SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 5
Baixar para ler offline
II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa
                                                                       IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário
                                                                             II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas

EROSÃO COSTEIRA NAS FALÉSIAS TIBAU DO SUL – LITORAL LESTE DO RIO GRANDE DO NORTE

    William de Souza e Silva1; Olavo Francisco dos Santos Jr2; Ricardo Farias do Amaral3 ; Ada Cristina Scudelari4.
 1
  Engenheiro Civil,Mestrando do Programa de pós-graduação em engenharia sanitária da Universidade Federal do
                                Rio Grande do Norte, e-mail: williamufrn@bol.com.br
 2
   D.Sc. em Engenharia Civil, Programa de pós-graduação em engenharia sanitária da Universidade Federal do Rio
     Grande do Norte, Campus Universitário s/n, Lagoa Nova - Phone: +55(84) 2153766. e-mail: olavo@ct.ufrn.br
        3
          D.Sc. em Geologia, Programa de pós-graduação em engenharia sanitária da Universidade Federal do
                                     Rio Grande do Norte, e-mail: ric@ufrnet.br
    4
      D.Sc. em Engenharia Civil, Programa de pós-graduação em engenharia sanitária da Universidade Federal do
                                    Rio Grande do Norte, e-mail: ada@ct.ufrn.br

RESUMO
O presente trabalho consistiu na identificação e na compreensão dos mecanismos dos processos erosivos atuantes em
uma zona costeira localizada no município de Tibau do Sul, no litoral leste do Estado do Rio Grande do Norte. A
importância deste trabalho deve-se ao fato de que os processos erosivos atuantes têm provocado o recuo das falésias.
Com base em visitas realizadas in situ observa-se que o recuo sofre influência de processos de origem continental e
marinha. A intensidade destes processos varia tanto em termos espaciais quanto temporais. De um modo os processos
naturais modificadores da dinâmica superficial desta zona costeira são os movimentos de transporte de massa e os
movimentos gravitacionais de massa. O recuo das falésias é o resultado dos movimentos de transporte de massa e os
movimentos gravitacionais de massa

ABSTRACT
The present work consisted of the identification and understanding of the mechanisms of the erosive processes existing
in a coastal area located in the municipal district of Tibau do Sul, in the east coastal of Rio Grande do Norte state. The
importance of this work is due to the fact that the erosive processes developed in the area are provoking a retreat of
seacliffs. Based on visits accomplished in situ it was observed that the retreat suffers influence from continental and
marine processes. The intensity of these processes varies a great deal in terms of localization and climate. In general,
the natural processes that modify the superficial dynamics of this coast area are the mass transport movements and the
mass gravitational movements. The retreat of the seacliffs is the result of the transport movements and the mass
gravitational movements

Palavras-Chave: erosão costeira, processos erosivos, falésias.

1. INTRODUÇÃO
  A região costeira do estado do Rio Grande do Norte
possui uma superfície de aproximadamente 11.888 Km2 e
uma extensão de 410 km. A mesma caracteriza-se pela
presença de falésias constituídas por sedimentos pré-
quaternários da Formação Barreiras. A população nesta
região é de 1.283,903 habitantes (SETUR, 2002), com
uma densidade demográfica de 108 habitantes por Km2.
  A área estudada no presente trabalho está localizada no
município de Tibau do Sul, no litoral leste do Estado do
Rio Grande do Norte, 60 km ao Sul de Natal (Figura 1).
Trata-se de uma zona costeira, a qual possui cerca de
16km de extensão e é predominantemente formada por
falésias. Esta área possui uma grande diversidade
morfológica e encontra-se submetida à intensa pressão de
uso e ocupação de solo, a qual é fortemente influenciada
pelas atividades turísticas. O trabalho apresentado
consiste na identificação e na compreensão dos
mecanismos dos processos erosivos atuantes na área, os             Figura 1 – Localização da Área de Trabalho (SANTOS
quais vêm provocando o recuo das falésias.                                            JR et al, 2001).

                                                                 2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA
                                                                   A Zona costeira de Tibau do Sul e seus limites físicos
                                                                 (Figura 1) podem ser descritos da seguinte forma: ao
                                                                 norte o município encontra-se limitado pela margem sul
                                                                 da laguna de Guaraíras; a leste pelo encontro do Oceano
II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa
IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário
II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas

Atlântico onde ocorrem as falésias; ao sul pelo canal do                intercaladas     de    arenitos    argilosos,   argilitos,
Rio Catú; a oeste por uma linha imaginária que liga a                   conglomerados e arenitos ferruginosos. As dunas são
região de Barraca, na bifurcação do Rio catú até o limite               formadas por areias finas quartzosas de origem eólica. Na
ocidental da laguna de Guaraíras.                                       planície costeira ocorrem praias arenosas. Ocorre ainda
   AMARAL (2001) mapeou a zona costeira de Tibau do                     outro grupo de arenito que tem uma geometria linear. São
Sul, tendo subdividido-a nos seguintes trechos (Figura 2):              cimentados por carbonatos e ocorre ao longo de alguns
norte, central e sul. O trecho norte está compreendido                  trechos da área de estudo, segundo um alinhamento
entre a barra de Tibau do Sul e a Ponta do Madeiro. O                   aproximadamente paralelo à linha de costa.
trecho central inicia na Ponta do Madeiro e vai até a Pedra
do Moleque. O trecho sul inicia na Pedra do Moleque e                   3. PRINCIPAIS            ELEMENTOS              FÍSICOS
culmina na desembocadura do rio Catú.                                      IDENTIFICADOS NA ZONA DE PRAIA
                                                                           AMARAL (2001) estabeleceu alguns critérios de
                                                                        classificação da paisagem e em seguida destacou dentro
                                                                        do município de Tibau do Sul 09 áreas distintas, as quais
                                                                        são representadas pelos seguintes elementos: praias
                                                                        retilíneas, baias em forma de zeta (ou praias curvas),
                                                                        pequenos terraços de origem mista, arenitos de praia,
                                                                        arenitos ferruginosos, “chapadões”, falésias (bordas
                                                                        oceânicas da superfície dos tabuleiros), pontas ou
                                                                        promontórios e dunas. Com base nos elementos citados
                                                                        por AMARAL (2001) e na subdivisão da zona costeira
                                                                        indicada na Figura 2, procede-se a seguir a descrição dos
                                                                        principais elementos físicos que compõem cada um dos
                                                                        três trechos (trecho norte, trecho central e trecho sul).
                                                                        Cada trecho representa uma faixa de praia. Estas faixas
                                                                        de praias são como praias oceânicas limitadas, no
                                                                        continente, por falésias avermelhadas da Formação
                                                                        Barreiras (Figura 3).
                                                                           Os processos naturais modificadores da dinâmica
                                                                        superficial atuantes nestes trechos são os transportes de
                                                                        massa (erosão pluvial e erosão costeira) e os movimentos
                                                                        gravitacionais de massa. A atuação de cada um desses
                                                                        processos varia em termos espaciais, temporais e de
                                                                        intensidade.
          Figura 2 – Zoneamento Geomorfológico
                    (AMARAL, 2001).

