Este documento discute a radiografia especializada, incluindo mamografia, fluoroscopia, angiorafia e tomografia linear. A mamografia é descrita com foco na anatomia da mama, equipamento de mamografia, princípios e técnica. A fluoroscopia é abordada incluindo intensificação de imagem, monitoramento e proteção radiológica. A angiorafia é introduzida com detalhes sobre equipamento e dose. Por fim, a tomografia linear é explicada em termos de princípio, implementação técnica e tipos de mov
1. Centro Federal de Educação
Tecnológica de Santa Catarina
Gerência Educacional de Eletrônica
RADIOGRAFIA
ESPECIALIZADA
CURSO TÉCNICO DE RADIOLOGIA
Prof. Flávio Augusto P. Soares, M.Eng.
Prof. Henrique Batista M. Lopes, M.Eng.
Florianópolis, Março de 2001
2. SINE/SC – SISTEMA NACIONAL DE EMPREGO
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA
DIRETORIA DE RELAÇÕES EMPRESARIAIS
GERÊNCIA EDUCACIONAL DE ELETRÔNICA
NÚCLEO DE TECNOLOGIA CLÍNICA
FUNDAÇÃO DO ENSINO TÉCNICO DE SANTA CATARINA
Instituições Envolvidas em Blumenau
HOSPITAL SANTA CATARINA
HOSPITAL SANTA ISABEL
HOSPITAL MUNICIPAL SANTO ANTÔNIO
Impresso na Gráfica do CEFET/SC
3. iii
SUMÁRIO
1. MAMOGRAFIA 1
1.1 INTRODUÇÃO 1
1.2 ANATOMIA DA MAMA 1
1.2.1. Compressão da mama 2
1.3 MAMÓGRAFO 2
1.4 AMPOLA 3
1.4.1. Ânodo 4
1.4.2. Foco real 5
1.5 ACESSÓRIOS 5
1.5.1. Filtros 5
1.5.2. Colimação 6
1.5.3. Compressores 6
1.5.4. Grades antidifusoras 7
1.5.5. Exposímetros 7
1.5.6. Receptores de imagem 7
1.5.7. Magnificador 7
1.6 COMBINAÇÃO TELA-FILME 7
1.7 CONTROLE DE QUALIDADE 8
1.7.1. Dose associada à mamografia 8
1.8 EXAMES REALIZADOS 8
1.9 EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 9
2. FLUOROSCOPIA 11
2.1 INTRODUÇÃO 11
2.2 FISIOLOGIA DA VISÃO 12
2.2.1. Iluminação 12
2.2.2. Visão humana 13
2.3 INTENSIFICAÇÃO DA IMAGEM 14
2.3.1. Tubo intensificador 14
2.3.2. Intensificação multicampo da imagem 15
2.4 MONITORAÇÃO DA IMAGEM 16
2.4.1. Controle de brilho 16
2.4.2. Monitoração por televisão 17
2.4.3. Câmera de televisão 17
2.4.4. Acoplamento da câmera de televisão 18
2.4.5. Monitor de televisão 19
2.5 ARMAZENAMENTO DA IMAGEM 19
2.6 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA 20
2.7 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 21
3. ANGIOGRAFIA 23
3.1 INTRODUÇÃO 23
3.2 ELEMENTOS DE CONTRASTE 23
3.3 ANGIOGRAFIA INTERVENCIONISTA 23
3.4 INSTALAÇÕES PARA ANGIOGRAFIA 24
3.4.1. Equipe Especializada 24
4. iv Parte 3 – RADIOGRAFIA ESPECIALIZADA
3.4.2. Equipamento 24
3.5 CINEFLUOROGRAFIA 25
3.6 DOSE DURANTE O PROCEDIMENTO 25
3.7 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 26
4. TOMOGRAFIA LINEAR 27
4.1 INTRODUÇÃO 27
4.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO 27
4.3 IMPLEMENTAÇÃO TÉCNICA 28
4.3.1. Equipamento 28
4.3.2. Controles 28
4.4 TIPOS DE MOVIMENTAÇÃO 29
4.4.1. Tomografia linear 29
4.4.2. Tomografia multidirecional 29
4.5 DOSE 30
5. BIBLIOGRAFIA 33
5. 1. MAMOGRAFIA
1.1 INTRODUÇÃO nalmente, a mamografia difundiu-se como uma téc-
nica valiosa, constituindo-se em poderosa ferramenta
na detecção de lesões e do câncer de mama, que vi-
Na radiografia convencional temos um ele- tima muitas mulheres no mundo todo e que pode
vado contraste do sujeito, o que não ocorre na Ma- perfeitamente ser detectado a tempo através da tecno-
mografia, que se ocupa de produzir imagens de logia hoje disponível.
