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2.
Reis et al.,
Revista Ceciliana Dez 2(2):32-34 , 2010 ISSN 2175-7224 - © 2009/2010 Universidade Santa Cecília – Todos os direitos reservados. 33 Como a dieta é um dos principais fatores no de- senvolvimento da cárie dentária, uma avaliação dieté- tica é parte fundamental do exame. Isto deverá ser feito em pacientes com alta atividade de cárie, ou naqueles com um padrão de cáries incomum. Embora seja amplamente sabido que carboidra- tos contidos em doces, biscoitos e refrigerantes pos- sam aumentar o risco de carie, é difícil obter do paci- ente dados reais sobre sua dieta, ainda que se empre- guem diversas técnicas. Podem-se classificar os ali- mentos em grupos, seguindo tabelas padronizadas, e comparar com o padrão alimentar do paciente. Um grupo de alimentos que não devem constar na dieta ou constar o mínimo possível são os alcoóis e os açúca- res, pois podem fornecer apenas energia sem qualquer nutriente essencial, e porque apresentam certos efei- tos negativos. Por isso, recomenda-se que seu consu- mo seja reduzido ao mínimo possível. Desta forma, a ingestão alimentar diária de uma pessoa é comparada com o consumo diário recomendado pelos grupos alimentares e as mudanças desejadas são introduzi- das, a fim de reduzir o desenvolvimento de cáries. (MEDEIROS, 1995). Os adoçantes, como um todo, são muito úteis na substituição dos açúcares e devem ser recomenda- do para a população em geral. Entretanto, existem dificuldades na utilização desses substitutos devido ao sabor da sacarose; ao tempo de armazenagem, que é menor; à textura dos alimentos que se torna diferen- te; aos efeitos adversos desses adoçantes; e ao seu custo elevado. Os programas de saúde levados às diferentes comunidades geralmente se deparam com a impossibi- lidade de oferecer a reabilitação dos danos já ocorri- dos. Tal fato pode gerar um desestímulo para o profis- sional e para a comunidade, quando ela não vê apenas na transmissão de conhecimentos, um ganho concreto. A técnica de Tratamento Restaurador Atraumá- tico (TRA) é um procedimento com base na remoção de tecido cariado, usando instrumentos de mão. Este procedimento foi desenvolvido e testado pela Organi- zação Mundial de saúde (OMS), pensando em milhões de pessoas em campos de refugiados, países menos industrializados, e em áreas que não tenham eletrici- dade. Além destas regiões, a técnica também se desti- na àquelas áreas que são eletrificadas, mas que, por questões sócio-econômicas e/ou políticas, não permi- tam a montagem de um equipamento odontológico. O tratamento é indicado para cavidades cujo tecido cariado possa ser removido com um pequeno escavador, sendo contra-indicado em lesões próximas à polpa dentária. Com a introdução da TRA, as comu- nidades teriam mais confiança em uma ação odontoló- gica concreta, proporcionando maior aceitação de mensagens de educação para saúde. Esta técnica deve ser considerada como parte de um pacote de procedi- mentos de saúde bucal, baseada em uma filosofia de promoção de saúde. Ao efetuarmos a TRA, constatamos que a sim- plicidade da técnica oferece ao profissional e ao paci- ente um bom produto e baixo custo. O selamento provisório de cavidade é funda- mental em odontopediatria. Pelo fato de ser realizado sem o uso da anestesia, contribui, em muito, para a adaptação comportamental da criança, principalmente no atendimento de pacientes especiais como bebês, crianças não cooperativas, desajustadas ou com com- prometimento sistêmico, onde o tratamento restaura- dor deve ser adiado ou onde não pode esperar um comportamento favorável aos procedimentos exigidos na dentística operatória. A nosso ver, desnecessários no início do tratamento, quando se busca o controle da doença. O selamento provisório de cavidades, dessa forma, segue o clássico princípio primum nil nocere, isto é, não provocar no paciente uma lesão maior com a terapêutica escolhida, seja do ponto de vista físico ou emocional. O material de escolha para as restaurações provisórias, na fase de adequação do paciente é o cimento de óxido