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1
Espiritismo estudado
semeando conhecimento iluminativo; estimulando
a prática incondicional do bem; enaltecendo Jesus
descortinando novos horizontes
às criaturas humanasEspíritas
Resenha de Estudos
especialmente ao principiante espírita
SÉRIE
o celeste
roteiro
3outubro 2013
2 3
Jesus é o Caminho, a Verdade e a
Vida. Sua luz imperecível brilha so-
bre os milênios terrestres, como o Ver-
bo do princípio, penetrando o mundo,
há quase vinte séculos.
	 Lutas sanguinárias, guerras de
extermínio, calamidades sociais não lhe
modificaram um til nas palavras que se
atualizam, cada vez mais, com a evolu-
ção multiforme da Terra. Tempestades
de sangue e lágrimas nada mais fizeram
que avivar-lhes a grandeza. Entretanto,
sempre tardios no aproveitamento das
oportunidades preciosas, muitas vezes,
no curso das existências renovadas, te-
O CELESTE
Roteiro
Resenha de Estudos Espíritas
nº33 de outubro de 2013
Unidade em
estudo: Eu sou o Caminho
tema:
abordagem:
parte 2:
título desta edição:
Jesus, nosso Modelo e Guia
objetivo do tema
abordado:
observação:
O Celeste Roteiro
A Verdade
A Verdade que Liberta
O objetivo do tema é enaltecer a figura de Jesus
e sua presença em nossas vidas, como expressão
de esperança e consolo, relacionando o Espiritismo
com a Sua mensagem, por ser ela a essência da
Doutrina Espírita.
Além das Notas de Referência para as citações
contidas no texto de abordagem do assunto,
ao final seguem referências bibliográficas, que
recomendamos sejam lidas e estudadas, pois
ali se encontra conhecimento que irá dar maior
substância ao que ora nos dispomos aprender.
A VERDADE QUE LIBERTA
Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem
ao Pai, senão por mim.” (João 14 : 6)
INTERPRETAÇÃO
DOS
textos
Sagrados
4 5
vencer no Caminho, para adquirir a Verdade e
a Vida na significação integral.
	 Compreendemos o respeito devido ao
Cristo, mas, pela própria exemplificação do
Mestre, sabemos que o labor do aprendiz fiel
constitui-se de adoração e trabalho, de ora-
ção e esforço próprio.
	 Quanto ao mais, consola-nos reconhe-
cer que os Textos Sagrados são dádivas do
Pai a todos os seus filhos e, por isso mesmo,
aqui nos reportamos às palavras sábias de
Simão Pedro: “Sabendo primeiramente isto:
que nenhuma profecia da Escritura é de parti-
cular interpretação.”
Emmanuel1
***
1	 XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito
Emmanuel. Rio de Janeiro, RJ: Feb, 1998. Cap.: Interpretação de textos sa-
grados, p. 13-15.
mos desprezado o Caminho, indiferentes ante
os patrimônios da Verdade e da Vida.
	 O Senhor, contudo, nunca nos deixou de-
samparados.
	 Cada dia, reforma os títulos de tolerância
para com as nossas dívidas; todavia, é de nos-
so próprio interesse levantar o padrão da von-
tade, estabelecer disciplinas para uso pessoal e
reeducar a nós mesmos, ao contato do Mestre
Divino. Ele é o Amigo Generoso, mas tantas
vezes lhe olvidamos o conselho que somos sus-
cetíveis de atingir obscuras zonas de adiamento
indefinível de nossa iluminação interior para a
vida eterna.
	(...)
	 O Evangelho não se reduz a breviário para
o genuflexório. É roteiro imprescindível para
a legislação e administração, para o serviço e
para a obediência. O Cristo não estabelece li-
nhas divisórias entre o templo e a oficina. Toda
a Terra é seu altar de oração e seu campo de
trabalho, ao mesmo tempo. Por louvá-lo nas
igrejas e menoscabá-lo nas ruas é que temos
naufragado mil vezes, por nossa própria culpa.
Todos os lugares, portanto, podem ser consa-
grados ao serviço divino.
	 Muitos discípulos, nas várias escolas cris-
tãs, entregaram-se a perquirições teológicas,
transformando os ensinos do Senhor em relí-
quia morta dos altares de pedra; no entanto,
espera o Cristo venhamos todos a converter-lhe
o evangelho de Amor e Sabedoria em compa-
nheiro da prece, em livro escolar no aprendiza-
do de cada dia, em fonte inspiradora de nossas
mais humildes ações no trabalho comum e em
código de boas maneiras no intercâmbio frater-
nal. Embora esclareça nossos singelos objeti-
vos, noto, antecipadamente, ampla perplexida-
de nesse ou naquele grupo de crentes.
	 Que fazer? Temos imensas distâncias a
6 7
	 Em linhas gerais, o panorama atu-
al do mundo, e desde há muito, diga-se
logo, é como aqui nos descreve a Ben-
feitora Espiritual Joanna de Ângelis2
:
	 Volúpia do prazer domina as mas-
sas, e as criaturas ansiosas tumultuam-
-se e agridem-se, precipitando-se iner-
mes nos gozos exaustivos sem que
saciem os desejos.
	 A onda de vulgaridade se avolu-
ma e ameaça levar de roldão as cons-
truções enobrecedoras da sociedade.
	 Uma violenta quebra de valores
favorece o receio da experiência honra-
da, abrindo espaço para o campeonato
da insensatez e do crime.
	 A mudança de comportamento
moral altera a escala do discernimento,
ombreado com a sordidez e a promis-
cuidade.
	 Nesse sentido, há um receio pela
eleição da existência saudável, da con-
duta moral.
2	 FRANCO, Divaldo P. Momentos de consciência. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal, 1992. Cap.: Mo-
mentos de consciência, p. 9-11.
	 O exótico e agressivo substituem
o belo e o pacífico, dificultando o dis-
cernimento em torno do real e do ima-
ginário, do justo e do ignóbil.
	 Há carência de grandeza, de
amor, de abnegação, nestes momentos
da terra.
	 As grandes nações encontram-se
conturbadas e os seus membros aturdi-
dos.
	 Os povos de médio desenvolvi-
mento apresentam-se ansiosos, insegu-
ros.
	 Os países em crescimento, viti-
mados pela miséria econômica, experi-
mentam a fome, as doenças calamito-
sas, o desemprego, a loucura, que se
generalizam.
	 Em todos eles, no entanto, so-
bressaem a violência, a luxúria e a dis-
solução dos costumes.
	 A criatura agoniada, todavia, bus-
ca outros rumos de afirmação.
Está, porém, em a natureza humana, a
necessidade da paz e o anelo pelo bem-
-estar.
	 Essa busca surge nos momentos
de consciência, quando descobre as
necessidades legítimas e sabe distin-
gui-las no meio dos despautérios, do
supérfluo e da desilusão.
	 A Verdade que liberta, como aqui
tratada, vem proposta por Jesus e não
tem conotações religiosas.
	 O Espírito Emmanuel nos fala a
esse respeito.
	 Vivemos as circunstâncias do
momento, quase que totalmente base-
ados em nossos pontos de vista e na
satisfação de nossos interesses imedia-
tos, que dizem respeito, geralmente, a
questões triviais do dia-a-dia.
	 A visão da vida e do mundo é
aquela que os outros nos passam, e as
aceitamos como nossas verdades pes-
soais sem nos determos em maiores
análises a respeito.
“Conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará.” - Jesus. (João 8:32)
Dentre os vários conceitos de Ver-
dade, selecionamos que Verdade é
“aquilo que corresponde à realidade”,
no dizer do dicionarista Aurélio Buarque
de Holanda Ferreira.
	 Precisamos convir que são raríssi-
mos os que buscamos a realidade efeti-
va da vida, sob o ângulo das razões do
existir.
erdade
V
examinando a
8 9
Apalavra do Mestre é clara e segura.
	 Não seremos libertados pelos “as-
pectos da verdade” ou pelas “verdades
provisórias” de que sejamos detentores
no círculo das afirmações apaixonadas
a que nos inclinemos.
	 Muitos, em política, filosofia, ci-
ência e religião, se afeiçoam a certos
ângulos da verdade e transformam a
própria vida numa trincheira de luta de-
sesperada, a pretexto de defendê-la,
quando não passam de prisioneiros do
“ponto de vista”.
	 Muitos aceitam a verdade, esten-
dem-lhe as lições, advogam-lhe a causa
e proclamam-lhe os méritos, entretan-
to, a verdade libertadora é aquela que
conhecemos na atividade incessante do
Eterno Bem. Penetrá-la é compreender
as obrigações que nos competem.
	 Discerni-la é renovar o próprio
entendimento e converter a existência
num campo de responsabilidade para
com o melhor.
	 Só existe verdadeira liberdade na
submissão ao dever fielmente cumpri-
do.
	 Conhecer, portanto, a verdade é
perceber o sentido da vida.
	 E perceber o sentido da vida é
crescer em serviço e burilamento cons-
tantes.3
***
3	 XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo Espírito Emma-
nuel. 24ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2000. Cap.: Ante a luz da
verdade, p. 385-386
Liberdade é a possibilidade de agir conforme a própria vontade, mas dentro dos limites
da lei e das normas racionais socialmente aceitas.
	 Liberdade não é, portanto, poder fazer o que bem entende, mas sim o que é devi-
do.
	 O Apóstolo Paulo afirmou: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as
coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por
nenhuma”.4
	 Joanna de Ângelis, veneranda Benfeitora, fala-nos com muita propriedade a res-
peito da liberdade5
:
	 Ardorosos propagandistas da liberdade ateiam o fogo da revolução, propondo a
destruição dos impositivos escravagistas, fomentando lamentáveis guerras de extermí-
nio, em cujos campos juncados de cadáveres são hasteadas as bandeiras dos “direitos
dos homens”.
4	 I Coríntios 6:12
5	 FRANCO, Divaldo P. Otimismo. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal, 1983. Cap.: Considerando a liberdade, p. 35-37.
	 Sinceros lidadores do bem, apieda-
dos da situação dos escravos submetidos
a hediondo jugo, por preconceito de cor,
de raça, de religião, estimulam os ideais
de liberdade, arrojando fora as cangas
impiedosas da dominação arbitrária, mui-
tas vezes doando a própria vida em favor
da causa que abraçam.
	 Diplomatas infatigáveis exaurem-se
em tentativas de acordos pacíficos, lutan-
do tenazmente para arrancar da servidão
povos minoritários e nações esfaceladas
pelas lutas intestinas ou alienígenas, res-
taurando-lhes a liberdade.
	 Economistas cuidadosos e sociólo-
gos abnegados trabalham afanosamente,
a respeito da
iberdadeL
10 11
conquistando para os diversos povos
da Terra a liberdade através do equilí-
brio da balança financeira internacional,
que ainda padece de monopólios infeli-
zes.