estruturas compostas basicamente de músculos e
gordura. Estas estruturas são muito semelhantes em
termos de densidades e apresentam quase que a
mesma radiopaquicidade. Essas pequenas diferenças 1.2 ANATOMIA DA MAMA
de absorção no tecido mamário fazem com que seja
necessária a adoção de técnicas que possam ressaltá-
las de maneira a se obter contraste elevado na ima- A mama em condições normais é constituída
gem, o que irá melhorar a condição para diagnóstico. basicamente de três tipos de tecido:
• glandular;
• fibroso;
• adiposo (gordura).
A Figura 1.2 mostra as estruturas anatômicas
internas da mama.
lobulos
artéria
ducto
tecido conj.
veia
tec.adiposo
músculo
Fig. 1.1. Aparelho típico de mamografia: tubo, costela
suporte e mesa de controle.
Figura 1.2. Estrutura anatômica da mama.
A técnica mamográfica foi inicialmente tes-
tada em 1920, mas não obteve resultado prático de- Em mulheres normais em período pré-
vido à tecnologia deficiente disponível na época. menopausa, os tecidos fibroso e glandular são consti-
Somente em 1950, através do uso de uma baixa ten- tuídos de vários ductos, glândulas e tecido conjunti-
são, alto mAs e filme para exposição direta, foi pos- vo, recobertos por uma fina camada de gordura. Sob
sível obter uma imagem de valor diagnóstico, em o aspecto radiográfico, os tecidos conjuntivo e glan-
uma experiência realizada por Robert Egan. A partir dular são densos, característica que se altera em mu-
de então, a mamografia obteve um desenvolvimento lheres após o período da menopausa, quando ocorre
considerável. No final dos anos 60, o processo de uma degeneração desses tecidos e aumento da gordu-
Xeroradiografia foi utilizado por Wolf e Ruzicka, ra, menos densa que os anteriores. Por isso, é impor-
reduzindo em muito a taxa de dose comparada com o tante que o técnico obtenha estas informações da
processo de exposição direta e mostrando detalhes paciente para que possa ajustar convenientemente a
não observados até então nos exames da mama. Fi- técnica a ser empregada. Mulheres idosas e após a
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6. 2 Parte 3 – RADIOGRAFIA ESPECIALIZADA
menopausa irão exigir uma menor quantidade de realizada por alguns dos motivos expostos abaixo:
radiação para produzirem a mesma qualidade de i- • Prevenir o movimento durante o exame, evitando
magem., e que necessita menos exposição. com isso perda de nitidez;
As anormalidades presentes no tecido da • Separar tecidos (estruturas) que estão superpos-
mama podem ser identificadas como distorções nos tos para melhor visualização dos mesmos;
tecidos conjuntivo e nos ductos, associados algumas • Trazer os tecidos para mais próximo do receptor
vezes a depósitos de microcalcificações que podem de imagem, evitando a ampliação da imagem;
atingir até 0,5 mm. • Diminuir a espessura da mama, de forma a dimi-
Considerando-se a baixa absorção diferencial nuir a radiação espalhada e, consequentemente, a
da radiação em tecidos moles, a técnica de baixo kV dose na paciente e o contraste na imagem;
é usada para maximizar o efeito fotoelétrico e melho- • Fazer com que os tecidos da mama sejam igual-
rar o grau de absorção, sendo esse determinado pela mente expostos à radiação.
