O documento discute o retinoblastoma, um câncer raro que acomete crianças menores de 4 anos. Ele pode ser notado em fotos por meio de anormalidades na pupila e é importante diagnosticá-lo precocemente para tratamento e preservação da visão. No Brasil, há cerca de 400 casos por ano e médicos defendem a obrigatoriedade do "teste do olhinho" em recém-nascidos para identificar sinais precoces de doenças oculares.
1. Saúde na mídia Brasília, 14 de outubro de 2011
Correio Braziliense/BR
Ministério da Saúde | Institucional
Por trás daqueles olhos
SAÚDE
sileiro de Oftalmologia, em Porto Alegre, em
setembro, a especialista levantou a bandeira da causa.
Ela contou que o mal não escolhe sexo nem raça. "Sa-
bemos que 40% das ocorrências são por herança ge-
nética. E, em todos os casos, o diagnóstico precoce é
o melhor remédio", alerta, dizendo que a melhor for-
ma dos pais estarem atentos a isso é tirar, com flash,
uma fotografia do bebê. "Se em um dos olhos a pupila
aparecer branca na foto, pode ser um sinal de que a
criança esteja com esse tipo de câncer. O melhor é
procurar imediatamente um oftalmologista", acon-
selha.
Retinoblastoma, câncer que tem 400 casos por ano no Brasil, pode ser
notado até em fotos Segundo Zélia, o retinoblastoma é um tumor maligno
que acomete a retina (parte do olho onde se forma a
imagem que será traduzida pelo cérebro). Entre as
causas não hereditárias (60% dos casos), está a al-
Retinoblastoma, câncer que tem 400 casos por ano no teração de um gene situado no cromossomo 13, res-
Brasil, pode ser notado até em fotos ponsável pelo controle da divisão celular da retina.
Ele pode estar presente já no nascimento, mas, em ge-
LUCIANE EVANS ral, aparece até os 2 anos e meio, podendo atingir um
ou os dois olhos. "O mais comum é o problema ser
Belo Horizonte - O olhar de um bebê diz muito: se ele unilateral. O diagnóstico tem que ser dado o mais rá-
está feliz, triste, irritado, com sono e, inclusive, com pido possível, pois a doença pode causar a morte. E is-
câncer. É para essa janela da alma que of- so pode ocorrer em dois ou, no máximo, três anos",
talmologistas e oncologistas de todo o mundo estão alerta a especialista.
atentos - e preocupados. A incidência do tumor in-
traocular, que atinge as crianças menores de 4 anos e Na sua evolução, o retinoblastoma invade o nervo óp-
pode levá-las à morte, é, no Brasil, duas vezes maior tico e alcança o cérebro, podendo ainda determinar
que nos Estados Unidos (EUA) e na Europa. Por ano, metástases. Em outras palavras, se o diagnóstico for
segundo dados do Instituto Nacional do Câncer tardio, há poucas chances de resultados favoráveis. O
(Inca ),são diagnosticados 400 casos no país. Al- tratamento do retinoblastoma depende do estágio de
gumas cidades brasileiras registram entre 21,5 e 26 sua evolução. Tumores pequenos são tratados a laser.
casos por milhão (nos EUA, esse indicador varia de Tumores médios precisam de quimioterapia, bra-
10 a 12 casos por milhão). Apesar de não ser tão co- quiterapia e laser. Já os grandes, geralmente, só po-
nhecido como outros tipos de tumor, o re- dem ser atacados com a remoção do globo ocular.
tinoblastoma tem uma "vantagem" sobre vários
outros cânceres: ele dá sinais de sua existência e pode O grande medo dos pais de pacientes com a en-
ser percebido por meio de uma simples fotografia. fermidade, segundo lembra a médica, é a mutilação
dos olhos. "O tratamento é a quimioterapia, a ra-
A brasileira Zélia Correa é oncologista ocular e tem dioterapia ou, em alguns casos, a remoção dos olhos e
se dedicado ao assunto na Universidade de Cin- a colocação de um olho de vidro", explica a on-
cinnati, nos EUA. Durante o 36º Congresso Bra-
Saúde na mídia pg.1
2. Saúde na mídia Brasília, 14 de outubro de 2011
Correio Braziliense/BR
Ministério da Saúde | Institucional
Continuação: Por trás daqueles olhos
cologista ocular, lembrando que o mal pode ser su- identificar sinais de doenças oculares, que, se não fo-
gerido por meio do estrabismo precoce, da rem tratadas o mais rapidamente possível, podem le-
dificuldade devisãoou daaparência anormaldo olho. var à cegueira. O Ministério da Saúde incentiva a
realização do teste nas maternidades, mas ele ainda
Segundo a oftalmologista Ângela Maestrini, es- não é obrigatório.
pecialista em retina e catarata, a doença em adultos e
idosos é mais traiçoeira, pois é assintomática. "Ela é Em Minas Gerais, desde 2007, ele se tornou obri-
chamada de melanoma de coroide. Trata-se de um tu- gatório nas redes pública e privada. No Distrito Fe-
mor escuro. Por isso, é importante, depois dos 40 deral, a obrigatoriedade para os estabelecimentos
anos, ir sempre ao especialista da visão", alerta. A públicos foi estabelecida em lei aprovada em julho
doença pode acometer diferentes partes do olho, des- de 2008. Nos hospitais particulares, só ficaram obri-
de as mais externas (pálpebras e conjuntiva) até as es- gados os que realizam partos. Minas Gerais e o DF es-
truturas internas, como a íris, o corpo ciliar e a tão na vanguarda - somente em 10 dos 27 estados
coroide. A que costuma ser mais acometida é a co- brasileiros o procedimento é obrigatório.
roide, camada do olho entre a esclera e a retina. Essa
parte não é visível a olho nu, sendo necessário dilatar A oncologista ocular Zélia Correa lembra que o teste,
a pupila e examiná-la com equipamentos especiais. apesar de indicar se a criança tem catarata, glaucoma,
má-formação no globo ocular, cicatrizes, tumores ou
Teste retinopatia de bebês prematuros, que é a principal
causa de cegueira infantil, não exige grande tec-
O diagnóstico é feito pelo exame do fundo do olho. Se nologia. "Uma simples lanterna seria suficiente para
descoberto precocemente, o câncer pode ser curado, observar uma opacidade nas pupilas e levantar a sus-
com a preservação da visão. Uma das lutas dos mé- peita do problema", diz.
dicos brasileiros é tornar obrigatório, em todo o país,
o chamado "teste do olhinho", um exame capaz de
Saúde na mídia pg.2
3. Saúde na mídia Brasília, 14 de outubro de 2011
Correio Braziliense/BR
Ministério da Saúde | Institucional
Continuação: Por trás daqueles olhos
Saúde na mídia pg.3