	 Sanitaristas e profissionais da
saúde mergulham nos laboratórios de
pesquisa, buscando debelar as causas
matrizes das doenças que dizimam mul-
tidões, oferecendo-lhes a liberdade de
movimento e equilíbrio, na conjuntura
carnal.
	 A liberdade real, no entanto,
transcende aos fatores e circunstâncias
ambientais.
	 Com sabedoria ensinou o Mestre:
— “Buscai a verdade e a verdade vos
libertará.”
	 Somente a perfeita identificação
da criatura com o Criador concede-lhe
a liberdade plena.
	 Nos países civilizados, onde os
ideais da liberdade levantaram respeitá-
veis estados democráticos, pululam os
escravos das ambições inferiores que
menoscabam os direitos do próximo
e promovem métodos de abomináveis
dependências; transitam pelas imensas
avenidas do Orbe os dependentes das
drogas sob estigmas cruéis; movimen-
tam-se milhões de submissos à sexuali-
dade tresvariada, em estados desespe-
radores; multiplicam-se os dependentes
de viciações várias a que se entregam,
em marcha inexorável para o suicídio
ou a loucura...
	 Prisioneiros das necessidades dis-
solventes não fruem das liberdades hu-
manas, antes, delas se utilizam, para
mais vitalizarem os caprichos e os con-
dicionamentos a que se jugulam, em
alucinadas buscas do prazer extenuan-
te.
	 Respeita os heróis de todos os po-
vos, que libertaram as pátrias da subju-
gação externa, sacrificando-se pelo ide-
al que abraçavam.
	 Luta, no entanto, pela libertação
interior dos algozes que residem no teu
mundo íntimo, vencendo com cruelda-
de os teus propósitos superiores.
	 Livre é todo aquele que ama, ser-
ve e crê, não se impondo a ninguém e
porfiando no combate da luz contra a
treva que tenta obstaculizar a verdade
que liberta para sempre.
	 ...E se for necessário dar a vida
física, sob qual condição seja, para que
a mensagem do Senhor atinja as criatu-
ras do teu caminho, alegra-te e doa-a,
porquanto morrendo, nascerás para a
vida plena e livre.
***
Na feliz afirmativa de Emmanuel, Es-
pírito, “conhecer, portanto, a ver-
dade é perceber o sentido da vida”,
encontramos o objetivo superior para a
existência.
	 O momento em que redescobri-
mos o Norte da nossa Vida, deve re-
vestir-se do mesmo significado e impor-
tância quando um andante por algum
deserto, sedento e faminto, encontra o
caminho que o levará à um oásis, rico
de água, tâmaras e sombra refrescante.
Fica sabendo que o seu objetivo está
logo mais ali adiante. Para alcançá-lo
bastará um pouco mais de esforço e
persistência, seguindo adiante, com a
diferença de que, agora, vê-se reanima-
do em suas forças, por saber onde e
como chegar. O quando chegar fica por
nossa conta, sempre.
	 E o significado essencial da vida
também vem explicado pelo Espírito
Joanna de Ângelis6
:
	 Na grande mole humana, cada
pessoa dá, à vida, um significado espe-
cial.
	 Esta objetiva a aquisição da cultu-
ra; essa busca o destaque social; aque-
la anela pela fortuna; estoutra demanda
o patamar da glória...
6	 FRANCO, Divaldo P. Momentos de Meditação.
Pelo Espírito de Joanna de Angelis. Salvador, BA, Livraria
Espírita Alvorada, 1988, cap. 11. p. 74-77.
idaVo significado
da
12 13
	 Uma quer a projeção pessoal; ou-
tra anseia pela construção de uma fa-
mília ditosa, cada qual empenhando-se
mais afanosamente para atingir o que
estabelece como condição de meta es-
sencial.
	 Tal planificação, que varia de in-
divíduo, termina por estimular à luta, à
competição insana, ao desespero.
	 Conseguido, porém, o que signifi-
cou como ideal, ou reprograma o desti-
no ou tomba em frustração, descobrin-
do-se irrealizado ou vítima de saturação
do que haja conseguido sem plenificar-
-se interiormente.
	 A vida, entretanto, possui um sig-
nificado especial, que reside no auto-
descobrimento do homem, que passa a
valorizar o que é ou não importante no
seu peregrinar evolutivo.
	 Este desafio se torna individual,
unindo, sem embargo, no futuro, os
seres numa única família, que entrela-
ça os ideais em sintonia perfeita com a
energia que emana de Deus e é o élan
vitalizador da vida.
	 Os meios da tua sobrevivência or-
gânica emulam-te para avançar ao en-
contro da finalidade da existência.
	 O azeite sustenta a chama, porém
a finalidade desta não é crepitar, mas
derramar luz e aquecer.
	 Enquanto não te empenhes, real-
mente, na busca da tua realidade espi-
ritual, seguirás inseguro, instável, sem
plena satisfação.
	 Todas as aquisições que exaltam
o ego terminam por entediar.
	 A maneira mais eficiente para o
cometimento do real significado da
vida, é a experiência do amor.
	 Amor que doa e liberta.
	 Amor que renuncia e faz feliz.
	 Amor que edifica, espalhando es-
perança e bênçãos.
	 Amor que sustenta vidas e favo-
rece ideais de enobrecimento.
	 Amor que apazigua quem o sente
e dulcifica aquele a quem se doa.
	 O amor é conquista muito pessoal
que necessita do combustível da disci-
plina mental e da ternura do sentimento
para expandir-se.
	 O significado essencial da vida re-
pousa, pois, no esforço que cada cria-
tura deve encetar para anular as pai-
xões dissolventes, colocando nos seus
espaços emocionais o divino hálito, o
amor que se origina em Deus.
***
a
avernaCPLATÃO
14 15
AVerdade, enquanto alcançada, le-
va-nos, no mesmo passo, ao nosso
autodescobrimento, pois não se trata
de descobrir o mundo, as coisas, mas
descobrir-nos a nós mesmos, o próxi-
mo e Deus.
	 O meio mais eficaz para nos me-
lhorarmos nesta vida e resistirmos às
solicitações do mal, nos foi ensinado
por um sábio da antiguidade: Conhece-
-te a ti mesmo. Ensino que encontra-
mos em O Livro dos Espíritos, questão
919.
	 É o voltar-se à luz, e com tal cla-
ridade encontrar novo mundo, que ali
sempre esteve, mas não era para nós
identificado. Algo como o que foi trata-
do no Mito da Caverna.
	 O Mito da Caverna, narrado por
Platão no livro VII da obra República é,
talvez, um das mais poderosas metáfo-
ras imaginadas pela filosofia, em qual-
quer tempo, para descrever a situação
geral em que se encontra a humanida-
de. Para o filósofo todos nós estamos
condenados a ver sombras a nossa
frente e tomá-las como verdadeiras.
	 Esta crítica à condição dos ho-
mens, escrita há quase 2500 anos
atrás, inspirou e ainda inspira inúmeras
reflexões pelos tempos a fora. A mais
recente delas encontra-se no livro de
José Saramago: A Caverna.
	 Platão viu a maioria da humanida-
de condenada a uma infeliz condição.
Imaginou (no Livro VII de A República,
um diálogo escrito entre 380-370 a.C.)
todos presos desde a infância no fundo
de uma caverna, imobilizados, obriga-
dos pelas correntes que os atavam a
olharem sempre a parede em frente.
	 O que veriam então? Supondo a
seguir que existissem algumas pesso-
as, uns prisioneiros, carregando para lá
para cá, sobre suas cabeças, estatuetas
de homens, de animais, vasos, bacias e
outros vasilhames, por detrás do muro
onde os demais estavam encadeados,
havendo ainda uma escassa iluminação
vindo do fundo do subterrâneo, disse
que os habitantes daquele triste lugar
só poderiam enxergar o bruxuleio das
sombras daqueles objetos, surgindo e
se desafazendo diante deles.
	
	 Era assim que viviam os homens,
concluiu ele. Acreditavam que as ima-
gens fantasmagóricas que apareciam
aos seus olhos (que Platão chama de
ídolos) eram verdadeiras, tomando o
espectro pela realidade. A sua existên-
cia era pois inteiramente dominada pela
ignorância (agnóia).
	 Se por um acaso, segue Platão na
sua narrativa, alguém resolvesse liber-
tar um daqueles pobres diabos da sua
pesarosa ignorância e o levasse ainda
que arrastado para longe daquela ca-
verna, o que poderia então suceder-
-lhe? Num primeiro momento, chegan-
do do lado de fora, ele nada enxergaria,
ofuscado pela extrema luminosidade do
exuberante Hélio, o Sol, que tudo pode,
que tudo provê e vê.
	 Mas, depois, aclimatado, ele iria
desvendando aos poucos, como se fos-
se alguém que lentamente recuperasse
a visão, as manchas, as imagens, e, fi-
nalmente, uma infinidade outra de obje-
tos maravilhosos que o cercavam. As-
sim, ainda estupefato, ele se depararia
com a existência de um outro mundo,
totalmente oposto ao do subterrâneo
em que fôra criado.
	 O universo da ciência (gnose) e o
do conhecimento (espiteme), por intei-
ro, se escancarava perante ele, poden-
do então vislumbrar e embevecer-se
com o mundo das formas perfeitas.
	 Com essa metáfora – o tão justa-
mente famoso Mito da Caverna - Platão
quis mostrar muitas coisas. Uma delas
é que é sempre doloroso chegar-se ao
conhecimento, tendo-se que percorrer
caminhos bem definidos para alcançá-
-lo, pois romper com a inércia da ig-
norância (agnosis) requer sacrifícios.
A primeira etapa a ser atingida é a da
opinião (doxa) quando o indivíduo que
ergueu-se das profundezas da caverna
tem o seu primeiro contanto com as no-
vas e imprecisas imagens exteriores.
	 Neste primeiro instante ele não as
consegue captar na totalidade, vendo
apenas algo impressionista flutuar à sua
frente. No momento seguinte, porém,
persistindo em seu olhar inquisidor, ele
finalmente poderá ver o objeto na sua
integralidade, com os seus perfis bem
definidos.
	 Ai então ele atingirá o conheci-
mento (episteme). Esta busca não se li-
mita a descobrir a verdade dos objetos,
mas algo bem mais superior: chegar à
contemplação das ideias morais que re-
gem a sociedade - o bem (agathón) , o
belo (tokalón) e a justiça (dikaiosyne).
***
16 17
OEspiritismo vem levantar o véu re-
velador da realidade espiritual do
ser, demonstrando-nos que somos Es-
píritos, cuja vida antecede o berço e su-
cede o túmulo, num caminhar contínuo
pela senda evolutiva, rumo ao alcance
da felicidade plena.
