SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 3
Downloaden Sie, um offline zu lesen
A Páscoa de Jesus Cristo
“Antes da festa da Páscoa, Jesus, sabendo que tinha chegado a sua
hora da passagem deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam
no mundo, levou o seu amor por eles até ao extremo.”
(Jo 13,1)
A “hora” de Jesus é o culminar da revelação e da própria obra salvífica de Deus. Esta é a “hora” que assimila
a chegada da existência, em que ao ser vivida com os homens entra na “passagem” de Si mesmo ao Pai, na
plenitude da consagração de si mesmo: Amor Maior dado em gratuidade aos homens.
“Se tem algum valor uma exortação em nome de Cristo, ou um conforto afetuoso,
ou uma solidariedade no Espírito, ou algum afeto e compaixão, então fazei com
que seja completa a minha alegria: procurei ter os mesmos sentimentos, assumin-
do o mesmo amor, unidos numa só alma, tendo um só sentimento, nada façais por
ambição, nem por vaidade; mas com humildade, considerai os outros superiores a
vós próprios, não tendo cada um em vista os próprios interesses, mas todos e cada
um exatamente os interesses dos outros.
Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus:
Ele, que é condição divina,
não considerou como uma usurpação ser igual a Deus;
no entanto esvaziou-se a si mesmo,
tomando a condição de servo.
Tornando-se semelhante aos homens
e sendo, ao manifestar-se, identificado como homem,
rebaixou-se a si mesmo,
tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.”
(Fl 2,1-8)
A “Kenose” de Jesus não O faz deixar a condição divina, no entanto é precisamente neste mistério que se
apresenta “a nu” o amor de Deus por toda a humanidade. É nesta entendimento que sempre digo: “não foi
o sangue de Cristo que nos salvou, mas sim o Seu amor que se deu até ao sangue”. Assim a Sua morte, cujo
significado transmitiu na última ceia, culmina no ápice enquanto o próprio sacramento do Seu calvário.
Foi na Páscoa que Jesus se mostrará como o crucificado, agora é Ele o novo Templo, Nele encontramos a
nossa identidade e coesão enquanto povo crente, que contempla o mais belo tesouro que nos abre a profun-
didade e proximidade mística entre nós e o divino... entre nós e Deus.
Foi na Páscoa que Jesus partiu e repartiu o pão, nessa repartição que se multiplicou pela multidão faminta
(cf. Jo 6,4), realizando ali mesmo a antecipação da Nova Páscoa. Jesus homem com os homens, preparou os
seus discípulos para o grande dia, para esse dia que se fez cordeiro, é Ele o cordeiro que Deus, esse que se
apresenta a Abraão para se dar por Isaac (cf. Gn 22,10-14), é Ele o que sempre está e sempre esteve, é Ele o
que realiza a presença eterna do criador com a criatura, é Ele que se fazendo homem, faz do homem reflexo
dos seus olhos misericordiosos, é Ele que nos diz que amar o próximo é amar a Ele mesmo, é Ele que dando
a tudo à vida apresenta-a como valor absoluto sobre tudo, é Ele o Verdadeiro cordeiro pascal, o cordeiro
libertador e doador da vida definitiva, absoluta, inviolável e eterna.
A Última Ceia
Nessa caminhada livre e consciente para a morte, Jesus surge na última ceia antecipando-a e sacramentan-
do-a através das palavras e dos gestos sobre o pão e o cálice.
Num contexto histórico, esta ceia vem na sequência de outras que muito preocupavam os seus opositores.
Naquela altura, facto de “sentar-se” à mesa com alguém era encarado como um sinal de criação de uma co-
munidade de vida, comer o mesmo alimento era interpretado como comunhão e reconciliação. Sem dúvida
que a partir da confissão de Césareia, a participação na refeição com Jesus aparecia como participação nos
bens messiânicos, com Ele a salvação era oferecida a todos, sem existir distinções, porque na mesa do Senhor
(como na mesa de casa de uma mãe) há sempre lugar para mais um.
A ceia foi assim vivida em ambiente, há mesmo que veja nesta ceia a própria ceia pascal de Jesus com os seus
discípulos. Desta forma, e na linha da tradição judaica, o rito pascal era celebrado tendo em vista a liber-
tação (cf. Ex 12,26; 14,8)
“Purificai-vos do velho fermento, para serdes nova massa, já que sois pães
ázimos, Pois Cristo, nossa Páscoa, foi imolado.”
(1 Cor 5,7)
Mas algo de novo acontece nesta ceia, ela será o banquete definitivo até ao banquete final no Reino de Deus.
Quando Jesus pega o pão e abençoa, parte e reparte, aquele que é Seu corpo (que será entre até à morte),
em seguida pega no cálice abençoa e diz que aquele é o Seu sangue (que será derramado). Jesus apresenta de
uma forma penetrante a Sua morte, enquanto sacrifício pascal, do qual ele é o novo cordeiro, em que assen-
ta a escatologia humana. A morte do Senhor remete para a aliança brutal que se tinha realizado no Sinai (cf.
Ex 24,8).
Segundo o ritual judaico, a participação no pão partido e repartido e no vinho abençoado pelo pai de
família, faz que todos se sentissem recebidos na família. A realidade sacramental atinge toda a sua drama-
tização no calvário.
Os discípulos tinham agora que viver enquanto atores de resposta ao apelo de Jesus. A sua existência terá a
sua expressão ao longo dos tempos, assumido no sacrifício que torna Jesus presente: a Eucaristia.
A Eucaristia será a ligação da Igreja com o Seu Mestre, que renova sempre a Páscoa, na repartição de
tarefas, sempre em anamnese. Jesus aceita o sacrifício, cuja morte são apontados em Is 53, como o “dom dos
inocentes” (v9), suportados pelos inocentes e com as ciências (v8), voluntariamente (v10), queridos por Deus
(v16).
Ele é a nossa Páscoa, a libertação do nosso povo com o pecado e da própria morte.
Conclusão
Jesus personifica a Palavra e a revelação definitiva de Deus, esta incorporação eleva a “hora” suprema da
Sua vida, realizando plenamente o desígnio salvífico de Deus. A Páscoa judaica, que realiza a recordação e
fomenta a esperança é agora compreendida no expoente da singularidade divina.
Tornando-se na nova Páscoa, derramando o seu próprio sangue, Jesus leva consigo toda a humanidade cujos
pecados irá assumir sobre Si mesmo. Jesus é o Sião, Nele está em oração toda a comunidade santa, que ago-
ra se levanta do pecado.
O sangue de Jesus personaliza a entrega e fidelidade que Deus dá ao seu povo, que agora se assume sem faz-
er distinções a ninguém. O sangue de Jesus simbolizado no cordeiro imolado, realiza definitivamente a Nova
Aliança, inscrita na paz.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt? (20)

