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EDUCAÇÃO INFANTIL E AS PRÁTICAS DE CUIDAR E EDUCAR NO CONTEXTO DAS
                         POLÍTICAS EDUCACIONAIS


                                                                        Jucilene de Souza Ruiz 1
                                 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/ Campus do Pantanal


                                              INTRODUÇÃO

            Esta pesquisa se propôs em descrever e analisar as práticas educar e cuidar no contexto
    das relações entre professoras e assistentes e entre elas e as crianças, no cotidiano de uma
    instituição de educação infantil, além de confrontá-las com as políticas educacionais que se
    referem a integração do cuidar e educar e formação dos profissionais da Educação Infantil.
            Têm como tarefa primordial, contribuir para estudos referentes à criança pequena,
    assim como também ressaltar a importância da interação entre as práticas de cuidar e educar.
    Para sua realização foi necessário realizar observação direta e entrevistas com as professoras e
    assistentes de uma instituição de educação infantil, creche, localizada na cidade de Corumbá.
            Para que a integração das práticas ocorra é necessário que os profissionais envolvidos
    com a criança pequena estabeleçam em suas práticas os mesmos objetivos, a fim de
    proporcionar o desenvolvimento integral da criança. É por isso que Campos (1994), afirma
    que:
            “Se torna muito importante reconhecer quais são os objetivos que se deseja alcançar com a
            criança, pois eles orientarão as ações: se são os objetivos de cuidar e educar, a formação de
            seus profissionais deve também assegurar essas facetas, aliando as questões pedagógicas com
            as questões ligadas à higiene, alimentação e cuidados em geral (...) e ambas se relacionam ás
            dimensões afetivas, ética e estética da prática educativa.” (apud VIEIRA, p.36)

            Algumas questões se tornaram relevantes em nosso trabalho como: quem são os
    profissionais da creche? Por que abraçam essa profissão? Como vêem o próprio trabalho? Que
    aspectos consideram gratificantes e cansativos? Como é o relacionamento entre professoras e
    assistentes e entre elas e as crianças?
            Estas questões contribuíram para que fossem alcançados os objetivos traçados
    inicialmente na proposta da pesquisa, como o de investigar o perfil profissional das
    educadoras de creche, a relação entre professores e assistentes nas práticas de cuidar e educar,
    as interações entre adulto-adulto e adulto-criança, verificar se há (ou não) a presença de
    hierarquia entre as professoras e assistentes.


    1
     Aluna do programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/ Campo
    Grande, pesquisa de Iniciação Científica- PROPP/ CNPq, finalizada em 2005.
2



A formação dos profissionais de educação infantil

       No Brasil a formação de professores para os primeiros anos da educação básica era
realizada nos cursos de formação de nível médio, antigo curso normal que com a Lei 5.692/71
passa a ser chamado de habilitação para o magistério - e no nível superior no curso de
pedagogia. As primeiras iniciativas de formação de professora de criança pequena podem ser
observadas nos pareceres de Rui Barbosa, em 1882. Nos anos 50 surgem seis cursos de
pedagogia com formação para a educação pré-escolar. (SILVA, 2003, p.23)
       A Lei 5.692/71 criou a Habilitação para o Magistério, entre elas magistério em pré-
escolas, escolas maternais e jardins de infância,
       As instituições de educação infantil durante a história, tiveram dupla trajetória: os
jardins de infância, mais tarde chamados de pré-primário e pré-escolar, davam ênfase ao
aspecto educacional, sendo destinado para as crianças ricas, com métodos e atividades
pedagógicas, voltadas para o desenvolvimento social, cognitivo e outras habilidades, já as
instituição denominadas como creches e escolas maternais era enfatizado a guarda, a
alimentação, cuidados com a saúde, higiene e formação de hábitos de bom comportamento na
sociedade, sendo destinada pra as crianças pobres e abandonadas. (VIEIRA,1999)
       Para as creches o profissional vinha das áreas da saúde e assistência, em geral eram
dirigidas por médicos ou assistentes sociais (ou irmãs de caridade), contavam com educadoras
leigas ou auxiliares das quais eram requeridos conhecimentos nas áreas de saúde, higiene e
puericultura. E nos jardins de infância o profissional era o professor, destinado à tarefa de
educar e socializar os pequenos.
       Na Década de 80 retomou-se a discussão sobre creches e a elaboração de proposta
pedagógicas que rompe-se com o assistencialismo e passa-se a enfatizar o desenvolvimento
cognitivo das crianças. Ainda nos anos 80, os cursos de pedagogia passam a ter dentre suas
habilitações a formação para a pré-escola.
       Em MS, segundo pesquisas, realizadas por Silva (2003), a formação de profissionais
para a educação das crianças pequenas, era atendida por curso de formação em serviço,
projetos de extensão universitária, cursos promovidos por instituições como pela Organização
Mundial pra a Educação Pré-Escolar (OMEP), pela Legião Brasileira de Assistência (LBA) e
por outras entidades, além dos manuais elaborados e divulgados pelo Movimento Brasileiro
de Alfabetização (MOBRAL) e por várias publicações do Fundo das Nações Unidas pra a
Infância (UNICEF).
3



       Nos anos 70 a Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso ofereceu cursos de
formação para professoras que trabalham na casa Escola Infantil do Bom Senso, que foi a
primeira iniciativa pública para as crianças de quatro a seis anos.
       Um segundo tipo de formação foram os cursos do Programa de atendimento ao Pré-
escolar (PROAPE), visando complementar uma proposta pedagógica para a pré-escola,
baseado na teoria piagetiana. Outro tipo de formação oferecida foram os cursos da OMEP que
capacitava as professoras para atuar na pré-escola até o início dos anos 90, com o
reconhecimento da Legislação do Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul.
       Segundo a Política Nacional de Educação Infantil (1994), o adulto que atua na área de
educação deve ser reconhecido como profissional, requerendo a valorização no que respeita ás
condições de trabalho, plano de carreira, remuneração e formação, sendo que “condições
deverão ser criadas para que os profissionais de educação infantil que não possuam a
qualificação mínima, de nível médio, obtenham-na no prazo máximo de 8 (oito) anos”.
       Após a LDB de 1996 alguns cursos de pedagogia passam a se ocupar da formação de
profissionais para a educação infantil, incluindo as crianças de 0 a 6 anos, situando-a como
primeira etapa da Educação Básica (Art.24). Ela caracteriza o professor, como docente, cuja
formação se fará em nível superior, admitindo-se como formação mínima a oferecida em
nível de ensino médio- modalidade Normal (Art.62)
       Nas disposições transitórias determina que “até o fim da década da Educação somente
serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em
serviço”. (Art.87)
       Notamos que na Educação Infantil, em especial creche estão inseridas duas
profissionais com formações distintas num mesmo espaço (sala de atendimento), para a
atendente é exigida apenas que ela desenvolva ações de cuidados, nenhum curso a qualifica
para as funções que ela terá que desempenhar, em relação ao grau de escolaridade destas
notamos que diante dos dados apresentados algumas possuem nível fundamental incompleto.
Para a professora é exigido formação em nível superior, no entanto não sabemos de que forma
o cuidar e educar são contemplados em sua formação.
       O professor de educação infantil ao adentrar no espaço da creche acaba entrando em
conflito ou não com um profissional que já estava ali, um profissional cuja força de trabalho é
muito mais barata. No entanto o que vemos é que ambas cuidam do seu próprio trabalho sem
se preocupar em desenvolver uma ação conjunta, a própria hierarquia de funções impede que
uma se interesse pelo trabalho que é desenvolvido pela outra.
4



As práticas de cuidar e educar diante dos documentos


       A LDB de 1996 trouxe um fato novo ao colocar a educação infantil (creche e pré-
escola) como a primeira etapa da educação básica, começa a ficar visível nos documentos
posteriores a ênfase na integração do cuidar e educar. A creche que antes estava sobre a
responsabilidade da secretaria de Assistência passa para o setor educacional.
       O Referencial Curricular Nacional para a educação infantil, criado em 1998, pelo
Ministério da Educação, propõe a indissociabilidade das ações de cuidar e educar crianças de
0 a 6 anos idade, sem hierarquizar os profissionais ou a instituição que atuam com as crianças
pequenas.
       De acordo com o referencial, educar significa:
       “(...) propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma
       integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação
       interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e
       confiança, e o acesso, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de
       apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas, na
       perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis.” (RCN/I, vol. I,
       1998, p.23)

       Já o cuidar é definido como:
       “(...) parte integrante da educação, embora exigir conhecimentos, habilidades e instrumentos
       que extrapolam a dimensão pedagógica, ou seja, cuidar de uma criança em um contexto
       educativo demanda integração de vários campos de conhecimentos e a cooperação de
       profissionais de diferentes áreas.” (RCN/I, vol.I, 1998, p.24)

       O desenvolvimento integral depende tanto dos cuidados relacionais, que envolvem a
dimensão afetiva e dos cuidados com os aspectos biológicos do corpo, como a qualidade da
alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto da forma como esses cuidados são oferecidos
e das oportunidades de acesso a conhecimentos variados. “Para cuidar é preciso antes de tudo
estar comprometido com o outro, com sua singularidade, ser solidário com suas necessidades,
confiando em suas capacidades. Disso depende a construção de um vínculo entre quem cuida
e quem é cuidado”. (RCN/I, vol. I, 1998, p.24/25)
       Assim, o cuidar deixa de ter uma conotação assistencialista e pode adquirir um caráter
educativo se for visto como um momento privilegiado de interação entre criança-criança e
criança-adulto, ao mesmo tempo em que o ato de educar perde aquele caráter exclusivamente
escolar, com a preocupação exacerbada com o intelecto. (SILVA, 1999)
       Podemos também observar a questão do cuidar e educar nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil:
5


        “As instituições de Educação Infantil devem definir em suas propostas pedagógicas, práticas de
       educação e cuidados, que possibilitem a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos,
       cognitivos/lingüísticos e sociais da criança, entendendo que ela é um ser completo, total e indivisível.”
       (Resolução nº022/98, artigo 3º inciso III)

       Nesses documentos podemos notar a proposta de integração entre o cuidar e o educar
na Educação Infantil, no entanto não é mencionado que as práticas dos dois profissionais
devem caminhar juntas, ou que devam partir de uma mesma proposta educativa.
       O cuidar e o educar de crianças de 0 a 6 anos envolve uma visão integrada de
desenvolvimento da criança, dessa forma, os profissionais que trabalham com a criança
pequena devem tomar precações para que suas práticas não se transformem em ações
mecanizadas, guiadas por regras. O cuidar e o educar são duas práticas que devem caminhar
de maneira indissociável, possibilitando que ambas as ações construam na totalidade, a
identidade e autonomia da criança.
       A ação conjunta dos educadores e demais membros da equipe da instituição é
essencial para garantir que o cuidar e o educar aconteçam de forma integrada. Essa atitude
deve ser contemplada desde o planejamento educacional até a realização das atividades em si.
“A creche é o espaço do cuidado e da educação indissociados e indissociáveis. O cuidado e a
educação, são na esfera pública, o direito à educação para as crianças de 0 a 6 anos.” (ÁVILA,
2002, p.126)


                                           METODOLOGIA

       Na finalidade de analisar como vêm sendo desenvolvidas as práticas de cuidar e
educar diante das relações entre professoras e assistentes e entre elas e as crianças, no
cotidiano da Educação Infantil. A pesquisa iniciou-se com estudos teóricos sobre os temas:
educação infantil, cuidar e o educar, profissionais da educação infantil. Analisou-se como o
cuidar e o educar estão transpostos nas políticas educacionais, entre eles atentou-se no estudo
de dois documentos, Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (1998) e o
Referencial Curricular para a Educação Infantil (1998).
       A presente pesquisa se concretizou na Creche Municipal Maria Candelária, localizada
na parte alta da cidade de Corumbá, do Estado de Mato Grosso do Sul. Optamos para melhor
observação em delimitar nosso campo empírico na Creche em duas salas, que foram os níveis
3A e 3B, as crianças dessa sala estavam na faixa etária de dois a três anos de idade, cada sala
possuía uma professora e uma assistente.
6



       As visitas ao campo foram permeadas pela observação e consequentemente o seu
registro no diário de campo; foram elaboradas entrevistas destinadas às professoras e às
assistentes da creche; as entrevistas possuíam perguntas abertas e de múltipla escolha. A
pesquisa foi analisada através de uma visão qualitativa dos dados alcançados.
       Realizou-se conversas informais com as professoras e as assistentes o que nos
possibilitou conhecer um pouco mais sobre os papéis que desempenham na creche, além de
conversas com a diretora o que nos possibilitou ter em mãos a proposta pedagógica da
instituição, fato que favoreceu um maior enriquecimento da pesquisa.