	 Os que sintonizamos com a Dou-
trina Espírita temos a excelente oportu-
nidade de não somente o “saber como”,
mas também o “saber para que”.
	 O conhecimento da imortalidade
conscientiza o ser para um comporta-
mento ético elevado em relação ao seu
próximo, tudo lhe fazendo conforme o
padrão que lhe constitui ideal e que,
por sua vez, gostaria de receber.
	 Nesse sentimento de solidarieda-
de se encontra a meta desafiadora que
deve alcançar no processo evolutivo e
de autoiluminação.
	 Todo um esquema de projetos
para tornar realidade se apresenta a
partir do momento em que a sua exis-
tência física adquire sentido, significa-
do e finalidade, que não se interrompem
com a morte orgânica, no seu incessan-
te fenômeno de transformações mole-
culares.
	 A visão imortalista enseja uma di-
latação de objetos em relação à vida,
pois que, logrado um patamar de valo-
res e realizações, outro surge atraente,
propiciando novos esforços que facul-
tam o contínuo crescimento intelecto-
-moral do candidato decidido.
	 Questões e circunstâncias afli-
gentes, que se apresentam no contexto
social como relevantes e que respon-
dem por incontáveis conflitos gerado-
res de infelicidade cedem espaço a le-
gítimas aspirações de plenitude, que se
colocam acima das questiúnculas cuja
importância é-lhes atribuída, em razão
de não passarem de frivolidades, des-
perdícios de tempo e de emoção. Isto
porque, a certeza da causalidade divina
e da sua justiça faculta uma real cons-
cientização de conteúdos em favor do
próprio futuro, que tem começo desde
então.
	 O conhecimento, portanto, racio-
nal, lógico e emocional, sobre Deus,
sobrevivência e função do amor ao pró-
ximo, conscientiza o ser a respeito da
sua humanidade e da destinação glorio-
sa que logrará no futuro.7
***
7	 FRANCO, Divaldo P. Momentos de consciência. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal, 1992. Cap.: Co-
nhecimento e consciência, p. 22-23.
xistenciaisEnovos
valores
18 19
Nas páginas de abertura do livro Li-
bertação8
, Emmanuel, Espírito, es-
creveu através do médium Francisco
Cândido Xavier – Chico Xavier -, re-
lembrando antiga lenda egípcia, que
demonstra-nos o grau de resistência
que guardamos para com os conheci-
mentos novos, notadamente quando
tais conhecimentos nos convidam a
mudanças comportamentais, qual a de
que somos seres imortais, alterando
nossa zona de conforto. Vale a pena
conhecer:
	 Ante as portas livres de acesso
ao trabalho cristão e ao conhecimento
salutar que André Luiz vai desvelando,
recordamos prazerosamente a antiga
lenda egípcia do peixinho vermelho.
	 No centro de formoso jardim, ha-
via grande lago, adornado de ladrilhos
azul-turquesa.
	 Alimentado por diminuto canal de
pedra, escoava suas águas, do outro
lado, através de grade muito estreita.
	 Nesse reduto acolhedor, vivia
toda uma comunidade de peixes, a se
refestelarem, nédios e satisfeitos, em
complicadas locas, frescas e sombrias.
Elegeram um dos concidadãos de bar-
batanas para os encargos de rei, e ali
viviam plenamente despreocupados,
entre a gula e a preguiça.
	 Junto deles, porém, havia um pei-
xinho vermelho, menosprezado de to-
dos.
	 Não conseguia pescar a mais leve
larva, nem refugiar-se nos nichos bar-
rentos.
8	 XAVIER, Francisco, C. Libertação. Pelo Espírito André
Luiz. 7.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1978, p. 7-11.
	 Os outros, vorazes e gordalhudos,
arrebatavam para si todas as formas lar-
várias e ocupavam, displicentes, todos
os lugares consagrados ao descanso.
	 O peixinho vermelho que nadasse
e sofresse. Por isso mesmo era visto,
em correria constante, perseguido pela
canícula ou atormentado de fome.
	 Não encontrando pouso no vas-
tíssimo domicílio, o pobrezinho não
dispunha de tempo para muito lazer e
começou a estudar com bastante inte-
resse.
	 Fêz o inventário de todos os ladri-
lhos que enfeitavam as bordas do poço,
arrolou todos os buracos nele existen-
tes e sabia, com precisão, onde se reu-
niria maior massa de lama por ocasião
de aguaceiros.
	 Depois de muito tempo, à custa
de longas perquirições, encontrou a
grade do escoadouro.
	 A frente da imprevista oportu-
nidade de aventura benéfica, refletiu
consigo:
	 — “Não será melhor pesquisar a
vida e conhecer outros rumos?”
	 Optou pela mudança.
	 Apesar de macérrimo pela abs-
tenção completa de qualquer conforto,
perdeu várias escamas, com grande so-
frimento, a fim de atravessar a passa-
gem estreitíssima.
	 Pronunciando votos renovadores,
avançou, otimista, pelo rego d’água,
encantado com as novas paisagens, ri-
cas de flores e sol que o defrontavam,
e seguiu, embriagado de esperança ...
	 Em breve, alcançou grande rio e
fêz inúmeros conhecimentos.
	 Encontrou peixes de muitas famí-
lias diferentes, que com ele simpatiza-
ram, Instruindo-o quanto aos percalços
da marcha e descortinando-lhe mais fá-
cil roteiro.
	 Embevecido, contemplou nas
margens homens e animais, embarca-
ções e pontes, palácios e veículos, ca-
banas e arvoredo.
	 Habituado com o pouco, vivia
com extrema simplicidade, jamais per-
dendo a leveza e a agilidade naturais.
	 Conseguiu, desse modo, atingir o
oceano, ébrio de novidade e sedento de
estudo.
	 De início, porém, fascinado pela
paixão de observar, aproximou-se de
uma baleia para quem toda a água do
lago em que vivera não seria mais que
diminuta ração; impressionado com o
espetáculo, abeirou-se dela mais que
devia e foi tragado com os elementos
que lhe constituíam a primeira refeição
diária.
a lenda
eixinhoP
do
Vermelho
20 21
	 Em apuros, o peixinho aflito orou
ao Deus dos Peixes, rogando proteção
no bojo do monstro e, não obstante as
trevas em que pedia salvamento, sua
prece foi ouvida, porque o valente ce-
táceo começou a soluçar e vomitou,
restituindo-o às correntes marinhas.
	 O pequeno viajante, agradecido e
feliz, procurou companhias simpáticas
e aprendeu a evitar os perigos e tenta-
ções.
	 Plenamente transformado em
suas concepções do mundo, passou a
reparar as infinitas riquezas da vida.
	 Encontrou plantas luminosas, ani-
mais estranhos, estrelas móveis e flores
diferentes no seio das águas. Sobretu-
do, descobriu a existência de muitos
peixinhos, estudiosos e delgados tanto
quanto ele, junto dos quais se sentia
maravilhosamente feliz.
	 Vivia, agora, sorridente e calmo,
no Palácio de Coral que elegera, com
centenas de amigos, para residência di-
tosa, quando, ao se referir ao seu co-
meço laborioso, veio a saber que so-
mente no mar as criaturas aquáticas
dispunham de mais sólida garantia, de
vez que, quando o estio se fizesse mais
arrasador, as águas de outra altitude
continuariam a correr para o oceano.
	 O peixinho pensou, pensou... e
sentindo imensa compaixão daqueles
com quem convivera na infância, deli-
berou consagrar-se à obra do progresso
e salvação deles.
	 Não seria justo regressar e anun-
ciar-lhes a verdade? Não seria nobre
ampará-los, prestando-lhes a tempo va-
liosas informações? Não hesitou.
	 Fortalecido pela generosidade de
irmãos benfeitores que com ele viviam
no Palácio de Coral, empreendeu com-
prida viagem de volta.
	 Tornou ao rio, do rio dirigiu-se aos
regatos e dos regatos se encaminhou
para os canaizinhos que o conduziram
ao primitivo lar.
	 Esbelto e satisfeito como sempre,
pela vida de estudo e serviço a que se
devotava, varou a grade e procurou, an-
siosamente, os velhos companheiros.
	 Estimulado pela proeza de amor
que efetuava, supôs que o seu regresso
causasse surpresa e entusiasmo gerais.
	
	 Certo, a coletividade inteira lhe
celebraria o feito, mas depressa verifi-
cou que ninguém se mexia.
	 Todos os peixes continuavam pe-
sados e ociosos, repimpados nos mes-
mos ninhos lodacentos, protegidos por
flores de lótus, de onde saiam apenas
para disputar larvas, moscas ou minho-
cas desprezíveis.
	 Gritou que voltara a casa, mas
não houve quem lhe prestasse atenção,
porquanto ninguém, ali, havia dado pela
ausência dele.
	 Ridicularizado, procurou, então, o
rei de guelras enormes e comunicou-lhe
a reveladora aventura.
	 O soberano, algo entorpecido pela
mania de grandeza, reuniu o povo e per-
mitiu que o mensageiro se explicasse.
	 O benfeitor desprezado, valendo-
-se do ensejo, esclareceu, com ênfase,
que havia outro mundo liquido, glorioso
e sem fim. Aquele poço era uma insigni-
ficância que podia desaparecer, de mo-
mento para outro. Além do escoadouro
próximo desdobravam-se outra vida e
outra experiência. Lá fora, corriam re-
gatos ornados de flores, rios caudalo-
sos repletos de seres diferentes e, por
fim, o mar, onde a vida aparece cada
vez mais rica e mais surpreendente.
	 Descreveu o serviço de tainhas e
salmões, de trutas e esqualos. Deu no-
tícias do peixe-lua, do peixe-coelho e
do galo-do-mar. Contou que vira o céu
repleto de astros sublimes e que desco-
brira árvores gigantescas, barcos imen-
sos, cidades praieiras, monstros temí-
veis, jardins submersos, estrelas do
oceano e ofereceu-se para conduzi-los
ao Palácio de Coral, onde viveriam to-
dos, prósperos e tranquilos. Finalmente
os informou de que semelhante felicida-
de, porém, tinha igualmente seu preço.
Deveriam todos emagrecer, convenien-
temente, abstendo-se de devorar tanta
larva e tanto verme nas locas escuras e
aprendendo a trabalhar e estudar tanto
quanto era necessário à venturosa jor-
nada.
22 23
	 Assim que terminou, gargalhadas
estridentes coroaram-lhe a preleção.
	 Ninguém acreditou nele.
	 Alguns oradores tomaram a pala-
vra e afirmaram, solenes, que o peixi-
nho vermelho delirava, que outra vida
além do poço era francamente impossí-
vel, que aquela história de riachos, rios
e oceanos era mera fantasia de cérebro
demente e alguns chegaram a declarar
que falavam em nome do Deus dos Pei-
xes, que trazia os olhos voltados para
eles unicamente.
