Este documento descreve os principais tipos de fármacos anti-histamínicos, incluindo sua estrutura, mecanismo de ação e aplicações terapêuticas. Discute a histamina e seus receptores H1, H2 e H3, assim como as gerações de anti-histamínicos que agem nesses receptores. Também aborda anti-histamínicos tópicos e antagonistas H2 usados no tratamento de úlceras e refluxo gastroesofágico.
1. 1
FÁRMACOS
ANTI-HISTAMÍNICOS
HISTAMINA
Histamina - palavra grega para tecido (histos)
- constituinte normal do corpo (1927)
-nos tecidos(mastócitos), no sangue (basófilos)
Em solução aquosa:
HN
N
NH2
4 1
N
NH
NH2
1
3 2
4
5
Tautômeros da histamina
HISTAMINA
Formas biologicamente ativas em pH fisiológico
N
NH
+
NH3
pKa = 9, 40
+ H3O+
HN
NH
NH3
+
+
pKa =
+ H2O
5,80
> 96% ± 3%
Forma neutra ®quantidade muito pequena
forma de penetração nas membranas
No pKa dos lipídeos ácidos ( pka baixo) ® dicátion em maior
proporção
2. 2
N
RELAÇÃO ESTRUTURA-ATIVIDADE
NH
+
NH3
pKa = 9, 40
+ H3O+
HN
NH
NH3
+
+
pKa =
+ H2O
5,80
Monocátion- suficiente para atividade agonista
Protonação do anel heterocíclico não é essencial
Anel imidazólico - pode ser trocado por triazol,
tiazol e piridina, embora com menor potência
CONFORMAÇÕES EM SOLUÇÃO AQUOSA
N
N
NH3
+
H
q2
H
N
N
H
NH3
+ H
H
H H
H
q1 q1
q2
q1
q2
= 0º q1
= 0º
= 180º q2
= 60º
trans gauche
trans preferida em H1 e H2
gauche preferida em H3
LOCALIZAÇÃO DOS RECEPTORES
E EFEITOS DA HISTAMINA
H1 Þ Acoplado a proteína G. Proteína com 487 aa.
No músculo liso dos brônquios, intestino e útero
Þ broncoconstrição e edema
H2Þ Acoplado a adenilato ciclase. 359 aa. No estômago
Þ estimulação as células parietais, com
aumento na produção e secreção de ácido
H3ÞPouco conhecido. Nos neurônios
Þ auto-receptores pré-sinápticos, que mediam inibição
por feedback da liberação e síntese de histamina
Þ hetero-receptores, que controlam a liberação de
outros transmissores, principalmente no SNC
3. 3
FÁRMACOS ANTI-HISTAMÍNICOS
¨Fármacos que diminuem ou abolem as
principais ações da histamina no corpo, pela
competição com receptores H1, H2 e H3 da
histamina.
¨Eles não inibem a produção de histamina.
ANTI-HISTAMÍNICOS
H1
Utéis e eficazes no tratamento de respostas alérgicas e
inflamatórias, mediadas pela histamina, como rinite,
urticária e alergia a alimentos
H2
Reduzem secreção ácida gástrica no tratamento de
pacientes com úlcera péptica e doenças relacionadas
H3
Úteis na regulação cardiovascular, alergia e doenças
mentais.
INIBIDORES DA LIBERAÇÃO DE HISTAMINA
Atividade
broncodilatadora.
