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«CHRONICA DO ALGARVE» 
TERÁ SIDO O PRIMEIRO JORNAL ALGARVIO? 
JOSÉ CARLOS VILHENA MESQUITA 
RESUMO 
Após se ter comemorado, em data errada, os 150 anos da imprensa 
algarvia, haverá que definir objectivamente qual terá sido o primeiro jornal 
algarvio. Aponta-se como pioneiro o bissemanário «Chronica do Algarve», 
presumivelmente nascido a 15 de Julho de 1833, aquando das invasões 
liberais comandadas pelo Duque da Terceira. Todavia, o autor de sta comuni­cação 
discorda dessa afirmação exibindo como prova o único exemplar que 
se conhece e que não p assa de um simples prospecto. 
Mas, o primeiro jornal algarvio, na verdade acepção da palavra, que 
será igualmente exibido aos congressistas, teve por título «O Popular Jornal 
do Algarve», do qual se publicaram pelo menos 30 números durante o ano 
de 1847. 
Será ainda focada a recente instalação na Universidade do Algarve de 
uma Hemeroteca, cujo valioso espólio foi doado pelo dr. Mário Lyster Franco. 
Por fim, o autor anunciará para breve a publicação de uma História da 
Imprensa Algarvia, apontado desde já para a preservação dos espécimes 
mais antigos, assim como dos boletins paroquiais ou camarários, órgãos de 
associações laborais, estudantis, desportivas, culturais e outras que se 
publicaram em toda a província. Neste contexto o autor apela à ajuda de 
todos para o enriquecimento da «monumental» Hemeroteca da Universidade 
do Algarve. 
Tem sido preocupação constante, não só dos historiadores como de 
outros investigadores afectos às várias ciências humanas e sociais, a persis­ten 
te pesquisa das origens, causas ou raízes dos eventos que de algum 
modo marcaram o curso da História ou o desenvolvimento bio-sócio-económico 
da Humanidade. Ora, acontece que a comunicação através do registo codi­ficado 
da mensagem se considera, depois da invenção do fogo, como o 
passo mais gigantesco da História do Homem pois permitiu às diferentes 
Civilizações e Estados manter um diálogo sincrónico com múltiplos e varia­dos 
espaços, circunstância essa que no futuro acabaria por se transformar 
num testemunho diacrónico do seu próprio motus vivendi dirigido aos 
vindouros de outras eras e culturas. Assim nasceu a História, assim se 
desenvolveu a Arqueologia e assim floresceu o gosto pela Arte e por tudo 
quanto fizesse reviver o passado.
Os jornais e o jornalismo são o fruto dessa preocupação de comunicar 
sincronicamente com a sociedade e, em certa medida, se pode considerar 
o templo de Karnak como o maior e mais vasto jornal de todos os tempos. 
Nessa lítica página da História a noção de p resente não existe e a realidade 
é unicamente o passado. Daí os jornais terem uma vida efémera gerada 
pela constante mutação da actualidade. No entanto, são esses insignifican­tes 
jornais, que desprezivelmente lançamos no lixo, a fonte basilar da 
história do nosso tempo. 
Depressa o Homem sentiu a necessidade de inventar um processo de 
comunicação fácil e inteligível, que se pudesse manusear, transportar e, 
sobretudo, adquirir a um preço acessível a todas as bolsas. Assim, mercê 
da invenção dos caracteres móveis de Gotemberg, nasceu o jornal, folha 
volante primeiramente fantasioso e folhetinesco, mas que a breve a trecho 
se transformaria num interessante caderno noticioso e formativo. 
Todavia, a origem e o processo de desenvolvimento da noção jornal/ 
/informação foi b a stan te lento. As suas raízes remontam à antiga Roma. Aí 
se conheceram vários órgãos oficiais e particulares, testemunhadores da 
vida político-sócio-económica da mais poderosa potência militar do mundo 
mediterrânico. Desde os «Anais Máximos», que relatavam os acontecimentos 
em que se envolviam os Cônsules, passando pelo «Comentário Diurno», 
instituindo por Augusto para tornar públicos os sucessos da corte imperial, 
terminando nas «Actas Senatus», órgão oficial do Senado, e nas famosas e 
populares «Actas Diurnas», fundadas por Marco Aurélio, cujos «diurnari», 
os primeiros jornalistas de toda a história da imprensa, davam a conhecer 
ao povo os feitos militares das ligiões, as lutas dos gladiadores, os decretos 
imperiais e até as notícias de casamentos, divórcios, falecimentos, e spe ctá­culos, 
etc. Diz-se mesmo que Cícero e Plínio onde quer que estivessem, 
não dispensavam a leitura destes jornais manuscritos que, em boa verdade, 
eram os que entre todos mais se assemelhavam aos periódicos do nosso tempo. 
Curiosamente, seria na Itália que se desenvolvera o gosto pela informa­ção 
actualizada e logicamente pelo jornalismo. Foi então que surgiu na 
cidade de Veneza as «Notizie Scritte», também denominadas «Goglietti 
d'avisi», cujos principais informadores ou correspondentes eram os marinhei­ros 
que percorrendo as cidades mediterrânicas da Europa, da África e da 
Ásia traziam consigo, muito que contar sobre guerras, mercados, pestes, 
t/adições, monstros, lendas, etc. A título de curiosidade acrescentaremos 
que esses jornais manuscritos eram alugados por uma moeda, de relativo 
valor, popularmente designada por «gazeta». Pouco depois o nome da 
moeda transformar-se-ia em título de jornal. A partir do século XVI, com o 
desenvolvimento das técnicas de impressão, iria nascer o gosto pelos jornais 
e o jornalismo sagrar-se-ia numa arma importante e b a stan te respeitada
pelos próprios órgãos do poder que amiudadas vezes se serviam deles para 
tornar públicas não só as determinações reais como ainda as ameaças 
militares ou económicas das potências estrangeiras. Em Portugal, por exem­plo, 
durante o domínio napoleónico publicaram-se imensas folhas, grande 
parte delas clandestinamente, exortando o povo à rebelião e lançando 
mesmo vários boatos que em certas localidades motivaram algumas escara­muças 
contra a ocupação estrangeira. Daí para a frente os jornais tornaram- 
-se num objecto quotidiano de grande impacto social mercê do desenvol­vimento 
do aparelho escolar e dos meios de comunicação. Também a vida 
político-partidária, que intensamente se vivia na capital, contribui em grande 
parte para a incontrolável inflação jornalística a que assistiram os vintistas, 
cartistas, setembristas, cabralistas e regeneradores. 