	 O soberano da comunidade, para
melhor ironizar o peixinho, dirigiu-se em
companhia dele até à grade de escoa-
mento e, tentando, de longe, a traves-
sia, exclamou, borbulhante:
	 — “Não vês que não cabe aqui
nem uma só de minhas barbatanas?
Grande tolo! vai-te daqui! não nos per-
turbes o bem-estar... Nosso lago é o
centro do Universo... Ninguém possui
vida igual à nossa! ...
	 Expulso a golpes de sarcasmo, o
peixinho realizou a viagem de retorno e
instalou-se, em definitivo, no Palácio de
Coral, aguardando o tempo.
	 Depois de alguns anos, apareceu
pavorosa e devastadora seca.
	 As águas desceram de nível. E o
poço onde viviam os peixes pachorren-
tos e vaidosos esvaziou-se, compelindo
a comunidade inteira a perecer, atolada
na lama...
***
Podemos e devemos começar hoje
a repensar valores existenciais e a
modificar posturas comportamentais,
e, com determinação, trabalharmos
pela nossa reforma moral íntima, ilumi-
nando-nos com a Verdade que Liberta.
	 Allan Kardec, em O Livro dos Es-
píritos, questão 918, apresenta-nos
resposta dos Espíritos das Luzes:
	 Por que indícios se pode reconhe-
cer em um homem o progresso real que
lhe elevará o Espírito na hierarquia espí-
rita?
	 “O espírito prova a sua elevação,
quando todos os atos de sua vida cor-
poral representam a prática da lei de
Deus e quando antecipadamente com-
preende a vida espiritual.”
	 E Emmanuel9
nos diz:
Eis por que para nós outros, que su-
pomos trazer o coração acordado para
a responsabilidade de viver, Espiritis-
mo não expressa simples convicção de
imortalidade: é clima de serviço e edifi-
cação.
	 Não adianta guardar a certeza na
sobrevivência da alma, além da morte,
sem o preparo terrestre na direção da
vida espiritual. E nesse esforço de ha-
9	 XAVIER, Francisco, C. Pão nosso. Pelo Espírito Emma-
nuel. 18.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999, Cap.: No serviço cristão.
p.12.
bilitação, não dispomos de outro guia
mais sábio e mais amoroso que o Cris-
to.
	 Somente à luz de suas lições su-
blimes, é possível reajustar o caminho,
renovar a mente e purificar o coração.
	 Nem tudo o que é admirável é di-
vino.
	 Nem tudo o que é grande é res-
peitável.
	 Nem tudo o que é belo é santo.
	 Nem tudo o que é agradável é útil.
	 O problema não é apenas de sa-
Hoje
é o momento
24 25
ber. É o de reformar-se cada um para a
extensão do bem.
	
	 Afeiçoemo-nos, pois, ao Evange-
lho sentido e vivido, compreendendo o
imperativo de nossa iluminação interior,
porque, segundo a palavra oportuna
e sábia do Apóstolo, “todos devemos
comparecer ante o tribunal do Cristo,
a fim de recebermos, de acordo com
o que realizamos, estando no corpo, o
bem ou o mal”.
	 Conhecimento não aplicado é in-
formação que ignora a finalidade.
	 Fala-nos Mahatma Gandhi: Se
queremos progredir, não devemos re-
petir a história, mas fazer uma história
nova.
	 Em momento algum se falou ser
fácil a tarefa da renovação moral, se-
guindo até alcançar a Verdade que Li-
berta. Também não se falou ser impos-
sível.
	 O que precisamos é dar o primeiro
passo, e mais um e mais outro, e as-
sim por diante. Um passo de cada vez.
Porém com sequência e determinação
férrea.
	 Os Benfeitores da Humanidade
não deixaram de nos elucidar a respei-
to de nosso empenho e trabalho, como
vemos na questão nº 909 de O Livro
dos Espíritos:
Poderia sempre o homem, pelos seus
esforços, vencer as suas más inclina-
ções?
	 “Sim, e, frequentemente, fazendo
esforços muito insignificantes. O que
lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos
dentre vós fazem esforços!”
	 Não é porque certas coisas são
difíceis que nós não ousamos; é jus-
tamente porque não ousamos que tais
coisas são difíceis, citando Sêneca.
	 E eis a Voz Suave em seu cântico
divino, conclamando-nos: Filho, vai tra-
balhar hoje na minha vinha.10
	 Hoje é o dia. Não amanhã.
	 Em regra geral, a verdade que li-
berta aparece como porta estreita. Mais
difícil de ser transposta. Contudo, a
única que conduz à elevação e ao aper-
feiçoamento.
	 Na hora da provação, a firmeza na
verdade constitui o clímax do testemu-
nho para quem aceita o Mundo Espiritu-
al.
	 Para todos aqueles que se lhe
mostram fiéis, o sentir e o pensar com
as normas libertadoras do Evangelho
vão desfazendo a fantasia da superfície
para destacar a profunda substância da
vida em nosso derredor.
	 Espraia-se a esperança em novas
dimensões. Apura-se a significação da
paz e do sofrimento. Acata-se todo es-
forço surgido para construir. Afirmam-
-se os passos no dia-e-noite da trilha.
	 Os cenários se ampliam. Vislum-
bra-se o porvir de maneira mais real. O
ser começa a levantar obras vencedo-
ras do tempo, aquelas obras que lhe ul-
trapassam o túmulo.
	 Eis quando devemos indagar-nos:
- Ciente da realidade dos mecanismos de
10	 Mateus 21:28
causa-efeito, ação-reação, corpo-alma,
morte-renascimento, procura-encontro,
pergunta-resposta, que obras vencedo-
ras de tempo estamos edificando?
	 Fazer bem aos outros é o único
processo de fazer bem a nós mesmos.
Iniciar não demonstra qualquer seme-
lhança com terminar.
	 Viver em corpo é totalmente di-
verso de viver com o corpo ou viver
para o Espírito.
	 Na árvore da vida, a folha surgiu
com a função de recolher benefício, o
fruto com o destino de ser dado. Inú-
meras folhas e raros frutos exibem be-
leza transitória, porém demonstram a
necessidade de realização.
	 Estabeleçamos um roteiro simples
para as primeiras atitudes remodelado-
ras, e sigamos essa linha de ação.
	 A responsabilidade, advinda da
consciência, promove o ser ao estágio
de lucidez, que o leva a aspirar pelas
cumeadas da evolução que passa a
buscar, com acendrado devotamento.
	 A consciência da responsabilida-
de te conduzirá:
- a nunca maldizeres o charco, e sim, a
drená-lo;
- a não cultivares problemas, antes, a
solucioná-los;
- a não ergueres barreiras que dificul-
tem o progresso, porém, a te tornares
ponte que facilite o trânsito;
- a não aguardares o êxito antes do
trabalho, pois que, o primeiro somente
precede ao último na ordem alfabética
dos dicionários;
- a não olhares para baixo, emocional-
mente, onde repousam o pó e a lama,
entretanto, a fitares o alto onde fulgu-
ram os astros;
- a não desistires da luta, perdendo a
batalha não travada, todavia, perseve-
rando até o fim, pois que a esperança
é a luz que brilha à frente, apontando a
trilha da vitória;
- a não falares mal do próximo, consi-
derando as tuas próprias deficiências,
ao invés disso, brindar-lhe palavras de
estímulo;
- a não te perturbares ante as incom-
preensões, porém a te sentires vivo e,
portanto, vulnerável aos fenômenos do
trânsito humano;
- a nunca pretenderes a paz sem os re-
quisitos para cultuá-la no íntimo, não
obstante, a irradiares a alegria do bem,
que fomenta a harmonia.11
***
11	 FRANCO, Divaldo P. Momentos de consciência.
Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal, 1992.
Cap.: 16, p. 101-102.
26 27
ABenfeitora Espiritual Joanna de Ân-
gelis nos repassa algumas breves
regras12
que irão nos ajudar no desem-
penho do empreendimento:
- administra os teus conflitos. O con-
flito psicológico é inerente à natureza
humana e todos o sofrem;
- evita eleger homens-modelos para se-
guires. Eles também são vulneráveis às
injunções que experimentas e, às vezes,
comprometem-se, o que, de maneira al-
guma deve constituir desestímulo;
- concede-te maior dose de confiança
nos teus valores, honrando-te com o
esforço para melhorar sempre e sem
desânimo. Se erras, repete a ação, e
se acertas, segue adiante;
- não te evadas ao enfrentamento de
problemas usando expedientes falsos,
comprometedores, que te surpreende-
rão mais tarde com dependências infe-
lizes;
- reage à depressão, trabalhando sem
autopiedade nem acomodação pregui-
çosa;
- tem em mente que os teus não são os
piores problemas, eles pesam o volume
12	 FRANCO, Divaldo P. Momentos de consciência. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal, 1992. Cap.: 1, p.
16-18.
que lhes emprestas;
- libera-te da queixa pessimista e medi-
ta mais nas fórmulas para perseverar e
produzir;
- nunca cedas espaço à hora vazia, que
se preenche de tédio, mal-estar ou per-
turbação;
- o que faças, faze-o bem, com dedica-
ção; lembra-te que és humano e o pro-
cesso de conscientização é lento, que
adquirirás segurança e lucidez através
da ação contínua.
	 Interessado em decifrar os enig-
mas do comportamento humano, Allan
Kardec indagou aos benfeitores e guias
da Humanidade, conforme se lê em “O
Livro dos Espíritos”, na questão núme-
ro 621: – Onde está escrita a lei de
Deus ? – Na consciência. - Responde-
ram com sabedoria.
	 A consciência é o estágio elevado
que deves adquirir, a fim de seguires no
rumo da angelitude.
***
VIVÊNCIA DIÁRIA: abra-se
uzLpara a
28 29
Atua vida possui um alto significado.
	 Descobrir o sentido da existência e para que te encontras aqui, eis a tua
tarefa principal.
	 Muitos indivíduos, por ignorância, colocam os objetivos que devem alcan-
çar nas questões materiais e, ao consegui-los, ficam entendiados, sofrendo frus-
trações e tão infelizes quanto aqueles que nada logram.
	 Se observas a questão espiritual da vida, a necessidade de te iluminares
com o pensamento divino, toda a tua marcha se realizará segura e frutuosa.
	 Ninguém pode sentir-se completado, se não estiver em constante ligação
com Deus, a Fonte Geradora do Bem.
	 Pensa nisso e segue o rumo da vida permanente.13
	 Lembrar sempre: busquemos nos erguer do mundo na qualidade de espírito
glorioso. Esta é a maior finalidade da escola humana.
13	 FRANCO, Divaldo P. Vida feliz. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal, 4ed. 1994. Cap.: 191. p. 275-
276
no rumo da
Vida Permanente
Sugestões bibliográficas
	 Estas indicações de livros para tema geral: O Celeste Roteiro, contemplam
suas três abordagens: Nas trilhas de Jesus, A verdade que liberta, Vida em abun-
dância.