densidade e pelo número atômico do tecido. A absor-
ção por diferenças no número atômico é proporcional
ao cubo desse valor para interação fotoelétrica (maior
que o efeito Compton). 1.3 MAMÓGRAFO
Além disso, o efeito fotoelétrico aumenta
muito quando a radiação possui baixa energia. Em
baixas tensões, a penetrabilidade do raio diminui, O equipamento utilizado para realizar exa-
tornando necessário um aumento no mAs, logica- mes mamográficos deve, a partir da análise das
mente aumentando a dose na paciente. O compromis- características das estruturas sob estudo, apresentar
so entre boa imagem e dose aceitável faz com que a algumas características especiais, tais como: permitir
tensão se situe entre 24 e 36 kV e dose entre 2 e 6 flexibilidade para posicionamento da paciente, aces-
mAs. sório de compressão da mama, uma grade antidifuso-
ra de baixa relação, exposímetro automático (útil
1.2.1. Compressão da mama para avaliação de dose); e tubo com microfoco, para
permitir a maior resolução nas imagens.
A realização da técnica mamográfica exige,
além de valores especiais para tensão e mAs, uma
compressão da mama, para que se possa otimizar o
rendimento do processo de obtenção de uma imagem
de qualidade, segundo princípios de segurança para a
paciente.
Figura 1.4. Detalhe do mamógrafo mostrando a
coluna móvel articulada para melhor posiciona-
mento da paciente. A coluna movimenta um con-
junto de componentes, a saber, de cima para
baixo: cabeçote, colimador, suporte para filtra-
ção adicional, cone limitador, dispositivo com-
pressor, suporte para mama, grade antidifusora e
Figura 1.3. Efeito da compressão da mama: es- porta chassis.
pessura uniforme e melhor contraste dos tumo-
res e calcificações.
A compressão mecânica da mama deve ser
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7. MAMÓGRAFO 3
exame.
A ampola apresentada na figura 1.7, fabrica-
da pela Comet (Suiça), possui um tamanho de 20,6
cm de comprimento por 10,5 cm de largura, com o
disco anódico medindo 9 cm de diâmetro. Tensão
máxima de trabalho de 50 kV e capacidade térmica
de 400 W/s ou 540 HU/s. Esta ampola possui dois
focos anódicos com área de 0,1 e 0,3 mm2.
Figura 1.7. Ampola para mamógrafo. (modelo MCS-
50H da Comet - divulgação)
Por causa do efeito anódico, o lado do cátodo
deve ser posicionado virado para a paciente, já que a
Figura 1.5. Aparelho mamográfico com suporte mama na parte proximal é mais espessa e densa, de-
diferenciado do tubo (em anel). (marca Giotto - divulga- vido a musculatura torácica. Assim, permite-se uma
ção)
maior uniformidade na imagem, já que a parte distal,
mais fina, irá receber uma menor radiação.
Além disso, a ampola normalmente é incli-
nada em relação a paciente para permitir uma melhor
distribuição do feixe de radiação, uma vez que, com
a compressão, a espessura da mama será praticamen-
te a mesma em qualquer ponto. Por outro lado, con-
segue-se uma melhor separação de tumores e
calcificações que estejam sobrepostos.
Figura 1.6. Mesmo aparelho mamográfico, mos-
trando a realização do exame com a paciente
deitada. (marca Giotto - divulgação)
1.4 AMPOLA
A ampola utilizada em mamografia, de forma
geral, é idêntica a utilizada em radiografia conven-
cional. Normalmente possui tamanho um pouco me-
nor, porém o mesmo ânodo rotatório com cátodo de (a) (b)
filamento aquecido. As variações se encontram no
Figura 1.8. Análise do efeito anódico na mamo-
material do alvo, posicionamento da ampola em rela-
grafia: a) ânodo voltado para a paciente; b) cáto-
ção ao paciente e os níveis de tensão e corrente utili- do voltado para a paciente.