Mas a idade de oiro da imprensa portuguesa desenvolveu-se na segunda 
metade de Oitocentos, marcada até certo ponto pelo aparecimento dos 
primeiros diários com recursos próprios e especificadamente informativos, 
como foi o caso de «O Jornal do Comércio e das Colónias» (1852) e do 
«Diário de Notícias» (1864). 
Mas ainda antes de nascer este tipo de jornal/informação eram correntes 
os jornais jocosos, político-satíricos, polemistas, oficiais, militares, etc. É 
deste último género o primeiro jornal que se publicou no Algarve. Chamava- 
-se «Chronica do Algarve», nasceu por ocasião da Invasão do Algarve pelas 
tropas do Duque de Terceira e publicou-se no dia 15 de Julho de 1833. No 
entanto, sobre a legitimidade de se considerar este jornal como o primeiro 
que no Algarve se deu à estampa falaremos mais adiante. 
Efectivamente, muito se falou e muito se escreveu acerca dos 150 anos 
da imprensa algarvia, cujo aniversário se comemorou no ano transacto. 
Porém, tudo quanto até ao momento se disse sobre este assunto não é 
correcto e enferma de má informação. Na verdade, todos os artigos e 
notícias que se referiram ao aniversário da imprensa e, especialmente, à 
publicação da «Chronica do Algarve», tiveram por única e exclusiva fonte 
de informação o trabalho do cap. Vieira Branco, intitulado Subsídios para 
a História da Imprensa Algarvia de 1833 aos nossos dias (1938). 
Acontece, porém, que o livro do cap. Vieira Branco começou por ser 
mais uma das suas brilhantes secções de carácter histórico-cultural, igual 
a muitas outras que deixou publicadas nas colunas do «Correio do Sul», 
no «Diário do Algarve», no «Correio Algarvio», etc. Por conseguinte, tratavam- 
-se de artigos de jornais sem grandes preocupações de correcção ou de 
rigor histórico. Aliás, grande número das informações neles incluídas foram- 
-lhe facultadas por terceiros, tendo algumas delas como único fundamento 
apenas fugazes recordações de amigos mais velhos ou dos seus próprios 
tempos de infância.
Por outro lado, as dificuldades de consultar as colecções completas da 
maioria desses jornais levou-o a cometer a imprevidência de imaginar certas 
e determinadas conclusões, das quais resultariam imperdoáveis equívocos. 
Por conseguinte, embora se trate de uma obra de inegáveis méritos devemos, 
contudo, aconselhar os seus consultores a confirmarem todas as informações 
nele contidas, pois que é rara a noticia que não contém omissões, gralhas, 
confusões, equívocos e, por vezes, até incongruências, o que é mais grave 
ainda. Em suma, o livro do cap. Vieira Branco não é uma fonte de inteira 
confiança. 
Não obstante isso, desconhecendo os perigos que corriam, todos os 
jornais que a esta, antecipada, comemoração se associaram, não fizeram 
mais do que verter por outras palavras os informes do cap. Vieira Branco, 
acabando deste modo, por repetir os mesmos disparates, sem contar já 
com aqueles que tiveram o descaramento de nem sequer citar a fonte a 
que recorreram, o que, francamente, achamos inadmissível e desleal. 
Convém acrescentar que a melhor fonte para se estudar a história da 
imprensa portuguesa pertence ao jornalista e esforçado investigador António 
Xavier da Silva Pereira que redigiu um extenso Diccionano Jornalístico 
Portuguez em 4 tomos que entregou à Academia das Ciências de Lisboa 
para ser publicado, mas que, por razões várias, permanece ainda inédito 
na Biblioteca daquela instituição na secção de Reservados, manuscrito n.° 
447, azul. A sua área de acção vai desde 1825, com a publicação da Relação 
Universal do que sucedeu em Portugal e mais províncias do Ocidente e 
Oriente, até 19 de Outubro de 1889, da ta do falecimento de D. Luiz I, sendo 
o último jornal O Puritano, afecto ao partido regenerador da vila de Almada. 
E obra de extraordinário interesse e de fundamental consulta. 
Todavia, relativamente «Chronica do Algarve», muito embora o autor 
a considere ultra-raríssima e afirme que apenas vira o n.° 1, o certo é que 
dela dá como data de publicação o dia 15 de Junho de 1833, o que é 
manifestamente errado. Contudo, posso perfeitamente admitir que a justifi­cação 
de sta falha se tenha ficado a dever a ulteriores informações colhidas, 
talvéz, no relatório do leilão executado em Abril de 1890 da livraria do 
desembarcador da Relação do Porto, sr. Manuel Francisco Pereira de Sousa, 
que era detentor do único exemplar conhecido da «Chronica do Algarve». 
Contudo, a síntese que elabora das notícias inseridas no jornal, apesar de 
correcta, é manifestamente incompleta e curiosamente nos informes de 
Xavier Pereira transparece uma certa insegurança motivada pelo facto de 
a data daquele periódico não se coadunar com o relato dos eventos que já 
eram dados como passados, o que se tornava num contrasenso. Creio, muito 
sinceramente, que se Xavier Pereira tivesse visto a «Chronica do Algarve» 
ou conhecesse o seu arrematante tudo faria para desfazer este equívoco, 
298
ftumero jv Anno 18 .'7. 
JORNAL DO ALGARVE. V- ■ • 
Quarla-íoira .‘Jl tlc; ÍMíiivo. 
Parte Oflicial. 
* l c lu $ O jJ t c i í f c s d a J u n l a U ^ v c i i t u l i i t a 
do sJlj(rve. 
j Y J u n t a Go v e rn a l iv a do Alg a rv e a l te n d e n - 
do a q u e a e s cac ee d a colhe i ta p a s s ad a e a n 
• x l ra ordina r ia s c i r c u n s t a n c i a s , ei)i q u e ha 
diui lo bç acha o P a i z , lo riia iu dií ficullo sô a 
*olu<;£o tolul da» divida s o c o n t r ib u iç õ e s do 
ft£»tado; e a t le n d e n d o a q u e essa» mes'uias 
c i r c u n s ta n c ia s re c lamam acobran«;a p i lm n e - 
no> parcial (Tess»** romliniuiiUtif í-J I ii |)i)r bom 
« t u t e l a r o «eguiule. 