•	 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. VI, itens 5 a 8
•	 XAVIER, Francisco C., VIEIRA, Waldo. O espírito da verdade. Diversos.
Cap.: 21, 40, 54, 61, 71, 76, 89, 94, 100
•	 ________. A vida escreve. Hilário Silva. Cap.: 7, 27
•	 XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Emmanuel. Cap.: Introdução, 77, 79,
113, 121, 152, 172, 173
•	 ________. Vinha de luz. Emmanuel. Cap.: 1, 175, 176
•	 ________. Caminho, verdade e vida. Emmanuel. Cap.: Introdução, 16, 21,
22, 41, 157
•	 ________. Pão nosso. Emmanuel. Cap.: Introdução, 61, 62, 73, 180
•	 ________. Encontro marcado. Emmanuel. Cap.: 57, 60
•	 ________. Religião dos espíritos. Emmanuel. Cap.: Na hora da crise, Jesus
e atualidade
•	 ________. Contos e apólogos. Irmão X. Cap.: 21
•	 FRANCO, Divaldo O. Lampadário espírita. Joanna de Ângelis. Cap.: 6, 8,
43
•	 ________. Messe de amor. Joanna de Ângelis. Cap.: 1, 14, 46, 59
•	 ________. Dimensões da verdade. Joanna de Ângelis. Cap.: Ao chamado
do Cristo
•	 ________. Celeiro de bênçãos. Joanna de Ângelis. Cap.: 13
•	 TEIXEIRA, Raul. Nossas riquezas maiores. Diversos. Cap.: 2, 32
•	 ________. Vozes do infinito. Diversos. Cap.: 18, 25, 29, 39, 41
•	 ________. Revelações da luz. Camilo. Cap.: 21
A mente que ora, sintoniza com as Fontes da Vida, enrique-
cendo-se de forças espirituais e lucidez.
Joanna de Ângelis
A perseverança é a base da vitória.
Emmanuel
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  • 1. 1 Espiritismo estudado semeando conhecimento iluminativo; estimulando a prática incondicional do bem; enaltecendo Jesus descortinando novos horizontes às criaturas humanasEspíritas Resenha de Estudos especialmente ao principiante espírita SÉRIE o celeste roteiro 3outubro 2013
  • 2. 2 3 Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Sua luz imperecível brilha so- bre os milênios terrestres, como o Ver- bo do princípio, penetrando o mundo, há quase vinte séculos. Lutas sanguinárias, guerras de extermínio, calamidades sociais não lhe modificaram um til nas palavras que se atualizam, cada vez mais, com a evolu- ção multiforme da Terra. Tempestades de sangue e lágrimas nada mais fizeram que avivar-lhes a grandeza. Entretanto, sempre tardios no aproveitamento das oportunidades preciosas, muitas vezes, no curso das existências renovadas, te- O CELESTE Roteiro Resenha de Estudos Espíritas nº33 de outubro de 2013 Unidade em estudo: Eu sou o Caminho tema: abordagem: parte 2: título desta edição: Jesus, nosso Modelo e Guia objetivo do tema abordado: observação: O Celeste Roteiro A Verdade A Verdade que Liberta O objetivo do tema é enaltecer a figura de Jesus e sua presença em nossas vidas, como expressão de esperança e consolo, relacionando o Espiritismo com a Sua mensagem, por ser ela a essência da Doutrina Espírita. Além das Notas de Referência para as citações contidas no texto de abordagem do assunto, ao final seguem referências bibliográficas, que recomendamos sejam lidas e estudadas, pois ali se encontra conhecimento que irá dar maior substância ao que ora nos dispomos aprender. A VERDADE QUE LIBERTA Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” (João 14 : 6) INTERPRETAÇÃO DOS textos Sagrados
  • 3. 4 5 vencer no Caminho, para adquirir a Verdade e a Vida na significação integral. Compreendemos o respeito devido ao Cristo, mas, pela própria exemplificação do Mestre, sabemos que o labor do aprendiz fiel constitui-se de adoração e trabalho, de ora- ção e esforço próprio. Quanto ao mais, consola-nos reconhe- cer que os Textos Sagrados são dádivas do Pai a todos os seus filhos e, por isso mesmo, aqui nos reportamos às palavras sábias de Simão Pedro: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de parti- cular interpretação.” Emmanuel1 *** 1 XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro, RJ: Feb, 1998. Cap.: Interpretação de textos sa- grados, p. 13-15. mos desprezado o Caminho, indiferentes ante os patrimônios da Verdade e da Vida. O Senhor, contudo, nunca nos deixou de- samparados. Cada dia, reforma os títulos de tolerância para com as nossas dívidas; todavia, é de nos- so próprio interesse levantar o padrão da von- tade, estabelecer disciplinas para uso pessoal e reeducar a nós mesmos, ao contato do Mestre Divino. Ele é o Amigo Generoso, mas tantas vezes lhe olvidamos o conselho que somos sus- cetíveis de atingir obscuras zonas de adiamento indefinível de nossa iluminação interior para a vida eterna. (...) O Evangelho não se reduz a breviário para o genuflexório. É roteiro imprescindível para a legislação e administração, para o serviço e para a obediência. O Cristo não estabelece li- nhas divisórias entre o templo e a oficina. Toda a Terra é seu altar de oração e seu campo de trabalho, ao mesmo tempo. Por louvá-lo nas igrejas e menoscabá-lo nas ruas é que temos naufragado mil vezes, por nossa própria culpa. Todos os lugares, portanto, podem ser consa- grados ao serviço divino. Muitos discípulos, nas várias escolas cris- tãs, entregaram-se a perquirições teológicas, transformando os ensinos do Senhor em relí- quia morta dos altares de pedra; no entanto, espera o Cristo venhamos todos a converter-lhe o evangelho de Amor e Sabedoria em compa- nheiro da prece, em livro escolar no aprendiza- do de cada dia, em fonte inspiradora de nossas mais humildes ações no trabalho comum e em código de boas maneiras no intercâmbio frater- nal. Embora esclareça nossos singelos objeti- vos, noto, antecipadamente, ampla perplexida- de nesse ou naquele grupo de crentes. Que fazer? Temos imensas distâncias a
  • 4. 6 7 Em linhas gerais, o panorama atu- al do mundo, e desde há muito, diga-se logo, é como aqui nos descreve a Ben- feitora Espiritual Joanna de Ângelis2 : Volúpia do prazer domina as mas- sas, e as criaturas ansiosas tumultuam- -se e agridem-se, precipitando-se iner- mes nos gozos exaustivos sem que saciem os desejos. A onda de vulgaridade se avolu- ma e ameaça levar de roldão as cons- truções enobrecedoras da sociedade. Uma violenta quebra de valores favorece o receio da experiência honra- da, abrindo espaço para o campeonato da insensatez e do crime. A mudança de comportamento moral altera a escala do discernimento, ombreado com a sordidez e a promis- cuidade. Nesse sentido, há um receio pela eleição da existência saudável, da con- duta moral. 2 FRANCO, Divaldo P. Momentos de consciência. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal, 1992. Cap.: Mo- mentos de consciência, p. 9-11. O exótico e agressivo substituem o belo e o pacífico, dificultando o dis- cernimento em torno do real e do ima- ginário, do justo e do ignóbil. Há carência de grandeza, de amor, de abnegação, nestes momentos da terra. As grandes nações encontram-se conturbadas e os seus membros aturdi- dos. Os povos de médio desenvolvi- mento apresentam-se ansiosos, insegu- ros. Os países em crescimento, viti- mados pela miséria econômica, experi- mentam a fome, as doenças calamito- sas, o desemprego, a loucura, que se generalizam. Em todos eles, no entanto, so- bressaem a violência, a luxúria e a dis- solução dos costumes. A criatura agoniada, todavia, bus- ca outros rumos de afirmação. Está, porém, em a natureza humana, a necessidade da paz e o anelo pelo bem- -estar. Essa busca surge nos momentos de consciência, quando descobre as necessidades legítimas e sabe distin- gui-las no meio dos despautérios, do supérfluo e da desilusão. A Verdade que liberta, como aqui tratada, vem proposta por Jesus e não tem conotações religiosas. O Espírito Emmanuel nos fala a esse respeito. Vivemos as circunstâncias do momento, quase que totalmente base- ados em nossos pontos de vista e na satisfação de nossos interesses imedia- tos, que dizem respeito, geralmente, a questões triviais do dia-a-dia. A visão da vida e do mundo é aquela que os outros nos passam, e as aceitamos como nossas verdades pes- soais sem nos determos em maiores análises a respeito. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” - Jesus. (João 8:32) Dentre os vários conceitos de Ver- dade, selecionamos que Verdade é “aquilo que corresponde à realidade”, no dizer do dicionarista Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Precisamos convir que são raríssi- mos os que buscamos a realidade efeti- va da vida, sob o ângulo das razões do existir. erdade V examinando a
  • 5. 8 9 Apalavra do Mestre é clara e segura. Não seremos libertados pelos “as- pectos da verdade” ou pelas “verdades provisórias” de que sejamos detentores no círculo das afirmações apaixonadas a que nos inclinemos. Muitos, em política, filosofia, ci- ência e religião, se afeiçoam a certos ângulos da verdade e transformam a própria vida numa trincheira de luta de- sesperada, a pretexto de defendê-la, quando não passam de prisioneiros do “ponto de vista”. Muitos aceitam a verdade, esten- dem-lhe as lições, advogam-lhe a causa e proclamam-lhe os méritos, entretan- to, a verdade libertadora é aquela que conhecemos na atividade incessante do Eterno Bem. Penetrá-la é compreender as obrigações que nos competem. Discerni-la é renovar o próprio entendimento e converter a existência num campo de responsabilidade para com o melhor. Só existe verdadeira liberdade na submissão ao dever fielmente cumpri- do. Conhecer, portanto, a verdade é perceber o sentido da vida. E perceber o sentido da vida é crescer em serviço e burilamento cons- tantes.3 *** 3 XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo Espírito Emma- nuel. 24ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2000. Cap.: Ante a luz da verdade, p. 385-386 Liberdade é a possibilidade de agir conforme a própria vontade, mas dentro dos limites da lei e das normas racionais socialmente aceitas. Liberdade não é, portanto, poder fazer o que bem entende, mas sim o que é devi- do. O Apóstolo Paulo afirmou: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”.4 Joanna de Ângelis, veneranda Benfeitora, fala-nos com muita propriedade a res- peito da liberdade5 : Ardorosos propagandistas da liberdade ateiam o fogo da revolução, propondo a destruição dos impositivos escravagistas, fomentando lamentáveis guerras de extermí- nio, em cujos campos juncados de cadáveres são hasteadas as bandeiras dos “direitos dos homens”. 4 I Coríntios 6:12 5 FRANCO, Divaldo P. Otimismo. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal, 1983. Cap.: Considerando a liberdade, p. 35-37. Sinceros lidadores do bem, apieda- dos da situação dos escravos submetidos a hediondo jugo, por preconceito de cor, de raça, de religião, estimulam os ideais de liberdade, arrojando fora as cangas impiedosas da dominação arbitrária, mui- tas vezes doando a própria vida em favor da causa que abraçam. Diplomatas infatigáveis exaurem-se em tentativas de acordos pacíficos, lutan- do tenazmente para arrancar da servidão povos minoritários e nações esfaceladas pelas lutas intestinas ou alienígenas, res- taurando-lhes a liberdade. Economistas cuidadosos e sociólo- gos abnegados trabalham afanosamente, a respeito da iberdadeL