-Em asma 1o, 2o,3o
- Em conjuntivite
alérgica 4o e 5o
Inibem a liberação
de histamina, mas
não bloqueiam
seus efeitos nos
receptores
4. 4
ANTI-HISTAMÍNICOS H1
Usados no tratamento de respostas
alérgicas onde histamina é liberada
em virtude da ativação celular por
processos de hipersensibilidade
PROCESSO DE HIPERSENSIBILIZAÇÃO
FceR = receptor de alta afinidade
LIBERAÇÃO DE NEUROTRANSMISSORES
5. 5
PRIMEIRA GERAÇÃO DE ANTI-HISTAMÍNICOS H1
X
Ar
Ar
cadeia intermediária N
R1
R2
1
2
X = O forte ação s edativa
N mais ativos e mais tóxicos
CH menos ativos e menos tóxicos
cadeia intermediária = CH2CH2
Ar1 e Ar2 = aromático ou heteroaromático
R1 e R 2 = alquila
Forma trans mais ativa
¨
¨
¨
¨
¨
Interação com receptores:
-histamínicos
-colinergicos, dopaminérgicos,
serotoninérgicos
DERIVADOS DA ETILENODIAMINA
Ar
X N
Y
N CH3
CH3
CH2
Sedação é comum
OCH3
N N
N CH3
N
CH3
CH3
S
CH2
metapirileno
N N
N
CH3
CH2
CH3
tripelenamina
N N
CH3
CH2
pirilamina
N
N
CH3
CH3
CH2
fenbenzamina
DERIVADOS DA ETANOLAMINA
R2
R1 C
O
X
N
CH3
CH3
CH O
CH3
N
CH3
difenidramina
Br CH O
N
CH3
CH3
dimenidrinato
Cl CH O
N
N
CH3
CH3
carbinoxamina
Sedação,efeito anticolinérgico,
t 1/2 curta
6. 6
ALQUILAMINAS
N
N
CH3
CH3
R
N
N
CH3
CH3
feniramina
N
N
CH3
CH3
Cl clorfeniramina
N
N
CH3
CH3
Br bromofeniramina
t 1/2 longa
< efeito no SNC
S > R afinidade H1
PIPERAZINAS ANTI-HISTAMÍNICAS
N N R2
R1
R1 = H R2 = CH3
R1 = Cl R2 = CH3
ciclizina
clorciclizina
R1 = Cl R2 =
CH3
meclizina
CH3
CH3
CH3
R1 = Cl R2 = C
buclizina
Atividade
R1 = Cl R2 = CH2CH2OCH2CH2OH hidroxizina
anticolinérgica e
anti-histaminérgica
R1 = Cl R2 = CH2CH2OCH2COOH cetirizina
significantes *2a geração - menos efeitos sedativos
devido à natureza anfotérica
*
TRICÍCLICOS ANTI-HISTAMÍNICOS
cadeia
intermediária
Y
X
N
R1
R2
ANÉIS NÃO SÃO PLANARES
X = C, CH, N e tc
Y = CH2, S , O, NH, CH2O
CH2CH2, CH=CH e tc
cadeia intermediária = 2C
R1 e R 2 = CH3 ou ane l de 5 membros
(
-_ ) mais que ( + )
S
N
N
CH3
CH3
CH3
prome tazina
hipnót ico
se dativo
N
OCH3
CH3
ciproe ptadina
e fe ito an ticol iné rgico
anorexia ne rvos a
caque xia
N
N
CH3
azatidina
-Pronunciado efeito sedativo
-Longa duração de ação
7. 7
SEGUNDA GERAÇÃO DE ANTI-HISTAMÍNICOS H1
HO
C N H N N
OH
CH3
CH3
CH3
terfenadina
1o agente não s edante
arritmias cardíacas perigos as(dose alta)
Cl
O COOH
ce tirizina
lon ga d uraç ão d e aç ão
alta s e le tividade para H 1
C N COOCH2CH3
Cl
loratidina
2 a geração de tricíclicos
não sedante
H O N
O
CH3
CH3
CH3
ebastina
alta seletividade para H1
SEGUNDA GERAÇÃO DE ANTI-HISTAMÍNICOS H1
¨ Efeitos antialérgicos
¨ Sem sedação
¨ Ação antagonista periférica e seletiva em H1
¨ Menor efeito anticolinérgico
¨ Afinidade diminuída por receptores adrenérgicos e
serotoninérgicos
¨ Limitado efeito no SNC
(não penetram significativamente pela barreira
hematoencefálica devido à sua natureza anfotérica)
¨Muitos com atividade antialérgica separada da
atividade anti-histamínica, o que não é bem entendido
ANTI-HISTAMÍNICOS H1 TÓPICOS
¨Mastócitos (células produtoras de histamina) em
concentração alta na conjuntiva
¨ Histamina é importante na resposta alérgica ocular
¨ Uso Þ coceira nos olhos,congestão da conjuntiva,eritema
¨ Características dos compostos:
- pKa adequado (em pH=7,4)
- solubilidade em água (menor irritação)
- solubilidade adequada para uso tópico ocular
8. 8
ANTI-HISTAMÍNICOS H1 TÓPICOS
O
C
N
CH3
CH3
COOH
alopatadina
anti histamínico tricíclico
longa ação
início de ação rápido
seletivo para H1
COOH perda de atividade muscarínica
limitada penetração
C
N
F
CH3
N COOH
levocabastina
seletivo H1
em alergia sazonal, conjuntivite