                             RESULTADOS E DISCUSSÃO

Instituição pesquisada

       Esta pesquisa foi realizada na creche municipal Maria Candelária Pereira Leite,
localizada no bairro Centro América, na parte alta da cidade de Corumbá-MS.
       Essa instituição de atendimento a criança pequena foi fundada em 1985, através do
Decreto Municipal Nº. 270/98, pelo Ex-Prefeito Municipal Eder Moreira Brambilla; atende
crianças de zero a quatro anos de idade, é mantida pela Prefeitura Municipal de Corumbá.
       Atualmente, a creche atente 100 crianças em período integral, que são divididas em
diferentes níveis de acordo com a faixa etária, ainda apontamos o número de crianças em cada
nível, conforme podemos observar na tabela abaixo:


             Nível            Faixa etária               Número de Crianças por Nível
           1 (berçário)   Zero a um ano de idade;                       16
               2          Dois a três anos de idade;            34 (turmas A e B)
               3          Três a quatro anos de idade.          40 (turmas A e B)

       Por cada nível, é responsável uma professora e uma assistente, com exceção do Nível
1 (Berçário) que possui uma professora e duas assistentes para cada período, apenas duas
professoras trabalham durante os dois períodos na creche. A creche possui num total de oito
professores, todos têm nível superior, sete em pedagogia e uma em psicologia, destes, seis são
efetivos na instituição e quatro são contratados. As assistentes que permanecem na sala de
atendimento totalizam em 12 profissionais, sendo que dez possuem ensino médio completo,
uma tem nível superior e uma tem nível fundamental incompleto. A creche ainda conta com
mais seis funcionários de serviços diversos, todos tem ensino médio completo.
7



Objetivos da instituição
       A instituição visa oferecer o atendimento a crianças de ambos os sexos e todos os
credos e raças, sem discriminação, aos filhos de mães trabalhadoras ou não, criando um
ambiente de acolhimento que dê segurança e confiança às crianças, garantido oportunidade
para que sejam capazes de:
          •    Experimentar e utilizar os recursos de que dispõem para a satisfação de suas
               necessidades essenciais, expressando seus desejos, sentimentos, vontades e
               desagrados e agindo com progressiva autonomia;
          •    Familiarizar-se com a imagem do próprio corpo, conhecimento progressivo de
               seus limites, sua unidade e as sensações que ele produz;
          •    Interessar-se progressivamente pelo cuidado com o próprio corpo, executando
               ações simples relacionadas à saúde e higiene.
          •    Relacionar-se progressivamente com mais crianças, com seus professores e
               demais profissionais da instituição, demonstrando suas necessidades e
               interesses.
                  Esses objetivos estavam dispostos na Proposta pedagógica criada no ano de
          2004, pelo corpo docente e auxilio da diretora da creche. Nessa proposta estão
          definidos os conteúdos ou áreas de conhecimento que permearam no trabalho com
          a criança pequena na instituição, foram destacadas as seguintes:
                      •      Movimento
                      •      Expressividade
                      •      Equilíbrio e coordenação
                      •      Música
                      •      Artes visuais
                      •      Linguagem oral e escrita
                      •      Natureza e sociedade
                      •      Matemática
              Além das atividades permanentes:
                      •      Alimentação
                      •      Sono
                      •      Higiene
8



Caracterização dos sujeitos da pesquisa

       Foram entregues no total de dezenove entrevistas na instituição, doze foram entregues
para as assistentes que trabalham diretamente com a criança pequena e sete para as
professoras; dessas entrevistas retornaram apenas doze, sendo que sete eram das assistentes e
cinco das professoras, ressaltamos ainda que sete das entrevistas não foram devolvidas.


1. As assistentes - como são chamadas - possuem idade entre 21 e 59 anos, a cor da pele varia
entre parda e branca, três assistentes são casadas, três são solteiras e uma é separada, 80%
delas são mães, o número de filhos permeia entre um a seis filhos.
        O tempo em que trabalham na educação infantil varia entre 3 meses a menor e 20
anos a maior e o tempo de serviço na instituição em que trabalham hoje varia entre 3 meses a
10 anos de serviço. Seis dessas profissionais já participaram de algum curso de capacitação na
área de educação infantil. Ressaltamos, ainda, que cinco assistentes possuem ensino médio
completo, duas ensino Fundamental incompleto e uma nível superior no curso de Pedagogia.
       Foi perguntado como elas consideram as condições de trabalho: uma respondeu como
sendo ótimo, três bom, uma regular e uma como sendo péssimo. O mesmo foi perguntado em
relação a remuneração no qual apenas duas responderam como sendo bom, e três como
regular e uma como péssimo, o salário ganho por período correspondem a um salário mínimo.
       As maiores dificuldades encontradas como assistentes de crianças pequenas foram o
fato de terem que ficar sozinha na sala com as crianças, a quantidade de crianças na sala,
cuidar de criança, na hora do banho e a falta de materiais pedagógicos. Os aspectos cansativos
destacados, na maioria estavam relacionados à rotina do banho, fazer faxina na sala e no
banho e cuidar de crianças. Os aspectos gratificantes na creche foram marcados como sendo a
hora do sono, crianças limpas e saudáveis, carinho e respeitos das crianças. Seis assistentes
afirmaram que existe divisão de tarefas entre ela e a professora da sala, o motivo dessa divisão
são visíveis na hora do banho das crianças e quando a professora fica com a parte pedagógica.
O que diferencia a divisão é o grau de escolaridade que elas possuem. A relação existente no
trabalho entre elas e as professoras para a maioria é considerada como sendo ótima e bom e
uma minoria como sendo péssima.


2. As professoras- possuem idade entre 29 e 37 anos, a cor da pele varia entre parda e preto,
três delas são casadas, uma é solteira e uma é viúva, quatro professoras são mães, o número
9



de filhos varia entre um a sete. Todas as professoras possuem nível superior em pedagogia,
duas professoras já fizeram um curso de especialização e uma está fazendo.
        Duas professoras trabalham na educação infantil há cinco anos, uma a três anos, uma
há 3 meses e uma há 14 anos, o tempo de trabalho que possuem na creche pesquisada varia de
dois a cinco anos; duas professoras trabalham nela durante os dois períodos; todas as
professoras já participaram de vários curso de capacitações, específicos para a educação
infantil.
        Também foi perguntado às professoras como elas consideram as condições de trabalho
na creche, todas responderam como sendo boa; em relação às condições de remuneração, três
responderam como sendo regular e duas como boa, o salário ganho por período corresponde a
dois salários mínimos.
        As principais dificuldades apontadas no trabalho como professora de crianças
pequenas foram: a falta de recursos materiais como brinquedos, a falta de formação das
assistentes, o espaço físico, o número de crianças acima do permitido por lei; apenas uma das
professoras não encontrou nenhuma dificuldade.
        Em relação aos aspectos cansativos do dia a dia da creche, foram apontadas como
sendo a rotina e a indisponibilidade de recursos. Nos aspectos gratificantes na creche foram
considerados o trabalho com as crianças, o conhecimento adquiridos pelas crianças, a
aceitação das crianças na instituição, o entrosamento com as crianças.
        A maioria das professoras afirmou que existe a divisão de tarefas entre elas e as
assistentes, principalmente porque a professora fica com a parte pedagógica e a assistente com
a limpeza, pelo fato de faltar capacitação para as assistentes. Mas, a maioria reconhece que
também cuidam da criança. Apenas uma das professoras apontou que tenta fazer trabalho em
conjunto com a assistente.
        Todas as professoras afirmaram ter um bom relacionamento com as assistentes. No
que se refere como a professora planeja, registra e avalia o seu trabalho com as crianças a
maioria os executam conjuntamente com outros professores e também sozinhas.


            Idade das professoras                                 Idade das assistentes
 5                                                       7
                                                         6
 4
                                                         5
 3                                                       4
 2                                                       3
                                                         2
 1
                                                         1
 0                                                       0
        21 a 25 anos      26 a 30 anos                        21 a 25 anos       26 a 30 anos
                                                              31 a 35 anos       36 a 40 anos
        31 a 35 anos      36 a 40 anos                        41 a 50            mais de 51 anos
10

    Grau de escolaridade das professoras                Grau de escolaridade das assistentes

5                                                  7
                                                   6
4                                                  5
                                                   4
3                                                  3
2                                                  2
                                                   1
1                                                  0
0                                                             Ensino fundamental Incompleto
                                                              Ensino médio completo
               Nível superior                                 Nivel superior



    Tempo de trabalho na educação infantil             Tempo de trabalho na educação infantil
               das professoras                                    das assistentes
                                               7
5
                                               6
4                                              5
                                               4
3
                                               3
2                                              2
                                               1
1                                              0
0                                                       menos de 1 ano          de 1 a 5 anos
       menos de 1 ano        de 1 a 5 anos              de6 a 10 anos           mais de 10 anos
       de 6 a 10 anos        mais de 10 anos




      Como as professoras consideram                   Como as assistentes consideram as
     as condições de trabalho na creche                 condições de trabalho na creche
5                                                  7
4                                                  6
                                                   5
3                                                  4
2                                                  3
                                                   2
1                                                  1
0                                                  0
                                                         bom      ótimo     regular    péssimo
     bom      ótimo     regular    péssimo




     Como as professoras consideram as                   Como as assistentes consideram as
        condições de remuneração                            condições de remuneração
5                                                  7
                                                   6
4
                                                   5
3                                                  4
2                                                  3
                                                   2
1                                                  1
0                                                  0
     bom      ótimo     regular     péssimo             bom       ótimo    regular     péssimo
11



