SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 17
Downloaden Sie, um offline zu lesen
ESPAÇO ESCOLAR E HISTÓRIA DAS
                                                 Espaço escolar e história das instituições escolares




            INSTITUIÇÕES ESCOLARES

       School Space and School Institutions History

                                                         Flávia Obino Corrêa Werle1
                                                 Lenir Marina Trindade de Sá Britto2
                                                               Cinthia Merlo Colau3


Resumo
           O texto constitui-se em contribuição teórica para a discussão da história das
           instituições escolares, seus prédios e espaços. Discute narrativas que constituem
           a história das instituições escolares em seu conteúdo de interpretações e de
           releituras do espaço físico escolar. Analisa a apropriação dos espaços
           escolares pelos atores e a identidade institucional. A discussão é feita com
           base em Michel de Certeau.
           Palavras-chave: História da educação; Espaço escolar; Instituições escolares.




Abstract
           The text constitutes itself as a theoretical contribution to the discussion about
           the school institutions history, its buildings and spaces. It discusses narratives
           that constitute school institutions history in its content of interpretations and
           of rereadings of the school physical space. It analises the appropriation of the
           school spaces by the actors and the institutional identity. The discussion is
           made in the basis of Michel de Certeau.
           Keywords: Education history; School space; School institutions.




1
    Dra Em Educação, Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade
    do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, e-mail: flaviaw@unisinos.br
2
    Graduanda de Pedagogia, UNISINOS, bolsista PIBIC. e-mail: moonteacher@hotmail.com
3
    Graduanda de Pedagogia, UNISINOS, bolsista CNPq. e-mail: cinthia@bage.unisinos.br


Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007                                147
Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau

Introdução



          A história das instituições escolares (HIE) pode ser considerada uma
abordagem que fomenta, no campo da história da educação, uma renovação
metodológica e teórica ao instigar trabalhos que discutem as relações dialéticas
entre o universal e o particular. Pela análise dos “casos” singulares, provoca
abordagens que focalizem os micromovimentos e propostas dos
estabelecimentos de ensino em diálogo com as políticas educacionais e
macroprojetos de renovação pedagógica. A base material é um dos elementos
necessariamente considerados para compor a cena do relato da história
institucional. O presente texto constitui-se num contributo teórico para a
discussão da História das Instituições Escolares em sua referência a prédios e
espaços ocupados pelas escolas, analisando as possibilidades de apropriação
dos espaços escolares pelos atores e as relações entre as representações dos
espaços e a identidade institucional. A discussão é feita com base em Michel
de Certeau (1996), refletindo acerca das categorias de espaço, região, percurso,
lugar e mapas como elementos para a inteligibilidade e construção da História
das Instituições Escolares. São apresentados alguns depoimentos colhidos em
entrevistas com ex-alunas de Escolas Complementares e com ex-alunos de
Escolas Normais Rurais do Rio Grande do Sul.4


História das instituições escolares na história da educação

brasileira


          A História das instituições educativas tem tomado fôlego no contexto
dos estudos de história da educação no Brasil, inserindo-se num processo de
renovação no campo da história da educação e constituindo-se como um
novo campo temático da historiografia da educação brasileira (GATTI JUNIOR,
2002, p. 19). Com base em Magalhães, Gatti afirma que a história das instituições
educativas investiga o que se passa no interior da escola pela “apreensão
daqueles elementos que conferem identidade à instituição educacional, ou
seja, daquilo que lhe confere um sentido único no cenário social do qual fez
ou ainda faz parte, mesmo que ela tenha se transformado no decorrer dos
tempos.” (GATTI JUNIOR, 2002, p. 20). Assim, envolve descrições sobre o
ciclo de vida das instituições – criação, desenvolvimento, crises e extensão –,
elementos da arquitetura, perfil de seus agentes, envolvendo corpo docente,

4
    As entrevistas foram realizadas no contexto dos projetos de pesquisa “Escola Complementar:
    Práticas e Instituições” – 2001/2003, apoio Fapergs e CNPq e “História das Instituições
    Escolares: escolas de formação de professores” – 2004/2006, apoio CNPq.


148                            Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
Espaço escolar e história das instituições escolares

funcionários, apoio, perfil de alunos, projetos e propostas pedagógicas, dentre
outras.
           Para Buffa (2002), a pesquisa acerca das instituições escolares é uma
forma de estudar a história e a filosofia da educação brasileira, na medida em
que as instituições que compõem os sistemas escolares estão impregnadas
pelos valores de cada época. A pesquisa em história das instituições escolares
tem como vantagem a possibilidade de “superar a dicotomia entre o particular
e o universal, o específico e o geral, o concreto e o conceito, a história e a
filosofia.” (BUFFA, 2002, p. 26). A autora destaca que fragmentos de matizes
filosóficas variadas, e por vezes opostas, perpassam as motivações de criação,
mudança, desenvolvimento das instituições, movimentos de articulação e de
fragmentação repercutem nas interações entre alunos e professores, articulações
curriculares são desdobradas pela maior ou menor autonomia e criatividade
dos componentes da escola. Há princípios teórico-metodológicos que orientam
o trabalho do pesquisador envolvido com história das instituições educativas
contemplando: (a) a compreensão do alto nível de complexidade entre as
relações trabalho e educação; (b) o entendimento de que o particular é uma
expressão do desenvolvimento geral – visões gerais e descrições do singular;
(c) a consideração da história das instituições educativas como uma ação de
interpretação, não apenas descritiva. Buffa, inspirada na obra de André Petitat,
propõe categorias:

          Investigar o processo de criação e de instalação da escola, a caracterização
          e a utilização do espaço físico (elementos arquitetônicos do prédio, sua
          implantação no terreno, seu entrono e acabamento), o espaço do poder
          (diretoria, secretaria, sala dos professores), a organização e o uso do tempo,
          a seleção dos conteúdos escolares, a origem social da clientela escolar e seu
          destino provável, os professores, a legislação, as normas e a administração da
          escola. Estas categorias permitem traçar um retrato da escola com seus atores,
          aspectos de sua organização, seu cotidiano, seus rituais, sua cultura e seu
          significado para aquela sociedade. (BUFFA, 2002, p. 27).

          As fontes indicadas pela autora são variadas: jornais da época,
legislação, literatura pertinente, entrevistas, fotografias e documentação da
instituição escolar. Em seu artigo publicado no livro Novos temas em história
da educação brasileira, Buffa faz um estudo sobre os prédios escolares de três
escolas de uma cidade do estado de São Paulo: o da Escola Normal Secundária,
indicando pisos, dependências, acabamentos e soluções construtivas, o da
Escola Profissional, inicialmente construído para o funcionamento de uma
casa de saúde, e o da Escola de Engenharia de São Carlos/USP, o qual funcionou
em vários locais (GATTI JUNIOR, 2002).


Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007                               149
Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau

          Outros autores, como Magalhães (1999), Felgueiras (1998) destacam
a importância da base material. Felgueiras considera o local em que a vida
institucional ocorreu, os materiais, artefatos, móveis e utensílios, os espaços e
seus objetos, enfim, como “sítio histórico” cuja consideração é indispensável
para que se possa fazer interpretações, leituras interpretativas, relatos sobre a
história institucional. Portanto, vários autores incluem como elemento
indispensável na composição da história de instituições escolares a consideração
do espaço físico ou base material da instituição.


Relatos de história das instituições escolares: compondo a cena
          A História das Instituições Escolares configura-se em relatos escritos,
os quais devem construir um teatro, um campo para ações efetivas. Neste
trabalho, utiliza-se narrativa, relato, exposição como sinônimos, sempre referidos
a texto escrito com intencionalidade, a qual diretamente o situa, como parte
do que se entende por História das Instituições Escolares. Assume-se, também,
no que se refere à forma escrita, a formulação dada por Koch e Travaglia
(2000, p. 8), que explicitam o texto:

           Como uma unidade lingüística concreta (perceptível pela visão ou audição),
           que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em
           uma situação de interação comunicativa específica, como uma unidade de
           sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível,
           reconhecida, independentemente de sua extensão.

          É relevante, portanto, explicitar na forma escrita a intencionalidade,
nesse caso a de inserção no campo da História das Instituições Escolares.
Como texto escrito, tem uma autoria e propósito, que conformam, com
especificidade, a direção comunicativa – do autor para o leitor. Certeau reflete
acerca da escrita como “derradeiro momento” (CERTEAU, 1996, p. 298) corroído
pela conflitualidade entre a busca e a perda de sentido e da repercussão
inusitada do texto escrito no leitor.

           Prática da perda da palavra, a escritura só tem sentido fora de si mesma, num
           lugar outro, o do leitor, que produz como a sua própria necessidade indo ela
           mesma para esta presença que não poderia ganhar. Vai em direção a uma
           palavra que não lhe será jamais dada e que, por isso mesmo, constrói o
           movimento de ser indefinidamente ligada a uma resposta solta, absoluta, a do
           outro. (CERTEAU, 1996, p. 299).




150                            Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
Espaço escolar e história das instituições escolares

         Mesmo sob a forma descritiva, o relato é criativo: “toda a descrição é
mais que uma fixação”, é ‘um ato culturalmente criador.” (LOTMAN apud
CERTEAU, 1996, p. 209). A descrição tem força performativa, de ordenação,
disposição, “ela realiza o que diz”. No âmbito da História das Instituições
Escolares, o relato escrito descritivo tem a função de estabelecer uma superfície,
conformar, circunscrever o contexto. A História das Instituições Escolares é
uma composição de relatos, narrativas, portadoras desta força performativa.
         Uma das características importantes dos relatos que constroem a
História das Instituições Escolares é que ele “tem inicialmente uma função de
autorização, ou, mais exatamente de fundação” [...] abrindo um “teatro de
legitimidade a ações efetivas.” É o relato que estabelece a disposição dos
dados, possibilita descortinar um contexto, um ambiente, atuando como um
“mapeamento dinâmico do espaço” (CERTEAU, 1996, p. 209-210).
         Descrever a base material é um elemento importante da composição
dessa cena fundacional do teatro em que se desenrola a História Institucional,
dimensionando o espaço em que os diversos atores, as múltiplas políticas, os
poderes institucionalizados elaboram seus percursos.
         Um relato, ao configurar a cena, opera, pelo menos, em dois níveis:
numa dimensão temporal e numa dimensão temática, estabelecendo um vetor
de orientação.


Dimensão temporal
         Necessariamente, a HIE maneja com a dimensão temporal. O
pesquisador de HIE vê-se à frente de indagações acerca do período de tempo
abrangido no relato. Trabalhar com HIE não é permanecer na presencialidade,
no hoje da instituição, mas descrever, compor narrativas de seus diferentes
momentos de existência.
         Todos os fatos educativos são históricos. Configurações específicas
os precedem, tramas de encaminhamentos são tecidas ao longo do tempo.
Isso significa que uma historicidade reflexiva acompanha todos os estudos
relacionados à educação5 mesmo que sejam orientados preferencialmente para
5
    Eventos acadêmicos temáticos sobre História da Educação, realizados no Brasil, têm
    seguidamente acolhido estudos de nítida presencialidade, o que demonstra quanto ainda,
    como academia, temos que problematizar a dimensão temporal dos estudos que produzimos
    referidos ao campo da História da Educação. NUNES, Clarice. História da educação Brasileira:
    novas abordagens de velhos objetos. Teoria & Educação, Porto Alegre, n. 6, p. 151-182, 1992.
    • apóia a nossa constatação de que trabalhos aceitos como históricos analisam de fato
    acontecimentos do presente, o que possivelmente decorra da atual compreensão do
    relativismo da ciência histórica e da concepção histórica contemporânea que questiona a visão
    de que história seja a ciência do passado.


Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007                                   151
Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau

o presente e o futuro. A HIE, entretanto, é orientada para um desvelamento do
passado das instituições escolares. Justino Magalhães, em seminário6 sobre
História das Instituições Educativas (2001), indica um distanciamento de 30
anos como característica de constituição de relatos de HIE.
          Para armar o relato das características da base material que vão
constituir, em parte, o teatro no qual ocorrem percursos de diferentes propostas,
muito contribuem documentos, plantas arquitetônicas, fotos e imagens. Grande
parte das vezes, as imagens aparecem como fragmentos da cena escolar. A
fotografia de uma escada, um pátio, uma sala são migalhas de uma cena,
estilhaços de um espaço escolar, os quais, se não contextualizados, pouco
poderão auxiliar na configuração da cena.
          Do distanciamento temporal decorrem implicações para o relato
especialmente no foco de suas características materiais, espaços,
equipamentos, mobiliário, decoração, instrumentos e materiais pedagógicos.
Mesmo em instituições que ainda estejam em funcionamento, se não houver
quem ou o que explique as articulações espaciais, se não houver um conjunto
de imagens que consigam explicitar minimamente as formas de funcionamento
dos espaços, dificilmente poderemos armar relatos suficientemente claros e
articulados. Imagens, fotografias e plantas arquitetônicas isoladas com
freqüência poderão constituir apenas fração a que não se consegue dar
inteligibilidade com suficiente articulação. As reformas, ampliações,
intervenções no sentido de modernizar e prover mais segurança ao prédio
são fatores que implicam na configuração da cena e na compreensão acerca
da forma como a instituição se desenvolveu e respondeu a demandas por
expansão ou por especialização de serviços.


