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Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes
SISTEMAS INTELIGENTES DE TRANSPORTES
Logística Urbana na Baixa Pombalina
Uma Solução Inteligente
André Ramos – Nº76819
Luís Neto – Nº 74776
Vinicius Campbell – N.º 74803
1º Semestre 2013/2014
Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes
Sistemas Inteligentes de Transportes
Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 1
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 2
2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO 4
2.1 Breve Enquadramento Urbanístico 4
2.2 Definição da Área em Estudo 6
2.3 Caracterização da Rede Viária e Estacionamento 8
2.4 Caracterização da Atividade Comercial 11
2.5 Operações de Carga e Descarga 13
2.6 Legislação e Regulamentação em Vigor 16
2.7 Porquê Intervir? – Diagnóstico da Situação Atual 18
3 A TECNOLOGIA NO TRANSPORTE URBANO DE MERCADORIAS 20
3.1 Breve Enquadramento 20
3.2 Registo de Operadores 20
3.3 Informação e Cartografia de Auxilio à Distribuição Urbana 21
3.4 Condicionamento do Acesso a Veículos Autorizados 22
3.5 Gestão do Tempo e das Janelas Horárias 23
3.6 Sistemas de Comunicação a Bordo 24
3.7 Medidas de Controlo e Vigilância – Fiscalização 24
3.8 Criação de Centros de Logística Local 25
3.9 Exemplos de Aplicações Tecnológicas 26
4 INSTALAÇÃO DE UM SISTEMA INTELIGENTE DE GESTÃO E FISCALIZAÇÃO DE OPERAÇÕES DE
CARGA E DESCARGA 30
4.1 Definição da Área de Intervenção (“Zona-Piloto”) 30
4.2 Caracterização da “Zona-Piloto” 31
4.3 Solução Proposta 34
4.4 Definições Adicionais 41
5 AVALIAÇÃO DA PROPOSTA 44
5.1 Avaliação Financeira do Investimento 44
5.2 Externalidades e Outros Impactes 55
5.3 Aplicabilidade à Restante Área em Estudo 56
5.4 Avaliação dos Impactes 58
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 61
7 BIBLIOGRAFIA 64
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Sistemas Inteligentes de Transportes
Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 2
1 Introdução
O Projeto de Revitalização da Baixa-Chiado, de 2006, referia que, para ”revitalizar a Baixa é
necessário atrair mais gente, para o que é necessário valorizar o comércio tradicional e as lojas centenárias,
que são um ícone desta zona, e uma oferta renovada e competitiva. Para isso é indispensável a renovação e
modernização do comércio, o reforço da capacidade de atuação das associações de comerciantes, e melhores
condições de operação (segurança, limpeza, animação, micrologística partilhada, etc.)”.
Está subjacente, por isso, o eterno dilema enfrentado pelas cidades, que têm o objetivo de atrair para o
seu centro os comerciantes, mas menosprezam os aspetos relacionados com a logística urbana que estas
atividades geram.
De facto, durante muito tempo, o setor público entendia que as operações de carga e descarga não
eram um assunto no qual tivessem responsabilidades, na medida em que se tratava de um “negócio de
privados”. Contudo, a sucessão de impactes na cidade gerados por estas atividades originou a necessidade de
haver um envolvimento das entidades reguladoras no sentido de mitigar esses impactes no ambiente urbano,
nomeadamente ao nível do congestionamento, emissões poluentes, segurança e ruído.
Então, porque razão é o transporte urbano de mercadorias importante? (BESTUFS, 2008)
O transporte urbano de mercadorias é importante por muitas razões:
 O custo total do transporte de mercadorias e da logística é muito significativo e tem uma
influência direta na eficiência de uma economia;
 Desempenha um papel essencial no apoio e manutenção das atividades industriais e
comerciais, no sentido da geração de outras atividades criadoras de riqueza, tornando-se, por
si só, um importante gerador de emprego;
 Um setor eficiente de transporte de mercadorias contribui para a competitividade da indústria
da região;
 Trata-se de uma atividade fundamental para a manutenção do estilo de vida atual dos cidadãos
das metrópoles;
 Tem efeitos negativos (sociais e ambientais) muito consideráveis.
Cabe, por isso, ao setor público encontrar as soluções de logística eficientes e adequadas à
generalidade das operações de carga e descarga ou a cada perfil logístico em particular, de modo a que as
cidades sejam locais atrativos (para viver, trabalhar, visitar, fazer compras e lazer), tudo com o interesse
“central” de encurtar distâncias e, por conseguinte, diminuir os custos diretos e indiretos relacionados com os
transportes e seus movimentos.
As soluções a adotar baseiam-se em quatro áreas fundamentais: educação e formação, engenharia
rodoviária, regulamentação e fiscalização e soluções tecnológicas (Figura 1).
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Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 3
Figura 1 – Soluções aplicadas à logística urbana
Por um lado, é reconhecida a necessidade da vertente de educação e formação, na medida em que
prepara os agentes (públicos ou privados) para as restantes medidas , mas também da engenharia rodoviária,
responsável pela adaptação das infraestruturas para o adequado funcionamento das operações de carga e
descarga.
Por outro lado, é na fiscalização eficaz que assenta a base do sucesso de um sistema de logística, sem
a qual a regulamentação não conseguirá tornar-se efetiva. Esse fenómeno é frequentemente observado nas
operações de carga e descarga, durante as quais se registam diversas situações de estacionamento ilegal (em
locais não reservados ou mesmo em “segunda fila”).
A ineficácia dessa fiscalização leva, assim, à necessidade de equacionar a adoção de sistemas
inteligentes, isto é, soluções tecnológicas que tornem possível e funcional toda a operação logística,
permitindo a aplicação em pleno das regulamentações aprovadas: é este, precisamente, o propósito principal
deste projeto, que procura delinear uma solução tecnológica viável e exequível para a operação de cargas e
descargas na área escolhida de modo a obter uma maior eficiência do sistema em termos operacionais e de
segurança e com menores custos ambientais associados.
O grande número de agentes e a variedade de situações hipotéticas neste campo são fatores com
grande peso, mas que após a caracterização da zona em estudo e a recolha das soluções utilizadas em outras
cidades europeias podem tornar-se menos relevantes, com a definição de um sistema que leve em conta as
diversas particularidades presentes.
O projeto, que seria primeiramente aplicado numa “zona-piloto” definida, termina com uma avaliação
do investimento associado, quer numa base estritamente financeira, quer com considerações acerca da sua
escalabilidade à restante área em estudo.
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Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 4
2 Caracterização da Área em Estudo
2.1 Breve Enquadramento Urbanístico
A zona em estudo situa-se na região Sul do Município de Lisboa, mais propriamente na antiga
freguesia de São Nicolau que, segundo a Reorganização Administrativa do Território de 2012/2013, foi
fundida com outras freguesias que a limitavam, formando a freguesia de Santa Maria Maior.
Segundo os dados publicados recentemente pelo INE relativos ao Censos 2011, a população na
freguesia de São Nicolau era, à data, de 1231 residentes (vide Figura 2), representando um acréscimo de 4,8%
face a 2001, tendência contrária à do município de Lisboa, que sofreu um decréscimo de 3% na última década.
Figura 2 – População na freguesia de São Nicolau
Fonte: INE
Assim, parte desta antiga freguesia constitui a zona conhecida como Baixa Lisboeta ou Baixa
Pombalina, ficando a dever o seu nome à intervenção idealizada pelo Marquês de Pombal após o terramoto de
1755, que devastou toda a zona ribeirinha da cidade.
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Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 5
De facto, a sua intervenção permitiu uma organização com algumas particularidades em termos
urbanísticos, quebrando os conceitos de planeamento do Renascimento e aderindo a uma nova corrente
artística (o Barroco), cujos elementos principais assentavam em linhas retas, perspetivas monumentais e
uniformização de fachadas, tornando as praças centros de atratividade (vide Figura 3).
A ligação desses polos de atração (Praça do Comércio, conhecida por Terreiro do Paço, e Praça
D. Pedro IV, habitualmente conhecida por Rossio) é formada por um combinado de ruas retas paralelas e por
transversais organizadas para ambos os lados, partindo dum eixo central (a Rua Augusta), como se mostra na
Figura 4. Para além das mencionadas praças principais, existem ainda outras áreas de menor expressão que
contribuem de modo significativo para os movimentos de circulação de pessoas ou veículos.
Figura 3 – Enquadramento histórico da área em estudo
Fonte: Slides das aulas práticas da disciplina de Planeamento Regional e Urbano (MPOT – IST)
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Figura 4 – Disposição ortogonal da Baixa Pombalina
Fonte: Slides das aulas práticas da disciplina de Planeamento Regional e Urbano (MPOT – IST)
As edificações nesta área formam, portanto, um conjunto arquitetónico muito semelhante, uma vez
que todos os prédios têm no seu rés-do-chão uma zona comercial, tendo os pisos superiores sido projetados
para habitação. De realçar que esta parte central foi resultado dum enchimento aluvionar do antigo esteiro do
Tejo, ao qual se acrescentou o aterro do entulho das ruínas e demolições provocadas pelo devastador
terramoto, o que dificulta (ou inviabiliza) qualquer construção em profundidade (pisos inferiores ou parques
de estacionamento).
2.2 Definição da Área em Estudo
A escolha da área em estudo dentro da área central de Lisboa levou em consideração não só as
características particulares da zona da Baixa Pombalina, que exigem um olhar atento sobre as suas operações
de cargas e descargas, mas também a existência de um trabalho prévio que permitisse concentrar esforços na
fase de desenvolvimento de propostas.
Assim, foi tomado como referência, em diversos momentos deste projeto, o “Estudo de Logística
Urbana para a Zona Piloto da Baixa de Lisboa”, realizado pela consultora de transportes TIS entre 2011 e
2013.
Este estudo seguiu as diretrizes solicitadas em Caderno de Encargos pela Câmara Municipal de
Lisboa, tendo definido a “Zona Piloto de Intervenção de Logística Urbana” (doravante denominada ZPILU)
com base na área delimitada pelo Plano de Pormenor da Baixa Pombalina (de acordo com o Plano Municipal
de Ordenamento do Território ao abrigo do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, na redação conferida
pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro), ampliando-a no sentido Poente (vide Figura 5).
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Figura 5 – Zona Piloto de Intervenção de Logística Urbana (ZPILU)
Fonte: TIS
Assim, a zona de intervenção considerada (a área em estudo) foi definida como uma subzona da
ZPILU, com os limites que se apresentam na Figura 6 e se descrevem de seguida:
 A Oeste, a Rua dos Fanqueiros (inclusive);
 A Sul, a Rua de S. Julião (inclusive);
 A Este, a Rua do Ouro (inclusive);
 A Norte, a Praça da Figueira e a Praça D. Pedro IV (Rossio).
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Figura 6 – Área em estudo
Fonte: TIS (tratamento próprio)
O referido “Estudo de Logística Urbana para a Zona Piloto da Baixa de Lisboa” constituiu, assim,
um apoio indispensável à caracterização da área em estudo, na medida em que procedeu, num momento
recente, a uma caracterização rigorosa das atividades logísticas numa área que engloba a zona escolhida para
este projeto. Nalguns casos, os dados recolhidos podem ser apresentados especificamente para a área em
estudo
2.3 Caracterização da Rede Viária e Estacionamento
A ZPILU e, consequentemente, a subzona que constitui a área em estudo caracteriza-se por ter
condições de circulação muito específicas, que resultam do facto de se encontrar inserida numa zona histórica
e turística.
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Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 9
Assim, ao longo do tempo, foram desenvolvidas várias alterações nos sentidos de trânsito e na
configuração das vias, estando a estrutura viária atual assente em vias unidirecionais e, por vezes, com
interdição ao transporte individual (sejam reservadas ao transporte coletivo, sejam as várias zonas pedonais
existentes, como se observa na Figura 7).
Figura 7 – Sentidos de tráfego na rede viária na área em estudo
Fonte: TIS (tratamento próprio)
As vias de circulação pedonal permitem, contudo, algumas exceções, onde se incluem os veículos
prioritários (ambulâncias, viaturas dos bombeiros e forças policiais) e também os veículos que realizam
operações de carga e descarga nos horários estabelecidos (entre as 08h00 e as 10h30), de acordo com o
Regulamento Municipal de Cargas e Descargas e de Bolsas de Estacionamento para Comerciantes (como se
descreverá mais adiante no subcapítulo 2.6).
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Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 10
Existem diferentes níveis hierárquicos na rede viária da área em estudo, sendo a estrutura principal
constituída pela Praça do Rossio e pela Rua do Ouro, Rua da Prata, Rua da Alfândega e Rua do Arsenal
(aquelas onde surgem os valores mais elevados de fluxos de tráfego.) e as restantes vias de acesso local. Esta
relação entre a hierarquia viária e as restrições de circulação existentes na Baixa Pombalina permite um
reconhecimento claro de “portas de acesso” e, com isso, controlar os movimentos de entrada e saída na área
em estudo.
Convém também referir que a rede de transportes existentes é muito completa, coexistindo nalgumas
vias o transporte coletivo de passageiros (autocarros e elétricos da Carris) e veículos de uso privado (ligeiros
de passageiros, e ligeiros e pesados de mercadorias); a prioridade é dada, contudo, sempre ao transporte
coletivo, através da criação das referidas artérias de circulação exclusiva ou com a introdução de vias
reservadas.
Relativamente ao estacionamento na via pública, existem três tipos de lugares:
 Lugares reservados a residentes (vide Figura 8);
 Lugares tarifados para o público em geral;
 Lugares para operações de carga e descarga.
Ainda existem nas proximidades alguns parques de estacionamento subterrâneos (Martim Moniz e
Praça da Figueira, por exemplo), que, em certa medida, têm uma área de influência que se estende até à área
em estudo.
Figura 8 – Sinalização de estacionamento reservado a residentes
A oferta de estacionamento reservada a cargas e descargas corresponde, geralmente, a 1 a 2 lugares
por quarteirão, isto nas vias com oferta de estacionamento.
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Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 11
2.4 Caracterização da Atividade Comercial
A zona em estudo caracteriza-se essencialmente pela sua ligação à área do comércio e serviços, com
especial relevância para o vestuário. Para além disso, é também um polo importante de turismo, não só pela
beleza arquitetónica dos edifícios e praças existentes, mas também porque serve de ligação entre dois pontos
de reconhecido interesse turístico e cultural da cidade (Chiado e Castelo de São Jorge) – para o efeito foi,
aliás, recentemente requalificado o percurso entre estas duas zonas através da Rua da Vitória, que incluiu a
introdução de um elevador que possibilite vencer o declive até à zona do Castelo (Figura 9).
Figura 9 – Percurso pedonal requalificado entre o Chiado e o elevador para o Castelo de São Jorge
De acordo com o recenseamento dos estabelecimentos comerciais realizado pela CML e atualizado
pela TIS no seu estudo, é notória a elevada densidade de estabelecimentos de comércio a retalho, restauração e
bebidas, pelo menos comparativamente com os serviços (bancos, escritórios, repartições públicas, etc.), sendo
aqueles os que apresentam maiores necessidades de organização e otimização logística.
Utilizando como referência as categorias do CAE, os estabelecimentos comerciais podem ser
agrupados em 3 grupos:
 Comércio alimentar (mercearias e supermercados);
 Comércio não alimentar (artigos de vestuário, papelarias, farmácias, sapatarias e mobiliário,
artigos de valor e outros estabelecimentos de artigos diversos ou bazares);
 Restauração (restaurantes, bares e cafés).
Segundo esta classificação, o comércio não alimentar atinge quase 80% do total dos estabelecimentos
(vide Figura 10).
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Figura 10 – Caracterização da atividade comercial na área em estudo
Fonte: TIS (tratamento próprio)
Para a caracterização da atividade logística torna-se também prioritário definir o conceito de perfil
logístico. Este termo consiste na definição de grupos homogéneos com necessidades logísticas similares
(Macário, 2007), baseando a análise em três pontos: os agentes, os produtos e a infraestrutura (vide Figura
11).
Figura 11 – Base subjacente na definição de perfis logísticos
Fonte: TIS
Assim, o perfil logístico baseia-se em várias características dos estabelecimentos comerciais,
nomeadamente o tipo de atividade económica, a facilidade de manuseamento da carga, a frequência das
distribuições e o tempo médio por movimento (vide Tabela 1).
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Tabela 1 – Caracterização dos perfis logísticos
Perfil
Logístico
Tipo de atividade económica
Facilidade de
manuseamento
da carga
Frequência das
distribuições
(semanal)
Tempo médio por
movimento
A
Comércio alimentar de pequena
dimensão
Fácil Até 5 Entre 6 e 15 min.
B Restauração (cafés, pastelarias, etc.) Fácil Mais de 20 Entre 6 e 15 min.
C Restauração (restaurantes) Fácil a difícil Entre 6 e 20 Entre 6 e 15 min.
D Restauração (bares) Fácil a difícil Até 5 Mais de 15 min.
E
Comércio não alimentar (relojoarias,
ourivesarias, lojas de mobiliário, etc.)
Fácil Até 5 Até 5 min.
F
Comércio não alimentar (vestuário,
bazares, artigos de papelaria, etc.)
Fácil Até 5 Entre 6 e 15 min.
G Farmácias Fácil Entre 6 e 20 Até 5 min.
H Supermercados Difícil Mais de 20 Mais de 15 min.
Fonte: TIS (tratamento próprio)
A identificação e caracterização destes perfis logísticos possibilitam a avaliação das soluções
logísticas que melhor se ajustam a cada um dos tipos de estabelecimentos existentes.
2.5 Operações de Carga e Descarga
O processo de abastecimento na área em estudo é, regra geral, difícil e obriga ao “contornar” da
legislação tendo em vista a entrega da mercadoria.
Na área em estudo, a legislação em vigor (vide subcapítulo 2.6) permite o estacionamento nas para
cargas e descargas nas zonas pedonais em certos períodos (como mostra a Figura 12), muitas vezes
desencontrados com os horários de funcionamento das lojas, obrigando, ao mesmo tempo, a um planeamento
menos rigoroso (com necessária redundância de meios) ou ao desrespeito das regras para cumprir horários.
Figura 12 – Operações de cargas e descargas nas vias pedonais
Fonte: TIS
Além deste aspeto, que condiciona também a atratividade da Baixa para os turistas, existe a perceção
de uma escassa oferta de lugares, que se torna mais problemática porque os volumes de tráfego envolvidos são
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Sistemas Inteligentes de Transportes
Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 14
significativos: num dia útil médio, a TIS registou cerca de 7.000 veículos a entrar e sair na ZPILU definida
para esse estudo. Desses, a distribuição por tipologia era a seguinte:
 Veículos comerciais (até 3,5 toneladas): 62%;
 Veículos de pequena dimensão (entre 3,5 e 6,5 toneladas e até 6,5 metros de comprimento):
35%;
 Veículos de média dimensão (entre 6,5 e 19 toneladas, ou com mais de 6,5 metros de
comprimento): 3%;
 Veículos de grande dimensão (mais de 19 toneladas): ~0%
As horas mais carregadas ocorrem entre as 10h00 e as 12h00 (cerca de 750 movimentos/hora) e entre
as 14h00 e as 18h00 (cerca de 550 movimentos/hora), sendo o Martim Moniz (21%), os Restauradores (20%)
e o Cais do Sodré (17%) as principais “portas de entrada” na ZPILU, como se indica na Figura 13.
Figura 13 – Repartição das entradas de veículos de mercadorias na ZPILU
Fonte: TIS (tratamento próprio)
Na área em estudo, em particular, os volumes serão mais reduzidos (uma vez que parte destes se
desloca para locais fora dessa área), mas grande parte do problema persiste, na medida em que se trata de uma
zona com uma estrutura viária que favorece o atravessamento.
Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes
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Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 15
Ainda assim, e centrando a análise especificamente nas operações de carga e descarga, foi efetuado,
no âmbito do referido estudo da TIS, um inquérito a 150 comerciantes, que permitiram não só a caracterização
fiel das atividades logísticas, mas também uma comparação com um inquérito à mobilidade dos utilizadores
da Baixa Pombalina realizado pela Câmara Municipal de Lisboa em 2009.
Este inquérito, que teve uma amostra de 96 comerciantes e outras 2.500 pessoas inquiridas, tinha
como finalidade avaliar os impactes das condicionantes ao trânsito no Terreiro do Paço (devido às obras
existentes) na mobilidade dos utilizadores da zona, permitindo apoiar o processo de decisão através da
perceção da aceitação das propostas que estavam a ser avaliadas pela CML relativas à circulação de trânsito
na Baixa Pombalina.
Assim, como se apresenta na Tabela 2, apesar do número médio de fornecedores (regulares) se ter
mantido, o número de fornecimentos semanais diminuiu de 6 para 2. Os principais motivos para esta
diminuição são, por um lado, a crise económica e, por outro, as novas políticas de gestão de stocks, que
permitem uma otimização das quantidades de produtos armazenados.
Tabela 2 – Comparação entre os resultados dos inquéritos de 2009 e 2012
2009 2012
Fornecedores (regulares) 11 11
Fornecimentos/semana (média) 6 2
Dias com maior concentração 2ª (30%) e 4ª (26%) 2ª (21%) e 3ª (19%)
% de fornecedores satisfeitos com modelo de cargas e descargas 27% 46%
Fonte: TIS (tratamento próprio)
A segunda-feira manteve-se como o dia da semana mais carregado, embora a repartição se tenha
distribuído mais equitativamente pela semana. A comparação dos inquéritos permitiu também avaliar o grau
de satisfação dos utilizadores fase às alterações efetuadas, existindo um aumento do número de fornecedores
satisfeitos com o modelo de organização de cargas e descargas; todavia, uma elevada percentagem (54% em
2012) ainda aponta dificuldades no estacionamento e ausência de espaço para as operações pretendidas.
Como sugestões de melhoria, são apontadas a necessidade do alargamento do horário e das vagas
destinadas exclusivamente às cargas e descargas, bem como uma maior fiscalização por parte das entidades
responsáveis. É também considerado exagerado o número de lugares reservados apenas para residentes, sendo
aberta a hipótese de alguma desta oferta ser alocada a cargas e descargas.