pequena absorção
N
N
N N CH3
O CH3
emedastina
em conjuntivite
seletivo H1
N
N
N
O
Cl
CH3
azelastina
rinite alérgica (spray nasal)
asma e alergia (sistêmica)
C
S
N
CH3
cetotifeno
seletivo H1
em conjuntivite (tópico)
em rinite, alergia, asma (sistêmico)
ANTAGONISTAS H2
Diminuem secreção do ácido gástrico que
ocorre a nível de células parietais na
mucosa gástrica
SECREÇÃO ÁCIDA NAS CÉLULAS PARIETAIS
PGE - muco e bicarbonato
protegendo mucosa
Caminhos - AMPc e Ca 2+
9. 9
SITIOS DE AÇÃO DOS FÁRMACOS
ANTI-HISTAMÍNICOS H2
Antagonistas do receptor H2 inibem a
produção de ácido pela competição
reversível com histamina pelos sítios
receptores H2 na membrana basolateral
das células parietais
ANTI-HISTAMÍNICOS H2
Aplicação terapêutica
¨ No tratamento de úlcera duodenal e gástrica
¨ Doença do refluxo do gastroesofágico (GERD)
¨ Doenças de hipersensibilidade patológica
¨ Sangramento gastrintestinal
¨ Em associação no tratamento de H. pylori
¨ H1+H2 -urticária idiopática que não responde só a H1
- dermatite de contato
10. 10
REA DOS ANTI-HISTAMÍNICOS H2
N
N
R1
R2
R1 = H, CH3
R2 = CH2 S CH2CH2 NH NHCH3
¨Anel imidazólico Y
¨ substituinte em C4 (R1), metila (agonista H2 seletivo)
¨ R2 = cadeia com 4 átomos, entre eles um S, e unidade
polar não básica
¨ S maior potência que C
¨ Substituinte guanidina
¨ Y = grupo que puxa elétrons(diminui basicidade da
guanidina que então não protona em pH fisiológico
ANTI-HISTAMÍNICOS H2
HN
N
CH2
NH
NHCH3
S
CH3
burimamida
CH3 S
HN
N
NH NHCH3
NC N
cimetidina
CH3 S
HN
N
NH NHCH3
S
metiamida
HN
N
X
NH NHCH3
R
Y
- metabolismo de 1o passo
- biodisponibilidade oral de 50%
ANTI-HISTAMÍNICOS H2
S
NH NHCH3
Ar
CH NO2
troca de imidazol por outro anel
(fármacos úteis)
troca de aminociano por nitrometileno
(aumento da potência)
N
N S
famotidina
NH2
NH2 S
H2N N SO2NH2
CH3
CH3
O
NO2
S S NH NHCH3
N N
CH NO2
nizatidina
S
N
CH3
CH3
ranitidina
NH NH
- mais potente, mais usada
- metabolismo de 1o passo
- biodisponibilidade oral de 50%
- metabolismo de 1o passo -
biodisponibilidade oral de 50%
- 90% metabolizada
- t 1/2 1,5 - 4 horas (ação curta)
11. 11
EFEITOS ADVERSOS NOS ANTI-HISTAMÍNICOS H2
Mais comuns (< 3 %)
Diarréia, dor de cabeça, sonolência, fadiga, dor
muscular, constipação
Menos comuns
-SNC - confusão, delírio, halucinação (em ¯ função renal)
- Ginecomastia em homens
- Galactorréia em mulheres
- ¯ Conteúdo do esperma e impotência reversível
- Atravessam placenta e são excretados no leite
- Cimetidina ( com anel imidazólico) inibe citocromo
P450 e altera metabolismo e concentração de fármacos
ANTI-HISTAMÍNICOS H3
Receptores H3
Auto receptores
Controlam síntese e liberação de histamina
pré-sinápticamente
Hetero receptores
Controlam a liberação de outros transmissores,
principalmente no SNC
AGONISTAS H3
HN
N
NH2
CH3
R- alfa-metilhistamina
(o mais potente)
HN
N
S NH2
NH
Imetil
HN N
CH2 NH2
NH
SKF 91606
HN
N
NH
Imepipa
12. 12
ANTAGONISTAS H3
HN N
NH
S NH
Cl
clobenpropit
HN
N
CH3
S
NH
NH
N
N
impromidina
HN
N
S
N NH
tioperamida
HN
N
O
N C (CH2)4
GT- 2016
¨ semelhança com anti-histamínicos H2
¨retêm grupo imidazol, mas substituintes variados
APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS DOS ANTI - H3
¨Na asma Þ redução da neurotransmissão não-adrenérgica,
não colinérgica e colinérgica e relaxamento
das vias aéreas
¨ Na isquemia do miocárdioÞ ¯ excessiva liberação de
norepinefrina
¨ Antidiarréico
¨ Tratamento de úlceras Þ diminui secreção gástrica
¨ No SNC Þ regulam vigília
¨ Na epilepsia Þ alta densidade de H1
¨ Outras desordens do SNC Þ regula liberação de
neurotransmissores