Base material como dimensão temática ou vetor de orientação do
relato
         Adotamos a posição de Chapoulie e Briand apud Desaulniers (1992,
p. 98-99), que afirmam:



6
    Professor Justino Magalhães ministrou, no período de 4 a 14 de dezembro de 2001, dois
    seminários, cada um de 15 h/a, no Programa de Pós-Graduação em Educação da UNISINOS,
    São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Participou de um encontro de estudos promovido pela
    ASPHE – Associação Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação –, bem
    como de uma Oficina sobre Preservação da História Institucional e documentos escolares.
    Estas atividades acadêmicas foram apoiadas pelo CNPq (Processo número 45.3384/01-3 – APV)
    e FAPERGS e organizadas por Werle e Redin.


152                            Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
Espaço escolar e história das instituições escolares

          A instituição se constitui de um conjunto de relações sociais, as quais se
          instauram a partir de uma base material. Sendo assim, a análise do
          funcionamento da instituição escolar, através dos seus aspectos materiais e
          administrativos, como também das práticas, dos interesses e das categorias
          de interpretação dos diversos grupos de agentes, é fundamental para
          explicar a evolução da escolarização.

         Construir um relato acerca da História Institucional implica em
tomar um vetor como forma de orientar a argumentação sem se esquecer
da diversidade que compõe a HIE. Neste nível, cabem algumas
indagações. Qual a abordagem? O prédio visto pelos alunos? Onde
encontrar a representação das apropriações dos alunos sobre o prédio
escolar? Em produções escritas, como impressos estudantis, revistas e
boletins? Como articulá-la com os movimentos de outros segmentos da
instituição, com dimensões pedagógicas e políticas? Como a história
das equipes diretivas repercute na estrutura física da escola? Há
articulações entre a base material e as configurações do fazer docente,
dos projetos pedagógicos da instituição, dos regimentos, planos e
normatizações?
         Os relatos configuram um lugar, uma cena, o espaço do teatro
em cujos limites são tecidos percursos que decorrem do vetor estruturador
da argumentação.
         M. Certeau diz que as estruturas narrativas são sintaxes espaciais,
são práticas de espaço. “Os relatos poderiam igualmente ter esse belo
nome [metáfora]: todo dia, eles atravessam e organizam lugares; eles os
selecionam e os reúnem num só conjunto; deles fazem frases e itinerários.
São percursos de espaços.” (CERTEAU, 1996, p. 199).
         Não apenas a codificação da temporalidade está registrada nos
relatos de História das Instituições Escolares, mas os indicativos de
elementos da cena – alunos, prédio, normas de gestão – registrando
descrições de atores, indicando mobilidade entre espaços, deveres e
formas de conhecimento. Assim, relatos da História das Instituições
Educativas “produzem geografias de ações” e organizam caminhos
(CERTEAU, 1996, p. 200).
         São exemplificativas destas características as lembranças
relatadas por complementaristas entrevistadas nas quais as experiências
são referidas às características dos espaços e das normas de uso destes
espaços impostas pela instituição ou a comportamentos de infração da
norma de uso deles.




Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007                               153
Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau

           E uma noite foi combinado de noite bater na tampa do pinico. A minha cela
           era bem pertinho da cela da Irmã [...], era esquina já, porque eu era das
           impossíveis, mas eu não fiz nada e aí elas combinaram, lá embaixo, que todo
           o mundo faria. A Teresinha ia dizer não sei o quê, alto, e todo o mundo ia
           bater com a tampa do pinico, daí a freira ia ficar bem doida e não ia saber
           quem é que era. Não teve dúvida. Eu disse: hoje eu não vou fazer nada.
           Começou a bateção de pinico [...] e a Irmã [...] veio para a minha cela.

           Eu tinha uma gabardine que pendurava lá embaixo, naquele saguão grande
           lá. Hoje acho que nem sei o que é aquilo. A gente guardava as roupas
           embaixo, no último piso. [Hoje estes espaços são ocupados com sala de artes
           e sala de game]. Lá era aberto e havia números [nos cabides de cada aluna].
           Meu número era cento e setenta e oito. Coloquei uma gabardine velha e
           dentro da gabardine tinha doce de leite e lingüiça. E daí, conforme eu
           convidava [uma ou outra colega sussurrando ao ouvido] – Hoje tem
           gabardine! (Entrevistas com ex-complementaristas).

          As experiências de transgressão relatadas intercalam referências a
lugares, constituindo espaços de proximidade (a aluna considerada mais
indisciplinada tem sua cama situada próxima ao lugar de descanso da Irmã
que cuidava do dormitório; o local de guardar o abrigo de sair para a rua
situava-se afastado dos locais de convívio cotidiano; com o tempo os espaços
têm seus usos alterados, introduzindo um fator de desconhecimento/
estranhamento naqueles que neles viveram há mais tempo).
          As formas de estar e de apropriar-se dos espaços da Instituição Escolar
–identificáveis nas manifestações dos diferentes segmentos perceptíveis em
relatos orais e escritos e em outros tipos de representações, imagens, desenhos,
sinalizam três direções. Assinalam (a) um processo de apropriação do sistema
topográfico do estabelecimento de ensino, (b) constituem a realização espacial
do lugar e (c) contribuem para a diferenciação de poderes e de relações que
ocorrem na instituição.
          Caminhar pelos espaços da escola propicia a apropriação de sua
topografia. Espaços interditos, espaços exclusivos são mapeados
diferentemente pelos componentes da instituição escolar. A clausura em
escolas de congregações religiosas femininas, a capela, os laboratórios, as
salas das professoras (só para mulheres) e a sala dos professores (só para os
homens), os dormitórios que distribuíam alunas de acordo com as idades –
muito amplos e com camas lado a lado para as menores –, e as celas individuais
para as maiores. A dimensão do prédio e a relação dos aposentos bem como
a faixa etária e funções dos seus ocupantes configuram percepções e
apropriações que ficam marcadas na memória dos que passaram pela
instituição escolar.


154                            Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
Espaço escolar e história das instituições escolares

           Há “uma ordem espacial que organiza um conjunto de possibilidades
[...] e proibições” – locais de circulação, locais de estar nos recreios, locais em
que se estuda tal ou qual matéria (CERTEAU, 1996, p. 177). Se a base material
traz em si uma previsão de uso, é nela que se constroem inéditas relações de
apropriação, rompendo, muitas vezes, com as propostas para as quais foram
concebidas. Assim se configuram os relatos que referem o estudo, nas vésperas
de provas embaixo da cama onde velas iluminavam a leitura escondida, ou os
que registram a hilariante descida sentada no corrimão da escada.

          Eu era impossível. Era uma das primeiras alunas, mas eu era impossível. Isso
          de descer pelo corrimão, de fazer arte, eu estava sempre junto. E um dia a Irmã
          [...] me pegou descendo no corrimão e ela fazia com o dedo assim: Tu no final
          do ano vais voltar em cima da mala. Na mala quer dizer expulsa. (Entrevista
          com ex-aluna de Escola Complementar).

          Ao longo do tempo, tais relações com os espaços vão sendo
reinventadas não apenas no plano da transgressão individual ou de grupo,
mas pela própria instituição, pelos novos projetos institucionais em decorrência
das novas exigências de espaços e de reorganização administrativa. Assim um
imenso pátio ao ar livre em determinado período da história institucional
passa a ser limitado pelo pavilhão de educação física construído nos mais
modernos requisitos arquitetônicos que fala da atualização da proposta educativa
da escola e do esforço de diversificação de atividades, mas que elimina a vista
que se descortinava da escola para a cidade.
          Lembrar a poética com que Certeau refere a ação de construção da
espacialidade, tanto a que reitera a lógica organizadora dos espaços projetados
como a transgressora que inventa novas formas/espaços e inusitadas trajetórias
de uso, aprofunda a reflexão acerca dos movimentos de apropriação da base
material e da história institucional. “Os jogos de passos moldam espaços. Tecem
lugares. Sob esse ponto de vista, as motricidades dos pedestres [...] espacializam”
(CERTEAU, 1996, p. 176).
          O caminhar, correr, andar pelos espaços faz com que os espaços
sejam preenchidos pela vida e apareçam, embora o caminhar como uma
apropriação também desloque significados em tais espaços pela invenção de
outros usos. “[...] as idas e vindas, as variações ou as improvisações da caminhada
privilegiam, mudam ou deixam de lado elementos espaciais.” (CERTEAU, 1996,
p. 178).
          A apropriação possibilita ultrapassar os limites que as determinações
de espaços e objetos possam fixar para seu uso. Assim o caminhar pelos
espaços escolares transforma cada significante espacial. De um lado, ele torna
efetiva a ordem construída (vai somente por aqui, mas não por lá; desça a
escada pelo seu lado direito e suba a escada também pelo seu lado direito;

Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007                               155
Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau

corrimão serve para apoiar a mão de quem está subindo ou descendo a escada),
de outro, instaura inimagináveis possíveis usos e interditos (por exemplo,
criando atalhos ou desvios, tornando espaços do pátio previstos como locais
para a folga, para o pega-pega no recreio, em lugares de fuga da disciplina
escolar e de vadiação; e o corrimão como escorregador). Desta forma, podem
ser interpretados os usos que rompem e negam os caminhos considerados
lícitos ou obrigatórios: não seguir na fila, ao contrário, marchar correndo, ou
de esguelha, encostando-se nas paredes; riscar nas paredes; fugir pela janela.
Em decorrência da base material, os diferentes atores da instituição criam
modos de apropriação, seguindo ou infringindo regras de uso, contribuindo
para estabelecer outras relações com o espaço escolar. Portanto, os ocupantes
dos prédios escolares produzem deslocamentos pelo uso que fazem deles ou,
pelo não uso, condenam-nos ao desaparecimento e à inércia.


Base material: distinções entre espaço e lugar e entre mapas e
percursos
          Uma narrativa referente à HIE precisa definir lugares como também
articular interações, conflitos, aspectos estes que constituem tais lugares em
espaços de relações.

           Um lugar é a ordem [...] segundo a qual se distribuem elementos nas relações
           de coexistência. Aí se acha portanto excluída a possibilidade, para duas
           coisas, de ocuparem o mesmo lugar. Aí impera a lei do ‘próprio’: os elementos
           considerados se acham uns ao lado dos outros, cada um situado num lugar
           ‘próprio’ e distinto que define. Um lugar é portanto uma configuração
           instantânea de posições. Implica uma indicação de estabilidade. (CERTEAU,
           1996, p. 201).

         Sendo configuração de posições, o lugar é inerte, estável e, ao
contrário, o espaço é vivo de interações e poderes.

           Existe espaço sempre que se tomam em conta vetores de direção, quantidades
           de velocidade e a variável tempo. O espaço é um cruzamento de móveis. É
           de certo modo animado pelo conjunto dos movimentos que aí se desdobram.
           Espaço é o efeito produzido pelas operações que o orientam, o circunstanciam,
           o temporalizam e o levam a funcionar em unidade polivalente de programas
           conflituais ou de proximidades contratuais. (CERTEAU, 1996, p. 202).

         A diferenciação entre lugar – frio, estático, congelado –, e espaço é
que este constitui “um lugar praticado” (CERTEAU, 1996, p. 202).


156                            Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
Espaço escolar e história das instituições escolares

         O grande desafio de fazer História das Instituições Escolares é
construir espaços e não apenas lugares. Espaço compreendido como um
cruzamento, como movimento, contraposto a lugar como ordem, relação
entre elementos posicionados entre si, preestabelecidos. Assim, um lugar
admite muitos relatos de espaços vistos de forma diferente em decorrência
dos atores e acontecimentos em decorrência dos projetos e das
temporalidades. Assim, “existem tantos espaços quantas experiências
espaciais distintas”, pois os espaços estão vinculados a ações de sujeitos
históricos (MERLEAU-PONTY apud CERTEAU, 1996, p. 202). Cabe aos relatos
operarem esta transformação de lugares em múltiplos espaços pela
articulação entre diferentes bases documentais, imagéticas e que explicitam
apropriações diferenciadas.
         M. Certeau distingue também mapas de percursos. Relatos de tipo
mapa exprimem o que se vê, demarcam fronteiras, indicam certa ordem
dos lugares, delineando um quadro. Esta distinção é importante para a HIE
que intenta apreender no relato a dinâmica social e seu desenrolar ao
longo do tempo.
         A complexidade da constituição dos relatos de HIE decorre da
necessidade de intercalar os percursos e os mapas, os lugares e os espaços,
pois eles se complementam e condicionam.

          A cadeia das operações espacializantes parece toda pontilhada de referências
          ao que produz (uma representação de lugares) ou ao que implica (uma ordem
          local). Tem-se assim a estrutura do relato de viagem: histórias de caminhadas
          [..] são marcadas pela ‘citação’ dos lugares que daí resultam ou que as
          autorizam. (CERTEAU, 1996, p. 205).

         Nas falas das entrevistadas e entrevistados de nossas pesquisas,
parece predominar o percurso. O mapa, o lugar ficam subsumidos, como
que invisíveis na fala, não pronunciado nas entrevistas que destacam o
percurso, para a interação e experiência subjetiva. Ou seja, “[...] os relatos
cotidianos contam aquilo que, apesar de tudo, se pode aí fabricar e
fazer. São feituras de espaço.” (CERTEAU, 1996, p. 207). Os relatos que
constituem a HIE são, portanto, uma forma de expressar operações sobre
os lugares. Os lugares cercam os projetos, mas por sua vez, os projetos
exigem lugares diferenciados. A formação do professor rural, por
exemplo, é explicada com a referência a lugares – visitas a escolas –, a
disciplina é evidenciada pela referência a lugares que, conforme a
situação, tornam-se espaços de disciplina e ordem ou espaços coletivos
de jogos e esporte.



Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007                               157
Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau

           Eu me lembro, foram algumas visitas a escolas rurais, eles levavam para a
           gente conhecer o que era uma escola rural, conversar com professor. Para ter
           uma idéia mais aproximada da atividade de profissional. Bom, então veja
           bem, a disciplina era essa, ou seja, para ter uma idéia do que era a disciplina
           os horários eram rígidos. Horário de levantar e de deitar, os horários
           intermediários que eram destinados a aulas e ao lazer também, tínhamos
           jogos, nós jogávamos muito. (Entrevista com ex-aluno de Escola Normal
           Rural).

         A complexidade dos relatos sobre instituições escolares pode ser
também discutida com o suporte do conceito de região (MILLER; JOHNSON-
LAIRD apud CERTEAU, 1996, p. 212). Região é “um encontro entre programas
de ação. A ‘região’ vem a ser, portanto o espaço criado por uma interação. Daí
segue que num mesmo lugar há tantas regiões quantas interações ou encontros
entre programas.” (CERTEAU, 1996, p. 212).
         Programas de ação em HIE podem ser entendidos como interesses
de diferentes segmentos, embates entre grupos rivais ou em disputa acerca de
visões de mundo diferentes. Região é, pois, uma interação com complexo
conteúdo temático. A própria instituição escolar em estudo pode ser considerada
uma grande região na qual em tempos e espaços diferentes se constituíram
diferentes projetos. Ou no interior de uma instituição escolar muitas regiões
são criadas.
         Uma exemplificação deste conceito de região é a referência a cursos
com status diferenciados, convivendo em um mesmo prédio. No relato de um
ex-normalista, fica evidente a disputa e o tratamento diferenciado entre
ginasianos e normalistas. Ou seja, pertencer a este ou aquele curso atribuía
diferenciações entre os alunos e entre os espaços destinados a uns e a outros,
ainda que dentro de uma mesma escola.

           Também tinha um internato só para pessoas do ginásio. E o interessante é que
           os dormitórios eram separados, por que os ginasianos que pagavam
           particularmente, eles gozavam, assim, de uma espécie de diferenciação, eles
           não trabalhavam, só faziam serviços assim [leves]. Para tu ter uma idéia eu
           lavava [banheiros], e até gostava muito de fazer, o trabalho que eu mais
           gostava, caprichado. Isso os ginasianos não faziam. Os ginasianos não
           serviam nos refeitórios. Os alunos normalistas, na hora do almoço, da janta,
           do café da tarde levavam, serviam. (Entrevista com ex-complementarista).

          Região pode também ser considerada uma referência a um lugar a
qual não indica apenas lugares, mas a vida que ali ocorria. Por exemplo, um
entrevistado que freqüentara a Escola Normal Rural de Guaporé, ao nomear o
bairro em que vivia com a família, antes de ir como aluno interno para a


158                            Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
Espaço escolar e história das instituições escolares

escola, referindo o bairro Cidade Baixa em Porto Alegre, disse “aquilo ali era
meu reino”, nitidamente referindo-se a uma região, um espaço criado por
interações felizes para o depoente.
          Certeau fala em contradição dinâmica entre delimitação e mobilidade,
o que certamente ocorre no esforço de construção de relatos acerca da História
das Instituições Escolares.
          De um lado, o relato não se cansa de colocar fronteiras. Multiplica-as,
mas em termos de interações entre personagens – coisas, animais, seres
humanos: os actantes repartem lugares entre si ao mesmo tempo em que
predicados (bom, astucioso, ambicioso, simplório, etc.) e movimentos (adiantar-
se, subtrair-se, exilar-se, voltar-se, etc.). Os limites são traçados pelos pontos
de encontro entre as apropriações progressivas (a aquisição de predicados no
curso do relato) e os deslocamentos sucessivos (movimentos internos ou
externos) dos actantes. Devem-se estes limites a uma distribuição dinâmica
dos bens e das funções possíveis, para constituir, sempre mais complexificada,
uma rede de diferenciações, uma combinatória de espaços. Resultam de um
trabalho da distinção a partir de encontros (CERTEAU, 1996, p. 213).

         Um dos depoimentos colhidos junto à ex-alunos de escolas normais
rurais pode exemplificar esta dinâmica entre delimitação e mobilidade referida
por Certeau.

          Lá em Guaporé, por exemplo, eu comecei a criação do bicho-da-seda, foi
          minha iniciativa. Então por todo o período, todo o período que eu estive lá,
          durante os dois anos eu mantinha os bichos-da-seda, por livre e espontânea
          vontade. Eu sugeri que não sairia muito da vida rural, então eu, essa do bicho-
          da-seda fui eu que, eu e alguns poucos alunos, amigos, colegas, amigos que
          eu convidava. A gente, saia da escola para buscar, folhas de amora. Era uma
          forma, inclusive, de fuga daquela reclusão permanente sabe, por que aquilo
          era uma disciplina rígida, por que tinha dias de saída, horários de saída e volta.
          Então para mim sair um pouco mais, eu arrumei essa forma de buscar, eles
          me permitiam que eu fosse lá buscar as folhas. (Entrevista com ex-aluno de
          Escola Normal Rural).

         O espaço do internato narrado por este entrevistado, delimitador,
invadido de disciplina e de ordenamentos provocava estratégias de fuga.
Sair para buscar folhas de amora se constituía não numa tarefa de formação
planejada pela escola. Embora não se afastasse muito da proposta formativa
do estabelecimento de ensino, neste caso era uma forma de burla da
cerrada disciplina e confinamento no prédio escolar. A criação de bichos-
da-seda exigia um certo tipo de vegetação inexistente no delimitado lugar
escolar.

Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007                               159
Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau

         Portanto, se lugar e mapa são categorias que sinalizam para elementos
mais estáticos na cena, então, região, percurso e espaço indicam relações
dinâmicas, integrações. Pode-se descrever uma instituição escolar na forma de
um mapa e de um lugar sem chegar a registrar os espaços, regiões e percursos
que ela contém. Registros de espaços, regiões, percursos são muito mais
exigentes, pois focalizam o local, o micro em suas diferentes dinâmicas
interacionais.
         Há narrações que organizam espaços e demarcações que instauram
deslocamentos, movimentos do espaço.

           O relato de espaço é em seu grau mínimo uma língua falada, isto é, um sistema
           lingüístico distributivo de lugares sendo ao mesmo tempo articulado por uma
           ‘focalização enunciadora’, por um ato que o pratica. [...] Basta aqui, antes de
           ir buscar as suas indicações na organização da memória, lembrar que com
           essa enunciação focalizante o espaço surge de novo como lugar praticado.
           (CERTEAU, 1996, p. 217).

          Certeau aqui nos lembra que sempre há um autor, com idade,
determinadas experiências, pertencente a um grupo social, com um ponto de
vista. Este autor refere aos lugares, mas de um ponto de vista fala de espaços,
relações, regiões, percursos. Os relatos de espaço não são o lugar, mas pontos
de vista acerca dele, são o lugar praticado.


Base material, relações com a cidade, dúvidas e medos
          A apropriação dos elementos que constituem a base material da
instituição escolar não é um processo circunscrito à comunidade interna, mas
ampliado para a cidade. A materialidade da escola tem significado para a
identidade institucional e para a sociedade, para os moradores das cercanias
do prédio escolar. Implica na vida dos moradores da cidade, mesmo que estes
não tenham estudado, trabalhado ou enviado seus filhos e netos para aquele
estabelecimento de ensino. À cidade como um todo pertence a escola e,
portanto, a preservação da memória de instituições escolares está afeta ao
ambiente no qual a escola se insere, às ruas e demais prédios, à vizinhança,
bairro.
          Nessa dimensão, as interações na base material da instituição escolar
podem significar traição na perspectiva de intervenção/sonegação da memória
social.
          Fernández (1998), estudando o impacto das mudanças causadas pelos
projetos de inovação educativas em instituições escolares, refere medos e


160                            Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
Espaço escolar e história das instituições escolares

dúvidas que eclodem. Umas visualizando a mudança como traição, destruição,
outras considerando a mudança como uma mentira, ficção, engano, outras
ainda considerando-a um erro, pois a situação era melhor antes e as inovações
são consideradas como desordenadas (a ordem ocorria na situação anterior),
e caóticas.
          No plano individual da memória dos que viveram há mais tempo em
uma instituição escolar, elementos do lugar e do mapa são inerentes ao espaço;
alterá-los implica em intervir na ordem e na “verdade” das lembranças pessoais.
Na perspectiva da revisitação, pela memória, de experiências vividas na
instituição escolar, as alterações impostas ao prédio, decorrentes de ampliação,
reforma, modernização do projeto são vistas como traição ao espaço conhecido,
o qual, ao apresentar um lugar com características diferentes, um novo mapa
demarcando novos usos, como que impõe um elemento estranho, um impasse
às lembranças, corrompendo-as.
          Traição a uma possibilidade de rever os espaços tais quais se
distribuíam e que hoje passam a existir apenas com as molduras da memória.
Traição considerada pelos que ali viveram e que, retornando àqueles ambientes,
não encontram mais os mesmos lugares. Os mapas que a memória deles carrega
não coincidem com os lugares disponíveis hoje na instituição escolar. Os novos
mapas que constituem novos lugares decorrem de intervenções, grande parte
das vezes motivada pela ânsia de modernismo, competitividade, expansão
por que passam muitas escolas hoje.


Elementos conclusivos
          A História das Instituições Escolares desponta como estratégia
de fazer história da educação e, embora enfocando a singularidade do
“caso”, oferece conhecimentos acerca das relações sociais mais amplas,
dos sistemas educativos, dos impactos das políticas educativas no âmbito
institucional. A base material fornece importante compreensão das relações
internas da escola, suas funções, clientela, prestígio, inserção no plano
da cidade. Articulada aos componentes da base de gestão, aspectos
interacionais, apropriações dos diferentes atores e públicos atendidos, a
base material contribui para compor o relato interpretativo, ou seja, a
história institucional. Assim se afirma, pois a história das instituições
escolares é um esforço de bricolagem de fragmentos de histórias anteriores,
de múltiplas representações e apropriações, de muitos narradores,
configurando uma parte ínfima “... da narração oral que não cessa trabalho
interminável, de compor espaços, verificar, confrontar e deslocar suas
fronteiras” (CERTEAU, 1996, p. 208).


Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007                               161
Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau

           Entretanto, um risco deve ser evitado, referido por Certeau como
miniaturização. Tal perigo pode estar presente nos relatos produzidos no campo
da História das Instituições Educativas quando estes perdem a característica de
teatro, de espaço de força e configuração da cena. Entende-se por miniaturização
a conseqüência da exacerbação do pressuposto de que existem histórias – no
plural – e não uma história institucional. Miniaturização é permanecer apenas no
relato do mapa, do lugar sem incrementá-lo com regiões, enriquecê-lo com espaços
e percursos. Miniaturização também é tratar percursos de espaços, regiões de
interação e conflitos como se estivessem ali presentes e percebidos por todos nós.
Miniaturização é tratar como sendo História das Instituições Escolares os micros
relatos de partes – aproximados de descrições –, fragmentos mínimos da história
institucional, o que acarreta limitação e redução na compreensão da história
institucional. Não mais a instituição como objeto; prevalecem outros focos temáticos.
Miniaturização pode ser o resultado da multiplicação de histórias institucionais,
sejam elas produzidas pela própria instituição, ou por estrangeiros7 . A miniaturização
pode também ocorrer quando os relatos considerarem períodos da história dessas
mesmas instituições, os quais, analisados não mais como parcela, mas como unidade
de HIE. A miniaturização limita problematicamente a História Institucional
produzindo “cacos” pela produção de variados microrrelatos.


Referências
BUFFA, Ester. História e filosofia das instituições escolares. In: ARAÚJO, José
Carlos Souza; GATTI JUNIOR, Décio (Org.). Novos temas em historia da
educação brasileira: instituições escolares e educação na imprensa. Campinas/
SP: Autores Associados; Uberlândia: EDUFU, 2002. p. 25-38.
CERTEAU, Michel de.  A invenção do cotidiano. Petrópolis: Vozes, 1996.
DESAULNIERS, Julieta Ramos. Instituição e evolução da escolarização. Teoria
& Educação, Porto Alegre, n. 6, p. 97-104, 1992.
FELGUEIRAS, Margarida Maria Louro. Para um museu vivo da escola primária:
trajectória de uma investigação. In: MAGALHÃES, Justino (Org.). Fazer e
ensinar história da educação. Braga: Instituto de Educação e Psicologia,
1998. p. 147-154.
7
    Frigerio e Poggi (1996) nos falam do estrangeiro como requisito metodológico na análise da
    instituição educativa, considerando o estrangeiro tanto um lugar, como uma pessoa ou um
    território do conhecimento. As autoras discutem que quem estuda a instituição escolar pode
    fazer um esforço de se colocar como estrangeira à própria instituição, ou estrangeiro aos
    saberes e conhecimentos veiculados nela, de forma a revisitá-los, problematizá-los. O
    estrangeiro traz a contribuição de um diferente, um olhar do outro.


162                            Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
Espaço escolar e história das instituições escolares

FERNÁNDEZ, Lídia M. Crise e dramática da mudança: avanços de pesquisa
sobre projetos de inovação educativa. In: BUTELMANN, I da. Pensando
instituições. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 157-203.
FRIGERIO, Gracierla; POGGI, Margarita. El analisis de la instituición educativa:
Hilos para tejer proyectos. Buenos Aires: Santillana, 1996.
GATTI JUNIOR, Décio. A história das instituições educacionais: inovações
paradigmáticas e temáticas. In: ARAÚJO, José Carlos Souza; GATTI JUNIOR,
Décio (Org.). Novos temas em historia da educação brasileira: instituições
escolares e educação na imprensa. Campinas: Autores Associados; Uberlândia/
MG: EDUFU, 2002. p. 3-24.
KOCH, Ingedore Grunfeld Vilhaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e coerência.
São Paulo: Cortez, 2000.
MAGALHÃES, Justino. Contributos para a história das instituições educativas –
entre a memória e o arquivo. In: FERNANDES, Rogério; MAGALHÃES, Justino
(Org.). Para a história do ensino liceal em Portugal. Braga: Universidade do
Minho, 1999. p. 63-78.
NUNES, Clarice. História da educação Brasileira: novas abordagens de velhos
objetos. Teoria & Educação, Porto Alegre, n. 6, p. 151-182, 1992.