  Os principais fatores que influenciam na caracterização
climática da área estão relacionados com a sua localização
geográfica. O clima da região como um todo, caracteriza-
se como sub-úmido com uma temperatura média anual de
26ºC e uma umidade relativa média anual de 74%. Os
meses de maior incidência de chuvas são abril e julho.
(SETUR, 2002).
  Na zona costeira do município de Tibau do Sul as
formas de relevo identificadas são: os tabuleiros costeiros
e a planície costeira. Os tabuleiros costeiros são relevos
planos e de baixa altitude não chegando aos 150m. Os
tabuleiros costeiros também são denominados planaltos
rebaixados, possuem uma alta percentagem de argila,                         Figura 3 – Faixa de praia limitada ao continente por
localizam-se próximos ao litoral e dificilmente entram em                             falésias da Formação Barreiras.
contato com o mar. A planície costeira é formada por
praias que são limitados pelo o mar e pelos tabuleiros                  3.1 Trecho norte
costeiros. Trata-se de terrenos planos que têm sido                       O trecho norte tem como marco inicial a barra de Tibau
alterados pela presença de dunas. As escarpas no limite                 do Sul e se estende até a Ponta do Madeiro. Esse trecho
entre os tabuleiros e a planície costeira formam as                     corresponde a uma pequena praia, a qual apresenta uma
falésias. Verifica-se ainda a presença de dunas                         leve sinuosidade e possui uma extensão aproximada de
sobrepostas aos tabuleiros.                                             1km. Esta faixa de praia apresenta-se parcialmente
  A geologia da área é formada por materiais de origem                  protegida da ação destrutiva das ondas. Os fatores que
sedimentar. Nos tabuleiros ocorrem os sedimentos da                     mais contribuem para a sua proteção são a presença de
Formação Barreiras, os quais consistem de camadas
II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa
                                                                      IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário
                                                                            II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas

arenitos na zona de praia , vegetação densa ao longo de
toda a encosta, formação de depósitos de areia na base das
falésias (Figura 4).




                                                                        Figura 5 – Ramificações de ravinas formando
                                                                                       uma voçoroca

                                                                  Essa porção da linha de costa em Tibau do Sul
      Figura 4 – Principais elementos constituintes             corresponde ao trecho menos afetado pela ocupação
                     da faixa norte                             humana. É comum ao longo de toda a extensão da zona de
                                                                praia estudada a presença de escadarias ou cercas, sendo
  Embora a atuação dos processos naturais modificadores         que a maioria desse tipo de infra-estrutura encontra-se
da dinâmica superficial seja constante ela pode ser             parcial ou totalmente destruída.
considerada de pouca significância, pois o trecho norte
encontra-se naturalmente bem dotado de mecanismos de            3.2 Trecho central
proteção contra estes processos.                                  O início do trecho central é demarcado pela Ponta do
  Os arenitos cimentados por carbonatos (Figura 4)              Madeiro. Entre a Ponta do Madeiro e a Ponta do Canto
encontram-se dispostos de forma aproximadamente                 encontra-se a praia do Curral. A mesma é levemente
paralela e são importantes “protetores” da linha de costa,      côncava em direção ao oceano e possui uma extensão
contra a erosão costeira. Nas extremidades deste trecho,        aproximada de 1.3km.
os arenitos cimentados por óxido de ferro que se originam         Entre a Ponta Canto e a Ponta da Cancela encontram-se
no interior dos sedimentos da Formação Barreiras formam         sucessivamente as praias de Porto Baixo, de Pipa e da
saliências (pontas) na costa em razão de sua resistência à      Ponte. O trecho correspondente a estas praias possui cerca
erosão. Os depósitos de areia têm uma função semelhante         de 1.2 km, e as mesmas representam as praias urbanas do
à dos arenitos, a diferença é que os depósitos de areia         município. Esse trecho destaca-se pelo numero de obras
procuram diminuir a energia das ondas fornecendo                de infra-estrutura existentes (Figura 6). A Figura 6
sedimentos à deriva litorânea. A vegetação diminui o            também evidencia que as edificações (residências,
impacto das gotas de chuvas com o solo e dificulta a            equipamentos de hospedagem e alimentação, estradas,
ocorrência do escoamento superficial ou run-off.                etc) encontram-se muito próximas às bordas de falésias,
  De um modo geral, a influencia da erosão pluvial não          acelerando os processos de degradação da linha da costa.
passa da formação de pequenas ravinas, exceto em pontos           A faixa central caracteriza-se por uma seqüência de
onde houve a contribuição de águas servidas, pois nestes        praias intercaladas por formações rochosas, compostas
pontos as ravinas passam a unir as suas ramificações e          por arenitos ferruginosos. Embora o trecho central sofra
culminam na formação de voçoroca (Figura 5). A                  influência tanto de processos de origem continental
influência da erosão costeira limita-se a alterações na         quanto marinha observa-se que a agressão promovida pela
conformação da zona de praia em virtude da dinâmica dos         erosão costeira supera em termos degradacionais, os
sedimentos. Já quanto aos movimentos gravitacionais eles        impactos promovidos pela erosão pluvial e pelos
são esporádicos e de pequeno volume. Vale ressaltar que         movimentos gravitacionais de massa. E isto se deve
para que se tenha um parâmetro seguro no que se refere à        basicamente a ausência de corpos de tálus na base e
intensidade da influência de cada um destes processos           formação de incisões.
torna-se necessário o uso de técnicas de monitoramento,
sejam elas realizadas através de produtos de sensores
remotos ou medições in situ.
II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa
IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário
II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas

                                                                        bem superior. Ele pode ser expresso na forma de ravinas,
                                                                        voçorocas, escoamentos, deslizamentos, tombamentos,
                                                                        quedas ou movimentos complexos. As ravinas e
                                                                        voçorocas desenvolvem-se perpendicularmente à borda
                                                                        das falésias e são decorrentes do escoamento concentrado
                                                                        e da infiltração das águas pluviais. Os demais tipos de
                                                                        movimentos são gerados a partir de superfícies de
                                                                        instabilização que se originam no interior das falésias.

