2. Com grande expressividade no cenário
mundial, a depressão tem apresentado índices
alarmantes nos últimos tempos. Já chamada de
“o mal do século”, deve atingir entre 15% e 20%
da população mundial, no mínimo uma vez
na vida. De acordo com a OMS (Organização
Mundial de Saúde), até o ano de 2020, tende a
ocupar o 2º lugar entre as causas de ônus
gerados por doenças degenerativas e mortes
prematuras.
3. Depressão é um transtorno mental,
causado por uma complexa interação
entre fatores orgânicos, psicológicos,
ambientais e espirituais, caracterizado por
angústia, rebaixamento do humor e pela
perda de interesse, prazer e energia diante
da vida.
4. Podemos agrupar os sintomas em 5
áreas distintas:
humor;
cognição ou pensamento;
aspectos somáticos;
expressão corporal e vida social.
5. a) Sintomas relacionados com o
humor:
Tristeza;
Emotividade;
Angústia;
Irritabilidade;
Ansiedade;
Anedonia;
Desmotivação.
6. b) Sintomas cognitivos:
Baixo rendimento intelectual;
Falta de fé (em si, em Deus, na vida, nas pessoas e nos
tratamentos);
Sentimento de abandono e/ou rejeição;
Assuntos constantes sobre morte;
Sentimento de inferioridade;
Falta de sentido na vida;
7. b) Sintomas cognitivos:
Baixa auto-estima;
Auto-imagem negativa;
Pessimismo;
Desvalorização da vida;
Sentimento de culpa;
Idéias de suicídio.
8. c) Sintomas somáticos:
Hipersonia;
Insônia;
Perda de apetite;
Aumento de apetite;
Diminuição da libido;
Redução do interesse sexual;
Baixa no sistema imunológico.
9. d) Expressão corporal:
Cabeça baixa;
Peito embutido;
Coluna curvada;
Dificuldade em olhar as pessoas nos olhos;
Olhar desvitalizado;
Despreocupação com a higiene pessoal;
Despreocupação com a aparência;
Respiração superficial;
Movimentos lentos e contidos.
10. e) Vida social:
Isolamento;
Desinteresse pelos estudos;
Desinteresse pelo trabalho.
11. Entre as pessoas que têm maior probabilidade
de vir a desenvolver depressão, estão:
aquelas que já tiverem episódios depressivos anteriores;
aquelas que possuem familiares com histórico de depressão;
aquelas que apresentam dificuldades de relacionamento;
vítimas de discriminação social;
doentes;
mulheres no intervalo de 18 meses após o parto;
usuários de álcool;
usuários de drogas;
portadores de outros transtornos mentais.
12. Estudos revelam que quanto maior o
número de episódios depressivos que a pessoa já
teve, maior é a chance de recorrência, ou seja,
apresentar novamente o quadro clínico. A
probabilidade de uma pessoa que já teve
depressão apresentar o segundo episódio é de
35%, o terceiro é de 65% e o quarto episódio tem
90% de chance de acontecer.
13. 80% dos deprimidos tem intenção suicida, (as
mulheres estão mais propensas a tentar suicídio,
mas os homens têm mais “êxito” em suas
tentativas).
entre 10% e 15% das pessoas com depressão
põem fim à própria vida;
O suicídio apresenta números mais elevados na
faixa etária compreendida entre 15 e 44 anos, com
relevância para os momentos de transição de fases
(adolescência/fase adulta; meia idade/velhice).
14. Observações feitas ainda no século XIX por
psiquiatras europeus como Morel, Griesinger,
Maudsley e Kraepelin já davam conta que esse
distúrbio afetivo parecia se concentrar mais em
determinadas famílias. Portanto, desde essas
observações clínicas, tem-se procurado
demonstrar a existência de um componente
genético para as depressões.
15. Qual tipo de pessoa estaria mais suscetível a
desenvolver a depressão? Qual o seu fenótipo?
Qual o seu genótipo?