                                                                Recebido: 09 de julho de 2007
                                                                 Aceito: 17 de agosto de 2007




Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007                               163

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

CURRICULO E DIVERSIDADE CULTURAL: a ressignificaçao dos centros escolares.
CURRICULO E DIVERSIDADE CULTURAL: a ressignificaçao dos centros escolares.CURRICULO E DIVERSIDADE CULTURAL: a ressignificaçao dos centros escolares.
CURRICULO E DIVERSIDADE CULTURAL: a ressignificaçao dos centros escolares.Wilson Melo
 
Seminário Final do Projeto de Pesquisa - 2013
Seminário Final do Projeto de Pesquisa - 2013Seminário Final do Projeto de Pesquisa - 2013
Seminário Final do Projeto de Pesquisa - 2013Fabiana Fabene
 
A InclusãO Escolar Do Ponto De Vista Dos Professores
A InclusãO Escolar Do Ponto De Vista Dos ProfessoresA InclusãO Escolar Do Ponto De Vista Dos Professores
A InclusãO Escolar Do Ponto De Vista Dos Professoresneesufpa
 
Eixos temáticos de História
Eixos temáticos de HistóriaEixos temáticos de História
Eixos temáticos de HistóriaEdenilson Morais
 
Pcn história e sociologia
Pcn   história e sociologiaPcn   história e sociologia
Pcn história e sociologiapibidsociais
 
Currículo do desenvolvimento humano
Currículo do desenvolvimento humanoCurrículo do desenvolvimento humano
Currículo do desenvolvimento humanoThaís SantAna
 
Diretrizes curriculares versao_preliminar_parte_1
Diretrizes curriculares versao_preliminar_parte_1Diretrizes curriculares versao_preliminar_parte_1
Diretrizes curriculares versao_preliminar_parte_1Patricia Fcm
 
Os lugares da sociologia na formação de estudantes do ensino médio: as perspe...
Os lugares da sociologia na formação de estudantes do ensino médio: as perspe...Os lugares da sociologia na formação de estudantes do ensino médio: as perspe...
Os lugares da sociologia na formação de estudantes do ensino médio: as perspe...Petianos
 
Histórico do PCN
Histórico do PCNHistórico do PCN
Histórico do PCNpibidbio
 
Caderno ensino relig_parana
Caderno ensino relig_paranaCaderno ensino relig_parana
Caderno ensino relig_paranaIsa ...
 
Formação de professores na escola capitalista
Formação de professores na escola capitalistaFormação de professores na escola capitalista
Formação de professores na escola capitalistaRosyane Dutra
 
Sacristan, jose g., a educacao que temos
Sacristan, jose g., a educacao que temosSacristan, jose g., a educacao que temos
Sacristan, jose g., a educacao que temosmarcaocampos
 
Projeto memórias programação1
Projeto memórias programação1Projeto memórias programação1
Projeto memórias programação1Olimpio Falconieri
 

Was ist angesagt? (18)

CURRICULO E DIVERSIDADE CULTURAL: a ressignificaçao dos centros escolares.
CURRICULO E DIVERSIDADE CULTURAL: a ressignificaçao dos centros escolares.CURRICULO E DIVERSIDADE CULTURAL: a ressignificaçao dos centros escolares.
CURRICULO E DIVERSIDADE CULTURAL: a ressignificaçao dos centros escolares.
 
diversidade e currículo
 diversidade e currículo diversidade e currículo
diversidade e currículo
 
Seminário Final do Projeto de Pesquisa - 2013
Seminário Final do Projeto de Pesquisa - 2013Seminário Final do Projeto de Pesquisa - 2013
Seminário Final do Projeto de Pesquisa - 2013
 
Qui02
Qui02Qui02
Qui02
 
A InclusãO Escolar Do Ponto De Vista Dos Professores
A InclusãO Escolar Do Ponto De Vista Dos ProfessoresA InclusãO Escolar Do Ponto De Vista Dos Professores
A InclusãO Escolar Do Ponto De Vista Dos Professores
 
O Que é CurríCulo1
O Que é CurríCulo1O Que é CurríCulo1
O Que é CurríCulo1
 
Eixos temáticos de História
Eixos temáticos de HistóriaEixos temáticos de História
Eixos temáticos de História
 
Formacao humanas bncc
Formacao humanas   bnccFormacao humanas   bncc
Formacao humanas bncc
 
Pcn história e sociologia
Pcn   história e sociologiaPcn   história e sociologia
Pcn história e sociologia
 
Currículo do desenvolvimento humano
Currículo do desenvolvimento humanoCurrículo do desenvolvimento humano
Currículo do desenvolvimento humano
 
Pcn história
Pcn históriaPcn história
Pcn história
 
Diretrizes curriculares versao_preliminar_parte_1
Diretrizes curriculares versao_preliminar_parte_1Diretrizes curriculares versao_preliminar_parte_1
Diretrizes curriculares versao_preliminar_parte_1
 
Os lugares da sociologia na formação de estudantes do ensino médio: as perspe...
Os lugares da sociologia na formação de estudantes do ensino médio: as perspe...Os lugares da sociologia na formação de estudantes do ensino médio: as perspe...
Os lugares da sociologia na formação de estudantes do ensino médio: as perspe...
 
Histórico do PCN
Histórico do PCNHistórico do PCN
Histórico do PCN
 
Caderno ensino relig_parana
Caderno ensino relig_paranaCaderno ensino relig_parana
Caderno ensino relig_parana
 
Formação de professores na escola capitalista
Formação de professores na escola capitalistaFormação de professores na escola capitalista
Formação de professores na escola capitalista
 
Sacristan, jose g., a educacao que temos
Sacristan, jose g., a educacao que temosSacristan, jose g., a educacao que temos
Sacristan, jose g., a educacao que temos
 
Projeto memórias programação1
Projeto memórias programação1Projeto memórias programação1
Projeto memórias programação1
 

Andere mochten auch

Temáticas privilegiadas em periódicos nacionais: uma análise das publicações ...
Temáticas privilegiadas em periódicos nacionais: uma análise das publicações ...Temáticas privilegiadas em periódicos nacionais: uma análise das publicações ...
Temáticas privilegiadas em periódicos nacionais: uma análise das publicações ...MarianaBauer
 
Examen de la enseñanza rural en el sur de Brasil: instrumento de politica edu...
Examen de la enseñanza rural en el sur de Brasil: instrumento de politica edu...Examen de la enseñanza rural en el sur de Brasil: instrumento de politica edu...
Examen de la enseñanza rural en el sur de Brasil: instrumento de politica edu...MarianaBauer
 
Politicas de Instrução Pública no século XIX como eco de experiências interna...
Politicas de Instrução Pública no século XIX como eco de experiências interna...Politicas de Instrução Pública no século XIX como eco de experiências interna...
Politicas de Instrução Pública no século XIX como eco de experiências interna...MarianaBauer
 
Conselhos Municipais de Educação: Estudo Genetico-Histórico
Conselhos Municipais de Educação: Estudo Genetico-HistóricoConselhos Municipais de Educação: Estudo Genetico-Histórico
Conselhos Municipais de Educação: Estudo Genetico-HistóricoMarianaBauer
 
Políticas de modernidade e impactos na formação de professores: a realidade b...
Políticas de modernidade e impactos na formação de professores: a realidade b...Políticas de modernidade e impactos na formação de professores: a realidade b...
Políticas de modernidade e impactos na formação de professores: a realidade b...MarianaBauer
 
Compromisso do educador com a sociedade do futuro
Compromisso do educador com a sociedade do futuroCompromisso do educador com a sociedade do futuro
Compromisso do educador com a sociedade do futuroMarianaBauer
 
Escola Normal Rural e seu impresso estudantil
Escola Normal Rural e seu impresso estudantilEscola Normal Rural e seu impresso estudantil
Escola Normal Rural e seu impresso estudantilMarianaBauer
 
Plano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação local
Plano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação localPlano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação local
Plano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação localMarianaBauer
 
História da Educação e a formação do professor na UNISINOS
História da Educação e a formação do professor na UNISINOSHistória da Educação e a formação do professor na UNISINOS
História da Educação e a formação do professor na UNISINOSMarianaBauer
 
Escola Normal Rural no Rio Grande do Sul: história institucional
Escola Normal Rural no Rio Grande do Sul: história institucionalEscola Normal Rural no Rio Grande do Sul: história institucional
Escola Normal Rural no Rio Grande do Sul: história institucionalMarianaBauer
 
Eleição de Diretores: reflexões e questionamentos de uma experiência.
Eleição de Diretores: reflexões e questionamentos de uma experiência.Eleição de Diretores: reflexões e questionamentos de uma experiência.
Eleição de Diretores: reflexões e questionamentos de uma experiência.MarianaBauer
 
A formação de professoras primárias na Escola Complementar: uma leitura a par...
A formação de professoras primárias na Escola Complementar: uma leitura a par...A formação de professoras primárias na Escola Complementar: uma leitura a par...
A formação de professoras primárias na Escola Complementar: uma leitura a par...MarianaBauer
 
Formação de professores para o ensino de primeiras letras na zona rural, Bras...
Formação de professores para o ensino de primeiras letras na zona rural, Bras...Formação de professores para o ensino de primeiras letras na zona rural, Bras...
Formação de professores para o ensino de primeiras letras na zona rural, Bras...MarianaBauer
 
Cd-rom como apoio na pesquisa sobre a identidade e a história institucional
Cd-rom como apoio na pesquisa sobre a identidade e a história institucionalCd-rom como apoio na pesquisa sobre a identidade e a história institucional
Cd-rom como apoio na pesquisa sobre a identidade e a história institucionalMarianaBauer
 
Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...
Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...
Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...MarianaBauer
 
Administração Comparada como Área Temática: periódicos brasileiros 1982 - 2000
Administração Comparada como Área Temática: periódicos brasileiros 1982 - 2000Administração Comparada como Área Temática: periódicos brasileiros 1982 - 2000
Administração Comparada como Área Temática: periódicos brasileiros 1982 - 2000MarianaBauer
 
A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino: uma discussão do Plano de Dese...
A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino: uma discussão do Plano de Dese...A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino: uma discussão do Plano de Dese...
A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino: uma discussão do Plano de Dese...MarianaBauer
 
A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino para uma educação de qualidade...
 A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino para uma educação de qualidade... A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino para uma educação de qualidade...
A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino para uma educação de qualidade...MarianaBauer
 
Missão evangelizadora: mediações da prática esportiva
Missão evangelizadora: mediações da prática esportivaMissão evangelizadora: mediações da prática esportiva
Missão evangelizadora: mediações da prática esportivaMarianaBauer
 
Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...
Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...
Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...MarianaBauer
 

Andere mochten auch (20)

Temáticas privilegiadas em periódicos nacionais: uma análise das publicações ...
Temáticas privilegiadas em periódicos nacionais: uma análise das publicações ...Temáticas privilegiadas em periódicos nacionais: uma análise das publicações ...
Temáticas privilegiadas em periódicos nacionais: uma análise das publicações ...
 
Examen de la enseñanza rural en el sur de Brasil: instrumento de politica edu...
Examen de la enseñanza rural en el sur de Brasil: instrumento de politica edu...Examen de la enseñanza rural en el sur de Brasil: instrumento de politica edu...
Examen de la enseñanza rural en el sur de Brasil: instrumento de politica edu...
 
Politicas de Instrução Pública no século XIX como eco de experiências interna...
Politicas de Instrução Pública no século XIX como eco de experiências interna...Politicas de Instrução Pública no século XIX como eco de experiências interna...
Politicas de Instrução Pública no século XIX como eco de experiências interna...
 
Conselhos Municipais de Educação: Estudo Genetico-Histórico
Conselhos Municipais de Educação: Estudo Genetico-HistóricoConselhos Municipais de Educação: Estudo Genetico-Histórico
Conselhos Municipais de Educação: Estudo Genetico-Histórico
 
Políticas de modernidade e impactos na formação de professores: a realidade b...
Políticas de modernidade e impactos na formação de professores: a realidade b...Políticas de modernidade e impactos na formação de professores: a realidade b...
Políticas de modernidade e impactos na formação de professores: a realidade b...
 
Compromisso do educador com a sociedade do futuro
Compromisso do educador com a sociedade do futuroCompromisso do educador com a sociedade do futuro
Compromisso do educador com a sociedade do futuro
 
Escola Normal Rural e seu impresso estudantil
Escola Normal Rural e seu impresso estudantilEscola Normal Rural e seu impresso estudantil
Escola Normal Rural e seu impresso estudantil
 
Plano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação local
Plano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação localPlano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação local
Plano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação local
 
História da Educação e a formação do professor na UNISINOS
História da Educação e a formação do professor na UNISINOSHistória da Educação e a formação do professor na UNISINOS
História da Educação e a formação do professor na UNISINOS
 
Escola Normal Rural no Rio Grande do Sul: história institucional
Escola Normal Rural no Rio Grande do Sul: história institucionalEscola Normal Rural no Rio Grande do Sul: história institucional
Escola Normal Rural no Rio Grande do Sul: história institucional
 
Eleição de Diretores: reflexões e questionamentos de uma experiência.
Eleição de Diretores: reflexões e questionamentos de uma experiência.Eleição de Diretores: reflexões e questionamentos de uma experiência.
Eleição de Diretores: reflexões e questionamentos de uma experiência.
 