                                                                        3.3 Trecho sul
                                                                          A faixa sul inicia na Ponta do Moleque e segue em
                                                                        direção a praia de Pedra d’água, a qual se situa no limite
                                                                        sul do município estudado. Esta faixa possui uma estreita
                                                                        praia retilínea limitada pelas falésias da Formação
 Figura 6 – Praia urbana no trecho central e a construção               Barreiras. Na superfície plana desta formação salienta-se
                de obras de infra-estrutura                             a presença dos “chapadões”. O chapadão de Pipa e o da
                                                                        Praia da Mina destacam-se por suas dimensões.
                                                                          “Chapadão”, é um termo local usado para se referir a
   A diferença de intensidade entre os processos de origem
                                                                        um pequeno trecho da borda oceânica formada nas
continental e marinha neste trecho possibilitou a
                                                                        Superfícies dos tabuleiros. Esta superfície é uniforme,
identificação de dois mecanismos de recuo, um na base da
                                                                        aproximadamente plana e horizontal, com um pequeno
falésia (se desenvolve ao longo de sua base) e outro na
                                                                        mergulho em direção ao oceano. A superfície é formada
parte     superior    da     mesma       (se   desenvolve
                                                                        predominantemente por sedimentos da Formação
transversalmente). O primeiro mecanismo tem como
                                                                        Barreiras, sendo que a mesma encontra-se parcialmente
principal agente os processos costeiros e ocorre da
                                                                        recoberta por sedimentos arenosos de origem eólica
seguinte forma: uma vez que a faixa de praia é
                                                                        (dunas). Segundo AMARAL (2001) a exumação desta
sobreposta, as ondas passam a investir diretamente sobre
                                                                        superfície é usual em toda costa oriental nordestina, desde
a base das falésias. Nessa situação a ação das ondas é
                                                                        Pernambuco até o Rio Grande do Norte, tratando-se de
freqüente. Quando a base das falésias encontra-se livre da
                                                                        um processo aleatório e permanente.
presença dos depósitos de talus a tendência é que
                                                                          No que concerne aos processos naturais da dinâmica
inicialmente a ação das ondas, solapando a base, causem a
                                                                        superficial nos “chapadões” pode-se destacar os seguintes
formação de incisões (Figura 7). Estas incisões por sua
                                                                        pontos: a base dos chapadões encontra-se bastante
vez ocasionam instabilidade basal e conseqüente
                                                                        protegida contra o ataque das ondas devido à presença de
formação de depósitos de talus na base das falésias.
                                                                        vegetação de restinga e à formação de bancos de areia;
                                                                        Praticamente toda a face do talude possui uma coloração
                                                                        mais escura indicando possível atuação de um processo de
                                                                        cimentação ferruginosa;




           Figura 7 – Incisões na base das falésias

  O segundo mecanismo sofre contribuição da erosão
pluvial e dos movimentos gravitacionais de massa. Os                                    Figura 8 – “Chapadão” de Pipa.
dois contribuintes podem ser considerados mútuos
cooperadores, pois é praticamente impossível a ocorrência
                                                                          Nos trabalhos de campo foi possível identificar a
de um sem que o outro tenha participado, esteja
                                                                        destruição parcial de escadas de acesso à praia e registrar
participando ou venha participar do seu processo de
                                                                        a ocorrência de deslizamento de material da face da
desenvolvimento. Este segundo mecanismo é mais
                                                                        falésia (Figura 9). Observou-se ainda a existência de
pontual do que o primeiro, no entanto quando se
                                                                        alcovas (incisões) nos chapadões provocadas pela ação
desenvolve geralmente envolve uma quantidade de solo
                                                                        dos ventos. De acordo com informações locais a faixa de
II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa
                                                                       IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário
                                                                             II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas

praia constitui-se em um ponto de desova das tartarugas          o terreno passará a apresentar uma maior susceptibilidade
marinhas.                                                        à erosão por águas superficiais.
                                                                   Sendo assim, com base nas evidencias acima, as
                                                                 mudanças de relevo ocorridas nesta faixa devem-se
                                                                 principalmente a estes três últimos processos. É bom
                                                                 ressaltar que as fraturas condicionam a percolação de
                                                                 água através do material sedimentar.

                                                                 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
                                                                   Os fenômenos observados estão intimamente ligados à
                                                                 intensidade de precipitação pluviométrica e à ação do mar
                                                                 no sopé dos taludes.
                                                                   A retirada das areias pela ação das ondas em praias com
                                                                 falésias e a diminuição do volume de sedimento
                                                                 inconsolidado, eleva o poder erosivo das ondas nestas
                                                                 regiões.
                                                                   Através do ataque direto das ondas e da remoção dos
                                                                 sedimentos do sopé da falésia o recuo é impulsionado e o
     Figura 9 – deslizamento seguido de acúmulo do               mesmo pode ter contribuição de quedas ou tombamentos.
             material no pé do “Chapadão”.                         Além do recuo natural provocado pelos processos
                                                                 marinhos, as falésias também sofrem recuo em função dos
   Das observações realizadas no trecho sul foi possível         processos erosivos pluviais.
inferir a existência da atuação de três processos.O                O resultado do processo de recuo é o aumento no risco
primeiro diz respeito à atuação de fortes ventos. A              de destruição dos empreendimentos localizados próximos
intensidade dos ventos pode ser presumida através da             às bordas das falésias. Os riscos são menores nas áreas
formação de alcovas sobre a superfície dos “Chapadões”.          protegidas por arenitos ferruginosos
   O segundo e o terceiro processo estão intimamente
ligados e referem-se respectivamente ao sistema de               REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
fraturas apresentado na superfície dos “chapadões”               AMARAL, R. F. (2001). A Dinâmica Ambiental e o
(Figura 10) e a formação de ravinas e voçorocas                   Problema da Erosão na Zona Costeira do Município de
decorrentes da erosão pluvial.                                    Tibau do Sul. IDEMA. Relatório interno. 45 p.
                                                                 SETUR (Secretaria de Turismo do Rio Grande do Note).
                                                                  (2002). Os impactos sócios, econômicos, culturais e
                                                                  ambientais provocados pela atividade turística no
                                                                  município        de       tibau     do        Sul/RN.
                                                                  http://www.sebraern.com.br/estudos_e_pesquisas_tibau
                                                                  .htm, acesso em abril de 2003.
                                                                 SANTOS JR., O.F., AMARAL, R.F., SCUDELARI, A.C.
                                                                  (2001). Mecanismos de ruptura de taludes em
                                                                  sedimentos terciários da Formação Barreiras no litoral
                                                                  do Rio Grande do Norte. III Conferência brasileira
                                                                  sobre estabilidade de encostas – COBRAE. Perfect
                                                                  Press e Soluções Gráficas Ltda.