Sacramento da eucaristia
Sacramento da eucaristiaSacramento da eucaristia
Sacramento da eucaristia
 
Fé pascal
Fé pascalFé pascal
Fé pascal
 
Celebração Ceia Pascal - 28/03/15
Celebração Ceia Pascal - 28/03/15Celebração Ceia Pascal - 28/03/15
Celebração Ceia Pascal - 28/03/15
 
Eucaristia
EucaristiaEucaristia
Eucaristia
 
Lição 11 A Última Ceia
Lição 11 A Última CeiaLição 11 A Última Ceia
Lição 11 A Última Ceia
 
MILAGRES EUCARÍSTICOS NO MUNDO - CARLO ACUTIS
MILAGRES EUCARÍSTICOS NO MUNDO - CARLO ACUTISMILAGRES EUCARÍSTICOS NO MUNDO - CARLO ACUTIS
MILAGRES EUCARÍSTICOS NO MUNDO - CARLO ACUTIS
 
Corpus christi presentepravoce
Corpus christi presentepravoceCorpus christi presentepravoce
Corpus christi presentepravoce
 
ÚNico sacrifício
ÚNico sacrifícioÚNico sacrifício
ÚNico sacrifício
 
Os sacramentos da igreja - Aula 05
Os sacramentos da igreja - Aula 05Os sacramentos da igreja - Aula 05
Os sacramentos da igreja - Aula 05
 