A formação de professoras primárias na Escola Complementar: uma leitura a par...
A formação de professoras primárias na Escola Complementar: uma leitura a par...A formação de professoras primárias na Escola Complementar: uma leitura a par...
A formação de professoras primárias na Escola Complementar: uma leitura a par...
 
Formação de professores para o ensino de primeiras letras na zona rural, Bras...
Formação de professores para o ensino de primeiras letras na zona rural, Bras...Formação de professores para o ensino de primeiras letras na zona rural, Bras...
Formação de professores para o ensino de primeiras letras na zona rural, Bras...
 
Cd-rom como apoio na pesquisa sobre a identidade e a história institucional
Cd-rom como apoio na pesquisa sobre a identidade e a história institucionalCd-rom como apoio na pesquisa sobre a identidade e a história institucional
Cd-rom como apoio na pesquisa sobre a identidade e a história institucional
 
Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...
Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...
Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...
 
Administração Comparada como Área Temática: periódicos brasileiros 1982 - 2000
Administração Comparada como Área Temática: periódicos brasileiros 1982 - 2000Administração Comparada como Área Temática: periódicos brasileiros 1982 - 2000
Administração Comparada como Área Temática: periódicos brasileiros 1982 - 2000
 
A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino: uma discussão do Plano de Dese...
A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino: uma discussão do Plano de Dese...A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino: uma discussão do Plano de Dese...
A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino: uma discussão do Plano de Dese...
 
A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino para uma educação de qualidade...
 A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino para uma educação de qualidade... A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino para uma educação de qualidade...
A reinvenção da gestão dos sistemas de ensino para uma educação de qualidade...
 
Missão evangelizadora: mediações da prática esportiva
Missão evangelizadora: mediações da prática esportivaMissão evangelizadora: mediações da prática esportiva
Missão evangelizadora: mediações da prática esportiva
 
Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...
Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...
Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...
 

Ähnlich wie Espaço Escolar e História das Instituições Escolares

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA HISTÓRIA TEMÁTICA 2009
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA HISTÓRIA TEMÁTICA 2009FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA HISTÓRIA TEMÁTICA 2009
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA HISTÓRIA TEMÁTICA 2009Nelson Silva
 
Aula oficina uma proposta de utilização de
Aula oficina uma proposta de utilização deAula oficina uma proposta de utilização de
Aula oficina uma proposta de utilização deJulio Sosa
 
A construção historiográfica educacional
A construção historiográfica educacionalA construção historiográfica educacional
A construção historiográfica educacionalCristiane Tavares
 
A cultura escolar como categoria de análise e como campo de investigação na h...
A cultura escolar como categoria de análise e como campo de investigação na h...A cultura escolar como categoria de análise e como campo de investigação na h...
A cultura escolar como categoria de análise e como campo de investigação na h...Mônica Santos
 
Histórias e ensino de história
Histórias e ensino de históriaHistórias e ensino de história
Histórias e ensino de históriaNatália Barros
 
Livros didáticos em dimensões materiais e simbólicas
Livros didáticos em dimensões materiais e simbólicasLivros didáticos em dimensões materiais e simbólicas
Livros didáticos em dimensões materiais e simbólicasDafianaCarlos
 
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...Sérgio Gonçalves
 
A produção de dossiês para a história da educação
A produção de dossiês para a história da educaçãoA produção de dossiês para a história da educação
A produção de dossiês para a história da educaçãoViegas Fernandes da Costa
 
PNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidade
PNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidadePNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidade
PNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidadeElieneDias
 
Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460
Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460
Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460Rafaella Florencio
 
A CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA PARA O ENSINO...
A CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA PARA O ENSINO...A CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA PARA O ENSINO...
A CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA PARA O ENSINO...Hebert Balieiro
 
A caracterização dos espaços não formais de educação científica para o ensino...
A caracterização dos espaços não formais de educação científica para o ensino...A caracterização dos espaços não formais de educação científica para o ensino...
A caracterização dos espaços não formais de educação científica para o ensino...Hebert Balieiro
 
Apresentação de história
Apresentação de   históriaApresentação de   história
Apresentação de históriaElvira Aliceda
 
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIALIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIAamiltonp
 
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIALIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIAamiltonp
 
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIALIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIAamiltonp
 
58850836 resenhas-do-conc-peb-ii-2011
58850836 resenhas-do-conc-peb-ii-201158850836 resenhas-do-conc-peb-ii-2011
58850836 resenhas-do-conc-peb-ii-2011renato1047
 

Ähnlich wie Espaço Escolar e História das Instituições Escolares (20)

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA HISTÓRIA TEMÁTICA 2009
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA HISTÓRIA TEMÁTICA 2009FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA HISTÓRIA TEMÁTICA 2009
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA HISTÓRIA TEMÁTICA 2009
 
Aula oficina uma proposta de utilização de
Aula oficina uma proposta de utilização deAula oficina uma proposta de utilização de
Aula oficina uma proposta de utilização de
 
3ª série -_história_-_manual
3ª série -_história_-_manual3ª série -_história_-_manual
3ª série -_história_-_manual
 
A construção historiográfica educacional
A construção historiográfica educacionalA construção historiográfica educacional
A construção historiográfica educacional
 
A cultura escolar como categoria de análise e como campo de investigação na h...
A cultura escolar como categoria de análise e como campo de investigação na h...A cultura escolar como categoria de análise e como campo de investigação na h...
A cultura escolar como categoria de análise e como campo de investigação na h...
 
Histórias e ensino de história
Histórias e ensino de históriaHistórias e ensino de história
Histórias e ensino de história
 
Livros didáticos em dimensões materiais e simbólicas
Livros didáticos em dimensões materiais e simbólicasLivros didáticos em dimensões materiais e simbólicas
Livros didáticos em dimensões materiais e simbólicas
 
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
 
253 804-1-pb
253 804-1-pb253 804-1-pb
253 804-1-pb
 
A produção de dossiês para a história da educação
A produção de dossiês para a história da educaçãoA produção de dossiês para a história da educação
A produção de dossiês para a história da educação
 
PNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidade
PNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidadePNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidade
PNAIC 2015 - Currículo na perspectiva da inclusão e da diversidade
 
Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460
Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460
Dialnet teoria historiograficae-praticapedagogica-3632460
 
Poster (a narrativa...)
Poster (a narrativa...)Poster (a narrativa...)
Poster (a narrativa...)
 
A CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA PARA O ENSINO...
A CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA PARA O ENSINO...A CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA PARA O ENSINO...
A CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA PARA O ENSINO...
 
A caracterização dos espaços não formais de educação científica para o ensino...
A caracterização dos espaços não formais de educação científica para o ensino...A caracterização dos espaços não formais de educação científica para o ensino...
A caracterização dos espaços não formais de educação científica para o ensino...
 
Apresentação de história
Apresentação de   históriaApresentação de   história
Apresentação de história
 
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIALIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
 
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIALIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
 
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIALIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE HISTÓRIA
 
58850836 resenhas-do-conc-peb-ii-2011
58850836 resenhas-do-conc-peb-ii-201158850836 resenhas-do-conc-peb-ii-2011
58850836 resenhas-do-conc-peb-ii-2011
 

Mehr von MarianaBauer

Pós-graduação e suas interlocuções com a Educação Básica
Pós-graduação e suas interlocuções com a Educação BásicaPós-graduação e suas interlocuções com a Educação Básica
Pós-graduação e suas interlocuções com a Educação BásicaMarianaBauer
 
Graduation boards as registers of the institutional history
Graduation boards as registers of the institutional historyGraduation boards as registers of the institutional history
Graduation boards as registers of the institutional historyMarianaBauer
 
Obrigatoriedade e gratuidade da instrução elementar: articulações entre públi...
Obrigatoriedade e gratuidade da instrução elementar: articulações entre públi...Obrigatoriedade e gratuidade da instrução elementar: articulações entre públi...
Obrigatoriedade e gratuidade da instrução elementar: articulações entre públi...MarianaBauer
 
Educação Básica: a dimensão do legal e do concreto
Educação Básica: a dimensão do legal e do concretoEducação Básica: a dimensão do legal e do concreto
Educação Básica: a dimensão do legal e do concretoMarianaBauer
 
Formação do Administrador no Brasil: tentativa de periodização
Formação do Administrador no Brasil: tentativa de periodizaçãoFormação do Administrador no Brasil: tentativa de periodização
Formação do Administrador no Brasil: tentativa de periodizaçãoMarianaBauer
 
Contextualizando a Escola rural: Rio Grande do Sul final do século XIX e iníc...
Contextualizando a Escola rural: Rio Grande do Sul final do século XIX e iníc...Contextualizando a Escola rural: Rio Grande do Sul final do século XIX e iníc...
Contextualizando a Escola rural: Rio Grande do Sul final do século XIX e iníc...MarianaBauer
 
Instrução pública e configuração do mundo urbano
Instrução pública e configuração do mundo urbanoInstrução pública e configuração do mundo urbano
Instrução pública e configuração do mundo urbanoMarianaBauer
 
Das evidências: a leitura de Raymundo Faoro como pano de fundo para a problem...
Das evidências: a leitura de Raymundo Faoro como pano de fundo para a problem...Das evidências: a leitura de Raymundo Faoro como pano de fundo para a problem...
Das evidências: a leitura de Raymundo Faoro como pano de fundo para a problem...MarianaBauer
 
Terceirização e democratização na instituição escolar: serviços de merenda e ...
Terceirização e democratização na instituição escolar: serviços de merenda e ...Terceirização e democratização na instituição escolar: serviços de merenda e ...
Terceirização e democratização na instituição escolar: serviços de merenda e ...MarianaBauer
 
Da disciplina do traço à irreverência do borrão [PENIN, Lígia] - Resenha
Da disciplina do traço à irreverência do borrão [PENIN, Lígia] - ResenhaDa disciplina do traço à irreverência do borrão [PENIN, Lígia] - Resenha
Da disciplina do traço à irreverência do borrão [PENIN, Lígia] - ResenhaMarianaBauer
 
O Professor e a Escola para a Zona Rural: concepções e desdobramentos em uma ...
O Professor e a Escola para a Zona Rural: concepções e desdobramentos em uma ...O Professor e a Escola para a Zona Rural: concepções e desdobramentos em uma ...
O Professor e a Escola para a Zona Rural: concepções e desdobramentos em uma ...MarianaBauer
 
Gestão da Educação Municipal: Composição dos Conselhos Municipais de Educação...
Gestão da Educação Municipal: Composição dos Conselhos Municipais de Educação...Gestão da Educação Municipal: Composição dos Conselhos Municipais de Educação...
Gestão da Educação Municipal: Composição dos Conselhos Municipais de Educação...MarianaBauer
 
O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...
O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...
O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...MarianaBauer
 

Mehr von MarianaBauer (13)

Pós-graduação e suas interlocuções com a Educação Básica
Pós-graduação e suas interlocuções com a Educação BásicaPós-graduação e suas interlocuções com a Educação Básica
Pós-graduação e suas interlocuções com a Educação Básica
 
Graduation boards as registers of the institutional history
Graduation boards as registers of the institutional historyGraduation boards as registers of the institutional history
Graduation boards as registers of the institutional history
 
Obrigatoriedade e gratuidade da instrução elementar: articulações entre públi...
Obrigatoriedade e gratuidade da instrução elementar: articulações entre públi...Obrigatoriedade e gratuidade da instrução elementar: articulações entre públi...
Obrigatoriedade e gratuidade da instrução elementar: articulações entre públi...
 
Educação Básica: a dimensão do legal e do concreto
Educação Básica: a dimensão do legal e do concretoEducação Básica: a dimensão do legal e do concreto
Educação Básica: a dimensão do legal e do concreto
 
Formação do Administrador no Brasil: tentativa de periodização
Formação do Administrador no Brasil: tentativa de periodizaçãoFormação do Administrador no Brasil: tentativa de periodização
Formação do Administrador no Brasil: tentativa de periodização
 
Contextualizando a Escola rural: Rio Grande do Sul final do século XIX e iníc...
Contextualizando a Escola rural: Rio Grande do Sul final do século XIX e iníc...Contextualizando a Escola rural: Rio Grande do Sul final do século XIX e iníc...
Contextualizando a Escola rural: Rio Grande do Sul final do século XIX e iníc...
 
Instrução pública e configuração do mundo urbano
Instrução pública e configuração do mundo urbanoInstrução pública e configuração do mundo urbano
Instrução pública e configuração do mundo urbano
 
Das evidências: a leitura de Raymundo Faoro como pano de fundo para a problem...
Das evidências: a leitura de Raymundo Faoro como pano de fundo para a problem...Das evidências: a leitura de Raymundo Faoro como pano de fundo para a problem...
Das evidências: a leitura de Raymundo Faoro como pano de fundo para a problem...
 
Terceirização e democratização na instituição escolar: serviços de merenda e ...
Terceirização e democratização na instituição escolar: serviços de merenda e ...Terceirização e democratização na instituição escolar: serviços de merenda e ...
Terceirização e democratização na instituição escolar: serviços de merenda e ...
 