       AS PRÁTICAS DE CUIDAR E EDUCAR NO COTIDIANO DA CRECHE


       A partir dos dados levantados no decorrer da pesquisa procuraremos descrever e
discutir como vêm sendo desenvolvidas as práticas de cuidar e educar no cotidiano da creche;
é por esse motivo que se fez necessário destacarmos as profissionais incumbidas em colocá-
las em prática.
       A creche se concebe como um espaço de educação e cuidado e se constitui por
profissionais com formações diversas. As professoras possuíam formação em nível superior e
as assistentes na maioria possuíam ensino médio completo ou ensino fundamental incompleto,
além das diferenças relacionadas à formação, existem diversos aspectos interligados, tais
como os princípios, valores morais, costumes, preconceitos e suas mais variadas visões de
mundo, constituídos em uma esfera sócio, histórico e cultural. Tais aspectos acabam por
direcionar suas ações, também fica visível que essas duas profissionais são responsáveis em
desempenhar diferentes papéis no trabalho com as crianças pequenas. “(...) esses fatores
interferem na organização do trabalho cotidiano, embora não houvesse consciência dessa
interferência e dessas diferenças quanto à forma de conceber o trabalho de cada segmento
profissional.” (ÁVILA, 2002, p.75)
       Tais influências puderam ser observadas através de duas cenas que ocorreram durante
a pesquisa de campo, a primeira com a professora que não viu mal algum no fato dos meninos
brincarem com bolsas de mulheres.
        “A professora distribui brinquedos para as crianças, entre os brinquedos tinha duas bolsas
       dois meninos as pegaram e a colocaram no pescoço e começaram a passear pela sala, a
       professora viu e nada disse” (diário de campo, Nível 3A , 14:00 horas, dia 10/05/2005)

        A segunda se refere ao fato da assistente ter demonstrado em sua atitude preconceitos
que impedia os meninos de brincarem com brinquedos classificados como sendo de meninas;
       “A assistente pegou um saco de bonecas, os meninos começaram a pedir e ela respondeu que
       bonecas era só para meninas.” (Diário de campo, Nível 3B, 9:00 horas, dia 05/04/2005)

       Atitudes como o da assistente também é observada na prática de muitos educadores.
Tais exemplos nos levam a refletir sobre a convivência da criança com adultos constituídos
por princípios e valores extremamente opostos. Apontamos ainda que esses dois profissionais
estão influenciando no modo de pensar e agir de futuros adultos.
       Devemos estar cientes de que no contexto da creche, apesar de existir um profissional
específico para desenvolver as atividades pedagógicas (educar) e outro para as atividades de
12



cuidados básicos (cuidar), percebemos que tanto a professora quanto a assistente educa e
cuida das crianças pequenas ao mesmo tempo. Porém, essas práticas são desenvolvidas por
profissionais que possuem distintas concepções, além das diferenças relacionadas à formação,
de modo que, suas ações são permeadas por objetivos diferentes em relação ao
desenvolvimento dessa criança. Ou seja, cada profissional educa e cuida do modo que acredita
ser correto.
          “As professoras são reconhecidas por tratarem de questões ditas “pedagógicas”,
          ensino/aprendizagem e as monitoras por tratarem de questões ligadas aos cuidados. Tal
          associação traz as separações: mente/corpo; trabalho manual/trabalho intelectual;
          natureza/cultura; razão/emoção.” (ÁVILA, 2002, p.2)

          A professora é responsável por desenvolver as atividades ditas “pedagógicas”,
organiza e propõe atividades lúdicas e os espaços onde elas serão realizadas, além de
disponibilizar os materiais necessários para a sua execução; na maioria das atividades
propostas nota-se a preocupação em desenvolver as habilidades motoras, sensoriais e
perceptivas nas crianças.
          “A professora pegou três cadeiras, colocou-as enfileiradas, ao final da última cadeira
          colocou uma pequena escada que possuía três degraus, a professora demonstrou o que as
          crianças deveriam fazer, elas deveriam passar por baixo das cadeiras e depois subir nos
          degraus da escada e com a ajuda da professora iriam pulá-lo.” (Diário de campo, Nível 3A,
          14:00 horas, dia 01/04/2004)

          Além das atividades relacionadas à ampliação das habilidades motoras, são
desenvolvidas atividades relacionadas à literatura infantil, brincadeiras de rodas; a professora
costuma frequentemente organizar as crianças em círculo para cantarem cantigas de roda.
Também são organizadas atividades em que as crianças possam brincar de forma mais livres e
espontâneas, um momento onde elas criam e inventam as suas próprias brincadeiras e
exploram com maior intensidade o ambiente à sua volta, sem a intervenção direta da figura do
adulto.
          “A professora pegou uma caixa com brinquedos e distribui entre as crianças, um menino
          estava enfileirando na parede as pequenas placas de madeira”. (Diário de campo, Nível 3A,
          14:15 horas, 16/03/05)

          No trabalho desenvolvido pelas assistentes na creche fica visível que suas ações são
mais voltadas para os cuidados relacionados à alimentação, higiene e sono das crianças; além
de fazerem a faxina das salas de atendimento e dos banheiros, também auxiliam as
13



professoras na organização das crianças durante algumas atividades e cuidam para que elas
não briguem ou se machuquem.
       Segundo campos (1994):
       “Os profissionais que atuam nas creches- com denominação diversa: monitoras, educadoras,
       ADIs, recreacionistas, e outras - são mulheres com pouca escolaridade, com salário reduzido,
       das quais se espera disposição para “limpar, cuidar, alimentar e evitar riscos de quedas e
       machucaduras, controlando e contendo certo número de crianças. (CAMPOS, 1994, p.32/33)


       Ao observarmos a rotina dessa instituição verificamos que essa atividade é a que
ocupa maior tempo se compararmos com o tempo destinado para as atividades pedagógicas.
       “A assistente fica andado pelo refeitório na hora do almoço, ajudando algumas crianças a
       comer, recolhendo prato das que já terminaram, perguntava se queriam comer mais, servia
       água e limpava a boca das crianças”. (Diário de campo, refeitório, 11:30 horas, dia
       13/04/05)
       “A assistente se levantou, e caminhou até o banheiro e chamou quatro meninas para dar
       banho.” No momento do banho a assistente fala:
       -Cadê a sua mochila?
       - Vai jogando água!
       - Não abre a torneira! (Diário de campo, Nível 3ª, 14:00 horas, dia 15/04/2005)

       Nas entrevistas realizadas com as assistentes, a hora do banho foi apontado como um
dos momentos mais cansativos da rotina da creche, pois alegam que são muitas crianças para
dar banho, tirar e colocar roupas e pentear cabelos em um determinado tempo. Geralmente, o
banho é realizado no período da manhã, antes do almoço e no período da tarde antes do jantar;
ressaltamos que para cada período há uma assistente, todas trabalham em apenas um período
na creche.
       “Conhecendo-se as necessidades das crianças, o banho, a alimentação e o descanso terão papel
       de destaque na dinâmica do dia-a-dia. Mais do que um ritual de limpeza, o banho acalma a
       criança, ajuda a fortalecer laços afetivos e proporciona prazer. Representa divertimento,
       descoberta e proximidade ao ser realizado num ambiente previamente preparado.” (ÁVILA,
       2002, p.97)

       A correria do dia-a-dia na creche de certa forma impede a criança de vivenciar esses
momentos de prazer, descoberta e divertimento durante as atividades relacionadas aos
cuidados, principalmente na hora do banho, das refeições e do descanso; esses momentos
ocorrem sempre de maneira rápida e mecânica.
       “Assim, os momentos rotineiros, como as refeições ou higiene pessoal, muitas vezes
       considerados como tendo pouca importância, permite-nos estabelecer relacionamentos que
       oferecem as crianças possibilidades de compreender, aprender, analisar, reconhecer e recordar.
14



       Tudo depende da forma como os adultos se relacionam com ela.” (GHEDINI, Apud ÁVILA
       p. 90)

       Apesar da confirmação da presença da divisão de trabalho na creche entre as
professoras e assistentes, também foi notado que as práticas desenvolvidas por ambas acabam
se “contagiando”. A assistente muitas vezes se deparava com situações inesperadas, onde ela
acabava manifestando conhecimentos aprendidos no convívio com a professora.
Presenciamos várias situações onde as assistentes ficaram na sala com as crianças sem a
presença da professora, mas em nenhum momento presenciamos a professora com as crianças
sem a presença das assistentes.
       “As crianças estavam na sala somente com a assistente, elas estavam sentadas em círculo, a
       assistente cantava algumas cantigas de roda e as crianças acompanhavam.
       A assistente disse:
       - Vamos lá atirei o pau no gato!
       - Não vi ninguém cantando!
       “Quando a assistente errava a letra da cantiga alguma criança a corrigia.” (Diário de
       campo, Nível3B, 14:00 horas, dia 30/03/2005)

       Nesse momento, a assistente percebeu que não podia deixar as crianças ociosas por
muito tempo, algo deveria ser feito mesmo não tento consciência do objetivo da prática que
estava desenvolvendo, ela sabia que essa atividade acalmava e chamava atenção das crianças.
Houve também, uma sensibilidade por parte dessa profissional que ao perceber que as
crianças tinham perdido o interesse pela atividade, logo propôs outra. “(...) a contaminação
das práticas educativas mostram a impossibilidade de separar cuidado e educação, a cabeça do
corpo, a razão da emoção o cognitivo e o afetivo (...).” (ÁVILA, 2002, p.221)


       “A assistente vendo que a maioria das crianças não queria mais cantar, então resolveu pegar
       a caixa de brinquedos e distribuiu para elas, deixando-as livres para brincar.” (Diário de
       Campo, Nível 3B, 14,00 horas, dia 30/03/2005)


       Mas nem sempre uma atitude como essa é tomada, presenciamos também situações
em que havia a ausência da professora na sala e a assistente demonstrou que não sabia o que
fazer com as crianças, assim achou mais plausível deixá-las sob controle.
       “As crianças começaram a levantar do chão e a assistente pediu que as crianças voltassem a
       sentar e que ficassem encostadas na parede.”
       “A assistente falou para quatro crianças que estavam na porta da sala:
15



         - Quem mandou ficar na porta!
         - Todo mundo sentado perto da parede!
         A assistente caminhou até a porta e pegou na mão delas, e as levou até o canto da sala.”
         (Diário de campo, Nível 3A, 15;00 horas, dia 18/03/05)

         A “contaminação” de práticas também ocorre por parte da professora, que acaba se
envolvendo com as atividades de cuidados físicos, por exemplo, a professora costuma pentear
o cabelo das crianças após o banho, junto com a assistente ela serve o lanche, o almoço e a
janta.
         “As meninas que já tinham tomado banho iam até a professora que estava sentada numa
         cadeira, com a escova de cabelo na mão” (Diário de campo, Nível 3A , 14:15 horas, dia
         16/03/05)

         È importante focar que as práticas desenvolvidas pelos profissionais acabam se
“contaminando” até mesmo pelas necessidades encontradas no dia-a-dia da creche. No
entanto, essas ações não são pensadas e nem feitas de modo planejado e integrando. Cada
profissional educa e cuida da criança à sua maneira, baseado na sua própria concepção de
mundo.
          “Chamo a atenção para o aspecto de que não é o cuidado e a educação que estão separados.
         (cuidar e educar estão indissociáveis) - não há uma profissional que cuida (monitora) e outra
         que educa (professora) – são as ações educativas de cada profissional que estão separadas e
         cada uma pensa e faz seu trabalho paralelamente. Ambas estão cuidando e educando as
         crianças e trocando informações sobre elas, no entanto, uma profissional não entra naquilo que
         seja considerado esfera de atuação de outra profissional.” (ÁVILA, 2002, p.100)