A r t i g o I.*—— Exigir-sç.-ha doH.collecta-áos 
n a d e c ima e impomos a n imx o s , o dc 
^ u a e s q u e r o u t r o s d ev e d o re s «lo l i s t a d o , t-ó-me 
n te a am e t a d e da imp o r ta n c ia d e tu a s 
col lectas ou d iv id a s , relat ivas a um só anno 
« c o n omic o , sendo- lhe s c omlu d u facu l tad o o 
p ag ame n to total d« seus deb i (o i> ou do q u e 
«piizerem i a lU f a z o r alvSm tio q u e lhes á e x i ­gido. 
Art. t . ‘ -----Q* col loclado* e 'd e v e d o r e s 
s er io imnie«l ialam«nte in t ima d o s p a r a p a g a ­rem 
no p r a z o d e t r e a dias* impi orogav««is 
«i soinma t , a quo ficaip o b r ig a d o s pelo a r ­tigo 
an te c e d e iu d . 
Art. 3 -----O* qun p a g a r em independeu* 
UMiienUt «I inl ima rAo g-nsnrfífl, pelo q u e res-piMlâ 
Á* quant ja6 q u e cntr«,*^nn*m , do Imno" 
Ãoio cçn s ig n ad o no D ç c r e l o d'tf*ta J u n t a , de 
IJ de J a n e i r o pLOiimo p a s s a d o , s em .»paga- 
(uouto do cus tua ou umoluinentQ* nlfluns.' 
único, —r— Gosarárt do íue.-tmo }»ene-flcio, 
mas c om p a g ame n to «la* c om p e t e n t e s 
, ou cullu ti tado*. ou dcyeJoret» , que 
p r u r em d e n t i o «I» p r a t o uia rcado no açligo 
*jiUçed«nl* 
Ar t - i. " -----Os q u e nAo p a g a r em no rn 
ferido p r a s o p e rd e r ã o todo o d i r e i to ao bo 
nelie io, de que t r a ta o me n c io n ad o De c iv lo , 
e ser.To p rô /o s o c o n s e rv a d o s na C a d e ia aU 
plona *oly«,;o do p r inc ipal e cuslas» 
Ar t . 5.' -——No a c to do p a g ame n to so 
e n t r e g a r ã a c a d a um dos co n t r ib u in t e s ou 
dev e d o re s um r e c ib o inter ino «la imp o r tan c ia 
q u e s a lU f i r e r , as s ignudo p«*lo R e c e b e d o r e 
Admin i s t r a d o r do Concidlio K ^ p c c t i v o s , lan* 
ç ando-se no ver*o «lo c o n h e c ime n to a deela* . 
r a ç . lo d a im p o r t a n c i a , «pm fica >atislV»ita. 
Ar t . tí.* —— Oa Km p r e ç a d o s Publico* 
q u e se r e c u s a r em ao c um p r ime n to d ’ e*te 
D e c r e t o , ser3o infuli vqI in«>n t e «lemii lidos , 
incor rer itò na pena tio pri^Ao d e d ez a t é trin» 
ta «lias, «* pagar«U1 uma mu l ta d e cimio a t j 
cincoiMila mli reis. 
§. I.* N a me sma mule ta incorrera:! op 
qu e por q u a l q u e r forma induz i rem os Cida - 
«Ro s . a. q tm n/to pag u e u i o q u e d e v em àK a - 
zqinla iNacioual. 
§. 2.' As p e n a s c om p r e h e n d i d a s no pro* 
souto Artig ti s e n t o imp o r ta s em J u iz o «lo l*o 
licia CuiTufcio iia l. 
A r t . 7 . ’ —— P a r a fiol e x e c u ç ã o iT e s l a s d i 
p o s i ç õ e s ' ' ó c ç iu d o um ' ICmp r e g a d o S u p e r i o r 
r i s c a i , q u o e x e r c e r ; l ' erti lo«lo*o Di s l i ici«» a* 
at i ri b u i r d e s n e c e s s á r i a s p a r a so c o n s e g u i r o 
p y g n rm m lo «los r«»n«limonln ,• «lo f ^ l a t l o e m 
coii fuPiniilmb? c om o r i i s p o s lu n u pi«*>enle He 
Cl «rio ; e x e r c e n d o a l ém «Ti t io o d i r e i t o d ç su* 
p c r i n i e n d c r s o b r e t o d a s a s R e p a r t i ç õ e s l'is* 
c a o s , c u jo s R u i f v e g a d o * Ihe-o b e« lo c« u á0 co^i^ 
a m a i o r p o n « ' lu a l id a d o . 
unico. N em as Al fândega s d 'e s la Pio» 
v imt ia . riem os- Kmp r eg a í lo j d a s incsnias s;lo 
«.omprohendidos nas «li^posi^òtM «11 «tsle D r 
c r e t o .
",»tr Prlod»ro 
írtfa»,'» 
s»bb»doft.'. 
Ctifli *40 trjt rfl(Ja 
fu«nrfo.' r .Supple* 
• nr n i o £ 0 i c i » • cudo 
fie tj um rio. 
CHRONICA DO ALGARVE. 
o -*C « ± 
........................ .-O Iramumplo reduiido 
Jíin pequeno volume uquit e dou 
Do inundo aoi olboi teui, par* que vejat 
J ’oi onda v i l , o que d«»ejai. 
L d»i »d. C art. X . O it 79. 
bEOU.NDA FHI I IA 15 DK JU L H O L>£ 1833. N. I 
j u i o s p j e c t o . 