  • 6. 10 11 conquistando para os diversos povos da Terra a liberdade através do equilí- brio da balança financeira internacional, que ainda padece de monopólios infeli- zes. Sanitaristas e profissionais da saúde mergulham nos laboratórios de pesquisa, buscando debelar as causas matrizes das doenças que dizimam mul- tidões, oferecendo-lhes a liberdade de movimento e equilíbrio, na conjuntura carnal. A liberdade real, no entanto, transcende aos fatores e circunstâncias ambientais. Com sabedoria ensinou o Mestre: — “Buscai a verdade e a verdade vos libertará.” Somente a perfeita identificação da criatura com o Criador concede-lhe a liberdade plena. Nos países civilizados, onde os ideais da liberdade levantaram respeitá- veis estados democráticos, pululam os escravos das ambições inferiores que menoscabam os direitos do próximo e promovem métodos de abomináveis dependências; transitam pelas imensas avenidas do Orbe os dependentes das drogas sob estigmas cruéis; movimen- tam-se milhões de submissos à sexuali- dade tresvariada, em estados desespe- radores; multiplicam-se os dependentes de viciações várias a que se entregam, em marcha inexorável para o suicídio ou a loucura... Prisioneiros das necessidades dis- solventes não fruem das liberdades hu- manas, antes, delas se utilizam, para mais vitalizarem os caprichos e os con- dicionamentos a que se jugulam, em alucinadas buscas do prazer extenuan- te. Respeita os heróis de todos os po- vos, que libertaram as pátrias da subju- gação externa, sacrificando-se pelo ide- al que abraçavam. Luta, no entanto, pela libertação interior dos algozes que residem no teu mundo íntimo, vencendo com cruelda- de os teus propósitos superiores. Livre é todo aquele que ama, ser- ve e crê, não se impondo a ninguém e porfiando no combate da luz contra a treva que tenta obstaculizar a verdade que liberta para sempre. ...E se for necessário dar a vida física, sob qual condição seja, para que a mensagem do Senhor atinja as criatu- ras do teu caminho, alegra-te e doa-a, porquanto morrendo, nascerás para a vida plena e livre. *** Na feliz afirmativa de Emmanuel, Es- pírito, “conhecer, portanto, a ver- dade é perceber o sentido da vida”, encontramos o objetivo superior para a existência. O momento em que redescobri- mos o Norte da nossa Vida, deve re- vestir-se do mesmo significado e impor- tância quando um andante por algum deserto, sedento e faminto, encontra o caminho que o levará à um oásis, rico de água, tâmaras e sombra refrescante. Fica sabendo que o seu objetivo está logo mais ali adiante. Para alcançá-lo bastará um pouco mais de esforço e persistência, seguindo adiante, com a diferença de que, agora, vê-se reanima- do em suas forças, por saber onde e como chegar. O quando chegar fica por nossa conta, sempre. E o significado essencial da vida também vem explicado pelo Espírito Joanna de Ângelis6 : Na grande mole humana, cada pessoa dá, à vida, um significado espe- cial. Esta objetiva a aquisição da cultu- ra; essa busca o destaque social; aque- la anela pela fortuna; estoutra demanda o patamar da glória... 6 FRANCO, Divaldo P. Momentos de Meditação. Pelo Espírito de Joanna de Angelis. Salvador, BA, Livraria Espírita Alvorada, 1988, cap. 11. p. 74-77. idaVo significado da
  • 7. 12 13 Uma quer a projeção pessoal; ou- tra anseia pela construção de uma fa- mília ditosa, cada qual empenhando-se mais afanosamente para atingir o que estabelece como condição de meta es- sencial. Tal planificação, que varia de in- divíduo, termina por estimular à luta, à competição insana, ao desespero. Conseguido, porém, o que signifi- cou como ideal, ou reprograma o desti- no ou tomba em frustração, descobrin- do-se irrealizado ou vítima de saturação do que haja conseguido sem plenificar- -se interiormente. A vida, entretanto, possui um sig- nificado especial, que reside no auto- descobrimento do homem, que passa a valorizar o que é ou não importante no seu peregrinar evolutivo. Este desafio se torna individual, unindo, sem embargo, no futuro, os seres numa única família, que entrela- ça os ideais em sintonia perfeita com a energia que emana de Deus e é o élan vitalizador da vida. Os meios da tua sobrevivência or- gânica emulam-te para avançar ao en- contro da finalidade da existência. O azeite sustenta a chama, porém a finalidade desta não é crepitar, mas derramar luz e aquecer. Enquanto não te empenhes, real- mente, na busca da tua realidade espi- ritual, seguirás inseguro, instável, sem plena satisfação. Todas as aquisições que exaltam o ego terminam por entediar. A maneira mais eficiente para o cometimento do real significado da vida, é a experiência do amor. Amor que doa e liberta. Amor que renuncia e faz feliz. Amor que edifica, espalhando es- perança e bênçãos. Amor que sustenta vidas e favo- rece ideais de enobrecimento. Amor que apazigua quem o sente e dulcifica aquele a quem se doa. O amor é conquista muito pessoal que necessita do combustível da disci- plina mental e da ternura do sentimento para expandir-se. O significado essencial da vida re- pousa, pois, no esforço que cada cria- tura deve encetar para anular as pai- xões dissolventes, colocando nos seus espaços emocionais o divino hálito, o amor que se origina em Deus. *** a avernaCPLATÃO
  • 8. 14 15 AVerdade, enquanto alcançada, le- va-nos, no mesmo passo, ao nosso autodescobrimento, pois não se trata de descobrir o mundo, as coisas, mas descobrir-nos a nós mesmos, o próxi- mo e Deus. O meio mais eficaz para nos me- lhorarmos nesta vida e resistirmos às solicitações do mal, nos foi ensinado por um sábio da antiguidade: Conhece- -te a ti mesmo. Ensino que encontra- mos em O Livro dos Espíritos, questão 919. É o voltar-se à luz, e com tal cla- ridade encontrar novo mundo, que ali sempre esteve, mas não era para nós identificado. Algo como o que foi trata- do no Mito da Caverna. O Mito da Caverna, narrado por Platão no livro VII da obra República é, talvez, um das mais poderosas metáfo- ras imaginadas pela filosofia, em qual- quer tempo, para descrever a situação geral em que se encontra a humanida- de. Para o filósofo todos nós estamos condenados a ver sombras a nossa frente e tomá-las como verdadeiras. Esta crítica à condição dos ho- mens, escrita há quase 2500 anos atrás, inspirou e ainda inspira inúmeras reflexões pelos tempos a fora. A mais recente delas encontra-se no livro de José Saramago: A Caverna. Platão viu a maioria da humanida- de condenada a uma infeliz condição. Imaginou (no Livro VII de A República, um diálogo escrito entre 380-370 a.C.) todos presos desde a infância no fundo de uma caverna, imobilizados, obriga- dos pelas correntes que os atavam a olharem sempre a parede em frente. O que veriam então? Supondo a seguir que existissem algumas pesso- as, uns prisioneiros, carregando para lá para cá, sobre suas cabeças, estatuetas de homens, de animais, vasos, bacias e outros vasilhames, por detrás do muro onde os demais estavam encadeados, havendo ainda uma escassa iluminação vindo do fundo do subterrâneo, disse que os habitantes daquele triste lugar só poderiam enxergar o bruxuleio das sombras daqueles objetos, surgindo e se desafazendo diante deles. Era assim que viviam os homens, concluiu ele. Acreditavam que as ima- gens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, tomando o espectro pela realidade. A sua existên- cia era pois inteiramente dominada pela ignorância (agnóia). Se por um acaso, segue Platão na sua narrativa, alguém resolvesse liber- tar um daqueles pobres diabos da sua pesarosa ignorância e o levasse ainda que arrastado para longe daquela ca- verna, o que poderia então suceder- -lhe? Num primeiro momento, chegan- do do lado de fora, ele nada enxergaria, ofuscado pela extrema luminosidade do exuberante Hélio, o Sol, que tudo pode, que tudo provê e vê. Mas, depois, aclimatado, ele iria desvendando aos poucos, como se fos- se alguém que lentamente recuperasse a visão, as manchas, as imagens, e, fi- nalmente, uma infinidade outra de obje- tos maravilhosos que o cercavam. As- sim, ainda estupefato, ele se depararia com a existência de um outro mundo, totalmente oposto ao do subterrâneo em que fôra criado. O universo da ciência (gnose) e o do conhecimento (espiteme), por intei- ro, se escancarava perante ele, poden- do então vislumbrar e embevecer-se com o mundo das formas perfeitas. Com essa metáfora – o tão justa- mente famoso Mito da Caverna - Platão quis mostrar muitas coisas. Uma delas é que é sempre doloroso chegar-se ao conhecimento, tendo-se que percorrer caminhos bem definidos para alcançá- -lo, pois romper com a inércia da ig- norância (agnosis) requer sacrifícios. A primeira etapa a ser atingida é a da opinião (doxa) quando o indivíduo que ergueu-se das profundezas da caverna tem o seu primeiro contanto com as no- vas e imprecisas imagens exteriores. Neste primeiro instante ele não as consegue captar na totalidade, vendo apenas algo impressionista flutuar à sua frente. No momento seguinte, porém, persistindo em seu olhar inquisidor, ele finalmente poderá ver o objeto na sua integralidade, com os seus perfis bem definidos. Ai então ele atingirá o conheci- mento (episteme). Esta busca não se li- mita a descobrir a verdade dos objetos, mas algo bem mais superior: chegar à contemplação das ideias morais que re- gem a sociedade - o bem (agathón) , o belo (tokalón) e a justiça (dikaiosyne). ***