zada na técnica. Filtros e acessórios especiais
também são utilizados para melhorar a eficiência do
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8. 4 Parte 3 – RADIOGRAFIA ESPECIALIZADA
kV após passar por uma filtragem equivalente a 3
mmAl. Podemos verificar que a radiação de freamen-
to é predominante em relação a radiação característi-
ca. Um análise mais detalhada mostrará que a
radiação característica presente é aquela resultante
das transições da camada L, na faixa de 12 keV. Fó-
tons com esta energia não tem condições de atraves-
sar os tecidos da mama para sensibilizar o filme,
devido a baixa penetrabilidade, acabando por aumen-
tar a dose no paciente. A faixa ideal de energia para o
exame mamográfico é de 24 a 36 keV, onde o Tungs-
tênio não fornece muitos fótons.
O espectro de energia fornecido pelo Molib-
dênio, como é mostrado na figura 1.11 onde foi apli-
cada uma placa de 30 µm de Molibdênio, também
possui aspectos interessantes. Podemos observar que
a radiação característica concentra-se na faixa de 16 a
20 keV, devido as transições de elétrons à camada K.
Figura 1.9. Efeito da inclinação do tubo: há uma
melhor separação das estruturas ao serem proje- Também se verifica a quase ausência da radiação de
tadas no filme. Bremsstrahlung, devido ao seu número atômico 42,
muito distante do 74W.
1.4.1. Ânodo o
N de fótons (intensidade)
O tubo de um mamógrafo, mais especifica-
mente, o alvo contido na ampola, usualmente é feito
de Molibdênio, podendo ser usado Tungstênio, de-
pendendo do grau de filtração imposto ao feixe e da
tensão aplicada ao tubo. O Molibdênio, que possui
um número atômico de 42, possui uma radiação ca-
racterística da ordem de 20 keV, o que determina
uma grande diferença nos espectros de emissão dos
dois elementos. O Ródio também pode ser usado
como alvo por possuir um número atômico de 45,
mas produz um feixe composto por uma radiação de
freamento maior que o Molibdênio, o que afeta a
qualidade da imagem, já que a energia mais efetiva
para produção de imagens mamográficas se situa em
torno daquela característica do Molibdênio. 10 20 30 40
Energia dos fótons [keV]
o
N de fótons (intensidade) Figura 1.11. Espectro de energia do alvo de Mo-
libdênio.
No caso do alvo de Ródio, devido ao número
atômico 45 ser semelhante ao do Molibdênio, o es-
pectro de energia emitida é muito semelhante à ante-
riormente analisada. Na figura 1.12, o espectro
fornecido por um alvo de Ródio atingido por elétrons
de 30 keV, também apresenta uma radiação de frea-
mento insipiente, e uma radiação característica proe-
10 20 30 40 minente, a partir dos 23 keV.
Energia dos fótons [keV]
Além dos focos anódicos constituídos de a-
Figura 1.10. Espectro de energia emitido por um penas um elemento, também existem soluções mais
alvo (ânodo) de Tungstênio. complexas quando o objetivo é melhorar a eficiência
do feixe de radiação. Alguns ânodos são construídos
Na figura 1.10 podemos ver o espectro de com uma mistura de Molibdênio (95%) e Ródio (5%)
freqüência de um alvo de tungstênio operando a 30 para aproveitar as radiações características de ambos.
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9. MAMÓGRAFO 5
Também podem ser combinados o Molibdênio e o
Tungstênio.
o
N de fótons (intensidade)
10 20 30 40 Figura 1.13. Detalhe do compressor de mama e
Energia dos fótons [keV] coluna de sustentação.
Figura 1.12. Espectro de energia do alvo de Ró- A imagem da Figura 1.14 mostra os compo-
dio. nentes e/ou acessórios usados na mamografia e a
colocação dos mesmos em relação à paciente.
