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Como Escolher Minha Profissão
A cada dia surgem novas opções de carreiras e de oportunidades de trabalho. O que fazer? Esse turbilhão de dúvidas não deve ser
encarado como um problema grave. Especialistas garantem que a insegurança diante da escolha profissional é um sintoma
saudável e produtivo. Com vários caminhos abertos à sua frente, o indeciso tem maiores chances de escolher melhor do que quem
apoia sua certeza em fantasias. Por isso, recomenda-se que essa fase da vida seja enfrentada com tranquilidade pelos jovens e sua
família. Afinal, toda decisão pressupõe incertezas e uma dose de risco. E esse é o primeiro grande desafio do jovem diante do novo
e do desconhecido. Uma forma de diminuir a pressão é saber que essa escolha profissional não é necessariamente definitiva. Novos
caminhos vão surgir durante a faculdade, o mercado de trabalho pode exigir adaptações ou uma grande guinada na carreira. "A
faculdade deve ser encarada como a escolha de uma plataforma, um alicerce para a construção da vida profissional", afirma
Rubens Gimael, especialista em desenvolvimento de carreira da NeoConsulting. É comum encontrar engenheiros trabalhando na
área de Finanças, arquitetos se dedicando à Área Comercial, economistas cuidando de Marketing.
A mudança não significa fracasso nem frustração, mas sim a aceitação de desafios que a vida vai trazendo. Escolher uma profissão
representa esboçar um projeto de vida, questionar valores, as habilidades, o que se gosta de fazer, a qualidade de vida que se
pretende ter. E esse momento de reflexão pode render bem mais quando é compartilhado com a família. Mas, por excesso de
liberalismo, muitos pais se omitem com a desculpa de não querer interferir na vida dos filhos. Um passo importante para o jovem
indeciso é investigar, reunindo informações sobre as profissões e cursos oferecidos pelas faculdades. Há ainda a opção de buscar
apoio em empresas de Orientação Vocacional.
As transformações econômicas que atingiram o mundo de forma global impulsionaram novas e promissoras carreiras. São as
profissões que envolvem inovações tecnológicas e áreas de Inteligência e Conhecimento. As carreiras tradicionais, como Medicina,
Direito, Engenharia, Letras e Administração ainda são as mais procuradas nos vestibulares. Elas se renovaram e ganharam áreas de
atuação que prometem sucesso e bons rendimentos, como o campo de Biotecnologia para os advogados e o de Meio Ambiente
para engenheiros. É bom também ficar antenado com o crescimento dos setores de Serviços, Lazer e Entretenimento, Meio
Ambiente e projetos sociais. Eles abriram oportunidades atraentes de trabalho para os profissionais com formação em Biologia e
Educação Física, que andavam em baixa, e valorizaram cursos que antes eram considerados de segunda linha, como Relações
Internacionais, Turismo e Hotelaria. Em meio a tantas opções, o estudante deve ficar atento a algumas armadilhas. A primeira delas
é acreditar que cursar uma boa faculdade vai livrá-lo do desemprego e assegurar o sucesso profissional. Uma boa escola pode até
abrir portas no início da carreira, mas vale lembrar que existem muitos profissionais em altos cargos nas empresas que não vieram
de cursos de primeira linha.
Para os especialistas em Recursos Humanos, o sucesso numa profissão depende 30% de conhecimento e 70% de atitude. Uma
paradinha para refletir sobre: quem você é na escola? Como estuda? O que gosta de fazer?
Da mesma forma, decidir-se por uma carreira apenas porque ela está em alta no mercado normalmente é o caminho mais rápido
para o abandono de uma profissão. "Quem não leva em conta sua afinidade com uma carreira ao fazer uma escolha fatalmente
desistirá dela quando a oferta de trabalho cair", afirma a Psicóloga Renata Mello, da equipe de Orientação Profissional do Centro
de Integração Empresa Escola (CIEE), de São Paulo. O cuidado deve ser redobrado em carreiras com um campo de atuação restrito
e que não possibilitam ao estudante mudar facilmente de área de trabalho, como Oceanografia, Odontologia e Telecomunicações.
