O documento discute o primeiro jornal publicado no Algarve, chamado "Chronica do Algarve", e data a sua publicação em 15 de Julho de 1833. No entanto, o autor argumenta que este não deve ser considerado o primeiro jornal da região, exibindo como prova o único exemplar conhecido, que na verdade é apenas um prospecto. O autor aponta "O Popular Jornal do Algarve", publicado em 1847, como o primeiro jornal verdadeiro da região.
2. «CHRONICA DO ALGARVE»
TERÁ SIDO O PRIMEIRO JORNAL ALGARVIO?
JOSÉ CARLOS VILHENA MESQUITA
RESUMO
Após se ter comemorado, em data errada, os 150 anos da imprensa
algarvia, haverá que definir objectivamente qual terá sido o primeiro jornal
algarvio. Aponta-se como pioneiro o bissemanário «Chronica do Algarve»,
presumivelmente nascido a 15 de Julho de 1833, aquando das invasões
liberais comandadas pelo Duque da Terceira. Todavia, o autor de sta comunicação
discorda dessa afirmação exibindo como prova o único exemplar que
se conhece e que não p assa de um simples prospecto.
Mas, o primeiro jornal algarvio, na verdade acepção da palavra, que
será igualmente exibido aos congressistas, teve por título «O Popular Jornal
do Algarve», do qual se publicaram pelo menos 30 números durante o ano
de 1847.
Será ainda focada a recente instalação na Universidade do Algarve de
uma Hemeroteca, cujo valioso espólio foi doado pelo dr. Mário Lyster Franco.
Por fim, o autor anunciará para breve a publicação de uma História da
Imprensa Algarvia, apontado desde já para a preservação dos espécimes
mais antigos, assim como dos boletins paroquiais ou camarários, órgãos de
associações laborais, estudantis, desportivas, culturais e outras que se
publicaram em toda a província. Neste contexto o autor apela à ajuda de
todos para o enriquecimento da «monumental» Hemeroteca da Universidade
do Algarve.
Tem sido preocupação constante, não só dos historiadores como de
outros investigadores afectos às várias ciências humanas e sociais, a persisten
te pesquisa das origens, causas ou raízes dos eventos que de algum
modo marcaram o curso da História ou o desenvolvimento bio-sócio-económico
da Humanidade. Ora, acontece que a comunicação através do registo codificado
da mensagem se considera, depois da invenção do fogo, como o
passo mais gigantesco da História do Homem pois permitiu às diferentes
Civilizações e Estados manter um diálogo sincrónico com múltiplos e variados
espaços, circunstância essa que no futuro acabaria por se transformar
num testemunho diacrónico do seu próprio motus vivendi dirigido aos
vindouros de outras eras e culturas. Assim nasceu a História, assim se
desenvolveu a Arqueologia e assim floresceu o gosto pela Arte e por tudo
quanto fizesse reviver o passado.
3. Os jornais e o jornalismo são o fruto dessa preocupação de comunicar
sincronicamente com a sociedade e, em certa medida, se pode considerar
o templo de Karnak como o maior e mais vasto jornal de todos os tempos.
Nessa lítica página da História a noção de p resente não existe e a realidade
é unicamente o passado. Daí os jornais terem uma vida efémera gerada
pela constante mutação da actualidade. No entanto, são esses insignificantes
jornais, que desprezivelmente lançamos no lixo, a fonte basilar da
história do nosso tempo.
Depressa o Homem sentiu a necessidade de inventar um processo de
comunicação fácil e inteligível, que se pudesse manusear, transportar e,
sobretudo, adquirir a um preço acessível a todas as bolsas. Assim, mercê
da invenção dos caracteres móveis de Gotemberg, nasceu o jornal, folha
volante primeiramente fantasioso e folhetinesco, mas que a breve a trecho
se transformaria num interessante caderno noticioso e formativo.
Todavia, a origem e o processo de desenvolvimento da noção jornal/
/informação foi b a stan te lento. As suas raízes remontam à antiga Roma. Aí
se conheceram vários órgãos oficiais e particulares, testemunhadores da
vida político-sócio-económica da mais poderosa potência militar do mundo
mediterrânico. Desde os «Anais Máximos», que relatavam os acontecimentos
em que se envolviam os Cônsules, passando pelo «Comentário Diurno»,
instituindo por Augusto para tornar públicos os sucessos da corte imperial,
terminando nas «Actas Senatus», órgão oficial do Senado, e nas famosas e
populares «Actas Diurnas», fundadas por Marco Aurélio, cujos «diurnari»,
os primeiros jornalistas de toda a história da imprensa, davam a conhecer
ao povo os feitos militares das ligiões, as lutas dos gladiadores, os decretos
imperiais e até as notícias de casamentos, divórcios, falecimentos, e spe ctáculos,
etc. Diz-se mesmo que Cícero e Plínio onde quer que estivessem,
não dispensavam a leitura destes jornais manuscritos que, em boa verdade,
eram os que entre todos mais se assemelhavam aos periódicos do nosso tempo.
Curiosamente, seria na Itália que se desenvolvera o gosto pela informação
actualizada e logicamente pelo jornalismo. Foi então que surgiu na
cidade de Veneza as «Notizie Scritte», também denominadas «Goglietti
d'avisi», cujos principais informadores ou correspondentes eram os marinheiros
que percorrendo as cidades mediterrânicas da Europa, da África e da
Ásia traziam consigo, muito que contar sobre guerras, mercados, pestes,
t/adições, monstros, lendas, etc. A título de curiosidade acrescentaremos
que esses jornais manuscritos eram alugados por uma moeda, de relativo
valor, popularmente designada por «gazeta». Pouco depois o nome da
moeda transformar-se-ia em título de jornal. A partir do século XVI, com o
desenvolvimento das técnicas de impressão, iria nascer o gosto pelos jornais
e o jornalismo sagrar-se-ia numa arma importante e b a stan te respeitada
4. pelos próprios órgãos do poder que amiudadas vezes se serviam deles para
tornar públicas não só as determinações reais como ainda as ameaças
militares ou económicas das potências estrangeiras. Em Portugal, por exemplo,
durante o domínio napoleónico publicaram-se imensas folhas, grande
parte delas clandestinamente, exortando o povo à rebelião e lançando
mesmo vários boatos que em certas localidades motivaram algumas escaramuças
contra a ocupação estrangeira. Daí para a frente os jornais tornaram-
-se num objecto quotidiano de grande impacto social mercê do desenvolvimento
do aparelho escolar e dos meios de comunicação. Também a vida
político-partidária, que intensamente se vivia na capital, contribui em grande
parte para a incontrolável inflação jornalística a que assistiram os vintistas,
cartistas, setembristas, cabralistas e regeneradores.
Mas a idade de oiro da imprensa portuguesa desenvolveu-se na segunda
metade de Oitocentos, marcada até certo ponto pelo aparecimento dos
primeiros diários com recursos próprios e especificadamente informativos,
como foi o caso de «O Jornal do Comércio e das Colónias» (1852) e do
«Diário de Notícias» (1864).
Mas ainda antes de nascer este tipo de jornal/informação eram correntes
os jornais jocosos, político-satíricos, polemistas, oficiais, militares, etc. É
deste último género o primeiro jornal que se publicou no Algarve. Chamava-
-se «Chronica do Algarve», nasceu por ocasião da Invasão do Algarve pelas
tropas do Duque de Terceira e publicou-se no dia 15 de Julho de 1833. No
entanto, sobre a legitimidade de se considerar este jornal como o primeiro
que no Algarve se deu à estampa falaremos mais adiante.
Efectivamente, muito se falou e muito se escreveu acerca dos 150 anos
da imprensa algarvia, cujo aniversário se comemorou no ano transacto.
Porém, tudo quanto até ao momento se disse sobre este assunto não é
correcto e enferma de má informação. Na verdade, todos os artigos e
notícias que se referiram ao aniversário da imprensa e, especialmente, à
publicação da «Chronica do Algarve», tiveram por única e exclusiva fonte
de informação o trabalho do cap. Vieira Branco, intitulado Subsídios para
a História da Imprensa Algarvia de 1833 aos nossos dias (1938).
Acontece, porém, que o livro do cap. Vieira Branco começou por ser
mais uma das suas brilhantes secções de carácter histórico-cultural, igual
a muitas outras que deixou publicadas nas colunas do «Correio do Sul»,
no «Diário do Algarve», no «Correio Algarvio», etc. Por conseguinte, tratavam-
-se de artigos de jornais sem grandes preocupações de correcção ou de
rigor histórico. Aliás, grande número das informações neles incluídas foram-
-lhe facultadas por terceiros, tendo algumas delas como único fundamento
apenas fugazes recordações de amigos mais velhos ou dos seus próprios
tempos de infância.
5. Por outro lado, as dificuldades de consultar as colecções completas da
maioria desses jornais levou-o a cometer a imprevidência de imaginar certas
e determinadas conclusões, das quais resultariam imperdoáveis equívocos.
Por conseguinte, embora se trate de uma obra de inegáveis méritos devemos,
contudo, aconselhar os seus consultores a confirmarem todas as informações
nele contidas, pois que é rara a noticia que não contém omissões, gralhas,
confusões, equívocos e, por vezes, até incongruências, o que é mais grave
ainda. Em suma, o livro do cap. Vieira Branco não é uma fonte de inteira
confiança.
Não obstante isso, desconhecendo os perigos que corriam, todos os
jornais que a esta, antecipada, comemoração se associaram, não fizeram
mais do que verter por outras palavras os informes do cap. Vieira Branco,
acabando deste modo, por repetir os mesmos disparates, sem contar já
com aqueles que tiveram o descaramento de nem sequer citar a fonte a
que recorreram, o que, francamente, achamos inadmissível e desleal.
Convém acrescentar que a melhor fonte para se estudar a história da
imprensa portuguesa pertence ao jornalista e esforçado investigador António
Xavier da Silva Pereira que redigiu um extenso Diccionano Jornalístico
Portuguez em 4 tomos que entregou à Academia das Ciências de Lisboa
para ser publicado, mas que, por razões várias, permanece ainda inédito
na Biblioteca daquela instituição na secção de Reservados, manuscrito n.°
447, azul. A sua área de acção vai desde 1825, com a publicação da Relação
Universal do que sucedeu em Portugal e mais províncias do Ocidente e
Oriente, até 19 de Outubro de 1889, da ta do falecimento de D. Luiz I, sendo
o último jornal O Puritano, afecto ao partido regenerador da vila de Almada.
E obra de extraordinário interesse e de fundamental consulta.
Todavia, relativamente «Chronica do Algarve», muito embora o autor
a considere ultra-raríssima e afirme que apenas vira o n.° 1, o certo é que
dela dá como data de publicação o dia 15 de Junho de 1833, o que é
manifestamente errado. Contudo, posso perfeitamente admitir que a justificação
de sta falha se tenha ficado a dever a ulteriores informações colhidas,
talvéz, no relatório do leilão executado em Abril de 1890 da livraria do
desembarcador da Relação do Porto, sr. Manuel Francisco Pereira de Sousa,
que era detentor do único exemplar conhecido da «Chronica do Algarve».
Contudo, a síntese que elabora das notícias inseridas no jornal, apesar de
correcta, é manifestamente incompleta e curiosamente nos informes de
Xavier Pereira transparece uma certa insegurança motivada pelo facto de
a data daquele periódico não se coadunar com o relato dos eventos que já
eram dados como passados, o que se tornava num contrasenso. Creio, muito
sinceramente, que se Xavier Pereira tivesse visto a «Chronica do Algarve»
ou conhecesse o seu arrematante tudo faria para desfazer este equívoco,
298
6. ftumero jv Anno 18 .'7.
JORNAL DO ALGARVE. V- ■ •
Quarla-íoira .‘Jl tlc; ÍMíiivo.
Parte Oflicial.
* l c lu $ O jJ t c i í f c s d a J u n l a U ^ v c i i t u l i i t a
do sJlj(rve.
j Y J u n t a Go v e rn a l iv a do Alg a rv e a l te n d e n -
do a q u e a e s cac ee d a colhe i ta p a s s ad a e a n
• x l ra ordina r ia s c i r c u n s t a n c i a s , ei)i q u e ha
diui lo bç acha o P a i z , lo riia iu dií ficullo sô a
*olu<;£o tolul da» divida s o c o n t r ib u iç õ e s do
ft£»tado; e a t le n d e n d o a q u e essa» mes'uias
c i r c u n s ta n c ia s re c lamam acobran«;a p i lm n e -
no> parcial (Tess»** romliniuiiUtif í-J I ii |)i)r bom
« t u t e l a r o «eguiule.
A r t i g o I.*—— Exigir-sç.-ha doH.collecta-áos
n a d e c ima e impomos a n imx o s , o dc
^ u a e s q u e r o u t r o s d ev e d o re s «lo l i s t a d o , t-ó-me
n te a am e t a d e da imp o r ta n c ia d e tu a s
col lectas ou d iv id a s , relat ivas a um só anno
« c o n omic o , sendo- lhe s c omlu d u facu l tad o o
p ag ame n to total d« seus deb i (o i> ou do q u e
«piizerem i a lU f a z o r alvSm tio q u e lhes á e x i gido.
Art. t . ‘ -----Q* col loclado* e 'd e v e d o r e s
s er io imnie«l ialam«nte in t ima d o s p a r a p a g a rem
no p r a z o d e t r e a dias* impi orogav««is
«i soinma t , a quo ficaip o b r ig a d o s pelo a r tigo
an te c e d e iu d .
Art. 3 -----O* qun p a g a r em independeu*
UMiienUt «I inl ima rAo g-nsnrfífl, pelo q u e res-piMlâ
Á* quant ja6 q u e cntr«,*^nn*m , do Imno"
Ãoio cçn s ig n ad o no D ç c r e l o d'tf*ta J u n t a , de
IJ de J a n e i r o pLOiimo p a s s a d o , s em .»paga-
(uouto do cus tua ou umoluinentQ* nlfluns.'
único, —r— Gosarárt do íue.-tmo }»ene-flcio,
mas c om p a g ame n to «la* c om p e t e n t e s
, ou cullu ti tado*. ou dcyeJoret» , que
p r u r em d e n t i o «I» p r a t o uia rcado no açligo
*jiUçed«nl*
Ar t - i. " -----Os q u e nAo p a g a r em no rn
ferido p r a s o p e rd e r ã o todo o d i r e i to ao bo
nelie io, de que t r a ta o me n c io n ad o De c iv lo ,
e ser.To p rô /o s o c o n s e rv a d o s na C a d e ia aU
plona *oly«,;o do p r inc ipal e cuslas»
Ar t . 5.' -——No a c to do p a g ame n to so
e n t r e g a r ã a c a d a um dos co n t r ib u in t e s ou
dev e d o re s um r e c ib o inter ino «la imp o r tan c ia
q u e s a lU f i r e r , as s ignudo p«*lo R e c e b e d o r e
Admin i s t r a d o r do Concidlio K ^ p c c t i v o s , lan*
ç ando-se no ver*o «lo c o n h e c ime n to a deela* .
r a ç . lo d a im p o r t a n c i a , «pm fica >atislV»ita.
Ar t . tí.* —— Oa Km p r e ç a d o s Publico*
q u e se r e c u s a r em ao c um p r ime n to d ’ e*te
D e c r e t o , ser3o infuli vqI in«>n t e «lemii lidos ,
incor rer itò na pena tio pri^Ao d e d ez a t é trin»
ta «lias, «* pagar«U1 uma mu l ta d e cimio a t j
cincoiMila mli reis.
§. I.* N a me sma mule ta incorrera:! op
qu e por q u a l q u e r forma induz i rem os Cida -
«Ro s . a. q tm n/to pag u e u i o q u e d e v em àK a -
zqinla iNacioual.
§. 2.' As p e n a s c om p r e h e n d i d a s no pro*
souto Artig ti s e n t o imp o r ta s em J u iz o «lo l*o
licia CuiTufcio iia l.
A r t . 7 . ’ —— P a r a fiol e x e c u ç ã o iT e s l a s d i
p o s i ç õ e s ' ' ó c ç iu d o um ' ICmp r e g a d o S u p e r i o r
r i s c a i , q u o e x e r c e r ; l ' erti lo«lo*o Di s l i ici«» a*
at i ri b u i r d e s n e c e s s á r i a s p a r a so c o n s e g u i r o
p y g n rm m lo «los r«»n«limonln ,• «lo f ^ l a t l o e m
coii fuPiniilmb? c om o r i i s p o s lu n u pi«*>enle He
Cl «rio ; e x e r c e n d o a l ém «Ti t io o d i r e i t o d ç su*
p c r i n i e n d c r s o b r e t o d a s a s R e p a r t i ç õ e s l'is*
c a o s , c u jo s R u i f v e g a d o * Ihe-o b e« lo c« u á0 co^i^
a m a i o r p o n « ' lu a l id a d o .
unico. N em as Al fândega s d 'e s la Pio»
v imt ia . riem os- Kmp r eg a í lo j d a s incsnias s;lo
«.omprohendidos nas «li^posi^òtM «11 «tsle D r
c r e t o .
7. ",»tr Prlod»ro
írtfa»,'»
s»bb»doft.'.
Ctifli *40 trjt rfl(Ja
fu«nrfo.' r .Supple*
• nr n i o £ 0 i c i » • cudo
fie tj um rio.
CHRONICA DO ALGARVE.
o -*C « ±
........................ .-O Iramumplo reduiido
Jíin pequeno volume uquit e dou
Do inundo aoi olboi teui, par* que vejat
J ’oi onda v i l , o que d«»ejai.
L d»i »d. C art. X . O it 79.
bEOU.NDA FHI I IA 15 DK JU L H O L>£ 1833. N. I
j u i o s p j e c t o .
E u f K f B iD ó í em def e n d e r • C a u t a d a
Ho n r a , « d a Legil imi d ade d o Tl i ro n o ,
e d a» L i l w r d a d e t P a l r i j » , linje f e lmn e n -
t e' e n l a l a ç a do» ein eHi e i t o v i n c u l o ;
<■ « oj comb a t e r pei to • j i f i i o . t c om o
i t t t íificio d e i i o i t o i b*vefpi t a n c e g o ,
e v id a (*fue Contente» havemos e i p o » -
to^íe.Tipre ‘q u »• o exi g a t> l>ero d a l ’a -
trr») a Diai» d e t a l o r f i d a e alei vosa u*ur-p&
çã t ^ qu e a t e fagora vio o mu n d o civi»
l l tado , não p o d emo s , apeza r d a n o n a
ioruíficiencia , n r u n r - n o i -ao convi t e
que noi faZ’-iifi> P a l r i o t a , ama n t e d a
Ujesroa jm t a C a m a , > i g u a lment e de d i ca
do b «-lia de*dp - o p r in c i p i o d a emi -
g i * ç ã o ( d e Concnrrrr*njr>« c om o p e qu e no
- c abe d a l de f i ono t debei i f o r ç a iÀ r ed
a c ç ã o de uru Jí rriodico em que o até h o je
« p p r iu i i d o , ma i ( empr e fiel 1’o v o d e » -
teOíeino leia iioi -soccenoi do dia o
pip^rauo 'da tueim» bani» Causa, ta>
q o » -«‘t p ò n U n e a t u e o l e »e - emp e n h o u *
«Júdnr noi.
1 D i r em o i c o m a i n j e n u i d a d e ' p r a p r i *
d e l i um v e r d a d e i r o l i b e r a l t u d o o q u e
o e d o r r e r d e - . ( l o l a v e l 'na» o p e r a ç õ e » d a
K i p e d i ç ã o , d e r t i n a d a a q u e b r a r a t a l -
f r t i i a t , q u e . r o a o i a l a v i o o i pulso» d o t
f i e i » _ P or l u j ; ue z e« n e i l e I t e i n o , e p r o v í n c
i a l im i l r o p b e ; • n a a inge l a n a r r a ç ã o
d o n o n o d e s e m b a r q u e , e r u a r e b a g l o -
Tioi a d e n oma » T r o p a » , v e r ã o a» na ç õ e s
c u h a t d a K u r o p a d e f i n i t i v ame n t e r es ol v
i d a a - q u e s l ã o , q u e l e p e t l e n d i a o b s c u r
e c e r , o u l o m a r o m b i g u a , i i l o be — t e
t > P o r t u g a l q u e r o u n ã o a 1 l a i n h a e a
C a r l a — e t e " bei ja o» g r i l bõ e » d o d e i -
p o t i tm o , o u l u i p i r a p e l o f e l i t , d i a , e o i
q u e p o n a a r r o j a - l o » p « r a l o n g e , s u b s t i t
u i n d o - l h e o g o v e r n o d a Lei e d a J n s t i »
Ça. - A n o n a - rode p e n n a d e i x a r á t a l r e f
{ n ã o p o r f a l t a d e v o n t a d e , t r a i »ó -d»
t a l e n t o ) d e a p r e c i a r d e v i d am e n t e a g l o -
Ilo»B p a r l a , «ju« t t o ^ e i u ; j U l l l u . u » U i t ^
300
8. o que na verdade, não aconteceu. Daí, concluir, com algumas reticências
que Xavier Pereira nunca viu aquele jornal, embora sobre ele recebesse,
talvez de fonte digna de todo o crédito, as informações contidas no seu
inédito e precioso Dicionário Jornalístico.
Por sua vez, o cap. Vieira Branco baseando-se nos conhecimentos daquele
emérito investigador, acabou por cometer os mesmos erros, apenas com a
agravante de procurar justificar o desfazamento das da ta s com razões
perfeitamente irreais e totalmente inadmissíveis para um homem da sua
ilustração.
Nesta conformidade, os órgãos da imprensa regional e da grande imprensa
diária procederam indevidamente no dia 15 de Junho do ano passado às
comemorações dos 150 Anos da Imprensa Algarvia, quando o deveriam ter
feito precisamente um mês depois. E tudo isto derivado das informações
percipitadamente colhidas no livro do cap. Vieira Branco. De qualquer modo,
diga-se de abono da verdade, que essas comemorações não passaram de
simples e fugazes notícias nos jornais já que não se realizaram quaisquer
actos, oficiais ou particulares, que pudessem com algum brilho assinalar a
efeméride. Se por um lado foi triste e imperdoável deixar passar a solenidade
daquela data, o que só vem confirmar o desinteresse dos algarvios
por tudo quanto de grande e de importante lhes diz respeito, pelo outro
até foi bom pois que pelas razões que a seguir exporei iria comerter-se
igualmente um disparate perfeitamente escusado.
BREVE ANÁLISE DA «CHRONICA DO ALGARVE»
Veio este periódico a público no dia 15 de Julho de 1833 fazendo-se
transparecer como órgão oficial das tropas liberais e do partido constitucio-nalista
de D. Pedro, Imperador do Brasil, Regente do Reino e futuro Rei de
Portugal. Como era corrente na época enunciava-se como bissemanário e
propunha-se vir a público às quartas e sábados, informação essa que se
acha inserida no canto superior esquerdo do cabeçalho. Do lado contrário
estipula o preço de cada exemplar: «Custa 40 réis cada Numero: e Suplemento
20 réis sendo de quarto.» Ao centro o stenta as Armas Reais Portuguesas
sob as quais aparece o título da publicação. Ainda no cabeçalho,
no canto inferior direito cita um extracto da estância n.° 79 do Canto X dos
Lusíadas: «... o transumpto reduzido/Em pequeno volume aqui te dou/Do
mundo aos olhos teus, para que vejas/Por onde vás, e irás; e o que desejas.»
Abre com o título «Prospecto», o que idêntica claramente e ste exemplar
com um folheto anúncio do futuro periódico com o mesmo título. Diz estar
empenhado «em defender a Causa da Honra, e da Legitimidade do Throno,
e das Liberdades Pátrias». Propõe-se relatar «com a ingenuidade própria
9. de hum verdadeiro liberal tudo o que ocorrer de notável nas■ operações da
Expedição destinadas a quebrar as algemas que maniatavão os pulsos dos
fiéis Portugueses ne ste Reino, e provinda limitrophe;». Isto dava a entender
que as tropas liberais receavam a oposição militar e popular d esta província
servindo-se da «Chronica» exclusivamente para ten ta r informar o povo,
principalmente a burguesia comercial e dos serviços e ser mais ou menos
instruída, acerca do poderio do exército da Rainha e dos seus êxitos no
campo de batalha. Como é óbvio não se excluia dos objectivos d e ste jornal
o recurso ao boato e às falsas declarações, tão correntes em tempo de
guerra. Por outro lado, serviria como elemento de propaganda das novas
ideias e como veículo de recrutamento de novos efectivos militares que
possibilitassem a organização dum exército liberal. É claro que nada disso
aconteceu e como as tropas miguelistas se puseram em debandada para o
Alentejo nada justificava a permanência dos homens do Duque da Terceira,
que deste modo tinham à sua mercê o caminho livre para Lisboa.
Na «Parte não Official» relata-se a Expedição ao Algarve, por vezes
com alguns exageros mas, sobretudo, sem escamotear a verdade dos factos.
Constitui um importante elemento de consulta para a História das Lutas
Liberais no Algarve. A seguir publicam-se duas «Proclamações», sendo a
primeira assinada por D. Pedro — Duque de Bragança, na qual exorta os
algarvios a aderirem à causa liberal e legitimista da Rainha D. Maria II e,
especialmente, à Carta Constitucional: «Correi às armas. Uni-vos aos bravos
que marchão intrépidos contra a usurpação... Ajudai-Me a restaurar o Throno
de vossa Rainha aleivosamente usurpado... Acolhei-vos às bandeiras da
Honra e da Fidelidade», e termina dando vivas à Rainha e à Carta. Na
segunda proclamação, assinada pelo Conde de Villa-Flor, Duque da Terceira,
faz-se sensivelmente o mesmo apelo, justificando-se a invasão do Algarve
como um acto de libertação: «Portuguezes leaes vem (sic) debaixo do meu
commando libertar Portuguezes... Uni-vos a mim e aos meus Soldados; e a
Rainha legitima será por nós restituída ao Throno de seu s A vós aleivoza-mente
usurpado; e à nossa Pátria será restituída a Carta Constitucional e
a liberdade.»
Termina por noticiar a heróica rêsistência das tropas liberais durante
o cerco do Porto e refere que no dia 10 uma força do Exército Expedicionário
liberal bateu-se em Beja com as forças do general Mollelos causando às
tropas miguelistas cerca de 60 baixas. A fechar inclui uma curiosa indicação
dos custos da publicidade: «Este Periodico continuará a sahir todas as
Quarta-Feiras e Sabbados. Seu preço 40 rs. avulso, e 30 rs. para os Snrs.
Assignantes. Os Supplementos sendo de mais folha são pagos como os
números ordinários, e os de quarto em razão de 20 rs. para os não assignantes,
e de 15 rs. para os Assignantes. Paga-se hum m e z adiantado. A
10. correspondecia (sic) para o Director será = Manoel Antonio Ferreira Portugal,
Director de Imprensa do Governo, Rua do Aljube N.° 998 = Recebem-se
Anúncios para se incerirem neste periodico, por praço (sic) commodo. Quarta-
-Feira 17 ha Chronica.»
A indicação da «Imprensa do Governo» dá a entender que existiu em
Faro uma tipografia oficial, o que nos leva a considerá-la, até prova em
contrário, como a primeira casa de artes gráficas dos tempos modernos, a
qual vem suceder ao histórico prelo de Samuel Gacon que nesta cidade
deu à estampa o primeiro incunábulo impresso em Portugal. Relativamente
ao seu Director, Manoel António Ferreira de Portugal, nada de concreto
consegui ainda apurar, quer nos livros de óbitos das freguesias da Sé e de
S. Pedro quer nos livros de enterramentos da Misericórdia, de S. Francisco,
da Sé, do Carmo ou da Esperança. Portanto, este homem não faleceu em
Faro, o que até certo ponto me leva a admitir que não se tra te de um
algarvio. Talvéz fosse um ilhéu que de algum modo estivesse ligado à
célebre «Chronica» da Terceira ou à «Chronica do Açores», órgãos do
partido constitucional naquele arquipélago de onde, aliás, foram recrutados
dezenas de voluntários para combater no Algarve. Por outro lado, nada me
repugna admitir que se tra te de pseudónimo, já que, convenhamos, expôr
publicamente a sua entidade num órgão afecto aos rebeldes liberais não
era proeza corrente para quem tivesse amor à vida. Se acaso as tropas
miguelistas vendessem a guerra, logicamente que muitas cabeças iriam
rolar, e o mínimo que poderia acontecer a e ste Director da Imprensa do
Algarve era ser destituído e deportado. Por conseguinte é muito possível
que seja um pseudónimo engedrado pelos homens do Duque da Terceira
para dar à saída da «Chronica» uma aparência mais oficial e responsável aos
olhos do povo algarvio.
UM PROJECTO JORNALÍSTICO FALHADO
Efectivamente, em meu entender, o jornal «Chronica do Algarve» nunca
existiu. A razão é simples. O exemplar que se conhece com este título não
passa de um prospecto anunciado a saída dum periodico com idêntica
designação e, embora apareça numerado com o n.° 1, o certo é que não
teve continuidade, pelo que não se pode chamar jornal a um folheto/anúncio
de 140 x 200 mm de que apenas se publicou um único número. Isto parece-me
lógico. Por outro lado, a prova reside incontestavelmente no facto de no
cabeçalho se anunciar a saída deste bissemanário para todas as Quarta-Feiras
e Sábados, sendo até de realçar que na última linha d este prospecto se lê
o seguinte: «Quarta-Feira 17 ha Chronica». Portanto, anunciava-se para o
dia 17 de Julho de 1833 a saída do verdadeiro n.° 1 da «Chronica do
11. Algarve». Ora se o jornal só saia às quartas e sábados não é admissível
que o n.° 1 aparecesse numa segunda-feira, tendo ainda por cima como
nota de abertura o título «Prospecto» e não Editorial ou qualquer outro,
como seria verdadeiramente lógico. Além disso, como parece provado que
nenhum outro número saiu a público, nada mais natural do que afirmar
que a «Chronica do Algarve» como jornal, na verdadeira acepção da palavra,
nunca existiu, pois que continuidade jamais se lhe reconheceu.
As razões que ditaram a sua presumível extinção ultrapassam to ta lmente
os meus conhecimentos e em parte alguma encontrei razões que
justificassem tal atitude. Contudo, supomos que a explicação talvez resida
no facto de no dia 17 de Julho e conselho militar reunido na Messejana
determinar a partida dos exércitos do Duque da Terceira com destino a
Lisboa e, por conseguinte, já não precisariam de publicar um órgão oficioso
para dar a conhecer ao povo a instauração do poder liberal. Este jornal só
teriam razão de existir se acaso prevalecesse a ideia de transformar a ideia
de transformar o Algarve num reino independente e num conclave liberal/
/constitucionalista que servisse de trampolim a uma grandiosa ofensiva em
direcção à capital concertada entre as tropas do norte, aquarteladas na
cidade Invicta e as forças algarvias, que com o tempo seriam aumentadas
pela chegada de efectivos das ilhas e do estrangeiro. Portanto, quando se
decidiu marchar sobre Lisboa, face aos erros estratégicos do general Mollelos
que se refugiara em Beja, estava automaticamente ditada a extinção deste
jornal. Muito embora se soubesse ou pelo menos se desconfiasse que o
Algarve e o Alentejo após a passagem dos exércitos do Duque regressariam
à defesa da causa miguelista, o que efectivamente veio a acontecer, sendo
de realçar a leonina acção do famoso guerrilheiro José Joaquim de Sousa
Reis, popularmente designado por Remechido, que teve foros mítico-lendários
que ainda hoje perduram na memória das gentes da serra algarvia.
Resumindo, a desocupação militar da cidade de Faro, sem significar o
seu abandono, e de toda a província do Algarve deverá e star na ba se da
extinção da «Chronica do Algarve», órgão não oficial do exército liberal do
Regente D. Pedro, Duque de Bragança. Perante os factos que acabei de
apontar e até que surja prova em contrário continuarei a su sten ta r que a
«Chronica do Algarve», considerada como o primeiro jornal algarvio, jamais
existiu.
Julgo que este meu esclarecimento, do qual, na altura própria, fiz
publica menção nas colunas do «Diário de Notícias» e do semanário farense
«O Algarve», é o primeiro que a priori em termos tão radicais e peremptórios
se coloca à discussão e reflexão da opinião pública. Cabe-me, igualmente,
o orgulho e confesso que a vaidade de ter sido a primeira pessoa a tornar
público, nos órgãos acima citados, a verdadeira imagem do jornal/prospecto
12. que se acaso tivesse continuidade seria o mais antigo periódico a sul do
Tejo. Essa imagem volto a reproduzi-la aqui para que todos os congressistas
possam ter a inequívoca certeza da sua existência, visto que já houve quem
suposesse a sua total irrecuperabilidade ou desaparecimento. Felizmente a
«Chronica» existe e tenho fortes razões para supor que talvez subsistam,
pelo menos, dois exemplares, de ste número único, no nosso país, sendo
um deles provavelmente em Faro nas mãos modestas de quem não se
apercebe do valor que possui. Desse exemplar extraiu o dr. Mário Lyster
Franco uma fotocópia e com mágoa nossa já não se recorda do nome do
seu antigo detentor, que julgo ser um ex-trabalhador da casa Fialho.
O exemplar que agora se apresenta encontra-se depositado na Biblioteca
Nacional, secção dos jornais, tendo por conta J. 2585 V. e podendo ser
facilmente consultado.
CHAMAVA-SE «O POPULAR» E FOI O PRIMEIRO JORNAL ALGARVIO
Para terminar, devemos acrescentar que o primeiro jornal algarvio,
também bissemanário como se propunha ser a «Chronica», de que conheço
pelo menos trinta exemplares, tinha por título «O Popular — Jornal do
Algarve», encontrando-se o último número de que tenho noticia datado de
18 de Junho de 1847. Nesta conformidade, trata-se igualmente do segundo
jornal a ser publicado a sul do tejo, visto que a «Chronica Eborense» iniciou
a sua publicação a 13 de Janeiro de 1847, se bem que se extinguisse
primeiro, ao cabo de 64 números, no dia 15 de Junho. Enquanto que
«O Popular — Jornal do Algarve» deve ter iniciado a sua publicação precisamente
no dia 10 de Março de 1847, na medida em que o exemplar n.° 7,
único espécime depositado na Biblioteca Nacional de Lisboa, tem a data
de 31 de Março daquele ano. No entanto esta afirmação só é válida no
caso de se considerar que António Francisco Barata e stá equivocado quando
susten ta a primazia para o «Boletim Eborense». Pessoalmente concordo
com Francisco Barata e não com a actual opinião dos intelectuais alentejanos
que só pelo facto de conhecerem apenas quatro «Boletins» e do seu conteúdo
se resumir a decretos e ordens de serviço militar entendem que não se
tra ta de um jornal. É lógico que a presente concepção de jornalismo não
se pode totalmente transplantar para aquela época, fundamentalmente pelo
próprio contexto histórico em que se inseria o «Boletim» como órgão das
forças militares revoltosas que constituíam a Jun ta Governativa da Província
do Alentejo. Curiosamente, «O Popular — Jornal do Algarve» é precisamente
idêntico no estilo ao «Boletim Eborense» e, no entanto, eu não duvido em
afirmar que se trata, sem sombra para dúvidas, de um jornal, tal como se
pode ler no seu sub-título. Por outro lado, «O Popular» era também o órgão
da Jun ta Governativa do Algarve.
13. Saliente-se que tanto Xavier Pereira como Vieira Branco desconheceram
a existência deste jornal, o que vem enriquecer a minha informação, pois
que lhe dá um sabor de inédito. Cabe-me igualmente referir que a notícia
da sua publicação me foi facultada pelo Dr. Lyster Franco que possui na
sua Hemeroteca, recentemente oferecida à Universidade do Algarve, apenas
dois exemplares com os n.os 24 e 30. Como nota curiosa convém realçar o
facto de ste jornal ter sido composto e impresso na tipografia do Governo
Civil, que suponho ser a mesma que na rua do Aljube n.° 998, hoje rua do
Município, deu à estampa a «Chronica do Algarve» em 1833, ou seja
quatorze anos depois ainda existia, muito provavelmente nos baixos do
prédio onde se encontra hoje a tipografia «União». No entanto, n essa altura
não era a única tipografia existente na cidade pois que em 1846 já existia
na rua do Rego n.° 460, hoje rua D. Francisco Gomes n.° 4, a tipografia Paz
Furtado onde se imprimiu a Collecção de Memórias e Documentos para a
História do Algarve, livro raro e b a stan te valioso, da autoria do esquecido
comendador Bernardino José de Sena Freitas, erudito de inegáveis méritos
que foi sócio da Academia das Ciências.
UMA HOMEROTECA PARA A UNIVERSIDADE DO ALGARVE
A concluir esta já longa comunicação não quero deixar de frisar a
recente instalação na Universidade do Algarve de uma importante Hemeroteca
cujo riquíssimo espólio foi doado pelo Dr. Mário Lyster Franco, o que,
valha a verdade, constitui um altruíssimo gesto de genuino algarvíssimo e
contrastar com o generalizado egoísmo daqueles que por todos os meios
ao seu alcance pretendem entravar o lento progresso científico-cultural da
nossa juventude.
A colecção de publicações periódicas oferecida por aquele conhecido
escritor destina-se à consulta livre e está à disposição de todos quantos
pretendam utilizar a informação jornalística como fonte basilar dos seus
trabalhos de investigação. Está também em preparação um ficheiro onomástico
e ideográfico de apoio aos jovens investigadores que assim poderão
mais facilmente consultar as publicações adequadas à consecução dos seus
trabalhos. A Hemeroteca da Universidade do Algarve possui de momento
a melhor colecção de jornais algarvios do pais, sendo de realçar a existência
de periódicos ultra-raros de origem algarvia e de algumas revistas nacionais
que marcaram vincada p resenç a no contexto da lite ra tu ra p o rtu g u e sa
contemporânea.
Prevê-se, igualmente, a oferta de algumas colecções completas de jornais
já extintos e outros em fase de laboração, cujos Directores expressaram
a sua intenção de as doar à Universidade do Algarve. Espera-se, deste
14. modo, erigir no Algarve a maior hemeroteca regional do país, tudo d ependendo
da boa vontade dos algarvios que muitas vezes, por falta de espaço
nas suas residências, chegam a queimar colecções de jornais antigos herdados
dos seus avós. Actos deste género, que infelizmente, tanto quanto
sabemos, não tem sido pouco numerosos, acabam por lesar profundamente
a cultura algarvia, privando os seus naturais duma fonte de consulta verdadeiramente
imprescindível a qualquer estudioso.
Nesta conformidade, fazemos daqui um sincero apelo a todos quantos
possuam colecções de jornais antigos ou recentes, quer sejam eles boletins
paroquiais, boletins camarários, órgãos de associações laborais, estudantis,
desportivas, culturais, recreativas, ou outras, para que, num gesto de boa
vontade e apreço pela cultura, os ofereçam à Hemeroteca da Universidade
do Algarve a fim de servirem não só os e studante s como especialmente
toda a população algarvia.
Para fechar com chave de ouro, resta-me acrescentar que ne ste preciso
momento encontro-me a trabalhar na elaboração de uma História da Imprensa
Algarvia, que servirá futuramente de ferramenta de trabalho aos estudantes
e investigadores que procurarem obter nos jornais algarvios a informação
concludente e precisa à concretização do seus estudos.
BIBLIOGRAFIA
ARANHA, Pedro Vasconcelos de Brito — M o u v em e n t d e la P re sse Périodique en Portugal d e 1894
à 1899, Lisboa, Imprensa Nacional, 1900.
Rapport d e la Section Portugaise, l e' Congrès In te rn a tio n a l d e la P re sse (1894-Avers), Lisboa,
Imprensa Universal, 1894.
BESSA, Alberto — O Jornalismo. Esboço Historico da sua Origem e D e s e n vo lv im e n to a té aos
N o sso s Dias, Lisboa, Livraria Editora Viúva Tavares Cardoso, 1904.
Boletim do Sindicato Nacional d o s Jornalistas, Lisboa, 1941.
BRANCO, Cap. Vieira — S u b síd io s para a História da Im p ren sa Algarvia d e 1833 aos N o sso s
Dias, Faro, Tipografia Caetano, 1938.
Contribuição para o E s tu d o da Comunicação Social na Região A len te jo , 2 Vols., Évora,
Comissão de Coordenação da Região do Alentejo, 1981.
CUNHA, Alfredo — O Diário d e Notícias. A Sua Fundação e os s e u s Fundadores. A lg u n s Factos
para a História do Jornalismo Português, Lisboa, Tip. Universal, 1914.
E lem e n to s para a História da Im prensa Periódica Po rtu g u e sa (1641-1821), Lisboa, sep. das
Memórias da A ca d em ia d a s Ciências d e Lisboa, Classe de Letras, tomo VI, 1941.
R e la n c e s sobre os Três S é culos do Jornalismo Português, Lisboa, Gráfica Santelmo, 1941.
Im p ren sa Periódica Po rtu g u e sa na M etrópole e n o Império, Séculos XVII-XIX, Lisboa, Bilbio-teca
Nacional, 1941.
MARQUES, Correia — A Im p ren sa Diária, sep. do n.° 3 do Boletim Informativo. Cultura Popular.
Turismo.
15. f
)
MARTINS, Rocha — Pequena História da Im prensa Portuguesa, Lisboa, Editorial Inquérito, 1942. >
MONTEIRO, G. Franco— Colecção d e Jornais P o r tu g u e s e s , Coimbra, 1887.
PEREIRA, Agusto Xavier da Silva — Diccionario Jornalístico P ortugue z, 4 vols., Ms. 447 azul da
Secção de Reservados da Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa. ^
O Jornalismo Português. R e s en h a Chronologica d e Todos os P enodicos P o r tu g u e se s Publicados
no Reino e n o Estrangeiro d e sd e o M ea d o do Século XV II a té à Morte d e D. Luiz I. Lisboa,
Antiga Casa Bertrand— José Bastos, 1896.
Os Jornais Po rtu g u e se s. Sua Filiação e M e tam orfose s. Noticia S u p p lem en ta r Alfa b ética de
to d o s os Periodicos M en c io n a d o s na R e s en h a Chronologica do Jornalismo Português, Lisboa, y
Imprensa de Libânio da Silva, 1897. I
PROSTES, Henrique de Carvalho — S ta tis tiq u e d e la Presse Portugaise 1641 à 1872, Lisboa, ^
Lallemant Frères, 1873.
SALGADO, Joaquim — V irtu d e s e Malefícios da Imprensa, Porto, Portucalense Editora, 1945. f
TENGARRINHA, José — História da Imprensa Periódica Portuguesa, Lisboa. Portugália Editora, 1965.
f'
>
i>
>>
>
f
f
V
f
y
f
j
308