Figura 10 – Sistema de fraturas existente na superfície do
                      “Chapadão”

  A atuação da erosão pluvial tem sido tão intensa que
alguns moradores na tentativa de conte-la passaram a
preencher as aberturas existentes (ravinas e voçorocas)
com lixo e outros materiais inertes.
  AMARAL (2001) chama a tenção para um fato
importante que concerne à erosão superficial nos
“chapadões’: os primeiros centímetros de sua superfície
apresentam-se mais consistentes do que as camadas
imediatamente inferiores. O significado prático desta
observação é que, após a retirada desta “película” arenosa

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Dinamica costeira 304
Dinamica costeira 304Dinamica costeira 304
Dinamica costeira 304RCCBONFIM
 
Documento apoio ao estudo meio natural relevo hidrografia
Documento apoio ao estudo meio natural relevo hidrografiaDocumento apoio ao estudo meio natural relevo hidrografia
Documento apoio ao estudo meio natural relevo hidrografiaMinistério da Educação
 
Lista 1 (I unidade Fente 2) Cadu
Lista 1 (I unidade  Fente 2) CaduLista 1 (I unidade  Fente 2) Cadu
Lista 1 (I unidade Fente 2) CaduCADUCOCFRENTE2
 
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005aldeci dos santos
 
Noticia explicativa carta_geologica
Noticia explicativa carta_geologicaNoticia explicativa carta_geologica
Noticia explicativa carta_geologicaAna Freitas
 
Manual de Geomorfologia - IBGE
Manual de Geomorfologia - IBGEManual de Geomorfologia - IBGE
Manual de Geomorfologia - IBGEGabriela Leal
 
Trabalho de Geografia - Relevo Brasileiro
Trabalho de Geografia - Relevo BrasileiroTrabalho de Geografia - Relevo Brasileiro
Trabalho de Geografia - Relevo BrasileiroPedro Klein Garcia
 
Evolução Tectono-Sedimentar da Bacia do São Francisco
Evolução Tectono-Sedimentar da Bacia do São FranciscoEvolução Tectono-Sedimentar da Bacia do São Francisco
Evolução Tectono-Sedimentar da Bacia do São FranciscoFred Miranda
 
Tokashiki saes-08
Tokashiki saes-08Tokashiki saes-08
Tokashiki saes-08cematege
 
Exercício 1
Exercício 1Exercício 1
Exercício 1renanpinh
 
Relevo brasileiro segundo Jurandir Ross.
Relevo brasileiro segundo Jurandir Ross.Relevo brasileiro segundo Jurandir Ross.
Relevo brasileiro segundo Jurandir Ross.FABEJA
 
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DE CAMPO DA DISCIPLINA DE GEOMORFOLOGIA
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DE CAMPO DA DISCIPLINA DE GEOMORFOLOGIARELATÓRIO DE ATIVIDADES DE CAMPO DA DISCIPLINA DE GEOMORFOLOGIA
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DE CAMPO DA DISCIPLINA DE GEOMORFOLOGIAEzequias Guimaraes
 

Mais procurados (19)

Dinamica costeira 304
Dinamica costeira 304Dinamica costeira 304
Dinamica costeira 304
 
Documento apoio ao estudo meio natural relevo hidrografia
Documento apoio ao estudo meio natural relevo hidrografiaDocumento apoio ao estudo meio natural relevo hidrografia
Documento apoio ao estudo meio natural relevo hidrografia
 
Lista 1 (I unidade Fente 2) Cadu
Lista 1 (I unidade  Fente 2) CaduLista 1 (I unidade  Fente 2) Cadu
Lista 1 (I unidade Fente 2) Cadu
 
Porradão do Bartinho
Porradão do BartinhoPorradão do Bartinho
Porradão do Bartinho
 
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
 
Noticia explicativa carta_geologica
Noticia explicativa carta_geologicaNoticia explicativa carta_geologica
Noticia explicativa carta_geologica
 
Cap. ii
Cap. iiCap. ii
Cap. ii
 
Manual de Geomorfologia - IBGE
Manual de Geomorfologia - IBGEManual de Geomorfologia - IBGE
Manual de Geomorfologia - IBGE
 
Porradão do Bartinho II
Porradão do Bartinho IIPorradão do Bartinho II
Porradão do Bartinho II
 
Trabalho de Geografia - Relevo Brasileiro
Trabalho de Geografia - Relevo BrasileiroTrabalho de Geografia - Relevo Brasileiro
Trabalho de Geografia - Relevo Brasileiro
 
Geo – geomorfologia do brasil 01 – 2013
Geo – geomorfologia do brasil 01 – 2013Geo – geomorfologia do brasil 01 – 2013
Geo – geomorfologia do brasil 01 – 2013
 
Evolução Tectono-Sedimentar da Bacia do São Francisco
Evolução Tectono-Sedimentar da Bacia do São FranciscoEvolução Tectono-Sedimentar da Bacia do São Francisco
Evolução Tectono-Sedimentar da Bacia do São Francisco
 
Tokashiki saes-08
Tokashiki saes-08Tokashiki saes-08
Tokashiki saes-08
 
Brasil natureza ii
Brasil  natureza iiBrasil  natureza ii
Brasil natureza ii
 
Exercício 1
Exercício 1Exercício 1
Exercício 1
 
02 3002
02 300202 3002
02 3002
 
Relevo brasileiro segundo Jurandir Ross.
Relevo brasileiro segundo Jurandir Ross.Relevo brasileiro segundo Jurandir Ross.
Relevo brasileiro segundo Jurandir Ross.
 
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DE CAMPO DA DISCIPLINA DE GEOMORFOLOGIA
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DE CAMPO DA DISCIPLINA DE GEOMORFOLOGIARELATÓRIO DE ATIVIDADES DE CAMPO DA DISCIPLINA DE GEOMORFOLOGIA
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DE CAMPO DA DISCIPLINA DE GEOMORFOLOGIA
 
2011geografia
2011geografia2011geografia
2011geografia
 

Destaque

Dissipador de Energia - Bagwall
Dissipador de Energia - BagwallDissipador de Energia - Bagwall
Dissipador de Energia - BagwallMarco Lyra
 
Erosão costeira e opções para a proteção do litoral: intervenções e ilusões n...
Erosão costeira e opções para a proteção do litoral: intervenções e ilusões n...Erosão costeira e opções para a proteção do litoral: intervenções e ilusões n...
Erosão costeira e opções para a proteção do litoral: intervenções e ilusões n...Marco Lyra
 
Nota técnica | CONTENSÃO DE EROSÃO COSTEIRA
Nota técnica | CONTENSÃO DE EROSÃO COSTEIRANota técnica | CONTENSÃO DE EROSÃO COSTEIRA
Nota técnica | CONTENSÃO DE EROSÃO COSTEIRAMarco Lyra
 
PROTEÇÃO COSTEIRA COM O USO DO DISSIPADOR DE ENERGIA BAGWALL NA PRAIA DE PAU ...
PROTEÇÃO COSTEIRA COM O USO DO DISSIPADOR DE ENERGIA BAGWALL NA PRAIA DE PAU ...PROTEÇÃO COSTEIRA COM O USO DO DISSIPADOR DE ENERGIA BAGWALL NA PRAIA DE PAU ...
PROTEÇÃO COSTEIRA COM O USO DO DISSIPADOR DE ENERGIA BAGWALL NA PRAIA DE PAU ...Marco Lyra
 