No fim da década de 90, a expectativa de um mercado de trabalho promissor na área de Telecomunicações levou à ampliação de
vários cursos, como Engenharia de Telecomunicações, que agora não conseguem preencher todas as vagas. Há trabalho para
profissionais de nível técnico e de manutenção, mas poucas vagas para cargos de direção e gerência. Ao mesmo tempo, o jovem
que já se decidiu por uma carreira não deve desistir dela por causa do temor do desemprego – fantasma que ronda todas as
profissões. "Quem faz a escolha certa tem mais autoconfiança, sobressai e chega ao sucesso", diz Renata Mello, do CIEE.
Em 2006, o Ministério da Educação lançou o Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Com esta iniciativa ganham os
estudantes, os pais, os professores, as instituições de ensino, as empresas, enfim, a sociedade, por terem à disposição permanente
um instrumento que relaciona os cursos superiores de tecnologia. Com isto fornece subsídios importantes para decisões
vocacionais, matrizes curriculares e estratégias de formação, além de favorecer ao exercício da cidadania no acompanhamento da
qualidade dos cursos e ainda induz o desenvolvimento de perfis profissionais amplos, com capacidade de pensar de forma
reflexiva, com autonomia intelectual e sensibilidade ao relacionamento interdisciplinar. Graça Santos
Os Três Pilares que Sustentam a Escolha da Profissão
Uma escolha profissional consciente leva em conta pelo menos três elementos: quem é você, o que se estuda durante o curso e
como é o dia a dia da profissão. “O primeiro ponto importante para uma decisão responsável é o autoconhecimento. O estudante
deve se voltar para ele mesmo, precisa conhecer suas habilidades, seus interesses e seus valores”, afirma Selena Garcia Greca,
psicóloga especialista em orientação profissional e desenvolvimento de carreira. Não adianta cursar Arquitetura ou Design, por
exemplo, se você não possui um traço legal na hora de desenhar, ou estudar Filosofia se não está disposto a ficar horas e horas
lendo.
O próximo passo é buscar informações sobre o curso em que você planeja passar quatro ou cinco anos. Uma dica importante é
verificar a qual grande área do conhecimento a graduação pertence: Ciências Humanas, Ciências Biológicas ou Ciências Exatas.
“Muitos escolhem Engenharia Ambiental imaginando que é um curso da área Biológica, porque trata do meio ambiente. E só
descobrem que a graduação está ligada à área de Exatas quando estão dentro do curso”, alerta.
A carreira
As feiras de cursos e profissões organizadas por escolas e universidades são uma boa oportunidade para conhecer a rotina de cada
profissão.
Além disso, é importante visitar ambientes de trabalho e conversar tanto com quem acabou de entrar no mercado quanto com
profissionais mais experientes.
O objetivo é conhecer o lado agradável e o lado espinhoso da profissão. “Proponho ao aluno fazer entrevistas com profissionais. Ele
deve levar uma lista de perguntas. O estudante pode questionar quais foram as piores dificuldades que o profissional encontrou e
como enfrentou a situação”, exemplifica Flávio Pereira, psicólogo e conselheiro vocacional.
Outra opção (que não exclui a anterior) é pesquisar em guias, revistas, jornais e suplementos, como o Vestibular da Gazeta do
Povo. Toda semana, na seção “Carreira”, você encontra informações sobre uma profissão.
Autoconhecimento
Quem está muito indeciso pode procurar pelos serviços de orientação profissional oferecidos por universidades, escolas e
consultórios de psicologia. Não se deve confundir orientação profissional com teste vocacional, modelo muito comum há alguns
anos e que ainda é encontrado aos montes na internet.
O teste consiste num questionário rápido e simples, que aponta algumas áreas de afinidade do estudante. A orientação inclui
também entrevistas com psicólogos, pesquisas sobre as diferentes ocupações e, algumas vezes, dinâmicas de grupo.