Da disciplina do traço à irreverência do borrão [PENIN, Lígia] - Resenha
Da disciplina do traço à irreverência do borrão [PENIN, Lígia] - ResenhaDa disciplina do traço à irreverência do borrão [PENIN, Lígia] - Resenha
Da disciplina do traço à irreverência do borrão [PENIN, Lígia] - Resenha
 
O Professor e a Escola para a Zona Rural: concepções e desdobramentos em uma ...
O Professor e a Escola para a Zona Rural: concepções e desdobramentos em uma ...O Professor e a Escola para a Zona Rural: concepções e desdobramentos em uma ...
O Professor e a Escola para a Zona Rural: concepções e desdobramentos em uma ...
 
Gestão da Educação Municipal: Composição dos Conselhos Municipais de Educação...
Gestão da Educação Municipal: Composição dos Conselhos Municipais de Educação...Gestão da Educação Municipal: Composição dos Conselhos Municipais de Educação...
Gestão da Educação Municipal: Composição dos Conselhos Municipais de Educação...
 
O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...
O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...
O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...
 

Kürzlich hochgeladen

Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveaulasgege
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaAula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaaulasgege
 
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfProva uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfArthurRomanof1
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfHenrique Pontes
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfaulasgege
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxIsabelaRafael2
 
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxLírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxfabiolalopesmartins1
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresaulasgege
 

Kürzlich hochgeladen (20)

Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaAula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
 
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfProva uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
 
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxLírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
 