Ainda a partir dos inquéritos (e das contagens nas entradas da ZPILU) observou-se que 40% dos
veículos permaneciam dentro da zona num período de até 15 minutos, sendo que 65% demorava menos de 30
minutos. Quanto à mercadoria, 86% dos volumes eram de pequena dimensão, e 70% do total tinha um peso
até 30 kg.
Em média, cada empresa/loja da ZPILU tinha 12 fornecedores, mas 25% do total não tinha
fornecedores externos, isto é, realizava o abastecimento à própria loja.
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2.6 Legislação e Regulamentação em Vigor
Um dos fatores indispensáveis ao bom funcionamento do sistema de cargas e descargas da capital é a
regulamentação e a legislação existentes. Estes elementos podem abranger diversas áreas, deste o
estacionamento propriamente dito até ao controlo das atividades devido ao seu impacto no ambiente ou no
bem-estar das populações, como se verá nos pontos seguintes.
i. Regulamento Municipal de Cargas e Descargas e de Bolsas de Estacionamento para
Comerciantes
Aprovado em 2004, este documento define as restrições de circulação referentes a diferentes
categorias de viaturas, bem como os horários permitidos, estabelecendo locais próprios para paragem
(estacionamento) dos veículos de cargas e descargas e a criação de bolsas de estacionamento para as
atividades comerciais.
Assim, foram criadas as seguintes regras, consoante a dimensão dos veículos de cargas e descargas:
 Veículos de pequena dimensão:
o Circulação permitida na rede primária, secundária e terciária;
o Operações de cargas e descargas nas zonas reservadas entre as 8h00 e as 19h00 e
entre as 21h00 e as 6h00;
o Operações de cargas e descargas nas áreas pedonais entre as 8h00 e as 10h30;
 Veículos de média dimensão:
o Circulação permitida na rede primária, secundária e terciária;
o Operações de cargas e descargas nas zonas reservadas entre as 6h00 e as 8h00 e entre
as 19h00 e as 21h00;
o Operações de cargas e descargas nas áreas pedonais entre as 8h00 e as 10h30;
 Veículos de grande dimensão:
o Circulação permitida na rede primária e de acesso a aeroportos e portos sem
limitações, enquanto na rede secundária e terciária apenas seria permitida se visasse o
abastecimento a hipermercados localizados em centros comerciais, entre as 10h00 e
as 12h00 e entre as 19h00 e as 21h00;
o Operações de cargas e descargas nas zonas reservadas sem restrições horárias;
o Operações de cargas e descargas nas áreas pedonais não permitidas.
A duração das operações de carga e descarga, para qualquer tipo de veículo, deveria ser limitada a 30
minutos, estando também estabelecido neste regulamento a necessidade de marcar e sinalizar devidamente os
lugares reservados e atribuir-lhes horários restritos de utilização gratuita (janelas horárias consoante o tipo de
veiculo).
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Na prática, este documento não está a ser cumprido na totalidade, em parte devido à inexistência ou
adequação de soluções eficientes de caráter tecnológico que possibilitem a verificação e, por sua vez, permita
uma fiscalização eficaz. De facto, em 2007 foi aprovada a suspensão de alguns capítulos (III e IV) referentes
ao estacionamento de veículos de pequena dimensão e autorizações especiais, ficando a aguardar soluções
tecnológicas que permitam resolver estas questões.
Por outro lado, as próprias autoridades com poderes para a fiscalização tendem a ser condescendente,
uma vez que entendem as razões que levam a este comportamento, isto é, a dificuldade operacional para a
largada ou recolha de mercadorias em zonas com elevada densidade edificada e com a rede viária
deficientemente projetada para o seu efeito.
ii. Regulamento Geral de Estacionamento na Via Pública
O novo regulamento, aprovado em Maio de 2013, caminhou no sentido de unificar e uniformizar as
disposições relativas às operações de cargas e descargas, definindo “(…) as regras de circulação e paragem
para realização destas operações, com o objetivo de disciplinar, entre outros, o funcionamento das bolsas de
carga e descarga, os respetivos horários e o regime de fiscalização. Prevê-se ainda a criação de um novo
Dístico de Carga e Descarga, definindo-se as respetivas regras de atribuição e de utilização das bolsas em
causa.”.
Foram introduzidas algumas alterações relativamente às janelas horárias permitidas, consoante a
dimensão dos veículos, atribuindo à EMEL, à semelhança do que faz para o transporte individual, a autoridade
para fiscalizar as operações de carga e descarga, ainda que os meios à disposição continuem a ser
manifestamente insuficientes.
Entre outras alterações à legislação até aqui em vigor, foi também introduzida, para os residentes, a
possibilidade de estacionar em duas zonas contíguas (atribuição de uma zona adicional ao seu dístico de
residente).
iii. Zonas de Emissões Reduzidas
Seguindo as diretrizes comunitárias, existe a necessidade de controlar os valores-limite de
concentração de poluição, tendo em conta a melhoria da qualidade do ar na cidade de Lisboa. Como tal, a
legislação nacional elaborou um plano e programa de execução, criando para o efeito a definição de “Zona de
Emissões Reduzidas” (ZER), onde a circulação de viaturas está condicionada a determinados parâmetros.
De facto, a circulação de viaturas mais poluentes condiciona não só a qualidade do ar mas também,
por consequência, a saúde e a qualidade de vida da população afetada.
Assim, a área em estudo faz parte, desde 2011, da Zona de Emissões Reduzidas implementada em
Lisboa, tendo em vista o cumprimento das exigências ambientais, tendo restrições à circulação nos dias úteis
entre as 7h00 e as 21h00, não sendo permitidos, atualmente, veículos ligeiros ou pesados anteriores a 2000
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(inclusive) – o transporte de mercadorias era, segundo o COST321 (1998), responsável por 40% da poluição
atmosférica, pelo que estes veículos estão, logicamente, abrangidos por esta legislação.
iv. Regulamento Geral do Ruído
Não estando diretamente relacionado com a atividade logística, o Regulamento Geral do Ruído deve
ser tido em conta na definição das janelas horárias atribuídas às cargas e descargas.
Assim, são definidos limites legais do ruído (no ambiente exterior) para zonas sensíveis e mistas, quer
durante o período diurno, quer durante o período noturno, que devem ser cumpridos.
2.7 Porquê Intervir? – Diagnóstico da Situação Atual
A limitada oferta disponível para as operações de carga e descarga gera um problema com
implicações para todos os que frequentam a Baixa Pombalina, desde os residentes aos turistas, passando pelos
próprios fornecedores e, em última instância, pelos lojistas.
Torna-se necessário, por isso, atuar sobre este problema, mas com o cuidado de agir com critério sob
pena de desvirtuar o objetivo inicial: por exemplo, a perceção de que os lugares de residentes são excessivos
poderia encaminhar a atuação para o aumento da oferta física, mas, de acordo com a experiência, esta medida
só resultaria numa indução de tráfego.
Assim, e uma vez que não se pretende atuar sobre a capacidade física, dever-se-á atuar sobre a
“capacidade dinâmica”, isto é, o objetivo deve passar pela implementação de medidas que possibilitem uma
gestão mais eficaz do espaço disponível (que, em todo o caso, é finito).
Uma intervenção deste tipo exige, contudo, mecanismos de fiscalização eficientes, o que prova a
necessidade de recorrer aos sistemas inteligentes de transportes, não só de modo a garantir o correto
funcionamento do sistema, mas também como forma de possibilitar a aplicação da legislação colocada “na
gaveta”.
A necessidade de reduzir as emissões poluentes e de agir no sentido da proteção do espaço
envolvente como forma de continuar a promover a Baixa Pombalina como espaço turístico e “amiga do peão”
contribuem também para a necessidade de intervir sobre a problemática da logística urbana (vide Figura 14).
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Figura 14 – Porquê intervir? (diagnóstico da situação atual)
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3 A Tecnologia no Transporte Urbano de Mercadorias
3.1 Breve Enquadramento
A solução para responder às dificuldades de capacidade e controlo da atividade logística deve ser,
então, realizada utilizando uma abordagem “dinâmica” do problema. Para tal, é necessário recorrer à
tendência crescente da utilização ou recurso às novas tecnologias de modo a encontrar resoluções adequadas
que sejam confluentes com políticas de crescimento e desenvolvimento urbano.
Assim, apresentam-se de seguida alguns procedimentos (usualmente chamadas de “boas práticas”) a
ter em conta para “atacar” o problema, com diversas soluções tecnológicas que se podem aplicar a este fim (a
gestão da capacidade disponível), muitas das quais já experimentadas (com maior ou menor sucesso) em
vários projetos um pouco por todo o mundo.
Por fim, é apresentado um resumo dos projetos de referência no campo da tecnologia aplicada à
logística urbana, e que serviram de base à proposta de intervenção que se pretende para a zona em estudo.
3.2 Registo de Operadores
A movimentação de mercadorias no interior das áreas urbanas é executada, na maioria dos casos, com
recurso ao modo rodoviário, não só pela razão das distâncias (curtas), mas também por facilidade de
conectividade e pela flexibilidade que este modo oferece.
Como tal, o transporte rodoviário de mercadorias desempenha um papel fundamental no
funcionamento das cidades, pois a distribuição de bens em vários e numerosos locais é fundamental à vida
urbana. Para além dos movimentos de entregas de mercadorias para consumo, devem ser tidos em conta
outros tipos de movimentos, tais como as recolhas de bens produzidos no interior da cidade (e que têm que ser
entregues noutros locais, do centro ou fora da área urbana), ou os resíduos gerados pelo sistema (que têm de
ser depositados fora do centro em locais próprios).
Assim, surge a necessidade em conhecer quais são os intervenientes no espaço urbano e que tipos de
veículos usam a infraestrutura, que tipo de carga transportam, qual a origem e destino da mesma, etc. – estas
são algumas das questões onde existe um forte desconhecimento, e que podem ser colmatadas com o registo
numa plataforma informática (vide Figura 15), podendo essa informação ser tratada para diversos fins.
Por sua vez, um registo de todos os comerciantes da zona deve também ser tido em consideração, pois
estes irão ser, em último caso, os “agentes provocadores” do problema, isto é, são eles que despoletam a
necessidade de operações de carga e descarga em determinada zona.
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Figura 15 – Exemplo de plataforma de registo de operadores logísticos
Fonte: londonlorrycontrol.com
3.3 Informação e Cartografia de Auxilio à Distribuição Urbana
É fundamental disponibilizar informação de tráfego em tempo real e cartográfica (digital), para que
controladores, operadores e condutores dos veículos de cargas e descargas a ela tenham acesso. Outros
utilizadores do sistema, poderão, contudo, usufruir também dessa informação útil.
Em termos cartográficos, a informação a disponibilizar poderá incluir os seguintes itens:
 Rotas de distribuição (de acesso às zonas urbanas e/ou a um zonamento mais fino, como se
exemplifica na Figura 16);
 Localização de parques, terminais logísticos ou mesmo centros de micrologística;
 Áreas a serem evitadas (problemas de congestionamento de tráfego e trabalhos nas vias);
 Informação sobre regulamentos (peso, dimensão permitidos e áreas de cargas e descargas);
 Outras informações de caráter mais geral.
Figura 16 – Exemplo de informação disponibilizada para auxílio à distribuição urbana
Fonte: TURBLOG
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3.4 Condicionamento do Acesso a Veículos Autorizados
As zonas de cargas e descargas são geralmente caracterizadas pelo descontrolo existente, gerando
situações de “anarquia” com prejuízo para a própria operação mas também para os restantes agentes do meio
envolvente.
Isto acontece porque, no planeamento da operação, os distribuidores e os lojistas frequentemente
agem pensando apenas no interesse próprio, enviando veículos de capacidade reduzida em demasia para
contornar as normas relativas à dimensão máxima permitida e, ao mesmo tempo, conseguir cumprir a agenda
de entregas programada.
Além disso, o desrespeito pelas regras e normas vigentes do Código da Estrada é recorrente, não só
durante a circulação, mas também pela ocupação indevida das faixas de rodagem ou estacionamento em cima
dos passeios, dificultando a passagem dos peões e a utilização normal do espaço público e afetando
negativamente a imagem destas operações. Em determinados locais, nomeadamente vias destinadas à
circulação pedonal ou onde existe escassez de lugares de cargas e descargas, estas situações são muito
frequentes e, como tal, deveriam ser banidas ou controladas.
Uma forma de condicionar esse acesso passa pela obrigatoriedade de registo prévio num sistema
(plataforma informática) que permita à entidade coordenadora deter informação sobre quais os veículos que
têm necessidade de efetuar essas tarefas, permitindo apenas aos autorizados o movimento e estacionamento
em cada momento na área delimitada (por exemplo, com pilaretes retráteis ou basculantes – vide Figura 17 e
Figura 18) e de acordo com determinado padrão horário.
Figura 17 – Tecnologia usada no controlo de acesso a zonas delimitadas
Fonte: SUGAR
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Figura 18 – Controlo de acessos recorrendo a pilaretes retráteis
Fonte: BESTUFS
3.5 Gestão do Tempo e das Janelas Horárias
A escassez de lugares disponíveis e as restrições de permissão à livre operação de cargas e descargas
nos centros urbanos implica tomar medidas que convirjam para a organização temporal do espaço, numa
abordagem dinâmica sobre a solução, uma vez que decisões de alargamento (aumento da capacidade por via
estática) têm outras implicações no sistema (o retirar da disponibilidade a outros utilizadores, por exemplo).
Assim, a organização do espaço disponível passa também pela otimização das janelas horárias, que
deve ser efetuada em função das necessidades do perfil logístico, das vagas existentes e da procura estimada.
A atribuição automática de lugares com recurso a uma reserva prévia do slot de operação configura, deste
modo, uma coordenação no planeamento de chegada de veículos a locais com grandes fluxos de tráfego
(Figura 19).
No caso de indisponibilidade, o sistema deve oferecer em antecipação a informação sobre alternativas,
colocando a possibilidade de utilização noutra janela horária ou o recurso a um terminal logístico. Deste
modo, evita-se o congestionamento das vias em uso (pelo impedimento de passagem por paragem indevida na
via) e consegue eliminar-se o tráfego “parasita” (circulação na própria via ou nas adjacentes na procura de um
lugar disponível).
Tudo isso poderá ser mitigado com o recurso à já referida plataforma informática, pois permite uma
gerência dos espaços disponíveis para cargas e descargas dum modo eficiente, possibilitando um controlo e
gestão do tempo de ocupação, e auxiliando, por sua vez, um planeamento eficiente (por veículo, por carga e
por itinerários) das empresas de distribuição. Em simultâneo, garante ainda ao comerciante (lojista) uma maior
fiabilidade no horário de receção das mercadorias (track & tracing).
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Figura 19 – Controlo do tempo gasto nas operações de cargas e descargas
Fonte: “Smart Freight Transport in Urban Areas”, Newsletter Issue 5 – May 2011
3.6 Sistemas de Comunicação a Bordo
A necessidade de comunicação com o centro de gestão e controlo de operações e com a infraestrutura
é fundamental para que todo o sistema se desenvolva e ser torne eficaz.
Para além do registo antecipado no sistema (certificando o operador para determinada zona), é
necessária também a existência dum aparelho a bordo (smartphone, tablet ou consola) que sirva em
simultâneo para comunicar com o referido centro e, ao mesmo tempo, transmita um sinal à tecnologia
colocada na infraestrutura de modo a disponibilizar a vaga previamente determinada.
Figura 20 – Controlo do tempo gasto nas operações de cargas e descargas
Fonte: SUGAR
3.7 Medidas de Controlo e Vigilância – Fiscalização
Toda a eficácia do sistema assenta também noutro importante e fundamental pilar – a fiscalização –,
necessária para um desenrolar eficiente da atividade de cargas e descargas. O cumprimento das regras e
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regulamentos pelos utilizadores das redes de infraestrutura de transporte rodoviário não é tão rigoroso como
deveria, exigindo-se às autoridades uma malha mais apertada de vigilância e fiscalização.
Contudo, as medidas que visam colmatar o incumprimento dos utilizadores exigem elevados recursos,
o que nem sempre é exequível em termos humanos e monetários. O recurso a sistemas tecnológicos (como as
câmaras de videovigilância – vide Figura 21) que auxiliem a uma dissuasão por parte dos transgressores e, em
paralelo, comuniquem diretamente com as entidades fiscalizadoras, ampliam o controlo da utilização da
infraestrutura e possibilitam o cumprimento efetivo da legislação.
Figura 21 – Comparação entre a situação atual e a situação “futura”
PRESENTE FUTURO
Fonte: SUGAR
3.8 Criação de Centros de Logística Local
A resolução do problema de escassez de capacidade de infraestrutura para absorver todas as
necessidades do sistema de cargas e descargas não se afigura como simples na medida em que o aumento
dessa capacidade (numa abordagem estática do problema) iria conflituar com outras funções necessárias para
o mesmo espaço.
Mesmo com uma coordenação e controle eficiente dos lugares disponíveis, existirá sempre a
necessidade de desviar o tráfego de mercadorias para outros locais, muitas vezes constituído por veículos que,
pelas suas características, não correspondem às dimensões permitidas nas vias.
Assim, é imprescindível e muito aconselhável a criação de pequenos polos logísticos (terminais de
micrologística), que sirvam não só de backup para as situações anteriormente referidas (ou ainda como medida
alternativa a situações de conflito, nomeadamente devido à ocupação indevida dos lugares atribuídos), mas
que fomentem igualmente a distribuição das mercadorias no “last mile” com recurso a veículos não poluentes
(bicicletas ou vans elétricas), hipoteticamente utilizando os períodos não especificados nas janelas horárias.
Esta criação pode ser de iniciativa pública (isto é, tendo em vista a distribuição de todas as
mercadorias distribuídas) ou de iniciativa privada, onde se inclui o caso da Chronopost, que optou por uma
solução deste tipo em Paris para a distribuição das suas encomendas (vide Figura 22).
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Figura 22 – Terminal da Chronopost em Paris
Fonte: SUGAR
3.9 Exemplos de Aplicações Tecnológicas
3.9.1 Exemplos na Europa
No quadro seguinte resumem-se algumas das aplicações tecnológicas implementadas em diversas
cidades europeias de maior ou menor dimensão, tendo em vista a melhoria das operações logísticas e a
diminuição dos seus impactes.
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Tabela 3 – Preço da aquisição e instalação dos pilaretes
Iniciativa
Cidade /
Pais
Medida (ITS/Técnica)
Consignity
Paris
(França)
Novo tipo de serviço de entregas baseado numa rede automatizada de cacifos para recolha e entrega de
produtos, implementado com um propósito próprio: disponibilizar equipamento e peças aos técnicos de
reparação de elevadores e escadas rolantes, evitando que estes efetuem diariamente deslocações (nas
viaturas de serviço) para recolherem as peças num terminal localizado fora do centro (funcionamento
24/7, com entregas noturnas pela DHL e recolha de manhã pelos técnicos).
A tecnologia aplicada passa pela necessidade de plataforma informática, e inclui RFID para
transferência de dados, track & tracing das encomendas e um parque na rede de metropolitano com
controlo de vídeo.
Low
Emission
Zone (LEZ)
Londres
(RU)
Em Londres, o transporte rodoviário é a maior fonte emissora de Partículas (PM10) e Óxidos de
Nitrogénio (NOx), sendo uma das causas primárias de problemas de saúde relacionadas com a
qualidade do ar, incluindo os piores sintomas de asma. Nesse sentido, foram criadas restrições ao tipo e
idade das viaturas autorizadas à circulação na LEZ, bem como sistemas e padrões de fiscalização para a
zona LEZ.
Sem qualquer barreira física, a fiscalização é efetuada através de câmaras fixas e móveis, as quais fazem
a leitura da matrícula assim que o veículo entra na zona, confrontando-a com a base de dados para aferir
se está de acordo com as emissões standard da LEZ.
Multi use
lanes
Barcelona
(Espanha)
De forma a reduzir os efeitos dos incrementos de tráfego no centro de comércio de Barcelona, foi
implementado um novo modelo de gestão das vias, com um horário preestabelecido (entre as 8h00 e as
10h00 – uso geral ou tráfego BUS; entre as 10h00 e as 17h00 – entrega de mercadorias; entre as 17h00
e as 21h00 – uso geral ou tráfego BUS; entre as 21h00 e as 8h00 – estacionamento para residentes).
Freight
Distribution
Plan
Bolonha
(Itália)
Plano municipal de regulação da distribuição de mercadorias no centro da cidade, em que foi
previamente definida uma zona de acesso restrito (LTZ – limited traffic zone) para fazer face ao
congestionamento e estabelecida a utilização dum bilhete do tipo “pay to access”.
Este plano incluiu a instalação de um sistema de IT para controlo de acesso com recurso a sensores de
tráfego, complementado com uma solução de fiscalização ICT e um centro de controlo de tráfego.
Dynamic
delivery
area
Poitiers
(França)
Sistema dinâmico para uso do espaço de estacionamento nas ruas, com reserva horária para as entregas
(5h00 às 11h00) e, após esse horário, para o uso de viaturas particulares em períodos curtos (10 minutos
gratuitos), com controlo exercido à distância.
A tecnologia incluiu sinalética, colocação na infraestrutura de pilaretes interativos, sensores no chão da
via e um sistema de informação entre os pilaretes e os serviços da polícia local, com um princípio de
funcionamento simples: o sensor colocado no chão deteta a presença do veículo, sendo mostrado no
ecrã do pilarete se existe autorização para o uso do parque.
Na presença dum veiculo, e se o tempo de autorização (mostrado no pilarete) for superior a 10 minutos,
o proprietário recebe um SMS. No caso de a viatura não ser retirada, é enviada uma mensagem à polícia
local para reboque desta.
Petite Reine
(electrically
assisted
tricycles for
deliveries)
Rouen
(França)
Experiência baseada num novo conceito de veículos: "cargocycle" (triciclo eletricamente assistido),
adaptado para efetuar entregas "last mile" no transporte urbano de mercadorias. Os condutores de
camiões/vans descarregam os pacotes na ELP (zona especial de entregas) e, posteriormente, estas são
carregadas na cargocycle e entregues no destino final. O objetivo é permitir o contínuo acesso de
entregas de mercadorias em zonas com restrições a veículos de grandes/médias dimensões.