“É um processo mais demorado, que depende muito de cada pessoa. Há jovens que em três ou quatro encontros semanais já
definiram uma carreira. Mas, em média, são necessários oito encontros”, afirma a psicóloga Luciana Albanese Valore.
A orientação profissional não aponta os cursos ideais para cada um; essa é uma decisão que só você pode tomar. “Não é dada uma
resposta pronta. Costumo dizer que a pessoa entra com uma minhoca ou duas na cabeça e sai com várias. Mas os encontros criam
um antídoto contra fantasias, da pessoa que participa da orientação e dos outros que convivem com ela”, explica Flávio Pereira,
psicólogo e conselheiro vocacional.
O curso
Um dos caminhos é visitar feiras. Nesses locais você pode conversar com estudantes e professores, que apresentarão o curso e as
possibilidades de atuação profissional.
Não se esqueça, porém, de que essas pessoas estarão lá para convencê-lo. “Na faculdade, o pessoal está preparado para vender o
curso. Isso pode gerar mais fantasia na cabeça do jovem”, afirma Flávio Pereira, psicólogo e conselheiro vocacional.
Luciana Valore concorda e diz que é importante procurar também outras fontes de informação. “Nas feiras, alunos e professores
apaixonados pelo curso é que falam sobre a profissão. De preferência, o jovem deve conversar com vários profissionais, com
pessoas do meio acadêmico e com quem está no mercado”, diz.
Outra dica é conhecer as matérias básicas de cada curso e analisar os currículos de várias instituições de ensino, pois a mesma
graduação pode ter ênfase diferente de acordo com a universidade. Você também deve visitar os laboratórios e as outras
instalações do curso, para verificar como se sente nesses locais.
Fique ligado, porque a palavra “engenharia” já carrega uma série de informações. Para se dar bem em um curso com esse nome,
independentemente do termo que o acompanhe (florestal, de alimentos, civil, elétrica, mecânica ou qualquer outro), é preciso ser
uma pessoa racional, que goste de lógica e tenha facilidade em cálculo.
Segundo Luciana Albanese Valore, professora de Psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o estudante também deve
conhecer as diferentes opções de continuidade dos estudos após o ensino médio.
Além das graduações tradicionais, lembra, existem os cursos superiores de tecnologia, também conhecidos como tecnólogos, que
apresentam duração menor, são mais práticos e normalmente estão voltados para áreas específicas de carreiras mais abrangentes.
A UFPR ofereceu no último vestibular 12 cursos deste tipo, entre eles Tecnologia em Comunicação Institucional e Tecnologia em
Construção de Instrumentos Musicais.
Para uma escolha mais segura, os estudantes devem ainda procurar informações a respeito de cursos de diferentes áreas, não
apenas sobre aqueles de que imaginam gostar. “Quando você examina cursos de várias áreas, está abrindo o leque para se
conhecer. O que é muito direcionado é muito perigoso. Muitas vezes os nossos sonhos de criança são construídos por
identificações que tivemos ao longo da vida e que não condizem com as nossas habilidades”, diz Selena.
Na opinião de Luciana, vale a pena sondar vários cursos, mas a amplitude da pesquisa depende da etapa em que o estudante se
encontra no processo de escolha. “Quando a pessoa não tem nem noção da área que vai seguir, ela tem de fazer uma pesquisa
mais ampla”, avalia.
Segundo levantamento realizado no ano passado pela Divisão de Tecnologia Educacional da Positivo Informática, 23% dos 1.457
alunos consultados conheciam apenas o curso que haviam escolhido. A pesquisa ouviu estudantes da 7.ª série do ensino
fundamental ao 3.º ano do ensino médio.
“A escolha da profissão é um processo que deve ser feito ao longo do ensino médio. O jovem deve ter uma postura ativa, buscar
informações, conhecer e visitar o profissional no seu ambiente de trabalho”, afirma Selena, que coordenou o estudo.