Espaço Escolar e História das Instituições Escolares

  • 1. ESPAÇO ESCOLAR E HISTÓRIA DAS Espaço escolar e história das instituições escolares INSTITUIÇÕES ESCOLARES School Space and School Institutions History Flávia Obino Corrêa Werle1 Lenir Marina Trindade de Sá Britto2 Cinthia Merlo Colau3 Resumo O texto constitui-se em contribuição teórica para a discussão da história das instituições escolares, seus prédios e espaços. Discute narrativas que constituem a história das instituições escolares em seu conteúdo de interpretações e de releituras do espaço físico escolar. Analisa a apropriação dos espaços escolares pelos atores e a identidade institucional. A discussão é feita com base em Michel de Certeau. Palavras-chave: História da educação; Espaço escolar; Instituições escolares. Abstract The text constitutes itself as a theoretical contribution to the discussion about the school institutions history, its buildings and spaces. It discusses narratives that constitute school institutions history in its content of interpretations and of rereadings of the school physical space. It analises the appropriation of the school spaces by the actors and the institutional identity. The discussion is made in the basis of Michel de Certeau. Keywords: Education history; School space; School institutions. 1 Dra Em Educação, Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, e-mail: flaviaw@unisinos.br 2 Graduanda de Pedagogia, UNISINOS, bolsista PIBIC. e-mail: moonteacher@hotmail.com 3 Graduanda de Pedagogia, UNISINOS, bolsista CNPq. e-mail: cinthia@bage.unisinos.br Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007 147
  • 2. Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau Introdução A história das instituições escolares (HIE) pode ser considerada uma abordagem que fomenta, no campo da história da educação, uma renovação metodológica e teórica ao instigar trabalhos que discutem as relações dialéticas entre o universal e o particular. Pela análise dos “casos” singulares, provoca abordagens que focalizem os micromovimentos e propostas dos estabelecimentos de ensino em diálogo com as políticas educacionais e macroprojetos de renovação pedagógica. A base material é um dos elementos necessariamente considerados para compor a cena do relato da história institucional. O presente texto constitui-se num contributo teórico para a discussão da História das Instituições Escolares em sua referência a prédios e espaços ocupados pelas escolas, analisando as possibilidades de apropriação dos espaços escolares pelos atores e as relações entre as representações dos espaços e a identidade institucional. A discussão é feita com base em Michel de Certeau (1996), refletindo acerca das categorias de espaço, região, percurso, lugar e mapas como elementos para a inteligibilidade e construção da História das Instituições Escolares. São apresentados alguns depoimentos colhidos em entrevistas com ex-alunas de Escolas Complementares e com ex-alunos de Escolas Normais Rurais do Rio Grande do Sul.4 História das instituições escolares na história da educação brasileira A História das instituições educativas tem tomado fôlego no contexto dos estudos de história da educação no Brasil, inserindo-se num processo de renovação no campo da história da educação e constituindo-se como um novo campo temático da historiografia da educação brasileira (GATTI JUNIOR, 2002, p. 19). Com base em Magalhães, Gatti afirma que a história das instituições educativas investiga o que se passa no interior da escola pela “apreensão daqueles elementos que conferem identidade à instituição educacional, ou seja, daquilo que lhe confere um sentido único no cenário social do qual fez ou ainda faz parte, mesmo que ela tenha se transformado no decorrer dos tempos.” (GATTI JUNIOR, 2002, p. 20). Assim, envolve descrições sobre o ciclo de vida das instituições – criação, desenvolvimento, crises e extensão –, elementos da arquitetura, perfil de seus agentes, envolvendo corpo docente, 4 As entrevistas foram realizadas no contexto dos projetos de pesquisa “Escola Complementar: Práticas e Instituições” – 2001/2003, apoio Fapergs e CNPq e “História das Instituições Escolares: escolas de formação de professores” – 2004/2006, apoio CNPq. 148 Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
  • 3. Espaço escolar e história das instituições escolares funcionários, apoio, perfil de alunos, projetos e propostas pedagógicas, dentre outras. Para Buffa (2002), a pesquisa acerca das instituições escolares é uma forma de estudar a história e a filosofia da educação brasileira, na medida em que as instituições que compõem os sistemas escolares estão impregnadas pelos valores de cada época. A pesquisa em história das instituições escolares tem como vantagem a possibilidade de “superar a dicotomia entre o particular e o universal, o específico e o geral, o concreto e o conceito, a história e a filosofia.” (BUFFA, 2002, p. 26). A autora destaca que fragmentos de matizes filosóficas variadas, e por vezes opostas, perpassam as motivações de criação, mudança, desenvolvimento das instituições, movimentos de articulação e de fragmentação repercutem nas interações entre alunos e professores, articulações curriculares são desdobradas pela maior ou menor autonomia e criatividade dos componentes da escola. Há princípios teórico-metodológicos que orientam o trabalho do pesquisador envolvido com história das instituições educativas contemplando: (a) a compreensão do alto nível de complexidade entre as relações trabalho e educação; (b) o entendimento de que o particular é uma expressão do desenvolvimento geral – visões gerais e descrições do singular; (c) a consideração da história das instituições educativas como uma ação de interpretação, não apenas descritiva. Buffa, inspirada na obra de André Petitat, propõe categorias: Investigar o processo de criação e de instalação da escola, a caracterização e a utilização do espaço físico (elementos arquitetônicos do prédio, sua implantação no terreno, seu entrono e acabamento), o espaço do poder (diretoria, secretaria, sala dos professores), a organização e o uso do tempo, a seleção dos conteúdos escolares, a origem social da clientela escolar e seu destino provável, os professores, a legislação, as normas e a administração da escola. Estas categorias permitem traçar um retrato da escola com seus atores, aspectos de sua organização, seu cotidiano, seus rituais, sua cultura e seu significado para aquela sociedade. (BUFFA, 2002, p. 27). As fontes indicadas pela autora são variadas: jornais da época, legislação, literatura pertinente, entrevistas, fotografias e documentação da instituição escolar. Em seu artigo publicado no livro Novos temas em história da educação brasileira, Buffa faz um estudo sobre os prédios escolares de três escolas de uma cidade do estado de São Paulo: o da Escola Normal Secundária, indicando pisos, dependências, acabamentos e soluções construtivas, o da Escola Profissional, inicialmente construído para o funcionamento de uma casa de saúde, e o da Escola de Engenharia de São Carlos/USP, o qual funcionou em vários locais (GATTI JUNIOR, 2002). Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007 149
  • 4. Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau Outros autores, como Magalhães (1999), Felgueiras (1998) destacam a importância da base material. Felgueiras considera o local em que a vida institucional ocorreu, os materiais, artefatos, móveis e utensílios, os espaços e seus objetos, enfim, como “sítio histórico” cuja consideração é indispensável para que se possa fazer interpretações, leituras interpretativas, relatos sobre a história institucional. Portanto, vários autores incluem como elemento indispensável na composição da história de instituições escolares a consideração do espaço físico ou base material da instituição. Relatos de história das instituições escolares: compondo a cena A História das Instituições Escolares configura-se em relatos escritos, os quais devem construir um teatro, um campo para ações efetivas. Neste trabalho, utiliza-se narrativa, relato, exposição como sinônimos, sempre referidos a texto escrito com intencionalidade, a qual diretamente o situa, como parte do que se entende por História das Instituições Escolares. Assume-se, também, no que se refere à forma escrita, a formulação dada por Koch e Travaglia (2000, p. 8), que explicitam o texto: Como uma unidade lingüística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa específica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível, reconhecida, independentemente de sua extensão. É relevante, portanto, explicitar na forma escrita a intencionalidade, nesse caso a de inserção no campo da História das Instituições Escolares. Como texto escrito, tem uma autoria e propósito, que conformam, com especificidade, a direção comunicativa – do autor para o leitor. Certeau reflete acerca da escrita como “derradeiro momento” (CERTEAU, 1996, p. 298) corroído pela conflitualidade entre a busca e a perda de sentido e da repercussão inusitada do texto escrito no leitor. Prática da perda da palavra, a escritura só tem sentido fora de si mesma, num lugar outro, o do leitor, que produz como a sua própria necessidade indo ela mesma para esta presença que não poderia ganhar. Vai em direção a uma palavra que não lhe será jamais dada e que, por isso mesmo, constrói o movimento de ser indefinidamente ligada a uma resposta solta, absoluta, a do outro. (CERTEAU, 1996, p. 299). 150 Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
  • 5. Espaço escolar e história das instituições escolares Mesmo sob a forma descritiva, o relato é criativo: “toda a descrição é mais que uma fixação”, é ‘um ato culturalmente criador.” (LOTMAN apud CERTEAU, 1996, p. 209). A descrição tem força performativa, de ordenação, disposição, “ela realiza o que diz”. No âmbito da História das Instituições Escolares, o relato escrito descritivo tem a função de estabelecer uma superfície, conformar, circunscrever o contexto. A História das Instituições Escolares é uma composição de relatos, narrativas, portadoras desta força performativa. Uma das características importantes dos relatos que constroem a História das Instituições Escolares é que ele “tem inicialmente uma função de autorização, ou, mais exatamente de fundação” [...] abrindo um “teatro de legitimidade a ações efetivas.” É o relato que estabelece a disposição dos dados, possibilita descortinar um contexto, um ambiente, atuando como um “mapeamento dinâmico do espaço” (CERTEAU, 1996, p. 209-210). Descrever a base material é um elemento importante da composição dessa cena fundacional do teatro em que se desenrola a História Institucional, dimensionando o espaço em que os diversos atores, as múltiplas políticas, os poderes institucionalizados elaboram seus percursos. Um relato, ao configurar a cena, opera, pelo menos, em dois níveis: numa dimensão temporal e numa dimensão temática, estabelecendo um vetor de orientação. Dimensão temporal Necessariamente, a HIE maneja com a dimensão temporal. O pesquisador de HIE vê-se à frente de indagações acerca do período de tempo abrangido no relato. Trabalhar com HIE não é permanecer na presencialidade, no hoje da instituição, mas descrever, compor narrativas de seus diferentes momentos de existência. Todos os fatos educativos são históricos. Configurações específicas os precedem, tramas de encaminhamentos são tecidas ao longo do tempo. Isso significa que uma historicidade reflexiva acompanha todos os estudos relacionados à educação5 mesmo que sejam orientados preferencialmente para 5 Eventos acadêmicos temáticos sobre História da Educação, realizados no Brasil, têm seguidamente acolhido estudos de nítida presencialidade, o que demonstra quanto ainda, como academia, temos que problematizar a dimensão temporal dos estudos que produzimos referidos ao campo da História da Educação. NUNES, Clarice. História da educação Brasileira: novas abordagens de velhos objetos. Teoria & Educação, Porto Alegre, n. 6, p. 151-182, 1992. • apóia a nossa constatação de que trabalhos aceitos como históricos analisam de fato acontecimentos do presente, o que possivelmente decorra da atual compreensão do relativismo da ciência histórica e da concepção histórica contemporânea que questiona a visão de que história seja a ciência do passado. Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007 151
  • 6. Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau o presente e o futuro. A HIE, entretanto, é orientada para um desvelamento do passado das instituições escolares. Justino Magalhães, em seminário6 sobre História das Instituições Educativas (2001), indica um distanciamento de 30 anos como característica de constituição de relatos de HIE. Para armar o relato das características da base material que vão constituir, em parte, o teatro no qual ocorrem percursos de diferentes propostas, muito contribuem documentos, plantas arquitetônicas, fotos e imagens. Grande parte das vezes, as imagens aparecem como fragmentos da cena escolar. A fotografia de uma escada, um pátio, uma sala são migalhas de uma cena, estilhaços de um espaço escolar, os quais, se não contextualizados, pouco poderão auxiliar na configuração da cena. Do distanciamento temporal decorrem implicações para o relato especialmente no foco de suas características materiais, espaços, equipamentos, mobiliário, decoração, instrumentos e materiais pedagógicos. Mesmo em instituições que ainda estejam em funcionamento, se não houver quem ou o que explique as articulações espaciais, se não houver um conjunto de imagens que consigam explicitar minimamente as formas de funcionamento dos espaços, dificilmente poderemos armar relatos suficientemente claros e articulados. Imagens, fotografias e plantas arquitetônicas isoladas com freqüência poderão constituir apenas fração a que não se consegue dar inteligibilidade com suficiente articulação. As reformas, ampliações, intervenções no sentido de modernizar e prover mais segurança ao prédio são fatores que implicam na configuração da cena e na compreensão acerca da forma como a instituição se desenvolveu e respondeu a demandas por expansão ou por especialização de serviços. Base material como dimensão temática ou vetor de orientação do relato Adotamos a posição de Chapoulie e Briand apud Desaulniers (1992, p. 98-99), que afirmam: 6 Professor Justino Magalhães ministrou, no período de 4 a 14 de dezembro de 2001, dois seminários, cada um de 15 h/a, no Programa de Pós-Graduação em Educação da UNISINOS, São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Participou de um encontro de estudos promovido pela ASPHE – Associação Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação –, bem como de uma Oficina sobre Preservação da História Institucional e documentos escolares. Estas atividades acadêmicas foram apoiadas pelo CNPq (Processo número 45.3384/01-3 – APV) e FAPERGS e organizadas por Werle e Redin. 152 Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
  • 7. Espaço escolar e história das instituições escolares A instituição se constitui de um conjunto de relações sociais, as quais se instauram a partir de uma base material. Sendo assim, a análise do funcionamento da instituição escolar, através dos seus aspectos materiais e administrativos, como também das práticas, dos interesses e das categorias de interpretação dos diversos grupos de agentes, é fundamental para explicar a evolução da escolarização. Construir um relato acerca da História Institucional implica em tomar um vetor como forma de orientar a argumentação sem se esquecer da diversidade que compõe a HIE. Neste nível, cabem algumas indagações. Qual a abordagem? O prédio visto pelos alunos? Onde encontrar a representação das apropriações dos alunos sobre o prédio escolar? Em produções escritas, como impressos estudantis, revistas e boletins? Como articulá-la com os movimentos de outros segmentos da instituição, com dimensões pedagógicas e políticas? Como a história das equipes diretivas repercute na estrutura física da escola? Há articulações entre a base material e as configurações do fazer docente, dos projetos pedagógicos da instituição, dos regimentos, planos e normatizações? Os relatos configuram um lugar, uma cena, o espaço do teatro em cujos limites são tecidos percursos que decorrem do vetor estruturador da argumentação. M. Certeau diz que as estruturas narrativas são sintaxes espaciais, são práticas de espaço. “Os relatos poderiam igualmente ter esse belo nome [metáfora]: todo dia, eles atravessam e organizam lugares; eles os selecionam e os reúnem num só conjunto; deles fazem frases e itinerários. São percursos de espaços.” (CERTEAU, 1996, p. 199). Não apenas a codificação da temporalidade está registrada nos relatos de História das Instituições Escolares, mas os indicativos de elementos da cena – alunos, prédio, normas de gestão – registrando descrições de atores, indicando mobilidade entre espaços, deveres e formas de conhecimento. Assim, relatos da História das Instituições Educativas “produzem geografias de ações” e organizam caminhos (CERTEAU, 1996, p. 200). São exemplificativas destas características as lembranças relatadas por complementaristas entrevistadas nas quais as experiências são referidas às características dos espaços e das normas de uso destes espaços impostas pela instituição ou a comportamentos de infração da norma de uso deles. Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007 153
  • 8. Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau E uma noite foi combinado de noite bater na tampa do pinico. A minha cela era bem pertinho da cela da Irmã [...], era esquina já, porque eu era das impossíveis, mas eu não fiz nada e aí elas combinaram, lá embaixo, que todo o mundo faria. A Teresinha ia dizer não sei o quê, alto, e todo o mundo ia bater com a tampa do pinico, daí a freira ia ficar bem doida e não ia saber quem é que era. Não teve dúvida. Eu disse: hoje eu não vou fazer nada. Começou a bateção de pinico [...] e a Irmã [...] veio para a minha cela. Eu tinha uma gabardine que pendurava lá embaixo, naquele saguão grande lá. Hoje acho que nem sei o que é aquilo. A gente guardava as roupas embaixo, no último piso. [Hoje estes espaços são ocupados com sala de artes e sala de game]. Lá era aberto e havia números [nos cabides de cada aluna]. Meu número era cento e setenta e oito. Coloquei uma gabardine velha e dentro da gabardine tinha doce de leite e lingüiça. E daí, conforme eu convidava [uma ou outra colega sussurrando ao ouvido] – Hoje tem gabardine! (Entrevistas com ex-complementaristas). As experiências de transgressão relatadas intercalam referências a lugares, constituindo espaços de proximidade (a aluna considerada mais indisciplinada tem sua cama situada próxima ao lugar de descanso da Irmã que cuidava do dormitório; o local de guardar o abrigo de sair para a rua situava-se afastado dos locais de convívio cotidiano; com o tempo os espaços têm seus usos alterados, introduzindo um fator de desconhecimento/ estranhamento naqueles que neles viveram há mais tempo). As formas de estar e de apropriar-se dos espaços da Instituição Escolar –identificáveis nas manifestações dos diferentes segmentos perceptíveis em relatos orais e escritos e em outros tipos de representações, imagens, desenhos, sinalizam três direções. Assinalam (a) um processo de apropriação do sistema topográfico do estabelecimento de ensino, (b) constituem a realização espacial do lugar e (c) contribuem para a diferenciação de poderes e de relações que ocorrem na instituição. Caminhar pelos espaços da escola propicia a apropriação de sua topografia. Espaços interditos, espaços exclusivos são mapeados diferentemente pelos componentes da instituição escolar. A clausura em escolas de congregações religiosas femininas, a capela, os laboratórios, as salas das professoras (só para mulheres) e a sala dos professores (só para os homens), os dormitórios que distribuíam alunas de acordo com as idades – muito amplos e com camas lado a lado para as menores –, e as celas individuais para as maiores. A dimensão do prédio e a relação dos aposentos bem como a faixa etária e funções dos seus ocupantes configuram percepções e apropriações que ficam marcadas na memória dos que passaram pela instituição escolar. 154 Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
  • 9. Espaço escolar e história das instituições escolares Há “uma ordem espacial que organiza um conjunto de possibilidades [...] e proibições” – locais de circulação, locais de estar nos recreios, locais em que se estuda tal ou qual matéria (CERTEAU, 1996, p. 177). Se a base material traz em si uma previsão de uso, é nela que se constroem inéditas relações de apropriação, rompendo, muitas vezes, com as propostas para as quais foram concebidas. Assim se configuram os relatos que referem o estudo, nas vésperas de provas embaixo da cama onde velas iluminavam a leitura escondida, ou os que registram a hilariante descida sentada no corrimão da escada. Eu era impossível. Era uma das primeiras alunas, mas eu era impossível. Isso de descer pelo corrimão, de fazer arte, eu estava sempre junto. E um dia a Irmã [...] me pegou descendo no corrimão e ela fazia com o dedo assim: Tu no final do ano vais voltar em cima da mala. Na mala quer dizer expulsa. (Entrevista com ex-aluna de Escola Complementar). Ao longo do tempo, tais relações com os espaços vão sendo reinventadas não apenas no plano da transgressão individual ou de grupo, mas pela própria instituição, pelos novos projetos institucionais em decorrência das novas exigências de espaços e de reorganização administrativa. Assim um imenso pátio ao ar livre em determinado período da história institucional passa a ser limitado pelo pavilhão de educação física construído nos mais modernos requisitos arquitetônicos que fala da atualização da proposta educativa da escola e do esforço de diversificação de atividades, mas que elimina a vista que se descortinava da escola para a cidade. Lembrar a poética com que Certeau refere a ação de construção da espacialidade, tanto a que reitera a lógica organizadora dos espaços projetados como a transgressora que inventa novas formas/espaços e inusitadas trajetórias de uso, aprofunda a reflexão acerca dos movimentos de apropriação da base material e da história institucional. “Os jogos de passos moldam espaços. Tecem lugares. Sob esse ponto de vista, as motricidades dos pedestres [...] espacializam” (CERTEAU, 1996, p. 176). O caminhar, correr, andar pelos espaços faz com que os espaços sejam preenchidos pela vida e apareçam, embora o caminhar como uma apropriação também desloque significados em tais espaços pela invenção de outros usos. “[...] as idas e vindas, as variações ou as improvisações da caminhada privilegiam, mudam ou deixam de lado elementos espaciais.” (CERTEAU, 1996, p. 178). A apropriação possibilita ultrapassar os limites que as determinações de espaços e objetos possam fixar para seu uso. Assim o caminhar pelos espaços escolares transforma cada significante espacial. De um lado, ele torna efetiva a ordem construída (vai somente por aqui, mas não por lá; desça a escada pelo seu lado direito e suba a escada também pelo seu lado direito; Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007 155
  • 10. Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau corrimão serve para apoiar a mão de quem está subindo ou descendo a escada), de outro, instaura inimagináveis possíveis usos e interditos (por exemplo, criando atalhos ou desvios, tornando espaços do pátio previstos como locais para a folga, para o pega-pega no recreio, em lugares de fuga da disciplina escolar e de vadiação; e o corrimão como escorregador). Desta forma, podem ser interpretados os usos que rompem e negam os caminhos considerados lícitos ou obrigatórios: não seguir na fila, ao contrário, marchar correndo, ou de esguelha, encostando-se nas paredes; riscar nas paredes; fugir pela janela. Em decorrência da base material, os diferentes atores da instituição criam modos de apropriação, seguindo ou infringindo regras de uso, contribuindo para estabelecer outras relações com o espaço escolar. Portanto, os ocupantes dos prédios escolares produzem deslocamentos pelo uso que fazem deles ou, pelo não uso, condenam-nos ao desaparecimento e à inércia. Base material: distinções entre espaço e lugar e entre mapas e percursos Uma narrativa referente à HIE precisa definir lugares como também articular interações, conflitos, aspectos estes que constituem tais lugares em espaços de relações. Um lugar é a ordem [...] segundo a qual se distribuem elementos nas relações de coexistência. Aí se acha portanto excluída a possibilidade, para duas coisas, de ocuparem o mesmo lugar. Aí impera a lei do ‘próprio’: os elementos considerados se acham uns ao lado dos outros, cada um situado num lugar ‘próprio’ e distinto que define. Um lugar é portanto uma configuração instantânea de posições. Implica uma indicação de estabilidade. (CERTEAU, 1996, p. 201). Sendo configuração de posições, o lugar é inerte, estável e, ao contrário, o espaço é vivo de interações e poderes. Existe espaço sempre que se tomam em conta vetores de direção, quantidades de velocidade e a variável tempo. O espaço é um cruzamento de móveis. É de certo modo animado pelo conjunto dos movimentos que aí se desdobram. Espaço é o efeito produzido pelas operações que o orientam, o circunstanciam, o temporalizam e o levam a funcionar em unidade polivalente de programas conflituais ou de proximidades contratuais. (CERTEAU, 1996, p. 202). A diferenciação entre lugar – frio, estático, congelado –, e espaço é que este constitui “um lugar praticado” (CERTEAU, 1996, p. 202). 156 Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
  • 11. Espaço escolar e história das instituições escolares O grande desafio de fazer História das Instituições Escolares é construir espaços e não apenas lugares. Espaço compreendido como um cruzamento, como movimento, contraposto a lugar como ordem, relação entre elementos posicionados entre si, preestabelecidos. Assim, um lugar admite muitos relatos de espaços vistos de forma diferente em decorrência dos atores e acontecimentos em decorrência dos projetos e das temporalidades. Assim, “existem tantos espaços quantas experiências espaciais distintas”, pois os espaços estão vinculados a ações de sujeitos históricos (MERLEAU-PONTY apud CERTEAU, 1996, p. 202). Cabe aos relatos operarem esta transformação de lugares em múltiplos espaços pela articulação entre diferentes bases documentais, imagéticas e que explicitam apropriações diferenciadas. M. Certeau distingue também mapas de percursos. Relatos de tipo mapa exprimem o que se vê, demarcam fronteiras, indicam certa ordem dos lugares, delineando um quadro. Esta distinção é importante para a HIE que intenta apreender no relato a dinâmica social e seu desenrolar ao longo do tempo. A complexidade da constituição dos relatos de HIE decorre da necessidade de intercalar os percursos e os mapas, os lugares e os espaços, pois eles se complementam e condicionam. A cadeia das operações espacializantes parece toda pontilhada de referências ao que produz (uma representação de lugares) ou ao que implica (uma ordem local). Tem-se assim a estrutura do relato de viagem: histórias de caminhadas [..] são marcadas pela ‘citação’ dos lugares que daí resultam ou que as autorizam. (CERTEAU, 1996, p. 205). Nas falas das entrevistadas e entrevistados de nossas pesquisas, parece predominar o percurso. O mapa, o lugar ficam subsumidos, como que invisíveis na fala, não pronunciado nas entrevistas que destacam o percurso, para a interação e experiência subjetiva. Ou seja, “[...] os relatos cotidianos contam aquilo que, apesar de tudo, se pode aí fabricar e fazer. São feituras de espaço.” (CERTEAU, 1996, p. 207). Os relatos que constituem a HIE são, portanto, uma forma de expressar operações sobre os lugares. Os lugares cercam os projetos, mas por sua vez, os projetos exigem lugares diferenciados. A formação do professor rural, por exemplo, é explicada com a referência a lugares – visitas a escolas –, a disciplina é evidenciada pela referência a lugares que, conforme a situação, tornam-se espaços de disciplina e ordem ou espaços coletivos de jogos e esporte. Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007 157
  • 12. Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau Eu me lembro, foram algumas visitas a escolas rurais, eles levavam para a gente conhecer o que era uma escola rural, conversar com professor. Para ter uma idéia mais aproximada da atividade de profissional. Bom, então veja bem, a disciplina era essa, ou seja, para ter uma idéia do que era a disciplina os horários eram rígidos. Horário de levantar e de deitar, os horários intermediários que eram destinados a aulas e ao lazer também, tínhamos jogos, nós jogávamos muito. (Entrevista com ex-aluno de Escola Normal Rural). A complexidade dos relatos sobre instituições escolares pode ser também discutida com o suporte do conceito de região (MILLER; JOHNSON- LAIRD apud CERTEAU, 1996, p. 212). Região é “um encontro entre programas de ação. A ‘região’ vem a ser, portanto o espaço criado por uma interação. Daí segue que num mesmo lugar há tantas regiões quantas interações ou encontros entre programas.” (CERTEAU, 1996, p. 212). Programas de ação em HIE podem ser entendidos como interesses de diferentes segmentos, embates entre grupos rivais ou em disputa acerca de visões de mundo diferentes. Região é, pois, uma interação com complexo conteúdo temático. A própria instituição escolar em estudo pode ser considerada uma grande região na qual em tempos e espaços diferentes se constituíram diferentes projetos. Ou no interior de uma instituição escolar muitas regiões são criadas. Uma exemplificação deste conceito de região é a referência a cursos com status diferenciados, convivendo em um mesmo prédio. No relato de um ex-normalista, fica evidente a disputa e o tratamento diferenciado entre ginasianos e normalistas. Ou seja, pertencer a este ou aquele curso atribuía diferenciações entre os alunos e entre os espaços destinados a uns e a outros, ainda que dentro de uma mesma escola. Também tinha um internato só para pessoas do ginásio. E o interessante é que os dormitórios eram separados, por que os ginasianos que pagavam particularmente, eles gozavam, assim, de uma espécie de diferenciação, eles não trabalhavam, só faziam serviços assim [leves]. Para tu ter uma idéia eu lavava [banheiros], e até gostava muito de fazer, o trabalho que eu mais gostava, caprichado. Isso os ginasianos não faziam. Os ginasianos não serviam nos refeitórios. Os alunos normalistas, na hora do almoço, da janta, do café da tarde levavam, serviam. (Entrevista com ex-complementarista). Região pode também ser considerada uma referência a um lugar a qual não indica apenas lugares, mas a vida que ali ocorria. Por exemplo, um entrevistado que freqüentara a Escola Normal Rural de Guaporé, ao nomear o bairro em que vivia com a família, antes de ir como aluno interno para a 158 Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
  • 13. Espaço escolar e história das instituições escolares escola, referindo o bairro Cidade Baixa em Porto Alegre, disse “aquilo ali era meu reino”, nitidamente referindo-se a uma região, um espaço criado por interações felizes para o depoente. Certeau fala em contradição dinâmica entre delimitação e mobilidade, o que certamente ocorre no esforço de construção de relatos acerca da História das Instituições Escolares. De um lado, o relato não se cansa de colocar fronteiras. Multiplica-as, mas em termos de interações entre personagens – coisas, animais, seres humanos: os actantes repartem lugares entre si ao mesmo tempo em que predicados (bom, astucioso, ambicioso, simplório, etc.) e movimentos (adiantar- se, subtrair-se, exilar-se, voltar-se, etc.). Os limites são traçados pelos pontos de encontro entre as apropriações progressivas (a aquisição de predicados no curso do relato) e os deslocamentos sucessivos (movimentos internos ou externos) dos actantes. Devem-se estes limites a uma distribuição dinâmica dos bens e das funções possíveis, para constituir, sempre mais complexificada, uma rede de diferenciações, uma combinatória de espaços. Resultam de um trabalho da distinção a partir de encontros (CERTEAU, 1996, p. 213). Um dos depoimentos colhidos junto à ex-alunos de escolas normais rurais pode exemplificar esta dinâmica entre delimitação e mobilidade referida por Certeau. Lá em Guaporé, por exemplo, eu comecei a criação do bicho-da-seda, foi minha iniciativa. Então por todo o período, todo o período que eu estive lá, durante os dois anos eu mantinha os bichos-da-seda, por livre e espontânea vontade. Eu sugeri que não sairia muito da vida rural, então eu, essa do bicho- da-seda fui eu que, eu e alguns poucos alunos, amigos, colegas, amigos que eu convidava. A gente, saia da escola para buscar, folhas de amora. Era uma forma, inclusive, de fuga daquela reclusão permanente sabe, por que aquilo era uma disciplina rígida, por que tinha dias de saída, horários de saída e volta. Então para mim sair um pouco mais, eu arrumei essa forma de buscar, eles me permitiam que eu fosse lá buscar as folhas. (Entrevista com ex-aluno de Escola Normal Rural). O espaço do internato narrado por este entrevistado, delimitador, invadido de disciplina e de ordenamentos provocava estratégias de fuga. Sair para buscar folhas de amora se constituía não numa tarefa de formação planejada pela escola. Embora não se afastasse muito da proposta formativa do estabelecimento de ensino, neste caso era uma forma de burla da cerrada disciplina e confinamento no prédio escolar. A criação de bichos- da-seda exigia um certo tipo de vegetação inexistente no delimitado lugar escolar. Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007 159
  • 14. Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau Portanto, se lugar e mapa são categorias que sinalizam para elementos mais estáticos na cena, então, região, percurso e espaço indicam relações dinâmicas, integrações. Pode-se descrever uma instituição escolar na forma de um mapa e de um lugar sem chegar a registrar os espaços, regiões e percursos que ela contém. Registros de espaços, regiões, percursos são muito mais exigentes, pois focalizam o local, o micro em suas diferentes dinâmicas interacionais. Há narrações que organizam espaços e demarcações que instauram deslocamentos, movimentos do espaço. O relato de espaço é em seu grau mínimo uma língua falada, isto é, um sistema lingüístico distributivo de lugares sendo ao mesmo tempo articulado por uma ‘focalização enunciadora’, por um ato que o pratica. [...] Basta aqui, antes de ir buscar as suas indicações na organização da memória, lembrar que com essa enunciação focalizante o espaço surge de novo como lugar praticado. (CERTEAU, 1996, p. 217). Certeau aqui nos lembra que sempre há um autor, com idade, determinadas experiências, pertencente a um grupo social, com um ponto de vista. Este autor refere aos lugares, mas de um ponto de vista fala de espaços, relações, regiões, percursos. Os relatos de espaço não são o lugar, mas pontos de vista acerca dele, são o lugar praticado. Base material, relações com a cidade, dúvidas e medos A apropriação dos elementos que constituem a base material da instituição escolar não é um processo circunscrito à comunidade interna, mas ampliado para a cidade. A materialidade da escola tem significado para a identidade institucional e para a sociedade, para os moradores das cercanias do prédio escolar. Implica na vida dos moradores da cidade, mesmo que estes não tenham estudado, trabalhado ou enviado seus filhos e netos para aquele estabelecimento de ensino. À cidade como um todo pertence a escola e, portanto, a preservação da memória de instituições escolares está afeta ao ambiente no qual a escola se insere, às ruas e demais prédios, à vizinhança, bairro. Nessa dimensão, as interações na base material da instituição escolar podem significar traição na perspectiva de intervenção/sonegação da memória social. Fernández (1998), estudando o impacto das mudanças causadas pelos projetos de inovação educativas em instituições escolares, refere medos e 160 Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
  • 15. Espaço escolar e história das instituições escolares dúvidas que eclodem. Umas visualizando a mudança como traição, destruição, outras considerando a mudança como uma mentira, ficção, engano, outras ainda considerando-a um erro, pois a situação era melhor antes e as inovações são consideradas como desordenadas (a ordem ocorria na situação anterior), e caóticas. No plano individual da memória dos que viveram há mais tempo em uma instituição escolar, elementos do lugar e do mapa são inerentes ao espaço; alterá-los implica em intervir na ordem e na “verdade” das lembranças pessoais. Na perspectiva da revisitação, pela memória, de experiências vividas na instituição escolar, as alterações impostas ao prédio, decorrentes de ampliação, reforma, modernização do projeto são vistas como traição ao espaço conhecido, o qual, ao apresentar um lugar com características diferentes, um novo mapa demarcando novos usos, como que impõe um elemento estranho, um impasse às lembranças, corrompendo-as. Traição a uma possibilidade de rever os espaços tais quais se distribuíam e que hoje passam a existir apenas com as molduras da memória. Traição considerada pelos que ali viveram e que, retornando àqueles ambientes, não encontram mais os mesmos lugares. Os mapas que a memória deles carrega não coincidem com os lugares disponíveis hoje na instituição escolar. Os novos mapas que constituem novos lugares decorrem de intervenções, grande parte das vezes motivada pela ânsia de modernismo, competitividade, expansão por que passam muitas escolas hoje. Elementos conclusivos A História das Instituições Escolares desponta como estratégia de fazer história da educação e, embora enfocando a singularidade do “caso”, oferece conhecimentos acerca das relações sociais mais amplas, dos sistemas educativos, dos impactos das políticas educativas no âmbito institucional. A base material fornece importante compreensão das relações internas da escola, suas funções, clientela, prestígio, inserção no plano da cidade. Articulada aos componentes da base de gestão, aspectos interacionais, apropriações dos diferentes atores e públicos atendidos, a base material contribui para compor o relato interpretativo, ou seja, a história institucional. Assim se afirma, pois a história das instituições escolares é um esforço de bricolagem de fragmentos de histórias anteriores, de múltiplas representações e apropriações, de muitos narradores, configurando uma parte ínfima “... da narração oral que não cessa trabalho interminável, de compor espaços, verificar, confrontar e deslocar suas fronteiras” (CERTEAU, 1996, p. 208). Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007 161
  • 16. Flávia Obino Corrêa Werle; Lenir Marina Trindade de Sá Britto; Cinthia Merlo Colau Entretanto, um risco deve ser evitado, referido por Certeau como miniaturização. Tal perigo pode estar presente nos relatos produzidos no campo da História das Instituições Educativas quando estes perdem a característica de teatro, de espaço de força e configuração da cena. Entende-se por miniaturização a conseqüência da exacerbação do pressuposto de que existem histórias – no plural – e não uma história institucional. Miniaturização é permanecer apenas no relato do mapa, do lugar sem incrementá-lo com regiões, enriquecê-lo com espaços e percursos. Miniaturização também é tratar percursos de espaços, regiões de interação e conflitos como se estivessem ali presentes e percebidos por todos nós. Miniaturização é tratar como sendo História das Instituições Escolares os micros relatos de partes – aproximados de descrições –, fragmentos mínimos da história institucional, o que acarreta limitação e redução na compreensão da história institucional. Não mais a instituição como objeto; prevalecem outros focos temáticos. Miniaturização pode ser o resultado da multiplicação de histórias institucionais, sejam elas produzidas pela própria instituição, ou por estrangeiros7 . A miniaturização pode também ocorrer quando os relatos considerarem períodos da história dessas mesmas instituições, os quais, analisados não mais como parcela, mas como unidade de HIE. A miniaturização limita problematicamente a História Institucional produzindo “cacos” pela produção de variados microrrelatos. Referências BUFFA, Ester. História e filosofia das instituições escolares. In: ARAÚJO, José Carlos Souza; GATTI JUNIOR, Décio (Org.). Novos temas em historia da educação brasileira: instituições escolares e educação na imprensa. Campinas/ SP: Autores Associados; Uberlândia: EDUFU, 2002. p. 25-38. CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Petrópolis: Vozes, 1996. DESAULNIERS, Julieta Ramos. Instituição e evolução da escolarização. Teoria & Educação, Porto Alegre, n. 6, p. 97-104, 1992. FELGUEIRAS, Margarida Maria Louro. Para um museu vivo da escola primária: trajectória de uma investigação. In: MAGALHÃES, Justino (Org.). Fazer e ensinar história da educação. Braga: Instituto de Educação e Psicologia, 1998. p. 147-154. 7 Frigerio e Poggi (1996) nos falam do estrangeiro como requisito metodológico na análise da instituição educativa, considerando o estrangeiro tanto um lugar, como uma pessoa ou um território do conhecimento. As autoras discutem que quem estuda a instituição escolar pode fazer um esforço de se colocar como estrangeira à própria instituição, ou estrangeiro aos saberes e conhecimentos veiculados nela, de forma a revisitá-los, problematizá-los. O estrangeiro traz a contribuição de um diferente, um olhar do outro. 162 Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007
  • 17. Espaço escolar e história das instituições escolares FERNÁNDEZ, Lídia M. Crise e dramática da mudança: avanços de pesquisa sobre projetos de inovação educativa. In: BUTELMANN, I da. Pensando instituições. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 157-203. FRIGERIO, Gracierla; POGGI, Margarita. El analisis de la instituición educativa: Hilos para tejer proyectos. Buenos Aires: Santillana, 1996. GATTI JUNIOR, Décio. A história das instituições educacionais: inovações paradigmáticas e temáticas. In: ARAÚJO, José Carlos Souza; GATTI JUNIOR, Décio (Org.). Novos temas em historia da educação brasileira: instituições escolares e educação na imprensa. Campinas: Autores Associados; Uberlândia/ MG: EDUFU, 2002. p. 3-24. KOCH, Ingedore Grunfeld Vilhaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 2000. MAGALHÃES, Justino. Contributos para a história das instituições educativas – entre a memória e o arquivo. In: FERNANDES, Rogério; MAGALHÃES, Justino (Org.). Para a história do ensino liceal em Portugal. Braga: Universidade do Minho, 1999. p. 63-78. NUNES, Clarice. História da educação Brasileira: novas abordagens de velhos objetos. Teoria & Educação, Porto Alegre, n. 6, p. 151-182, 1992. Recebido: 09 de julho de 2007 Aceito: 17 de agosto de 2007 Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007 163