Eucaristia
EucaristiaEucaristia
Eucaristia
 
Ebook ceia senhor_ryle
Ebook ceia senhor_ryleEbook ceia senhor_ryle
Ebook ceia senhor_ryle
 
9 Ideias Para Viver A Eucaristia
9 Ideias Para Viver A Eucaristia9 Ideias Para Viver A Eucaristia
9 Ideias Para Viver A Eucaristia
 
Esquema da-missa
Esquema da-missaEsquema da-missa
Esquema da-missa
 
Corpus Christi
Corpus ChristiCorpus Christi
Corpus Christi
 
A Ceia do Senhor
A Ceia do SenhorA Ceia do Senhor
A Ceia do Senhor
 
Adoração lucas 7
Adoração   lucas 7Adoração   lucas 7
Adoração lucas 7
 
Três argumentos contra o sábado
Três argumentos contra o sábadoTrês argumentos contra o sábado
Três argumentos contra o sábado
 
A Ceia do Senhor - Apresentação
A Ceia do Senhor - ApresentaçãoA Ceia do Senhor - Apresentação
A Ceia do Senhor - Apresentação
 
Lição 12ª Santa Ceia
Lição 12ª  Santa CeiaLição 12ª  Santa Ceia
Lição 12ª Santa Ceia
 
Páscoa
PáscoaPáscoa
Páscoa
 

Andere mochten auch

PÁSCOA 2014 .... Origens da Páscoa (1/4)
PÁSCOA 2014 .... Origens da Páscoa (1/4)PÁSCOA 2014 .... Origens da Páscoa (1/4)
PÁSCOA 2014 .... Origens da Páscoa (1/4)Luís Carvalho
 
Programação Semana Santa
Programação Semana SantaProgramação Semana Santa
Programação Semana Santasidneybartolo
 
Convesao pastoral edson-oriolo
Convesao pastoral edson-orioloConvesao pastoral edson-oriolo
Convesao pastoral edson-orioloconage2013
 
Building open source identity infrastructures
Building open source identity infrastructuresBuilding open source identity infrastructures
Building open source identity infrastructuresFrancesco Chicchiriccò
 
Ano liturgico.ritmos
Ano liturgico.ritmosAno liturgico.ritmos
Ano liturgico.ritmosRamon Gimenez
 
Semana santa parte 2
Semana santa   parte 2Semana santa   parte 2
Semana santa parte 2mbsilva1971
 
Tríduo pascal - indicações litúrgico-pastorais
Tríduo pascal - indicações litúrgico-pastoraisTríduo pascal - indicações litúrgico-pastorais
Tríduo pascal - indicações litúrgico-pastoraisPNSPS
 
Preparar as festas pascais
Preparar as festas pascaisPreparar as festas pascais
Preparar as festas pascaisNuno Bessa
 
Semana Santa PresentacióN
Semana Santa PresentacióNSemana Santa PresentacióN
Semana Santa PresentacióNguest81a427
 
Ano liturgico
Ano liturgicoAno liturgico
Ano liturgicoJean
 
Celebrações da Semana Santa
Celebrações da Semana SantaCelebrações da Semana Santa
Celebrações da Semana SantaSandro Rezende
 
Formação de Liturgia - 03/11/2013
Formação de Liturgia - 03/11/2013Formação de Liturgia - 03/11/2013
Formação de Liturgia - 03/11/2013eusouaimaculada
 
A celebração da primeira páscoa
A celebração da primeira páscoaA celebração da primeira páscoa
A celebração da primeira páscoaMoisés Sampaio
 

Andere mochten auch (20)

20100327 Triduo Pasquale
20100327 Triduo Pasquale20100327 Triduo Pasquale
20100327 Triduo Pasquale
 
PÁSCOA 2014 .... Origens da Páscoa (1/4)
PÁSCOA 2014 .... Origens da Páscoa (1/4)PÁSCOA 2014 .... Origens da Páscoa (1/4)
PÁSCOA 2014 .... Origens da Páscoa (1/4)
 
Programação Semana Santa
Programação Semana SantaProgramação Semana Santa
Programação Semana Santa
 
