1) O diabetes insipidus é uma forma rara de diabetes não relacionada à glicose no sangue, que causa produção excessiva de urina devido a problemas na produção ou ação da vasopressina. 2) Existem dois tipos - central, causado por falta de produção de vasopressina no cérebro, e nefrogênico, quando os rins não respondem à vasopressina. 3) O tratamento depende do tipo - reposição da vasopressina no central ou correção da causa no nefrogênico.
1. O diabetes insipidus é uma forma de diabetes mais rara e que nada tem a ver com falta de
insulina ou aumento da glicose no sangue.
Este texto é sobre diabetes insipidus. Se está a procura de informação sobre diabetes mellitus,
o seu texto é este: DIAGNÓSTICO E SINTOMAS DO DIABETES
A palavra diabetes vem do grego antigo e significa sifão, um sistema mecânico que permite a
passagem de água de um lado para outro.
O primeiro relato de diabetes data do ano 70 D.C e descrevia doentes que apresentavam
grandes volumes de urina (poliúria) associado a muita sede. Porém, foi somente no século XVII
que se descobriu que havia 2 tipos diferentes de diabetes. Um associado a excesso de glicose
no sangue (hiperglicemia) e outro não. Estabeleceu-se então o diabetes mellitus e o diabetes
insipidus.
Para entender o que é o diabetes insipidus, é necessário antes entender como o rim controla a
quantidade de água que é excretada na urina. Vou tentar explicar da maneira mais simples
possível.
O eixo hipotálamo/hipófise, duas glândulas do nosso sistema nervoso central, produzem um
hormônio chamado vasopressina ou hormônio anti-diurético (ADH, sigla em inglês). Este
hormônio é liberado na corrente sanguínea e age principalmente nos túbulos renais,
impedindo que os rins percam água através da urina.
O mecanismo funciona da seguinte maneira: imaginemos um indivíduo em um dia quente de
verão trabalhando ao sol. Essa pessoa sua muito e como tem pouco acesso a água, começa a
se desidratar. O nosso organismo é muito sensível a qualquer sinal de desidratação e pequenas
perdas de água ativam logo a liberação do ADH para o sangue.
O ADH age de 2 maneiras. Uma estimulando a sede e fazendo que pessoa comece a procurar
por água antes que a desidratação fique mais grave. A segunda é nos rins, diminuindo a
quantidade de água que sairá pela urina, retardando o processo de desidratação. Quando há
muito ADH circulante a urina fica bem concentrada, com coloração e odor forte devido a
pouca quantidade de água para diluir as substâncias presentes (leia: URINA COM CHEIRO
FORTE ). Por isso, a cor da urina é sempre um bom indicador do estado de hidratação de um
indivíduo.
Agora imaginemos uma pessoa bem hidratada que se encontra em uma festa, em um
ambiente com ar-condicionado e várias bebidas e comidas disponíveis. Essa pessoa começa a
ingerir líquidos e o organismo nota que há mais água no corpo do que necessário. Neste
momento a hipófise suspende a liberação de ADH, e o rim, sem a presença deste hormônio,
começa a excretar o excesso de água pela urina. A urina agora é bem clara, quase
transparente.
Através do ADH o organismo tem um controle muito fino da quantidade de água corporal.
Pequenas alterações para mais ou para menos são suficientes para estimular ou inibir a
liberação de ADH, concentrando ou diluindo a urina.
2. Então, o que é exatamente o diabetes insipidus ?
O diabetes insipidus ocorre basicamente por 2 motivos: Um problema no sistema nervoso
central que impede a produção e liberação do ADH, mesmo em estados de desidratação; Ou
um problema nos rins que passam a não responder a presença do hormônio. Em ambos casos
o resultado final é um excesso de perda de água pela urina, chamada de poliúria.
Quando existe ADH mas o rim não responde ao mesmo, damos o nome de diabetes insipidus
nefrogênico. Quando há falta de produção do ADH pelo sistema nervoso central, chamamos de
diabetes insipidus central.
Os doentes com diabetes insípidos apresentam intensa diurese, se desidratam facilmente e
por isso bebem muita água. Enquanto o doente tiver acesso fácil a líquidos, não ocorrem
grandes complicações além do inconveniente de precisar urinar o todo tempo. Se o paciente
urina em excesso e não bebe água para repor as perdas, inicia-se um processo de desidratação
severa que coloca a sua vida em risco. Se quiser ler sobre todas as causas de urina em excesso:
URINA EM EXCESSO. O QUE PODE SIGNIFICAR ?
1.) Diabetes insipidus central
O DI central ocorre por agressões ao eixo hipotálamo-hipófise que para de produzir o ADH
necessário para evitar perdas de água excessiva na urina. As principais causas são:
- Cirurgia do sistema nervoso central com lesão acidental do hipotálamo ou hipófise
- Traumas
- Tumores do sistema nervoso centra
- Auto-imune com produção de auto anticorpos contra as células produtoras de ADH (leia:
DOENÇA AUTO-IMUNE )
- Genética. Algumas famílias apresentam falhas na produção de ADH por mutações genéticas.
- Anorexia nervosa
- Encefalopatia hipóxica. Lesão cerebral por hipoxemia (falta de oxigênio), normalmente
secundária a períodos de parada cardíaca.
2.) Diabetes insipidus nefrogênico
O DI nefrogênico ocorre por uma incapacidade do ADH em agir no rim, normalmente por
defeitos nos receptores dos túbulos renais. O hipotálamo produz o ADH, porém este não
consegue executar suas funções nos rins.
As principais causas de DI nefrogênico são:
- Alterações genéticas nos receptores dos túbulos renais.
- Uso crônico de lítio
3. - Hipercalcemia (cálcio sanguíneo elevado)
- Hipocalemia (potássio sanguíneo baixo)
- Amiloidose
- Síndrome de Sjögren(Síndrome de Sjögren ou síndrome de Goujerot-Sjögren é uma
desordem autoimune na qual as células imunes atacam e destróem as glândulas exócrinas que
produzem lágrimas e saliva.)
Existe uma terceira forma de diabetes insípidos que ocorre durante a gravidez. A placenta de
algumas mulheres produz uma enzima que inativa o ADH circulante, levando a um DI
transiente, que desaparece após o parto.
Tratamento
No Diabetes insipidus central como há falta de produção do ADH, o tratamento se baseia-se na
reposição de ADH sintético via oral ou intra-nasal.
No caso do diabetes insipidus nefrogênico, o problema não é falta de ADH. Por este motivo,
não adianta usar ADH sintético. O tratamento é feito com a suspensão do lítio ou correção dos
distúrbios do cálcio e do potássio. Nos casos genéticos o tratamento é feito com dieta pobre
em sal, diuréticos da família dos tiazídicos e anti-inflamatórios.
Leia o texto original no site MD.Saúde: DIABETES INSIPIDUS | Causas e sintomas
http://www.mdsaude.com/2009/04/diabetes-insipidus.html#ixzz1WpFT6nf3