Construção do Dissipador de Energia do Tipo Barra Mar Bagwall com extensão de...
Construção do Dissipador de Energia do Tipo Barra Mar Bagwall com extensão de...Construção do Dissipador de Energia do Tipo Barra Mar Bagwall com extensão de...
Construção do Dissipador de Energia do Tipo Barra Mar Bagwall com extensão de...Marco Lyra
 
Uso de estrutura rígida do tipo bagwall para controle da erosão costeira na p...
Uso de estrutura rígida do tipo bagwall para controle da erosão costeira na p...Uso de estrutura rígida do tipo bagwall para controle da erosão costeira na p...
Uso de estrutura rígida do tipo bagwall para controle da erosão costeira na p...Marco Lyra
 
11 silusba programa-final
11 silusba programa-final11 silusba programa-final
11 silusba programa-finalMarco Lyra
 
EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS
EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOASEROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS
EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOASMarco Lyra
 
Recuperação de Praias com o uso do Dissipador de Energia Bagwall no Litoral d...
Recuperação de Praias com o uso do Dissipador de Energia Bagwall no Litoral d...Recuperação de Praias com o uso do Dissipador de Energia Bagwall no Litoral d...
Recuperação de Praias com o uso do Dissipador de Energia Bagwall no Litoral d...Marco Lyra
 
Medida Cautelar Barreira Cabo Branco
Medida Cautelar Barreira Cabo BrancoMedida Cautelar Barreira Cabo Branco
Medida Cautelar Barreira Cabo BrancoMarco Lyra
 

Destaque (10)

Dissipador de Energia - Bagwall
Dissipador de Energia - BagwallDissipador de Energia - Bagwall
Dissipador de Energia - Bagwall
 
Erosão costeira e opções para a proteção do litoral: intervenções e ilusões n...
Erosão costeira e opções para a proteção do litoral: intervenções e ilusões n...Erosão costeira e opções para a proteção do litoral: intervenções e ilusões n...
Erosão costeira e opções para a proteção do litoral: intervenções e ilusões n...
 
Nota técnica | CONTENSÃO DE EROSÃO COSTEIRA
Nota técnica | CONTENSÃO DE EROSÃO COSTEIRANota técnica | CONTENSÃO DE EROSÃO COSTEIRA
Nota técnica | CONTENSÃO DE EROSÃO COSTEIRA
 
PROTEÇÃO COSTEIRA COM O USO DO DISSIPADOR DE ENERGIA BAGWALL NA PRAIA DE PAU ...
PROTEÇÃO COSTEIRA COM O USO DO DISSIPADOR DE ENERGIA BAGWALL NA PRAIA DE PAU ...PROTEÇÃO COSTEIRA COM O USO DO DISSIPADOR DE ENERGIA BAGWALL NA PRAIA DE PAU ...
PROTEÇÃO COSTEIRA COM O USO DO DISSIPADOR DE ENERGIA BAGWALL NA PRAIA DE PAU ...
 
Construção do Dissipador de Energia do Tipo Barra Mar Bagwall com extensão de...
Construção do Dissipador de Energia do Tipo Barra Mar Bagwall com extensão de...Construção do Dissipador de Energia do Tipo Barra Mar Bagwall com extensão de...
Construção do Dissipador de Energia do Tipo Barra Mar Bagwall com extensão de...
 
Uso de estrutura rígida do tipo bagwall para controle da erosão costeira na p...
Uso de estrutura rígida do tipo bagwall para controle da erosão costeira na p...Uso de estrutura rígida do tipo bagwall para controle da erosão costeira na p...
Uso de estrutura rígida do tipo bagwall para controle da erosão costeira na p...
 
11 silusba programa-final
11 silusba programa-final11 silusba programa-final
11 silusba programa-final
 
EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS
EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOASEROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS
EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS
 
Recuperação de Praias com o uso do Dissipador de Energia Bagwall no Litoral d...
Recuperação de Praias com o uso do Dissipador de Energia Bagwall no Litoral d...Recuperação de Praias com o uso do Dissipador de Energia Bagwall no Litoral d...
Recuperação de Praias com o uso do Dissipador de Energia Bagwall no Litoral d...
 
Medida Cautelar Barreira Cabo Branco
Medida Cautelar Barreira Cabo BrancoMedida Cautelar Barreira Cabo Branco
Medida Cautelar Barreira Cabo Branco
 

Semelhante a Erosão costeira nas falésias Tibau do Sul – litoral leste do Rio Grande do Norte

SemináRio Geomorfologia
SemináRio GeomorfologiaSemináRio Geomorfologia
SemináRio Geomorfologiaguestdc68ed
 
Questões Marco Aurelio
Questões Marco AurelioQuestões Marco Aurelio
Questões Marco Aureliosylviasantana
 
Banco de questões Geografia
Banco de questões GeografiaBanco de questões Geografia
Banco de questões Geografiaaroudus
 
ENEM 500 Questões de GEOGRAFIA para vestibular
ENEM 500 Questões de GEOGRAFIA para vestibularENEM 500 Questões de GEOGRAFIA para vestibular
ENEM 500 Questões de GEOGRAFIA para vestibularatoanemachado2
 
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIA
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIARELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIA
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIAEzequias Guimaraes
 
Geologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertenteGeologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertenteCientistasMalucas
 
Ambiente sedimentar fluvial e o ribeirão arrudas
Ambiente sedimentar fluvial e o ribeirão arrudasAmbiente sedimentar fluvial e o ribeirão arrudas
Ambiente sedimentar fluvial e o ribeirão arrudasGEOLOGIAINFOCO
 
Prof Demétrio Melo Brasil Classificação do Relevo
Prof Demétrio Melo Brasil Classificação do RelevoProf Demétrio Melo Brasil Classificação do Relevo
Prof Demétrio Melo Brasil Classificação do RelevoDeto - Geografia
 
Geologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertenteGeologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertenteCientistasMalucas
 
Uma visita geo mad port
Uma visita geo mad portUma visita geo mad port
Uma visita geo mad portjuniortaro
 
Cap 2 lagoa_casamento
Cap 2 lagoa_casamentoCap 2 lagoa_casamento
Cap 2 lagoa_casamentoTiago Girelli
 
Geologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertenteGeologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertenteCientistasMalucas
 
Projetomedicina.geologia
Projetomedicina.geologiaProjetomedicina.geologia
Projetomedicina.geologiaCamila Brito
 
Geologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertenteGeologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertenteCientistasMalucas
 
Alvarenga trompette-93
Alvarenga trompette-93Alvarenga trompette-93
Alvarenga trompette-93cematege
 
Aulã£o upe 14 novembro.
Aulã£o upe 14 novembro.Aulã£o upe 14 novembro.
Aulã£o upe 14 novembro.Ajudar Pessoas
 
Trabalho: Visita ao litoral norte
Trabalho: Visita ao litoral norteTrabalho: Visita ao litoral norte
Trabalho: Visita ao litoral norteMaria Paredes
 

