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A Marca
Quando eu era criança, bem novinha,  meu pai comprou o primeiro telefone da nossa vizinhança. Eu ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante que ficava na cômoda da sala. Eu era muito pequeno para alcançar o telefone, mas ficava ouvindo fascinado enquanto minha mãe falava com alguém. Então, um dia eu descobri que dentro daquele objeto maravilhoso morava uma pessoa legal. O nome dela era  "Uma informação, por favor"  e não havia nada que ela não soubesse.  "Uma informação, por favor"  poderia fornecer qualquer número de telefone e até a hora certa.
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-  "Então pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo",  disse a voz. Depois daquele dia, eu ligava para  "Uma informação, por  favor"  por qualquer motivo. Ela me ajudou com as minhas dúvidas de geografia e me ensinou onde ficava a Filadélfia. Ela me ajudou com os exercícios de matemática. Ela me ensinou que o pequeno esquilo que eu trouxe do bosque deveria comer nozes e frutinhas.
Então, um dia, Petey, meu canário, morreu. Eu liguei para  "Uma informação, por favor"  e contei o ocorrido.  Ela escutou e começou a falar aquelas coisas que se dizem para uma criança que está crescendo. Mas eu estava  inconsolável. Eu perguntava: "Por que é que os passarinhos cantam tão  lindamente e trazem tanta alegria pra gente para, no fim, acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola?"   Ela deve ter compreendido a minha preocupação, porque acrescentou mansamente:  "Paul, sempre lembre que existem outros mundos onde a gente pode cantar também..."  De  alguma maneira, depois disso eu me senti melhor.
No outro dia, lá estava eu de novo.  "Informações.",  disse a voz já tão familiar. "Você sabe como se escreve 'exceção'?"  Tudo isso aconteceu na minha cidade natal ao norte do Pacifico. Quando eu tinha 9 anos, nós nos mudamos para Boston. Eu sentia muita falta da minha amiga.  "Uma informação, por favor"  pertencia aquele velho aparelho telefônico preto e eu não sentia nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico branquinho que ficava na nova cômoda na nova sala.
Conforme eu crescia, as lembranças daquelas conversas infantis nunca saiam da minha memória. Freqüentemente,em momentos de duvida ou perplexidade, eu tentava recuperar o sentimento calmo de segurança que eu tinha naquele tempo. Hoje eu entendo como ela era paciente, compreensiva e gentil ao perder tempo atendendo as ligações de um menininho.
Alguns anos depois, quando estava indo para a faculdade, meu avião teve uma escala em Seattle. Eu teria mais ou menos meia hora entre os dois vôos. Falei ao telefone com minha irmã, que morava lá, por 15  minutos.  Então, sem nem mesmo sentir que estava fazendo isso, disquei o número da operadora daquela minha cidade natal e pedi: -  "Uma informação, por favor."
Como num milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara que conhecia tão bem, dizendo:  "Informações."  Eu não tinha planejado isso, mas me peguei perguntando: "Você sabe como se escreve 'exceção'?" Houve uma longa pausa.  Então, veio uma resposta suave:  "Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paul."  Eu ri. "Então, é você mesma!", eu disse. "Você não imagina como era importante para mim naquele tempo."  - " Eu imagino",  ela disse.  "E você não sabe o quanto significavam para mim aquelas ligações. Eu não tenho filhos e ficava esperando todos os dias que você ligasse."
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A mensagem dizia:  "Diga à ele que eu ainda acredito que existem outros mundos onde a gente pode cantar também. Ele vai entender."
Eu agradeci e desliguei.  Eu entendi...
