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N.o 42 Abril de 1982 Preço 50100
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Publicações P rojorn al, Ld.a 
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José Carlos de Vasconcelos 
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Manuel Beça Múrias 
e Pedro Rafael dos Santos 
D irecção de A dm inistração 
António Gomes da Costa 
Henrique Segurado Pavão 
e José Silva Pinto 
Secretário-geral 
Silva Costa 
Director: Luís Almeida Martins 
A djunto: Pedro Rafael dos Santos 
Colaboram neste núm ero: Cesário Borga, 
Daniel Ricardo, Jorge Custódio, José Carlos 
Vilhena Mesquita, Lucien Corosi, Orlando 
Cardoso e Victor Amorim 
Departam ento Fotográfico: Joaquim Lobo 
e Inácio Ludgero. 
Departam ento G ráfico: João Segurado, Jo ­sé 
Pinto Nogueira, António Martins e Carlos 
Tavares, com a colaboraçáo de Joaquim de 
Brito e José Manuel da Nóbrcga. 
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( h istó ria) 
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N.° 42 A bril de 1982 
Sumário 
A crise académica de 1962 
D an iel R i c a r d o .............................. 2 
O 25 de Abril na Imprensa estrangeira 
C esário B o r g a ................................ 30 
Quem matou Heydrich? 
Lucien C orosi ................................ 4 0 
A era das pontes metálicas 
Jo rg e Custódio .............................. 4 8 
Manuel de Arriaga e a República 
Jo sé C . V ilh en a M e s q u it a .............. 77 
O Amor na Idade Média 
O rlando C a rd o s o ........................... 83 
L iv ro s........................................................ 88 
Jogos de Guerra 
V icto r A m o r im .............................. 91 
Noticias .................................................. 9 4 
1
Manuel de Arriaga 
eo 
«Movimento das Espadas» 
José Carlos Vilhena Mesquita 
Personalidade relevante, com um carácter antidinástico a todos os títulos notá­vel, 
Manuel de Arriaga procurou esforçadamente, logo após o 5 de Outubro de 
1910, a conciliação de todos os portugueses com o novo regime acabado de implan­tar. 
A República era encarada, na época, como a «cura de todos os males de que en­fermava 
a Nação», e esse era o ideal, e a esperança, do velho tribuno republicano. 
«Tendo passado toda a vida a procurar a República foi procurado por ela para 
seu Procurador», no Verão de 1911, sendo então eleito como primeiro Presidente 
da República Portuguesa. Era a justa homenagem prestada ao mais ancião dos re­publicanos. 
Todavia, a incompreensão dos políticos e o clima de desordem partidá­ria, 
que se fez sentir com o desmembramento do Partido Republicano Português 
(PRP), ditaram o seu afastamento da presidência da Nação, depois de ter sido con­siderado 
traidor e fora-da-lei por destacados vultos da vida política nacional. Vere­mos 
porquê. 
Manuel José de Arriaga Brum da Silvei- formatura em Direito, em cuja carreira al-ra 
era natural da cidade da Horta, (Açores), cançaria elevado êxito. A dignidade de sen-onde, 
a 8 de Julho de 1 8 4 0 , viu pela pri- timentos e o talento jurídico outorgava-lhe a 
meira vez a luz do dia. Era filho de Sebastião admiração e amizade dos seus colegas de 
de Arriaga e D. Maria Antónia Pardal Ra- profissão, companheiros esses que o leva­mos 
Caldeira de Arriaga. ram a filiar-se no Partido Republicano, que, 
Descendia duma família faialense de naquela época, se encontrava ainda em fase 
grandes pergaminhos históricos e de nobre- embrionária. 
za de sangue. Porém, esses títulos eram in- Continuava a leccionar a cadeira de In­suficientes 
para garantir a estabilidade eco- glês pelos liceus de Lisboa, quando em 
nómica da prole, que, em boa verdade, era 1 8 6 6 deliberou candidatar se ao lugar de as-numerosíssima. 
Daí que Manuel de Arria- sistente à décima cadeira da Escola Politéc-ga, 
quando se encontrava no continente a nica, a cujo concurso apresentou a tese: 
estudar advocacia, tenha sentido a necessi- «Sobre a Verdade da Família Humana De-dade 
de trabalhar no ensino, para poder ga- baixo do Ponto de Vista Económico». Em-nhar 
a vida e pagar as dívidas contraídas pe- hora se lhe reconhecesse certo valor, acabou 
los seus afazeres académicos. por ser preterido, obtendo igual sorte no seu 
Assim, mercê do seu esforço, adquiriu a concurso à cadeira de História do Curso Su- 
José Carlos Vilhena Mesquita. Licenciado em História. Professor do ensino secundário 
77
M anuel de Arriaga e os ideais republicanos 
Manuel de Arriaga fo i o primeiro Presidente da Republica Por 
tuguesa,funções que exerceu entre 1911 e 1915 
perior de Letras. Frustrada a sua ambição de 
professor no Ensino Superior, nem por isso 
deixou de se notabilizar no ensino médio, 
para cuja reforma programática foi convida­do 
a trabalhar em 1876. 
A febre política começou então a esquen-tar- 
lhe o cérebro, tornando-se, doravante, 
um afanoso defensor do ideário republicano. 
O seu génio e a sua capacidade oratória vale­ram- 
lhe a nomeação a tribuno do povo da 
Madeira, sob cuja representação se apresen­tou 
ao Parlamento. 