Nova estrutura da ASSCOM
Nova estrutura da ASSCOMNova estrutura da ASSCOM
Nova estrutura da ASSCOM
 
Convesao pastoral edson-oriolo
Convesao pastoral edson-orioloConvesao pastoral edson-oriolo
Convesao pastoral edson-oriolo
 
Building open source identity infrastructures
Building open source identity infrastructuresBuilding open source identity infrastructures
Building open source identity infrastructures
 
Cateq pt 12
Cateq pt 12Cateq pt 12
Cateq pt 12
 
A Revelação Divina
A Revelação DivinaA Revelação Divina
A Revelação Divina
 
Cateq pt 13
Cateq pt 13Cateq pt 13
Cateq pt 13
 
A Nova AliançA De Cristo
A Nova AliançA De CristoA Nova AliançA De Cristo
A Nova AliançA De Cristo
 
Ano liturgico.ritmos
Ano liturgico.ritmosAno liturgico.ritmos
Ano liturgico.ritmos
 
Semana santa parte 2
Semana santa   parte 2Semana santa   parte 2
Semana santa parte 2
 
Tríduo pascal - indicações litúrgico-pastorais
Tríduo pascal - indicações litúrgico-pastoraisTríduo pascal - indicações litúrgico-pastorais
Tríduo pascal - indicações litúrgico-pastorais
 
Preparar as festas pascais
Preparar as festas pascaisPreparar as festas pascais
Preparar as festas pascais
 
Semana Santa PresentacióN
Semana Santa PresentacióNSemana Santa PresentacióN
Semana Santa PresentacióN
 
Ano liturgico
Ano liturgicoAno liturgico
Ano liturgico
 
A verdadeira pascoa
A verdadeira pascoaA verdadeira pascoa
A verdadeira pascoa
 
Celebrações da Semana Santa
Celebrações da Semana SantaCelebrações da Semana Santa
Celebrações da Semana Santa
 
Formação de Liturgia - 03/11/2013
Formação de Liturgia - 03/11/2013Formação de Liturgia - 03/11/2013
Formação de Liturgia - 03/11/2013
 
A celebração da primeira páscoa
A celebração da primeira páscoaA celebração da primeira páscoa
A celebração da primeira páscoa
 

Ähnlich wie O Sacrifício de Amor de Jesus na Última Ceia

Ähnlich wie O Sacrifício de Amor de Jesus na Última Ceia (20)

2. categoria previas a eucaristia e relatos da instituicao
2. categoria previas a eucaristia e relatos da instituicao2. categoria previas a eucaristia e relatos da instituicao
2. categoria previas a eucaristia e relatos da instituicao
 
Ss5 ceia
Ss5 ceiaSs5 ceia
Ss5 ceia
 
Ss5 ceia
Ss5 ceiaSs5 ceia
Ss5 ceia
 
A páscoa e o espiritismo
A páscoa e o espiritismoA páscoa e o espiritismo
A páscoa e o espiritismo
 
A última Ceia
A última CeiaA última Ceia
A última Ceia
 
Eucaristia
EucaristiaEucaristia
Eucaristia
 
Páscoa, vida nova!
Páscoa, vida nova!Páscoa, vida nova!
Páscoa, vida nova!
 
5ª. feira santa abril 2014
5ª. feira santa   abril 20145ª. feira santa   abril 2014
5ª. feira santa abril 2014
 
Escolinha diocesana
Escolinha diocesanaEscolinha diocesana
Escolinha diocesana
 
Escolinha diocesana
Escolinha diocesanaEscolinha diocesana
Escolinha diocesana
 
Escolinha diocesana
Escolinha diocesanaEscolinha diocesana
Escolinha diocesana
 
Ceia do Senhor
Ceia do SenhorCeia do Senhor
Ceia do Senhor
 
A Páscoa na visão do espírita
A Páscoa na visão do espíritaA Páscoa na visão do espírita
A Páscoa na visão do espírita
 
Paróquia em Ação 12
Paróquia em Ação 12Paróquia em Ação 12
Paróquia em Ação 12
 
Significado da pascoa
Significado da pascoaSignificado da pascoa
Significado da pascoa
 
