A influência da música africana e indígena na formação musical brasileira
1. A Musicalidade Brasileira
Loyanne Ferreira Alves
Esta resenha apresenta pontos da pesquisa realizada pelo grupo sobre a
música no Brasil. A pesquisa aborda desde a sua historicidade – momento em que
ela se constituiu aqui através da fusão dos elementos europeus e africanos trazidos
respectivamente por colonizadores portugueses e os escravos entre os séculos XIX
e XX- até os dias atuais. Para ter conhecimento sobre o assunto, o grupo recorreu a
diversas fontes de pesquisa e disponibilizou-as no blog do grupo. Com o propósito
de produzir a resenha crítica sobre o assunto, selecionei os trabalhos de Mário de
Andrade(1972), Santuza Cambraia(1998) e Squeff (1982).
A historicidade da música compreende aspectos da influência espanhola,
africana e portuguesa. Mário de Andrade(1972, p.25-26) defende que:
Cabe lembrar (...) do que é feita a música brasileira.
(..) ela provém de fontes estranhas: a ameríndia em
porcentagem pequena; a africana em porcentagem
bem maior; a portuguesa em porcentagem vasta.
Além disso a influência espanhola, sobretudo a
hispano-americana do Atlântico (Cuba e
Montevidéu, habanera e tango) foi muito importante.
A influência européia também, não só e
principalmente pelas danças (valsa, polca, mazurca,
shottsh) como na formação da modinha.
Com base no exposto pelo autor, as influências desses povos têm extrema
importância na constituição da música brasileira, mesmo que suas fontes possuam
influências mais intensas e outras menos.
Vale destacar que o populario musical brasileiro é desconhecido por muitos de nós
e parece mais rico, bonito e complexo do que imaginamos.
Em relação às primeiras décadas do século XX, Mário de Andrade(1972,
p.24) afirmava que “A música popular brasileira é a mais completa, mais
totalmente nacional, mais forte criação da nossa raça até agora". Nessa altura,
segundo ele, a modinha já se transformara em música popular, o maxixe e o samba
haviam surgido, formaram-se conjuntos seresteiros, conjuntos de "chorões" e
haviam se desenvolvido inúmeras danças rurais. A arte nacional estava então feita
na "inconsciência do povo", sendo a arte popular a alma desta nacionalidade.
Santuza Cambraia Neves(1998, p.20) argumenta que “Para Mário de
Andrade, o popular estaria valorizado na medida em que iria oferecer a matéria-
prima para se esboçar os traços gerais da identidade brasileira”. Nesse sentido, o
folclore contribuiria para a manutenção da identidade nacional na medida em que
exerceria uma pressão na direção do passado. A busca da tradição com a
perspectiva da modernidade, deveria construir um idioma musical próprio.
A música “clássica” no Brasil está ligada diretamente ao início da
colonização pelos portugueses e perpassa pelos cinco séculos de transformações e
2. adaptações culturais ocorridas no país. É a partir de Villa-Lobos que o Brasil
descobre a música erudita. Mário(1928, p.28), lançou as bases de uma nova
metodologia para se escrever música erudita:
O critério de música brasileira pra atualidade deve
existir em relação à atualidade. A atualidade
brasileira se aplica aferradamente a nacionalizar a
nossa manifestação.Coisa que pode ser feita sem
nenhuma xenofobia nem imperialismo. O critério
histórico atual da Música Brasileira é o da
manifestação musical que sendo feita por brasileiro
ou individuo nacionalizado, reflete as características
musicais da raça. Onde que estas estão? Na música
popular.
Mário defendia, nesse momento histórico, a nacionalização da música
erudita brasileira, em que as manifestações musicais deveriam ser feitas pelos
brasileiros e que se encontram na música popular.
Para Squeff (1982, p.17-18) há uma complexidade da questão de uma
expressão musical brasileira. Ele afirma que alguns compositores incorreram no
erro de produzir obras de caráter nacionalista, mas se atendo a um nacionalismo
exótico, chancelado pela indústria cultural e que desprezava mudanças sociais
significativas. Assim ele se referiu:
“Tal nacionalismo excluiria, a priori, todas as
realidades amplas de um país; inclusive pelo fato de
que a maioria da população brasileira vive hoje nas
cidades, onde o pathos e o ethos têm uma conotação
diferente de tudo que se entendeu sobre nacional até
agora” (Squeff,1982:17-18).
A pesquisa dos textos e do ponto de vista de cada autor mencionado
contribuíram para aumentar o grau de entendimento no que concerne à história da
música brasileira e suas implicações na sociedade da época, que também repercute
nos dias atuais.
3. Referências Bibliográficas:
1.ANDRADE, Mário de. Ensaio sobre a música brasileira. São Paulo: Livraria
Martins editora, 1962;
2. NEVES, Santuza C. O violão azul. Rio de Janeiro, Ed. FGV, 1998.
3. SQUEFF, Ênio e WISNIK, José Miguel . O nacional e o popular na cultura
brasileira. São Paulo: Editora Brasiliense,1982.