E u f K f B iD ó í em def e n d e r • C a u t a d a 
Ho n r a , « d a Legil imi d ade d o Tl i ro n o , 
e d a» L i l w r d a d e t P a l r i j » , linje f e lmn e n - 
t e' e n l a l a ç a do» ein eHi e i t o v i n c u l o ; 
<■ « oj comb a t e r pei to • j i f i i o . t c om o 
i t t t íificio d e i i o i t o i b*vefpi t a n c e g o , 
e v id a (*fue Contente» havemos e i p o » - 
to^íe.Tipre ‘q u »• o exi g a t> l>ero d a l ’a - 
trr») a Diai» d e t a l o r f i d a e alei vosa u*ur-p& 
çã t ^ qu e a t e fagora vio o mu n d o civi» 
l l tado , não p o d emo s , apeza r d a n o n a 
ioruíficiencia , n r u n r - n o i -ao convi t e 
que noi faZ’-iifi> P a l r i o t a , ama n t e d a 
Ujesroa jm t a C a m a , > i g u a lment e de d i ­ca 
do b «-lia de*dp - o p r in c i p i o d a emi - 
g i * ç ã o ( d e Concnrrrr*njr>« c om o p e qu e ­no 
- c abe d a l de f i ono t debei i f o r ç a iÀ r e­d 
a c ç ã o de uru Jí rriodico em que o até h o ­je 
« p p r iu i i d o , ma i ( empr e fiel 1’o v o d e » - 
teOíeino leia iioi -soccenoi do dia o 
pip^rauo 'da tueim» bani» Causa, ta> 
q o » -«‘t p ò n U n e a t u e o l e »e - emp e n h o u * 
«Júdnr noi. 
1 D i r em o i c o m a i n j e n u i d a d e ' p r a p r i * 
d e l i um v e r d a d e i r o l i b e r a l t u d o o q u e 
o e d o r r e r d e - . ( l o l a v e l 'na» o p e r a ç õ e » d a 
K i p e d i ç ã o , d e r t i n a d a a q u e b r a r a t a l - 
f r t i i a t , q u e . r o a o i a l a v i o o i pulso» d o t 
f i e i » _ P or l u j ; ue z e« n e i l e I t e i n o , e p r o v í n ­c 
i a l im i l r o p b e ; • n a a inge l a n a r r a ç ã o 
d o n o n o d e s e m b a r q u e , e r u a r e b a g l o - 
Tioi a d e n oma » T r o p a » , v e r ã o a» na ç õ e s 
c u h a t d a K u r o p a d e f i n i t i v ame n t e r es ol ­v 
i d a a - q u e s l ã o , q u e l e p e t l e n d i a o b s c u ­r 
e c e r , o u l o m a r o m b i g u a , i i l o be — t e 
t > P o r t u g a l q u e r o u n ã o a 1 l a i n h a e a 
C a r l a — e t e " bei ja o» g r i l bõ e » d o d e i - 
p o t i tm o , o u l u i p i r a p e l o f e l i t , d i a , e o i 
q u e p o n a a r r o j a - l o » p « r a l o n g e , s u b s t i ­t 
u i n d o - l h e o g o v e r n o d a Lei e d a J n s t i » 
Ça. - A n o n a - rode p e n n a d e i x a r á t a l r e f 
{ n ã o p o r f a l t a d e v o n t a d e , t r a i »ó -d» 
t a l e n t o ) d e a p r e c i a r d e v i d am e n t e a g l o - 
Ilo»B p a r l a , «ju« t t o ^ e i u ; j U l l l u . u » U i t ^ 
300
o que na verdade, não aconteceu. Daí, concluir, com algumas reticências 
que Xavier Pereira nunca viu aquele jornal, embora sobre ele recebesse, 
talvez de fonte digna de todo o crédito, as informações contidas no seu 
inédito e precioso Dicionário Jornalístico. 
Por sua vez, o cap. Vieira Branco baseando-se nos conhecimentos daquele 
emérito investigador, acabou por cometer os mesmos erros, apenas com a 
agravante de procurar justificar o desfazamento das da ta s com razões 
perfeitamente irreais e totalmente inadmissíveis para um homem da sua 
ilustração. 
Nesta conformidade, os órgãos da imprensa regional e da grande imprensa 
diária procederam indevidamente no dia 15 de Junho do ano passado às 
comemorações dos 150 Anos da Imprensa Algarvia, quando o deveriam ter 
feito precisamente um mês depois. E tudo isto derivado das informações 
percipitadamente colhidas no livro do cap. Vieira Branco. De qualquer modo, 
diga-se de abono da verdade, que essas comemorações não passaram de 
simples e fugazes notícias nos jornais já que não se realizaram quaisquer 
actos, oficiais ou particulares, que pudessem com algum brilho assinalar a 
efeméride. Se por um lado foi triste e imperdoável deixar passar a soleni­dade 
daquela data, o que só vem confirmar o desinteresse dos algarvios 
por tudo quanto de grande e de importante lhes diz respeito, pelo outro 
até foi bom pois que pelas razões que a seguir exporei iria comerter-se 
igualmente um disparate perfeitamente escusado. 
BREVE ANÁLISE DA «CHRONICA DO ALGARVE» 
Veio este periódico a público no dia 15 de Julho de 1833 fazendo-se 
transparecer como órgão oficial das tropas liberais e do partido constitucio-nalista 
de D. Pedro, Imperador do Brasil, Regente do Reino e futuro Rei de 
Portugal. Como era corrente na época enunciava-se como bissemanário e 
propunha-se vir a público às quartas e sábados, informação essa que se 
acha inserida no canto superior esquerdo do cabeçalho. Do lado contrário 
estipula o preço de cada exemplar: «Custa 40 réis cada Numero: e Suple­mento 
20 réis sendo de quarto.» Ao centro o stenta as Armas Reais Portu­guesas 
sob as quais aparece o título da publicação. Ainda no cabeçalho, 
no canto inferior direito cita um extracto da estância n.° 79 do Canto X dos 
Lusíadas: «... o transumpto reduzido/Em pequeno volume aqui te dou/Do 
mundo aos olhos teus, para que vejas/Por onde vás, e irás; e o que desejas.» 
Abre com o título «Prospecto», o que idêntica claramente e ste exemplar 
com um folheto anúncio do futuro periódico com o mesmo título. Diz estar 
empenhado «em defender a Causa da Honra, e da Legitimidade do Throno, 
e das Liberdades Pátrias». Propõe-se relatar «com a ingenuidade própria
de hum verdadeiro liberal tudo o que ocorrer de notável nas■ operações da 
Expedição destinadas a quebrar as algemas que maniatavão os pulsos dos 
fiéis Portugueses ne ste Reino, e provinda limitrophe;». Isto dava a entender 
que as tropas liberais receavam a oposição militar e popular d esta província 
servindo-se da «Chronica» exclusivamente para ten ta r informar o povo, 
principalmente a burguesia comercial e dos serviços e ser mais ou menos 
instruída, acerca do poderio do exército da Rainha e dos seus êxitos no 
campo de batalha. Como é óbvio não se excluia dos objectivos d e ste jornal 
o recurso ao boato e às falsas declarações, tão correntes em tempo de 
guerra. Por outro lado, serviria como elemento de propaganda das novas 
ideias e como veículo de recrutamento de novos efectivos militares que 
possibilitassem a organização dum exército liberal. É claro que nada disso 
aconteceu e como as tropas miguelistas se puseram em debandada para o 
Alentejo nada justificava a permanência dos homens do Duque da Terceira, 
que deste modo tinham à sua mercê o caminho livre para Lisboa. 
Na «Parte não Official» relata-se a Expedição ao Algarve, por vezes 
com alguns exageros mas, sobretudo, sem escamotear a verdade dos factos. 
Constitui um importante elemento de consulta para a História das Lutas 
Liberais no Algarve. A seguir publicam-se duas «Proclamações», sendo a 
primeira assinada por D. Pedro — Duque de Bragança, na qual exorta os 
algarvios a aderirem à causa liberal e legitimista da Rainha D. Maria II e, 
especialmente, à Carta Constitucional: «Correi às armas. Uni-vos aos bravos 
que marchão intrépidos contra a usurpação... Ajudai-Me a restaurar o Throno 
de vossa Rainha aleivosamente usurpado... Acolhei-vos às bandeiras da 
Honra e da Fidelidade», e termina dando vivas à Rainha e à Carta. Na 
segunda proclamação, assinada pelo Conde de Villa-Flor, Duque da Terceira, 
faz-se sensivelmente o mesmo apelo, justificando-se a invasão do Algarve 
como um acto de libertação: «Portuguezes leaes vem (sic) debaixo do meu 
commando libertar Portuguezes... Uni-vos a mim e aos meus Soldados; e a 
Rainha legitima será por nós restituída ao Throno de seu s A vós aleivoza-mente 
usurpado; e à nossa Pátria será restituída a Carta Constitucional e 
a liberdade.» 
Termina por noticiar a heróica rêsistência das tropas liberais durante 
o cerco do Porto e refere que no dia 10 uma força do Exército Expedicionário 
liberal bateu-se em Beja com as forças do general Mollelos causando às 
tropas miguelistas cerca de 60 baixas. A fechar inclui uma curiosa indicação 
dos custos da publicidade: «Este Periodico continuará a sahir todas as 
Quarta-Feiras e Sabbados. Seu preço 40 rs. avulso, e 30 rs. para os Snrs. 
Assignantes. Os Supplementos sendo de mais folha são pagos como os 
números ordinários, e os de quarto em razão de 20 rs. para os não assig­nantes, 
e de 15 rs. para os Assignantes. Paga-se hum m e z adiantado. A
correspondecia (sic) para o Director será = Manoel Antonio Ferreira Portugal, 
Director de Imprensa do Governo, Rua do Aljube N.° 998 = Recebem-se 
Anúncios para se incerirem neste periodico, por praço (sic) commodo. Quarta- 
-Feira 17 ha Chronica.» 
A indicação da «Imprensa do Governo» dá a entender que existiu em 
Faro uma tipografia oficial, o que nos leva a considerá-la, até prova em 
contrário, como a primeira casa de artes gráficas dos tempos modernos, a 
qual vem suceder ao histórico prelo de Samuel Gacon que nesta cidade 
deu à estampa o primeiro incunábulo impresso em Portugal. Relativamente 
ao seu Director, Manoel António Ferreira de Portugal, nada de concreto 
consegui ainda apurar, quer nos livros de óbitos das freguesias da Sé e de 
S. Pedro quer nos livros de enterramentos da Misericórdia, de S. Francisco, 
da Sé, do Carmo ou da Esperança. Portanto, este homem não faleceu em 
Faro, o que até certo ponto me leva a admitir que não se tra te de um 
algarvio. Talvéz fosse um ilhéu que de algum modo estivesse ligado à 
célebre «Chronica» da Terceira ou à «Chronica do Açores», órgãos do 
partido constitucional naquele arquipélago de onde, aliás, foram recrutados 
dezenas de voluntários para combater no Algarve. Por outro lado, nada me 
repugna admitir que se tra te de pseudónimo, já que, convenhamos, expôr 
publicamente a sua entidade num órgão afecto aos rebeldes liberais não 
era proeza corrente para quem tivesse amor à vida. Se acaso as tropas 
miguelistas vendessem a guerra, logicamente que muitas cabeças iriam 
rolar, e o mínimo que poderia acontecer a e ste Director da Imprensa do 
Algarve era ser destituído e deportado. Por conseguinte é muito possível 
que seja um pseudónimo engedrado pelos homens do Duque da Terceira 
para dar à saída da «Chronica» uma aparência mais oficial e responsável aos 
olhos do povo algarvio. 
UM PROJECTO JORNALÍSTICO FALHADO 
Efectivamente, em meu entender, o jornal «Chronica do Algarve» nunca 
existiu. A razão é simples. O exemplar que se conhece com este título não 
passa de um prospecto anunciado a saída dum periodico com idêntica 
designação e, embora apareça numerado com o n.° 1, o certo é que não 
teve continuidade, pelo que não se pode chamar jornal a um folheto/anúncio 
de 140 x 200 mm de que apenas se publicou um único número. Isto parece-me 
lógico. Por outro lado, a prova reside incontestavelmente no facto de no 
cabeçalho se anunciar a saída deste bissemanário para todas as Quarta-Feiras 
e Sábados, sendo até de realçar que na última linha d este prospecto se lê 
o seguinte: «Quarta-Feira 17 ha Chronica». Portanto, anunciava-se para o 
dia 17 de Julho de 1833 a saída do verdadeiro n.° 1 da «Chronica do
Algarve». Ora se o jornal só saia às quartas e sábados não é admissível 
que o n.° 1 aparecesse numa segunda-feira, tendo ainda por cima como 
nota de abertura o título «Prospecto» e não Editorial ou qualquer outro, 
como seria verdadeiramente lógico. Além disso, como parece provado que 
nenhum outro número saiu a público, nada mais natural do que afirmar 
que a «Chronica do Algarve» como jornal, na verdadeira acepção da palavra, 
nunca existiu, pois que continuidade jamais se lhe reconheceu. 
As razões que ditaram a sua presumível extinção ultrapassam to ta l­mente 
os meus conhecimentos e em parte alguma encontrei razões que 
justificassem tal atitude. Contudo, supomos que a explicação talvez resida 
no facto de no dia 17 de Julho e conselho militar reunido na Messejana 
determinar a partida dos exércitos do Duque da Terceira com destino a 
Lisboa e, por conseguinte, já não precisariam de publicar um órgão oficioso 
para dar a conhecer ao povo a instauração do poder liberal. Este jornal só 
teriam razão de existir se acaso prevalecesse a ideia de transformar a ideia 
de transformar o Algarve num reino independente e num conclave liberal/ 
/constitucionalista que servisse de trampolim a uma grandiosa ofensiva em 
direcção à capital concertada entre as tropas do norte, aquarteladas na 
cidade Invicta e as forças algarvias, que com o tempo seriam aumentadas 
pela chegada de efectivos das ilhas e do estrangeiro. Portanto, quando se 
decidiu marchar sobre Lisboa, face aos erros estratégicos do general Mollelos 
que se refugiara em Beja, estava automaticamente ditada a extinção deste 
jornal. Muito embora se soubesse ou pelo menos se desconfiasse que o 
Algarve e o Alentejo após a passagem dos exércitos do Duque regressariam 
à defesa da causa miguelista, o que efectivamente veio a acontecer, sendo 
de realçar a leonina acção do famoso guerrilheiro José Joaquim de Sousa 
Reis, popularmente designado por Remechido, que teve foros mítico-lendários 
que ainda hoje perduram na memória das gentes da serra algarvia. 
Resumindo, a desocupação militar da cidade de Faro, sem significar o 
seu abandono, e de toda a província do Algarve deverá e star na ba se da 
extinção da «Chronica do Algarve», órgão não oficial do exército liberal do 
Regente D. Pedro, Duque de Bragança. Perante os factos que acabei de 
apontar e até que surja prova em contrário continuarei a su sten ta r que a 
«Chronica do Algarve», considerada como o primeiro jornal algarvio, jamais 
existiu. 
Julgo que este meu esclarecimento, do qual, na altura própria, fiz 
publica menção nas colunas do «Diário de Notícias» e do semanário farense 
«O Algarve», é o primeiro que a priori em termos tão radicais e peremptórios 
se coloca à discussão e reflexão da opinião pública. Cabe-me, igualmente, 
o orgulho e confesso que a vaidade de ter sido a primeira pessoa a tornar 
público, nos órgãos acima citados, a verdadeira imagem do jornal/prospecto
que se acaso tivesse continuidade seria o mais antigo periódico a sul do 
Tejo. Essa imagem volto a reproduzi-la aqui para que todos os congressistas 
possam ter a inequívoca certeza da sua existência, visto que já houve quem 
suposesse a sua total irrecuperabilidade ou desaparecimento. Felizmente a 
«Chronica» existe e tenho fortes razões para supor que talvez subsistam, 
pelo menos, dois exemplares, de ste número único, no nosso país, sendo 
um deles provavelmente em Faro nas mãos modestas de quem não se 
apercebe do valor que possui. Desse exemplar extraiu o dr. Mário Lyster 
Franco uma fotocópia e com mágoa nossa já não se recorda do nome do 
seu antigo detentor, que julgo ser um ex-trabalhador da casa Fialho. 
O exemplar que agora se apresenta encontra-se depositado na Biblioteca 
Nacional, secção dos jornais, tendo por conta J. 2585 V. e podendo ser 
facilmente consultado. 
CHAMAVA-SE «O POPULAR» E FOI O PRIMEIRO JORNAL ALGARVIO 
Para terminar, devemos acrescentar que o primeiro jornal algarvio, 
também bissemanário como se propunha ser a «Chronica», de que conheço 
pelo menos trinta exemplares, tinha por título «O Popular — Jornal do 
Algarve», encontrando-se o último número de que tenho noticia datado de 
18 de Junho de 1847. Nesta conformidade, trata-se igualmente do segundo 
jornal a ser publicado a sul do tejo, visto que a «Chronica Eborense» iniciou 
a sua publicação a 13 de Janeiro de 1847, se bem que se extinguisse 
primeiro, ao cabo de 64 números, no dia 15 de Junho. Enquanto que 
«O Popular — Jornal do Algarve» deve ter iniciado a sua publicação precisa­mente 
no dia 10 de Março de 1847, na medida em que o exemplar n.° 7, 
único espécime depositado na Biblioteca Nacional de Lisboa, tem a data 
de 31 de Março daquele ano. No entanto esta afirmação só é válida no 
caso de se considerar que António Francisco Barata e stá equivocado quando 
susten ta a primazia para o «Boletim Eborense». Pessoalmente concordo 
com Francisco Barata e não com a actual opinião dos intelectuais alentejanos 
que só pelo facto de conhecerem apenas quatro «Boletins» e do seu conteúdo 
se resumir a decretos e ordens de serviço militar entendem que não se 
tra ta de um jornal. É lógico que a presente concepção de jornalismo não 
se pode totalmente transplantar para aquela época, fundamentalmente pelo 
próprio contexto histórico em que se inseria o «Boletim» como órgão das 
forças militares revoltosas que constituíam a Jun ta Governativa da Província 
do Alentejo. Curiosamente, «O Popular — Jornal do Algarve» é precisamente 
idêntico no estilo ao «Boletim Eborense» e, no entanto, eu não duvido em 
afirmar que se trata, sem sombra para dúvidas, de um jornal, tal como se 
pode ler no seu sub-título. Por outro lado, «O Popular» era também o órgão 
da Jun ta Governativa do Algarve.
Saliente-se que tanto Xavier Pereira como Vieira Branco desconheceram 
a existência deste jornal, o que vem enriquecer a minha informação, pois 
que lhe dá um sabor de inédito. Cabe-me igualmente referir que a notícia 
da sua publicação me foi facultada pelo Dr. Lyster Franco que possui na 
sua Hemeroteca, recentemente oferecida à Universidade do Algarve, apenas 
dois exemplares com os n.os 24 e 30. Como nota curiosa convém realçar o 
facto de ste jornal ter sido composto e impresso na tipografia do Governo 
Civil, que suponho ser a mesma que na rua do Aljube n.° 998, hoje rua do 
Município, deu à estampa a «Chronica do Algarve» em 1833, ou seja 
quatorze anos depois ainda existia, muito provavelmente nos baixos do 
prédio onde se encontra hoje a tipografia «União». No entanto, n essa altura 
não era a única tipografia existente na cidade pois que em 1846 já existia 
na rua do Rego n.° 460, hoje rua D. Francisco Gomes n.° 4, a tipografia Paz 
Furtado onde se imprimiu a Collecção de Memórias e Documentos para a 
História do Algarve, livro raro e b a stan te valioso, da autoria do esquecido 
comendador Bernardino José de Sena Freitas, erudito de inegáveis méritos 
que foi sócio da Academia das Ciências. 
UMA HOMEROTECA PARA A UNIVERSIDADE DO ALGARVE 
A concluir esta já longa comunicação não quero deixar de frisar a 
recente instalação na Universidade do Algarve de uma importante Hemero­teca 
cujo riquíssimo espólio foi doado pelo Dr. Mário Lyster Franco, o que, 
valha a verdade, constitui um altruíssimo gesto de genuino algarvíssimo e 
contrastar com o generalizado egoísmo daqueles que por todos os meios 
ao seu alcance pretendem entravar o lento progresso científico-cultural da 
nossa juventude. 
A colecção de publicações periódicas oferecida por aquele conhecido 
escritor destina-se à consulta livre e está à disposição de todos quantos 
pretendam utilizar a informação jornalística como fonte basilar dos seus 
trabalhos de investigação. Está também em preparação um ficheiro onomás­tico 
e ideográfico de apoio aos jovens investigadores que assim poderão 
mais facilmente consultar as publicações adequadas à consecução dos seus 
trabalhos. A Hemeroteca da Universidade do Algarve possui de momento 
a melhor colecção de jornais algarvios do pais, sendo de realçar a existência 
de periódicos ultra-raros de origem algarvia e de algumas revistas nacionais 
que marcaram vincada p resenç a no contexto da lite ra tu ra p o rtu g u e sa 
contemporânea. 
Prevê-se, igualmente, a oferta de algumas colecções completas de jor­nais 
já extintos e outros em fase de laboração, cujos Directores expressaram 
a sua intenção de as doar à Universidade do Algarve. Espera-se, deste
modo, erigir no Algarve a maior hemeroteca regional do país, tudo d epen­dendo 
da boa vontade dos algarvios que muitas vezes, por falta de espaço 
nas suas residências, chegam a queimar colecções de jornais antigos herda­dos 
dos seus avós. Actos deste género, que infelizmente, tanto quanto 
sabemos, não tem sido pouco numerosos, acabam por lesar profundamente 
a cultura algarvia, privando os seus naturais duma fonte de consulta verda­deiramente 
imprescindível a qualquer estudioso. 
Nesta conformidade, fazemos daqui um sincero apelo a todos quantos 
possuam colecções de jornais antigos ou recentes, quer sejam eles boletins 
paroquiais, boletins camarários, órgãos de associações laborais, estudantis, 
desportivas, culturais, recreativas, ou outras, para que, num gesto de boa 
vontade e apreço pela cultura, os ofereçam à Hemeroteca da Universidade 
do Algarve a fim de servirem não só os e studante s como especialmente 
toda a população algarvia. 
Para fechar com chave de ouro, resta-me acrescentar que ne ste preciso 
momento encontro-me a trabalhar na elaboração de uma História da Imprensa 
Algarvia, que servirá futuramente de ferramenta de trabalho aos estudantes 
e investigadores que procurarem obter nos jornais algarvios a informação 
concludente e precisa à concretização do seus estudos. 
BIBLIOGRAFIA 
ARANHA, Pedro Vasconcelos de Brito — M o u v em e n t d e la P re sse Périodique en Portugal d e 1894 
à 1899, Lisboa, Imprensa Nacional, 1900. 
Rapport d e la Section Portugaise, l e' Congrès In te rn a tio n a l d e la P re sse (1894-Avers), Lisboa, 
Imprensa Universal, 1894. 
BESSA, Alberto — O Jornalismo. Esboço Historico da sua Origem e D e s e n vo lv im e n to a té aos 
N o sso s Dias, Lisboa, Livraria Editora Viúva Tavares Cardoso, 1904. 
Boletim do Sindicato Nacional d o s Jornalistas, Lisboa, 1941. 
BRANCO, Cap. Vieira — S u b síd io s para a História da Im p ren sa Algarvia d e 1833 aos N o sso s 
Dias, Faro, Tipografia Caetano, 1938. 
Contribuição para o E s tu d o da Comunicação Social na Região A len te jo , 2 Vols., Évora, 
Comissão de Coordenação da Região do Alentejo, 1981. 
CUNHA, Alfredo — O Diário d e Notícias. A Sua Fundação e os s e u s Fundadores. A lg u n s Factos 
para a História do Jornalismo Português, Lisboa, Tip. Universal, 1914. 
E lem e n to s para a História da Im prensa Periódica Po rtu g u e sa (1641-1821), Lisboa, sep. das 
Memórias da A ca d em ia d a s Ciências d e Lisboa, Classe de Letras, tomo VI, 1941. 
R e la n c e s sobre os Três S é culos do Jornalismo Português, Lisboa, Gráfica Santelmo, 1941. 
Im p ren sa Periódica Po rtu g u e sa na M etrópole e n o Império, Séculos XVII-XIX, Lisboa, Bilbio-teca 
Nacional, 1941. 
MARQUES, Correia — A Im p ren sa Diária, sep. do n.° 3 do Boletim Informativo. Cultura Popular. 
Turismo.
f 
) 
MARTINS, Rocha — Pequena História da Im prensa Portuguesa, Lisboa, Editorial Inquérito, 1942. > 
MONTEIRO, G. Franco— Colecção d e Jornais P o r tu g u e s e s , Coimbra, 1887. 