Marcela Campos
Como se Escolhe uma Profissão?
“O que você vai ser quando crescer?” Infelizmente poucos jovens, no Brasil de hoje podem se fazer esta pergunta. As crianças
carentes, que sonham em ser médicos engenheiros, advogados e dentistas, ao começar à adolescência, começam a procurar
empregos de babá, faxineira e office-boy. Numa idade que para os mais abastados é começar a sonhar, para os pobres é parar de
sonhar e começar a lutar pela sobrevivência. Deixar para lá algumas questões básicas da adolescência, como: o que eu gostaria de
fazer? O que me realizaria mais? Qual a contribuição do meu trabalho para melhorar a sociedade?
Mas para aqueles adolescentes a quem é permitido sonhar, o processo da escolha também não é fácil. Alguns imaginam que num
dia acordarão definidos, outros que "vai pintar" uma luz em algum momento, outros procuram soluções mágicas, outros ainda
pedem para que terceiros - tais como pais ou professores - decidam por ele. Há os que seguem as profissões da moda, ou as
profissões que seu grupo de amigos pretende abraçar. Na verdade, nenhum dos jeitos acima é a melhor saída. A única forma
realmente adequada para escolher uma profissão é pensar, e pensar bastante. Pensar em vários aspectos que envolvem esta
importante decisão. Por exemplo, conhecer o maior número possível de possibilidades, para que nenhum profissão fique de fora
por desconhecimento. Se informar sobre as profissões, através de leituras e conversas, para fazer a opção calcada na realidade e
não em distorções e fantasias. Desenvolver o autoconhecimento, isto é, conhecer-se no que "se foi" e no que "se é", para projetar
no futuro quem se pretende ser. Informar-se a respeito de como se ‘’adquire’’ uma determinada profissão qual a escolaridade
exigida, quais cursos preparam o profissional e qual o custo da formação. Ficar por dentro de todas as transformações que estão
acontecendo na organização do trabalho em decorrência da globalização da economia e da introdução de novas tecnologias nos
modos de produzir. Mas, mesmo estando bem informado, ainda assim não se chega lá. Escolher é ter que optar por uma dentre
algumas possibilidades. Possibilidades essas que até podem ser igualmente atraentes, mesmo que por motivos diferentes. Assim, a
escolha pressupõe a existência de dúvidas, de conflito, de modo que escolher significa, em última análise, resolução do conflito.
Escolher significa, também, não só correr riscos, mas lidar com aperda. Sempre que se decide por uma escolha, também se decide
o que se vai perder. Com todas essas dificuldades tanto racionais quanto emocionais não se pode negar que este tipo de escolha
representa um ato de coragem. A idéia da escolha como um ato de coragem questiona concepções antigas em orientação
vocacional. Contesta a noção de que haveriam "formas" preestabelecidas às quais o jovem deveria se encaixar, pois sua felicidade e
seu futuro estariam em jogo caso não encontrasse o enquadre perfeito. A vocação não pode mais ser entendida como atributo
inato (ou mesmo adquirido, mas cristalizado a partir de uma certa idade), que direcionaria o adolescente para determinada
ocupação. Este conceito, definido pelos dicionários como "chamamento", "predestinação", hoje está sendo questionado pela
realidade mutante do mercado de trabalho: cada vez mais o indivíduo deve se apresentar "poli-apto" se quiser concorrer no
mercado com igualdade de condições. Cada indivíduo é único, assim como as suas capacidades, que estão em construção
permanente, e por isso podem ser aperfeiçoadas e até mesmo modificadas.