Significado da Pascoa
Significado da PascoaSignificado da Pascoa
Significado da Pascoa
 
QUERIGMA
QUERIGMAQUERIGMA
QUERIGMA
 
Os sacramentos da igreja - Aula 04
Os sacramentos da igreja - Aula 04Os sacramentos da igreja - Aula 04
Os sacramentos da igreja - Aula 04
 
A ceia do senhor o pão e o vinho
A ceia do senhor o pão e o vinhoA ceia do senhor o pão e o vinho
A ceia do senhor o pão e o vinho
 
A data judaica da morte de Jesus
A data judaica da morte de JesusA data judaica da morte de Jesus
A data judaica da morte de Jesus
 

Mehr von Luís Carvalho

Osservatore Romano (20.abr.2014)
Osservatore Romano (20.abr.2014)Osservatore Romano (20.abr.2014)
Osservatore Romano (20.abr.2014)Luís Carvalho
 
L´osservatore romano (09.mar.2014)
L´osservatore romano (09.mar.2014)L´osservatore romano (09.mar.2014)
L´osservatore romano (09.mar.2014)Luís Carvalho
 
Osservatore Romano (02.mar.2014)
Osservatore Romano (02.mar.2014)Osservatore Romano (02.mar.2014)
Osservatore Romano (02.mar.2014)Luís Carvalho
 
L´ OSSERVATORE ROMANO (23.fev.2014)
L´ OSSERVATORE ROMANO (23.fev.2014)L´ OSSERVATORE ROMANO (23.fev.2014)
L´ OSSERVATORE ROMANO (23.fev.2014)Luís Carvalho
 
L’osservatore romano (16.fev.2014)
L’osservatore romano (16.fev.2014)L’osservatore romano (16.fev.2014)
L’osservatore romano (16.fev.2014)Luís Carvalho
 
L’osservatore romano (02.Fev.2014)
L’osservatore romano (02.Fev.2014)L’osservatore romano (02.Fev.2014)
L’osservatore romano (02.Fev.2014)Luís Carvalho
 
L’OSSERVATORE ROMANO (19/01/2014)
L’OSSERVATORE ROMANO (19/01/2014)L’OSSERVATORE ROMANO (19/01/2014)
L’OSSERVATORE ROMANO (19/01/2014)Luís Carvalho
 
L’osservatore romano
L’osservatore romanoL’osservatore romano
L’osservatore romanoLuís Carvalho
 

Mehr von Luís Carvalho (8)

Osservatore Romano (20.abr.2014)
Osservatore Romano (20.abr.2014)Osservatore Romano (20.abr.2014)
Osservatore Romano (20.abr.2014)
 
L´osservatore romano (09.mar.2014)
L´osservatore romano (09.mar.2014)L´osservatore romano (09.mar.2014)
L´osservatore romano (09.mar.2014)
 
Osservatore Romano (02.mar.2014)
Osservatore Romano (02.mar.2014)Osservatore Romano (02.mar.2014)
Osservatore Romano (02.mar.2014)
 
L´ OSSERVATORE ROMANO (23.fev.2014)
L´ OSSERVATORE ROMANO (23.fev.2014)L´ OSSERVATORE ROMANO (23.fev.2014)
L´ OSSERVATORE ROMANO (23.fev.2014)
 
L’osservatore romano (16.fev.2014)
L’osservatore romano (16.fev.2014)L’osservatore romano (16.fev.2014)
L’osservatore romano (16.fev.2014)
 
L’osservatore romano (02.Fev.2014)
L’osservatore romano (02.Fev.2014)L’osservatore romano (02.Fev.2014)
L’osservatore romano (02.Fev.2014)
 
L’OSSERVATORE ROMANO (19/01/2014)
L’OSSERVATORE ROMANO (19/01/2014)L’OSSERVATORE ROMANO (19/01/2014)
L’OSSERVATORE ROMANO (19/01/2014)
 
L’osservatore romano
L’osservatore romanoL’osservatore romano
L’osservatore romano
 

