O documento descreve o período literário do Quinhentismo no Brasil entre 1500-1600. Neste período, as obras eram escritas principalmente por viajantes e cronistas e tinham o objetivo de informar sobre a nova terra recém-descoberta.
9. Quinhentismo
1500
Primeiros
documentos sobre
o Brasil
Carta de
Pero Vaz
de Caminha
1601
Início da
Era Barroca
Prosopopéia de
Bento Teixeira
QUADRO ESQUEMÁTICO
11. Eram
Quinhentismo
Viajantes
Cronistas
de Ofício
Missionários
O PERÍODO INFORMATIVO
Autores: Não eram propriamente literatos. Tinham uma
proposta meramente utilitária.
• Pero Vaz de Caminha Carta a D. Manuel I
• Pero Lopes de Sousa Diário de Navegação
• Gabriel Soares de Sousa Tratado Descritivo do Brasil
• Hans Staden As Duas Viagens ao Brasil
• Jean de Lery Viagem à Terra do Brasil
12. Eram
Quinhentismo
Cartas
Diários
Relatos
O PERÍODO INFORMATIVO
As Obras: Não eram literárias. Faltava-lhes o caráter
inventivo.
Tratados
13. O PERÍODO INFORMATIVO
Quinhentismo
A Proposta: As obras marcam o interesse de Portugal nos
empreendimentos ultramarinos.
Político-Econômica: Evidenciar o potencial de riqueza.
Contra-Reformista: Conversão dos indígenas.
14. O PERÍODO INFORMATIVO
O Conteúdo: Estas obras
limitam-se à informação, à
coleta e dados sobre a nova
terra:
* o clima
* o solo
* a vegetação
* o relevo
* os índios
Quinhentismo
15. O PERÍODO INFORMATIVO
O Estilo: Era clássico, vigente em Portugal.
Objetividade
Clareza
Quinhentismo
Comedimento
16. O PERÍODO INFORMATIVO
Reflexo em Períodos Posteriores
No Romantismo: Revisitação do Brasil primordial,
através da visão mítica do índio
e da paisagem.
No Modernismo: Movimentos de raízes, de buscas dos
arquétipos culturais.
Quinhentismo
Movimentos
Pau Brasil
Verde Amarelo
Antropofágico
Tropicalismo
17. Quinhentismo
DECLARAÇÃO DE AMOR
Eu vim do mar! sou filho de outra raça.
Para servir meu rei andei à caça
de mundos nunca vistos nem sonhados,
por mares nunca de outrem navegados.
Ora de braço dado com a procela,
ora a brigar com ventos malcriados.
Trago uma cruz de sangue em cada vela!
Na crista da onda, em meio do escarcéu,
na solidão azulada e redonda,
quanta vez me afundei no inferno d’água
ou com a cabeça fui bater no céu!
Simples brinquedo em mãos da tempestade
fabulosa ambição me trouxe aqui.
A ambição pode mais do que a saudade...
Ambas me foram ver, quando eu parti.
A saudade abraçou-me, tão sincera,
soluçando, no adeus do nunca-mais.
A ambição de olhar verde, junto ao cais,
me disse: vai que eu fico à tua espera!
Cassiano Ricardo
(em: “Martim Cererê”)
18. Quinhentismo
FADO TROPICAL
(Chico Buarque & Ruy Guerra)
Oh, musa do meu fado,
Oh, minha mãe gentil,
Te deixo consternado,
No primeiro abril.
Mas não sê tão ingrata,
Não esquece quem te amou,
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou.
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal,
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal.
“Sabe, no fundo eu sou um sentimental.
Todos nós herdamos no sangue lusitano
uma boa dosagem de lirismo. Além da
sífilis, é claro. Mesmo quando as minhas
mãos estão ocupadas em torturar,
esganar, trucidar, meu coração fecha os
olhos e, sinceramente, chora.”
Com avencas na caatinga,
Alecrins no canavial,
Licores na moringa,
Um vinho tropical.
E a linda mulata,
Com rendas do Alentejo,
De quem, numa bravata,
Arrebato um beijo.
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal,
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal.
“Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto.
De tal maneira que, depois de feito,
Desencontrado eu mesmo me contesto.
Se trago as mãos distantes do meu peito,
É que há distância entre intenção e gesto.
E se meu coração nas mãos estreito,
Me assombra a súbita impressão de incesto.
Quando me encontro no calor da luta,
Ostento a aguda empunhadura à proa,
Mas o meu peito se desabotoa.
E se a sentença se anuncia bruta,
Mais que depressa a mão cega executa,
Pois que senão o coração perdoa.”
Guitarras e sanfonas,
Jasmim, coqueiros, fontes,
Sardinhas, mandioca,
Num suave azulejo.
O rio Amazonas,
Que corre trás-os-montes
E, numa pororoca,
Deságua no Tejo.
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal,
Ainda vai tornar-se um império colonial.
19. Quinhentismo
HISTÓRIA DO BRASIL
(Pero Vaz Caminha)
a descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até à oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muitos bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.
20. Quinhentismo
A terra mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muitos,
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais
Diamantes tem à vontade
Esmeraldas é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca,
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui.
Murilo Mendes