1.4.2. Foco real
O tamanho do foco também influi decisiva-
mente na imagem porque nessa técnica se deseja um
alto grau de resolução espacial, devido à presença de acessório compressão
microcalcificações que precisam ser discriminadas.
suporte da mama
Usualmente, trabalha-se com focos de tamanhos dife-
renciados, ou seja, conjuntos de foco fino e foco grade
grosso. As dimensões mais comuns são 0,6/0,3 , filme
0,5/0,2 e 0,4/0,1 milímetros quadrados. Com relação sensor do exposímetro
à forma do ponto focal, é mais usual o formato circu- Fig. 1.14. Acessórios usados na mamografia.
lar ou elíptico, pois estas formas permitem que a pe-
numbra gerada seja igual em todas as direções do
plano.
Considerando a geometria do ânodo, pode- 1.5.1. Filtros
mos dizer que o foco efetivo é maior na região do Quando analisamos a ampola do equipamen-
feixe que está mais próxima do cátodo. Isto faz com to de mamografia, verificamos que esta possui uma
que alguns exames mamográficos sejam realizados janela de Berílio (número atômico 4) em substituição
com o ânodo direcionado para a parede torácica, de ao vidro comumente utilizado. Isto é necessário para
forma a se melhorar a resolução espacial na região que o feixe não seja demasiadamente atenuado, já
distal e permitir a identificação de estruturas ali loca- que possui fótons de baixa energia. Outro material
lizadas com maior nitidez, porém há o prejuízo na também utilizado para a janela é o Silicato de Boro.
qualidade de imagem da parte proximal. A filtração inerente para a ampola é de aproximada-
mente 0,1 mmAl, sendo que toda filtração necessária
à técnica deve ser obtida com filtração adicional. Sob
nenhuma circunstância a filtração total deve ser me-
1.5 ACESSÓRIOS nor do 0,5 mm Al.
A retirada do feixe da radiação de freamento
de alta energia, por exemplo, de um alvo de Tungstê-
O mamógrafo não possui tantos acessórios nio é feito com a inserção de uma lâmina de Molib-
quanto um aparelho radiográfico convencional, po-
dênio (60 µm) ou Ródio (50 µm). O espectro de
rém talvez sejam mais usados ou substituídos durante
energia resultante pode ser visualizado na figura
um dia normal de exames radiográficos.
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10. 6 Parte 3 – RADIOGRAFIA ESPECIALIZADA
1.15. Para ânodos construídos de Molibdênio, a fil- vazado pode ser retangular, oval ou circular. Alguns
tração adicional é obtida pela inserção de um filtro de fabricantes realizam formas geométricas diferentes
Molibdênio (0,03 mm) ou de Ródio (0,05 mm). Com com o objetivo de melhorar o contraste e diminuir a
isto, o feixe fica composto praticamente só com a dose na paciente.
radiação característica do Molibdênio, o que se en-
caixa perfeitamente nas necessidades energéticas de
um feixe que irá interagir com os tecidos moles da
mama. No caso de utilizar-se alvos de Ródio, a filtra-
ção total pode ser obtida com uma lâmina de Ródio
(0,05 mm). Este tipo de combinação permite a obten-
ção de um feixe mais penetrante, utilizado em mamas
mais densas e espessas.
o
N de fótons (intensidade)
60 µm 50 µm (a) (b)
Mo Rh Figura 1.16. Conjunto de colimadores utilizados
na mamografia: a) a colimação é fixada pela aber-
tura na lâmina de alumínio; b) colimadores orga-
nizados no armário - a etiqueta colorida ajuda a
identificação rápida.