Os seus ataques à Monarquia proferidos 
na sala parlamentar, onde permaneceu ao 
longo de quatro mandatos, levaram-no a 
ocupar, em 1891, as funções de membro do 
Directório Político do Partido Republicano, 
enfileirando ao lado de Jacinto Nunes, Aze­vedo 
e Silva, Bemardino Pinheiro, Teófilo 
Braga e Francisco Homem Cristo. 
Como esgrimista da palavra republicana, 
notabilizou-se ao proferir nesse ano, e pe­rante 
os seus colegas deputados, um discur­so 
intitulado «A Questão de Lunda». Um 
ano depois, profere o escandaloso ataque 
contra o dr. Mariano de Carvalho, ao qual 
deu o profético título de «Começo de Liqui­dação 
Final». Efectivamente, Arriaga havia 
proposto ao Parlamento que se acusasse o 
ex ministro da Fazenda da responsabilidade 
económica sobre os empréstimos de dinhei-ros 
do Estado, por ele cedidos a sociedades 
particulares, cujo montante seria suficiente 
para reduzir a dívida flutante do Estado para 
cerca de metade. 
Acontece que essas cedências de capitais 
nacionais haviam sido feitas sem prévio co­nhecimento 
do Governo, o que constitui 
uma afronta à Nação portuguesa. Assim, 
lançava Manuel de Arriaga mais um escân­dalo 
económico, demonstrando ao País o 
quanto a Monarquia era um regime corrup­to. 
Aliás, o avolumar da impopularidade do 
sistema, tinha já sido posta à prova em 31 
de Janeiro de 1 8 9 1 , quando, no Porto, se 
fazia a primeira tentativa para a implantação 
da República. 
Quando a República, finalmente, o sur­preendeu 
na pacatez do seu trabalho literá­rio, 
poético e filosófico, achou que os seus 
70 anos de idade eram demasiado pesados 
para lhe possibilitarem a defesa de um cargo 
público à altura do seu prestígio político. 
Todavia, o povo não entendeu assim e ao 
vê-lo passar no Terreiro do Paço, numa al­tura 
em que a Revolução era já um facto 
consumado, lembraram-se que aquele ve­lho, 
cansado de tanto batalhar contra a di­nastia 
dos Braganças, merecia agora o seu 
justo prémio. Daí, a razão do seu triunfo aos 
ombros do povo, que, no maior júbilo, exi­giu 
a nomeação do velho democrata para o 
cargo de Procurador da República. 
A Presidência da República 
aos 70 anos 
Assim, quando em 1911 se procedia aos 
preparativos das eleições presidenciais, 
ocorreu a António José de Almeida a ideia 
de solicitar ao ancião republicano a permis­são 
de apresentar a sua candidatura para a 
presidência da República. Por lhe ter sido 
solicitado pelos mais altos signatários do 
78
programa republicano, Manuel de Arriaga, 
aceitou o convite, que se veio a transformar 
em realidade devido à sua grande populari­dade 
entre as camadas mais idóneas e até 
mais humildes da Nação. D e facto, o povo 
não se tinha aiiuja esquecido da sua tomada 
de posição frente ao corrupto Mariano de 
Carvalho. 
Apesar de, ao longo do período eleitoral, 
se esperar que o dr. Bemardino Machado al­cançasse 
a vitória no sufrágio, devido ao 
apoio político que o Partido Democrático 
lhe garantia, o certo é que o triunfo perten­ceu 
ao seu opositor, que a 24 de Agosto de 
1911 foi declarado, perante a Nação, como 
o 1.° Presidente da República Portuguesa. 
O dr. Manuel de Arriaga, no acto solene de 
posse da presidência da República, proferiu 
um improviso, cujas linhas programáticas 
ficaram na história: «Hão-de vir para nós os 
que de nós fugiram. Em nome da Pátria e da 
liberdade, aqui estamos para os receber». 
E então chamado a constituir governo o 
notável escritor e revolucionário republica­no 
João Chagas,-cuja administração duraria 
muito pouco tempo, sendo logo substituído 
por Augusto de Vasconcelos, que por sua 
vez acabaria por ceder o lugar ao historiador 
e geógrafo Duarte Leite. Por aqui já se vê a 
instabilidade política existente na época e 
que, aliás, seria proveitosamente criticada 
pelos inimigos do regime, cujo conservado­rismo 
e afecto à Monaquia deposta haveria 
de gerar a guerra civil comandada por Paiva 
Couceiro. 
Mas, apesar desse clima de insegurança 
política, Manuel de Arriaga ainda tentou 
uma solução governativa á margem dos par­tidos, 
porém, não teve sucesso. Com um 
Parlamento onde existia uma oposição 
maioritária, era bastante difícil formar um 
elenco administrativo que não estivesse de 
antemão votado ao fracasso. Portanto, era 
praticamente impossível encontrar uma so­lução 
que agradasse «a gregos e a troianos», 
e a verdade é que, tanto António José de 
Almeida (líder do Partido Evolucionista), 
como Afonso Costa (chefe do Partido De­mocrático), 
não foram bem sucedidos du­rante 
as suas experiências governativas. 
Como reflexo desta desequilibrada vivên­cia 
política, Manuel de Arriaga propôs ao 
Parlamento um acordo partidário, a fim de 
se criar uma maioria capaz de gerar um go­verno 
estável e coerente. Porém, as suas de­sinteressadas 
intenções políticas não soaram 
bem aos ouvidos dos chefes partidários, que, 
ao referido apelo, fizeram orelhas moucas, 
Apercebendo-se de que os agrupamentos 
partidários colocavam acima dos interesses 
da Nação as suas dissenções políticas e as 
suas diferenças ideológicas ou programáti­cas, 
o Presidente da República, redigiu uma 
carta da qual respigamos a seguinte afirma 
ção: «Desde que eu tenha a certeza de que a 
minha substituição não traz prejuízos à nos­sa 
República e á Pátria que estremecemos, 
deporei, reconhecido, nas mãos do Congres 
so, o Poder com que muito me distinguiu e 
honrou». 