Semelhante a Erosão costeira nas falésias Tibau do Sul – litoral leste do Rio Grande do Norte (20)

SemináRio Geomorfologia
SemináRio GeomorfologiaSemináRio Geomorfologia
SemináRio Geomorfologia
 
Questões Marco Aurelio
Questões Marco AurelioQuestões Marco Aurelio
Questões Marco Aurelio
 
Erosão Praias de SP
Erosão Praias de SPErosão Praias de SP
Erosão Praias de SP
 
Banco de questões Geografia
Banco de questões GeografiaBanco de questões Geografia
Banco de questões Geografia
 
ENEM 500 Questões de GEOGRAFIA para vestibular
ENEM 500 Questões de GEOGRAFIA para vestibularENEM 500 Questões de GEOGRAFIA para vestibular
ENEM 500 Questões de GEOGRAFIA para vestibular
 
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIA
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIARELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIA
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIA
 
Geologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertenteGeologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertente
 
Ambiente sedimentar fluvial e o ribeirão arrudas
Ambiente sedimentar fluvial e o ribeirão arrudasAmbiente sedimentar fluvial e o ribeirão arrudas
Ambiente sedimentar fluvial e o ribeirão arrudas
 
Apostila Geografia
Apostila GeografiaApostila Geografia
Apostila Geografia
 
Prof Demétrio Melo Brasil Classificação do Relevo
Prof Demétrio Melo Brasil Classificação do RelevoProf Demétrio Melo Brasil Classificação do Relevo
Prof Demétrio Melo Brasil Classificação do Relevo
 
Geologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertenteGeologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertente
 
Uma visita geo mad port
Uma visita geo mad portUma visita geo mad port
Uma visita geo mad port
 
Cap 2 lagoa_casamento
Cap 2 lagoa_casamentoCap 2 lagoa_casamento
Cap 2 lagoa_casamento
 
Geologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertenteGeologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertente
 
Projetomedicina.geologia
Projetomedicina.geologiaProjetomedicina.geologia
Projetomedicina.geologia
 
Geologia
GeologiaGeologia
Geologia
 
Geologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertenteGeologia: Zonas costeiras e de vertente
Geologia: Zonas costeiras e de vertente
 
Alvarenga trompette-93
Alvarenga trompette-93Alvarenga trompette-93
Alvarenga trompette-93
 
Aulã£o upe 14 novembro.
Aulã£o upe 14 novembro.Aulã£o upe 14 novembro.
Aulã£o upe 14 novembro.
 
Trabalho: Visita ao litoral norte
Trabalho: Visita ao litoral norteTrabalho: Visita ao litoral norte
Trabalho: Visita ao litoral norte
 

