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Simão Canga
Serviço de Nefrologia
Introdução
A Nefropatia Diabética é a principal causa de doença renal crônica
no mundo ocidental, podendo se desenvolver tanto no decurso da
Diabetes do tipo I como do tipo II.

O risco de nefropatia é fortemente determinada genéticamente,

sendo que apenas 30 a 40% dos pacientes tanto do tipo I como do
tipo II desenvolvem nefropatia diabética.
Introdução
A prevalência de nefropatia na população diabética é variável de
acordo com a raça e grupos étnicos, menos frequente nos
caucasianos comparativamente aos diferentes grupos.

Em pacientes com parentes do 1º grau com Nefropatia Diabética
o risco de desenvolver Nefropatia Diabética é de 85% , sendo de
apenas 5% se forem parentes do 1º grau com Diabetes sem
Nefropatia.
Conceito
A Nefropatia Diabética é uma complicação que evolui de forma cró-

nica e progressiva durante anos, passando de fases precoces que se
caracterizam por alterações funcionais e fases intermédias marcadas

pela presença de micro ou macroalbuminúria até a fase de IRC terminal.
Classificação
Epidemiologia
A prevalência média de microalbuminúria em indivíduos diabéticos varia entre 27 a 43% segundo registos de diferentes
países, sendo a prevalência da proteinúria entre 7,3 a 10% e a da
queda da filtração glomerular em 22%...
…contribuindo com cerca de 49% dos casos de IRC dialítica nos
países desenvolvidos.
Existe uma correlação entre o início da proteinúria e a manifestação de IRC terminal tendo geralmente um intervalo de 5 a 7
anos
Epidemiologia
Patogênese e fisiopatologia da Nefropatia Diabética
Manifestações clínicas e história natural
Uma das alterações mais precoces da Nefropatia Diabética é o aumento da taxa de filtração glomerular com aumento simultâneo do
tamanho dos rins.
A seguir podem ser identificadas alterações no padrão histológico
sem evidência clínica, seguindo-se a fase de microalbuminúria.
Nessa fase os paciente podem apresentar hipertensão associada.
Pacientes com microalbuminúria persistente apresentam risco aumentado de evoluirem para Nefropatia estabelecida, com proteinúria que pode ser nefrótica e posteriormente para IRC dialítica.
Manifestações clínicas e história natural
Factores prognósticos
Complicações extrarrenais associadas a Nefropatia
Diabética
O risco de cegueira em pacientes com retinopatia é substancialmente mais elevado em indivíduos com nefropatia diabética.
A maior parte dos pacientes com nefropatia diabética também apreSentam algum grau de polineuropatia.
As complicações macrovasculares como AVC, coronáriopatias e doença vascular periférica são cerca de 5 vezes mais frequentes em
presença de nefropatia diabética.

A microalbuminúria é um bom marcador de risco cardiovascular.
Risco cardiovascular
Risco de mortalidade
Diagnóstico
O diagnóstico da Nefropatia diabética é baseado na deteção da
proteinúria.
A maior parte dos pacientes pode apresentar hipertensão e
retinopatia associada.
Diagnóstico
Abordagem terpêutica
A abordagem deve ser multifactorial envolvendo o controlo de
todos
os factores de risco de Nefropatia Diabética:
 Controlo estrito da glicêmia
 Controlo da pressão arterial
 Controlo da dislipidêmia
 Antiagregação plaquetária
Nefropatia Diabética: Diagnóstico e Abordagem

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Nefropatia Diabética: Diagnóstico e Abordagem

  • 2. Introdução A Nefropatia Diabética é a principal causa de doença renal crônica no mundo ocidental, podendo se desenvolver tanto no decurso da Diabetes do tipo I como do tipo II. O risco de nefropatia é fortemente determinada genéticamente, sendo que apenas 30 a 40% dos pacientes tanto do tipo I como do tipo II desenvolvem nefropatia diabética.
  • 3. Introdução A prevalência de nefropatia na população diabética é variável de acordo com a raça e grupos étnicos, menos frequente nos caucasianos comparativamente aos diferentes grupos. Em pacientes com parentes do 1º grau com Nefropatia Diabética o risco de desenvolver Nefropatia Diabética é de 85% , sendo de apenas 5% se forem parentes do 1º grau com Diabetes sem Nefropatia.
  • 4. Conceito A Nefropatia Diabética é uma complicação que evolui de forma cró- nica e progressiva durante anos, passando de fases precoces que se caracterizam por alterações funcionais e fases intermédias marcadas pela presença de micro ou macroalbuminúria até a fase de IRC terminal.
  • 6. Epidemiologia A prevalência média de microalbuminúria em indivíduos diabéticos varia entre 27 a 43% segundo registos de diferentes países, sendo a prevalência da proteinúria entre 7,3 a 10% e a da queda da filtração glomerular em 22%... …contribuindo com cerca de 49% dos casos de IRC dialítica nos países desenvolvidos. Existe uma correlação entre o início da proteinúria e a manifestação de IRC terminal tendo geralmente um intervalo de 5 a 7 anos
  • 8. Patogênese e fisiopatologia da Nefropatia Diabética
  • 9. Manifestações clínicas e história natural Uma das alterações mais precoces da Nefropatia Diabética é o aumento da taxa de filtração glomerular com aumento simultâneo do tamanho dos rins. A seguir podem ser identificadas alterações no padrão histológico sem evidência clínica, seguindo-se a fase de microalbuminúria. Nessa fase os paciente podem apresentar hipertensão associada. Pacientes com microalbuminúria persistente apresentam risco aumentado de evoluirem para Nefropatia estabelecida, com proteinúria que pode ser nefrótica e posteriormente para IRC dialítica.
  • 10. Manifestações clínicas e história natural
  • 12. Complicações extrarrenais associadas a Nefropatia Diabética O risco de cegueira em pacientes com retinopatia é substancialmente mais elevado em indivíduos com nefropatia diabética. A maior parte dos pacientes com nefropatia diabética também apreSentam algum grau de polineuropatia. As complicações macrovasculares como AVC, coronáriopatias e doença vascular periférica são cerca de 5 vezes mais frequentes em presença de nefropatia diabética. A microalbuminúria é um bom marcador de risco cardiovascular.
  • 15. Diagnóstico O diagnóstico da Nefropatia diabética é baseado na deteção da proteinúria. A maior parte dos pacientes pode apresentar hipertensão e retinopatia associada.
  • 17. Abordagem terpêutica A abordagem deve ser multifactorial envolvendo o controlo de todos os factores de risco de Nefropatia Diabética:  Controlo estrito da glicêmia  Controlo da pressão arterial  Controlo da dislipidêmia  Antiagregação plaquetária