A ditadura militar no Brasil durou de 1964 a 1985, quando generais assumiram o poder através de um golpe e governaram sob um regime repressivo. Eles justificavam a ditadura como forma de combater problemas, mas na verdade promoveram censura, tortura e violação dos direitos humanos. A resistência contra o regime veio de movimentos como estudantes, sindicatos e igreja, até que a redemocratização gradual ocorreu a partir de 1974.
Ditadura tortura e resistencia ( armada e movimentos sociais)
1. Ditadura
O primeiro presidente militar assumiu o poder em 1964, sendo sucedido por
mais quatro presidentes do Brasil que governaram durante mais de duas
décadas sob o regime de repressão. A presidência foi ocupada por generais e
marechais que foram autores de vários atos institucionais e da promulgação de
uma nova constituição.
Governo Castelo Branco (1964-1967)
Governo Costa e Silva (1967-1969)
Governo Médici (1969-1974)
Governo Ernesto Geisel (1974-1979)
Governo Figueiredo (1979-1985)
A ditadura militar começou em 31 de março de 1964, quando os militares
assumiram a presidência do país. Eles permaneceram por 21 anos no comando
e justificavam os atos da ditadura militar como uma medida para combater os
problemas governamentais. Acreditavam que esse regime opressor melhoraria
as condições de vida do Brasil.
Em 1964 no Brasil João Goulart é deposto e uma ditadura militar é instaurada,
inspirada na Doutrina de Segurança Nacional (iniciada nos EUA e transportada e
adaptada aos países sul americanos), e é em nome dessa luta contra a
"subversão" (suposta ameaça comunista), que era vista em qualquer movimento
social, que é usada a violência, a tortura, os assassinatos e a violação dos
direitos humanos, e em luta contra a falta de democracia e a violência.
A liberdade de imprensa foi garantida no Brasil desde 1821 com D. Pedro I, mas
com o AI-5, um dos atos institucionais que os militares usaram para controlar o
país, em 1968 essa liberdade passa a ser limitada. Fica decretado que a
imprensa só pode expor notícias ou artigos aprovados pelos próprios militares.
Com o AI-5 no Brasil a imprensa não pode divulgar qualquer noticia ou artigo
ou outro que esteja criticando implicitamente ou explicitamente o regime militar,
vigente no país desde 1964, ou conteúdo que faz referência à liberdade, tendo
que apresentar a determinado militar todas as matérias antes de serem
publicadas, além de algumas notícias serem proibidas previamente por bilhetes
ou telefonemas pelos militares.
Então vários jornalistas passam a ter várias práticas como deixar espaços em
2. branco no jornal, receitas que não correspondiam com a realidade, falsas
previsões meteorológicas, piadas que de alguma forma criticassem a ditadura
( quando era bem disfarçada a ponte de não ser censurada) e entre outros que
de alguma forma estavam protestando contra a ditadura e que vazassem a
censura.
Surgiram também dois tipos de jornais: os alternativos, como o Pasquim, que
criticavam fortemente a ditadura e que em sua maioria não sobreviveram a mais
que duas ou três edições, e os clandestinos que eram jornais ou panfletos
produzidos em péssimas condições e que criticavam os militares e forneciam
conteúdos ideológicos, esse último, sendo sempre ligado ao comunismo.
Em contrapartida ás manifestações desses jornalistas os militares fecharam
inúmeros jornais, cortaram inúmeras matérias, prenderam inúmeros jornalistas e
até assassinaram alguns jornalistas, como Vladimir Herzog (dado como suicídio
pelos militares), que acaba chocando o mundo todo, e que combinado a onde de
desaparecimentos levam a uma onde de manifestações em favor dos direitos
humanos e da democracia na América Latina.
Tipos de Torturas:
Cadeira do Dragão
Era uma cadeira eletrizada e revestida de zinco que possuía eletricidade. Os
presos eram obrigados a sentar nela nus, e quando a eletricidade era ligada,
eles levavam choques por todo o corpo. Em alguns casos, eles tinham sua
cabeça enfiada em um balde de metal e também levavam choques.
Pau-de-Arara
Esse tipo de tortura já havia sido usada durante a escravidão. Nela, o preso era
amarrado e pendurado em uma barra de ferro, que ficava entre os punhos e os
joelhos. Nessa posição, eles ficavam nus e levavam choques, queimaduras e
socos.
Choques Elétricos
Eram utilizadas máquinas que geravam choques, podendo ser de maior
intensidade caso o torturador quisesse. Eram choques fortes que causavam
3. queimaduras e convulsões.