Kürzlich hochgeladen

Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealizaçãocorpusclinic
 
1.2 - Elementos Gerais do Universo.pptx
1.2 - Elementos Gerais do  Universo.pptx1.2 - Elementos Gerais do  Universo.pptx
1.2 - Elementos Gerais do Universo.pptxMarta Gomes
 
o cristão e as finanças a luz da bíblia .
o cristão e as finanças a luz da bíblia .o cristão e as finanças a luz da bíblia .
o cristão e as finanças a luz da bíblia .Steffany69
 
As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)natzarimdonorte
 
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxLição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxCelso Napoleon
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxCelso Napoleon
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoRicardo Azevedo
 
Cópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptx
Cópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptxCópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptx
Cópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptxLennySilva15
 
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresOração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresNilson Almeida
 
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaVivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaSammis Reachers
 
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...PIB Penha
 
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPIB Penha
 
Oração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo BrasileiroOração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo BrasileiroNilson Almeida
 
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfO Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfmhribas
 

Kürzlich hochgeladen (15)

Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
 
1.2 - Elementos Gerais do Universo.pptx
1.2 - Elementos Gerais do  Universo.pptx1.2 - Elementos Gerais do  Universo.pptx
1.2 - Elementos Gerais do Universo.pptx
 
o cristão e as finanças a luz da bíblia .
o cristão e as finanças a luz da bíblia .o cristão e as finanças a luz da bíblia .
o cristão e as finanças a luz da bíblia .
 
As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)
 
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxLição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
 
Cópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptx
Cópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptxCópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptx
Cópia de Ideais - Desbravadores e Aventureiros.pdf.pptx
 
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresOração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
 
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaVivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
 
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
 
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
 
Oração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo BrasileiroOração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo Brasileiro
 
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
 
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfO Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
 