Apesar da «partidarite endémica» de que 
enfermava a Primeira República, sempre se 
conseguiu que Bemardino Machado voltas­se 
a assumir o poder, a 10 de Fevereiro de 
1914. Contudo, a 11 de Dezembro ioi pre­terido 
em favor do oficial da armada Vítor 
Hugo de Azevedo Coutinho. As trocas de 
governo eram constantes e a elas já o povo 
se havia acostumado. Porém, surgiu sobre a 
Europa o espectro da Guerra, cujo início ti­vera 
lugar em Agosto de 1 9 1 4 , facto esse 
que, doravante, passava a concentrar as 
atenções, não só do «comum povo» como, 
especialmente, das cúpulas partidárias. 
O desenrolar dos acontecimentos leva­ram 
o presidente Arriaga a procurar saber, 
objectivamente, qual a posição a defender 
perante o conflito armado. Deliberou, en­tão, 
convocar todas as comissões políticas 
dos mais destacados partidos a fim de, con-juntamente, 
se chegar a vias de facto. Toda 
via, mais uma vez, a concórdia política não 
surgiu, pois as opiniões convergiam para 
dois pólos diametralmente opostos: 1.° — 
permanecer na paz, reivindicando um esta­tuto 
de neutralidade perante as hostilidades; 
2.° — declarar guerra à Alemanha, à som­bra 
da aliança luso-britânica. 
Politicamente, a segunda proposta era a 
mais vantajosa, pois levaria aos países da 
79
M anuel d e A rriaga e os ideais republicanos 
M n u eld e Anrnga, um dos patriarcas dn regime republicam,. implantado cm Portuga! cm 1910. forn ece*, «a sua / « to da rida 
familiar, mais dn que uma vez pretexto a reportagens 
Europa e do mundo inteiro a imagem de um 
povo que se batia em defesa da liberdade al­cançada 
com a implantação do novo regime 
— A República. Na verdade, grande parte 
das países monárquicos espalhados pelo glo­bo 
estavam convictos de que a Republica 
80
Portuguesa era «um mal passageiro» e de 
que, com o decorrer dos tempos, a realeza 
voltaria a ocupar o seu posto à frente da Na­ção. 
Daí que alguns deles se recusassem a 
reconhecer o novo regime instaurado na 
pátria lusitana. Portanto, a entrada na guer-ra 
demonstraria o vigor do novo sistema 
político. Efectivamente, assim veio a aconte­cer 
.E 
m Angola as hostilidades germano-lusas, 
mesmo antes de ser declarada a guer­ra 
na Europa, haviam já sido iniciadas nas 
fronteiras ao sul do rio Cunene, onde se ba­tia 
o 1.° Esquadrão dos Dragões do Planal­to, 
chefiado pelo tenente Francisco Xavier 
da Cunha Aragão. A fim de conter a situa­ção, 
o governo português enviou um forte 
corpo expedicionário, comandado pelo te-nente- 
coronel Alves Roçadas, que, ao lado 
dos Dragões de Francisco Aragão, lutaram 
na sangrenta batalha de Naulila. 
O fim dos combates ficou assinalado pe 
Ias inúmeras baixas sofridas de parte a parte 
e pelo aprisionamento de várias dezenas de 
oficiais e praças, entre os quais o próprio 
Francisco Aragão, ferido pelas balas inimi­gas. 
A Guerra Mundial 
e o «Movimento 
das Espadas» 
Como se pode constatar, a agitação mili­tar 
nas colónias era evidente e embora o go­verno 
português não tivesse ainda realizado 
a declaração formal da guerra à Alemanha, 
o certo é que os germânicos não gozavam de 
grande popularidade, não só nas colónias co 
mo na metrópole. E daí que surge o polémi­co 
«Movimento das Espadas», encabeçado 
pelo capitão Martins de Lima, oficial que 
igualmente se tinha distinguido nos aconte­cimentos 
de África. 
Efectivamente, tudo se desenrolou quan­do 
os oficiais do exército resolveram depor 
as suas espadas nas mãos do chefe de Esta 
do, como penhor de fidelidade. Acontece, 
porém, que as intrigas palacianas provoca­ram 
a destituição de alguns oficiais e, inclu­sivamente, 
a prisão de várias patentes da 
quela arma da soberania nacional. Congemi 
nava-se, assim, uma tentativa de golpe de 
Estado. No entanto, os restantes graduados, 
indignados com a actuação dos governantes, 
acorreram ao campo de Santa Clara, onde 
aclamaram o decano do exército, general Pi­menta 
de Castro, conhecido militar que já 
havia sobraçado uma pasta, ao desempenhar 
as funções de ministro da Guerra no gover­no 
de João Chagas. 
Na verdade, Pimenta de Castro, era um 
militar de carreira, afecto ao regime mas 
hostil à desordem social e política que os 
seus compatriotas tinham lançado sobre o 
país. Sendo assim, e agindo segundo a sua 
mentalidade de militar, tomou imediata­mente 
a resolução de publicamente decretar 
a ditadura em Portugal. De facto, a oportu­nidade 
havia surgido com o «Movimento 
das Espadas», cujo desfecho culminou com 
a resolução do Presidente Arriagp de entre­gar 
nas mãos deste militar o futuro da Na 
ção. Convidado a formar governo no dia 23 
de Janeiro de 1 9 1 5 , a sua primeira determi 
nação foi mandar encerrar as câmaras do Se­nado 
e do Parlamento, que, realmente, ha 
viam terminado as suas funções no dia 11 
de Janeiro, aguardando-se, contudo, que a 
efectivação das eleições gerais permitisse a 
sua reabertura a 4 de M arço do mesmo ano. 