NUNCA SUBESTIME A "MARCA" QUE VOCÊ DEIXA NAS PESSOAS Autor Desconhecido
Créditos Colaboração:  Zenaide Nascimento Gráfico:  Lala  - Site Desativado Música:  So Far Away – Rod Stewart Formatação:  Luana Rodrigues Todos os Direitos Reservados

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  • 2. Quando eu era criança, bem novinha, meu pai comprou o primeiro telefone da nossa vizinhança. Eu ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante que ficava na cômoda da sala. Eu era muito pequeno para alcançar o telefone, mas ficava ouvindo fascinado enquanto minha mãe falava com alguém. Então, um dia eu descobri que dentro daquele objeto maravilhoso morava uma pessoa legal. O nome dela era "Uma informação, por favor" e não havia nada que ela não soubesse. "Uma informação, por favor" poderia fornecer qualquer número de telefone e até a hora certa.
  • 3.
  • 4.
  • 5.
  • 6. - "Então pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo", disse a voz. Depois daquele dia, eu ligava para "Uma informação, por  favor" por qualquer motivo. Ela me ajudou com as minhas dúvidas de geografia e me ensinou onde ficava a Filadélfia. Ela me ajudou com os exercícios de matemática. Ela me ensinou que o pequeno esquilo que eu trouxe do bosque deveria comer nozes e frutinhas.
  • 7. Então, um dia, Petey, meu canário, morreu. Eu liguei para "Uma informação, por favor" e contei o ocorrido.  Ela escutou e começou a falar aquelas coisas que se dizem para uma criança que está crescendo. Mas eu estava  inconsolável. Eu perguntava: "Por que é que os passarinhos cantam tão  lindamente e trazem tanta alegria pra gente para, no fim, acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola?"  Ela deve ter compreendido a minha preocupação, porque acrescentou mansamente: "Paul, sempre lembre que existem outros mundos onde a gente pode cantar também..." De  alguma maneira, depois disso eu me senti melhor.
  • 8. No outro dia, lá estava eu de novo. "Informações.", disse a voz já tão familiar. "Você sabe como se escreve 'exceção'?" Tudo isso aconteceu na minha cidade natal ao norte do Pacifico. Quando eu tinha 9 anos, nós nos mudamos para Boston. Eu sentia muita falta da minha amiga. "Uma informação, por favor" pertencia aquele velho aparelho telefônico preto e eu não sentia nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico branquinho que ficava na nova cômoda na nova sala.
  • 9. Conforme eu crescia, as lembranças daquelas conversas infantis nunca saiam da minha memória. Freqüentemente,em momentos de duvida ou perplexidade, eu tentava recuperar o sentimento calmo de segurança que eu tinha naquele tempo. Hoje eu entendo como ela era paciente, compreensiva e gentil ao perder tempo atendendo as ligações de um menininho.
  • 10. Alguns anos depois, quando estava indo para a faculdade, meu avião teve uma escala em Seattle. Eu teria mais ou menos meia hora entre os dois vôos. Falei ao telefone com minha irmã, que morava lá, por 15  minutos. Então, sem nem mesmo sentir que estava fazendo isso, disquei o número da operadora daquela minha cidade natal e pedi: - "Uma informação, por favor."
  • 11. Como num milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara que conhecia tão bem, dizendo: "Informações." Eu não tinha planejado isso, mas me peguei perguntando: "Você sabe como se escreve 'exceção'?" Houve uma longa pausa. Então, veio uma resposta suave: "Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paul." Eu ri. "Então, é você mesma!", eu disse. "Você não imagina como era importante para mim naquele tempo." - " Eu imagino", ela disse. "E você não sabe o quanto significavam para mim aquelas ligações. Eu não tenho filhos e ficava esperando todos os dias que você ligasse."
  • 12.
  • 13.
  • 14. A mensagem dizia: "Diga à ele que eu ainda acredito que existem outros mundos onde a gente pode cantar também. Ele vai entender."
  • 15. Eu agradeci e desliguei. Eu entendi...
  • 16. NUNCA SUBESTIME A "MARCA" QUE VOCÊ DEIXA NAS PESSOAS Autor Desconhecido
  • 17. Créditos Colaboração: Zenaide Nascimento Gráfico: Lala - Site Desativado Música: So Far Away – Rod Stewart Formatação: Luana Rodrigues Todos os Direitos Reservados