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3.9.2 Exemplo Português
Com o crescente crescimento da atividade logística da cidade de Lisboa, surge a necessidade do
município de “combater” o complexo problema da desregulação desta atividade.
O projeto europeu STRAIGHTSOL (“Strategies and measures for smarter urban freight solutions”)
englobou, então, experiências no âmbito da logística urbana em diversas cidades europeias, entre as quais se
incluiu Lisboa, e a sua essência assentava no teste e identificação de tecnologias de informação e comunicação
que permitissem efetuar um controle e monotorização destas atividades (carga e descarga num contexto
urbano). O objetivo deste estudo em Lisboa era ainda servir de base para a adaptação e escolha do tipo de
tecnologia a implementar que permitisse o desenvolvimento do regulamento municipal (de cargas e descargas)
existente.
Assim, o teste demonstrativo utilizou 2 tipos distintos de tecnologias com suporte nos seguintes
esquemas:
 Sensores instalados no solo, que detetavam a presença do veículo no local e enviavam
informação para o centro de controlo (EMEL), permitindo, de seguida, a utilização do referido
lugar durante 30 minutos (apresentado na Figura 23);
 Parquímetros adaptados que permitiam operações de 30 minutos de cargas e descargas a
utilizadores previamente registados, empregando um cartão magnético que ativava o sistema,
emitindo um bilhete com dados relativos a essa transação (vide Figura 24).
Figura 23 – Sensor instalado no solo
Fonte: STRAIGHTSOL
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Figura 24 – Talão de estacionamento para cargas e descargas
Fonte: STRAIGHTSOL
A zona de intervenção escolhida foi uma artéria no centro de Lisboa (Av. Guerra Junqueiro), tendo a
decisão do local sido baseada na elevada diversidade de lojas comerciais. O projeto em Lisboa teve uma
duração de 3 meses, e consistiu na aplicação das duas tecnologias em simultâneo.
A entidade responsável pela implementação do estudo (EMEL) tinha como expectativa obter os
seguintes resultados:
 Elevada redução no número de infrações de estacionamento;
 Redução significativa da duração média das operações de cargas e descargas;
 Aumento de satisfação dos operadores logísticos (transportadores);
 Aumento da satisfação dos comerciantes (lojistas da zona);
Em simultâneo, foram levadas a cabo algumas ações, com a finalidade de avaliar as soluções testadas:
 Identificação da estrutura de custos e benefícios de cada uma das tecnologias;
 Avaliação do nível de satisfação (quer dos transportadores, quer dos lojistas);
 Recolha de informação para avaliação e monotorização das aplicações.
Outra preocupação do projeto foi a identificação dos stakeholders que seriam afetados pela
implementação das aplicações, destacando-se entre eles:
 Transportadoras (que, teoricamente, incrementavam a sua eficiência nas operações de cargas e
descargas);
 Comerciantes (que beneficiavam do aumento de fiabilidade das entregas)
 Condutores de veículos privados (e outros utilizadores do espaço, que seriam menos afetados
pelas operações de cargas e descargas mas, ainda assim, veriam a possibilidade de
estacionamento mais restringida).
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4 Instalação de um Sistema Inteligente de Gestão e Fiscalização de
Operações de Carga e Descarga
4.1 Definição da Área de Intervenção (“Zona-Piloto”)
Com o intuito de analisar a eficácia e escalabilidade de um “Sistema Inteligente de Gestão e
Fiscalização de Operações de Carga e Descarga”, entendeu-se como justificável e a solução mais adequada a
definição de uma “zona-piloto” na área de estudo, com características que permitissem a materialização das
várias ideias apresentadas e que possibilitassem uma avaliação do desempenho global do sistema.
Após o levantamento das características logísticas das diferentes zonas da Baixa de Lisboa, foi definida
a Rua dos Fanqueiros como “zona-piloto” do sistema a implementar, na medida em que:
 Segundo o estudo da TIS, o Martim Moniz era, em 2011, o eixo pelo qual entravam mais
veículos de mercadorias na ZPILU (21% do total de entradas – vide Figura 13), sendo este
tráfego maioritariamente escoado e/ou dirigido à Rua dos Fanqueiros;
 Trata-se de uma artéria com lugares de estacionamento e de cargas e descargas já delimitados,
lugares estes que também servem de acesso às várias transversais pedonais, o que resulta
numa oferta considerada insuficiente nos períodos de ponta (períodos de maior procura);
 De acordo com a Carris, foi a via com maior número de ocorrências de paragens forçadas
devido a estacionamento ilegal, com um fator agravante relacionado com a partilha da faixa
de rodagem com o elétrico (ao contrário do que sucede com os autocarros, este veículo fica
mesmo imobilizado nessas situações), como se vê na Figura 25;
 Finalmente, é uma rua com uma intensa atividade comercial e relativa homogeneidade nos
perfis logísticos, o que conduz a uma incidência das operações de carga e descarga em janelas
horárias semelhantes.
Figura 25 – O elétrico 15 na Rua dos Fanqueiros
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A definição da “zona-piloto” permite ainda a análise da relação “estímulo – resposta”, sem a qual a
proposta apresentada para a Baixa Pombalina teria uma base unicamente teórica. Deste modo, é possível testar
a solução proposta num ambiente controlado e com custos moderados numa fase inicial, verificando a sua
adequabilidade.
Tendo em conta todos estes pontos, a Rua dos Fanqueiros revelou-se como uma zona em que se intervir
num número superior de constrangimentos, tornando a solução proposta mais transversal e escalável.
4.2 Caracterização da “Zona-Piloto”
4.2.1 Enquadramento
A Rua dos Fanqueiros inicia-se na Praça da Figueira e atravessa a Baixa Pombalina até à Rua da
Alfândega, com uma extensão de aproximadamente 600 metros, embora a “zona-piloto” tenha sido definida
unicamente como a extensão entre a Praça da Figueira e a Rua de São Julião. A faixa de rodagem possui duas
vias de circulação – uma das quais partilhada com o elétrico – e uma via para estacionamento (vide Figura
26).
Figura 26 – Esquema do perfil transversal da Rua dos Fanqueiros
Ao longo da rua, existem cinco zonas dedicadas a cargas e descargas já criadas, num total de 9 lugares
que servem 84 estabelecimentos comerciais localizados na própria rua (segundo a caracterização de 2012 – os
estabelecimentos que entretanto encerraram foram, ainda assim, englobados na análise, na medida em que a
ocupação destes espaços é claramente comercial).
Sabe-se, contudo, que os lugares de estacionamento da Rua dos Fanqueiros servem também as ruas
pedonais transversais pelo que, considerando um alcance médio radial de 30 metros, se incorporou na área de
influência da “zona-piloto” 36 estabelecimentos comerciais adicionais na Rua de Santa Justa, Rua da
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Assunção, Rua da Vitória, Rua de São Nicolau, Rua da Conceição, Rua de São Julião, Rua dos Douradores,
Rua dos Condes de Monsanto e Praça da Figueira (vide Figura 27).
As vagas reservadas às operações de carga e descarga na Rua dos Fanqueiros estão reservadas aos
fornecedores entre as 7h00 e as 20h00, horário que coincide com o período de funcionamento da maior parte
dos estabelecimentos comerciais (fora deste horário, as vagas são de uso comum).
Figura 27 – Estabelecimentos na área de influência da Rua dos Fanqueiros
Fonte: TIS (tratamento próprio)
4.2.2 Caracterização Logística
Em termos de atividade logística, na “zona-piloto”, é possível detetar a predominância clara de
“comércio não-alimentar”, como indica a Figura 28 – aliás, a rua deve o seu nome aos comerciantes de
tecidos, os “fanqueiros”.
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Figura 28 – Caracterização da atividade comercial na “zona-piloto”
Fonte: TIS (tratamento próprio)
O perfil logístico dominante é o “F” (como se vê na Figura 29) que abrange os estabelecimentos
comerciais com as seguintes características:
 Fácil manuseamento das mercadorias devido à incidência de cargas e/ou encomendas com
volume e peso reduzidos;
 Frequência de entregas num máximo de cinco operações semanais;
 Operações de carga/descarga que duram, em média, entre 6 e 15 minutos;
 Itens com necessidades especiais, por exemplo, produtos frágeis (loiças, etc.) e perecíveis.
De facto, os 120 estabelecimentos que constituem a área de influência da “zona-piloto” geram
aproximadamente 170 movimentos de carga e descarga diários: segundo o inquérito aos comerciantes
realizado em 2012 pela TIS, 78% dos inquiridos na Rua dos Fanqueiros indicaram um número de movimentos
de cargas e descarga semanais igual ou inferior a 5 (vide Tabela 4), tendo, nos restantes casos, sido estimado
um valor a partir da média dos estabelecimentos do perfil logístico respetivo.
Tabela 4 – Caracterização dos movimentos de cargas e descargas na “zona-piloto”
Perfil
Logístico
N.º estabelecimentos Movimentos/semana Movimentos/dia
Tempo médio por
movimento
A 6 5 1 Entre 6 e 15 min.
B 9 25 5 Entre 6 e 15 min.
C 6 15 3 Entre 6 e 15 min.
D 0 5 1 Mais de 15 min.
E 4 5 1 Até 5 min.
F 93 5 1 Entre 6 e 15 min.
G 2 15 3 Até 5 min.
H 0 25 5 Mais de 15 min.
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Figura 29 – Caracterização dos estabelecimentos da área de influência da “zona-piloto” em função do perfil logístico
Fonte: TIS (tratamento próprio)
4.3 Solução Proposta
Após análise pormenorizada das tecnologias disponíveis e problemas detetados, optou-se pela escolha
de uma solução que, por ser pouco invasiva (ao não interferir significativamente com infraestrutura existente),
se torna de mais fácil implantação, escalabilidade e adaptação a outros cenários.
A solução pretende nivelar os “picos” de procura das vagas de estacionamento na Baixa Pombalina (e,
em particular, na “zona-piloto”), distribuindo-os de forma inteligente durante as janelas horárias definidas.
Com a solução proposta, pretendem atingir-se os seguintes resultados:
 Aumentar a capacidade das vagas existentes e a taxa de rotação dos lugares disponíveis ao
criar um sistema de gestão de horários e capacidade;
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 Reduzir o estacionamento ilegal ao dar oportunidade aos motoristas de ter uma vaga (quase)
sempre disponível e reservada;
 Melhorar a qualidade do ar na Baixa de Lisboa ao diminuir as emissões nocivas ao
ambiente, uma vez que se evitam deslocações desnecessárias (e, ao mesmo tempo, se aumenta
a eficiência energética dos transportadores).
4.3.1 Conceito Base
Para atingir os objetivos enunciados, foi feita uma análise prévia do sistema a utilizar e com o qual
deveriam ser equipados os veículos e/ou a “zona-piloto” no sentido de tornar a fiscalização possível e,
simultaneamente, automática, tendo ressaltado três tecnologias distintas: a utilização de câmaras de
videovigilância (com análise de imagens – sistema CCTV), o sistema “Via Verde” (tecnologia “DSRC –
dedicated short range communication”) ou um sistema do tipo GNSS+GSM.
Para cada um destes sistemas, foram avaliadas as suas vantagens e desvantagens (vide Tabela 5),
tendo a escolha recaído sobre o registo e ligação dos veículos ao sistema através de uma solução combine a
utilização de tecnologia GNSS (GPS, GALILEO ou GLONASS) e de dados móveis (tecnologia GSM, do
tipo 3G ou 4G).
Tabela 5 – Vantagens e desvantagens das tecnologias avaliadas
Tecnologia Vantagens Desvantagens
Câmaras de videovigilância (com análise de
imagens)
 Fiabilidade  Abrangência
 Escalabilidade
 Custos de infraestrutura
DSRC (sistema “Via Verde”)
 Tecnologia consolidada e
difundida
 Abrangência
 Escalabilidade
 Custos de infraestrutura
 Experiência anterior mal
sucedida
GNSS + GSM
 Abrangência
 Escalabilidade
 Ausência de custos de
infraestrutura
 Custos de operação
De facto, a sua fácil escalabilidade e a ausência de custos de infraestrutura tornam esta solução muito
apetecível para o efeito. Os custos de operação, embora presentes, poderão ser facilmente minimizados através
do estabelecimento de parcerias com as operadoras de telecomunicações, e, para a quantidade prevista de
transferência de dados, estarão facilmente englobadas nos pacotes de dados habitualmente contratados.
Assim, o sistema possível torna possível associar o dispositivo/localização aos dados registados na
Base de Dados do Sistema, sendo o cadastro na base de dados feito pela empresa/fornecedor para todos os
seus veículos, incluindo dados como o ano, marca/modelo e matrícula do veículo.
O equipamento a instalar nos veículos pode tomar várias formas, que podem ir desde o simples e
recentemente banalizado tablet (com preços que variam entre os 100€ e os 700€) até a consolas mais
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complexas, como as que são utilizadas, por exemplo, no sistema de “transporte a pedido” de Mação (segundo
a GMV, com preços na ordem dos 1.800€ por unidade – vide Figura 30).
Figura 30 – Equipamento utilizado no sistema de “transporte a pedido” de Mação
Fonte: http://transporteapedido.mediotejo.pt/
Assim, optou-se pela instalação de um tablet que, a nível de software, deverá ter um sistema operativo
de código livre (como o sistema operativo Android) para que seja possível o desenvolvimento de uma
aplicação para a gestão de cargas e descargas. Já a nível de hardware, o dispositivo deverá ter ligação sem fios
de alcance limitado (Bluetooth) e deverá estar sempre ligado à internet (enquanto as entregas na “zona-piloto”
forem relevantes ao percurso do veículo) através de uma rede de dados móveis.
Uma vez que a fiscalização é sempre um dos maiores problemas relacionados com a operação de
cargas e descargas, será necessária também a instalação de um sistema que previna o estacionamento ilegal
nas vagas destinadas para o efeito.
Para tal, optou-se por um “pilarete retrátil inteligente”, que deverá possuir um sistema de
comunicação de alcance limitado (Bluetooth) e uma placa lógica para receção e processamento de dados.
Tendo em conta que o pilarete tem uma área de abrangência muito limitada, decidiu-se que a melhor solução
seria também equipá-lo com sensores de presença que detetem veículos estacionados indevidamente no lugar.
(vide Figura 31).
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Figura 31 – Situação de estacionamento ilegal no lugar de cargas e descargas
O objetivo é que, assim que este sensor detetar uma situação de estacionamento indevido, gere um
alerta para a entidade fiscalizadora, que poderá enviar um recurso direto para o local onde está o infrator.
De modo a evitar que exijam abusos não penalizados (por exemplo, de curta duração mas suficientes
para colocar em causa o bom funcionamento da solução), propõe-se ainda a instalação de câmaras de
videovigilância nas imediações dos lugares de estacionamento, que possibilitem a captação da matrícula de
eventuais infratores com o objetivo de proceder imediatamente à autuação destes. Esta solução beneficia da
decisão recente da Comissão Nacional de Proteção de Dados, que já deu o seu aval à instalação de câmaras
para fiscalização da entrada de veículos nas Zonas de Emissão Reduzida (ZER) da Baixa de Lisboa.
Assim, os dois sistemas propostos (tablet ligado à internet e pilarete inteligente) compõem a solução
tecnológica. Contudo, é necessária a existência de um sistema de reserva para os períodos de ponta da procura
ou em caso de falhas no sistema.
Nesse sentido, optou-se pela criação de um Centro de Micrologística, isto é, um armazém que
possibilite a recolha da mercadoria dos veículos que não tiverem vaga, como se descreverá de seguida.
4.3.2 Pré-Reserva
Tendo acesso ao sistema, seja através de um computador — onde é mais fácil introduzir a informação
de várias viagens ao mesmo tempo — ou do tablet associado ao veículo, o motorista pode iniciar a viagem
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com antecedência ao registar que pretende efetuar uma operação do carga/descarga na “zona-piloto” em uma
determinada morada/vaga.
O sistema irá, então, verificar se a operação pretende ser realizada dentro da janela horária atribuída
ao respetivo perfil logístico (como se apresenta mais à frente no subcapítulo 4.4). Caso contrário, o sistema
recomendará a utilização do Centro de Micrologística durante a hora em questão, ou indicará a próxima janela
horária que o veículo pode utilizar, sugerindo uma reserva para aquele período.
Caso a “pré-reserva” esteja a ser feita para uma operação dentro da sua janela horária, o sistema
analisa o número de reservas já efetuadas com o intuito de determinar se há, presumivelmente, vagas
disponíveis para aquele pedido, assumindo uma taxa de “sobrevenda”, ou overbooking de 10% das vagas
disponíveis (isto é, permite à partida a reserva de um número de lugares superior à capacidade total, prevendo
reservas não consolidadas). Refira-se que essa percentagem poderá ser alterada assim que se dispuserem de
dados históricos de reservas não consolidadas.
Havendo disponibilidade de vagas, o condutor recebe uma confirmação de reserva efetuada; caso
contrário, é sugerida a realização da operação no Centro de Micrologística ou efetua a reserva na janela
horária seguinte.
As situações não contempladas na operação regular do sistema descrevem-se ainda no capítulo 6.
4.3.3 Deslocação
Ao iniciar a viagem cujo destino final (sem operações logísticas intermédias) é a “zona-piloto”, o
motorista poderá utilizar o sistema de GPS disponível no tablet instalado no veículo. Desta forma, o sistema
fará a monitorização do percurso, podendo adaptar, em tempo real, a oferta de lugares com base nas reservas
efetuadas cuja hora estimada de chegada seja fora da hora reservada.
Adicionalmente, está predefinido no sistema uma “coroa” com um raio de cerca de cinco minutos de
distância da vaga. Assim que o veículo passar por essa coroa, é feito o cruzamento dos dados do número de
vagas disponíveis, hora reservada, reservas consolidadas e tempo estimado de operação de quem está nas
vagas (assim que houver dados históricos disponíveis).
Na análise destes dados, se for aferido que não é possível uma nova operação de cargas e descargas, o
condutor recebe um alerta e é encaminhado diretamente para o Centro de Micrologística (vide Figura 32) –
estando o veículo na hora certa de reserva e não existindo vagas disponíveis, a operação neste Centro não terá
qualquer custo para o distribuidor.
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Figura 32 – Exemplo dos alertas apresentados no tablet
Assumindo que o motorista recebeu resposta positiva na “coroa” limite, este está autorizado a
deslocar-se até à vaga atribuída. Neste momento, o sistema atribui um código único de verificação (token)
para aquele veículo/operação, que tem uma validade de 30 minutos. Ao aproximar-se da vaga, com o auxílio
da tecnologia bluetooth, a viatura deteta o pilarete e envia o código de verificação, que, caso este seja válido,
faz o pilarete baixar automaticamente (sem qualquer intervenção do motorista), permitindo a entrada do
veículo na vaga, como se mostra na Figura 33 e na Figura 34.
Figura 33 – Chegada do veículo à vaga atribuída
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Figura 34 – Estacionamento do veículo na vaga atribuída
4.3.4 Operação de Carga e Descarga
A partir do momento em que o pilarete baixa, inicia-se a contagem do tempo da operação de carga e
descarga. Cada perfil logístico terá um número de minutos predeterminados para a operação, a partir do qual
existirá lugar à cobrança de uma taxa (com características de “multa”, uma vez que se trata de um
incumprimento).
O valor da penalização é variável de acordo com o tempo excedido (como se descreve mais
pormenorizadamente no subcapítulo 5.1.3), sendo que, a partir dos 60 minutos de operação, o sistema envia
um alerta às entidades fiscalizadoras para que sejam tomadas medidas mais drásticas (preferencialmente
reboque, uma vez que o bloqueio da viatura apenas contribui para o prolongamento da situação).
Terminada a operação, basta que o veículo saia da vaga para que o pilarete suba (vide Figura 35), sem
qualquer intervenção ou comando humano, passando a vaga a estar disponível para o próximo veículo.
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Figura 35 – Saída do veículo da vaga atribuída
4.4 Definições Adicionais
A solução tecnológica apresentada não resolve, por si só, todos os problemas de logística urbana na
área em estudo e, particularmente, na “zona-piloto” em que for testada, uma vez que necessita, em simultâneo,
de um enquadramento legal percetível, coerente e justo.
Entre os aspetos a definir encontram-se a tipologia dos veículos permitidos, as janelas horárias
“cedidas” às operações de cargas e descargas e todos os outros aspetos operacionais relacionados com as
situações extraordinárias, de modo a que estas não coloquem em causa o sistema desenvolvido.
Assim, de modo a suportar a tecnologia apresentada, e com base nos 170 movimentos previstos,
testou-se uma proposta de atribuição de janelas horárias a cada um dos perfis logísticos existentes na “zona-
piloto”, considerando a definição de quatro janelas horárias de 2 horas, a definir no período entre as 8h00
e as 20h00.
Repare-se que a situação que existe atualmente define, na generalidade, o período entre as 8h00 e as
20h00 (com restrições particulares consoante o tipo de veículo) para as operações de carga e descarga, mas a
existência de um período tao abrangente (e em que quase todos têm acesso às mesmas horas) leva a que
existam horas claramente mais carregadas.
Assim, se se começar por verificar a relação simples entre as vagas disponíveis por hora
(considerando os 9 lugares da “zona-piloto” e o tempo médio estimado com base na distribuição apresentada
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no subcapítulo 5.1.3, acrescido de uma “almofada” relativa à reserva do lugar) e a procura estimada, a taxa de
ocupação não atinge os 70%. Contudo, a experiência revela que a realidade será muito diferente se não forem
limitadas algumas horas a determinados veículos.
Deste modo, tentou-se atribuir às quatro janelas horárias definidas os veículos estimados, levando em
consideração algumas especificidades próprias de cada perfil logístico: por exemplo, às farmácias (perfil
logístico G), até pelo reduzido número de movimentos esperados comparativamente ao total da procura, foi-
lhes atribuída a permissão de aceder ao sistema em qualquer uma das janelas horárias, como se mostra na
Tabela 6.
Tabela 6 – Atribuição dos veículos às janelas horárias por perfil logístico
Perfil
Logístico
Movimentos/dia
Janela Horária
1 2 3 4
A 1 100% - - -
B 5 - - - 100%
C 3 - - 100% -
D 1 - - - -
E 1 - 100% - -
F 1 33% 33% 33% -
G 3 100% 100% 100% 100%
H 5 - - -
Esta atribuição resultaria em taxas de ocupação média que variariam entre 74% (JH2) e 99% (JH3).
Ainda assim, e admitindo a imprevisibilidade das chegadas, ao invés de se considerar o aumento da oferta
retirando lugares aos residentes (pelo acréscimo de custos, como se verá no subcapítulo 5.1, mas também pelo
impacte na opinião daqueles), aceitou-se a possibilidade de a oferta ser excedida, sendo esses veículos, como
já referido, encaminhados para o Centro de Micrologística.
Outra vantagem de definir as janelas horárias (que totalizam menos horas do que o atual período de
cargas e descargas) é possibilitar a disponibilização dos lugares, no restante período, aos veículos do Centro
de Micrologística. Com o sistema implementado, podem ser ajustados todos estes parâmetros, eventualmente
estendendo ou encurtando as janelas horárias definidas, fazendo partições adicionais ou ainda ampliando o
período afeto às cargas e descargas (tendo sempre em consideração o Regulamento Geral do Ruído).
De algum modo atrelado ao sistema tecnológico implementado há, contudo, que intervir nos espaços
limítrofes que podem colocar em causa toda a operação: duas das ruas transversais à Rua dos Fanqueiros (Rua
de Santa Justa – vide Figura 36 – e Rua da Assunção) têm, atualmente, como forma de delimitação, pilaretes
removíveis (através da abertura de uma fechadura para a qual os fornecedores têm a chave) – é nestes espaços,
precisamente, que se dão as operações de carga e descargas, desejavelmente apenas entre as 8h00 e as 10h30.
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Figura 36 – Zona pedonal da Rua de Santa Justa (junto à Rua dos Fanqueiros)
Contudo, manter a permissão de acesso a estes espaços ao mesmo tempo que se limita fortemente as
operações ao longo da Rua dos Fanqueiros pode colocar em causa todo o investimento, provocando uma fuga
ao pagamento que se quer evitar. Por outro lado, há que medir os impactes na restante Baixa Pombalina pelo
fecho destas duas áreas, uma vez que as informações recolhidas apontam para a sua ocupação tendo em vista o
abastecimento de vários outros estabelecimentos distribuídos pela área em estudo.
Uma forma de evitar os abusos pode ser a instalação de um sensor junto dos pilaretes da Rua dos
Douradores (fechando o acesso pela Rua dos Fanqueiros), que detete a presença de veículos afetos aos
estabelecimentos da Rua dos Fanqueiros – os restantes poderiam, nesse caso, continuar a estacionar nestes
lugares para abastecer os estabelecimentos das restantes artérias. Esta tecnologia não foi, contudo, considerada
nas estimativas de custos que se apresentam no capítulo seguinte.
Outro aspeto importante a realçar acerca do sistema a implementar é a possibilidade (muito
aconselhável) de incluir no registo da viatura o(s) lugar(es) que esta preferir utilizar na Rua dos Fanqueiros –
esta medida tem em vista evitar que seja atribuído um lugar a mais de uma certa distância, ficando o
fornecedor muito limitado pelo tempo disponível. No momento de atribuição de lugar, o sistema verificaria
apenas os lugares pretendidos ou, em alternativa, poderia colocar a hipótese de utilizar um outro lugar,
atribuindo um bónus de tempo.
O sistema proposto não necessita, obrigatoriamente, de estar em funcionamento durante as 24 horas
do dia: durante a noite, poderiam ser baixados os pilaretes de modo a permitir a utilização dos lugares por
outros veículos. Esta possibilidade acarreta, contudo, a hipótese de, à hora marcada para o início das
operações, os lugares estarem ocupados ilegalmente, bem como a garantia, nessa situação, de que o pilarete
não se liga sem perceber se existe uma viatura no lugar.
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5 Avaliação da Proposta
A solução preconizada para a zona-piloto inclui, previsivelmente, um conjunto de tecnologias cuja
aplicação está associada a custos de implementação e manutenção muito elevados, pelo que interessa avaliar a
sua aplicabilidade em termos de recursos necessários e qual o retorno esperado.
Assim, é necessário avaliar o custo propriamente dito da solução – custos de implementação – onde
se inclui a aquisição do material e a sua instalação (bem como adaptação dos espaços físicos, quando
necessário), bem como os custos com o sistema ao longo do tempo – custos de manutenção –, quer ao nível
das intervenções técnicas, quer ao nível de recursos humanos.
Por outro lado, o financiamento do sistema pode ser feito através da tarifação associada à excedência
dos períodos gratuitos, sem esquecer todos os benefícios sociais associados à melhoria das condições de
circulação na zona em estudo e às economias geradas nos fornecedores.
Posteriormente, pode avaliar-se a viabilidade do investimento com recurso às técnicas de avaliação
financeira aplicadas a investimentos deste tipo.
Por outro lado, é também importante analisar as externalidades associadas ao sistema proposto, bem
como a sua aplicabilidade à restante área em estudo.
5.1 Avaliação Financeira do Investimento
5.1.1 Custos de Implementação
Como foi descrito no capítulo 4, a solução engloba a instalação de pilaretes retráteis nos lugares afetos
a cargas e descargas na “zona-piloto”.
De acordo com as informações recolhidas, a Rua dos Fanqueiros dispõe de 9 lugares destinados a
cargas e descargas. Nesse sentido, considerando um pilarete por lugar (com uma extensão de 8 a 10 metros), e
usando os valores do caso de estudo de Poitiers, em França (apresentado no subcapítulo 3.9.1), o custo
inerente à aquisição dos oito pilaretes necessários cifrar-se-ia nos 36.000€.
A sua instalação também deve ser imputada como custo inicial, estimando-se que adicione um valor
na ordem dos 25% do custo do pilarete, pelo que, para a totalidade da Rua dos Fanqueiros, este valor se
situaria nos 9.000€.
Tabela 7 – Preço da aquisição e instalação dos pilaretes
Ação N.º pilaretes Preço/pilarete Preço total
Aquisição 9 4.000€ 36.000€
Instalação 9 1.000€ 9.000€
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Refira-se que não há necessidade absoluta de optar por uma solução com pilaretes telescópicos,
podendo optar-se pela introdução de pilaretes basculantes, que teriam custos mais reduzidos pois não são tao
intrusivos quanto os primeiros.
Por sua vez, para a estimativa do custo associado aos equipamentos a instalar nos veículos, é preciso,
em primeiro lugar, aferir o número de veículos a equipar aquando da implementação do sistema na “zona-
piloto” da Rua dos Fanqueiros.
Assim, assumindo os dados recolhidos no estudo da TIS, que dão conta de aproximadamente 120
estabelecimentos na área de influência da Rua dos Fanqueiros (como se descreve no subcapítulo 4.2), e
considerando uma média de 5 fornecedores por cliente, o número de viaturas a equipar totalizaria 600
(considerando que cada fornecedor não tem mais que um cliente nesta rua, o que é pouco provável). Refira-se
que este é um dos aspetos que pode ser facilmente rentabilizado com a expansão da área em estudo, na medida
em que o mesmo fornecedor poderá servir vários clientes em várias ruas da Baixa e, como tal, não necessitará
de ter a sua viatura equipada novamente.
Para estes 600 equipamentos a distribuir, cujo preço de compra se assumiu como próximo dos 200€
(próximo de um tablet de boa qualidade, com desconto de quantidade e com garantia de substituição incluído
no contrato a celebrar), considerou-se os fornecedores (ou os donos das viaturas) assumiriam 25% do seu
custo. Assim, o custo total para a atribuição destes equipamentos de bordo (incluindo instalação)
ascenderia a aproximadamente 90.000€ (Tabela 8) – é, efetivamente, uma das parcelas mais “pesadas” de todo
o sistema proposto.
Tabela 8 – Preço da aquisição e instalação dos equipamentos a bordo dos veículos
N.º equip. Preço/equip. % suportada Preço total
600 200€ 25% 90.000€
Adicionalmente, optando pela instalação de tablet (com sistema operativo Android, por exemplo),
será necessário desenvolver todo o software necessário ao funcionamento do sistema de reserva de lugares,
bem como a app para o equipamento. Consultando o mercado, optou-se por utilizar-se uma estimativa
conservadora, com um valor na ordem dos 15.000€ para desenvolvimento destes aspetos.
Relativamente às câmaras de vigilância, tomaram-se como referência os valores revelados pela
Câmara Municipal de Lisboa o projeto das ZER (que estima o investimento nas 11 câmaras e software
associado em cerca de 75.000€), estimando-se o custo de cada equipamento em cerca de 2.000€, com um
adicional de 25% para instalação. Os custos iniciais deste sistema ascenderiam, por isso, a cerca de 22.500€,
considerando 1 câmara por lugar de estacionamento (vide Tabela 9).
Tabela 9 – Preço da aquisição e instalação das câmaras de videovigilância
Ação N.º câmaras Preço/câmara Preço total
Aquisição 9 2.000€ 18.000€
Instalação 9 500€ 4.500€
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A outra “face” do sistema proposto, o Centro de Micrologística da Baixa Pombalina, também exigiria
um investimento considerável, sendo, contudo, um importante aliado na tentativa de gerir as operações de
cargas e descargas da Baixa e, em particular, da “zona-piloto”.
Assim, o primeiro desafio passaria pela adaptação de um espaço ao objetivo pretendido. A alternativa
poderia passar pelo arrendamento de um espaço já existente, mas a necessidade de ajustes estaria, em
princípio, sempre presente, e o valor a pagar pela renda seria um custo bastante penalizador para o sistema.
Nesse sentido, e dada a localização que se pretende dar ao Centro nesta primeira fase, de modo a
permitir “absorver” os veículos que vêm do Largo do Martim Moniz, optou-se por aproveitar a ideia do estudo
da TIS relativamente à utilização do parque de estacionamento existente neste Largo (propriedade da
BragaParques).
Este parque encontra-se atualmente subaproveitado (tem, no total, cerca de 750 lugares), e a principal
limitação é a altura máxima permitida para os veículos (2,30 metros), como se observa na Figura 37.
Figura 37 – Parque de estacionamento do Martim Moniz
Assim sendo, a solução preconizada passou por:
 Compra à BragaParques de um número de lugares que pudesse ser aproveitado para a
instalação de Centro de Micrologística (cerca de 250), a 100€/lugar;
 Instalação de um elevador de carga que fizesse a ligação do Parque com a superfície,
possibilitando o abastecimento dos veículos com maiores dimensões; para a aquisição do
equipamento e realização de obras de adaptação do espaço, instalação do elevador e obras na
via pública tendo em vista a paragem de veículos, estimou-se um custo total de100.000€.
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Assim, o custo inicial de investimento para instalação do Centro de Micrologística foi estimado em
cerca de 125.000€, como indica a Tabela 10.
Tabela 10 – Custos da instalação do Centro de Micrologística
Ação N.º lugares Preço/lugar Preço total
Aquisição de lugares 250 100€ 25.000€
Obras - - 100.000€
Como nota adicional há que salvaguardar a posição dos fornecedores “obrigados” a ir para o Centro
de Micrologística, particularmente os que terão de entrar no parque: será necessário garantir que não existe
qualquer pagamento adicional relacionado com a própria tarifa do parque, pelo que se deve estender o
protocolo com a BragaParques à isenção desse pagamento.
Por fim, há que considerar a aquisição dos veículos afetos ao Centro de Micrologística. Para uma
primeira fase, com a afetação do Centro apenas à Rua dos Fanqueiros, estimou-se que a frota necessária se
cingiria a 3 bicicletas de carga e 1 van para cargas superiores (como se exemplificam na Figura 38 e Figura
39).
Figura 38 – Bicicleta elétrica de carga da TNT
Fonte: http://www.allvoices.com/contributed-news/7099638-tnt-express-electric-bicycle-cargo-in-brussels
Figura 39 – Van elétrica da Chronopost
Fonte: http://www.avem.fr/actualite-chronopost-roule-electrique-avec-goupil-industrie-650.html
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Através de uma consulta de preços em sites da especialidade (nomeadamente o site CycleLogistics),
considerou-se 5.000€ como referência para as bicicletas (com auxílio elétrico) e 20.000€ para a van,
resultando em 35.000€ destinados à aquisição destes veículos (vide Tabela 11).
Tabela 11 – Custos da aquisição de viaturas do Centro de Micrologística
Veículo N.º veículos Preço/veículo Preço total
Bicicleta de carga 3 5.000€ 15.000€
Van 1 20.000€ 20.000€
Assim, somando todos os custos inerentes à implementação do sistema, são necessários cerca de
332.500€, conforme se mostra na Tabela 12. No fundo, é este o capital necessário no “momento zero” e ao
qual vão ser somados os custos operacionais e de manutenção que se apresentam no ponto seguinte.
Tabela 12 – Custos totais de investimento
Item Ação N.º unidades Preço/unidade Preço total
Pilaretes
Aquisição 9 4.000€ 36.000€
Instalação 9 1.000€ 9.000€
Tablet
Aquisição/Instalação 600 150€ (75%) 90.000€
App + software - - 15.000€
Câmaras de
videovigilância
Aquisição 9 2.000€ 18.000€
Instalação 9 500€ 4.500€
Centro de
Micrologística
Aquisição de lugares 250 100€ 25.000€
Obras - - 100.000€
Bicicleta de carga 3 5.000€ 15.000€
Van 1 20.000€ 20.000€
Total 332.500€
Existe, contudo, a perceção de que estes custos estão sobredimensionados, na medida em que o espaço
reservado para o Centro de Micrologística pode ser reduzido, bem como o número de fornecedores da rua, que
poderá ser inferior considerando mais que um cliente/estabelecimento por fornecedor, ou a utilização de
pilaretes basculantes, que pode reduzir o seu preço.
Ainda assim, e tratando-se de um exercício académico de estimativas de custos, crê-se que a
aproximação conseguida poderá ser utilizada sem prejuízo da necessidade de um apuramento mais refinado
numa fase posterior de implementação.
5.1.2 Custos Operacionais e de Manutenção
Além dos custos de investimento, indispensáveis para o arranque do sistema, é necessário não
menosprezar os custos que decorrem da operação e da necessidade de manutenção que os vários componentes
vão necessitar.
De facto, o OpEx (operation expenditure) é tanto ou mais importante que o CapEx (capital
expenditure), na medida em que um grande investimento sem o devido acompanhamento em termos de
manutenção não resultará nos objetivos que se pretendem. Assim, neste campo há que considerar não só os
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custos operacionais (ou seja, os custos do próprio funcionamento do sistema), mas também os que se referem
à manutenção dos equipamentos.
Para a sua estimação, foi assumido que, em média, devido a acidentes, será necessária a substituição
de 1 pilarete por ano (casos em que o seguro dos condutores não cubra este custo). Além disso, considerou-se
um custo de manutenção na ordem dos 10% por pilarete, correspondente a deslocações ou arranjos que
garantam o correto funcionamento dos equipamentos (vide Tabela 13).
Tabela 13 – Custos de manutenção dos pilaretes
Ação N.º pilaretes/ano Custo/pilarete Custo total/ano
Manutenção 9 400€ 3.600€
Substituição 1 4.000€ 4.000€
Para as câmaras de videovigilância, foi admitido o mesmo esquema de custos variáveis, ou seja, são
gastos todos os anos 10% do custo de cada uma das câmaras, havendo lugar ainda à substituição de um
equipamento por ano – no total, são gastos 3.800€/ano nesta componente.
Tabela 14 – Custos de manutenção das câmaras de videovigilância
Ação N.º câmaras/ano Custo/pilarete Custo total/ano
Manutenção 9 200€ 1.800€
Substituição 1 2.000€ 2.000€
Para a gestão corrente do Centro de Micrologística, assumiu-se um custo fixo de 1.000€ mensais, o
que corresponde a um valor de 12.000€/ano. Por sua vez, para a manutenção dos veículos afetos a esta
infraestrutura, foram estimados os custos operacionais e de manutenção na proporção de 25% do seu valor,
resultando em 7.000€ anuais.
Também há que ter em atenção os custos com o pessoal, pelo que se considerou uma equipa de 6
pessoas, nesta primeira fase, com um vencimento médio bruto de 750€/mês, resultando num custo de
63.000€/ano (vide Tabela 15).
Tabela 15 – Custos operacionais e de manutenção associados ao Centro de Micrologística
Item Custo total/ano
Gestão corrente 12.000€
Manutenção dos veículos 7.000€
Vencimentos 63.000€
Finalmente, somando todos estes valores, obtém-se um valor estimado de 93.400€ por ano para custos
operacionais e de manutenção, como se indica na Tabela 16.
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Tabela 16 – Custos anuais de operação e manutenção
Item Ação N.º unidades Custo/unidade Custo total/ano
Pilaretes
Manutenção 9 400€ 3.600€
Substituição 1 4.000€ 4.000€
Câmaras de
videovigilância
Manutenção 9 200€ 1.800€
Substituição 1 2.000€ 2.000€
Centro de
Micrologística
Gestão corrente - - 12.000€
Manutenção dos
veículos
- - 7.000€
Vencimentos - - 63.000€
Total 93.400€
Uma vez mais, ressalva-se a hipótese de sobredimensionamento de alguns custos, nomeadamente
baseada nos pressupostos da necessidade de manutenção que pode não ocorrer, ou relativamente aos recursos
humanos afetos ao Centro de Micrologística.
5.1.3 Financiamento e Receitas do Sistema
A gestão da capacidade que se pretende implementar tem, como se viu, custos elevados que interessa,
pelo menos em parte, cobrir através das fontes de financiamento que se conseguirem.
Como se referiu anteriormente, o sistema a implementar pretende controlar a duração que cada
fornecedor tem para as suas operações de carga e descarga, num espaço limitado como é o da Baixa
Pombalina. Desse modo, os abusos devem ser penalizados, tarifando o estacionamento para lá do tempo
definido como permitido.
Com base na caracterização feita para a Rua dos Fanqueiros (ver subcapítulo 4.2), e tendo como
referência o tempo médio que cada um destes perfis logísticos gasta por movimento, foi atribuído, a cada um
deles, o tempo máximo para operações de carga e descarga nos lugares intervencionados, a partir do qual
existe lugar à cobrança de uma taxa – vide Tabela 17.
Tabela 17 – Tempo permitido para operações de carga e descarga na “zona-piloto”
Perfil
Logístico
Tempo médio por
movimento
Tempo atribuído
A Entre 6 e 15 min. 10 min.
B Entre 6 e 15 min. 15 min.
C Entre 6 e 15 min. 15 min.
D Mais de 15 min. 15 min.
E Até 5 min. 10 min.
F Entre 6 e 15 min. 10 min.
G Até 5 min. 10 min.
H Mais de 15 min. 15 min.
Por um lado, procurou-se que alguns dos perfis vissem o seu tempo médio reduzido (só assim se
conseguem os objetivos do estudo, que passam pela redução do tempo médio das operações) – foi o caso dos
perfis A, D, F e H.
Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes
Sistemas Inteligentes de Transportes
Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 51
Por outro lado, os perfis E e G, cujo tempo médio, atualmente, não ultrapassa os 5 minutos, foram
incorporados no grupo dos perfis com direito a 10 minutos, justificando-se esta escolha pelo facto de que o
tempo que demoram nos dias de hoje é o que lhes permite efetuar as suas operações, não sendo a maior
“janela” permitida o motivo que os fará aumentar o seu tempo; contudo, em situações excecionais, podem
dispor de uns minutos adicionais, se assim o necessitarem.
Haverá, contudo, uma parcela de fornecedores que não cumprirá o tempo permitido – precisamente
aqueles que financiarão o sistema diretamente, através da tarifação aplicada. Considerou-se, para o efeito, que
a forma de demover a utilização abusiva destes lugares teria de passar pela aplicação de uma tarifa
progressivamente mais penalizadora (numa lógica de escalões), em função também do incómodo progressivo
que a ocupação da vaga vai proporcionar ao sistema, a aplicar até um período máximo de 60 minutos,
conforme se mostra na Figura 40.
Assim, a partir do momento em que ultrapassa o período determinado para o perfil logístico em que se
insere, o fornecedor paga uma tarifa (ou uma “multa”), cujo valor máximo foi admitido nos 120€ (a partir
deste momento o veículo é rebocado para o Centro de Micrologística, como acontece com qualquer veículo
que não pague o estacionamento atualmente).
Figura 40 – Esquema tarifário para os diferentes perfis logísticos
De forma a estimar o valor pago por cada um dos fornecedores, utilizaram-se novamente como
referência os valores do caso de estudo de Poitiers, que apresentou os seguintes resultados ao estabelecer um
tempo máximo de estacionamento para cargas e descargas de 10 minutos:
 74% dos veículos cumpriu o intervalo de 10 minutos, registando-se, inclusive, 48% que
demoraram menos de 5 minutos;
Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes
Sistemas Inteligentes de Transportes
Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 52
 Dos 26% que não cumpriram o tempo definido, 63% saíram nos 5 minutos seguintes ao
primeiro alerta (ou seja, demorou até 15 minutos).
Desse modo, adaptaram-se os valores que resultaram desse estudo (com pequenas alterações para
simplificação dos resultados), dando origem à distribuição acumulada dos fornecedores por tempo no lugar
que se mostra na Figura 41.
Figura 41 – Distribuição acumulada dos fornecedores por tempo no lugar
Assumindo esta distribuição e as tarifas apresentadas anteriormente, o valor anual de receitas –
considerando o funcionamento apenas dos dias úteis – atingiria os 146.000€, um valor que contribuiria
fortemente para o financiamento da tecnologia proposta.
Adicionalmente, considerou-se uma “fatia” adicional de financiamento relativa ao natural
incumprimento do sistema. De facto, os lugares de cargas e descargas são tradicionalmente mais extensos,
pelo que podem suceder situações de estacionamento ilegal no espaço que circunda o pilarete (motivo pelo
qual se planeia a introdução dos sensores nos pilaretes e das câmaras de videovigilância).
Assim, assumindo que o sistema implementado permite recolher com facilidade e rigor a matrícula
dos prevaricadores, e estimando uma média de 2 veículos multados por dia a um valor de 90€ cada, a receita
aproximada atingiria os 45.000€/ano (novamente considerando apenas os dias úteis).
As receitas obtidas relativas a tarifação e multas de estacionamento ilegal resumem-se, então, na
Tabela 18.
Tabela 18 – Receitas do sistema
Receita Valor (€/ano)
Tarifação 146.000€/ano
Estacionamento abusivo 45.000€/ano
Logística Urbana na Baixa Pombalina - Uma Solução Inteligente_Relatório
Logística Urbana na Baixa Pombalina - Uma Solução Inteligente_Relatório
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Logística Urbana na Baixa Pombalina - Uma Solução Inteligente_Relatório

  • 1. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes SISTEMAS INTELIGENTES DE TRANSPORTES Logística Urbana na Baixa Pombalina Uma Solução Inteligente André Ramos – Nº76819 Luís Neto – Nº 74776 Vinicius Campbell – N.º 74803 1º Semestre 2013/2014
  • 2. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 1 ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO 2 2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO 4 2.1 Breve Enquadramento Urbanístico 4 2.2 Definição da Área em Estudo 6 2.3 Caracterização da Rede Viária e Estacionamento 8 2.4 Caracterização da Atividade Comercial 11 2.5 Operações de Carga e Descarga 13 2.6 Legislação e Regulamentação em Vigor 16 2.7 Porquê Intervir? – Diagnóstico da Situação Atual 18 3 A TECNOLOGIA NO TRANSPORTE URBANO DE MERCADORIAS 20 3.1 Breve Enquadramento 20 3.2 Registo de Operadores 20 3.3 Informação e Cartografia de Auxilio à Distribuição Urbana 21 3.4 Condicionamento do Acesso a Veículos Autorizados 22 3.5 Gestão do Tempo e das Janelas Horárias 23 3.6 Sistemas de Comunicação a Bordo 24 3.7 Medidas de Controlo e Vigilância – Fiscalização 24 3.8 Criação de Centros de Logística Local 25 3.9 Exemplos de Aplicações Tecnológicas 26 4 INSTALAÇÃO DE UM SISTEMA INTELIGENTE DE GESTÃO E FISCALIZAÇÃO DE OPERAÇÕES DE CARGA E DESCARGA 30 4.1 Definição da Área de Intervenção (“Zona-Piloto”) 30 4.2 Caracterização da “Zona-Piloto” 31 4.3 Solução Proposta 34 4.4 Definições Adicionais 41 5 AVALIAÇÃO DA PROPOSTA 44 5.1 Avaliação Financeira do Investimento 44 5.2 Externalidades e Outros Impactes 55 5.3 Aplicabilidade à Restante Área em Estudo 56 5.4 Avaliação dos Impactes 58 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 61 7 BIBLIOGRAFIA 64
  • 3. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 2 1 Introdução O Projeto de Revitalização da Baixa-Chiado, de 2006, referia que, para ”revitalizar a Baixa é necessário atrair mais gente, para o que é necessário valorizar o comércio tradicional e as lojas centenárias, que são um ícone desta zona, e uma oferta renovada e competitiva. Para isso é indispensável a renovação e modernização do comércio, o reforço da capacidade de atuação das associações de comerciantes, e melhores condições de operação (segurança, limpeza, animação, micrologística partilhada, etc.)”. Está subjacente, por isso, o eterno dilema enfrentado pelas cidades, que têm o objetivo de atrair para o seu centro os comerciantes, mas menosprezam os aspetos relacionados com a logística urbana que estas atividades geram. De facto, durante muito tempo, o setor público entendia que as operações de carga e descarga não eram um assunto no qual tivessem responsabilidades, na medida em que se tratava de um “negócio de privados”. Contudo, a sucessão de impactes na cidade gerados por estas atividades originou a necessidade de haver um envolvimento das entidades reguladoras no sentido de mitigar esses impactes no ambiente urbano, nomeadamente ao nível do congestionamento, emissões poluentes, segurança e ruído. Então, porque razão é o transporte urbano de mercadorias importante? (BESTUFS, 2008) O transporte urbano de mercadorias é importante por muitas razões:  O custo total do transporte de mercadorias e da logística é muito significativo e tem uma influência direta na eficiência de uma economia;  Desempenha um papel essencial no apoio e manutenção das atividades industriais e comerciais, no sentido da geração de outras atividades criadoras de riqueza, tornando-se, por si só, um importante gerador de emprego;  Um setor eficiente de transporte de mercadorias contribui para a competitividade da indústria da região;  Trata-se de uma atividade fundamental para a manutenção do estilo de vida atual dos cidadãos das metrópoles;  Tem efeitos negativos (sociais e ambientais) muito consideráveis. Cabe, por isso, ao setor público encontrar as soluções de logística eficientes e adequadas à generalidade das operações de carga e descarga ou a cada perfil logístico em particular, de modo a que as cidades sejam locais atrativos (para viver, trabalhar, visitar, fazer compras e lazer), tudo com o interesse “central” de encurtar distâncias e, por conseguinte, diminuir os custos diretos e indiretos relacionados com os transportes e seus movimentos. As soluções a adotar baseiam-se em quatro áreas fundamentais: educação e formação, engenharia rodoviária, regulamentação e fiscalização e soluções tecnológicas (Figura 1).
  • 4. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 3 Figura 1 – Soluções aplicadas à logística urbana Por um lado, é reconhecida a necessidade da vertente de educação e formação, na medida em que prepara os agentes (públicos ou privados) para as restantes medidas , mas também da engenharia rodoviária, responsável pela adaptação das infraestruturas para o adequado funcionamento das operações de carga e descarga. Por outro lado, é na fiscalização eficaz que assenta a base do sucesso de um sistema de logística, sem a qual a regulamentação não conseguirá tornar-se efetiva. Esse fenómeno é frequentemente observado nas operações de carga e descarga, durante as quais se registam diversas situações de estacionamento ilegal (em locais não reservados ou mesmo em “segunda fila”). A ineficácia dessa fiscalização leva, assim, à necessidade de equacionar a adoção de sistemas inteligentes, isto é, soluções tecnológicas que tornem possível e funcional toda a operação logística, permitindo a aplicação em pleno das regulamentações aprovadas: é este, precisamente, o propósito principal deste projeto, que procura delinear uma solução tecnológica viável e exequível para a operação de cargas e descargas na área escolhida de modo a obter uma maior eficiência do sistema em termos operacionais e de segurança e com menores custos ambientais associados. O grande número de agentes e a variedade de situações hipotéticas neste campo são fatores com grande peso, mas que após a caracterização da zona em estudo e a recolha das soluções utilizadas em outras cidades europeias podem tornar-se menos relevantes, com a definição de um sistema que leve em conta as diversas particularidades presentes. O projeto, que seria primeiramente aplicado numa “zona-piloto” definida, termina com uma avaliação do investimento associado, quer numa base estritamente financeira, quer com considerações acerca da sua escalabilidade à restante área em estudo.
  • 5. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 4 2 Caracterização da Área em Estudo 2.1 Breve Enquadramento Urbanístico A zona em estudo situa-se na região Sul do Município de Lisboa, mais propriamente na antiga freguesia de São Nicolau que, segundo a Reorganização Administrativa do Território de 2012/2013, foi fundida com outras freguesias que a limitavam, formando a freguesia de Santa Maria Maior. Segundo os dados publicados recentemente pelo INE relativos ao Censos 2011, a população na freguesia de São Nicolau era, à data, de 1231 residentes (vide Figura 2), representando um acréscimo de 4,8% face a 2001, tendência contrária à do município de Lisboa, que sofreu um decréscimo de 3% na última década. Figura 2 – População na freguesia de São Nicolau Fonte: INE Assim, parte desta antiga freguesia constitui a zona conhecida como Baixa Lisboeta ou Baixa Pombalina, ficando a dever o seu nome à intervenção idealizada pelo Marquês de Pombal após o terramoto de 1755, que devastou toda a zona ribeirinha da cidade.
  • 6. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 5 De facto, a sua intervenção permitiu uma organização com algumas particularidades em termos urbanísticos, quebrando os conceitos de planeamento do Renascimento e aderindo a uma nova corrente artística (o Barroco), cujos elementos principais assentavam em linhas retas, perspetivas monumentais e uniformização de fachadas, tornando as praças centros de atratividade (vide Figura 3). A ligação desses polos de atração (Praça do Comércio, conhecida por Terreiro do Paço, e Praça D. Pedro IV, habitualmente conhecida por Rossio) é formada por um combinado de ruas retas paralelas e por transversais organizadas para ambos os lados, partindo dum eixo central (a Rua Augusta), como se mostra na Figura 4. Para além das mencionadas praças principais, existem ainda outras áreas de menor expressão que contribuem de modo significativo para os movimentos de circulação de pessoas ou veículos. Figura 3 – Enquadramento histórico da área em estudo Fonte: Slides das aulas práticas da disciplina de Planeamento Regional e Urbano (MPOT – IST)
  • 7. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 6 Figura 4 – Disposição ortogonal da Baixa Pombalina Fonte: Slides das aulas práticas da disciplina de Planeamento Regional e Urbano (MPOT – IST) As edificações nesta área formam, portanto, um conjunto arquitetónico muito semelhante, uma vez que todos os prédios têm no seu rés-do-chão uma zona comercial, tendo os pisos superiores sido projetados para habitação. De realçar que esta parte central foi resultado dum enchimento aluvionar do antigo esteiro do Tejo, ao qual se acrescentou o aterro do entulho das ruínas e demolições provocadas pelo devastador terramoto, o que dificulta (ou inviabiliza) qualquer construção em profundidade (pisos inferiores ou parques de estacionamento). 2.2 Definição da Área em Estudo A escolha da área em estudo dentro da área central de Lisboa levou em consideração não só as características particulares da zona da Baixa Pombalina, que exigem um olhar atento sobre as suas operações de cargas e descargas, mas também a existência de um trabalho prévio que permitisse concentrar esforços na fase de desenvolvimento de propostas. Assim, foi tomado como referência, em diversos momentos deste projeto, o “Estudo de Logística Urbana para a Zona Piloto da Baixa de Lisboa”, realizado pela consultora de transportes TIS entre 2011 e 2013. Este estudo seguiu as diretrizes solicitadas em Caderno de Encargos pela Câmara Municipal de Lisboa, tendo definido a “Zona Piloto de Intervenção de Logística Urbana” (doravante denominada ZPILU) com base na área delimitada pelo Plano de Pormenor da Baixa Pombalina (de acordo com o Plano Municipal de Ordenamento do Território ao abrigo do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, na redação conferida pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro), ampliando-a no sentido Poente (vide Figura 5).
  • 8. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 7 Figura 5 – Zona Piloto de Intervenção de Logística Urbana (ZPILU) Fonte: TIS Assim, a zona de intervenção considerada (a área em estudo) foi definida como uma subzona da ZPILU, com os limites que se apresentam na Figura 6 e se descrevem de seguida:  A Oeste, a Rua dos Fanqueiros (inclusive);  A Sul, a Rua de S. Julião (inclusive);  A Este, a Rua do Ouro (inclusive);  A Norte, a Praça da Figueira e a Praça D. Pedro IV (Rossio).
  • 9. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 8 Figura 6 – Área em estudo Fonte: TIS (tratamento próprio) O referido “Estudo de Logística Urbana para a Zona Piloto da Baixa de Lisboa” constituiu, assim, um apoio indispensável à caracterização da área em estudo, na medida em que procedeu, num momento recente, a uma caracterização rigorosa das atividades logísticas numa área que engloba a zona escolhida para este projeto. Nalguns casos, os dados recolhidos podem ser apresentados especificamente para a área em estudo 2.3 Caracterização da Rede Viária e Estacionamento A ZPILU e, consequentemente, a subzona que constitui a área em estudo caracteriza-se por ter condições de circulação muito específicas, que resultam do facto de se encontrar inserida numa zona histórica e turística.
  • 10. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 9 Assim, ao longo do tempo, foram desenvolvidas várias alterações nos sentidos de trânsito e na configuração das vias, estando a estrutura viária atual assente em vias unidirecionais e, por vezes, com interdição ao transporte individual (sejam reservadas ao transporte coletivo, sejam as várias zonas pedonais existentes, como se observa na Figura 7). Figura 7 – Sentidos de tráfego na rede viária na área em estudo Fonte: TIS (tratamento próprio) As vias de circulação pedonal permitem, contudo, algumas exceções, onde se incluem os veículos prioritários (ambulâncias, viaturas dos bombeiros e forças policiais) e também os veículos que realizam operações de carga e descarga nos horários estabelecidos (entre as 08h00 e as 10h30), de acordo com o Regulamento Municipal de Cargas e Descargas e de Bolsas de Estacionamento para Comerciantes (como se descreverá mais adiante no subcapítulo 2.6).
  • 11. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 10 Existem diferentes níveis hierárquicos na rede viária da área em estudo, sendo a estrutura principal constituída pela Praça do Rossio e pela Rua do Ouro, Rua da Prata, Rua da Alfândega e Rua do Arsenal (aquelas onde surgem os valores mais elevados de fluxos de tráfego.) e as restantes vias de acesso local. Esta relação entre a hierarquia viária e as restrições de circulação existentes na Baixa Pombalina permite um reconhecimento claro de “portas de acesso” e, com isso, controlar os movimentos de entrada e saída na área em estudo. Convém também referir que a rede de transportes existentes é muito completa, coexistindo nalgumas vias o transporte coletivo de passageiros (autocarros e elétricos da Carris) e veículos de uso privado (ligeiros de passageiros, e ligeiros e pesados de mercadorias); a prioridade é dada, contudo, sempre ao transporte coletivo, através da criação das referidas artérias de circulação exclusiva ou com a introdução de vias reservadas. Relativamente ao estacionamento na via pública, existem três tipos de lugares:  Lugares reservados a residentes (vide Figura 8);  Lugares tarifados para o público em geral;  Lugares para operações de carga e descarga. Ainda existem nas proximidades alguns parques de estacionamento subterrâneos (Martim Moniz e Praça da Figueira, por exemplo), que, em certa medida, têm uma área de influência que se estende até à área em estudo. Figura 8 – Sinalização de estacionamento reservado a residentes A oferta de estacionamento reservada a cargas e descargas corresponde, geralmente, a 1 a 2 lugares por quarteirão, isto nas vias com oferta de estacionamento.
  • 12. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 11 2.4 Caracterização da Atividade Comercial A zona em estudo caracteriza-se essencialmente pela sua ligação à área do comércio e serviços, com especial relevância para o vestuário. Para além disso, é também um polo importante de turismo, não só pela beleza arquitetónica dos edifícios e praças existentes, mas também porque serve de ligação entre dois pontos de reconhecido interesse turístico e cultural da cidade (Chiado e Castelo de São Jorge) – para o efeito foi, aliás, recentemente requalificado o percurso entre estas duas zonas através da Rua da Vitória, que incluiu a introdução de um elevador que possibilite vencer o declive até à zona do Castelo (Figura 9). Figura 9 – Percurso pedonal requalificado entre o Chiado e o elevador para o Castelo de São Jorge De acordo com o recenseamento dos estabelecimentos comerciais realizado pela CML e atualizado pela TIS no seu estudo, é notória a elevada densidade de estabelecimentos de comércio a retalho, restauração e bebidas, pelo menos comparativamente com os serviços (bancos, escritórios, repartições públicas, etc.), sendo aqueles os que apresentam maiores necessidades de organização e otimização logística. Utilizando como referência as categorias do CAE, os estabelecimentos comerciais podem ser agrupados em 3 grupos:  Comércio alimentar (mercearias e supermercados);  Comércio não alimentar (artigos de vestuário, papelarias, farmácias, sapatarias e mobiliário, artigos de valor e outros estabelecimentos de artigos diversos ou bazares);  Restauração (restaurantes, bares e cafés). Segundo esta classificação, o comércio não alimentar atinge quase 80% do total dos estabelecimentos (vide Figura 10).
  • 13. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 12 Figura 10 – Caracterização da atividade comercial na área em estudo Fonte: TIS (tratamento próprio) Para a caracterização da atividade logística torna-se também prioritário definir o conceito de perfil logístico. Este termo consiste na definição de grupos homogéneos com necessidades logísticas similares (Macário, 2007), baseando a análise em três pontos: os agentes, os produtos e a infraestrutura (vide Figura 11). Figura 11 – Base subjacente na definição de perfis logísticos Fonte: TIS Assim, o perfil logístico baseia-se em várias características dos estabelecimentos comerciais, nomeadamente o tipo de atividade económica, a facilidade de manuseamento da carga, a frequência das distribuições e o tempo médio por movimento (vide Tabela 1).
  • 14. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 13 Tabela 1 – Caracterização dos perfis logísticos Perfil Logístico Tipo de atividade económica Facilidade de manuseamento da carga Frequência das distribuições (semanal) Tempo médio por movimento A Comércio alimentar de pequena dimensão Fácil Até 5 Entre 6 e 15 min. B Restauração (cafés, pastelarias, etc.) Fácil Mais de 20 Entre 6 e 15 min. C Restauração (restaurantes) Fácil a difícil Entre 6 e 20 Entre 6 e 15 min. D Restauração (bares) Fácil a difícil Até 5 Mais de 15 min. E Comércio não alimentar (relojoarias, ourivesarias, lojas de mobiliário, etc.) Fácil Até 5 Até 5 min. F Comércio não alimentar (vestuário, bazares, artigos de papelaria, etc.) Fácil Até 5 Entre 6 e 15 min. G Farmácias Fácil Entre 6 e 20 Até 5 min. H Supermercados Difícil Mais de 20 Mais de 15 min. Fonte: TIS (tratamento próprio) A identificação e caracterização destes perfis logísticos possibilitam a avaliação das soluções logísticas que melhor se ajustam a cada um dos tipos de estabelecimentos existentes. 2.5 Operações de Carga e Descarga O processo de abastecimento na área em estudo é, regra geral, difícil e obriga ao “contornar” da legislação tendo em vista a entrega da mercadoria. Na área em estudo, a legislação em vigor (vide subcapítulo 2.6) permite o estacionamento nas para cargas e descargas nas zonas pedonais em certos períodos (como mostra a Figura 12), muitas vezes desencontrados com os horários de funcionamento das lojas, obrigando, ao mesmo tempo, a um planeamento menos rigoroso (com necessária redundância de meios) ou ao desrespeito das regras para cumprir horários. Figura 12 – Operações de cargas e descargas nas vias pedonais Fonte: TIS Além deste aspeto, que condiciona também a atratividade da Baixa para os turistas, existe a perceção de uma escassa oferta de lugares, que se torna mais problemática porque os volumes de tráfego envolvidos são
  • 15. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 14 significativos: num dia útil médio, a TIS registou cerca de 7.000 veículos a entrar e sair na ZPILU definida para esse estudo. Desses, a distribuição por tipologia era a seguinte:  Veículos comerciais (até 3,5 toneladas): 62%;  Veículos de pequena dimensão (entre 3,5 e 6,5 toneladas e até 6,5 metros de comprimento): 35%;  Veículos de média dimensão (entre 6,5 e 19 toneladas, ou com mais de 6,5 metros de comprimento): 3%;  Veículos de grande dimensão (mais de 19 toneladas): ~0% As horas mais carregadas ocorrem entre as 10h00 e as 12h00 (cerca de 750 movimentos/hora) e entre as 14h00 e as 18h00 (cerca de 550 movimentos/hora), sendo o Martim Moniz (21%), os Restauradores (20%) e o Cais do Sodré (17%) as principais “portas de entrada” na ZPILU, como se indica na Figura 13. Figura 13 – Repartição das entradas de veículos de mercadorias na ZPILU Fonte: TIS (tratamento próprio) Na área em estudo, em particular, os volumes serão mais reduzidos (uma vez que parte destes se desloca para locais fora dessa área), mas grande parte do problema persiste, na medida em que se trata de uma zona com uma estrutura viária que favorece o atravessamento.
  • 16. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 15 Ainda assim, e centrando a análise especificamente nas operações de carga e descarga, foi efetuado, no âmbito do referido estudo da TIS, um inquérito a 150 comerciantes, que permitiram não só a caracterização fiel das atividades logísticas, mas também uma comparação com um inquérito à mobilidade dos utilizadores da Baixa Pombalina realizado pela Câmara Municipal de Lisboa em 2009. Este inquérito, que teve uma amostra de 96 comerciantes e outras 2.500 pessoas inquiridas, tinha como finalidade avaliar os impactes das condicionantes ao trânsito no Terreiro do Paço (devido às obras existentes) na mobilidade dos utilizadores da zona, permitindo apoiar o processo de decisão através da perceção da aceitação das propostas que estavam a ser avaliadas pela CML relativas à circulação de trânsito na Baixa Pombalina. Assim, como se apresenta na Tabela 2, apesar do número médio de fornecedores (regulares) se ter mantido, o número de fornecimentos semanais diminuiu de 6 para 2. Os principais motivos para esta diminuição são, por um lado, a crise económica e, por outro, as novas políticas de gestão de stocks, que permitem uma otimização das quantidades de produtos armazenados. Tabela 2 – Comparação entre os resultados dos inquéritos de 2009 e 2012 2009 2012 Fornecedores (regulares) 11 11 Fornecimentos/semana (média) 6 2 Dias com maior concentração 2ª (30%) e 4ª (26%) 2ª (21%) e 3ª (19%) % de fornecedores satisfeitos com modelo de cargas e descargas 27% 46% Fonte: TIS (tratamento próprio) A segunda-feira manteve-se como o dia da semana mais carregado, embora a repartição se tenha distribuído mais equitativamente pela semana. A comparação dos inquéritos permitiu também avaliar o grau de satisfação dos utilizadores fase às alterações efetuadas, existindo um aumento do número de fornecedores satisfeitos com o modelo de organização de cargas e descargas; todavia, uma elevada percentagem (54% em 2012) ainda aponta dificuldades no estacionamento e ausência de espaço para as operações pretendidas. Como sugestões de melhoria, são apontadas a necessidade do alargamento do horário e das vagas destinadas exclusivamente às cargas e descargas, bem como uma maior fiscalização por parte das entidades responsáveis. É também considerado exagerado o número de lugares reservados apenas para residentes, sendo aberta a hipótese de alguma desta oferta ser alocada a cargas e descargas. Ainda a partir dos inquéritos (e das contagens nas entradas da ZPILU) observou-se que 40% dos veículos permaneciam dentro da zona num período de até 15 minutos, sendo que 65% demorava menos de 30 minutos. Quanto à mercadoria, 86% dos volumes eram de pequena dimensão, e 70% do total tinha um peso até 30 kg. Em média, cada empresa/loja da ZPILU tinha 12 fornecedores, mas 25% do total não tinha fornecedores externos, isto é, realizava o abastecimento à própria loja.
  • 17. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 16 2.6 Legislação e Regulamentação em Vigor Um dos fatores indispensáveis ao bom funcionamento do sistema de cargas e descargas da capital é a regulamentação e a legislação existentes. Estes elementos podem abranger diversas áreas, deste o estacionamento propriamente dito até ao controlo das atividades devido ao seu impacto no ambiente ou no bem-estar das populações, como se verá nos pontos seguintes. i. Regulamento Municipal de Cargas e Descargas e de Bolsas de Estacionamento para Comerciantes Aprovado em 2004, este documento define as restrições de circulação referentes a diferentes categorias de viaturas, bem como os horários permitidos, estabelecendo locais próprios para paragem (estacionamento) dos veículos de cargas e descargas e a criação de bolsas de estacionamento para as atividades comerciais. Assim, foram criadas as seguintes regras, consoante a dimensão dos veículos de cargas e descargas:  Veículos de pequena dimensão: o Circulação permitida na rede primária, secundária e terciária; o Operações de cargas e descargas nas zonas reservadas entre as 8h00 e as 19h00 e entre as 21h00 e as 6h00; o Operações de cargas e descargas nas áreas pedonais entre as 8h00 e as 10h30;  Veículos de média dimensão: o Circulação permitida na rede primária, secundária e terciária; o Operações de cargas e descargas nas zonas reservadas entre as 6h00 e as 8h00 e entre as 19h00 e as 21h00; o Operações de cargas e descargas nas áreas pedonais entre as 8h00 e as 10h30;  Veículos de grande dimensão: o Circulação permitida na rede primária e de acesso a aeroportos e portos sem limitações, enquanto na rede secundária e terciária apenas seria permitida se visasse o abastecimento a hipermercados localizados em centros comerciais, entre as 10h00 e as 12h00 e entre as 19h00 e as 21h00; o Operações de cargas e descargas nas zonas reservadas sem restrições horárias; o Operações de cargas e descargas nas áreas pedonais não permitidas. A duração das operações de carga e descarga, para qualquer tipo de veículo, deveria ser limitada a 30 minutos, estando também estabelecido neste regulamento a necessidade de marcar e sinalizar devidamente os lugares reservados e atribuir-lhes horários restritos de utilização gratuita (janelas horárias consoante o tipo de veiculo).
  • 18. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 17 Na prática, este documento não está a ser cumprido na totalidade, em parte devido à inexistência ou adequação de soluções eficientes de caráter tecnológico que possibilitem a verificação e, por sua vez, permita uma fiscalização eficaz. De facto, em 2007 foi aprovada a suspensão de alguns capítulos (III e IV) referentes ao estacionamento de veículos de pequena dimensão e autorizações especiais, ficando a aguardar soluções tecnológicas que permitam resolver estas questões. Por outro lado, as próprias autoridades com poderes para a fiscalização tendem a ser condescendente, uma vez que entendem as razões que levam a este comportamento, isto é, a dificuldade operacional para a largada ou recolha de mercadorias em zonas com elevada densidade edificada e com a rede viária deficientemente projetada para o seu efeito. ii. Regulamento Geral de Estacionamento na Via Pública O novo regulamento, aprovado em Maio de 2013, caminhou no sentido de unificar e uniformizar as disposições relativas às operações de cargas e descargas, definindo “(…) as regras de circulação e paragem para realização destas operações, com o objetivo de disciplinar, entre outros, o funcionamento das bolsas de carga e descarga, os respetivos horários e o regime de fiscalização. Prevê-se ainda a criação de um novo Dístico de Carga e Descarga, definindo-se as respetivas regras de atribuição e de utilização das bolsas em causa.”. Foram introduzidas algumas alterações relativamente às janelas horárias permitidas, consoante a dimensão dos veículos, atribuindo à EMEL, à semelhança do que faz para o transporte individual, a autoridade para fiscalizar as operações de carga e descarga, ainda que os meios à disposição continuem a ser manifestamente insuficientes. Entre outras alterações à legislação até aqui em vigor, foi também introduzida, para os residentes, a possibilidade de estacionar em duas zonas contíguas (atribuição de uma zona adicional ao seu dístico de residente). iii. Zonas de Emissões Reduzidas Seguindo as diretrizes comunitárias, existe a necessidade de controlar os valores-limite de concentração de poluição, tendo em conta a melhoria da qualidade do ar na cidade de Lisboa. Como tal, a legislação nacional elaborou um plano e programa de execução, criando para o efeito a definição de “Zona de Emissões Reduzidas” (ZER), onde a circulação de viaturas está condicionada a determinados parâmetros. De facto, a circulação de viaturas mais poluentes condiciona não só a qualidade do ar mas também, por consequência, a saúde e a qualidade de vida da população afetada. Assim, a área em estudo faz parte, desde 2011, da Zona de Emissões Reduzidas implementada em Lisboa, tendo em vista o cumprimento das exigências ambientais, tendo restrições à circulação nos dias úteis entre as 7h00 e as 21h00, não sendo permitidos, atualmente, veículos ligeiros ou pesados anteriores a 2000
  • 19. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 18 (inclusive) – o transporte de mercadorias era, segundo o COST321 (1998), responsável por 40% da poluição atmosférica, pelo que estes veículos estão, logicamente, abrangidos por esta legislação. iv. Regulamento Geral do Ruído Não estando diretamente relacionado com a atividade logística, o Regulamento Geral do Ruído deve ser tido em conta na definição das janelas horárias atribuídas às cargas e descargas. Assim, são definidos limites legais do ruído (no ambiente exterior) para zonas sensíveis e mistas, quer durante o período diurno, quer durante o período noturno, que devem ser cumpridos. 2.7 Porquê Intervir? – Diagnóstico da Situação Atual A limitada oferta disponível para as operações de carga e descarga gera um problema com implicações para todos os que frequentam a Baixa Pombalina, desde os residentes aos turistas, passando pelos próprios fornecedores e, em última instância, pelos lojistas. Torna-se necessário, por isso, atuar sobre este problema, mas com o cuidado de agir com critério sob pena de desvirtuar o objetivo inicial: por exemplo, a perceção de que os lugares de residentes são excessivos poderia encaminhar a atuação para o aumento da oferta física, mas, de acordo com a experiência, esta medida só resultaria numa indução de tráfego. Assim, e uma vez que não se pretende atuar sobre a capacidade física, dever-se-á atuar sobre a “capacidade dinâmica”, isto é, o objetivo deve passar pela implementação de medidas que possibilitem uma gestão mais eficaz do espaço disponível (que, em todo o caso, é finito). Uma intervenção deste tipo exige, contudo, mecanismos de fiscalização eficientes, o que prova a necessidade de recorrer aos sistemas inteligentes de transportes, não só de modo a garantir o correto funcionamento do sistema, mas também como forma de possibilitar a aplicação da legislação colocada “na gaveta”. A necessidade de reduzir as emissões poluentes e de agir no sentido da proteção do espaço envolvente como forma de continuar a promover a Baixa Pombalina como espaço turístico e “amiga do peão” contribuem também para a necessidade de intervir sobre a problemática da logística urbana (vide Figura 14).
  • 20. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 19 Figura 14 – Porquê intervir? (diagnóstico da situação atual)
  • 21. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 20 3 A Tecnologia no Transporte Urbano de Mercadorias 3.1 Breve Enquadramento A solução para responder às dificuldades de capacidade e controlo da atividade logística deve ser, então, realizada utilizando uma abordagem “dinâmica” do problema. Para tal, é necessário recorrer à tendência crescente da utilização ou recurso às novas tecnologias de modo a encontrar resoluções adequadas que sejam confluentes com políticas de crescimento e desenvolvimento urbano. Assim, apresentam-se de seguida alguns procedimentos (usualmente chamadas de “boas práticas”) a ter em conta para “atacar” o problema, com diversas soluções tecnológicas que se podem aplicar a este fim (a gestão da capacidade disponível), muitas das quais já experimentadas (com maior ou menor sucesso) em vários projetos um pouco por todo o mundo. Por fim, é apresentado um resumo dos projetos de referência no campo da tecnologia aplicada à logística urbana, e que serviram de base à proposta de intervenção que se pretende para a zona em estudo. 3.2 Registo de Operadores A movimentação de mercadorias no interior das áreas urbanas é executada, na maioria dos casos, com recurso ao modo rodoviário, não só pela razão das distâncias (curtas), mas também por facilidade de conectividade e pela flexibilidade que este modo oferece. Como tal, o transporte rodoviário de mercadorias desempenha um papel fundamental no funcionamento das cidades, pois a distribuição de bens em vários e numerosos locais é fundamental à vida urbana. Para além dos movimentos de entregas de mercadorias para consumo, devem ser tidos em conta outros tipos de movimentos, tais como as recolhas de bens produzidos no interior da cidade (e que têm que ser entregues noutros locais, do centro ou fora da área urbana), ou os resíduos gerados pelo sistema (que têm de ser depositados fora do centro em locais próprios). Assim, surge a necessidade em conhecer quais são os intervenientes no espaço urbano e que tipos de veículos usam a infraestrutura, que tipo de carga transportam, qual a origem e destino da mesma, etc. – estas são algumas das questões onde existe um forte desconhecimento, e que podem ser colmatadas com o registo numa plataforma informática (vide Figura 15), podendo essa informação ser tratada para diversos fins. Por sua vez, um registo de todos os comerciantes da zona deve também ser tido em consideração, pois estes irão ser, em último caso, os “agentes provocadores” do problema, isto é, são eles que despoletam a necessidade de operações de carga e descarga em determinada zona.
  • 22. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 21 Figura 15 – Exemplo de plataforma de registo de operadores logísticos Fonte: londonlorrycontrol.com 3.3 Informação e Cartografia de Auxilio à Distribuição Urbana É fundamental disponibilizar informação de tráfego em tempo real e cartográfica (digital), para que controladores, operadores e condutores dos veículos de cargas e descargas a ela tenham acesso. Outros utilizadores do sistema, poderão, contudo, usufruir também dessa informação útil. Em termos cartográficos, a informação a disponibilizar poderá incluir os seguintes itens:  Rotas de distribuição (de acesso às zonas urbanas e/ou a um zonamento mais fino, como se exemplifica na Figura 16);  Localização de parques, terminais logísticos ou mesmo centros de micrologística;  Áreas a serem evitadas (problemas de congestionamento de tráfego e trabalhos nas vias);  Informação sobre regulamentos (peso, dimensão permitidos e áreas de cargas e descargas);  Outras informações de caráter mais geral. Figura 16 – Exemplo de informação disponibilizada para auxílio à distribuição urbana Fonte: TURBLOG
  • 23. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 22 3.4 Condicionamento do Acesso a Veículos Autorizados As zonas de cargas e descargas são geralmente caracterizadas pelo descontrolo existente, gerando situações de “anarquia” com prejuízo para a própria operação mas também para os restantes agentes do meio envolvente. Isto acontece porque, no planeamento da operação, os distribuidores e os lojistas frequentemente agem pensando apenas no interesse próprio, enviando veículos de capacidade reduzida em demasia para contornar as normas relativas à dimensão máxima permitida e, ao mesmo tempo, conseguir cumprir a agenda de entregas programada. Além disso, o desrespeito pelas regras e normas vigentes do Código da Estrada é recorrente, não só durante a circulação, mas também pela ocupação indevida das faixas de rodagem ou estacionamento em cima dos passeios, dificultando a passagem dos peões e a utilização normal do espaço público e afetando negativamente a imagem destas operações. Em determinados locais, nomeadamente vias destinadas à circulação pedonal ou onde existe escassez de lugares de cargas e descargas, estas situações são muito frequentes e, como tal, deveriam ser banidas ou controladas. Uma forma de condicionar esse acesso passa pela obrigatoriedade de registo prévio num sistema (plataforma informática) que permita à entidade coordenadora deter informação sobre quais os veículos que têm necessidade de efetuar essas tarefas, permitindo apenas aos autorizados o movimento e estacionamento em cada momento na área delimitada (por exemplo, com pilaretes retráteis ou basculantes – vide Figura 17 e Figura 18) e de acordo com determinado padrão horário. Figura 17 – Tecnologia usada no controlo de acesso a zonas delimitadas Fonte: SUGAR
  • 24. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 23 Figura 18 – Controlo de acessos recorrendo a pilaretes retráteis Fonte: BESTUFS 3.5 Gestão do Tempo e das Janelas Horárias A escassez de lugares disponíveis e as restrições de permissão à livre operação de cargas e descargas nos centros urbanos implica tomar medidas que convirjam para a organização temporal do espaço, numa abordagem dinâmica sobre a solução, uma vez que decisões de alargamento (aumento da capacidade por via estática) têm outras implicações no sistema (o retirar da disponibilidade a outros utilizadores, por exemplo). Assim, a organização do espaço disponível passa também pela otimização das janelas horárias, que deve ser efetuada em função das necessidades do perfil logístico, das vagas existentes e da procura estimada. A atribuição automática de lugares com recurso a uma reserva prévia do slot de operação configura, deste modo, uma coordenação no planeamento de chegada de veículos a locais com grandes fluxos de tráfego (Figura 19). No caso de indisponibilidade, o sistema deve oferecer em antecipação a informação sobre alternativas, colocando a possibilidade de utilização noutra janela horária ou o recurso a um terminal logístico. Deste modo, evita-se o congestionamento das vias em uso (pelo impedimento de passagem por paragem indevida na via) e consegue eliminar-se o tráfego “parasita” (circulação na própria via ou nas adjacentes na procura de um lugar disponível). Tudo isso poderá ser mitigado com o recurso à já referida plataforma informática, pois permite uma gerência dos espaços disponíveis para cargas e descargas dum modo eficiente, possibilitando um controlo e gestão do tempo de ocupação, e auxiliando, por sua vez, um planeamento eficiente (por veículo, por carga e por itinerários) das empresas de distribuição. Em simultâneo, garante ainda ao comerciante (lojista) uma maior fiabilidade no horário de receção das mercadorias (track & tracing).
  • 25. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 24 Figura 19 – Controlo do tempo gasto nas operações de cargas e descargas Fonte: “Smart Freight Transport in Urban Areas”, Newsletter Issue 5 – May 2011 3.6 Sistemas de Comunicação a Bordo A necessidade de comunicação com o centro de gestão e controlo de operações e com a infraestrutura é fundamental para que todo o sistema se desenvolva e ser torne eficaz. Para além do registo antecipado no sistema (certificando o operador para determinada zona), é necessária também a existência dum aparelho a bordo (smartphone, tablet ou consola) que sirva em simultâneo para comunicar com o referido centro e, ao mesmo tempo, transmita um sinal à tecnologia colocada na infraestrutura de modo a disponibilizar a vaga previamente determinada. Figura 20 – Controlo do tempo gasto nas operações de cargas e descargas Fonte: SUGAR 3.7 Medidas de Controlo e Vigilância – Fiscalização Toda a eficácia do sistema assenta também noutro importante e fundamental pilar – a fiscalização –, necessária para um desenrolar eficiente da atividade de cargas e descargas. O cumprimento das regras e
  • 26. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 25 regulamentos pelos utilizadores das redes de infraestrutura de transporte rodoviário não é tão rigoroso como deveria, exigindo-se às autoridades uma malha mais apertada de vigilância e fiscalização. Contudo, as medidas que visam colmatar o incumprimento dos utilizadores exigem elevados recursos, o que nem sempre é exequível em termos humanos e monetários. O recurso a sistemas tecnológicos (como as câmaras de videovigilância – vide Figura 21) que auxiliem a uma dissuasão por parte dos transgressores e, em paralelo, comuniquem diretamente com as entidades fiscalizadoras, ampliam o controlo da utilização da infraestrutura e possibilitam o cumprimento efetivo da legislação. Figura 21 – Comparação entre a situação atual e a situação “futura” PRESENTE FUTURO Fonte: SUGAR 3.8 Criação de Centros de Logística Local A resolução do problema de escassez de capacidade de infraestrutura para absorver todas as necessidades do sistema de cargas e descargas não se afigura como simples na medida em que o aumento dessa capacidade (numa abordagem estática do problema) iria conflituar com outras funções necessárias para o mesmo espaço. Mesmo com uma coordenação e controle eficiente dos lugares disponíveis, existirá sempre a necessidade de desviar o tráfego de mercadorias para outros locais, muitas vezes constituído por veículos que, pelas suas características, não correspondem às dimensões permitidas nas vias. Assim, é imprescindível e muito aconselhável a criação de pequenos polos logísticos (terminais de micrologística), que sirvam não só de backup para as situações anteriormente referidas (ou ainda como medida alternativa a situações de conflito, nomeadamente devido à ocupação indevida dos lugares atribuídos), mas que fomentem igualmente a distribuição das mercadorias no “last mile” com recurso a veículos não poluentes (bicicletas ou vans elétricas), hipoteticamente utilizando os períodos não especificados nas janelas horárias. Esta criação pode ser de iniciativa pública (isto é, tendo em vista a distribuição de todas as mercadorias distribuídas) ou de iniciativa privada, onde se inclui o caso da Chronopost, que optou por uma solução deste tipo em Paris para a distribuição das suas encomendas (vide Figura 22).
  • 27. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 26 Figura 22 – Terminal da Chronopost em Paris Fonte: SUGAR 3.9 Exemplos de Aplicações Tecnológicas 3.9.1 Exemplos na Europa No quadro seguinte resumem-se algumas das aplicações tecnológicas implementadas em diversas cidades europeias de maior ou menor dimensão, tendo em vista a melhoria das operações logísticas e a diminuição dos seus impactes.
  • 28. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 27 Tabela 3 – Preço da aquisição e instalação dos pilaretes Iniciativa Cidade / Pais Medida (ITS/Técnica) Consignity Paris (França) Novo tipo de serviço de entregas baseado numa rede automatizada de cacifos para recolha e entrega de produtos, implementado com um propósito próprio: disponibilizar equipamento e peças aos técnicos de reparação de elevadores e escadas rolantes, evitando que estes efetuem diariamente deslocações (nas viaturas de serviço) para recolherem as peças num terminal localizado fora do centro (funcionamento 24/7, com entregas noturnas pela DHL e recolha de manhã pelos técnicos). A tecnologia aplicada passa pela necessidade de plataforma informática, e inclui RFID para transferência de dados, track & tracing das encomendas e um parque na rede de metropolitano com controlo de vídeo. Low Emission Zone (LEZ) Londres (RU) Em Londres, o transporte rodoviário é a maior fonte emissora de Partículas (PM10) e Óxidos de Nitrogénio (NOx), sendo uma das causas primárias de problemas de saúde relacionadas com a qualidade do ar, incluindo os piores sintomas de asma. Nesse sentido, foram criadas restrições ao tipo e idade das viaturas autorizadas à circulação na LEZ, bem como sistemas e padrões de fiscalização para a zona LEZ. Sem qualquer barreira física, a fiscalização é efetuada através de câmaras fixas e móveis, as quais fazem a leitura da matrícula assim que o veículo entra na zona, confrontando-a com a base de dados para aferir se está de acordo com as emissões standard da LEZ. Multi use lanes Barcelona (Espanha) De forma a reduzir os efeitos dos incrementos de tráfego no centro de comércio de Barcelona, foi implementado um novo modelo de gestão das vias, com um horário preestabelecido (entre as 8h00 e as 10h00 – uso geral ou tráfego BUS; entre as 10h00 e as 17h00 – entrega de mercadorias; entre as 17h00 e as 21h00 – uso geral ou tráfego BUS; entre as 21h00 e as 8h00 – estacionamento para residentes). Freight Distribution Plan Bolonha (Itália) Plano municipal de regulação da distribuição de mercadorias no centro da cidade, em que foi previamente definida uma zona de acesso restrito (LTZ – limited traffic zone) para fazer face ao congestionamento e estabelecida a utilização dum bilhete do tipo “pay to access”. Este plano incluiu a instalação de um sistema de IT para controlo de acesso com recurso a sensores de tráfego, complementado com uma solução de fiscalização ICT e um centro de controlo de tráfego. Dynamic delivery area Poitiers (França) Sistema dinâmico para uso do espaço de estacionamento nas ruas, com reserva horária para as entregas (5h00 às 11h00) e, após esse horário, para o uso de viaturas particulares em períodos curtos (10 minutos gratuitos), com controlo exercido à distância. A tecnologia incluiu sinalética, colocação na infraestrutura de pilaretes interativos, sensores no chão da via e um sistema de informação entre os pilaretes e os serviços da polícia local, com um princípio de funcionamento simples: o sensor colocado no chão deteta a presença do veículo, sendo mostrado no ecrã do pilarete se existe autorização para o uso do parque. Na presença dum veiculo, e se o tempo de autorização (mostrado no pilarete) for superior a 10 minutos, o proprietário recebe um SMS. No caso de a viatura não ser retirada, é enviada uma mensagem à polícia local para reboque desta. Petite Reine (electrically assisted tricycles for deliveries) Rouen (França) Experiência baseada num novo conceito de veículos: "cargocycle" (triciclo eletricamente assistido), adaptado para efetuar entregas "last mile" no transporte urbano de mercadorias. Os condutores de camiões/vans descarregam os pacotes na ELP (zona especial de entregas) e, posteriormente, estas são carregadas na cargocycle e entregues no destino final. O objetivo é permitir o contínuo acesso de entregas de mercadorias em zonas com restrições a veículos de grandes/médias dimensões.
  • 29. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 28 3.9.2 Exemplo Português Com o crescente crescimento da atividade logística da cidade de Lisboa, surge a necessidade do município de “combater” o complexo problema da desregulação desta atividade. O projeto europeu STRAIGHTSOL (“Strategies and measures for smarter urban freight solutions”) englobou, então, experiências no âmbito da logística urbana em diversas cidades europeias, entre as quais se incluiu Lisboa, e a sua essência assentava no teste e identificação de tecnologias de informação e comunicação que permitissem efetuar um controle e monotorização destas atividades (carga e descarga num contexto urbano). O objetivo deste estudo em Lisboa era ainda servir de base para a adaptação e escolha do tipo de tecnologia a implementar que permitisse o desenvolvimento do regulamento municipal (de cargas e descargas) existente. Assim, o teste demonstrativo utilizou 2 tipos distintos de tecnologias com suporte nos seguintes esquemas:  Sensores instalados no solo, que detetavam a presença do veículo no local e enviavam informação para o centro de controlo (EMEL), permitindo, de seguida, a utilização do referido lugar durante 30 minutos (apresentado na Figura 23);  Parquímetros adaptados que permitiam operações de 30 minutos de cargas e descargas a utilizadores previamente registados, empregando um cartão magnético que ativava o sistema, emitindo um bilhete com dados relativos a essa transação (vide Figura 24). Figura 23 – Sensor instalado no solo Fonte: STRAIGHTSOL
  • 30. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 29 Figura 24 – Talão de estacionamento para cargas e descargas Fonte: STRAIGHTSOL A zona de intervenção escolhida foi uma artéria no centro de Lisboa (Av. Guerra Junqueiro), tendo a decisão do local sido baseada na elevada diversidade de lojas comerciais. O projeto em Lisboa teve uma duração de 3 meses, e consistiu na aplicação das duas tecnologias em simultâneo. A entidade responsável pela implementação do estudo (EMEL) tinha como expectativa obter os seguintes resultados:  Elevada redução no número de infrações de estacionamento;  Redução significativa da duração média das operações de cargas e descargas;  Aumento de satisfação dos operadores logísticos (transportadores);  Aumento da satisfação dos comerciantes (lojistas da zona); Em simultâneo, foram levadas a cabo algumas ações, com a finalidade de avaliar as soluções testadas:  Identificação da estrutura de custos e benefícios de cada uma das tecnologias;  Avaliação do nível de satisfação (quer dos transportadores, quer dos lojistas);  Recolha de informação para avaliação e monotorização das aplicações. Outra preocupação do projeto foi a identificação dos stakeholders que seriam afetados pela implementação das aplicações, destacando-se entre eles:  Transportadoras (que, teoricamente, incrementavam a sua eficiência nas operações de cargas e descargas);  Comerciantes (que beneficiavam do aumento de fiabilidade das entregas)  Condutores de veículos privados (e outros utilizadores do espaço, que seriam menos afetados pelas operações de cargas e descargas mas, ainda assim, veriam a possibilidade de estacionamento mais restringida).
  • 31. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 30 4 Instalação de um Sistema Inteligente de Gestão e Fiscalização de Operações de Carga e Descarga 4.1 Definição da Área de Intervenção (“Zona-Piloto”) Com o intuito de analisar a eficácia e escalabilidade de um “Sistema Inteligente de Gestão e Fiscalização de Operações de Carga e Descarga”, entendeu-se como justificável e a solução mais adequada a definição de uma “zona-piloto” na área de estudo, com características que permitissem a materialização das várias ideias apresentadas e que possibilitassem uma avaliação do desempenho global do sistema. Após o levantamento das características logísticas das diferentes zonas da Baixa de Lisboa, foi definida a Rua dos Fanqueiros como “zona-piloto” do sistema a implementar, na medida em que:  Segundo o estudo da TIS, o Martim Moniz era, em 2011, o eixo pelo qual entravam mais veículos de mercadorias na ZPILU (21% do total de entradas – vide Figura 13), sendo este tráfego maioritariamente escoado e/ou dirigido à Rua dos Fanqueiros;  Trata-se de uma artéria com lugares de estacionamento e de cargas e descargas já delimitados, lugares estes que também servem de acesso às várias transversais pedonais, o que resulta numa oferta considerada insuficiente nos períodos de ponta (períodos de maior procura);  De acordo com a Carris, foi a via com maior número de ocorrências de paragens forçadas devido a estacionamento ilegal, com um fator agravante relacionado com a partilha da faixa de rodagem com o elétrico (ao contrário do que sucede com os autocarros, este veículo fica mesmo imobilizado nessas situações), como se vê na Figura 25;  Finalmente, é uma rua com uma intensa atividade comercial e relativa homogeneidade nos perfis logísticos, o que conduz a uma incidência das operações de carga e descarga em janelas horárias semelhantes. Figura 25 – O elétrico 15 na Rua dos Fanqueiros
  • 32. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 31 A definição da “zona-piloto” permite ainda a análise da relação “estímulo – resposta”, sem a qual a proposta apresentada para a Baixa Pombalina teria uma base unicamente teórica. Deste modo, é possível testar a solução proposta num ambiente controlado e com custos moderados numa fase inicial, verificando a sua adequabilidade. Tendo em conta todos estes pontos, a Rua dos Fanqueiros revelou-se como uma zona em que se intervir num número superior de constrangimentos, tornando a solução proposta mais transversal e escalável. 4.2 Caracterização da “Zona-Piloto” 4.2.1 Enquadramento A Rua dos Fanqueiros inicia-se na Praça da Figueira e atravessa a Baixa Pombalina até à Rua da Alfândega, com uma extensão de aproximadamente 600 metros, embora a “zona-piloto” tenha sido definida unicamente como a extensão entre a Praça da Figueira e a Rua de São Julião. A faixa de rodagem possui duas vias de circulação – uma das quais partilhada com o elétrico – e uma via para estacionamento (vide Figura 26). Figura 26 – Esquema do perfil transversal da Rua dos Fanqueiros Ao longo da rua, existem cinco zonas dedicadas a cargas e descargas já criadas, num total de 9 lugares que servem 84 estabelecimentos comerciais localizados na própria rua (segundo a caracterização de 2012 – os estabelecimentos que entretanto encerraram foram, ainda assim, englobados na análise, na medida em que a ocupação destes espaços é claramente comercial). Sabe-se, contudo, que os lugares de estacionamento da Rua dos Fanqueiros servem também as ruas pedonais transversais pelo que, considerando um alcance médio radial de 30 metros, se incorporou na área de influência da “zona-piloto” 36 estabelecimentos comerciais adicionais na Rua de Santa Justa, Rua da
  • 33. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 32 Assunção, Rua da Vitória, Rua de São Nicolau, Rua da Conceição, Rua de São Julião, Rua dos Douradores, Rua dos Condes de Monsanto e Praça da Figueira (vide Figura 27). As vagas reservadas às operações de carga e descarga na Rua dos Fanqueiros estão reservadas aos fornecedores entre as 7h00 e as 20h00, horário que coincide com o período de funcionamento da maior parte dos estabelecimentos comerciais (fora deste horário, as vagas são de uso comum). Figura 27 – Estabelecimentos na área de influência da Rua dos Fanqueiros Fonte: TIS (tratamento próprio) 4.2.2 Caracterização Logística Em termos de atividade logística, na “zona-piloto”, é possível detetar a predominância clara de “comércio não-alimentar”, como indica a Figura 28 – aliás, a rua deve o seu nome aos comerciantes de tecidos, os “fanqueiros”.
  • 34. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 33 Figura 28 – Caracterização da atividade comercial na “zona-piloto” Fonte: TIS (tratamento próprio) O perfil logístico dominante é o “F” (como se vê na Figura 29) que abrange os estabelecimentos comerciais com as seguintes características:  Fácil manuseamento das mercadorias devido à incidência de cargas e/ou encomendas com volume e peso reduzidos;  Frequência de entregas num máximo de cinco operações semanais;  Operações de carga/descarga que duram, em média, entre 6 e 15 minutos;  Itens com necessidades especiais, por exemplo, produtos frágeis (loiças, etc.) e perecíveis. De facto, os 120 estabelecimentos que constituem a área de influência da “zona-piloto” geram aproximadamente 170 movimentos de carga e descarga diários: segundo o inquérito aos comerciantes realizado em 2012 pela TIS, 78% dos inquiridos na Rua dos Fanqueiros indicaram um número de movimentos de cargas e descarga semanais igual ou inferior a 5 (vide Tabela 4), tendo, nos restantes casos, sido estimado um valor a partir da média dos estabelecimentos do perfil logístico respetivo. Tabela 4 – Caracterização dos movimentos de cargas e descargas na “zona-piloto” Perfil Logístico N.º estabelecimentos Movimentos/semana Movimentos/dia Tempo médio por movimento A 6 5 1 Entre 6 e 15 min. B 9 25 5 Entre 6 e 15 min. C 6 15 3 Entre 6 e 15 min. D 0 5 1 Mais de 15 min. E 4 5 1 Até 5 min. F 93 5 1 Entre 6 e 15 min. G 2 15 3 Até 5 min. H 0 25 5 Mais de 15 min.
  • 35. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 34 Figura 29 – Caracterização dos estabelecimentos da área de influência da “zona-piloto” em função do perfil logístico Fonte: TIS (tratamento próprio) 4.3 Solução Proposta Após análise pormenorizada das tecnologias disponíveis e problemas detetados, optou-se pela escolha de uma solução que, por ser pouco invasiva (ao não interferir significativamente com infraestrutura existente), se torna de mais fácil implantação, escalabilidade e adaptação a outros cenários. A solução pretende nivelar os “picos” de procura das vagas de estacionamento na Baixa Pombalina (e, em particular, na “zona-piloto”), distribuindo-os de forma inteligente durante as janelas horárias definidas. Com a solução proposta, pretendem atingir-se os seguintes resultados:  Aumentar a capacidade das vagas existentes e a taxa de rotação dos lugares disponíveis ao criar um sistema de gestão de horários e capacidade;
  • 36. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 35  Reduzir o estacionamento ilegal ao dar oportunidade aos motoristas de ter uma vaga (quase) sempre disponível e reservada;  Melhorar a qualidade do ar na Baixa de Lisboa ao diminuir as emissões nocivas ao ambiente, uma vez que se evitam deslocações desnecessárias (e, ao mesmo tempo, se aumenta a eficiência energética dos transportadores). 4.3.1 Conceito Base Para atingir os objetivos enunciados, foi feita uma análise prévia do sistema a utilizar e com o qual deveriam ser equipados os veículos e/ou a “zona-piloto” no sentido de tornar a fiscalização possível e, simultaneamente, automática, tendo ressaltado três tecnologias distintas: a utilização de câmaras de videovigilância (com análise de imagens – sistema CCTV), o sistema “Via Verde” (tecnologia “DSRC – dedicated short range communication”) ou um sistema do tipo GNSS+GSM. Para cada um destes sistemas, foram avaliadas as suas vantagens e desvantagens (vide Tabela 5), tendo a escolha recaído sobre o registo e ligação dos veículos ao sistema através de uma solução combine a utilização de tecnologia GNSS (GPS, GALILEO ou GLONASS) e de dados móveis (tecnologia GSM, do tipo 3G ou 4G). Tabela 5 – Vantagens e desvantagens das tecnologias avaliadas Tecnologia Vantagens Desvantagens Câmaras de videovigilância (com análise de imagens)  Fiabilidade  Abrangência  Escalabilidade  Custos de infraestrutura DSRC (sistema “Via Verde”)  Tecnologia consolidada e difundida  Abrangência  Escalabilidade  Custos de infraestrutura  Experiência anterior mal sucedida GNSS + GSM  Abrangência  Escalabilidade  Ausência de custos de infraestrutura  Custos de operação De facto, a sua fácil escalabilidade e a ausência de custos de infraestrutura tornam esta solução muito apetecível para o efeito. Os custos de operação, embora presentes, poderão ser facilmente minimizados através do estabelecimento de parcerias com as operadoras de telecomunicações, e, para a quantidade prevista de transferência de dados, estarão facilmente englobadas nos pacotes de dados habitualmente contratados. Assim, o sistema possível torna possível associar o dispositivo/localização aos dados registados na Base de Dados do Sistema, sendo o cadastro na base de dados feito pela empresa/fornecedor para todos os seus veículos, incluindo dados como o ano, marca/modelo e matrícula do veículo. O equipamento a instalar nos veículos pode tomar várias formas, que podem ir desde o simples e recentemente banalizado tablet (com preços que variam entre os 100€ e os 700€) até a consolas mais
  • 37. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 36 complexas, como as que são utilizadas, por exemplo, no sistema de “transporte a pedido” de Mação (segundo a GMV, com preços na ordem dos 1.800€ por unidade – vide Figura 30). Figura 30 – Equipamento utilizado no sistema de “transporte a pedido” de Mação Fonte: http://transporteapedido.mediotejo.pt/ Assim, optou-se pela instalação de um tablet que, a nível de software, deverá ter um sistema operativo de código livre (como o sistema operativo Android) para que seja possível o desenvolvimento de uma aplicação para a gestão de cargas e descargas. Já a nível de hardware, o dispositivo deverá ter ligação sem fios de alcance limitado (Bluetooth) e deverá estar sempre ligado à internet (enquanto as entregas na “zona-piloto” forem relevantes ao percurso do veículo) através de uma rede de dados móveis. Uma vez que a fiscalização é sempre um dos maiores problemas relacionados com a operação de cargas e descargas, será necessária também a instalação de um sistema que previna o estacionamento ilegal nas vagas destinadas para o efeito. Para tal, optou-se por um “pilarete retrátil inteligente”, que deverá possuir um sistema de comunicação de alcance limitado (Bluetooth) e uma placa lógica para receção e processamento de dados. Tendo em conta que o pilarete tem uma área de abrangência muito limitada, decidiu-se que a melhor solução seria também equipá-lo com sensores de presença que detetem veículos estacionados indevidamente no lugar. (vide Figura 31).
  • 38. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 37 Figura 31 – Situação de estacionamento ilegal no lugar de cargas e descargas O objetivo é que, assim que este sensor detetar uma situação de estacionamento indevido, gere um alerta para a entidade fiscalizadora, que poderá enviar um recurso direto para o local onde está o infrator. De modo a evitar que exijam abusos não penalizados (por exemplo, de curta duração mas suficientes para colocar em causa o bom funcionamento da solução), propõe-se ainda a instalação de câmaras de videovigilância nas imediações dos lugares de estacionamento, que possibilitem a captação da matrícula de eventuais infratores com o objetivo de proceder imediatamente à autuação destes. Esta solução beneficia da decisão recente da Comissão Nacional de Proteção de Dados, que já deu o seu aval à instalação de câmaras para fiscalização da entrada de veículos nas Zonas de Emissão Reduzida (ZER) da Baixa de Lisboa. Assim, os dois sistemas propostos (tablet ligado à internet e pilarete inteligente) compõem a solução tecnológica. Contudo, é necessária a existência de um sistema de reserva para os períodos de ponta da procura ou em caso de falhas no sistema. Nesse sentido, optou-se pela criação de um Centro de Micrologística, isto é, um armazém que possibilite a recolha da mercadoria dos veículos que não tiverem vaga, como se descreverá de seguida. 4.3.2 Pré-Reserva Tendo acesso ao sistema, seja através de um computador — onde é mais fácil introduzir a informação de várias viagens ao mesmo tempo — ou do tablet associado ao veículo, o motorista pode iniciar a viagem
  • 39. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 38 com antecedência ao registar que pretende efetuar uma operação do carga/descarga na “zona-piloto” em uma determinada morada/vaga. O sistema irá, então, verificar se a operação pretende ser realizada dentro da janela horária atribuída ao respetivo perfil logístico (como se apresenta mais à frente no subcapítulo 4.4). Caso contrário, o sistema recomendará a utilização do Centro de Micrologística durante a hora em questão, ou indicará a próxima janela horária que o veículo pode utilizar, sugerindo uma reserva para aquele período. Caso a “pré-reserva” esteja a ser feita para uma operação dentro da sua janela horária, o sistema analisa o número de reservas já efetuadas com o intuito de determinar se há, presumivelmente, vagas disponíveis para aquele pedido, assumindo uma taxa de “sobrevenda”, ou overbooking de 10% das vagas disponíveis (isto é, permite à partida a reserva de um número de lugares superior à capacidade total, prevendo reservas não consolidadas). Refira-se que essa percentagem poderá ser alterada assim que se dispuserem de dados históricos de reservas não consolidadas. Havendo disponibilidade de vagas, o condutor recebe uma confirmação de reserva efetuada; caso contrário, é sugerida a realização da operação no Centro de Micrologística ou efetua a reserva na janela horária seguinte. As situações não contempladas na operação regular do sistema descrevem-se ainda no capítulo 6. 4.3.3 Deslocação Ao iniciar a viagem cujo destino final (sem operações logísticas intermédias) é a “zona-piloto”, o motorista poderá utilizar o sistema de GPS disponível no tablet instalado no veículo. Desta forma, o sistema fará a monitorização do percurso, podendo adaptar, em tempo real, a oferta de lugares com base nas reservas efetuadas cuja hora estimada de chegada seja fora da hora reservada. Adicionalmente, está predefinido no sistema uma “coroa” com um raio de cerca de cinco minutos de distância da vaga. Assim que o veículo passar por essa coroa, é feito o cruzamento dos dados do número de vagas disponíveis, hora reservada, reservas consolidadas e tempo estimado de operação de quem está nas vagas (assim que houver dados históricos disponíveis). Na análise destes dados, se for aferido que não é possível uma nova operação de cargas e descargas, o condutor recebe um alerta e é encaminhado diretamente para o Centro de Micrologística (vide Figura 32) – estando o veículo na hora certa de reserva e não existindo vagas disponíveis, a operação neste Centro não terá qualquer custo para o distribuidor.
  • 40. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 39 Figura 32 – Exemplo dos alertas apresentados no tablet Assumindo que o motorista recebeu resposta positiva na “coroa” limite, este está autorizado a deslocar-se até à vaga atribuída. Neste momento, o sistema atribui um código único de verificação (token) para aquele veículo/operação, que tem uma validade de 30 minutos. Ao aproximar-se da vaga, com o auxílio da tecnologia bluetooth, a viatura deteta o pilarete e envia o código de verificação, que, caso este seja válido, faz o pilarete baixar automaticamente (sem qualquer intervenção do motorista), permitindo a entrada do veículo na vaga, como se mostra na Figura 33 e na Figura 34. Figura 33 – Chegada do veículo à vaga atribuída
  • 41. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 40 Figura 34 – Estacionamento do veículo na vaga atribuída 4.3.4 Operação de Carga e Descarga A partir do momento em que o pilarete baixa, inicia-se a contagem do tempo da operação de carga e descarga. Cada perfil logístico terá um número de minutos predeterminados para a operação, a partir do qual existirá lugar à cobrança de uma taxa (com características de “multa”, uma vez que se trata de um incumprimento). O valor da penalização é variável de acordo com o tempo excedido (como se descreve mais pormenorizadamente no subcapítulo 5.1.3), sendo que, a partir dos 60 minutos de operação, o sistema envia um alerta às entidades fiscalizadoras para que sejam tomadas medidas mais drásticas (preferencialmente reboque, uma vez que o bloqueio da viatura apenas contribui para o prolongamento da situação). Terminada a operação, basta que o veículo saia da vaga para que o pilarete suba (vide Figura 35), sem qualquer intervenção ou comando humano, passando a vaga a estar disponível para o próximo veículo.
  • 42. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 41 Figura 35 – Saída do veículo da vaga atribuída 4.4 Definições Adicionais A solução tecnológica apresentada não resolve, por si só, todos os problemas de logística urbana na área em estudo e, particularmente, na “zona-piloto” em que for testada, uma vez que necessita, em simultâneo, de um enquadramento legal percetível, coerente e justo. Entre os aspetos a definir encontram-se a tipologia dos veículos permitidos, as janelas horárias “cedidas” às operações de cargas e descargas e todos os outros aspetos operacionais relacionados com as situações extraordinárias, de modo a que estas não coloquem em causa o sistema desenvolvido. Assim, de modo a suportar a tecnologia apresentada, e com base nos 170 movimentos previstos, testou-se uma proposta de atribuição de janelas horárias a cada um dos perfis logísticos existentes na “zona- piloto”, considerando a definição de quatro janelas horárias de 2 horas, a definir no período entre as 8h00 e as 20h00. Repare-se que a situação que existe atualmente define, na generalidade, o período entre as 8h00 e as 20h00 (com restrições particulares consoante o tipo de veículo) para as operações de carga e descarga, mas a existência de um período tao abrangente (e em que quase todos têm acesso às mesmas horas) leva a que existam horas claramente mais carregadas. Assim, se se começar por verificar a relação simples entre as vagas disponíveis por hora (considerando os 9 lugares da “zona-piloto” e o tempo médio estimado com base na distribuição apresentada
  • 43. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 42 no subcapítulo 5.1.3, acrescido de uma “almofada” relativa à reserva do lugar) e a procura estimada, a taxa de ocupação não atinge os 70%. Contudo, a experiência revela que a realidade será muito diferente se não forem limitadas algumas horas a determinados veículos. Deste modo, tentou-se atribuir às quatro janelas horárias definidas os veículos estimados, levando em consideração algumas especificidades próprias de cada perfil logístico: por exemplo, às farmácias (perfil logístico G), até pelo reduzido número de movimentos esperados comparativamente ao total da procura, foi- lhes atribuída a permissão de aceder ao sistema em qualquer uma das janelas horárias, como se mostra na Tabela 6. Tabela 6 – Atribuição dos veículos às janelas horárias por perfil logístico Perfil Logístico Movimentos/dia Janela Horária 1 2 3 4 A 1 100% - - - B 5 - - - 100% C 3 - - 100% - D 1 - - - - E 1 - 100% - - F 1 33% 33% 33% - G 3 100% 100% 100% 100% H 5 - - - Esta atribuição resultaria em taxas de ocupação média que variariam entre 74% (JH2) e 99% (JH3). Ainda assim, e admitindo a imprevisibilidade das chegadas, ao invés de se considerar o aumento da oferta retirando lugares aos residentes (pelo acréscimo de custos, como se verá no subcapítulo 5.1, mas também pelo impacte na opinião daqueles), aceitou-se a possibilidade de a oferta ser excedida, sendo esses veículos, como já referido, encaminhados para o Centro de Micrologística. Outra vantagem de definir as janelas horárias (que totalizam menos horas do que o atual período de cargas e descargas) é possibilitar a disponibilização dos lugares, no restante período, aos veículos do Centro de Micrologística. Com o sistema implementado, podem ser ajustados todos estes parâmetros, eventualmente estendendo ou encurtando as janelas horárias definidas, fazendo partições adicionais ou ainda ampliando o período afeto às cargas e descargas (tendo sempre em consideração o Regulamento Geral do Ruído). De algum modo atrelado ao sistema tecnológico implementado há, contudo, que intervir nos espaços limítrofes que podem colocar em causa toda a operação: duas das ruas transversais à Rua dos Fanqueiros (Rua de Santa Justa – vide Figura 36 – e Rua da Assunção) têm, atualmente, como forma de delimitação, pilaretes removíveis (através da abertura de uma fechadura para a qual os fornecedores têm a chave) – é nestes espaços, precisamente, que se dão as operações de carga e descargas, desejavelmente apenas entre as 8h00 e as 10h30.