Respondendo às imposições arbitrárias 
do novo chefe do Governo, o presidente do 
Senado, general Correia Barreto, e o seu ho 
mónimo da Câmara dos Deputados, dr. M a­nuel 
Monteiro, expressaram ao Presidente 
Arriaga o seu mais vivo repúdio pela atitude 
tomada, exigindo ainda a reabertura das câ­maras 
citadas. Foi-lhe ainda expressado que 
no caso deste se recusar a prosseguir na exe­cução 
das normas democráticas, então pode­ria 
estar ciente de que, doravante, passaria a 
ser considerado como «um presidente no­minal 
que ninguém será obrigado a reco­nhecer 
». Todavia, a impotência do presi 
dente era notória, pelo que Pimenta de Cas 
tro mandou encerrar sine die o Parlamen 
to. E, acto contínuo, declarou a Constitui­ção 
postergada. 
81
Manuel de Arriaga e os ideais republicanos 
As simpatias pdo ideário monárquico 
nào foram dissimuladas pelo primeiro-ministro, 
que a 25 de Abril publica uma 
amnistia sobre o capitão Paiva Couceiro e 
seus soldadas, implicadas na revolta arma­da, 
instigada por aquele oficial em vários 
pontos do País. Perante a afronta de verem 
legalizadas várias sedes do movimento mo­nárquico 
e de ser encerrado o Parlamento, 
os senadores e deputados da República, reu­niram 
se clandestinamente na quinta da 
Mitra, em Santo António do Tojal, onde 
após terem analisado a situação política de 
clararam existir em Portugal uma ditadura 
chefiada pelo general Pimenta de Castro, 
com a conivência do Presidente da Repúbli 
ca. Portanto, o dr. Manuel de Arriaga, pas­sou 
a ser considerado como fora da lei. 
Como reflexo deste movimento oposicio­nista 
á ditadura de Pimenta de Castro, sur­giu 
a ideia de um golpe de estado (prática 
que se tornou corrente durante a Primeira 
República) orientado pelo Partido Democrá­tico 
de Bemardino Machado e Afonso Cos 
ta. Os preparativos começaram a ser estuda 
dos e os aliciamentos no seio das Forças A r­madas 
sucediam-se dia após dia. E assim que 
surgem como cabecilhas do movimento re­volucionário 
os oficiais da Armada Leote do 
Rego e José de Freitas Ribeiro, cuja função 
seria o aprisionamento dos navios de guer­ra. 
Parte do Exército estava também do lado 
dos revoltosos, que, no dia 13 de Maio, usa­vam 
a senha: «Constituição-Liberdade». No 
dia seguinte, o golpe anticastrista era sauda­do 
pelo povo republicano devido ao êxito al­cançado 
na reposição das liberdades demo­cráticas. 
Depois de se ter mandado prender o ge­neral 
Pimenta de Castro, assim como o he­rói 
da Rotunda, Machado Santos, a Junta 
Revolucionária entregou nas mãos de João 
Chagas a missão de formar governo. Infeliz­mente, 
aquele tribuno da República foi im­possibilitado 
de o fazer, pois junto da esta­ção 
de caminho-de-ferro do Entroncamento 
o deputado João de Freitas disparou sobre 
ele vários tiros de pistola ferindo-o com cer­ta 
gravidade. Mas, a ira do povo era tal que 
o fanático deputado foi ali mesmo justiçado 
pelas mãos das populares. 
Assim, em sua substituição foi nomeado 
o dr. José de Castro, que convidou para o 
seu ministério as seguintes individualidades: 
Paulo Falcão, Teixeira de Queirós, Maga­lhães 
Lima, Fernandes Costa, Jorge José Pe­reira, 
Manuel Monteiro e Barros Queiroz. 
A 26 de Maio de 191 5 , o dr. Manuel de 
Arriaga abandonava definitivamente o Pa­lácio 
de Belém, pagando caro a sua determi­nação 
de instaurar a ordem e o sossego na 
organização política do País. Apenas pecou 
na escolha de um militar da estirpe de Pi 
menta de Castro, homem duro e hostil à 
mensagem democrática do «5 de Outubro». 
Terá sido esse o seu maior erro, ao longo de 
uma vida dolorosamente extensa e sempre 
ao serviço do republicanismo português. 
Na presidência da República instalou-se 
então o dèlebre historiador açoriano Teófilo 
Braga, espírito notável das letras e da cultu­ra 
portuguesa. 
Decorridos dois anos após a sua exonera­ção, 
Manuel de Arriaga deixava o mundo 
dos vivos a 5 de Março de 1 9 1 7 ; contava 
77 anos de idade. 
Entre a sua obra literária destacam-se os 
géneros poético, contista e em geral obras 
de carácter sociopolítico. Assim, publicou 
em 1887 o seu primeiro livro intitulado 
«Canto do Pico», seguindo-se depois livros 
como «Contos Sagrados» (1 8 9 9 ), «Irradia­ções 
» (1901), «Harmonias Sociais», este 
considerado pela crítica como o seu mais con­sagrado 
escrito. Mas outros livros foram da­dos 
à estampa, tais como «Renovações His­tóricas 
», «O Sistema Penitenciário», e por 
fim «Na Primeira Presidência da Repúbli­ca 
», onde se encontram compilados os seus 
discursos e alocuções de maior vulto. 