Ninguém nasce para determinada profissão: todos os indivíduos, a princípio, estão em condições de aprender as habilidades
necessárias para qualquer profissão. Numa sociedade tecnologicamente cada vez mais complexa e mutante, e com mercado de
trabalho cada vez mais competitivo, a escolha profissional não é uma tarefa fácil para o adolescente. Vencer este desafio exige do
jovem uma reflexão criativa sobre o "eu no mundo" - a sua singularidade frente à realidade externa. Como educadores, não basta
sermos somente fonte de informações. Como pais, não podemos mais esperar que os filhos alcancem a felicidade seguindo os
nossos modelos. Só estaremos ajudando os adolescentes no intrincado desafio da escolha vocacional se respeitarmos
profundamente todos os seus passos no caminho a uma escolha livre e consciente.
Silvio Duarte Bock
Disponível em http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/especial.asp?EditeCodigoDaPagina=1714. Acessado em 17 de maio de
2013.

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"A faculdade deve ser encarada como a escolha de uma plataforma, um alicerce para a construção da vida profissional", afirma Rubens Gimael, especialista em desenvolvimento de carreira da NeoConsulting. É comum encontrar engenheiros trabalhando na área de Finanças, arquitetos se dedicando à Área Comercial, economistas cuidando de Marketing. A mudança não significa fracasso nem frustração, mas sim a aceitação de desafios que a vida vai trazendo. Escolher uma profissão representa esboçar um projeto de vida, questionar valores, as habilidades, o que se gosta de fazer, a qualidade de vida que se pretende ter. E esse momento de reflexão pode render bem mais quando é compartilhado com a família. Mas, por excesso de liberalismo, muitos pais se omitem com a desculpa de não querer interferir na vida dos filhos. Um passo importante para o jovem indeciso é investigar, reunindo informações sobre as profissões e cursos oferecidos pelas faculdades. Há ainda a opção de buscar apoio em empresas de Orientação Vocacional. As transformações econômicas que atingiram o mundo de forma global impulsionaram novas e promissoras carreiras. São as profissões que envolvem inovações tecnológicas e áreas de Inteligência e Conhecimento. As carreiras tradicionais, como Medicina, Direito, Engenharia, Letras e Administração ainda são as mais procuradas nos vestibulares. Elas se renovaram e ganharam áreas de atuação que prometem sucesso e bons rendimentos, como o campo de Biotecnologia para os advogados e o de Meio Ambiente para engenheiros. É bom também ficar antenado com o crescimento dos setores de Serviços, Lazer e Entretenimento, Meio Ambiente e projetos sociais. Eles abriram oportunidades atraentes de trabalho para os profissionais com formação em Biologia e Educação Física, que andavam em baixa, e valorizaram cursos que antes eram considerados de segunda linha, como Relações Internacionais, Turismo e Hotelaria. Em meio a tantas opções, o estudante deve ficar atento a algumas armadilhas. A primeira delas é acreditar que cursar uma boa faculdade vai livrá-lo do desemprego e assegurar o sucesso profissional. Uma boa escola pode até abrir portas no início da carreira, mas vale lembrar que existem muitos profissionais em altos cargos nas empresas que não vieram de cursos de primeira linha. Para os especialistas em Recursos Humanos, o sucesso numa profissão depende 30% de conhecimento e 70% de atitude. Uma paradinha para refletir sobre: quem você é na escola? Como estuda? O que gosta de fazer? Da mesma forma, decidir-se por uma carreira apenas porque ela está em alta no mercado normalmente é o caminho mais rápido para o abandono de uma profissão. "Quem não leva em conta sua afinidade com uma carreira ao fazer uma escolha fatalmente desistirá dela quando a oferta de trabalho cair", afirma a Psicóloga Renata Mello, da equipe de Orientação Profissional do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), de São Paulo. O cuidado deve ser redobrado em carreiras com um campo de atuação restrito e que não possibilitam ao estudante mudar facilmente de área de trabalho, como