Poligimia: Simples Sororal Grupal MONOGAMIA Consiste no casamento de 2 indivíduos. POLIGAMIA
  • 41. 41 Refere-se ao casamento de um indivíduo com 2 ou mais cônjuges. POLIANDRIA É uma poligamia. É o casamento de uma mulher, simultaneamente, com 2 ou mais homens. Ex: na Índia e Tibet Pode ser: Simples --- não há restrições. Adelfa --- mulher casa com 2 irmãos. Ex: mulheres tibetanas POLIGIMIA É uma poligamia. É o casamento de um homem, simultaneamente, com 2 ou mais mulheres. Ex: muçulmanos Pode ser : Simples --- não há restrições. Sororal --- homem casa com 2 irmãs. Ex: em Madagascar GRUPAL É uma poligamia. É a união marital de vários homens e várias mulheres. Ex: tribos indígenas brasileiras