Espancamentos
Os espancamentos eram utilizados em conjunto com outros tipos de tortura. Um
tipo comum, utilizado naquela época, era o chamado 'telefone', quando o preso
recebia tapas nos dois ouvidos ao mesmo tempo. Isso era tão forte que poderia
romper os tímpanos, causar labirintite e provocar a surdez.
Cama Cirúrgica
O preso era esticado em uma cama e isso causava rompimento dos nervos. Na
cama, também eram cometidos outros tipos de torturas, como arrancar todas as
unhas.
Afogamentos
Os torturadores obrigavam os presos a beber água por meio de uma mangueira
introduzida em sua boca; porém, o nariz era tampado. Também colocavam os
presos em tonéis ou tambores de água e seguravam sua cabeça até o ponto em
que eles se afogassem.
Soro da Verdade
Esse soro era composto de pentotal sódico e era uma droga psicoativa que
deixava a vítima em estado sonolento e com redução das barreiras inibitórias.
Ele causava um efeito que fazia com que as pessoas passassem informações
que não contariam se estivessem bem. O soro era utilizado para que os presos
contassem suas participações em grupos de oposição à Ditadura Militar. É uma
droga considerada perigosa que poderia causar a morte.
Geladeira
Deixavam os presos nus e eram colocados em uma cela pequena,
impossibilitando que eles ficassem em pé. Era alternada a refrigeração do local,
que ficava entre muito frio e um calor insuportável. Muitas vezes, eles tinham
4. que ficar nesse local por dias.
Arrastamento pela viatura
A vítima era amarrada no carro e era arrastada diversas vezes. Isso fazia com
que ele sofresse diversas escoriações pelo corpo. Além disso, era obrigado a
inalar o gás que saía pelo escapamento da viatura.
Coroa-de-Cristo ou Capacete
Era utilizado um anel metálico que tinha um mecanismo para diminuir seu
tamanho, esmagando o crânio da vítima.
Resistência
Em 1969, a tortura teve seu período mais difícil no país. As guerrilhas estavam
com grande atuação e ocorriam muitos assaltos a banco e, com isso, a
repressão se tornou mais forte. Nessa época, foram criados processos para
esconder as atitudes dos militares. As mais diversas formas de tortura eram
praticadas e isso provocou uma onda de suicídios. Elas eram tão violentas e
marcantes, que o preso não desejava mais viver. O suicídio também foi utilizado
pelos militares para justificar mortes de prisioneiros nos quartéis e presídios.
Muitos dos que resistiram tiveram de deixar o país. Outros ficaram, partiram para
a clandestinidade e até para a luta armada. A repressão aumentou. A tortura e os
assassinatos nos porões da ditadura foram documentados no livro "Brasil Nunca
Mais", produzido pelo então assessor do Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom
Paulo Evaristo Arns.
Alguns fatos começaram a chamar a atenção da sociedade frente às torturas
praticadas contra presos políticos. Um deles foi o sequestro do embaixador
norte-americano Charles Elbrick, em 69. O fato chamou a atenção no plano
internacional, causando constrangimento diplomático para o governo militar.
Em troca da liberdade do embaixador, os sequestradores exigiram a libertação
de 15 presos políticos. Foram atendidos e libertaram o embaixador. O hoje
deputado Fernando Gabeira, do PV do Rio de Janeiro - à época, um dos jovens
5. que participaram da operação - diz que, hoje, não tomaria a mesma atitude. Ele
acha que episódios como esse provocaram repressão militar ainda mais forte.
Para oprimir os opositores, o governo realizava ações principalmente contra as
organizações de guerrilha. Os principais grupos de guerrilha que atuaram
durante o governo militar foram: a Aliança Libertadora Nacional (ALN), o
Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), o Partido Comunista Brasileiro
(PC do B) e a Vanguarda Armada Revolucionária (VAR – Palmares). Eles
buscavam derrubar o governo e instalar no país o socialismo. Realizaram
diversas ações como assaltos a bancos, sequestros de embaixadores e
atentados contra autoridades.
Todas as guerrilhas urbanas acabaram destruída,s com seus militantes sendo
mortos pela repressão. Os que sobreviveram foram presos ou expulsos do país.
O ato do governo militar para acabar com essas organizações foi a destruição
da Guerrilha do Araguaia, que havia sido promovida pelo PC do B.