Oceanografia, Odontologia e Telecomunicações. No fim da década de 90, a expectativa de um mercado de trabalho promissor na área de Telecomunicações levou à ampliação de vários cursos, como Engenharia de Telecomunicações, que agora não conseguem preencher todas as vagas. Há trabalho para profissionais de nível técnico e de manutenção, mas poucas vagas para cargos de direção e gerência. Ao mesmo tempo, o jovem que já se decidiu por uma carreira não deve desistir dela por causa do temor do desemprego – fantasma que ronda todas as profissões. "Quem faz a escolha certa tem mais autoconfiança, sobressai e chega ao sucesso", diz Renata Mello, do CIEE. Em 2006, o Ministério da Educação lançou o Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Com esta iniciativa ganham os estudantes, os pais, os professores, as instituições de ensino, as empresas, enfim, a sociedade, por terem à disposição permanente um instrumento que relaciona os cursos superiores de tecnologia. Com isto fornece subsídios importantes para decisões vocacionais, matrizes curriculares e estratégias de formação, além de favorecer ao exercício da cidadania no acompanhamento da qualidade dos cursos e ainda induz o desenvolvimento de perfis profissionais amplos, com capacidade de pensar de forma reflexiva, com autonomia intelectual e sensibilidade ao relacionamento interdisciplinar. Graça Santos
  • 2. Os Três Pilares que Sustentam a Escolha da Profissão Uma escolha profissional consciente leva em conta pelo menos três elementos: quem é você, o que se estuda durante o curso e como é o dia a dia da profissão. “O primeiro ponto importante para uma decisão responsável é o autoconhecimento. O estudante deve se voltar para ele mesmo, precisa conhecer suas habilidades, seus interesses e seus valores”, afirma Selena Garcia Greca, psicóloga especialista em orientação profissional e desenvolvimento de carreira. Não adianta cursar Arquitetura ou Design, por exemplo, se você não possui um traço legal na hora de desenhar, ou estudar Filosofia se não está disposto a ficar horas e horas lendo. O próximo passo é buscar informações sobre o curso em que você planeja passar quatro ou cinco anos. Uma dica importante é verificar a qual grande área do conhecimento a graduação pertence: Ciências Humanas, Ciências Biológicas ou Ciências Exatas. “Muitos escolhem Engenharia Ambiental imaginando que é um curso da área Biológica, porque trata do meio ambiente. E só descobrem que a graduação está ligada à área de Exatas quando estão dentro do curso”, alerta. A carreira As feiras de cursos e profissões organizadas por escolas e universidades são uma boa oportunidade para conhecer a rotina de cada profissão. Além disso, é importante visitar ambientes de trabalho e conversar tanto com quem acabou de entrar no mercado quanto com profissionais mais experientes. O objetivo é conhecer o lado agradável e o lado espinhoso da profissão. “Proponho ao aluno fazer entrevistas com profissionais. Ele deve levar uma lista de perguntas. O estudante pode questionar quais foram as piores dificuldades que o profissional encontrou e como enfrentou a situação”, exemplifica Flávio Pereira, psicólogo e conselheiro vocacional. Outra opção (que não exclui a anterior) é pesquisar em guias, revistas, jornais e suplementos, como o Vestibular da Gazeta do Povo. Toda semana, na seção “Carreira”, você encontra informações sobre uma profissão. Autoconhecimento Quem está muito indeciso pode procurar pelos serviços de orientação profissional oferecidos por universidades, escolas e consultórios de psicologia. Não se deve confundir orientação profissional com teste vocacional, modelo muito comum há alguns anos e que ainda é encontrado aos montes na internet. O teste consiste num questionário rápido e simples, que aponta algumas áreas de afinidade do estudante. A orientação inclui também entrevistas com psicólogos, pesquisas sobre as diferentes ocupações e, algumas vezes, dinâmicas de grupo. “É um processo mais demorado, que depende muito de cada pessoa. Há jovens que em três ou quatro encontros semanais já definiram uma carreira. Mas, em média, são necessários oito