         Uma das professoras relatou que se assustou quando entrou na creche, porque ela não
estava acostumada a fazer o que ela faz e disse que não é paga para ficar penteando o cabelo
das crianças, mas não tem como não o fazer, “como ela iria deixar a assistente fazer tudo
sozinha”. Esse relato demonstra que as atividades relacionadas aos cuidados básicos da
criança não fazem parte do trabalho e nem do planejamento das professoras, elas apenas
“ajudam” as assistentes. Essa afirmação vem a confirmar a existência da divisão de papéis e a
presença da hierarquia nas relações entre as profissionais da creche.
         “Assim, cuidar e educar, que deveriam ser propostas de uma mesma prática pedagógica,
         tornam-se divisores de águas da função exercida por esses profissionais em seu cotidiano de
         trabalho: cuidar passa a ser de responsabilidade daquele que possui menos formação (a
         auxiliar, a crecheira, etc.), ao passo que o educar torna-se responsabilidade do profissional
         com mais formação.” (LANTER, 1999)

         Através das entrevistas realizadas notamos que o professor fica com a parte
pedagógica; nas respostas das assistentes e das professoras fica explícito que as assistentes são
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incumbidas de realizar as tarefas relacionadas aos cuidados físicos e da higiene pessoal da
criança. Porém, algumas professoras demonstram a preocupação em realizar um trabalho
integrado, mas segundo elas, a falta de formação das assistentes dificulta a sua realização. Tal
divisão de trabalho é reflexo do próprio sistema capitalista, onde o trabalho acaba sendo
dividido para obter rapidez em receber o produto final, porém os envolvidos na sua produção
não participam de todas as etapas da qual resulto o produto.
       “A pedagogia italiana (Montovanni e Perani) nos permite ver uma relação dialética nesta
       questão: Não há incompatibilidade entre contar uma história e trocar a roupa de uma criança.
       È possível trocar-lhe a roupa e contar-lhe uma história. Sem perder de vista o objetivo
       educativo presente nesta ação.” (FARIA, Apud ÁVILA, 2002, p. 97)

       Fica visível na rotina da creche, momentos onde é revelado a existência de hierarquia
durante as relações de trabalho, entre a professora e a assistente, apesar de haver momento de
“contágio” das práticas desenvolvidas por ambas. Outro aspecto analisado diz respeito aos
confrontos e conflitos vividos entre essas profissionais no dia-a-dia da creche.
       “A relação com meu professor é péssima, ela com todo esse estudo que ela tem e eu apenas
       com 1º grau. Os professores por serem pedagogos ou psicólogos alegam que tem nível
       superior, nós assistentes não temos grau de escolaridade, temos que ralar, realmente. A
       divisão é a professora dá atividade para quatro e a assistente cuida do restante.” (entrevista
       realizada com as assistentes)

       A assistente demonstra que está ciente das diferenças existentes entre ela e a
professora, principalmente pelo grau de escolaridade que ambas possuem; afirma também a
falta de importância do papel pedagógico desempenhado pela professora e considera que fica
com as crianças muito mais tempo que a professora e que o seu trabalho é muito mais
cansativo. As diferenças existentes entre professoras e assistentes contribuem para a
ocorrência de situações conflituosas nas suas relações de trabalho.
       “Os trabalhadores da creche têm diferentes formações escolares, o que dificulta o seu trabalho
       enquanto grupo. È um grande engano supor que o trabalho em grupo esteja garantido, ao invés
       de considerá-lo como uma competência que deve ser adquirida...” (GHEDINI, Apud ÁVILA,
       2002, p.75)

       Todo trabalho em grupo é conflituoso, principalmente quando os objetivos de suas
ações perpassam por diferentes caminhos, porém vimos que a integração entre as práticas de
cuidar e educar vai depender muito da escolha de um mesmo caminho (objetivo) para
direcionar suas práticas. No entanto, para que essa unificação ocorra depende de fatores que o
possibilitem, pois percebemos que a própria rotina da creche impede que a proposta do
17



professor esteja integrada com a prática desenvolvida pela assistente. A integração entre as
práticas é um processo que ainda se encontra em construção.
       Destacamos ainda, que a própria formação acadêmica do profissional para a educação
infantil não o subsidia o suficiente para que ele possa integrar em sua proposta pedagógica a
ação de cuidados com caráter educativo.
       Em relação à interação entre adulto-adulto, podemos dizer que há uma relação de
respeito entre ambas e pelo papel que desempenham; notamos ainda que a própria rotina na
creche contribui para que haja pouco diálogo entre as duas profissionais. As poucas conversas
presenciadas entre elas estavam relacionados à criança, mas também surgem conversas
relacionadas a outros assuntos.
       “A professora notou a falta da Soraia na sala e perguntou a assistente onde ela estava, a
       assistente respondeu que ela estava no banheiro” (Diário de campo, nível 3A , horas 14:00,
       dia 12/05/05)
       “A assistente perguntou a professora se ela iria assistir ao filme que estava passando no
       moinho cultural, comentou com a professora que ela não conseguiu assistir porque estava
       com seus netos e o filme era proibido para menores”. (Diário de campo, nível 3A,
       horas14:00, dia 12/05/05)

       Durante o momento em que a professora fica desenvolvendo atividades com as
crianças, a assistente costumeiramente fica observando-as de longe durante algum tempo e
quando chega perto da hora do banho se dirige ao banheiro para limpá-lo e organizá-lo para
receber as crianças.
       “A assistente estava sentada do lado de fora da roda e apenas observava a professora e as
       crianças. Logo depois ela se levantou e foi limpar o banheiro.” (Diário de campo, nível 3ª,
       horas 14:15, dia 16/03/05)

       Havia momentos em que a própria professora solicitava a ajuda da assistente para
ajudá-la no trabalho que estava desenvolvendo com as crianças, a assistente demonstrou
prazer e seriedade na hora de ajudá-la. Nesse momento houve a integração do trabalho entre a
professora e a assistente, eram adultos inteiros educando crianças inteiras.
        “A assistente pegou uma cola e ajudou a professora a passar cola nas folhas de sulfite e
       também ensinava como as crianças deveriam colocar o barbante sobre o papel. (Diário de
       campo, nível 3A , horas 14:00, dia 12/05/05)
       “A professora estava sentada e pediu para a assistente pegar os brinquedos de encaixe,
       depois a assistente sentou no chão e ficou olhando as crianças brincando”. (Diário de
       Campo, Nível 3A, horas 14:00, dia 11/03/05)
18




       As professoras e assistentes encontravam-se cotidianamente, estavam juntas, mas suas
práticas não estavam totalmente integradas. Portanto, havia tentativas de integração quando a
assistente era convidada a participar das atividades que a professora estava desenvolvendo e
quando professora e assistente trocavam informações sobre as crianças.
       Na interação entre adulto-criança, a questão da afetividade está presente tanto nas
ações das professoras quanto das assistentes pelas crianças e destas por ambas as
profissionais.
       As crianças também procuravam tanto as professoras, como as assistentes. Estas eram
procuradas não só com o objetivo de satisfazer as suas necessidades básicas como higiene e
alimentação, mas como uma forma de buscar colo e assim as sensações de conforto,
aconchego e carinho. As crianças são capazes de estabelecer múltiplas relações entre elas e
entre elas e os adultos.
       “A assistente sentou numa cadeira, Soraia foi até ela, a assistente abraçou-a e ficou
       conversando com ela.” (Diário de campo, nível 3A, 13:30 horas, dia 28/04/05)
       “Soraia sentou no colo da professora, começou a passar a mão no seu rosto e a professora
       conversava com ela nesse momento.” (Diário de campo, nível 3A , 14:20 horas, dia 10/05/05)

       Um fato que nos chamou a atenção foi a maneira como as crianças chamam as
professoras e as assistentes, ambas são chamadas de tias.
       “Quando a professoras não se importam de ser chamadas de tias, negligenciam uma dimensão
       da profissionalização e da política de atuação técnica que possui.” (Ávila, 2002, p. 92)
       Uma menina falou para a professora:
       _ Tia eu sou uma coelhinha?
       Um menino pegou a sua mochila e disse para a assistente:
       - Tia já!       (Diário de campo, nível 3B, 15:00 horas, dia 23/03/2005)

       Uma última questão a ser destacada é que os adultos responsáveis pelas crianças
impediam que elas se expressassem, que fossem espontâneas; ou seja, elas eram limitadas por
regras, pela disciplina, pela ordem.
       - Welliton, não mexe aí! Thaís vem pra cá!
       - Senta Geovani!
       - Fica todo mundo sentado!
       - Podem sair da porta! (Fala da professora e da assistente)
19



       Nesse sentido, pode-se afirmar que ambos os profissionais desconsideram a
importância do movimento, da brincadeira espontânea, da imaginação e da criatividade,
privilegiando a ordem o silêncio e o “ficar quieto”.


                                    CONSIDERAÇÕES FINAIS


       No decorrer da pesquisa, observamos que as práticas de cuidar e educar são
indissociáveis no cotidiano da creche, no entanto o que se encontra separado são os objetivos
que permeiam nessas práticas; cada profissional educa e cuida da criança ao mesmo tempo, do
modo que acredita ser correto.
       Há momentos em que os profissionais acabam utilizando conhecimentos que
aprenderam no convívio com o outro, esses momentos demonstram a tentativa de aliar suas
práticas, apesar de ambas as ações serem pensadas, planejadas e executadas de maneira
separada. Essas tentativas também são percebidas quando a professora convida a assistente
para participar das atividades que desenvolve e quando ambas trocam idéias e conversam
sobre as crianças.
       A própria divisão de trabalho existente na creche acaba demarcando o trabalho que
deve ser realizado por cada uma dessas profissionais. È através de suas relações de trabalho
que notamos que ela se estabelece de forma contraditória e muitas vezes conflituosa, pois
profissionais com características e princípios tão diferentes acabam se confrontando e
negando a importância um do outro neste contexto.
       Através das relações estabelecidas entre professoras e assistentes, percebemos ainda a
presença de hierarquia, que acaba existindo principalmente pelo fato de cada profissional
possuir formações distintas e por serem incumbido em realizar determinadas tarefas. Essa
distribuição de tarefas cria barreiras que impedem esses profissionais de adentrarem no
trabalho que é desenvolvido pelo outro.
       Apesar de considerarmos que nesse contexto a integração das práticas é um processo
que se encontra em construção, apontamos ainda a importância da criação de uma proposta
educativa que considere o cuidar como parte integrante e vice-versa. No entanto, antes se faz
necessário que a própria formação acadêmica do profissional de educação infantil dê
subsídios para assegurar essa junção, além de capacitar, também as assistentes com
conhecimentos relativos à criança pequena e seus direitos.
       A indissociabilidade entre as práticas de cuidar e educar requer que ambos os
profissionais tenham os mesmos objetivos em suas ações, de modo que juntas proporcionem o
20



desenvolvimento infantil nos aspectos físicos, emocional, afetivo, cognitivo, lingüístico e
social e assegurem em sua totalidade, a identidade e autonomia das crianças, livre de
preconceitos e ideologias de caráter dominante.
       Assim, percebe-se a necessidade de políticas públicas especificas para a formação dos
Profissionais de Educação Infantil que contemplem as práticas de cuidar e educar, pois nota-
se que essas ações ainda não se encontram bem definidas diante dos documentos oficiais
voltados para a educação infantil, assim como também o oferecimento de cursos que integrem
a participação dos dois profissionais que atuam nesse espaço.