  • 9. 16 17 OEspiritismo vem levantar o véu re- velador da realidade espiritual do ser, demonstrando-nos que somos Es- píritos, cuja vida antecede o berço e su- cede o túmulo, num caminhar contínuo pela senda evolutiva, rumo ao alcance da felicidade plena. Os que sintonizamos com a Dou- trina Espírita temos a excelente oportu- nidade de não somente o “saber como”, mas também o “saber para que”. O conhecimento da imortalidade conscientiza o ser para um comporta- mento ético elevado em relação ao seu próximo, tudo lhe fazendo conforme o padrão que lhe constitui ideal e que, por sua vez, gostaria de receber. Nesse sentimento de solidarieda- de se encontra a meta desafiadora que deve alcançar no processo evolutivo e de autoiluminação. Todo um esquema de projetos para tornar realidade se apresenta a partir do momento em que a sua exis- tência física adquire sentido, significa- do e finalidade, que não se interrompem com a morte orgânica, no seu incessan- te fenômeno de transformações mole- culares. A visão imortalista enseja uma di- latação de objetos em relação à vida, pois que, logrado um patamar de valo- res e realizações, outro surge atraente, propiciando novos esforços que facul- tam o contínuo crescimento intelecto- -moral do candidato decidido. Questões e circunstâncias afli- gentes, que se apresentam no contexto social como relevantes e que respon- dem por incontáveis conflitos gerado- res de infelicidade cedem espaço a le- gítimas aspirações de plenitude, que se colocam acima das questiúnculas cuja importância é-lhes atribuída, em razão de não passarem de frivolidades, des- perdícios de tempo e de emoção. Isto porque, a certeza da causalidade divina e da sua justiça faculta uma real cons- cientização de conteúdos em favor do próprio futuro, que tem começo desde então. O conhecimento, portanto, racio- nal, lógico e emocional, sobre Deus, sobrevivência e função do amor ao pró- ximo, conscientiza o ser a respeito da sua humanidade e da destinação glorio- sa que logrará no futuro.7 *** 7 FRANCO, Divaldo P. Momentos de consciência. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal, 1992. Cap.: Co- nhecimento e consciência, p. 22-23. xistenciaisEnovos valores
  • 10. 18 19 Nas páginas de abertura do livro Li- bertação8 , Emmanuel, Espírito, es- creveu através do médium Francisco Cândido Xavier – Chico Xavier -, re- lembrando antiga lenda egípcia, que demonstra-nos o grau de resistência que guardamos para com os conheci- mentos novos, notadamente quando tais conhecimentos nos convidam a mudanças comportamentais, qual a de que somos seres imortais, alterando nossa zona de conforto. Vale a pena conhecer: Ante as portas livres de acesso ao trabalho cristão e ao conhecimento salutar que André Luiz vai desvelando, recordamos prazerosamente a antiga lenda egípcia do peixinho vermelho. No centro de formoso jardim, ha- via grande lago, adornado de ladrilhos azul-turquesa. Alimentado por diminuto canal de pedra, escoava suas águas, do outro lado, através de grade muito estreita. Nesse reduto acolhedor, vivia toda uma comunidade de peixes, a se refestelarem, nédios e satisfeitos, em complicadas locas, frescas e sombrias. Elegeram um dos concidadãos de bar- batanas para os encargos de rei, e ali viviam plenamente despreocupados, entre a gula e a preguiça. Junto deles, porém, havia um pei- xinho vermelho, menosprezado de to- dos. Não conseguia pescar a mais leve larva, nem refugiar-se nos nichos bar- rentos. 8 XAVIER, Francisco, C. Libertação. Pelo Espírito André Luiz. 7.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1978, p. 7-11. Os outros, vorazes e gordalhudos, arrebatavam para si todas as formas lar- várias e ocupavam, displicentes, todos os lugares consagrados ao descanso. O peixinho vermelho que nadasse e sofresse. Por isso mesmo era visto, em correria constante, perseguido pela canícula ou atormentado de fome. Não encontrando pouso no vas- tíssimo domicílio, o pobrezinho não dispunha de tempo para muito lazer e começou a estudar com bastante inte- resse. Fêz o inventário de todos os ladri- lhos que enfeitavam as bordas do poço, arrolou todos os buracos nele existen- tes e sabia, com precisão, onde se reu- niria maior massa de lama por ocasião de aguaceiros. Depois de muito tempo, à custa de longas perquirições, encontrou a grade do escoadouro. A frente da imprevista oportu- nidade de aventura benéfica, refletiu consigo: — “Não será melhor pesquisar a vida e conhecer outros rumos?” Optou pela mudança. Apesar de macérrimo pela abs- tenção completa de qualquer conforto, perdeu várias escamas, com grande so- frimento, a fim de atravessar a passa- gem estreitíssima. Pronunciando votos renovadores, avançou, otimista, pelo rego d’água, encantado com as novas paisagens, ri- cas de flores e sol que o defrontavam, e seguiu, embriagado de esperança ... Em breve, alcançou grande rio e fêz inúmeros conhecimentos. Encontrou peixes de muitas famí- lias diferentes, que com ele simpatiza- ram, Instruindo-o quanto aos percalços da marcha e descortinando-lhe mais fá- cil roteiro. Embevecido, contemplou nas margens homens e animais, embarca- ções e pontes, palácios e veículos, ca- banas e arvoredo. Habituado com o pouco, vivia com extrema simplicidade, jamais per- dendo a leveza e a agilidade naturais. Conseguiu, desse modo, atingir o oceano, ébrio de novidade e sedento de estudo. De início, porém, fascinado pela paixão de observar, aproximou-se de uma baleia para quem toda a água do lago em que vivera não seria mais que diminuta ração; impressionado com o espetáculo, abeirou-se dela mais que devia e foi tragado com os elementos que lhe constituíam a primeira refeição diária. a lenda eixinhoP do Vermelho
  • 11. 20 21 Em apuros, o peixinho aflito orou ao Deus dos Peixes, rogando proteção no bojo do monstro e, não obstante as trevas em que pedia salvamento, sua prece foi ouvida, porque o valente ce- táceo começou a soluçar e vomitou, restituindo-o às correntes marinhas. O pequeno viajante, agradecido e feliz, procurou companhias simpáticas e aprendeu a evitar os perigos e tenta- ções. Plenamente transformado em suas concepções do mundo, passou a reparar as infinitas riquezas da vida. Encontrou plantas luminosas, ani- mais estranhos, estrelas móveis e flores diferentes no seio das águas. Sobretu- do, descobriu a existência de muitos peixinhos, estudiosos e delgados tanto quanto ele, junto dos quais se sentia maravilhosamente feliz. Vivia, agora, sorridente e calmo, no Palácio de Coral que elegera, com centenas de amigos, para residência di- tosa, quando, ao se referir ao seu co- meço laborioso, veio a saber que so- mente no mar as criaturas aquáticas dispunham de mais sólida garantia, de vez que, quando o estio se fizesse mais arrasador, as águas de outra altitude continuariam a correr para o oceano. O peixinho pensou, pensou... e sentindo imensa compaixão daqueles com quem convivera na infância, deli- berou consagrar-se à obra do progresso e salvação deles. Não seria justo regressar e anun- ciar-lhes a verdade? Não seria nobre ampará-los, prestando-lhes a tempo va- liosas informações? Não hesitou. Fortalecido pela generosidade de irmãos benfeitores que com ele viviam no Palácio de Coral, empreendeu com- prida viagem de volta. Tornou ao rio, do rio dirigiu-se aos regatos e dos regatos se encaminhou para os canaizinhos que o conduziram ao primitivo lar. Esbelto e satisfeito como sempre, pela vida de estudo e serviço a que se devotava, varou a grade e procurou, an- siosamente, os velhos companheiros. Estimulado pela proeza de amor que efetuava, supôs que o seu regresso causasse surpresa e entusiasmo gerais. Certo, a coletividade inteira lhe celebraria o feito, mas depressa verifi- cou que ninguém se mexia. Todos os peixes continuavam pe- sados e ociosos, repimpados nos mes- mos ninhos lodacentos, protegidos por flores de lótus, de onde saiam apenas para disputar larvas, moscas ou minho- cas desprezíveis. Gritou que voltara a casa, mas não houve quem lhe prestasse atenção, porquanto ninguém, ali, havia dado pela ausência dele. Ridicularizado, procurou, então, o rei de guelras enormes e comunicou-lhe a reveladora aventura. O soberano, algo entorpecido pela mania de grandeza, reuniu o povo e per- mitiu que o mensageiro se explicasse. O benfeitor desprezado, valendo- -se do ensejo, esclareceu, com ênfase, que havia outro mundo liquido, glorioso e sem fim. Aquele poço era uma insigni- ficância que podia desaparecer, de mo- mento para outro. Além do escoadouro próximo desdobravam-se outra vida e outra experiência. Lá fora, corriam re- gatos ornados de flores, rios caudalo- sos repletos de seres diferentes e, por fim, o mar, onde a vida aparece cada vez mais rica e mais surpreendente. Descreveu o serviço de tainhas e salmões, de trutas e esqualos. Deu no- tícias do peixe-lua, do peixe-coelho e do galo-do-mar. Contou que vira o céu repleto de astros sublimes e que desco- brira árvores gigantescas, barcos imen- sos, cidades praieiras, monstros temí- veis, jardins submersos, estrelas do oceano e ofereceu-se para conduzi-los ao Palácio de Coral, onde viveriam to- dos, prósperos e tranquilos. Finalmente os informou de que semelhante felicida- de, porém, tinha igualmente seu preço. Deveriam todos emagrecer, convenien- temente, abstendo-se de devorar tanta larva e tanto verme nas locas escuras e aprendendo a trabalhar e estudar tanto quanto era necessário à venturosa jor- nada.
