1. LIVRO E EXPOSIÇÃO NA ALMACÉN GALERIA
REVELAM GUINADA AMBIENTALISTA
NA OBRA DE WAGDY RADWAN
Fate [feit] s. 1. fado, destino m., sorte f. 2. morte, destruição
As duas principais acepções da palavra inglesa que dá nome à exposição e ao livro que
Wagdy Radwan inaugura e lança no próximo dia 6 de dezembro na Almacén Galeria,
no Casa Shopping, Barra da Tijuca, sintetizam os aspectos mais evidentes na
produção reunida pelo artista nas paredes da galeria e na publicação, de 84 páginas, a ser
distribuída gratuitamente aos visitantes da exposição.
Através de 60 obras contundentes e um texto confessional, em Fate, o livro, Radwan faz uma
espécie de mea culpa, de tintas catárticas, pelo rastro de “destruição” deixado ao longo de
seus 15 anos de atuação como madeireiro. Segunda individual do artista, Fate, a exposição,
reúne 32 das peças figuram no livro. Em formatos variados, que vão de 60 x 80 cm a 220 x 130
cm, e trabalhado com materiais como madeira, carvão, semente, acrílico, PVC e alumínio, o
conjunto de esculturas de parede é uma afirmação peremptória de que o ex-coordenador de
pista da Varig, ex-madeireiro e atual restauranteur tinha outra “sina” a cumprir, da qual vinha
tentando fugir há décadas. Não por acaso, Fate já tem um próximo e prestigioso destino: a
galeria Le Pavé d’Orsay, em Paris, com exibição agendada para 3 a 17 de maio de 2012.
Autodidata confesso, com mais de 30 anos de atividade diletante, só agora, em 2011, este
descendente de libaneses, nascido em Governador Valadares, Minas Gerais, em 1953, criado
em São Paulo e radicado no Rio de Janeiro há quase 40 anos, decidiu tonar públicas suas
criações. Em março, apresentava no TNT Escritório de Arte Autorretrato, uma seleção de 30
obras produzidas nas longas temporadas de extração passadas na Amazônia entre 1982 e
1997, na condição de sócio da Jacundá Madeira, no Pará, e inspiradas no trabalho de dois
artistas seminais do abstracionismo geométrico brasileiro: Joaquim Tenreiro (1906-1992) e
Sérgio Camargo (1930-1990).
A consciência tardia, porém aguda, da natureza deletéria do extrativismo, provocaria uma
guinada na sua produção. Afastado da madeireira, que cuidou de fechar em 1999, Radwan
constrói, a partir de 2000, uma obra profundamente engajada na causa ambientalista.
2. – São muitas as imagens que hoje me doem, me cortam e me inspiram ao inverso: os
caminhões empilhados de toras em caravanas intermináveis a caminho do sudeste e do Porto
de Belém; mergulhadores cortando árvores submersas pela lagoa de Tucuruí; caminhões com
gado chegando de todos os lugares, para ocupar os pastos recém formados; gente apinhada
em lotações, ônibus e boleias – confidencia ele em Fate, o livro. (...) Para um cego capitalista,
a visão era de prosperidade, de trabalho; uma dinâmica similar à conquista do oeste
americano, mas radicalmente diferente (...), com suas pessoas desdentadas e curtidas pelo
sol; crianças descalças, sujas, redondas de barriga d’água; valas negras a céu aberto, falta de
energia e água potável; prédios maltrapilhos, caminhões sem cabine com os motores à
mostra (...). Cenas e sentimentos embolados, penitencia-se.
A nova fase mostrou suas primeiras faces na terceira edição da mostra Atlântico
Contemporâneo, realizada em setembro último no Shopping Cassino Atlântico, e exibe-se
agora de corpo inteiro em Fate, a segunda individual do artista, que a Almacén Galeria abre
para o público de 7 a 23 de dezembro. Nela, os títulos das séries e obras falam por si:
Desmatamento, Mata Atlântica, Chamas, Floresta, Queimada, Funeral do Verde, Embaixo do
Belo...
Wagdy Radwan
7 a 23 de dezembro
Vernissage 6 de dezembro 19h
Visitação: 2ª das 12 às 22h | 3ª a sábado das 10h às 22h | domingo das 15h às 21h
Entrada Franca
Av. Ayrton Senna, 2150 Bloco G - Lojas F e M - Barra da Tijuca - RJ
Tels. 3325-3322 . 3325-8622 . www.almacen.com.br
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