1.5.3. Compressores
A eficiência da realização do exame mamo-
gráfico baseia-se principalmente na questão anatômi-
ca da mama. A utilização de uma tensão mais baixa
que a radiografia convencional já é decorrente dos
10 20 30 40 tecidos com densidades muito semelhantes que com-
Energia dos fótons [keV] põem a mama. O segundo ponto para que o exame
Figura 1.15. Espectro de energia após a filtração tenha êxito é a proporcionar uma mesma atenuação
pelo filtro dede Molibdênio ou Ródio. para todo o feixe de raios X. Isto é conseguido atra-
vés da compressão da mama com ajuda de um
Existem várias combinações entre filtro e al- dispositivo mecânico. O compressor provoca uma
vo, dependendo do tipo de emissão que se deseja redução da espessura da mama na região proximal
para atender determinadas explorações em função (torácica) de modo a que ela possua a mesma
das características da paciente. Essas combinações espessura que a parte distal. Assim obtém-se a
envolvem o molibdênio, o Tungstênio e o Ródio usa- mesma qualidade de imagem ao longo de toda a
dos como alvos ou filtros. As mais usadas são Mo- extensão da imagem.
libdênio-Molibdênio, Molibdênio-Ródio, Ródio-
Ródio e Tungstênio-Ródio. Cabe ao técnico avaliar
as características da mama da paciente e o exame
solicitado para escolher apropriadamente o filtro a
ser utilizado.
1.5.2. Colimação
Em exames específicos, utiliza-se a colima-
ção do feixe de fótons para que apenas uma área es-
pecífica da mama seja irradiada. Isto melhora o
contraste da imagem ao diminuir a radiação secundá-
ria. A colimação pe realizada com a ajuda de lâminas Figura 1.17. Conjunto de compressores de mama
de alumínio de 2 mm que se encaixam junto ao cabe- organizados no armário.
çote, logo abaixo da janela da ampola. Estas lâminas
possuem uma região aberta por onde a radiação pode Como as mamas possuem os mais variados
passar sem interferência. A forma deste elemento tamanhos, um serviço radiológico de qualidade deve
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11. MAMÓGRAFO 7
adquirir junto ao fabricante compressores de mama dendo da quantidade de raios X recebidos em cada
para pelo menos, três tamanhos distintos. Normal- região, o que produzirá então, a imagem latente.
mente, o fabricante disponibiliza para as clínicas ou Pressionando uma folha de papel ou plástica a qual
hospitais até seis tamanhos diferentes. contém toner em pó irá revelar a imagem latente.
1.5.4. Grades antidifusoras
1.5.7. Magnificador
Apesar de trabalhar com imagens de alto
contraste, devido a baixa tensão (kV) utilizada, a Para realizar o exame de magnificação, que
mamografia exige a utilização de grades móveis. As permite ao médico identificar melhor a ocorrência de
grades possuem relação entre 4:1 a 5:1 de forma a cistos, tumores e cálculos, um acessório é adaptado a
melhorar o contraste, possuindo um número de, ao base do mamógrafo. Este acessório faz com que a
menos, 30 linhas por centímetro. A utilização da gra- mama fique mais perto do foco e mais distante do
de aumenta a dose no paciente, chegando a dobrar a filme, provocando então o efeito de ampliação das
dose para grades 4:1, quando comparada a técnica estruturas radiografadas.
sem a grade antidifusora. Porém, a dose ainda assim
é considerada baixa e obedece-se ao compromisso de Nova posição
melhorar o contraste significativamente. para a mama
A altura amplia
1.5.5. Exposímetros
Os equipamentos de mamografia são dotados a imagem
de um sistema que realiza uma medição da intensida-
de da radiação no nível do receptor de imagem, mas
também avalia a qualidade do feixe. São os chama-
dos Dispositivos de Controle Automático de Exposi-
ção, posicionados sob o Bucky e o receptor de
imagem conforme mostra a figura abaixo. Eles po- Encaixe para o
dem ser feitos de câmaras de ionização, tubos foto- suporte de mama
multiplicadores ou diodos de estado sólido,
possuindo, ao menos, dois detectores.
Com os exposímetros, caso o técnico não te- Fig. 1.18. Acessório usado para o exame de
magnificação.
nha avaliado corretamente as características da ma-
ma, o próprio aparelho pode ser ajustado para
interromper o feixe de radiação. Isto evitará que se
perca o exame por causa da superexposição, além de
garantir uma uniformidade na qualidade das imagens 1.6 COMBINAÇÃO TELA-FILME
obtidas.