Presentemente, a figura política de M a­nuel 
de Arriaga parece ter sido enjeitada pe­los 
nossos historiadores mais directamente 
ligados à reelaboração da história contempo­rânea 
de Portugal. Penso que ainda hoje não 
se perdoou a este homem a grave fraqueza 
de consentir que o general Pimenta de Cas­tro, 
ditatorialmente, interrompesse o livre 
desenvolvimento da vida democrática alcan­çada 
em 5 de Outubro de 1 910. 
82

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Manuel de Arriaga, a República e o «Movimento das Espadas»

  • 1. N.o 42 Abril de 1982 Preço 50100
  • 2. Propriedade de Publicações P rojorn al, Ld.a D irector de Edições José Carlos de Vasconcelos Adjuntos Manuel Beça Múrias e Pedro Rafael dos Santos D irecção de A dm inistração António Gomes da Costa Henrique Segurado Pavão e José Silva Pinto Secretário-geral Silva Costa Director: Luís Almeida Martins A djunto: Pedro Rafael dos Santos Colaboram neste núm ero: Cesário Borga, Daniel Ricardo, Jorge Custódio, José Carlos Vilhena Mesquita, Lucien Corosi, Orlando Cardoso e Victor Amorim Departam ento Fotográfico: Joaquim Lobo e Inácio Ludgero. Departam ento G ráfico: João Segurado, Jo ­sé Pinto Nogueira, António Martins e Carlos Tavares, com a colaboraçáo de Joaquim de Brito e José Manuel da Nóbrcga. Serviço de Apoio: Maria João Leitão Múrias e Teresa Brás (Documentação), Helena Gar cia (Secretariado). Sede da Redacção e A dm inistração: Ave nida da Liberdade. 232-r/c dt.° — 1200 Lis­boa. Telefones: 574520 / 574593 / 574643. Telex: 18386. Serviços Adm inistrativos e Com erciais: Rua Rodrigues Sampaio, 52, 2." — 1100 Lisboa. Telefones: 40437 / 41260 / 574520 / 574593 / 574643. Delegação no P orto: Redacção e Publicida de. Rua Formosa, 187 1.“ — 4 0 0 0 Porto. Te lef. 384611. Composto na Intergráfica — Publicidade e Ar tes Gráficas. Limitada. Avenida da Liberdade. 232-r/c dt.“ — 1200 Lisboa. Telefones: 574520 / 574593 / 574643. Impresso no « Jornal do Comércio» D istribuição: Dijomal — Distribuidora de Livros e Periódicos, Limitada. Rua Joaquim António de Aguiar, 6 4 , 2.” dt.° 1100 Lisboa. Telefones: 657350 / 657450 / 657870. ( h istó ria) Publicação mensal N.° 42 A bril de 1982 Sumário A crise académica de 1962 D an iel R i c a r d o .............................. 2 O 25 de Abril na Imprensa estrangeira C esário B o r g a ................................ 30 Quem matou Heydrich? Lucien C orosi ................................ 4 0 A era das pontes metálicas Jo rg e Custódio .............................. 4 8 Manuel de Arriaga e a República Jo sé C . V ilh en a M e s q u it a .............. 77 O Amor na Idade Média O rlando C a rd o s o ........................... 83 L iv ro s........................................................ 88 Jogos de Guerra V icto r A m o r im .............................. 91 Noticias .................................................. 9 4 1
  • 3. Manuel de Arriaga eo «Movimento das Espadas» José Carlos Vilhena Mesquita Personalidade relevante, com um carácter antidinástico a todos os títulos notá­vel, Manuel de Arriaga procurou esforçadamente, logo após o 5 de Outubro de 1910, a conciliação de todos os portugueses com o novo regime acabado de implan­tar. A República era encarada, na época, como a «cura de todos os males de que en­fermava a Nação», e esse era o ideal, e a esperança, do velho tribuno republicano. «Tendo passado toda a vida a procurar a República foi procurado por ela para seu Procurador», no Verão de 1911, sendo então eleito como primeiro Presidente da República Portuguesa. Era a justa homenagem prestada ao mais ancião dos re­publicanos. Todavia, a incompreensão dos políticos e o clima de desordem partidá­ria, que se fez sentir com o desmembramento do Partido Republicano Português (PRP), ditaram o seu afastamento da presidência da Nação, depois de ter sido con­siderado traidor e fora-da-lei por destacados vultos da vida política nacional. Vere­mos porquê. Manuel José de Arriaga Brum da Silvei- formatura em Direito, em cuja carreira al-ra era natural da cidade da Horta, (Açores), cançaria elevado êxito. A dignidade de sen-onde, a 8 de Julho de 1 8 4 0 , viu pela pri- timentos e o talento jurídico outorgava-lhe a meira vez a luz do dia. Era filho de Sebastião admiração e amizade dos seus colegas de de Arriaga e D. Maria Antónia Pardal Ra- profissão, companheiros esses que o leva­mos Caldeira de Arriaga. ram a filiar-se no Partido Republicano, que, Descendia duma família faialense de naquela época, se encontrava ainda em fase grandes pergaminhos históricos e de nobre- embrionária. za de sangue. Porém, esses títulos eram in- Continuava a leccionar a cadeira de In­suficientes para garantir a estabilidade eco- glês pelos liceus de Lisboa, quando em nómica da prole, que, em boa verdade, era 1 8 6 6 deliberou candidatar se ao lugar de as-numerosíssima. Daí que Manuel de Arria- sistente à décima cadeira da Escola Politéc-ga, quando se encontrava no continente a nica, a cujo concurso apresentou a tese: estudar advocacia, tenha sentido a necessi- «Sobre a Verdade da Família Humana De-dade de trabalhar no ensino, para poder ga- baixo do Ponto de Vista Económico». Em-nhar a vida e pagar as dívidas contraídas pe- hora se lhe reconhecesse certo valor, acabou los seus afazeres académicos. por ser preterido, obtendo igual sorte no seu Assim, mercê do seu esforço, adquiriu a concurso à cadeira de História do Curso Su- José Carlos Vilhena Mesquita. Licenciado em História. Professor do ensino secundário 77
