Castro Alves foi um poeta brasileiro nascido em 1847 que cantou o amor e a liberdade em seus poemas líricos e heroicos. Ele pregava a chegada de uma "era nova" e usou sua poesia para defender causas sociais como a abolição da escravatura. Considerado um dos primeiros abolicionistas, Castro Alves foi inspirado pelos princípios libertários de Victor Hugo e usou sua obra para denunciar o sistema econômico baseado na escravidão.
Castro Alves, o poeta da liberdade no Carnaval de 2014
1. Sinopse - Carnaval de 2014
Castro Alves :o Alvorecer da Liberdade
Apolo, o deus das artes, da música, da profecia, da verdade, da poesia, da harmonia, da
perfeição e da cura. anuncia :
No dia 14 de março de 1847, nascia Antônio Frederico de Castro Alves, em Currralinho (BA).
Sua aptidão pela arte teve uma influência muito clara a partir da época em que viveu. Cantava
como poucos o amor e , principalmente , a liberdade . A atmosfera literária produzida nos salões,
saraus, teatros fez deste um célebre ícone da cultura brasileira.
A produção intensa de seus poemas líricos e heroicos, publicados nos jornais ou recitados nas
festas literárias, o tornou um nome de incomparável talento de sua geração. Pregava o
surgimento de uma “era nova”, segundo Euclides da Cunha.
Como poeta lírico, caracteriza-se pelo vigor da paixão, a intensidade com que exprimia o
amor, como desejo, encantamento da alma e do corpo, sendo comparado ao talento de Casimiro de
Abreu e Álvares de Azevedo.
“A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus ...
E amamos juntos ... E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala ...
E ela, corando, murmurou-me : “adeus”. (primeiras estrofes do poema O “adeus” de Teresa)
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2. Uma noite eu me lembro ... Ela dormia
Numa rede encostada molemente ...
Quase aberto o roupão ... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
[ ...]
Era um quadro celeste ! ... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecida ...
Quando ela serenava ... a flor beijava-a ...
Quando ela ia beijar-lhe ... a flor fugia ...
(fragmento do poema “ Adormecida”)
Na tarde de 11 de novembro , resolveu realizar uma caçada na várzea do Brás e feriu o pé com
um tiro. Disso resultou longa enfermidade e cirurgias , ocasionando a amputação de seu membro
inferior esquerdo. Sua paixão por Eugênia Câmara resultou em consagrados poemas de amor , no
livro Espumas Flutuantes, em 1870.
“Sinto-me que vou morrer
Posso portanto a verdade dizer-te santa e nua
Não quero mais teu amor
Porém minh’alma aqui além mais longe é sempre tua”
Este é um trecho do poema de despedida para Eugênia, publicado num jornal do Rio de Janeiro.
Tanto nos poemas sobre escravos quanto nos versos de amor , o que a obra de Castro Alves
registra é uma mudança de tom no Romantismo brasileiro, apresentando o amadurecimento da
nossa literatura , através de uma voz mais brasileira.
O espírito de mudança em relação ao seu tempo transformou Castro Alves como o defensor da
liberdade . Através de seus poemas como Vozes da África , Navio Negreiro e Canção do Africano
mostrou de fato este desejo de modificar o seu tempo.
“Deus ! ó Deus ! onde estás que não respondes ?
Em que mundo, em qu’ estrela tu t’ escondes
Embuçado nos céus ?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito ...
Onde estás , Senhor Deus ?” (versos iniciais de “Vozes d’ África”)
Teve uma fase de intensa produção literária e a do seu apostolado por duas grandes causas :
uma social e moral , a da abolição da escravatura; outra a república, aspiração política dos
liberais mais exaltados.
3. “ Era um sonho dantesco ... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros ... estalar do açoite ...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar ...” (trecho do quarto canto do poema “Navio negreiro”)
Nos engenhos, as senzalas úmidas e frias eram testemunha da desgraça de um povo.
Castro Alves amou o oprimido com sentimento de justiça sendo este o traço básico de sua
personalidade.
A poesia dessa geração procurou atingir um público mais numeroso. Para isso, vão aos
teatros, às sacadas dos jornais e às praças públicas declamar seus versos. É o poeta=orador. Castro
Alves comenta em carta para um amigo : “Vive-se aqui de poesia, música, teatro, discussões
literárias, etc . etc [ ...] No dia 2 vou recitar no teatro”.
No intervalo das encenações teatrais, principal fonte de diversão para os estudantes, os poetas
subiam ao palco para disputar quem era o melhor glosador de motes.O público, constituído
principalmente pelos alunos da faculdade de Direito de São Paulo, tomava partido de um ou
outro improvisador. Castro Alves , dez anos mais jovem, era o moço de arrebatadas emoções e
costumava sair vencedor desses embates, além de ser conhecido por sua vaidade , beleza e
brilhante voz.
Inspirados pelos princípios libertários defendidos por Victor Hugo, poetas como Castro Alves,
Pedro luís e Sousândrade escreveram sobre o horror da escravidão
Preocupado com os rumos da produção artística de seus contemporâneos, Victor Hugo
recomendava : “ a arte de hoje não deve buscar apenas o belo, mas sobretudo o bem”. Um dos
pilares do bem é a LIBERDADE. Para seguir o conselho do mestre francês, estes poetas
identificam o obstáculo para a liberdade reinar livre em solo americano: um sistema econômico
baseado na escravização de negros. É contra esse sistema, portanto, que devem se manifestar.
Considerava-se um discípulo de Victor Hugo a quem chamava de “mestre do mundo, sol da
eternidade”. Poeta social, patriótico, foi um dos primeiros abolicionistas e , ao poetar sobre a
escravidão, prendia-se a ideia do infinito, amplidão , pelo voo da imaginação, o que fez com que
ganhasse o título de poeta “condoreiro”.
“ A praça é do povo como o céu é do condor”. Esta famosa frase de Castro Alves sintetiza a
importância deixada por sua obra , imortalizando o desejo de ESPERENÇA e LIBERDADE de
um povo que nunca perderá a garra das mudanças, que sempre serão acolhidas para o
crescimento da sociedade .
Gilberto Felix da Silva
Carnavalesco