encontros”, afirma a psicóloga Luciana Albanese Valore. A orientação profissional não aponta os cursos ideais para cada um; essa é uma decisão que só você pode tomar. “Não é dada uma resposta pronta. Costumo dizer que a pessoa entra com uma minhoca ou duas na cabeça e sai com várias. Mas os encontros criam um antídoto contra fantasias, da pessoa que participa da orientação e dos outros que convivem com ela”, explica Flávio Pereira, psicólogo e conselheiro vocacional. O curso Um dos caminhos é visitar feiras. Nesses locais você pode conversar com estudantes e professores, que apresentarão o curso e as possibilidades de atuação profissional. Não se esqueça, porém, de que essas pessoas estarão lá para convencê-lo. “Na faculdade, o pessoal está preparado para vender o curso. Isso pode gerar mais fantasia na cabeça do jovem”, afirma Flávio Pereira, psicólogo e conselheiro vocacional. Luciana Valore concorda e diz que é importante procurar também outras fontes de informação. “Nas feiras, alunos e professores apaixonados pelo curso é que falam sobre a profissão. De preferência, o jovem deve conversar com vários profissionais, com pessoas do meio acadêmico e com quem está no mercado”, diz. Outra dica é conhecer as matérias básicas de cada curso e analisar os currículos de várias instituições de ensino, pois a mesma graduação pode ter ênfase diferente de acordo com a universidade. Você também deve visitar os laboratórios e as outras instalações do curso, para verificar como se sente nesses locais.
  • 3. Fique ligado, porque a palavra “engenharia” já carrega uma série de informações. Para se dar bem em um curso com esse nome, independentemente do termo que o acompanhe (florestal, de alimentos, civil, elétrica, mecânica ou qualquer outro), é preciso ser uma pessoa racional, que goste de lógica e tenha facilidade em cálculo. Segundo Luciana Albanese Valore, professora de Psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o estudante também deve conhecer as diferentes opções de continuidade dos estudos após o ensino médio. Além das graduações tradicionais, lembra, existem os cursos superiores de tecnologia, também conhecidos como tecnólogos, que apresentam duração menor, são mais práticos e normalmente estão voltados para áreas específicas de carreiras mais abrangentes. A UFPR ofereceu no último vestibular 12 cursos deste tipo, entre eles Tecnologia em Comunicação Institucional e Tecnologia em Construção de Instrumentos Musicais. Para uma escolha mais segura, os estudantes devem ainda procurar informações a respeito de cursos de diferentes áreas, não apenas sobre aqueles de que imaginam gostar. “Quando você examina cursos de várias áreas, está abrindo o leque para se conhecer. O que é muito direcionado é muito perigoso. Muitas vezes os nossos sonhos de criança são construídos por identificações que tivemos ao longo da vida e que não condizem com as nossas habilidades”, diz Selena. Na opinião de Luciana, vale a pena sondar vários cursos, mas a amplitude da pesquisa depende da etapa em que o estudante se encontra no processo de escolha. “Quando a pessoa não tem nem noção da área que vai seguir, ela tem de fazer uma pesquisa mais ampla”, avalia. Segundo levantamento realizado no ano passado pela Divisão de Tecnologia Educacional da Positivo Informática, 23% dos 1.457 alunos consultados conheciam apenas o curso que haviam escolhido. A pesquisa ouviu estudantes da 7.ª série do ensino fundamental ao 3.º ano do ensino médio. “A escolha da profissão é um processo que deve ser feito ao longo do ensino médio. O jovem deve ter uma postura ativa, buscar informações, conhecer e visitar o profissional no seu ambiente de trabalho”, afirma Selena, que coordenou o estudo. Marcela Campos