                              REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ÁVILA, Maria José Figueiredo. As professoras de Crianças Pequenininhas e o Cuidar e
Educar. Um estudo sobre as práticas educativas em um CEMEI de Campinas/SP. Dissertação
(Mestrado Educação) UNICAMP.2002.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil/ Ministério da
Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental.- Brasília: MEC/SEF,1998.

BRASIL. Parecer CEB nº 022 de 17 de dezembro de 1998. Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, DF. Disponível em: www.portal.mec.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. LDBEN, 1996 Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996.
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L9394.htm>.

FOREST, Nilza Aparecida. Cuidar e Educar. Perspectiva para a prática pedagógica na
educação infantil. http://www.icpg.com.br/artigos/rev03-07.pdf . Acessado em: 8 abril de
2005.

LANTER, Ana Paula. A política de formação do profissional de educação infantil: os anos
90 e as diretrizes do MEC diante da questão. In: KRAMER, Sonia; LEITE, Izabel M. ;
NUNES, Maria F. e GUIMARÃES, Daneila. (orgs.) Infância e educação infantil. Campinas:
Papirus, 1999.

SILVA, Anamaria S. A professora de Educação Infantil e sua formação universitária.
Tese (doutorado em Educação). Curso de Pós-Graduação em educação, Universidade de
Campinas, 2003.

VIEIRA, Lívia Maria Fraga. A formação do profissional de educação infantil no Brasil no
contexto da legislação, das políticas e da realidade do atendimento. Revista quadrimestral,
Faculdade de Educação Unicamp. V.10, n.1, p.28-39, março. 1999.