A associação entre tela e filme precisa ser tal
1.5.6. Receptores de imagem que o filme fique sobre a tela (mais próximo do tu-
bo), tendo emulsão em um só lado e ficando armaze-
Basicamente, foram desenvolvidos três tipos nado em um chassi cuja superfície superior possua
de receptores de imagem em mamografia, a saber: baixo Z, pois os raios X irão interagir primeiramente
• filmes de exposição direta; com ela. Se houvessem duas superfícies de ècran
• placa de selênio - Xerox (esta forma de receptor (ècran duplo), haveria borramento da imagem por
foi abandonada em 1990 pela empresa); excesso de luz no filme, algo indesejado e que com-
• tela-filme (ècran-filme). prometeria a qualidade da imagem.
Portanto, o técnico ao carregar o chassi com
A mais usada das três é que usa a combina- o filme mamográfico deve tomar muito cuidado para
ção tela-filme, cuja dose proporcionada ao paciente é que o coloque com o lado da emulsão voltado para a
menor do que a exposição direta. A Xeroradiografia, tela intensificadora, como apresentado pela figura
criada em 1970, era uma técnica na qual uma placa 1.19. Para facilitar o manuseio, os fabricantes dos
de selênio carregada positivamente substituía o filme. filmes para mamografia fazem uma pequena marca
Sob a exposição de radiação X, as cargas positivas (picote duplo) no canto superior esquerdo. Assim, o
são retiradas nas diferentes regiões da placa depen- técnico utiliza seu tato para guiá-lo no trabalho den-
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12. 8 Parte 3 – RADIOGRAFIA ESPECIALIZADA
tro da câmara escura. me normal de mamografia. Recomenda-se que a dose
absorvida pelo tecido glandular não exceda 1 mGy
fóton fóton em exames sem grade e 3 mGy nos quais é necessá-
base rio seu uso.
tela celulósica
emulsão
emulsão
tela
base
celulósica
1.8 EXAMES REALIZADOS
incorreto correto
Figura 1.19. Posicionamento do filme em relação Com o mamógrafo podem ser realizados vá-
a tela intensificadora para aproveitamento efici- rios exames, sendo é claro, o mais comum os que
ente da radiação direta. envolvem a detecção de câncer de mama.
Na realização da radiografia de mama, nor-
malmente são utilizadas três incidências principais:
incidência crânio-caudal, incidência lateral e incidên-
1.7 CONTROLE DE QUALIDADE cia oblíqua. Para proteger a paciente de uma dose
excessiva de radiação, os médicos normalmente, para
exames de rotina ou controle, prescrevem apenas
duas incidências para cada mama: crânio-caudal e
1.7.1. Dose associada à mamografia lateral ou oblíqua.
Quando consideramos a dose aplicada a pa-
cientes submetidas a exames mamográficos, devemos
aceitar que em cada incidência a dose na pele (DEP)
se situe em torno de 800 mR, o que é equivalente a 8
mGy. Essa dose é considerada alta e por isso as téc-
nicas que otimizam a ação de filmes e telas intensifi-
cadoras devem ser utilizadas.
Em mamografia se utilizam filmes mais rápi-
dos (mais sensíveis) e também écran que possua res-
posta mais eficiente de maneira a reduzir a dose
associada. A ação de grades antidifusoras em exames
mamográficos serve, como sabemos, para melhorar a
(a) (b)
imagem, reduzindo a radiação espalhada e melhoran-
do o contraste sobre o filme.
Nos equipamentos mamográficos são usadas
grades com relação 3:1 ou 4:1. A melhora da ima-
gem, no entanto, tem um custo, por que o uso de gra-
des implica num aumento dos fatores de exposição
por um fator aproximadamente 2.