Durante o mandato do Médici, as torturas contra os presos políticos foram
intensificadas e quando também, foram verificados os maiores números de
casos. O governo negava qualquer ação ou prática de tortura. Entretanto, não
era isso que ocorria, porque existiam locais próprios para a realização de
torturas nos presos e eram feitos por pessoas especializadas. Devido ao
sucesso de seu mandato, por diversas razões, Médici pode escolher quem iria
sucedê-lo: ele optou por Ernesto Geisel.
Oswaldo Munteal também classifica como "massacre" o episódio conhecido
como Guerrilha do Araguaia. Entre 1972 e 1974, cerca de 70 pessoas
vinculadas ao Partido Comunista do Brasil que participaram de ações de
resistência armada ao regime militar na região da divisa entre os estados do
Pará, Maranhão e Tocantins. Poucas sobreviveram.
Ainda hoje, familiares de desaparecidos esperam encontrar os restos mortais de
seus parentes.
Outro caso que colocou a ditadura em xeque foi o do jornalista Vladimir Herzog,
morto em 75, quando era diretor de telejornalismo da TV Cultura.
No dia 25 de outubro pela manhã, Herzog compareceu ao DOI-CODI em São
Paulo para depor, sob suspeita de pertencer ao Partido Comunista. No mesmo
dia, foi encontrado morto na prisão, enforcado com o cinto do macacão de
presidiário.
A versão de suicídio, apresentada pelos militares, foi desmentida por outros
6. detentos, que afirmam ter ouvido gritos de Herzog sendo torturado. Jornalistas,
que sofriam na pele a censura do regime, paralisaram muitas redações. Milhares
de pessoas participaram de celebração religiosa na Catedral da Sé, na capital
paulista.
Pouco a pouco, a sociedade começou a se mobilizar pelo fim da ditadura. Os
conflitos da resistência ganhavam repercussão em outros países.
Movimentos sociais
Um dos grupos que mais manifestou resistência foi o dos estudantes (UNE-União
Nacional dos Estudantes) que já estavam pressionando João Goulart por
reformas e com a ditadura foram proibidos de se organizarem. E estes reagem
com manifestações, passeatas, "boicotes" e vários movimentos. E em resposta
foram vigiados, procurados, presos, torturados, assassinados ou exilados,
obrigando vários estudantes viverem na clandestinidade, com nomes falsos,
várias moradias, longe da família e etc.
Os sindicatos também foram também uma grande organização que lutou com
greves e manifestações, e foram também praticamente “caçados", e um dos
mais expressivos sindicalistas foi o nosso ex-presidente Lula.
A Igreja Católica, dividida entre direita e esquerda, apoiaram a ditadura,
dizendo-se contra o comunismo, mas ao longo da ditadura há inúmeros
religiosos, como padres e bispos, que lutam contra os militares com pregações,
manifestações e etc. Estes também foram duramente perseguidos.
E um dos maiores movimentos foi a Diretas Já (1983-1984), que unia inúmeros
grupos sociais que lutaram pela eleição direta para presidente, e acaba tendo
papel importantíssimo para o fim da ditadura militar.
Estes foram os principais movimentos sociais na ditadura militar no Brasil, mas
houve outros que foram de extrema importância.
Pouco a pouco, a sociedade começou a se mobilizar pelo fim da ditadura. Os
conflitos da resistência ganhavam repercussão em outros países.
Quando assumiu a presidência, em março de 74, Ernesto Geisel anunciou um
processo de abertura que ele chamou de lenta, gradual e segura.
Em 77, o governo lançou o chamado "Pacote de Abril", fechando mais uma vez
o Congresso para conter o fortalecimento do Movimento Democrático Brasileiro,
7. partido que vinha crescendo nas urnas.
Com novo salto de fortalecimento em 78, o MDB já tinha deputados e senadores
que denunciavam violações de direitos humanos.
A partir de 1979, o general João Figueiredo continuou o processo de abertura
política. No entanto, as torturas e atentados a bomba atribuídos ao aparelho da
repressão ainda ocorriam.
O país caminhava para o fim de um período marcado pela violência, pela
censura e pela falta de liberdade.
Fontes:
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materia
s/REPORTAGEM-ESPECIAL/372665-30-ANOS-DA-ANISTIA---
A-RESISTENCIA-ARMADA-E-AS-TORTURAS-NO-
REGIME-MILITAR-BLOCO-1.html
http://governo-militar.
info/mos/view/Torturas_no_Regime_Militar/
http://bruno-fernande.blogspot.com.br/