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  • 1. EDUCAÇÃO INFANTIL E AS PRÁTICAS DE CUIDAR E EDUCAR NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS Jucilene de Souza Ruiz 1 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/ Campus do Pantanal INTRODUÇÃO Esta pesquisa se propôs em descrever e analisar as práticas educar e cuidar no contexto das relações entre professoras e assistentes e entre elas e as crianças, no cotidiano de uma instituição de educação infantil, além de confrontá-las com as políticas educacionais que se referem a integração do cuidar e educar e formação dos profissionais da Educação Infantil. Têm como tarefa primordial, contribuir para estudos referentes à criança pequena, assim como também ressaltar a importância da interação entre as práticas de cuidar e educar. Para sua realização foi necessário realizar observação direta e entrevistas com as professoras e assistentes de uma instituição de educação infantil, creche, localizada na cidade de Corumbá. Para que a integração das práticas ocorra é necessário que os profissionais envolvidos com a criança pequena estabeleçam em suas práticas os mesmos objetivos, a fim de proporcionar o desenvolvimento integral da criança. É por isso que Campos (1994), afirma que: “Se torna muito importante reconhecer quais são os objetivos que se deseja alcançar com a criança, pois eles orientarão as ações: se são os objetivos de cuidar e educar, a formação de seus profissionais deve também assegurar essas facetas, aliando as questões pedagógicas com as questões ligadas à higiene, alimentação e cuidados em geral (...) e ambas se relacionam ás dimensões afetivas, ética e estética da prática educativa.” (apud VIEIRA, p.36) Algumas questões se tornaram relevantes em nosso trabalho como: quem são os profissionais da creche? Por que abraçam essa profissão? Como vêem o próprio trabalho? Que aspectos consideram gratificantes e cansativos? Como é o relacionamento entre professoras e assistentes e entre elas e as crianças? Estas questões contribuíram para que fossem alcançados os objetivos traçados inicialmente na proposta da pesquisa, como o de investigar o perfil profissional das educadoras de creche, a relação entre professores e assistentes nas práticas de cuidar e educar, as interações entre adulto-adulto e adulto-criança, verificar se há (ou não) a presença de hierarquia entre as professoras e assistentes. 1 Aluna do programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/ Campo Grande, pesquisa de Iniciação Científica- PROPP/ CNPq, finalizada em 2005.
  • 2. 2 A formação dos profissionais de educação infantil No Brasil a formação de professores para os primeiros anos da educação básica era realizada nos cursos de formação de nível médio, antigo curso normal que com a Lei 5.692/71 passa a ser chamado de habilitação para o magistério - e no nível superior no curso de pedagogia. As primeiras iniciativas de formação de professora de criança pequena podem ser observadas nos pareceres de Rui Barbosa, em 1882. Nos anos 50 surgem seis cursos de pedagogia com formação para a educação pré-escolar. (SILVA, 2003, p.23) A Lei 5.692/71 criou a Habilitação para o Magistério, entre elas magistério em pré- escolas, escolas maternais e jardins de infância, As instituições de educação infantil durante a história, tiveram dupla trajetória: os jardins de infância, mais tarde chamados de pré-primário e pré-escolar, davam ênfase ao aspecto educacional, sendo destinado para as crianças ricas, com métodos e atividades pedagógicas, voltadas para o desenvolvimento social, cognitivo e outras habilidades, já as instituição denominadas como creches e escolas maternais era enfatizado a guarda, a alimentação, cuidados com a saúde, higiene e formação de hábitos de bom comportamento na sociedade, sendo destinada pra as crianças pobres e abandonadas. (VIEIRA,1999) Para as creches o profissional vinha das áreas da saúde e assistência, em geral eram dirigidas por médicos ou assistentes sociais (ou irmãs de caridade), contavam com educadoras leigas ou auxiliares das quais eram requeridos conhecimentos nas áreas de saúde, higiene e puericultura. E nos jardins de infância o profissional era o professor, destinado à tarefa de educar e socializar os pequenos. Na Década de 80 retomou-se a discussão sobre creches e a elaboração de proposta pedagógicas que rompe-se com o assistencialismo e passa-se a enfatizar o desenvolvimento cognitivo das crianças. Ainda nos anos 80, os cursos de pedagogia passam a ter dentre suas habilitações a formação para a pré-escola. Em MS, segundo pesquisas, realizadas por Silva (2003), a formação de profissionais para a educação das crianças pequenas, era atendida por curso de formação em serviço, projetos de extensão universitária, cursos promovidos por instituições como pela Organização Mundial pra a Educação Pré-Escolar (OMEP), pela Legião Brasileira de Assistência (LBA) e por outras entidades, além dos manuais elaborados e divulgados pelo Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) e por várias publicações do Fundo das Nações Unidas pra a Infância (UNICEF).
  • 3. 3 Nos anos 70 a Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso ofereceu cursos de formação para professoras que trabalham na casa Escola Infantil do Bom Senso, que foi a primeira iniciativa pública para as crianças de quatro a seis anos. Um segundo tipo de formação foram os cursos do Programa de atendimento ao Pré- escolar (PROAPE), visando complementar uma proposta pedagógica para a pré-escola, baseado na teoria piagetiana. Outro tipo de formação oferecida foram os cursos da OMEP que capacitava as professoras para atuar na pré-escola até o início dos anos 90, com o reconhecimento da Legislação do Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul. Segundo a Política Nacional de Educação Infantil (1994), o adulto que atua na área de educação deve ser reconhecido como profissional, requerendo a valorização no que respeita ás condições de trabalho, plano de carreira, remuneração e formação, sendo que “condições deverão ser criadas para que os profissionais de educação infantil que não possuam a qualificação mínima, de nível médio, obtenham-na no prazo máximo de 8 (oito) anos”. Após a LDB de 1996 alguns cursos de pedagogia passam a se ocupar da formação de profissionais para a educação infantil, incluindo as crianças de 0 a 6 anos, situando-a como primeira etapa da Educação Básica (Art.24). Ela caracteriza o professor, como docente, cuja formação se fará em nível superior, admitindo-se como formação mínima a oferecida em nível de ensino médio- modalidade Normal (Art.62) Nas disposições transitórias determina que “até o fim da década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço”. (Art.87) Notamos que na Educação Infantil, em especial creche estão inseridas duas profissionais com formações distintas num mesmo espaço (sala de atendimento), para a atendente é exigida apenas que ela desenvolva ações de cuidados, nenhum curso a qualifica para as funções que ela terá que desempenhar, em relação ao grau de escolaridade destas notamos que diante dos dados apresentados algumas possuem nível fundamental incompleto. Para a professora é exigido formação em nível superior, no entanto não sabemos de que forma o cuidar e educar são contemplados em sua formação. O professor de educação infantil ao adentrar no espaço da creche acaba entrando em conflito ou não com um profissional que já estava ali, um profissional cuja força de trabalho é muito mais barata. No entanto o que vemos é que ambas cuidam do seu próprio trabalho sem se preocupar em desenvolver uma ação conjunta, a própria hierarquia de funções impede que uma se interesse pelo trabalho que é desenvolvido pela outra.
  • 4. 4 As práticas de cuidar e educar diante dos documentos A LDB de 1996 trouxe um fato novo ao colocar a educação infantil (creche e pré- escola) como a primeira etapa da educação básica, começa a ficar visível nos documentos posteriores a ênfase na integração do cuidar e educar. A creche que antes estava sobre a responsabilidade da secretaria de Assistência passa para o setor educacional. O Referencial Curricular Nacional para a educação infantil, criado em 1998, pelo Ministério da Educação, propõe a indissociabilidade das ações de cuidar e educar crianças de 0 a 6 anos idade, sem hierarquizar os profissionais ou a instituição que atuam com as crianças pequenas. De acordo com o referencial, educar significa: “(...) propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis.” (RCN/I, vol. I, 1998, p.23) Já o cuidar é definido como: “(...) parte integrante da educação, embora exigir conhecimentos, habilidades e instrumentos que extrapolam a dimensão pedagógica, ou seja, cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda integração de vários campos de conhecimentos e a cooperação de profissionais de diferentes áreas.” (RCN/I, vol.I, 1998, p.24) O desenvolvimento integral depende tanto dos cuidados relacionais, que envolvem a dimensão afetiva e dos cuidados com os aspectos biológicos do corpo, como a qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto da forma como esses cuidados são oferecidos e das oportunidades de acesso a conhecimentos variados. “Para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido com o outro, com sua singularidade, ser solidário com suas necessidades, confiando em suas capacidades. Disso depende a construção de um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado”. (RCN/I, vol. I, 1998, p.24/25) Assim, o cuidar deixa de ter uma conotação assistencialista e pode adquirir um caráter educativo se for visto como um momento privilegiado de interação entre criança-criança e criança-adulto, ao mesmo tempo em que o ato de educar perde aquele caráter exclusivamente escolar, com a preocupação exacerbada com o intelecto. (SILVA, 1999) Podemos também observar a questão do cuidar e educar nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil:
  • 5. 5 “As instituições de Educação Infantil devem definir em suas propostas pedagógicas, práticas de educação e cuidados, que possibilitem a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos/lingüísticos e sociais da criança, entendendo que ela é um ser completo, total e indivisível.” (Resolução nº022/98, artigo 3º inciso III) Nesses documentos podemos notar a proposta de integração entre o cuidar e o educar na Educação Infantil, no entanto não é mencionado que as práticas dos dois profissionais devem caminhar juntas, ou que devam partir de uma mesma proposta educativa. O cuidar e o educar de crianças de 0 a 6 anos envolve uma visão integrada de desenvolvimento da criança, dessa forma, os profissionais que trabalham com a criança pequena devem tomar precações para que suas práticas não se transformem em ações mecanizadas, guiadas por regras. O cuidar e o educar são duas práticas que devem caminhar de maneira indissociável, possibilitando que ambas as ações construam na totalidade, a identidade e autonomia da criança. A ação conjunta dos educadores e demais membros da equipe da instituição é essencial para garantir que o cuidar e o educar aconteçam de forma integrada. Essa atitude deve ser contemplada desde o planejamento educacional até a realização das atividades em si. “A creche é o espaço do cuidado e da educação indissociados e indissociáveis. O cuidado e a educação, são na esfera pública, o direito à educação para as crianças de 0 a 6 anos.” (ÁVILA, 2002, p.126) METODOLOGIA Na finalidade de analisar como vêm sendo desenvolvidas as práticas de cuidar e educar diante das relações entre professoras e assistentes e entre elas e as crianças, no cotidiano da Educação Infantil. A pesquisa iniciou-se com estudos teóricos sobre os temas: educação infantil, cuidar e o educar, profissionais da educação infantil. Analisou-se como o cuidar e o educar estão transpostos nas políticas educacionais, entre eles atentou-se no estudo de dois documentos, Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (1998) e o Referencial Curricular para a Educação Infantil (1998). A presente pesquisa se concretizou na Creche Municipal Maria Candelária, localizada na parte alta da cidade de Corumbá, do Estado de Mato Grosso do Sul. Optamos para melhor observação em delimitar nosso campo empírico na Creche em duas salas, que foram os níveis 3A e 3B, as crianças dessa sala estavam na faixa etária de dois a três anos de idade, cada sala possuía uma professora e uma assistente.
  • 6. 6 As visitas ao campo foram permeadas pela observação e consequentemente o seu registro no diário de campo; foram elaboradas entrevistas destinadas às professoras e às assistentes da creche; as entrevistas possuíam perguntas abertas e de múltipla escolha. A pesquisa foi analisada através de uma visão qualitativa dos dados alcançados. Realizou-se conversas informais com as professoras e as assistentes o que nos possibilitou conhecer um pouco mais sobre os papéis que desempenham na creche, além de conversas com a diretora o que nos possibilitou ter em mãos a proposta pedagógica da instituição, fato que favoreceu um maior enriquecimento da pesquisa. RESULTADOS E DISCUSSÃO Instituição pesquisada Esta pesquisa foi realizada na creche municipal Maria Candelária Pereira Leite, localizada no bairro Centro América, na parte alta da cidade de Corumbá-MS. Essa instituição de atendimento a criança pequena foi fundada em 1985, através do Decreto Municipal Nº. 270/98, pelo Ex-Prefeito Municipal Eder Moreira Brambilla; atende crianças de zero a quatro anos de idade, é mantida pela Prefeitura Municipal de Corumbá. Atualmente, a creche atente 100 crianças em período integral, que são divididas em diferentes níveis de acordo com a faixa etária, ainda apontamos o número de crianças em cada nível, conforme podemos observar na tabela abaixo: Nível Faixa etária Número de Crianças por Nível 1 (berçário) Zero a um ano de idade; 16 2 Dois a três anos de idade; 34 (turmas A e B) 3 Três a quatro anos de idade. 40 (turmas A e B) Por cada nível, é responsável uma professora e uma assistente, com exceção do Nível 1 (Berçário) que possui uma professora e duas assistentes para cada período, apenas duas professoras trabalham durante os dois períodos na creche. A creche possui num total de oito professores, todos têm nível superior, sete em pedagogia e uma em psicologia, destes, seis são efetivos na instituição e quatro são contratados. As assistentes que permanecem na sala de atendimento totalizam em 12 profissionais, sendo que dez possuem ensino médio completo, uma tem nível superior e uma tem nível fundamental incompleto. A creche ainda conta com mais seis funcionários de serviços diversos, todos tem ensino médio completo.
  • 7. 7 Objetivos da instituição A instituição visa oferecer o atendimento a crianças de ambos os sexos e todos os credos e raças, sem discriminação, aos filhos de mães trabalhadoras ou não, criando um ambiente de acolhimento que dê segurança e confiança às crianças, garantido oportunidade para que sejam capazes de: • Experimentar e utilizar os recursos de que dispõem para a satisfação de suas necessidades essenciais, expressando seus desejos, sentimentos, vontades e desagrados e agindo com progressiva autonomia; • Familiarizar-se com a imagem do próprio corpo, conhecimento progressivo de seus limites, sua unidade e as sensações que ele produz; • Interessar-se progressivamente pelo cuidado com o próprio corpo, executando ações simples relacionadas à saúde e higiene. • Relacionar-se progressivamente com mais crianças, com seus professores e demais profissionais da instituição, demonstrando suas necessidades e interesses. Esses objetivos estavam dispostos na Proposta pedagógica criada no ano de 2004, pelo corpo docente e auxilio da diretora da creche. Nessa proposta estão definidos os conteúdos ou áreas de conhecimento que permearam no trabalho com a criança pequena na instituição, foram destacadas as seguintes: • Movimento • Expressividade • Equilíbrio e coordenação • Música • Artes visuais • Linguagem oral e escrita • Natureza e sociedade • Matemática Além das atividades permanentes: • Alimentação • Sono • Higiene