  • 4. M anuel de Arriaga e os ideais republicanos Manuel de Arriaga fo i o primeiro Presidente da Republica Por tuguesa,funções que exerceu entre 1911 e 1915 perior de Letras. Frustrada a sua ambição de professor no Ensino Superior, nem por isso deixou de se notabilizar no ensino médio, para cuja reforma programática foi convida­do a trabalhar em 1876. A febre política começou então a esquen-tar- lhe o cérebro, tornando-se, doravante, um afanoso defensor do ideário republicano. O seu génio e a sua capacidade oratória vale­ram- lhe a nomeação a tribuno do povo da Madeira, sob cuja representação se apresen­tou ao Parlamento. Os seus ataques à Monarquia proferidos na sala parlamentar, onde permaneceu ao longo de quatro mandatos, levaram-no a ocupar, em 1891, as funções de membro do Directório Político do Partido Republicano, enfileirando ao lado de Jacinto Nunes, Aze­vedo e Silva, Bemardino Pinheiro, Teófilo Braga e Francisco Homem Cristo. Como esgrimista da palavra republicana, notabilizou-se ao proferir nesse ano, e pe­rante os seus colegas deputados, um discur­so intitulado «A Questão de Lunda». Um ano depois, profere o escandaloso ataque contra o dr. Mariano de Carvalho, ao qual deu o profético título de «Começo de Liqui­dação Final». Efectivamente, Arriaga havia proposto ao Parlamento que se acusasse o ex ministro da Fazenda da responsabilidade económica sobre os empréstimos de dinhei-ros do Estado, por ele cedidos a sociedades particulares, cujo montante seria suficiente para reduzir a dívida flutante do Estado para cerca de metade. Acontece que essas cedências de capitais nacionais haviam sido feitas sem prévio co­nhecimento do Governo, o que constitui uma afronta à Nação portuguesa. Assim, lançava Manuel de Arriaga mais um escân­dalo económico, demonstrando ao País o quanto a Monarquia era um regime corrup­to. Aliás, o avolumar da impopularidade do sistema, tinha já sido posta à prova em 31 de Janeiro de 1 8 9 1 , quando, no Porto, se fazia a primeira tentativa para a implantação da República. Quando a República, finalmente, o sur­preendeu na pacatez do seu trabalho literá­rio, poético e filosófico, achou que os seus 70 anos de idade eram demasiado pesados para lhe possibilitarem a defesa de um cargo público à altura do seu prestígio político. Todavia, o povo não entendeu assim e ao vê-lo passar no Terreiro do Paço, numa al­tura em que a Revolução era já um facto consumado, lembraram-se que aquele ve­lho, cansado de tanto batalhar contra a di­nastia dos Braganças, merecia agora o seu justo prémio. Daí, a razão do seu triunfo aos ombros do povo, que, no maior júbilo, exi­giu a nomeação do velho democrata para o cargo de Procurador da República. A Presidência da República aos 70 anos Assim, quando em 1911 se procedia aos preparativos das eleições presidenciais, ocorreu a António José de Almeida a ideia de solicitar ao ancião republicano a permis­são de apresentar a sua candidatura para a presidência da República. Por lhe ter sido solicitado pelos mais altos signatários do 78
  • 5. programa republicano, Manuel de Arriaga, aceitou o convite, que se veio a transformar em realidade devido à sua grande populari­dade entre as camadas mais idóneas e até mais humildes da Nação. D e facto, o povo não se tinha aiiuja esquecido da sua tomada de posição frente ao corrupto Mariano de Carvalho. Apesar de, ao longo do período eleitoral, se esperar que o dr. Bemardino Machado al­cançasse a vitória no sufrágio, devido ao apoio político que o Partido Democrático lhe garantia, o certo é que o triunfo perten­ceu ao seu opositor, que a 24 de Agosto de 1911 foi declarado, perante a Nação, como o 1.° Presidente da República Portuguesa. O dr. Manuel de Arriaga, no acto solene de posse da presidência da República, proferiu um improviso, cujas linhas programáticas ficaram na história: «Hão-de vir para nós os que de nós fugiram. Em nome da Pátria e da liberdade, aqui estamos para os receber». E então chamado a constituir governo o notável escritor e revolucionário republica­no João Chagas,-cuja administração duraria muito pouco tempo, sendo logo substituído por Augusto de Vasconcelos, que por sua vez acabaria por ceder o lugar ao historiador e geógrafo Duarte Leite. Por aqui já se vê a instabilidade política existente na época e que, aliás, seria proveitosamente criticada pelos inimigos do regime, cujo conservado­rismo e afecto à Monaquia deposta haveria de gerar a guerra civil comandada por Paiva Couceiro. Mas, apesar desse clima de insegurança política, Manuel de Arriaga ainda tentou uma solução governativa á margem dos par­tidos, porém, não teve sucesso. Com um Parlamento onde existia uma oposição maioritária, era bastante difícil formar um elenco administrativo que não estivesse de antemão votado ao fracasso. Portanto, era praticamente impossível encontrar uma so­lução que agradasse «a gregos e a troianos», e a verdade é que, tanto António José de Almeida (líder do Partido Evolucionista), como Afonso Costa (chefe do Partido De­mocrático), não foram bem sucedidos