  • 4. Como se Escolhe uma Profissão? “O que você vai ser quando crescer?” Infelizmente poucos jovens, no Brasil de hoje podem se fazer esta pergunta. As crianças carentes, que sonham em ser médicos engenheiros, advogados e dentistas, ao começar à adolescência, começam a procurar empregos de babá, faxineira e office-boy. Numa idade que para os mais abastados é começar a sonhar, para os pobres é parar de sonhar e começar a lutar pela sobrevivência. Deixar para lá algumas questões básicas da adolescência, como: o que eu gostaria de fazer? O que me realizaria mais? Qual a contribuição do meu trabalho para melhorar a sociedade? Mas para aqueles adolescentes a quem é permitido sonhar, o processo da escolha também não é fácil. Alguns imaginam que num dia acordarão definidos, outros que "vai pintar" uma luz em algum momento, outros procuram soluções mágicas, outros ainda pedem para que terceiros - tais como pais ou professores - decidam por ele. Há os que seguem as profissões da moda, ou as profissões que seu grupo de amigos pretende abraçar. Na verdade, nenhum dos jeitos acima é a melhor saída. A única forma realmente adequada para escolher uma profissão é pensar, e pensar bastante. Pensar em vários aspectos que envolvem esta importante decisão. Por exemplo, conhecer o maior número possível de possibilidades, para que nenhum profissão fique de fora por desconhecimento. Se informar sobre as profissões, através de leituras e conversas, para fazer a opção calcada na realidade e não em distorções e fantasias. Desenvolver o autoconhecimento, isto é, conhecer-se no que "se foi" e no que "se é", para projetar no futuro quem se pretende ser. Informar-se a respeito de como se ‘’adquire’’ uma determinada profissão qual a escolaridade exigida, quais cursos preparam o profissional e qual o custo da formação. Ficar por dentro de todas as transformações que estão acontecendo na organização do trabalho em decorrência da globalização da economia e da introdução de novas tecnologias nos modos de produzir. Mas, mesmo estando bem informado, ainda assim não se chega lá. Escolher é ter que optar por uma dentre algumas possibilidades. Possibilidades essas que até podem ser igualmente atraentes, mesmo que por motivos diferentes. Assim, a escolha pressupõe a existência de dúvidas, de conflito, de modo que escolher significa, em última análise, resolução do conflito. Escolher significa, também, não só correr riscos, mas lidar com aperda. Sempre que se decide por uma escolha, também se decide o que se vai perder. Com todas essas dificuldades tanto racionais quanto emocionais não se pode negar que este tipo de escolha representa um ato de coragem. A idéia da escolha como um ato de coragem questiona concepções antigas em orientação vocacional. Contesta a noção de que haveriam "formas" preestabelecidas às quais o jovem deveria se encaixar, pois sua felicidade e seu futuro estariam em jogo caso não encontrasse o enquadre perfeito. A vocação não pode mais ser entendida como atributo inato (ou mesmo adquirido, mas cristalizado a partir de uma certa idade), que direcionaria o adolescente para determinada ocupação. Este conceito, definido pelos dicionários como "chamamento", "predestinação", hoje está sendo questionado pela realidade mutante do mercado de trabalho: cada vez mais o indivíduo deve se apresentar "poli-apto" se quiser concorrer no mercado com igualdade de condições. Cada indivíduo é único, assim como as suas capacidades, que estão em construção permanente, e por isso podem ser aperfeiçoadas e até mesmo modificadas. Ninguém nasce para determinada profissão: todos os indivíduos, a princípio, estão em condições de aprender as habilidades necessárias para qualquer profissão. Numa sociedade tecnologicamente cada vez mais complexa e mutante, e com mercado de trabalho cada vez mais competitivo, a escolha profissional não é uma tarefa fácil para o adolescente. Vencer este desafio exige do jovem uma reflexão criativa sobre o "eu no mundo" - a sua singularidade frente à realidade externa. Como educadores, não basta sermos somente fonte de informações. Como pais, não podemos mais esperar que os filhos alcancem a felicidade seguindo os nossos modelos. Só estaremos ajudando os adolescentes no intrincado desafio da escolha vocacional se respeitarmos profundamente todos os seus passos no caminho a uma escolha livre e consciente. Silvio Duarte Bock Disponível em http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/especial.asp?EditeCodigoDaPagina=1714. Acessado em 17 de maio de 2013.