  • 8. 8 Caracterização dos sujeitos da pesquisa Foram entregues no total de dezenove entrevistas na instituição, doze foram entregues para as assistentes que trabalham diretamente com a criança pequena e sete para as professoras; dessas entrevistas retornaram apenas doze, sendo que sete eram das assistentes e cinco das professoras, ressaltamos ainda que sete das entrevistas não foram devolvidas. 1. As assistentes - como são chamadas - possuem idade entre 21 e 59 anos, a cor da pele varia entre parda e branca, três assistentes são casadas, três são solteiras e uma é separada, 80% delas são mães, o número de filhos permeia entre um a seis filhos. O tempo em que trabalham na educação infantil varia entre 3 meses a menor e 20 anos a maior e o tempo de serviço na instituição em que trabalham hoje varia entre 3 meses a 10 anos de serviço. Seis dessas profissionais já participaram de algum curso de capacitação na área de educação infantil. Ressaltamos, ainda, que cinco assistentes possuem ensino médio completo, duas ensino Fundamental incompleto e uma nível superior no curso de Pedagogia. Foi perguntado como elas consideram as condições de trabalho: uma respondeu como sendo ótimo, três bom, uma regular e uma como sendo péssimo. O mesmo foi perguntado em relação a remuneração no qual apenas duas responderam como sendo bom, e três como regular e uma como péssimo, o salário ganho por período correspondem a um salário mínimo. As maiores dificuldades encontradas como assistentes de crianças pequenas foram o fato de terem que ficar sozinha na sala com as crianças, a quantidade de crianças na sala, cuidar de criança, na hora do banho e a falta de materiais pedagógicos. Os aspectos cansativos destacados, na maioria estavam relacionados à rotina do banho, fazer faxina na sala e no banho e cuidar de crianças. Os aspectos gratificantes na creche foram marcados como sendo a hora do sono, crianças limpas e saudáveis, carinho e respeitos das crianças. Seis assistentes afirmaram que existe divisão de tarefas entre ela e a professora da sala, o motivo dessa divisão são visíveis na hora do banho das crianças e quando a professora fica com a parte pedagógica. O que diferencia a divisão é o grau de escolaridade que elas possuem. A relação existente no trabalho entre elas e as professoras para a maioria é considerada como sendo ótima e bom e uma minoria como sendo péssima. 2. As professoras- possuem idade entre 29 e 37 anos, a cor da pele varia entre parda e preto, três delas são casadas, uma é solteira e uma é viúva, quatro professoras são mães, o número
  • 9. 9 de filhos varia entre um a sete. Todas as professoras possuem nível superior em pedagogia, duas professoras já fizeram um curso de especialização e uma está fazendo. Duas professoras trabalham na educação infantil há cinco anos, uma a três anos, uma há 3 meses e uma há 14 anos, o tempo de trabalho que possuem na creche pesquisada varia de dois a cinco anos; duas professoras trabalham nela durante os dois períodos; todas as professoras já participaram de vários curso de capacitações, específicos para a educação infantil. Também foi perguntado às professoras como elas consideram as condições de trabalho na creche, todas responderam como sendo boa; em relação às condições de remuneração, três responderam como sendo regular e duas como boa, o salário ganho por período corresponde a dois salários mínimos. As principais dificuldades apontadas no trabalho como professora de crianças pequenas foram: a falta de recursos materiais como brinquedos, a falta de formação das assistentes, o espaço físico, o número de crianças acima do permitido por lei; apenas uma das professoras não encontrou nenhuma dificuldade. Em relação aos aspectos cansativos do dia a dia da creche, foram apontadas como sendo a rotina e a indisponibilidade de recursos. Nos aspectos gratificantes na creche foram considerados o trabalho com as crianças, o conhecimento adquiridos pelas crianças, a aceitação das crianças na instituição, o entrosamento com as crianças. A maioria das professoras afirmou que existe a divisão de tarefas entre elas e as assistentes, principalmente porque a professora fica com a parte pedagógica e a assistente com a limpeza, pelo fato de faltar capacitação para as assistentes. Mas, a maioria reconhece que também cuidam da criança. Apenas uma das professoras apontou que tenta fazer trabalho em conjunto com a assistente. Todas as professoras afirmaram ter um bom relacionamento com as assistentes. No que se refere como a professora planeja, registra e avalia o seu trabalho com as crianças a maioria os executam conjuntamente com outros professores e também sozinhas. Idade das professoras Idade das assistentes 5 7 6 4 5 3 4 2 3 2 1 1 0 0 21 a 25 anos 26 a 30 anos 21 a 25 anos 26 a 30 anos 31 a 35 anos 36 a 40 anos 31 a 35 anos 36 a 40 anos 41 a 50 mais de 51 anos
  • 10. 10 Grau de escolaridade das professoras Grau de escolaridade das assistentes 5 7 6 4 5 4 3 3 2 2 1 1 0 0 Ensino fundamental Incompleto Ensino médio completo Nível superior Nivel superior Tempo de trabalho na educação infantil Tempo de trabalho na educação infantil das professoras das assistentes 7 5 6 4 5 4 3 3 2 2 1 1 0 0 menos de 1 ano de 1 a 5 anos menos de 1 ano de 1 a 5 anos de6 a 10 anos mais de 10 anos de 6 a 10 anos mais de 10 anos Como as professoras consideram Como as assistentes consideram as as condições de trabalho na creche condições de trabalho na creche 5 7 4 6 5 3 4 2 3 2 1 1 0 0 bom ótimo regular péssimo bom ótimo regular péssimo Como as professoras consideram as Como as assistentes consideram as condições de remuneração condições de remuneração 5 7 6 4 5 3 4 2 3 2 1 1 0 0 bom ótimo regular péssimo bom ótimo regular péssimo
  • 11. 11 AS PRÁTICAS DE CUIDAR E EDUCAR NO COTIDIANO DA CRECHE A partir dos dados levantados no decorrer da pesquisa procuraremos descrever e discutir como vêm sendo desenvolvidas as práticas de cuidar e educar no cotidiano da creche; é por esse motivo que se fez necessário destacarmos as profissionais incumbidas em colocá- las em prática. A creche se concebe como um espaço de educação e cuidado e se constitui por profissionais com formações diversas. As professoras possuíam formação em nível superior e as assistentes na maioria possuíam ensino médio completo ou ensino fundamental incompleto, além das diferenças relacionadas à formação, existem diversos aspectos interligados, tais como os princípios, valores morais, costumes, preconceitos e suas mais variadas visões de mundo, constituídos em uma esfera sócio, histórico e cultural. Tais aspectos acabam por direcionar suas ações, também fica visível que essas duas profissionais são responsáveis em desempenhar diferentes papéis no trabalho com as crianças pequenas. “(...) esses fatores interferem na organização do trabalho cotidiano, embora não houvesse consciência dessa interferência e dessas diferenças quanto à forma de conceber o trabalho de cada segmento profissional.” (ÁVILA, 2002, p.75) Tais influências puderam ser observadas através de duas cenas que ocorreram durante a pesquisa de campo, a primeira com a professora que não viu mal algum no fato dos meninos brincarem com bolsas de mulheres. “A professora distribui brinquedos para as crianças, entre os brinquedos tinha duas bolsas dois meninos as pegaram e a colocaram no pescoço e começaram a passear pela sala, a professora viu e nada disse” (diário de campo, Nível 3A , 14:00 horas, dia 10/05/2005) A segunda se refere ao fato da assistente ter demonstrado em sua atitude preconceitos que impedia os meninos de brincarem com brinquedos classificados como sendo de meninas; “A assistente pegou um saco de bonecas, os meninos começaram a pedir e ela respondeu que bonecas era só para meninas.” (Diário de campo, Nível 3B, 9:00 horas, dia 05/04/2005) Atitudes como o da assistente também é observada na prática de muitos educadores. Tais exemplos nos levam a refletir sobre a convivência da criança com adultos constituídos por princípios e valores extremamente opostos. Apontamos ainda que esses dois profissionais estão influenciando no modo de pensar e agir de futuros adultos. Devemos estar cientes de que no contexto da creche, apesar de existir um profissional específico para desenvolver as atividades pedagógicas (educar) e outro para as atividades de
  • 12. 12 cuidados básicos (cuidar), percebemos que tanto a professora quanto a assistente educa e cuida das crianças pequenas ao mesmo tempo. Porém, essas práticas são desenvolvidas por profissionais que possuem distintas concepções, além das diferenças relacionadas à formação, de modo que, suas ações são permeadas por objetivos diferentes em relação ao desenvolvimento dessa criança. Ou seja, cada profissional educa e cuida do modo que acredita ser correto. “As professoras são reconhecidas por tratarem de questões ditas “pedagógicas”, ensino/aprendizagem e as monitoras por tratarem de questões ligadas aos cuidados. Tal associação traz as separações: mente/corpo; trabalho manual/trabalho intelectual; natureza/cultura; razão/emoção.” (ÁVILA, 2002, p.2) A professora é responsável por desenvolver as atividades ditas “pedagógicas”, organiza e propõe atividades lúdicas e os espaços onde elas serão realizadas, além de disponibilizar os materiais necessários para a sua execução; na maioria das atividades propostas nota-se a preocupação em desenvolver as habilidades motoras, sensoriais e perceptivas nas crianças. “A professora pegou três cadeiras, colocou-as enfileiradas, ao final da última cadeira colocou uma pequena escada que possuía três degraus, a professora demonstrou o que as crianças deveriam fazer, elas deveriam passar por baixo das cadeiras e depois subir nos degraus da escada e com a ajuda da professora iriam pulá-lo.” (Diário de campo, Nível 3A, 14:00 horas, dia 01/04/2004) Além das atividades relacionadas à ampliação das habilidades motoras, são desenvolvidas atividades relacionadas à literatura infantil, brincadeiras de rodas; a professora costuma frequentemente organizar as crianças em círculo para cantarem cantigas de roda. Também são organizadas atividades em que as crianças possam brincar de forma mais livres e espontâneas, um momento onde elas criam e inventam as suas próprias brincadeiras e exploram com maior intensidade o ambiente à sua volta, sem a intervenção direta da figura do adulto. “A professora pegou uma caixa com brinquedos e distribui entre as crianças, um menino estava enfileirando na parede as pequenas placas de madeira”. (Diário de campo, Nível 3A, 14:15 horas, 16/03/05) No trabalho desenvolvido pelas assistentes na creche fica visível que suas ações são mais voltadas para os cuidados relacionados à alimentação, higiene e sono das crianças; além de fazerem a faxina das salas de atendimento e dos banheiros, também auxiliam as
  • 13. 13 professoras na organização das crianças durante algumas atividades e cuidam para que elas não briguem ou se machuquem. Segundo campos (1994): “Os profissionais que atuam nas creches- com denominação diversa: monitoras, educadoras, ADIs, recreacionistas, e outras - são mulheres com pouca escolaridade, com salário reduzido, das quais se espera disposição para “limpar, cuidar, alimentar e evitar riscos de quedas e machucaduras, controlando e contendo certo número de crianças. (CAMPOS, 1994, p.32/33) Ao observarmos a rotina dessa instituição verificamos que essa atividade é a que ocupa maior tempo se compararmos com o tempo destinado para as atividades pedagógicas. “A assistente fica andado pelo refeitório na hora do almoço, ajudando algumas crianças a comer, recolhendo prato das que já terminaram, perguntava se queriam comer mais, servia água e limpava a boca das crianças”. (Diário de campo, refeitório, 11:30 horas, dia 13/04/05) “A assistente se levantou, e caminhou até o banheiro e chamou quatro meninas para dar banho.” No momento do banho a assistente fala: -Cadê a sua mochila? - Vai jogando água! - Não abre a torneira! (Diário de campo, Nível 3ª, 14:00 horas, dia 15/04/2005) Nas entrevistas realizadas com as assistentes, a hora do banho foi apontado como um dos momentos mais cansativos da rotina da creche, pois alegam que são muitas crianças para dar banho, tirar e colocar roupas e pentear cabelos em um determinado tempo. Geralmente, o banho é realizado no período da manhã, antes do almoço e no período da tarde antes do jantar; ressaltamos que para cada período há uma assistente, todas trabalham em apenas um período na creche. “Conhecendo-se as necessidades das crianças, o banho, a alimentação e o descanso terão papel de destaque na dinâmica do dia-a-dia. Mais do que um ritual de limpeza, o banho acalma a criança, ajuda a fortalecer laços afetivos e proporciona prazer. Representa divertimento, descoberta e proximidade ao ser realizado num ambiente previamente preparado.” (ÁVILA, 2002, p.97) A correria do dia-a-dia na creche de certa forma impede a criança de vivenciar esses momentos de prazer, descoberta e divertimento durante as atividades relacionadas aos cuidados, principalmente na hora do banho, das refeições e do descanso; esses momentos ocorrem sempre de maneira rápida e mecânica. “Assim, os momentos rotineiros, como as refeições ou higiene pessoal, muitas vezes considerados como tendo pouca importância, permite-nos estabelecer relacionamentos que oferecem as crianças possibilidades de compreender, aprender, analisar, reconhecer e recordar.
  • 14. 14 Tudo depende da forma como os adultos se relacionam com ela.” (GHEDINI, Apud ÁVILA p. 90) Apesar da confirmação da presença da divisão de trabalho na creche entre as professoras e assistentes, também foi notado que as práticas desenvolvidas por ambas acabam se “contagiando”. A assistente muitas vezes se deparava com situações inesperadas, onde ela acabava manifestando conhecimentos aprendidos no convívio com a professora. Presenciamos várias situações onde as assistentes ficaram na sala com as crianças sem a presença da professora, mas em nenhum momento presenciamos a professora com as crianças sem a presença das assistentes. “As crianças estavam na sala somente com a assistente, elas estavam sentadas em círculo, a assistente cantava algumas cantigas de roda e as crianças acompanhavam. A assistente disse: - Vamos lá atirei o pau no gato! - Não vi ninguém cantando! “Quando a assistente errava a letra da cantiga alguma criança a corrigia.” (Diário de campo, Nível3B, 14:00 horas, dia 30/03/2005) Nesse momento, a assistente percebeu que não podia deixar as crianças ociosas por muito tempo, algo deveria ser feito mesmo não tento consciência do objetivo da prática que estava desenvolvendo, ela sabia que essa atividade acalmava e chamava atenção das crianças. Houve também, uma sensibilidade por parte dessa profissional que ao perceber que as crianças tinham perdido o interesse pela atividade, logo propôs outra. “(...) a contaminação das práticas educativas mostram a impossibilidade de separar cuidado e educação, a cabeça do corpo, a razão da emoção o cognitivo e o afetivo (...).” (ÁVILA, 2002, p.221) “A assistente vendo que a maioria das crianças não queria mais cantar, então resolveu pegar a caixa de brinquedos e distribuiu para elas, deixando-as livres para brincar.” (Diário de Campo, Nível 3B, 14,00 horas, dia 30/03/2005) Mas nem sempre uma atitude como essa é tomada, presenciamos também situações em que havia a ausência da professora na sala e a assistente demonstrou que não sabia o que fazer com as crianças, assim achou mais plausível deixá-las sob controle. “As crianças começaram a levantar do chão e a assistente pediu que as crianças voltassem a sentar e que ficassem encostadas na parede.” “A assistente falou para quatro crianças que estavam na porta da sala:
  • 15. 15 - Quem mandou ficar na porta! - Todo mundo sentado perto da parede! A assistente caminhou até a porta e pegou na mão delas, e as levou até o canto da sala.” (Diário de campo, Nível 3A, 15;00 horas, dia 18/03/05) A “contaminação” de práticas também ocorre por parte da professora, que acaba se envolvendo com as atividades de cuidados físicos, por exemplo, a professora costuma pentear o cabelo das crianças após o banho, junto com a assistente ela serve o lanche, o almoço e a janta. “As meninas que já tinham tomado banho iam até a professora que estava sentada numa cadeira, com a escova de cabelo na mão” (Diário de campo, Nível 3A , 14:15 horas, dia 16/03/05) È importante focar que as práticas desenvolvidas pelos profissionais acabam se “contaminando” até mesmo pelas necessidades encontradas no dia-a-dia da creche. No entanto, essas ações não são pensadas e nem feitas de modo planejado e integrando. Cada profissional educa e cuida da criança à sua maneira, baseado na sua própria concepção de mundo. “Chamo a atenção para o aspecto de que não é o cuidado e a educação que estão separados. (cuidar e educar estão indissociáveis) - não há uma profissional que cuida (monitora) e outra que educa (professora) – são as ações educativas de cada profissional que estão separadas e cada uma pensa e faz seu trabalho paralelamente. Ambas estão cuidando e educando as crianças e trocando informações sobre elas, no entanto, uma profissional não entra naquilo que seja considerado esfera de atuação de outra profissional.” (ÁVILA, 2002, p.100) Uma das professoras relatou que se assustou quando entrou na creche, porque ela não estava acostumada a fazer o que ela faz e disse que não é paga para ficar penteando o cabelo das crianças, mas não tem como não o fazer, “como ela iria deixar a assistente fazer tudo sozinha”. Esse relato demonstra que as atividades relacionadas aos cuidados básicos da criança não fazem parte do trabalho e nem do planejamento das professoras, elas apenas “ajudam” as assistentes. Essa afirmação vem a confirmar a existência da divisão de papéis e a presença da hierarquia nas relações entre as profissionais da creche. “Assim, cuidar e educar, que deveriam ser propostas de uma mesma prática pedagógica, tornam-se divisores de águas da função exercida por esses profissionais em seu cotidiano de trabalho: cuidar passa a ser de responsabilidade daquele que possui menos formação (a auxiliar, a crecheira, etc.), ao passo que o educar torna-se responsabilidade do profissional com mais formação.” (LANTER, 1999) Através das entrevistas realizadas notamos que o professor fica com a parte pedagógica; nas respostas das assistentes e das professoras fica explícito que as assistentes são
  • 16. 16 incumbidas de realizar as tarefas relacionadas aos cuidados físicos e da higiene pessoal da criança. Porém, algumas professoras demonstram a preocupação em realizar um trabalho integrado, mas segundo elas, a falta de formação das assistentes dificulta a sua realização. Tal divisão de trabalho é reflexo do próprio sistema capitalista, onde o trabalho acaba sendo dividido para obter rapidez em receber o produto final, porém os envolvidos na sua produção não participam de todas as etapas da qual resulto o produto. “A pedagogia italiana (Montovanni e Perani) nos permite ver uma relação dialética nesta questão: Não há incompatibilidade entre contar uma história e trocar a roupa de uma criança. È possível trocar-lhe a roupa e contar-lhe uma história. Sem perder de vista o objetivo educativo presente nesta ação.” (FARIA, Apud ÁVILA, 2002, p. 97) Fica visível na rotina da creche, momentos onde é revelado a existência de hierarquia durante as relações de trabalho, entre a professora e a assistente, apesar de haver momento de “contágio” das práticas desenvolvidas por ambas. Outro aspecto analisado diz respeito aos confrontos e conflitos vividos entre essas profissionais no dia-a-dia da creche. “A relação com meu professor é péssima, ela com todo esse estudo que ela tem e eu apenas com 1º grau. Os professores por serem pedagogos ou psicólogos alegam que tem nível superior, nós assistentes não temos grau de escolaridade, temos que ralar, realmente. A divisão é a professora dá atividade para quatro e a assistente cuida do restante.” (entrevista realizada com as assistentes) A assistente demonstra que está ciente das diferenças existentes entre ela e a professora, principalmente pelo grau de escolaridade que ambas possuem; afirma também a falta de importância do papel pedagógico desempenhado pela professora e considera que fica com as crianças muito mais tempo que a professora e que o seu trabalho é muito mais cansativo. As diferenças existentes entre professoras e assistentes contribuem para a ocorrência de situações conflituosas nas suas relações de trabalho. “Os trabalhadores da creche têm diferentes formações escolares, o que dificulta o seu trabalho enquanto grupo. È um grande engano supor que o trabalho em grupo esteja garantido, ao invés de considerá-lo como uma competência que deve ser adquirida...” (GHEDINI, Apud ÁVILA, 2002, p.75) Todo trabalho em grupo é conflituoso, principalmente quando os objetivos de suas ações perpassam por diferentes caminhos, porém vimos que a integração entre as práticas de cuidar e educar vai depender muito da escolha de um mesmo caminho (objetivo) para direcionar suas práticas. No entanto, para que essa unificação ocorra depende de fatores que o possibilitem, pois percebemos que a própria rotina da creche impede que a proposta do
  • 17. 17 professor esteja integrada com a prática desenvolvida pela assistente. A integração entre as práticas é um processo que ainda se encontra em construção. Destacamos ainda, que a própria formação acadêmica do profissional para a educação infantil não o subsidia o suficiente para que ele possa integrar em sua proposta pedagógica a ação de cuidados com caráter educativo. Em relação à interação entre adulto-adulto, podemos dizer que há uma relação de respeito entre ambas e pelo papel que desempenham; notamos ainda que a própria rotina na creche contribui para que haja pouco diálogo entre as duas profissionais. As poucas conversas presenciadas entre elas estavam relacionados à criança, mas também surgem conversas relacionadas a outros assuntos. “A professora notou a falta da Soraia na sala e perguntou a assistente onde ela estava, a assistente respondeu que ela estava no banheiro” (Diário de campo, nível 3A , horas 14:00, dia 12/05/05) “A assistente perguntou a professora se ela iria assistir ao filme que estava passando no moinho cultural, comentou com a professora que ela não conseguiu assistir porque estava com seus netos e o filme era proibido para menores”. (Diário de campo, nível 3A, horas14:00, dia 12/05/05) Durante o momento em que a professora fica desenvolvendo atividades com as crianças, a assistente costumeiramente fica observando-as de longe durante algum tempo e quando chega perto da hora do banho se dirige ao banheiro para limpá-lo e organizá-lo para receber as crianças. “A assistente estava sentada do lado de fora da roda e apenas observava a professora e as crianças. Logo depois ela se levantou e foi limpar o banheiro.” (Diário de campo, nível 3ª, horas 14:15, dia 16/03/05) Havia momentos em que a própria professora solicitava a ajuda da assistente para ajudá-la no trabalho que estava desenvolvendo com as crianças, a assistente demonstrou prazer e seriedade na hora de ajudá-la. Nesse momento houve a integração do trabalho entre a professora e a assistente, eram adultos inteiros educando crianças inteiras. “A assistente pegou uma cola e ajudou a professora a passar cola nas folhas de sulfite e também ensinava como as crianças deveriam colocar o barbante sobre o papel. (Diário de campo, nível 3A , horas 14:00, dia 12/05/05) “A professora estava sentada e pediu para a assistente pegar os brinquedos de encaixe, depois a assistente sentou no chão e ficou olhando as crianças brincando”. (Diário de Campo, Nível 3A, horas 14:00, dia 11/03/05)
  • 18. 18 As professoras e assistentes encontravam-se cotidianamente, estavam juntas, mas suas práticas não estavam totalmente integradas. Portanto, havia tentativas de integração quando a assistente era convidada a participar das atividades que a professora estava desenvolvendo e quando professora e assistente trocavam informações sobre as crianças. Na interação entre adulto-criança, a questão da afetividade está presente tanto nas ações das professoras quanto das assistentes pelas crianças e destas por ambas as profissionais. As crianças também procuravam tanto as professoras, como as assistentes. Estas eram procuradas não só com o objetivo de satisfazer as suas necessidades básicas como higiene e alimentação, mas como uma forma de buscar colo e assim as sensações de conforto, aconchego e carinho. As crianças são capazes de estabelecer múltiplas relações entre elas e entre elas e os adultos. “A assistente sentou numa cadeira, Soraia foi até ela, a assistente abraçou-a e ficou conversando com ela.” (Diário de campo, nível 3A, 13:30 horas, dia 28/04/05) “Soraia sentou no colo da professora, começou a passar a mão no seu rosto e a professora conversava com ela nesse momento.” (Diário de campo, nível 3A , 14:20 horas, dia 10/05/05) Um fato que nos chamou a atenção foi a maneira como as crianças chamam as professoras e as assistentes, ambas são chamadas de tias. “Quando a professoras não se importam de ser chamadas de tias, negligenciam uma dimensão da profissionalização e da política de atuação técnica que possui.” (Ávila, 2002, p. 92) Uma menina falou para a professora: _ Tia eu sou uma coelhinha? Um menino pegou a sua mochila e disse para a assistente: - Tia já! (Diário de campo, nível 3B, 15:00 horas, dia 23/03/2005) Uma última questão a ser destacada é que os adultos responsáveis pelas crianças impediam que elas se expressassem, que fossem espontâneas; ou seja, elas eram limitadas por regras, pela disciplina, pela ordem. - Welliton, não mexe aí! Thaís vem pra cá! - Senta Geovani! - Fica todo mundo sentado! - Podem sair da porta! (Fala da professora e da assistente)
  • 19. 19 Nesse sentido, pode-se afirmar que ambos os profissionais desconsideram a importância do movimento, da brincadeira espontânea, da imaginação e da criatividade, privilegiando a ordem o silêncio e o “ficar quieto”. CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer da pesquisa, observamos que as práticas de cuidar e educar são indissociáveis no cotidiano da creche, no entanto o que se encontra separado são os objetivos que permeiam nessas práticas; cada profissional educa e cuida da criança ao mesmo tempo, do modo que acredita ser correto. Há momentos em que os profissionais acabam utilizando conhecimentos que aprenderam no convívio com o outro, esses momentos demonstram a tentativa de aliar suas práticas, apesar de ambas as ações serem pensadas, planejadas e executadas de maneira separada. Essas tentativas também são percebidas quando a professora convida a assistente para participar das atividades que desenvolve e quando ambas trocam idéias e conversam sobre as crianças. A própria divisão de trabalho existente na creche acaba demarcando o trabalho que deve ser realizado por cada uma dessas profissionais. È através de suas relações de trabalho que notamos que ela se estabelece de forma contraditória e muitas vezes conflituosa, pois profissionais com características e princípios tão diferentes acabam se confrontando e negando a importância um do outro neste contexto. Através das relações estabelecidas entre professoras e assistentes, percebemos ainda a presença de hierarquia, que acaba existindo principalmente pelo fato de cada profissional possuir formações distintas e por serem incumbido em realizar determinadas tarefas. Essa distribuição de tarefas cria barreiras que impedem esses profissionais de adentrarem no trabalho que é desenvolvido pelo outro. Apesar de considerarmos que nesse contexto a integração das práticas é um processo que se encontra em construção, apontamos ainda a importância da criação de uma proposta educativa que considere o cuidar como parte integrante e vice-versa. No entanto, antes se faz necessário que a própria formação acadêmica do profissional de educação infantil dê subsídios para assegurar essa junção, além de capacitar, também as assistentes com conhecimentos relativos à criança pequena e seus direitos. A indissociabilidade entre as práticas de cuidar e educar requer que ambos os profissionais tenham os mesmos objetivos em suas ações, de modo que juntas proporcionem o
  • 20. 20 desenvolvimento infantil nos aspectos físicos, emocional, afetivo, cognitivo, lingüístico e social e assegurem em sua totalidade, a identidade e autonomia das crianças, livre de preconceitos e ideologias de caráter dominante. Assim, percebe-se a necessidade de políticas públicas especificas para a formação dos Profissionais de Educação Infantil que contemplem as práticas de cuidar e educar, pois nota- se que essas ações ainda não se encontram bem definidas diante dos documentos oficiais voltados para a educação infantil, assim como também o oferecimento de cursos que integrem a participação dos dois profissionais que atuam nesse espaço. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ÁVILA, Maria José Figueiredo. As professoras de Crianças Pequenininhas e o Cuidar e Educar. Um estudo sobre as práticas educativas em um CEMEI de Campinas/SP. Dissertação (Mestrado Educação) UNICAMP.2002. BRASIL. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil/ Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental.- Brasília: MEC/SEF,1998. BRASIL. Parecer CEB nº 022 de 17 de dezembro de 1998. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, DF. Disponível em: www.portal.mec.gov.br. BRASIL. Lei n.º 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDBEN, 1996 Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L9394.htm>. FOREST, Nilza Aparecida. Cuidar e Educar. Perspectiva para a prática pedagógica na educação infantil. http://www.icpg.com.br/artigos/rev03-07.pdf . Acessado em: 8 abril de 2005. LANTER, Ana Paula. A política de formação do profissional de educação infantil: os anos 90 e as diretrizes do MEC diante da questão. In: KRAMER, Sonia; LEITE, Izabel M. ; NUNES, Maria F. e GUIMARÃES, Daneila. (orgs.) Infância e educação infantil. Campinas: Papirus, 1999. SILVA, Anamaria S. A professora de Educação Infantil e sua formação universitária. Tese (doutorado em Educação). Curso de Pós-Graduação em educação, Universidade de Campinas, 2003. VIEIRA, Lívia Maria Fraga. A formação do profissional de educação infantil no Brasil no contexto da legislação, das políticas e da realidade do atendimento. Revista quadrimestral, Faculdade de Educação Unicamp. V.10, n.1, p.28-39, março. 1999.