  • 12. 22 23 Assim que terminou, gargalhadas estridentes coroaram-lhe a preleção. Ninguém acreditou nele. Alguns oradores tomaram a pala- vra e afirmaram, solenes, que o peixi- nho vermelho delirava, que outra vida além do poço era francamente impossí- vel, que aquela história de riachos, rios e oceanos era mera fantasia de cérebro demente e alguns chegaram a declarar que falavam em nome do Deus dos Pei- xes, que trazia os olhos voltados para eles unicamente. O soberano da comunidade, para melhor ironizar o peixinho, dirigiu-se em companhia dele até à grade de escoa- mento e, tentando, de longe, a traves- sia, exclamou, borbulhante: — “Não vês que não cabe aqui nem uma só de minhas barbatanas? Grande tolo! vai-te daqui! não nos per- turbes o bem-estar... Nosso lago é o centro do Universo... Ninguém possui vida igual à nossa! ... Expulso a golpes de sarcasmo, o peixinho realizou a viagem de retorno e instalou-se, em definitivo, no Palácio de Coral, aguardando o tempo. Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devastadora seca. As águas desceram de nível. E o poço onde viviam os peixes pachorren- tos e vaidosos esvaziou-se, compelindo a comunidade inteira a perecer, atolada na lama... *** Podemos e devemos começar hoje a repensar valores existenciais e a modificar posturas comportamentais, e, com determinação, trabalharmos pela nossa reforma moral íntima, ilumi- nando-nos com a Verdade que Liberta. Allan Kardec, em O Livro dos Es- píritos, questão 918, apresenta-nos resposta dos Espíritos das Luzes: Por que indícios se pode reconhe- cer em um homem o progresso real que lhe elevará o Espírito na hierarquia espí- rita? “O espírito prova a sua elevação, quando todos os atos de sua vida cor- poral representam a prática da lei de Deus e quando antecipadamente com- preende a vida espiritual.” E Emmanuel9 nos diz: Eis por que para nós outros, que su- pomos trazer o coração acordado para a responsabilidade de viver, Espiritis- mo não expressa simples convicção de imortalidade: é clima de serviço e edifi- cação. Não adianta guardar a certeza na sobrevivência da alma, além da morte, sem o preparo terrestre na direção da vida espiritual. E nesse esforço de ha- 9 XAVIER, Francisco, C. Pão nosso. Pelo Espírito Emma- nuel. 18.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999, Cap.: No serviço cristão. p.12. bilitação, não dispomos de outro guia mais sábio e mais amoroso que o Cris- to. Somente à luz de suas lições su- blimes, é possível reajustar o caminho, renovar a mente e purificar o coração. Nem tudo o que é admirável é di- vino. Nem tudo o que é grande é res- peitável. Nem tudo o que é belo é santo. Nem tudo o que é agradável é útil. O problema não é apenas de sa- Hoje é o momento
  • 13. 24 25 ber. É o de reformar-se cada um para a extensão do bem. Afeiçoemo-nos, pois, ao Evange- lho sentido e vivido, compreendendo o imperativo de nossa iluminação interior, porque, segundo a palavra oportuna e sábia do Apóstolo, “todos devemos comparecer ante o tribunal do Cristo, a fim de recebermos, de acordo com o que realizamos, estando no corpo, o bem ou o mal”. Conhecimento não aplicado é in- formação que ignora a finalidade. Fala-nos Mahatma Gandhi: Se queremos progredir, não devemos re- petir a história, mas fazer uma história nova. Em momento algum se falou ser fácil a tarefa da renovação moral, se- guindo até alcançar a Verdade que Li- berta. Também não se falou ser impos- sível. O que precisamos é dar o primeiro passo, e mais um e mais outro, e as- sim por diante. Um passo de cada vez. Porém com sequência e determinação férrea. Os Benfeitores da Humanidade não deixaram de nos elucidar a respei- to de nosso empenho e trabalho, como vemos na questão nº 909 de O Livro dos Espíritos: Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclina- ções? “Sim, e, frequentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!” Não é porque certas coisas são difíceis que nós não ousamos; é jus- tamente porque não ousamos que tais coisas são difíceis, citando Sêneca. E eis a Voz Suave em seu cântico divino, conclamando-nos: Filho, vai tra- balhar hoje na minha vinha.10 Hoje é o dia. Não amanhã. Em regra geral, a verdade que li- berta aparece como porta estreita. Mais difícil de ser transposta. Contudo, a única que conduz à elevação e ao aper- feiçoamento. Na hora da provação, a firmeza na verdade constitui o clímax do testemu- nho para quem aceita o Mundo Espiritu- al. Para todos aqueles que se lhe mostram fiéis, o sentir e o pensar com as normas libertadoras do Evangelho vão desfazendo a fantasia da superfície para destacar a profunda substância da vida em nosso derredor. Espraia-se a esperança em novas dimensões. Apura-se a significação da paz e do sofrimento. Acata-se todo es- forço surgido para construir. Afirmam- -se os passos no dia-e-noite da trilha. Os cenários se ampliam. Vislum- bra-se o porvir de maneira mais real. O ser começa a levantar obras vencedo- ras do tempo, aquelas obras que lhe ul- trapassam o túmulo. Eis quando devemos indagar-nos: - Ciente da realidade dos mecanismos de 10 Mateus 21:28 causa-efeito, ação-reação, corpo-alma, morte-renascimento, procura-encontro, pergunta-resposta, que obras vencedo- ras de tempo estamos edificando? Fazer bem aos outros é o único processo de fazer bem a nós mesmos. Iniciar não demonstra qualquer seme- lhança com terminar. Viver em corpo é totalmente di- verso de viver com o corpo ou viver para o Espírito. Na árvore da vida, a folha surgiu com a função de recolher benefício, o fruto com o destino de ser dado. Inú- meras folhas e raros frutos exibem be- leza transitória, porém demonstram a necessidade de realização. Estabeleçamos um roteiro simples para as primeiras atitudes remodelado- ras, e sigamos essa linha de ação. A responsabilidade, advinda da consciência, promove o ser ao estágio de lucidez, que o leva a aspirar pelas cumeadas da evolução que passa a buscar, com acendrado devotamento. A consciência da responsabilida- de te conduzirá: - a nunca maldizeres o charco, e sim, a drená-lo; - a não cultivares problemas, antes, a solucioná-los; - a não ergueres barreiras que dificul- tem o progresso, porém, a te tornares ponte que facilite o trânsito; - a não aguardares o êxito antes do trabalho, pois que, o primeiro somente precede ao último na ordem alfabética dos dicionários; - a não olhares para baixo, emocional- mente, onde repousam o pó e a lama, entretanto, a fitares o alto onde fulgu- ram os astros; - a não desistires da luta, perdendo a batalha não travada, todavia, perseve- rando até o fim, pois que a esperança é a luz que brilha à frente, apontando a trilha da vitória; - a não falares mal do próximo, consi- derando as tuas próprias deficiências, ao invés disso, brindar-lhe palavras de estímulo; - a não te perturbares ante as incom- preensões, porém a te sentires vivo e, portanto, vulnerável aos fenômenos do trânsito humano; - a nunca pretenderes a paz sem os re- quisitos para cultuá-la no íntimo, não obstante, a irradiares a alegria do bem, que fomenta a harmonia.11 *** 11 FRANCO, Divaldo P. Momentos de consciência. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal, 1992. Cap.: 16, p. 101-102.
  • 14. 26 27 ABenfeitora Espiritual Joanna de Ân- gelis nos repassa algumas breves regras12 que irão nos ajudar no desem- penho do empreendimento: - administra os teus conflitos. O con- flito psicológico é inerente à natureza humana e todos o sofrem; - evita eleger homens-modelos para se- guires. Eles também são vulneráveis às injunções que experimentas e, às vezes, comprometem-se, o que, de maneira al- guma deve constituir desestímulo; - concede-te maior dose de confiança nos teus valores, honrando-te com o esforço para melhorar sempre e sem desânimo. Se erras, repete a ação, e se acertas, segue adiante; - não te evadas ao enfrentamento de problemas usando expedientes falsos, comprometedores, que te surpreende- rão mais tarde com dependências infe- lizes; - reage à depressão, trabalhando sem autopiedade nem acomodação pregui- çosa; - tem em mente que os teus não são os piores problemas, eles pesam o volume 12 FRANCO, Divaldo P. Momentos de consciência. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal, 1992. Cap.: 1, p. 16-18. que lhes emprestas; - libera-te da queixa pessimista e medi- ta mais nas fórmulas para perseverar e produzir; - nunca cedas espaço à hora vazia, que se preenche de tédio, mal-estar ou per- turbação; - o que faças, faze-o bem, com dedica- ção; lembra-te que és humano e o pro- cesso de conscientização é lento, que adquirirás segurança e lucidez através da ação contínua. Interessado em decifrar os enig- mas do comportamento humano, Allan Kardec indagou aos benfeitores e guias da Humanidade, conforme se lê em “O Livro dos Espíritos”, na questão núme- ro 621: – Onde está escrita a lei de Deus ? – Na consciência. - Responde- ram com sabedoria. A consciência é o estágio elevado que deves adquirir, a fim de seguires no rumo da angelitude. *** VIVÊNCIA DIÁRIA: abra-se uzLpara a
  • 15. 28 29 Atua vida possui um alto significado. Descobrir o sentido da existência e para que te encontras aqui, eis a tua tarefa principal. Muitos indivíduos, por ignorância, colocam os objetivos que devem alcan- çar nas questões materiais e, ao consegui-los, ficam entendiados, sofrendo frus- trações e tão infelizes quanto aqueles que nada logram. Se observas a questão espiritual da vida, a necessidade de te iluminares com o pensamento divino, toda a tua marcha se realizará segura e frutuosa. Ninguém pode sentir-se completado, se não estiver em constante ligação com Deus, a Fonte Geradora do Bem. Pensa nisso e segue o rumo da vida permanente.13 Lembrar sempre: busquemos nos erguer do mundo na qualidade de espírito glorioso. Esta é a maior finalidade da escola humana. 13 FRANCO, Divaldo P. Vida feliz. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal, 4ed. 1994. Cap.: 191. p. 275- 276 no rumo da Vida Permanente Sugestões bibliográficas Estas indicações de livros para tema geral: O Celeste Roteiro, contemplam suas três abordagens: Nas trilhas de Jesus, A verdade que liberta, Vida em abun- dância. • KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. VI, itens 5 a 8 • XAVIER, Francisco C., VIEIRA, Waldo. O espírito da verdade. Diversos. Cap.: 21, 40, 54, 61, 71, 76, 89, 94, 100 • ________. A vida escreve. Hilário Silva. Cap.: 7, 27 • XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Emmanuel. Cap.: Introdução, 77, 79, 113, 121, 152, 172, 173 • ________. Vinha de luz. Emmanuel. Cap.: 1, 175, 176 • ________. Caminho, verdade e vida. Emmanuel. Cap.: Introdução, 16, 21, 22, 41, 157 • ________. Pão nosso. Emmanuel. Cap.: Introdução, 61, 62, 73, 180 • ________. Encontro marcado. Emmanuel. Cap.: 57, 60 • ________. Religião dos espíritos. Emmanuel. Cap.: Na hora da crise, Jesus e atualidade • ________. Contos e apólogos. Irmão X. Cap.: 21 • FRANCO, Divaldo O. Lampadário espírita. Joanna de Ângelis. Cap.: 6, 8, 43 • ________. Messe de amor. Joanna de Ângelis. Cap.: 1, 14, 46, 59 • ________. Dimensões da verdade. Joanna de Ângelis. Cap.: Ao chamado do Cristo • ________. Celeiro de bênçãos. Joanna de Ângelis. Cap.: 13 • TEIXEIRA, Raul. Nossas riquezas maiores. Diversos. Cap.: 2, 32 • ________. Vozes do infinito. Diversos. Cap.: 18, 25, 29, 39, 41 • ________. Revelações da luz. Camilo. Cap.: 21 A mente que ora, sintoniza com as Fontes da Vida, enrique- cendo-se de forças espirituais e lucidez. Joanna de Ângelis A perseverança é a base da vitória. Emmanuel Lembretes oportunos: