Este documento discute a evolução histórica da geografia rural no Brasil e no mundo. Apresenta os principais pensadores e escolas geográficas que influenciaram o estudo da geografia agrária no país, desde a geografia clássica até as décadas de 1930-1940 quando houve maior ênfase nos estudos econômicos e agrícolas. Também destaca autores brasileiros importantes como Manuel Correia de Andrade e Caio Prado Júnior e suas análises sobre a estrutura fundiária e problemas rurais no Bras
1. Geografia Rural
Professor: Enéas Rente Ferreira
Geografia Clássica
no contexto
brasileiro
Charlenne Suellen Bonaldo
Everaldo de Quadros
Luis Carlos Antonelli
2. INTERNACIONAL
A Geografia consolida-se como ciência a partir da
“Escola Alemã”, no séc. XIX quando Alexander Von
Humboldt, Karl Ritter e Friedrich Ratzel lançam as
“bases” para os estudos modernos da disciplina.
• Geografia como “ciência da superfície terrestre”
• Marcada por dicotomias como: física e humana; geral
e regional.
• Pensamento determinista predominante.
3. Ainda no séc. XIX, Paul Vidal de
La Blache, o grande expoente da
Geografia na “Escola
Francesa”, lança um novo
paradigma geográfico: integração
entre homem e natureza na
composição do espaço.
Juntamente com Richard Hartshorne, consolida a
idéia de “Regionalismo” (estudo das unidades
componentes da diversidade da superfície terrestre).
4. • Possibilismo (no contexto geográfico, termo
utilizado pelo historiador Lucien Febvre)
• Ação do homem transformando o espaço.
Na década de 30 do séc. XX o geógrafo norte-
americano Carl Sauer propõe a divisão da
Geografia em “Humana” e “Cultural”. Seu
compatriota P. W. Brian cria a noção de “Área
Cultural” (estudo da identidade cultural dos lugares
e pessoas).
5. BRASIL
Segundo Darlene Ap. de Oliveira Ferreira, “A
Geografia [no Brasil], até as décadas de 1930 e
1940, apresentava uma divisão dual acentuada:
Física e Humana. Nos aspectos humanos, a
prioridade era dada aos estudos econômicos que
tinham, na agricultura, o interesse principal.
6. A hegemonia da agricultura fez com que não houvesse
necessidade de definir um campo de estudo específico.
O papel prioritário desempenhado pela atividade
agrícola, no período, colocou-o como temática principal
dos trabalhos”. (2001, 2002)
7. Flamarion Alves (2010), citando Diniz
(1984), apresenta um quadro-síntese que
proporciona uma boa compreensão dos períodos da
geografia agrária no Brasil:
8. Enfocando o período da geografia clássica, Gusmão
(1978) escreve que “Os estudos rurais que tinham
como preocupação fundamental a análise das
diferenciações de áreas rurais desenvolveram-se,
principalmente, desde a década de 40 e se
estenderam, preferencialmente, até o início da década
de 1970” e também “Ainda nesse mesmo período
assumem grande importância os estudos de frentes
pioneiras (...)”
9. Dessa forma, podemos compreender a importância do
trabalho de Pierre Monbeig que, seguindo as bases
metodológicas sistematizadas por La Blache e inspirado
por seus mestres Albert Demangeon e Henri
Hauser, realizou, entre tantos trabalhos geográficos no
Brasil, um importante estudo sobre a expansão do
cultivo do café e da expansão da malha ferroviária, que
acompanhava esse cultivo por todo o Estado de São
Paulo (1950).
10. Manuel Correia de Andrade é um autor muito
importante para a Geografia Agrária no Brasil. Seus
estudos e obras tiveram como enfoque o nordeste
brasileiro onde ele trata de assuntos rurais, sociais e
econômicos.
Defendia reforma agrária e afirmava que a falta desta
era o problema no País. Teve importante influencia dos
pensadores Pierre Monbeig, Josué de Castro, Caio
Prado Júnior, Gilberto Freyre e Nelson Werneck Sodré
(apesar de divergências com o último), entre outros.
11. Flamarion Alves (pág.215) cita: “(...) fica difícil tentar
classificar Andrade em alguma corrente da
geografia, pois sempre teve uma posição critica quanto
às desigualdades sociais no Brasil, mas a forma da
maioria de seus textos são ricos em descrições...”
No livro “Paisagens e Problemas
do Brasil”, ele fala desde Amazônia
até o Sul do país abordando e
descreve pontos de cada um.
12. • Exploração de recursos minerais na Amazônia
• Pecuária e agricultura no Meio-Norte
• Seca e petróleo no Nordeste
• Parque industrial e café no Sudeste
• Crescimento da região e “deserto” no norte no
Centro-Oeste
• Turismo e imigração no Sul
são alguns exemplos
13. No livro “Latifúndios e Reforma Agrária no Brasil” o
autor traz problemas relacionados à concentração de
propriedade, a interferência do Estado no processo de
produção, no espaço agrário e na sua organização.
Mostra que o governo nunca visou a participação de
grupos rurais na posse de terra (reforma
agrária), também discute problemas ecológicos, já que
o capitalismo e o seu modo de produção vem crescendo
cada vez mais. Manoel, sobre o Nordeste, afirmara que
“o grande problema do semi-árido não é de ordem
física. Ele é social.
14. Caio Prado Júnior (1907-1990)
apresenta uma divisão interessante da
estrutura social no campo, para
explicar a concentração da estrutura
agrária:
• Fazendeiro: capitalista, explora a terra visando lucro.
• Assalariado: não tendo terra própria, trabalha para o
fazendeiro
• Pequeno proprietário: depende da terra para
sobreviver (moradia, estabilidade)
15. Faz também uma divisão das
propriedades, classificando-as em:
• Pequenas: até 25 alqueires*
• Médias: até 100 alqueires*
• Grandes: mais de 100 alqueires*
* alqueire Paulista= 2,42 hectares; alqueire mineiro (RJ e GO
também) = 4,84 hectares; 1 hectare (ha) = 10.000m2 (um quarteirão
quadrado, com lados de 100m)
Já na década de 40, Prado júnior dizia que “(...) o
problema fundiário no Estado de São Paulo está
diretamente ligado ao processo de ocupação das terras
e das atividades agrícolas desenvolvidas”. (Alves, 2010)
16. Concluindo sua tese, Alves (2010) sintetiza
comentando que, “(...) no caso da geografia agrária
brasileira, o conceito de gênero de vida utilizado na
geografia clássica, de origem francesa lablachiana,
foi esquecido pela geografia no final da década de
1960”.
O autor também alerta para os aspectos positivos e
negativos de uma abordagem regional dos trabalhos
geográficos:
17. Positivos: altos níveis de detalhamento resultantes
desses trabalhos, além do convívio mais próximo dos
pesquisadores com a população dos locais estudados;
Negativos: essa abordagem exigiria a construção de
trabalhos tão amplos para contemplar todo o território
brasileiro, que esbarraria nos inúmeros contrastes
presentes em cada Estado e na grande variedade de
temáticas observadas em seus municípios.
18. Referências
ALVES, Flamarion Dutra. Trajetória teórico-metodológica da geografia agrária
brasileira: a produção em períodos científicos de 1939-2009. Rio Claro:
[s.n.], 2010.
ANDRADE, Manuel Correia de. 1922 - Latifúndio e Reforma agrária no Brasil. São
Paulo: Duas Cidades, 1980.
__________ Paisagens e Problemas do Brasil. 1ª edição: 1968. Editora
Brasiliense, 1970.
FERREIRA, Darlene Aparecida de. Mundo Rural e Geografia: geografia agrária no
Brasil: 1930-1990. São Paulo: Ed. Da UNESP, 2002.
GUSMÃO, Rivaldo Pinto. Os estudos de geografia rural no Brasil in Revista de
Geografia Agrária, v 1 nº 2, p 3-11, agosto 2006.
MONBEIG, Pierre. Pioneiros e fazendeiros de São Paulo. São Paulo: Hucitec:
Polis, 1984.
Internet
CEDIN – Centro de Direito Internacional: www.cedin.com.br > acesso em 18 de
março de 2011.
Fundação Joaquim Nabuco: www.fundaj.gov.br > acesso em 17 de março de
2011.
Wikipédia: pt.wikipedia.org > acesso em 17 de março de 2011.
FIM