GENÓTIPO + AMBIENTE = FENÓTIPO
16. 1. Estudos com famílias
2. Estudos com gêmeos
3. Estudos com adotados
4. Estudos de genética molecular:
Estudos de ligação
Estudos de associação
17. Angst, em 1966 na Suíça, e Perris, no
mesmo ano, na Suécia, independentemente, após
pesquisa com famílias, observaram maior risco de
incidência da depressão nos indivíduos parentes
em primeiro grau de pacientes com depressão.
18. Em enfermidades determinadas pelo ambiente a concordância entre MZ
(monozigóticos) e DZ (dizigóticos) seria próxima, ao passo que em
enfermidades genéticas a concordância nos MZ seria significativamente
maior que nos DZ e tenderia a se aproximar de 100%.
Pesquisador país Pares de gêmeos Depressão
Bertelsen et al Dinamarca 123
64% para MZ
24% para DZ
Torgersen Noruega Não diz
51% para MZ
20% para DZ
McGuffin et al Inglaterra Não diz
53% para MZ
28% para DZ
Kendler et al Suécia Não diz
69% para MZ
34% para DZ
19. Podemos concluir, com base nesses
dados, que a taxa de concordância para
depressão em gêmeos MZ é duas a três
vezes maior do que nos DZ, reforçando a
hipótese de um componente genético
nesta enfermidade.
20. No intuito de separar por completo a influência do ambiente
da influência do componente genético, utiliza-se a estratégia de
investigação da doença em adotados.
Pesquisador País
Adotados c/
Depressão
Pais
Biológicos c/
Depressão
Pais Adotivos
c/ Depressão
Mendlewicz e
Rainer
Bélgica 29 28% 12%
Cadoret - 6 vezes maior
Mães c/
depressão
-
Wender et al - 71 8 vezes maior -
Von
Knorring et al
Suécia 56
Poucas
evidências
-
21. Concluímos, portanto, que os relatos de
estudos com adotados na depressão são, em
sua maioria, consistentes com a presença de
um componente genético na determinação
desta enfermidade.
22. Estudos de ligação:
Investigação buscando a causa a partir de um único gene. O que se
verifica atualmente é que a depressão não apresenta um padrão de
transmissão compatível com um modelo de herança mendeliana simples.
Estudos de associação:
Investigação em que o pesquisador levanta a hipótese de que um
determinado gene esteja envolvido na fisiopatologia do transtorno (gene
candidato) e, a partir daí, verifica se a frequência de uma determinada
variação ou alteração na estrutura desse gene é significativamente maior
entre a população de afetados do que nos não-afetados.
23. Um dos principais desafios nos estudos genéticos da
depressão continua sendo a caracterização precisa do
fenótipo. Entretanto, mesmo apresentando variações no
conceito de depressão, pode-se concluir a partir de um
grande número de investigações que:
Estudos com famílias, gêmeos e adotados indicam a
existência de um componente genético para depressão.
Estima-se que este componente genético represente
cerca de 40% da susceptibilidade para desenvolver
depressão unipolar e 70% para o transtorno bipolar.
24. O modo de transmissão genética permanece não definido,
embora as análises de segregação já sugiram que a depressão
é provavelmente multifatorial.
Os estudos de genética molecular não conseguiram ainda
identificar um locus gênico específico para a depressão,
possivelmente por se tratar de uma enfermidade com
heterogeneidade etiológica.
Os estudos neuroquímicos e de neuro-imagem combinados
com a identificação de genes de vulnerabilidade à doença e a
pesquisa sobre a interação entre o cérebro e o meio ambiente
continuam sendo a melhor estratégia no entendimento da
neurobiologia dos transtornos do humor.
25. Depressão: corpo, mente e alma. Disponível
em:<www.ebooksbrasil.org/adobeebook/depressaocma.pdf>. Acesso em: 8 jun.
2014.
LAFER, Beny and VALLADA FILHO, Homero Pinto. Genética e fisiopatologia
dos transtornos depressivos. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 1999, vol.21, suppl.1,
pp. 12-17. ISSN 1516-4446. Disponível em:< http://dx.doi.org/10.1590/S1516-
44461999000500004>. Acesso em 9 jun. 2014.
Depressão: Causas. Disponível
em:http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=56>. Acesso
em 9 jun. 2014.