O Sacrifício de Amor de Jesus na Última Ceia

  • 1. A Páscoa de Jesus Cristo “Antes da festa da Páscoa, Jesus, sabendo que tinha chegado a sua hora da passagem deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, levou o seu amor por eles até ao extremo.” (Jo 13,1) A “hora” de Jesus é o culminar da revelação e da própria obra salvífica de Deus. Esta é a “hora” que assimila a chegada da existência, em que ao ser vivida com os homens entra na “passagem” de Si mesmo ao Pai, na plenitude da consagração de si mesmo: Amor Maior dado em gratuidade aos homens. “Se tem algum valor uma exortação em nome de Cristo, ou um conforto afetuoso, ou uma solidariedade no Espírito, ou algum afeto e compaixão, então fazei com que seja completa a minha alegria: procurei ter os mesmos sentimentos, assumin- do o mesmo amor, unidos numa só alma, tendo um só sentimento, nada façais por ambição, nem por vaidade; mas com humildade, considerai os outros superiores a vós próprios, não tendo cada um em vista os próprios interesses, mas todos e cada um exatamente os interesses dos outros. Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus: Ele, que é condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; no entanto esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-se semelhante aos homens e sendo, ao manifestar-se, identificado como homem, rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Fl 2,1-8) A “Kenose” de Jesus não O faz deixar a condição divina, no entanto é precisamente neste mistério que se apresenta “a nu” o amor de Deus por toda a humanidade. É nesta entendimento que sempre digo: “não foi o sangue de Cristo que nos salvou, mas sim o Seu amor que se deu até ao sangue”. Assim a Sua morte, cujo significado transmitiu na última ceia, culmina no ápice enquanto o próprio sacramento do Seu calvário. Foi na Páscoa que Jesus se mostrará como o crucificado, agora é Ele o novo Templo, Nele encontramos a nossa identidade e coesão enquanto povo crente, que contempla o mais belo tesouro que nos abre a profun- didade e proximidade mística entre nós e o divino... entre nós e Deus.
  • 2. Foi na Páscoa que Jesus partiu e repartiu o pão, nessa repartição que se multiplicou pela multidão faminta (cf. Jo 6,4), realizando ali mesmo a antecipação da Nova Páscoa. Jesus homem com os homens, preparou os seus discípulos para o grande dia, para esse dia que se fez cordeiro, é Ele o cordeiro que Deus, esse que se apresenta a Abraão para se dar por Isaac (cf. Gn 22,10-14), é Ele o que sempre está e sempre esteve, é Ele o que realiza a presença eterna do criador com a criatura, é Ele que se fazendo homem, faz do homem reflexo dos seus olhos misericordiosos, é Ele que nos diz que amar o próximo é amar a Ele mesmo, é Ele que dando a tudo à vida apresenta-a como valor absoluto sobre tudo, é Ele o Verdadeiro cordeiro pascal, o cordeiro libertador e doador da vida definitiva, absoluta, inviolável e eterna. A Última Ceia Nessa caminhada livre e consciente para a morte, Jesus surge na última ceia antecipando-a e sacramentan- do-a através das palavras e dos gestos sobre o pão e o cálice. Num contexto histórico, esta ceia vem na sequência de outras que muito preocupavam os seus opositores. Naquela altura, facto de “sentar-se” à mesa com alguém era encarado como um sinal de criação de uma co- munidade de vida, comer o mesmo alimento era interpretado como comunhão e reconciliação. Sem dúvida que a partir da confissão de Césareia, a participação na refeição com Jesus aparecia como participação nos bens messiânicos, com Ele a salvação era oferecida a todos, sem existir distinções, porque na mesa do Senhor (como na mesa de casa de uma mãe) há sempre lugar para mais um. A ceia foi assim vivida em ambiente, há mesmo que veja nesta ceia a própria ceia pascal de Jesus com os seus discípulos. Desta forma, e na linha da tradição judaica, o rito pascal era celebrado tendo em vista a liber- tação (cf. Ex 12,26; 14,8) “Purificai-vos do velho fermento, para serdes nova massa, já que sois pães ázimos, Pois Cristo, nossa Páscoa, foi imolado.” (1 Cor 5,7) Mas algo de novo acontece nesta ceia, ela será o banquete definitivo até ao banquete final no Reino de Deus. Quando Jesus pega o pão e abençoa, parte e reparte, aquele que é Seu corpo (que será entre até à morte), em seguida pega no cálice abençoa e diz que aquele é o Seu sangue (que será derramado). Jesus apresenta de uma forma penetrante a Sua morte, enquanto sacrifício pascal, do qual ele é o novo cordeiro, em que assen- ta a escatologia humana. A morte do Senhor remete para a aliança brutal que se tinha realizado no Sinai (cf. Ex 24,8). Segundo o ritual judaico, a participação no pão partido e repartido e no vinho abençoado pelo pai de família, faz que todos se sentissem recebidos na família. A realidade sacramental atinge toda a sua drama- tização no calvário. Os discípulos tinham agora que viver enquanto atores de resposta ao apelo de Jesus. A sua existência terá a sua expressão ao longo dos tempos, assumido no sacrifício que torna Jesus presente: a Eucaristia. A Eucaristia será a ligação da Igreja com o Seu Mestre, que renova sempre a Páscoa, na repartição de tarefas, sempre em anamnese. Jesus aceita o sacrifício, cuja morte são apontados em Is 53, como o “dom dos inocentes” (v9), suportados pelos inocentes e com as ciências (v8), voluntariamente (v10), queridos por Deus (v16). Ele é a nossa Páscoa, a libertação do nosso povo com o pecado e da própria morte.
  • 3. Conclusão Jesus personifica a Palavra e a revelação definitiva de Deus, esta incorporação eleva a “hora” suprema da Sua vida, realizando plenamente o desígnio salvífico de Deus. A Páscoa judaica, que realiza a recordação e fomenta a esperança é agora compreendida no expoente da singularidade divina. Tornando-se na nova Páscoa, derramando o seu próprio sangue, Jesus leva consigo toda a humanidade cujos pecados irá assumir sobre Si mesmo. Jesus é o Sião, Nele está em oração toda a comunidade santa, que ago- ra se levanta do pecado. O sangue de Jesus personaliza a entrega e fidelidade que Deus dá ao seu povo, que agora se assume sem faz- er distinções a ninguém. O sangue de Jesus simbolizado no cordeiro imolado, realiza definitivamente a Nova Aliança, inscrita na paz.