Erosão costeira nas falésias Tibau do Sul – litoral leste do Rio Grande do Norte

  • 1. II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas EROSÃO COSTEIRA NAS FALÉSIAS TIBAU DO SUL – LITORAL LESTE DO RIO GRANDE DO NORTE William de Souza e Silva1; Olavo Francisco dos Santos Jr2; Ricardo Farias do Amaral3 ; Ada Cristina Scudelari4. 1 Engenheiro Civil,Mestrando do Programa de pós-graduação em engenharia sanitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e-mail: williamufrn@bol.com.br 2 D.Sc. em Engenharia Civil, Programa de pós-graduação em engenharia sanitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus Universitário s/n, Lagoa Nova - Phone: +55(84) 2153766. e-mail: olavo@ct.ufrn.br 3 D.Sc. em Geologia, Programa de pós-graduação em engenharia sanitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e-mail: ric@ufrnet.br 4 D.Sc. em Engenharia Civil, Programa de pós-graduação em engenharia sanitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e-mail: ada@ct.ufrn.br RESUMO O presente trabalho consistiu na identificação e na compreensão dos mecanismos dos processos erosivos atuantes em uma zona costeira localizada no município de Tibau do Sul, no litoral leste do Estado do Rio Grande do Norte. A importância deste trabalho deve-se ao fato de que os processos erosivos atuantes têm provocado o recuo das falésias. Com base em visitas realizadas in situ observa-se que o recuo sofre influência de processos de origem continental e marinha. A intensidade destes processos varia tanto em termos espaciais quanto temporais. De um modo os processos naturais modificadores da dinâmica superficial desta zona costeira são os movimentos de transporte de massa e os movimentos gravitacionais de massa. O recuo das falésias é o resultado dos movimentos de transporte de massa e os movimentos gravitacionais de massa ABSTRACT The present work consisted of the identification and understanding of the mechanisms of the erosive processes existing in a coastal area located in the municipal district of Tibau do Sul, in the east coastal of Rio Grande do Norte state. The importance of this work is due to the fact that the erosive processes developed in the area are provoking a retreat of seacliffs. Based on visits accomplished in situ it was observed that the retreat suffers influence from continental and marine processes. The intensity of these processes varies a great deal in terms of localization and climate. In general, the natural processes that modify the superficial dynamics of this coast area are the mass transport movements and the mass gravitational movements. The retreat of the seacliffs is the result of the transport movements and the mass gravitational movements Palavras-Chave: erosão costeira, processos erosivos, falésias. 1. INTRODUÇÃO A região costeira do estado do Rio Grande do Norte possui uma superfície de aproximadamente 11.888 Km2 e uma extensão de 410 km. A mesma caracteriza-se pela presença de falésias constituídas por sedimentos pré- quaternários da Formação Barreiras. A população nesta região é de 1.283,903 habitantes (SETUR, 2002), com uma densidade demográfica de 108 habitantes por Km2. A área estudada no presente trabalho está localizada no município de Tibau do Sul, no litoral leste do Estado do Rio Grande do Norte, 60 km ao Sul de Natal (Figura 1). Trata-se de uma zona costeira, a qual possui cerca de 16km de extensão e é predominantemente formada por falésias. Esta área possui uma grande diversidade morfológica e encontra-se submetida à intensa pressão de uso e ocupação de solo, a qual é fortemente influenciada pelas atividades turísticas. O trabalho apresentado consiste na identificação e na compreensão dos mecanismos dos processos erosivos atuantes na área, os Figura 1 – Localização da Área de Trabalho (SANTOS quais vêm provocando o recuo das falésias. JR et al, 2001). 2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA A Zona costeira de Tibau do Sul e seus limites físicos (Figura 1) podem ser descritos da seguinte forma: ao norte o município encontra-se limitado pela margem sul da laguna de Guaraíras; a leste pelo encontro do Oceano
  • 2. II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas Atlântico onde ocorrem as falésias; ao sul pelo canal do intercaladas de arenitos argilosos, argilitos, Rio Catú; a oeste por uma linha imaginária que liga a conglomerados e arenitos ferruginosos. As dunas são região de Barraca, na bifurcação do Rio catú até o limite formadas por areias finas quartzosas de origem eólica. Na ocidental da laguna de Guaraíras. planície costeira ocorrem praias arenosas. Ocorre ainda AMARAL (2001) mapeou a zona costeira de Tibau do outro grupo de arenito que tem uma geometria linear. São Sul, tendo subdividido-a nos seguintes trechos (Figura 2): cimentados por carbonatos e ocorre ao longo de alguns norte, central e sul. O trecho norte está compreendido trechos da área de estudo, segundo um alinhamento entre a barra de Tibau do Sul e a Ponta do Madeiro. O aproximadamente paralelo à linha de costa. trecho central inicia na Ponta do Madeiro e vai até a Pedra do Moleque. O trecho sul inicia na Pedra do Moleque e 3. PRINCIPAIS ELEMENTOS FÍSICOS culmina na desembocadura do rio Catú. IDENTIFICADOS NA ZONA DE PRAIA AMARAL (2001) estabeleceu alguns critérios de classificação da paisagem e em seguida destacou dentro do município de Tibau do Sul 09 áreas distintas, as quais são representadas pelos seguintes elementos: praias retilíneas, baias em forma de zeta (ou praias curvas), pequenos terraços de origem mista, arenitos de praia, arenitos ferruginosos, “chapadões”, falésias (bordas oceânicas da superfície dos tabuleiros), pontas ou promontórios e dunas. Com base nos elementos citados por AMARAL (2001) e na subdivisão da zona costeira indicada na Figura 2, procede-se a seguir a descrição dos principais elementos físicos que compõem cada um dos três trechos (trecho norte, trecho central e trecho sul). Cada trecho representa uma faixa de praia. Estas faixas de praias são como praias oceânicas limitadas, no continente, por falésias avermelhadas da Formação Barreiras (Figura 3). Os processos naturais modificadores da dinâmica superficial atuantes nestes trechos são os transportes de massa (erosão pluvial e erosão costeira) e os movimentos gravitacionais de massa. A atuação de cada um desses processos varia em termos espaciais, temporais e de intensidade. Figura 2 – Zoneamento Geomorfológico (AMARAL, 2001). Os principais fatores que influenciam na caracterização climática da área estão relacionados com a sua localização geográfica. O clima da região como um todo, caracteriza- se como sub-úmido com uma temperatura média anual de 26ºC e uma umidade relativa média anual de 74%. Os meses de maior incidência de chuvas são abril e julho. (SETUR, 2002). Na zona costeira do município de Tibau do Sul as formas de relevo identificadas são: os tabuleiros costeiros e a planície costeira. Os tabuleiros costeiros são relevos planos e de baixa altitude não chegando aos 150m. Os tabuleiros costeiros também são denominados planaltos rebaixados, possuem uma alta percentagem de argila, Figura 3 – Faixa de praia limitada ao continente por localizam-se próximos ao litoral e dificilmente entram em falésias da Formação Barreiras. contato com o mar. A planície costeira é formada por praias que são limitados pelo o mar e pelos tabuleiros 3.1 Trecho norte costeiros. Trata-se de terrenos planos que têm sido O trecho norte tem como marco inicial a barra de Tibau alterados pela presença de dunas. As escarpas no limite do Sul e se estende até a Ponta do Madeiro. Esse trecho entre os tabuleiros e a planície costeira formam as corresponde a uma pequena praia, a qual apresenta uma falésias. Verifica-se ainda a presença de dunas leve sinuosidade e possui uma extensão aproximada de sobrepostas aos tabuleiros. 1km. Esta faixa de praia apresenta-se parcialmente A geologia da área é formada por materiais de origem protegida da ação destrutiva das ondas. Os fatores que sedimentar. Nos tabuleiros ocorrem os sedimentos da mais contribuem para a sua proteção são a presença de Formação Barreiras, os quais consistem de camadas