du­rante as suas experiências governativas. Como reflexo desta desequilibrada vivên­cia política, Manuel de Arriaga propôs ao Parlamento um acordo partidário, a fim de se criar uma maioria capaz de gerar um go­verno estável e coerente. Porém, as suas de­sinteressadas intenções políticas não soaram bem aos ouvidos dos chefes partidários, que, ao referido apelo, fizeram orelhas moucas, Apercebendo-se de que os agrupamentos partidários colocavam acima dos interesses da Nação as suas dissenções políticas e as suas diferenças ideológicas ou programáti­cas, o Presidente da República, redigiu uma carta da qual respigamos a seguinte afirma ção: «Desde que eu tenha a certeza de que a minha substituição não traz prejuízos à nos­sa República e á Pátria que estremecemos, deporei, reconhecido, nas mãos do Congres so, o Poder com que muito me distinguiu e honrou». Apesar da «partidarite endémica» de que enfermava a Primeira República, sempre se conseguiu que Bemardino Machado voltas­se a assumir o poder, a 10 de Fevereiro de 1914. Contudo, a 11 de Dezembro ioi pre­terido em favor do oficial da armada Vítor Hugo de Azevedo Coutinho. As trocas de governo eram constantes e a elas já o povo se havia acostumado. Porém, surgiu sobre a Europa o espectro da Guerra, cujo início ti­vera lugar em Agosto de 1 9 1 4 , facto esse que, doravante, passava a concentrar as atenções, não só do «comum povo» como, especialmente, das cúpulas partidárias. O desenrolar dos acontecimentos leva­ram o presidente Arriaga a procurar saber, objectivamente, qual a posição a defender perante o conflito armado. Deliberou, en­tão, convocar todas as comissões políticas dos mais destacados partidos a fim de, con-juntamente, se chegar a vias de facto. Toda via, mais uma vez, a concórdia política não surgiu, pois as opiniões convergiam para dois pólos diametralmente opostos: 1.° — permanecer na paz, reivindicando um esta­tuto de neutralidade perante as hostilidades; 2.° — declarar guerra à Alemanha, à som­bra da aliança luso-britânica. Politicamente, a segunda proposta era a mais vantajosa, pois levaria aos países da 79
  • 6. M anuel d e A rriaga e os ideais republicanos M n u eld e Anrnga, um dos patriarcas dn regime republicam,. implantado cm Portuga! cm 1910. forn ece*, «a sua / « to da rida familiar, mais dn que uma vez pretexto a reportagens Europa e do mundo inteiro a imagem de um povo que se batia em defesa da liberdade al­cançada com a implantação do novo regime — A República. Na verdade, grande parte das países monárquicos espalhados pelo glo­bo estavam convictos de que a Republica 80
  • 7. Portuguesa era «um mal passageiro» e de que, com o decorrer dos tempos, a realeza voltaria a ocupar o seu posto à frente da Na­ção. Daí que alguns deles se recusassem a reconhecer o novo regime instaurado na pátria lusitana. Portanto, a entrada na guer-ra demonstraria o vigor do novo sistema político. Efectivamente, assim veio a aconte­cer .E m Angola as hostilidades germano-lusas, mesmo antes de ser declarada a guer­ra na Europa, haviam já sido iniciadas nas fronteiras ao sul do rio Cunene, onde se ba­tia o 1.° Esquadrão dos Dragões do Planal­to, chefiado pelo tenente Francisco Xavier da Cunha Aragão. A fim de conter a situa­ção, o governo português enviou um forte corpo expedicionário, comandado pelo te-nente- coronel Alves Roçadas, que, ao lado dos Dragões de Francisco Aragão, lutaram na sangrenta batalha de Naulila. O fim dos combates ficou assinalado pe Ias inúmeras baixas sofridas de parte a parte e pelo aprisionamento de várias dezenas de oficiais e praças, entre os quais o próprio Francisco Aragão, ferido pelas balas inimi­gas. A Guerra Mundial e o «Movimento das Espadas» Como se pode constatar, a agitação mili­tar nas colónias era evidente e embora o go­verno português não tivesse ainda realizado a declaração formal da guerra à Alemanha, o certo é que os germânicos não gozavam de grande popularidade, não só nas colónias co mo na metrópole. E daí que surge o polémi­co «Movimento das Espadas», encabeçado pelo capitão Martins de Lima, oficial que igualmente se tinha distinguido nos aconte­cimentos de África. Efectivamente, tudo se desenrolou quan­do os oficiais do exército resolveram depor as suas espadas nas mãos do chefe de Esta do, como penhor de fidelidade. Acontece, porém, que as intrigas palacianas provoca­ram a destituição de alguns oficiais e, inclu­sivamente, a prisão de várias patentes da quela arma da soberania nacional. Congemi nava-se, assim, uma tentativa de golpe de Estado. No entanto, os restantes graduados, indignados com a actuação dos governantes, acorreram ao campo de Santa Clara, onde aclamaram o decano do exército, general Pi­menta de Castro, conhecido militar que já havia sobraçado uma pasta, ao desempenhar as funções de ministro da Guerra no gover­no de João Chagas. Na verdade, Pimenta de Castro, era um militar de carreira, afecto ao regime mas hostil à desordem social e política que os seus compatriotas tinham lançado sobre o país. Sendo assim, e agindo segundo a sua mentalidade de militar, tomou imediata­mente a resolução de publicamente decretar a ditadura em Portugal. De facto, a oportu­nidade havia surgido com o «Movimento das Espadas», cujo desfecho culminou com a resolução do Presidente Arriagp