Deve-se considerar, entretanto, que as carac-
terísticas do feixe de fótons aplicado a paciente, faz
com que este seja rapidamente absorvido pelas pri-
meiras camadas da mama. Considerando a exposição
na pele referida anteriormente para uma incidência
crânio-caudal na mama (8 mGy), aceita-se que a dose
(c)
absorvida pelo tecido glandular (Dose glandular Dg)
seja de, aproximadamente 1,2 mGy, o que representa Figura 1.20. Posicionamento dos exames realiza-
em torno de 15% da DEP. dos no mamógrafo: a) incidência crânio-caudal;
Os exames de mama exploratória implicam b) incidência mediolateral; e c) incidência oblí-
normalmente a aplicação de radiação em duas inci- qua.
dências: crânio-caudal e médio-lateral oblíqua. Le-
vando em conta a dose absorvida pelo tecido Geralmente, todo o equipamento mamográfi-
glandular, em torno de 1,2 mGy por incidência, che- co permite a realização de um exame conhecido co-
gamos a um total de 240 mR, ou 2,4 mGy num exa- mo stereotaxia, que consiste na retirada de uma
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13. MAMÓGRAFO 9
pequena amostra do tecido suspeito de ser canceroso 3. Qual o melhor material a ser utilizado
para biopsia. Basicamente, o sistema consiste de um como alvo na ampola do mamógrafo?
acessório, que é adaptado a coluna do mamógrafo, o
4. Qual o tamanho e a forma do foco usado
qual possui uma agulha, além de parafusos de preci-
na Momografia e qual a influência do mesmo para o
são que permitem a correta localização do ponto de
exame?
punção. Em alguns equipamentos, este sistema de
localização é totalmente digitalizado, permitindo uma 5. Qual o material da janela da ampola e
precisão da ordem de décimos de milímetro. qual a filtração inerente do mamógrafo?
A utilização do mamógrafo para a realização 6. Por que existem vários filtros diferentes
deste tipo de biópsia é a possibilidade de, a qualquer na Mamografia?
tempo, ser realizada uma radiografia e verificar-se se
a agulha está devidamente posicionada, sem a neces- 7. Quais as características dos filmes utili-
sidade de remoção da paciente ou utilização de outro zados em Mamografia?
equipamento. 8. Qual a dose aceitável para uma boa ima-
gem na Mamografia?
9. Quais são os tipos de receptores já de-
senvolvidos para a mamografia?
10. Qual o maior benefício do sistema filme-
ècran?
11. O que é um exposímetro e qual sua fina-
lidade?
12. Para que serve a magnificação ou ampli-
ação da imagem?
Figura 1.21. Realização do exame de stereotaxia, 13. Por que durante um exame de magnifica-
pelo médico com auxílio de uma enfermeira. ção é retirada a grade?
Além destes procedimentos mais comuns, o 14. Sob o aspecto radiográfico, que caracte-
mamógrafo pode ser utilizado para a realização de rísticas femininas devem ser observadas para alterar a
radiografias de extremidades, principalmente mem- técnica de exposição do mamografia?
bros superiores. Apenas para ilustração, vejamos
abaixo as técnicas utilizadas no mamógrafo Senogra-
phe 500T para exames rotineiros de extremidade.
Anatomia kVp mAs Filtro Comentário
30 kV 8 mAs Mo tecido mole
Dedos (mão)
34 kV 8 mAs Al ossos
Mão 34 kV 10 mAs Al
36 kV 10 mAs Al pequeno
Pulso
40 kV 10 mAs Al médio
Cotovelo 45 kV 25 mAs Al médio
Joelho 45 kV 32 mAs Al médio
Pés 36 kV 10 mAs Al
Dedos (pé) 34 kV 8 mAs Al
Tabela válida para a combinação de produtos da Kodak: tela Min R e
filme OM-1. Caso seja utilizado filme Min R, aumentar o mAs em 50%.
1.9 EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
1. Cite 5 características necessárias ao
Mamógrafo.
2. Cite 5 motivos da necessidade da com-
pressão mecânica da mama durante o exame.
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14. 10 Parte 3 – RADIOGRAFIA ESPECIALIZADA
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