  • 3. II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas arenitos na zona de praia , vegetação densa ao longo de toda a encosta, formação de depósitos de areia na base das falésias (Figura 4). Figura 5 – Ramificações de ravinas formando uma voçoroca Essa porção da linha de costa em Tibau do Sul Figura 4 – Principais elementos constituintes corresponde ao trecho menos afetado pela ocupação da faixa norte humana. É comum ao longo de toda a extensão da zona de praia estudada a presença de escadarias ou cercas, sendo Embora a atuação dos processos naturais modificadores que a maioria desse tipo de infra-estrutura encontra-se da dinâmica superficial seja constante ela pode ser parcial ou totalmente destruída. considerada de pouca significância, pois o trecho norte encontra-se naturalmente bem dotado de mecanismos de 3.2 Trecho central proteção contra estes processos. O início do trecho central é demarcado pela Ponta do Os arenitos cimentados por carbonatos (Figura 4) Madeiro. Entre a Ponta do Madeiro e a Ponta do Canto encontram-se dispostos de forma aproximadamente encontra-se a praia do Curral. A mesma é levemente paralela e são importantes “protetores” da linha de costa, côncava em direção ao oceano e possui uma extensão contra a erosão costeira. Nas extremidades deste trecho, aproximada de 1.3km. os arenitos cimentados por óxido de ferro que se originam Entre a Ponta Canto e a Ponta da Cancela encontram-se no interior dos sedimentos da Formação Barreiras formam sucessivamente as praias de Porto Baixo, de Pipa e da saliências (pontas) na costa em razão de sua resistência à Ponte. O trecho correspondente a estas praias possui cerca erosão. Os depósitos de areia têm uma função semelhante de 1.2 km, e as mesmas representam as praias urbanas do à dos arenitos, a diferença é que os depósitos de areia município. Esse trecho destaca-se pelo numero de obras procuram diminuir a energia das ondas fornecendo de infra-estrutura existentes (Figura 6). A Figura 6 sedimentos à deriva litorânea. A vegetação diminui o também evidencia que as edificações (residências, impacto das gotas de chuvas com o solo e dificulta a equipamentos de hospedagem e alimentação, estradas, ocorrência do escoamento superficial ou run-off. etc) encontram-se muito próximas às bordas de falésias, De um modo geral, a influencia da erosão pluvial não acelerando os processos de degradação da linha da costa. passa da formação de pequenas ravinas, exceto em pontos A faixa central caracteriza-se por uma seqüência de onde houve a contribuição de águas servidas, pois nestes praias intercaladas por formações rochosas, compostas pontos as ravinas passam a unir as suas ramificações e por arenitos ferruginosos. Embora o trecho central sofra culminam na formação de voçoroca (Figura 5). A influência tanto de processos de origem continental influência da erosão costeira limita-se a alterações na quanto marinha observa-se que a agressão promovida pela conformação da zona de praia em virtude da dinâmica dos erosão costeira supera em termos degradacionais, os sedimentos. Já quanto aos movimentos gravitacionais eles impactos promovidos pela erosão pluvial e pelos são esporádicos e de pequeno volume. Vale ressaltar que movimentos gravitacionais de massa. E isto se deve para que se tenha um parâmetro seguro no que se refere à basicamente a ausência de corpos de tálus na base e intensidade da influência de cada um destes processos formação de incisões. torna-se necessário o uso de técnicas de monitoramento, sejam elas realizadas através de produtos de sensores remotos ou medições in situ.
  • 4. II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas bem superior. Ele pode ser expresso na forma de ravinas, voçorocas, escoamentos, deslizamentos, tombamentos, quedas ou movimentos complexos. As ravinas e voçorocas desenvolvem-se perpendicularmente à borda das falésias e são decorrentes do escoamento concentrado e da infiltração das águas pluviais. Os demais tipos de movimentos são gerados a partir de superfícies de instabilização que se originam no interior das falésias. 3.3 Trecho sul A faixa sul inicia na Ponta do Moleque e segue em direção a praia de Pedra d’água, a qual se situa no limite sul do município estudado. Esta faixa possui uma estreita praia retilínea limitada pelas falésias da Formação Figura 6 – Praia urbana no trecho central e a construção Barreiras. Na superfície plana desta formação salienta-se de obras de infra-estrutura a presença dos “chapadões”. O chapadão de Pipa e o da Praia da Mina destacam-se por suas dimensões. “Chapadão”, é um termo local usado para se referir a A diferença de intensidade entre os processos de origem um pequeno trecho da borda oceânica formada nas continental e marinha neste trecho possibilitou a Superfícies dos tabuleiros. Esta superfície é uniforme, identificação de dois mecanismos de recuo, um na base da aproximadamente plana e horizontal, com um pequeno falésia (se desenvolve ao longo de sua base) e outro na mergulho em direção ao oceano. A superfície é formada parte superior da mesma (se desenvolve predominantemente por sedimentos da Formação transversalmente). O primeiro mecanismo tem como Barreiras, sendo que a mesma encontra-se parcialmente principal agente os processos costeiros e ocorre da recoberta por sedimentos arenosos de origem eólica seguinte forma: uma vez que a faixa de praia é (dunas). Segundo AMARAL (2001) a exumação desta sobreposta, as ondas passam a investir diretamente sobre superfície é usual em toda costa oriental nordestina, desde a base das falésias. Nessa situação a ação das ondas é Pernambuco até o Rio Grande do Norte, tratando-se de freqüente. Quando a base das falésias encontra-se livre da um processo aleatório e permanente. presença dos depósitos de talus a tendência é que No que concerne aos processos naturais da dinâmica inicialmente a ação das ondas, solapando a base, causem a superficial nos “chapadões” pode-se destacar os seguintes formação de incisões (Figura 7). Estas incisões por sua pontos: a base dos chapadões encontra-se bastante vez ocasionam instabilidade basal e conseqüente protegida contra o ataque das ondas devido à presença de formação de depósitos de talus na base das falésias. vegetação de restinga e à formação de bancos de areia; Praticamente toda a face do talude possui uma coloração mais escura indicando possível atuação de um processo de cimentação ferruginosa; Figura 7 – Incisões na base das falésias O segundo mecanismo sofre contribuição da erosão pluvial e dos movimentos gravitacionais de massa. Os Figura 8 – “Chapadão” de Pipa. dois contribuintes podem ser considerados mútuos cooperadores, pois é praticamente impossível a ocorrência Nos trabalhos de campo foi possível identificar a de um sem que o outro tenha participado, esteja destruição parcial de escadas de acesso à praia e registrar participando ou venha participar do seu processo de a ocorrência de deslizamento de material da face da desenvolvimento. Este segundo mecanismo é mais falésia (Figura 9). Observou-se ainda a existência de pontual do que o primeiro, no entanto quando se alcovas (incisões) nos chapadões provocadas pela ação desenvolve geralmente envolve uma quantidade de solo dos ventos. De acordo com informações locais a faixa de
  • 5. II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas praia constitui-se em um ponto de desova das tartarugas o terreno passará a apresentar uma maior susceptibilidade marinhas. à erosão por águas superficiais. Sendo assim, com base nas evidencias acima, as mudanças de relevo ocorridas nesta faixa devem-se principalmente a estes três últimos processos. É bom ressaltar que as fraturas condicionam a percolação de água através do material sedimentar. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os fenômenos observados estão intimamente ligados à intensidade de precipitação pluviométrica e à ação do mar no sopé dos taludes. A retirada das areias pela ação das ondas em praias com falésias e a diminuição do volume de sedimento inconsolidado, eleva o poder erosivo das ondas nestas regiões. Através do ataque direto das ondas e da remoção dos sedimentos do sopé da falésia o recuo é impulsionado e o Figura 9 – deslizamento seguido de acúmulo do mesmo pode ter contribuição de quedas ou tombamentos. material no pé do “Chapadão”. Além do recuo natural provocado pelos processos marinhos, as falésias também sofrem recuo em função dos Das observações realizadas no trecho sul foi possível processos erosivos pluviais. inferir a existência da atuação de três processos.O O resultado do processo de recuo é o aumento no risco primeiro diz respeito à atuação de fortes ventos. A de destruição dos empreendimentos localizados próximos intensidade dos ventos pode ser presumida através da às bordas das falésias. Os riscos são menores nas áreas formação de alcovas sobre a superfície dos “Chapadões”. protegidas por arenitos ferruginosos O segundo e o terceiro processo estão intimamente ligados e referem-se respectivamente ao sistema de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS fraturas apresentado na superfície dos “chapadões” AMARAL, R. F. (2001). A Dinâmica Ambiental e o (Figura 10) e a formação de ravinas e voçorocas Problema da Erosão na Zona Costeira do Município de decorrentes da erosão pluvial. Tibau do Sul. IDEMA. Relatório interno. 45 p. SETUR (Secretaria de Turismo do Rio Grande do Note). (2002). Os impactos sócios, econômicos, culturais e ambientais provocados pela atividade turística no município de tibau do Sul/RN. http://www.sebraern.com.br/estudos_e_pesquisas_tibau .htm, acesso em abril de 2003. SANTOS JR., O.F., AMARAL, R.F., SCUDELARI, A.C. (2001). Mecanismos de ruptura de taludes em sedimentos terciários da Formação Barreiras no litoral do Rio Grande do Norte. III Conferência brasileira sobre estabilidade de encostas – COBRAE. Perfect Press e Soluções Gráficas Ltda. Figura 10 – Sistema de fraturas existente na superfície do “Chapadão” A atuação da erosão pluvial tem sido tão intensa que alguns moradores na tentativa de conte-la passaram a preencher as aberturas existentes (ravinas e voçorocas) com lixo e outros materiais inertes. AMARAL (2001) chama a tenção para um fato importante que concerne à erosão superficial nos “chapadões’: os primeiros centímetros de sua superfície apresentam-se mais consistentes do que as camadas imediatamente inferiores. O significado prático desta observação é que, após a retirada desta “película” arenosa