de entre­gar nas mãos deste militar o futuro da Na ção. Convidado a formar governo no dia 23 de Janeiro de 1 9 1 5 , a sua primeira determi nação foi mandar encerrar as câmaras do Se­nado e do Parlamento, que, realmente, ha viam terminado as suas funções no dia 11 de Janeiro, aguardando-se, contudo, que a efectivação das eleições gerais permitisse a sua reabertura a 4 de M arço do mesmo ano. Respondendo às imposições arbitrárias do novo chefe do Governo, o presidente do Senado, general Correia Barreto, e o seu ho mónimo da Câmara dos Deputados, dr. M a­nuel Monteiro, expressaram ao Presidente Arriaga o seu mais vivo repúdio pela atitude tomada, exigindo ainda a reabertura das câ­maras citadas. Foi-lhe ainda expressado que no caso deste se recusar a prosseguir na exe­cução das normas democráticas, então pode­ria estar ciente de que, doravante, passaria a ser considerado como «um presidente no­minal que ninguém será obrigado a reco­nhecer ». Todavia, a impotência do presi dente era notória, pelo que Pimenta de Cas tro mandou encerrar sine die o Parlamen to. E, acto contínuo, declarou a Constitui­ção postergada. 81
  • 8. Manuel de Arriaga e os ideais republicanos As simpatias pdo ideário monárquico nào foram dissimuladas pelo primeiro-ministro, que a 25 de Abril publica uma amnistia sobre o capitão Paiva Couceiro e seus soldadas, implicadas na revolta arma­da, instigada por aquele oficial em vários pontos do País. Perante a afronta de verem legalizadas várias sedes do movimento mo­nárquico e de ser encerrado o Parlamento, os senadores e deputados da República, reu­niram se clandestinamente na quinta da Mitra, em Santo António do Tojal, onde após terem analisado a situação política de clararam existir em Portugal uma ditadura chefiada pelo general Pimenta de Castro, com a conivência do Presidente da Repúbli ca. Portanto, o dr. Manuel de Arriaga, pas­sou a ser considerado como fora da lei. Como reflexo deste movimento oposicio­nista á ditadura de Pimenta de Castro, sur­giu a ideia de um golpe de estado (prática que se tornou corrente durante a Primeira República) orientado pelo Partido Democrá­tico de Bemardino Machado e Afonso Cos ta. Os preparativos começaram a ser estuda dos e os aliciamentos no seio das Forças A r­madas sucediam-se dia após dia. E assim que surgem como cabecilhas do movimento re­volucionário os oficiais da Armada Leote do Rego e José de Freitas Ribeiro, cuja função seria o aprisionamento dos navios de guer­ra. Parte do Exército estava também do lado dos revoltosos, que, no dia 13 de Maio, usa­vam a senha: «Constituição-Liberdade». No dia seguinte, o golpe anticastrista era sauda­do pelo povo republicano devido ao êxito al­cançado na reposição das liberdades demo­cráticas. Depois de se ter mandado prender o ge­neral Pimenta de Castro, assim como o he­rói da Rotunda, Machado Santos, a Junta Revolucionária entregou nas mãos de João Chagas a missão de formar governo. Infeliz­mente, aquele tribuno da República foi im­possibilitado de o fazer, pois junto da esta­ção de caminho-de-ferro do Entroncamento o deputado João de Freitas disparou sobre ele vários tiros de pistola ferindo-o com cer­ta gravidade. Mas, a ira do povo era tal que o fanático deputado foi ali mesmo justiçado pelas mãos das populares. Assim, em sua substituição foi nomeado o dr. José de Castro, que convidou para o seu ministério as seguintes individualidades: Paulo Falcão, Teixeira de Queirós, Maga­lhães Lima, Fernandes Costa, Jorge José Pe­reira, Manuel Monteiro e Barros Queiroz. A 26 de Maio de 191 5 , o dr. Manuel de Arriaga abandonava definitivamente o Pa­lácio de Belém, pagando caro a sua determi­nação de instaurar a ordem e o sossego na organização política do País. Apenas pecou na escolha de um militar da estirpe de Pi menta de Castro, homem duro e hostil à mensagem democrática do «5 de Outubro». Terá sido esse o seu maior erro, ao longo de uma vida dolorosamente extensa e sempre ao serviço do republicanismo português. Na presidência da República instalou-se então o dèlebre historiador açoriano Teófilo Braga, espírito notável das letras e da cultu­ra portuguesa. Decorridos dois anos após a sua exonera­ção, Manuel de Arriaga deixava o mundo dos vivos a 5 de Março de 1 9 1 7 ; contava 77 anos de idade. Entre a sua obra literária destacam-se os géneros poético, contista e em geral obras de carácter sociopolítico. Assim, publicou em 1887 o seu primeiro livro intitulado «Canto do Pico», seguindo-se depois livros como «Contos Sagrados» (1 8 9 9 ), «Irradia­ções » (1901), «Harmonias Sociais», este considerado pela crítica como o seu mais con­sagrado escrito. Mas outros livros foram da­dos à estampa, tais como «Renovações His­tóricas », «O Sistema Penitenciário», e por fim «Na Primeira Presidência da Repúbli­ca », onde se encontram compilados os seus discursos e alocuções de maior vulto. Presentemente, a figura política de M a­nuel de Arriaga parece ter sido enjeitada pe­los nossos historiadores mais directamente ligados à reelaboração da história contempo­rânea de Portugal. Penso que ainda hoje não se perdoou a este homem a grave fraqueza de consentir que o general Pimenta de Cas­tro, ditatorialmente, interrompesse o livre desenvolvimento da vida democrática alcan­çada em 5 de Outubro de 1 910. 82