de zinco e eugenol (OZE) modificado tipo ll, por apresentar propriedades fundamentais ao selamento de cavidades (MASSARA, 1997). Diversos autores defenderam a utilização de restaurações temporárias em pacientes com várias lesões cariosas e citam o OZE como material que a- tende a todos os requisitos de biocompatibilidade, selamento periférico satisfatório, fácil remoção, resis- tência a abrasão e atrição, fácil manipulação e inser- ção. Sobre as propriedades do OZE, levando em conta que o seu ph é de aproximadamente 7, no mo- mento da aplicação na cavidade e que apresenta como o menos irritante dos materiais odontológicos. Reco- menda-se o uso desse cimento no caso de cárie ram- pante, onde é desejável remover rapidamente, de forma grosseira, o tecido desorganizado de todas as lesões e bloquear o processo carioso. Para o autor o procedimento permite que o tratamento restaurador definitivo se dê gradualmente, podendo durar meses, uma vez que o material apresenta-se efetivo pelo menos 1 ano. O cimento de ionômero de vidro (CIV), além de ser utilizado como material restaurador é também indicado para o selamento provisório de cavidades, devido principalmente às suas propriedades de bio- compatibilidade, adesão à estrutura dentária, liberação de fluoretos e cariostase (CARVALHO, 1995). O cimento de ionômero de vidro foi desenvolvi- do por Wilson Kent em 1972, como um híbrido do cimento de silicato e do cimento de policarboxilato. O material ofereceu substanciais vantagens sobre os outros dois cimentos, principalmente devido à suas propriedades anticariogênicas. Estão indicados principalmente nos casos de le- sões de maior extensão e pequena profundidade, que dificultam ou impossibilitam a retenção do cimento de OZE. Ao lado dos cariostáticos e do OZE, Walter et al (1996), propuseram a utilização de CIV após remoção parcial do tecido cariado de lesões cavitadas de bebês. Esse procedimento está indicado no chamado trata- mento curativo primário, que é parte integrante da adequação do meio bucal. 4. Conclusão Compreendendo os aspectos histológicos e mi- crobiológicos da doença cárie, associados ao aspecto comportamental, seguramente estaremos dando um passo em direção à promoção de saúde bucal. Essa visão de promoção de saúde, será mais aplicada no serviço público onde a demanda é grande e as condições restauradoras um pouco precárias. Dessa forma estaremos paralisando o processo carioso com selamento provisório e dando condições ao paci- ente de restabelecer sua saúde. O selamento provisó-
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Reis et al.,
Revista Ceciliana Dez 2(2):32-34 , 2010 ISSN 2175-7224 - © 2009/2010 Universidade Santa Cecília – Todos os direitos reservados. 34 rio das cavidades deve estar associado à instrução de higiene, controle de dieta, uso do flúor, etc. Assim estaremos criando condições favoráveis para que o organismo siga sua tendência natural para voltar ao equilíbrio. A promoção da saúde não passa pela utili- zação de alta tecnologia, materiais de última geração, mas sim por um controle da doença, “sem dor”, sem medo e estresse do paciente. É possível se conseguir, no paradigma de pro- moção de saúde, com que o paciente nunca entre em condições de doente, através de métodos preventivos, e controle da placa bacteriana com índice de cárie zero. 5. Referências Bibliográficas CARVALHO, R.M.. Ionômero de vidro, MAX- ODONTO,Dentística, V.1,Faz 5, p. 6-10, st/out – 1995. MEDEIROS, U.V.; Spyrides, G.M.; Ferreira, N. A. Prevenção à cárie através da dieta, Revista Bras. de odontologia, n.2, p.42- 6 mar./abr.1995 MASSARA, M. L. A. et al. A importância do selamen- to provisório de lesões cavitadas na fase de a- dequação da criança ao tratamento odontológi- co, aceito para publicação na REVICRO-MG em 1997, p. 1 –15. NAVARRO, M. F. L., et al; Avaliação e tratamento do paciente com relação ao risco de cárie. Ver. MA- XI-ODONTO, Dentística, V. 1,4, p. 1 – 35., jul/ago – 1995. WALTER, L.R.F.; Odontologia para Bebê. Cap. 5 e 11, v.1, p.79,202,203 – 1996.
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