  • 44. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 43 Figura 36 – Zona pedonal da Rua de Santa Justa (junto à Rua dos Fanqueiros) Contudo, manter a permissão de acesso a estes espaços ao mesmo tempo que se limita fortemente as operações ao longo da Rua dos Fanqueiros pode colocar em causa todo o investimento, provocando uma fuga ao pagamento que se quer evitar. Por outro lado, há que medir os impactes na restante Baixa Pombalina pelo fecho destas duas áreas, uma vez que as informações recolhidas apontam para a sua ocupação tendo em vista o abastecimento de vários outros estabelecimentos distribuídos pela área em estudo. Uma forma de evitar os abusos pode ser a instalação de um sensor junto dos pilaretes da Rua dos Douradores (fechando o acesso pela Rua dos Fanqueiros), que detete a presença de veículos afetos aos estabelecimentos da Rua dos Fanqueiros – os restantes poderiam, nesse caso, continuar a estacionar nestes lugares para abastecer os estabelecimentos das restantes artérias. Esta tecnologia não foi, contudo, considerada nas estimativas de custos que se apresentam no capítulo seguinte. Outro aspeto importante a realçar acerca do sistema a implementar é a possibilidade (muito aconselhável) de incluir no registo da viatura o(s) lugar(es) que esta preferir utilizar na Rua dos Fanqueiros – esta medida tem em vista evitar que seja atribuído um lugar a mais de uma certa distância, ficando o fornecedor muito limitado pelo tempo disponível. No momento de atribuição de lugar, o sistema verificaria apenas os lugares pretendidos ou, em alternativa, poderia colocar a hipótese de utilizar um outro lugar, atribuindo um bónus de tempo. O sistema proposto não necessita, obrigatoriamente, de estar em funcionamento durante as 24 horas do dia: durante a noite, poderiam ser baixados os pilaretes de modo a permitir a utilização dos lugares por outros veículos. Esta possibilidade acarreta, contudo, a hipótese de, à hora marcada para o início das operações, os lugares estarem ocupados ilegalmente, bem como a garantia, nessa situação, de que o pilarete não se liga sem perceber se existe uma viatura no lugar.
  • 45. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 44 5 Avaliação da Proposta A solução preconizada para a zona-piloto inclui, previsivelmente, um conjunto de tecnologias cuja aplicação está associada a custos de implementação e manutenção muito elevados, pelo que interessa avaliar a sua aplicabilidade em termos de recursos necessários e qual o retorno esperado. Assim, é necessário avaliar o custo propriamente dito da solução – custos de implementação – onde se inclui a aquisição do material e a sua instalação (bem como adaptação dos espaços físicos, quando necessário), bem como os custos com o sistema ao longo do tempo – custos de manutenção –, quer ao nível das intervenções técnicas, quer ao nível de recursos humanos. Por outro lado, o financiamento do sistema pode ser feito através da tarifação associada à excedência dos períodos gratuitos, sem esquecer todos os benefícios sociais associados à melhoria das condições de circulação na zona em estudo e às economias geradas nos fornecedores. Posteriormente, pode avaliar-se a viabilidade do investimento com recurso às técnicas de avaliação financeira aplicadas a investimentos deste tipo. Por outro lado, é também importante analisar as externalidades associadas ao sistema proposto, bem como a sua aplicabilidade à restante área em estudo. 5.1 Avaliação Financeira do Investimento 5.1.1 Custos de Implementação Como foi descrito no capítulo 4, a solução engloba a instalação de pilaretes retráteis nos lugares afetos a cargas e descargas na “zona-piloto”. De acordo com as informações recolhidas, a Rua dos Fanqueiros dispõe de 9 lugares destinados a cargas e descargas. Nesse sentido, considerando um pilarete por lugar (com uma extensão de 8 a 10 metros), e usando os valores do caso de estudo de Poitiers, em França (apresentado no subcapítulo 3.9.1), o custo inerente à aquisição dos oito pilaretes necessários cifrar-se-ia nos 36.000€. A sua instalação também deve ser imputada como custo inicial, estimando-se que adicione um valor na ordem dos 25% do custo do pilarete, pelo que, para a totalidade da Rua dos Fanqueiros, este valor se situaria nos 9.000€. Tabela 7 – Preço da aquisição e instalação dos pilaretes Ação N.º pilaretes Preço/pilarete Preço total Aquisição 9 4.000€ 36.000€ Instalação 9 1.000€ 9.000€
  • 46. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 45 Refira-se que não há necessidade absoluta de optar por uma solução com pilaretes telescópicos, podendo optar-se pela introdução de pilaretes basculantes, que teriam custos mais reduzidos pois não são tao intrusivos quanto os primeiros. Por sua vez, para a estimativa do custo associado aos equipamentos a instalar nos veículos, é preciso, em primeiro lugar, aferir o número de veículos a equipar aquando da implementação do sistema na “zona- piloto” da Rua dos Fanqueiros. Assim, assumindo os dados recolhidos no estudo da TIS, que dão conta de aproximadamente 120 estabelecimentos na área de influência da Rua dos Fanqueiros (como se descreve no subcapítulo 4.2), e considerando uma média de 5 fornecedores por cliente, o número de viaturas a equipar totalizaria 600 (considerando que cada fornecedor não tem mais que um cliente nesta rua, o que é pouco provável). Refira-se que este é um dos aspetos que pode ser facilmente rentabilizado com a expansão da área em estudo, na medida em que o mesmo fornecedor poderá servir vários clientes em várias ruas da Baixa e, como tal, não necessitará de ter a sua viatura equipada novamente. Para estes 600 equipamentos a distribuir, cujo preço de compra se assumiu como próximo dos 200€ (próximo de um tablet de boa qualidade, com desconto de quantidade e com garantia de substituição incluído no contrato a celebrar), considerou-se os fornecedores (ou os donos das viaturas) assumiriam 25% do seu custo. Assim, o custo total para a atribuição destes equipamentos de bordo (incluindo instalação) ascenderia a aproximadamente 90.000€ (Tabela 8) – é, efetivamente, uma das parcelas mais “pesadas” de todo o sistema proposto. Tabela 8 – Preço da aquisição e instalação dos equipamentos a bordo dos veículos N.º equip. Preço/equip. % suportada Preço total 600 200€ 25% 90.000€ Adicionalmente, optando pela instalação de tablet (com sistema operativo Android, por exemplo), será necessário desenvolver todo o software necessário ao funcionamento do sistema de reserva de lugares, bem como a app para o equipamento. Consultando o mercado, optou-se por utilizar-se uma estimativa conservadora, com um valor na ordem dos 15.000€ para desenvolvimento destes aspetos. Relativamente às câmaras de vigilância, tomaram-se como referência os valores revelados pela Câmara Municipal de Lisboa o projeto das ZER (que estima o investimento nas 11 câmaras e software associado em cerca de 75.000€), estimando-se o custo de cada equipamento em cerca de 2.000€, com um adicional de 25% para instalação. Os custos iniciais deste sistema ascenderiam, por isso, a cerca de 22.500€, considerando 1 câmara por lugar de estacionamento (vide Tabela 9). Tabela 9 – Preço da aquisição e instalação das câmaras de videovigilância Ação N.º câmaras Preço/câmara Preço total Aquisição 9 2.000€ 18.000€ Instalação 9 500€ 4.500€
  • 47. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 46 A outra “face” do sistema proposto, o Centro de Micrologística da Baixa Pombalina, também exigiria um investimento considerável, sendo, contudo, um importante aliado na tentativa de gerir as operações de cargas e descargas da Baixa e, em particular, da “zona-piloto”. Assim, o primeiro desafio passaria pela adaptação de um espaço ao objetivo pretendido. A alternativa poderia passar pelo arrendamento de um espaço já existente, mas a necessidade de ajustes estaria, em princípio, sempre presente, e o valor a pagar pela renda seria um custo bastante penalizador para o sistema. Nesse sentido, e dada a localização que se pretende dar ao Centro nesta primeira fase, de modo a permitir “absorver” os veículos que vêm do Largo do Martim Moniz, optou-se por aproveitar a ideia do estudo da TIS relativamente à utilização do parque de estacionamento existente neste Largo (propriedade da BragaParques). Este parque encontra-se atualmente subaproveitado (tem, no total, cerca de 750 lugares), e a principal limitação é a altura máxima permitida para os veículos (2,30 metros), como se observa na Figura 37. Figura 37 – Parque de estacionamento do Martim Moniz Assim sendo, a solução preconizada passou por:  Compra à BragaParques de um número de lugares que pudesse ser aproveitado para a instalação de Centro de Micrologística (cerca de 250), a 100€/lugar;  Instalação de um elevador de carga que fizesse a ligação do Parque com a superfície, possibilitando o abastecimento dos veículos com maiores dimensões; para a aquisição do equipamento e realização de obras de adaptação do espaço, instalação do elevador e obras na via pública tendo em vista a paragem de veículos, estimou-se um custo total de100.000€.
  • 48. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 47 Assim, o custo inicial de investimento para instalação do Centro de Micrologística foi estimado em cerca de 125.000€, como indica a Tabela 10. Tabela 10 – Custos da instalação do Centro de Micrologística Ação N.º lugares Preço/lugar Preço total Aquisição de lugares 250 100€ 25.000€ Obras - - 100.000€ Como nota adicional há que salvaguardar a posição dos fornecedores “obrigados” a ir para o Centro de Micrologística, particularmente os que terão de entrar no parque: será necessário garantir que não existe qualquer pagamento adicional relacionado com a própria tarifa do parque, pelo que se deve estender o protocolo com a BragaParques à isenção desse pagamento. Por fim, há que considerar a aquisição dos veículos afetos ao Centro de Micrologística. Para uma primeira fase, com a afetação do Centro apenas à Rua dos Fanqueiros, estimou-se que a frota necessária se cingiria a 3 bicicletas de carga e 1 van para cargas superiores (como se exemplificam na Figura 38 e Figura 39). Figura 38 – Bicicleta elétrica de carga da TNT Fonte: http://www.allvoices.com/contributed-news/7099638-tnt-express-electric-bicycle-cargo-in-brussels Figura 39 – Van elétrica da Chronopost Fonte: http://www.avem.fr/actualite-chronopost-roule-electrique-avec-goupil-industrie-650.html
  • 49. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 48 Através de uma consulta de preços em sites da especialidade (nomeadamente o site CycleLogistics), considerou-se 5.000€ como referência para as bicicletas (com auxílio elétrico) e 20.000€ para a van, resultando em 35.000€ destinados à aquisição destes veículos (vide Tabela 11). Tabela 11 – Custos da aquisição de viaturas do Centro de Micrologística Veículo N.º veículos Preço/veículo Preço total Bicicleta de carga 3 5.000€ 15.000€ Van 1 20.000€ 20.000€ Assim, somando todos os custos inerentes à implementação do sistema, são necessários cerca de 332.500€, conforme se mostra na Tabela 12. No fundo, é este o capital necessário no “momento zero” e ao qual vão ser somados os custos operacionais e de manutenção que se apresentam no ponto seguinte. Tabela 12 – Custos totais de investimento Item Ação N.º unidades Preço/unidade Preço total Pilaretes Aquisição 9 4.000€ 36.000€ Instalação 9 1.000€ 9.000€ Tablet Aquisição/Instalação 600 150€ (75%) 90.000€ App + software - - 15.000€ Câmaras de videovigilância Aquisição 9 2.000€ 18.000€ Instalação 9 500€ 4.500€ Centro de Micrologística Aquisição de lugares 250 100€ 25.000€ Obras - - 100.000€ Bicicleta de carga 3 5.000€ 15.000€ Van 1 20.000€ 20.000€ Total 332.500€ Existe, contudo, a perceção de que estes custos estão sobredimensionados, na medida em que o espaço reservado para o Centro de Micrologística pode ser reduzido, bem como o número de fornecedores da rua, que poderá ser inferior considerando mais que um cliente/estabelecimento por fornecedor, ou a utilização de pilaretes basculantes, que pode reduzir o seu preço. Ainda assim, e tratando-se de um exercício académico de estimativas de custos, crê-se que a aproximação conseguida poderá ser utilizada sem prejuízo da necessidade de um apuramento mais refinado numa fase posterior de implementação. 5.1.2 Custos Operacionais e de Manutenção Além dos custos de investimento, indispensáveis para o arranque do sistema, é necessário não menosprezar os custos que decorrem da operação e da necessidade de manutenção que os vários componentes vão necessitar. De facto, o OpEx (operation expenditure) é tanto ou mais importante que o CapEx (capital expenditure), na medida em que um grande investimento sem o devido acompanhamento em termos de manutenção não resultará nos objetivos que se pretendem. Assim, neste campo há que considerar não só os
  • 50. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 49 custos operacionais (ou seja, os custos do próprio funcionamento do sistema), mas também os que se referem à manutenção dos equipamentos. Para a sua estimação, foi assumido que, em média, devido a acidentes, será necessária a substituição de 1 pilarete por ano (casos em que o seguro dos condutores não cubra este custo). Além disso, considerou-se um custo de manutenção na ordem dos 10% por pilarete, correspondente a deslocações ou arranjos que garantam o correto funcionamento dos equipamentos (vide Tabela 13). Tabela 13 – Custos de manutenção dos pilaretes Ação N.º pilaretes/ano Custo/pilarete Custo total/ano Manutenção 9 400€ 3.600€ Substituição 1 4.000€ 4.000€ Para as câmaras de videovigilância, foi admitido o mesmo esquema de custos variáveis, ou seja, são gastos todos os anos 10% do custo de cada uma das câmaras, havendo lugar ainda à substituição de um equipamento por ano – no total, são gastos 3.800€/ano nesta componente. Tabela 14 – Custos de manutenção das câmaras de videovigilância Ação N.º câmaras/ano Custo/pilarete Custo total/ano Manutenção 9 200€ 1.800€ Substituição 1 2.000€ 2.000€ Para a gestão corrente do Centro de Micrologística, assumiu-se um custo fixo de 1.000€ mensais, o que corresponde a um valor de 12.000€/ano. Por sua vez, para a manutenção dos veículos afetos a esta infraestrutura, foram estimados os custos operacionais e de manutenção na proporção de 25% do seu valor, resultando em 7.000€ anuais. Também há que ter em atenção os custos com o pessoal, pelo que se considerou uma equipa de 6 pessoas, nesta primeira fase, com um vencimento médio bruto de 750€/mês, resultando num custo de 63.000€/ano (vide Tabela 15). Tabela 15 – Custos operacionais e de manutenção associados ao Centro de Micrologística Item Custo total/ano Gestão corrente 12.000€ Manutenção dos veículos 7.000€ Vencimentos 63.000€ Finalmente, somando todos estes valores, obtém-se um valor estimado de 93.400€ por ano para custos operacionais e de manutenção, como se indica na Tabela 16.
  • 51. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 50 Tabela 16 – Custos anuais de operação e manutenção Item Ação N.º unidades Custo/unidade Custo total/ano Pilaretes Manutenção 9 400€ 3.600€ Substituição 1 4.000€ 4.000€ Câmaras de videovigilância Manutenção 9 200€ 1.800€ Substituição 1 2.000€ 2.000€ Centro de Micrologística Gestão corrente - - 12.000€ Manutenção dos veículos - - 7.000€ Vencimentos - - 63.000€ Total 93.400€ Uma vez mais, ressalva-se a hipótese de sobredimensionamento de alguns custos, nomeadamente baseada nos pressupostos da necessidade de manutenção que pode não ocorrer, ou relativamente aos recursos humanos afetos ao Centro de Micrologística. 5.1.3 Financiamento e Receitas do Sistema A gestão da capacidade que se pretende implementar tem, como se viu, custos elevados que interessa, pelo menos em parte, cobrir através das fontes de financiamento que se conseguirem. Como se referiu anteriormente, o sistema a implementar pretende controlar a duração que cada fornecedor tem para as suas operações de carga e descarga, num espaço limitado como é o da Baixa Pombalina. Desse modo, os abusos devem ser penalizados, tarifando o estacionamento para lá do tempo definido como permitido. Com base na caracterização feita para a Rua dos Fanqueiros (ver subcapítulo 4.2), e tendo como referência o tempo médio que cada um destes perfis logísticos gasta por movimento, foi atribuído, a cada um deles, o tempo máximo para operações de carga e descarga nos lugares intervencionados, a partir do qual existe lugar à cobrança de uma taxa – vide Tabela 17. Tabela 17 – Tempo permitido para operações de carga e descarga na “zona-piloto” Perfil Logístico Tempo médio por movimento Tempo atribuído A Entre 6 e 15 min. 10 min. B Entre 6 e 15 min. 15 min. C Entre 6 e 15 min. 15 min. D Mais de 15 min. 15 min. E Até 5 min. 10 min. F Entre 6 e 15 min. 10 min. G Até 5 min. 10 min. H Mais de 15 min. 15 min. Por um lado, procurou-se que alguns dos perfis vissem o seu tempo médio reduzido (só assim se conseguem os objetivos do estudo, que passam pela redução do tempo médio das operações) – foi o caso dos perfis A, D, F e H.
  • 52. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 51 Por outro lado, os perfis E e G, cujo tempo médio, atualmente, não ultrapassa os 5 minutos, foram incorporados no grupo dos perfis com direito a 10 minutos, justificando-se esta escolha pelo facto de que o tempo que demoram nos dias de hoje é o que lhes permite efetuar as suas operações, não sendo a maior “janela” permitida o motivo que os fará aumentar o seu tempo; contudo, em situações excecionais, podem dispor de uns minutos adicionais, se assim o necessitarem. Haverá, contudo, uma parcela de fornecedores que não cumprirá o tempo permitido – precisamente aqueles que financiarão o sistema diretamente, através da tarifação aplicada. Considerou-se, para o efeito, que a forma de demover a utilização abusiva destes lugares teria de passar pela aplicação de uma tarifa progressivamente mais penalizadora (numa lógica de escalões), em função também do incómodo progressivo que a ocupação da vaga vai proporcionar ao sistema, a aplicar até um período máximo de 60 minutos, conforme se mostra na Figura 40. Assim, a partir do momento em que ultrapassa o período determinado para o perfil logístico em que se insere, o fornecedor paga uma tarifa (ou uma “multa”), cujo valor máximo foi admitido nos 120€ (a partir deste momento o veículo é rebocado para o Centro de Micrologística, como acontece com qualquer veículo que não pague o estacionamento atualmente). Figura 40 – Esquema tarifário para os diferentes perfis logísticos De forma a estimar o valor pago por cada um dos fornecedores, utilizaram-se novamente como referência os valores do caso de estudo de Poitiers, que apresentou os seguintes resultados ao estabelecer um tempo máximo de estacionamento para cargas e descargas de 10 minutos:  74% dos veículos cumpriu o intervalo de 10 minutos, registando-se, inclusive, 48% que demoraram menos de 5 minutos;
  • 53. Mestrado em Planeamento e Operação de Transportes Sistemas Inteligentes de Transportes Logística Urbana na Baixa Pombalina – Uma Solução Inteligente 52  Dos 26% que não cumpriram o tempo definido, 63% saíram nos 5 minutos seguintes ao primeiro alerta (ou seja, demorou até 15 minutos). Desse modo, adaptaram-se os valores que resultaram desse estudo (com pequenas alterações para simplificação dos resultados), dando origem à distribuição acumulada dos fornecedores por tempo no lugar que se mostra na Figura 41. Figura 41 – Distribuição acumulada dos fornecedores por tempo no lugar Assumindo esta distribuição e as tarifas apresentadas anteriormente, o valor anual de receitas – considerando o funcionamento apenas dos dias úteis – atingiria os 146.000€, um valor que contribuiria fortemente para o financiamento da tecnologia proposta. Adicionalmente, considerou-se uma “fatia” adicional de financiamento relativa ao natural incumprimento do sistema. De facto, os lugares de cargas e descargas são tradicionalmente mais extensos, pelo que podem suceder situações de estacionamento ilegal no espaço que circunda o pilarete (motivo pelo qual se planeia a introdução dos sensores nos pilaretes e das câmaras de videovigilância). Assim, assumindo que o sistema implementado permite recolher com facilidade e rigor a matrícula dos prevaricadores, e estimando uma média de 2 veículos multados por dia a um valor de 90€ cada, a receita aproximada atingiria os 45.000€/ano (novamente considerando apenas os dias úteis). As receitas obtidas relativas a tarifação e multas de estacionamento ilegal resumem-se, então, na Tabela 18. Tabela 18 – Receitas do sistema Receita Valor (€/ano) Tarifação 146.000€/ano Estacionamento abusivo 45.000€/ano