PEREIRA, Agusto Xavier da Silva — Diccionario Jornalístico P ortugue z, 4 vols., Ms. 447 azul da 
Secção de Reservados da Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa. ^ 
O Jornalismo Português. R e s en h a Chronologica d e Todos os P enodicos P o r tu g u e se s Publicados 
no Reino e n o Estrangeiro d e sd e o M ea d o do Século XV II a té à Morte d e D. Luiz I. Lisboa, 
Antiga Casa Bertrand— José Bastos, 1896. 
Os Jornais Po rtu g u e se s. Sua Filiação e M e tam orfose s. Noticia S u p p lem en ta r Alfa b ética de 
to d o s os Periodicos M en c io n a d o s na R e s en h a Chronologica do Jornalismo Português, Lisboa, y 
Imprensa de Libânio da Silva, 1897. I 
PROSTES, Henrique de Carvalho — S ta tis tiq u e d e la Presse Portugaise 1641 à 1872, Lisboa, ^ 
Lallemant Frères, 1873. 
SALGADO, Joaquim — V irtu d e s e Malefícios da Imprensa, Porto, Portucalense Editora, 1945. f 
TENGARRINHA, José — História da Imprensa Periódica Portuguesa, Lisboa. Portugália Editora, 1965. 
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  • 1.
  • 2. «CHRONICA DO ALGARVE» TERÁ SIDO O PRIMEIRO JORNAL ALGARVIO? JOSÉ CARLOS VILHENA MESQUITA RESUMO Após se ter comemorado, em data errada, os 150 anos da imprensa algarvia, haverá que definir objectivamente qual terá sido o primeiro jornal algarvio. Aponta-se como pioneiro o bissemanário «Chronica do Algarve», presumivelmente nascido a 15 de Julho de 1833, aquando das invasões liberais comandadas pelo Duque da Terceira. Todavia, o autor de sta comuni­cação discorda dessa afirmação exibindo como prova o único exemplar que se conhece e que não p assa de um simples prospecto. Mas, o primeiro jornal algarvio, na verdade acepção da palavra, que será igualmente exibido aos congressistas, teve por título «O Popular Jornal do Algarve», do qual se publicaram pelo menos 30 números durante o ano de 1847. Será ainda focada a recente instalação na Universidade do Algarve de uma Hemeroteca, cujo valioso espólio foi doado pelo dr. Mário Lyster Franco. Por fim, o autor anunciará para breve a publicação de uma História da Imprensa Algarvia, apontado desde já para a preservação dos espécimes mais antigos, assim como dos boletins paroquiais ou camarários, órgãos de associações laborais, estudantis, desportivas, culturais e outras que se publicaram em toda a província. Neste contexto o autor apela à ajuda de todos para o enriquecimento da «monumental» Hemeroteca da Universidade do Algarve. Tem sido preocupação constante, não só dos historiadores como de outros investigadores afectos às várias ciências humanas e sociais, a persis­ten te pesquisa das origens, causas ou raízes dos eventos que de algum modo marcaram o curso da História ou o desenvolvimento bio-sócio-económico da Humanidade. Ora, acontece que a comunicação através do registo codi­ficado da mensagem se considera, depois da invenção do fogo, como o passo mais gigantesco da História do Homem pois permitiu às diferentes Civilizações e Estados manter um diálogo sincrónico com múltiplos e varia­dos espaços, circunstância essa que no futuro acabaria por se transformar num testemunho diacrónico do seu próprio motus vivendi dirigido aos vindouros de outras eras e culturas. Assim nasceu a História, assim se desenvolveu a Arqueologia e assim floresceu o gosto pela Arte e por tudo quanto fizesse reviver o passado.
  • 3. Os jornais e o jornalismo são o fruto dessa preocupação de comunicar sincronicamente com a sociedade e, em certa medida, se pode considerar o templo de Karnak como o maior e mais vasto jornal de todos os tempos. Nessa lítica página da História a noção de p resente não existe e a realidade é unicamente o passado. Daí os jornais terem uma vida efémera gerada pela constante mutação da actualidade. No entanto, são esses insignifican­tes jornais, que desprezivelmente lançamos no lixo, a fonte basilar da história do nosso tempo. Depressa o Homem sentiu a necessidade de inventar um processo de comunicação fácil e inteligível, que se pudesse manusear, transportar e, sobretudo, adquirir a um preço acessível a todas as bolsas. Assim, mercê da invenção dos caracteres móveis de Gotemberg, nasceu o jornal, folha volante primeiramente fantasioso e folhetinesco, mas que a breve a trecho se transformaria num interessante caderno noticioso e formativo. Todavia, a origem e o processo de desenvolvimento da noção jornal/ /informação foi b a stan te lento. As suas raízes remontam à antiga Roma. Aí se conheceram vários órgãos oficiais e particulares, testemunhadores da vida político-sócio-económica da mais poderosa potência militar do mundo mediterrânico. Desde os «Anais Máximos», que relatavam os acontecimentos em que se envolviam os Cônsules, passando pelo «Comentário Diurno», instituindo por Augusto para tornar públicos os sucessos da corte imperial, terminando nas «Actas Senatus», órgão oficial do Senado, e nas famosas e populares «Actas Diurnas», fundadas por Marco Aurélio, cujos «diurnari», os primeiros jornalistas de toda a história da imprensa, davam a conhecer ao povo os feitos militares das ligiões, as lutas dos gladiadores, os decretos imperiais e até as notícias de casamentos, divórcios, falecimentos, e spe ctá­culos, etc. Diz-se mesmo que Cícero e Plínio onde quer que estivessem, não dispensavam a leitura destes jornais manuscritos que, em boa verdade, eram os que entre todos mais se assemelhavam aos periódicos do nosso tempo. Curiosamente, seria na Itália que se desenvolvera o gosto pela informa­ção actualizada e logicamente pelo jornalismo. Foi então que surgiu na cidade de Veneza as «Notizie Scritte», também denominadas «Goglietti d'avisi», cujos principais informadores ou correspondentes eram os marinhei­ros que percorrendo as cidades mediterrânicas da Europa, da África e da Ásia traziam consigo, muito que contar sobre guerras, mercados, pestes, t/adições, monstros, lendas, etc. A título de curiosidade acrescentaremos que esses jornais manuscritos eram alugados por uma moeda, de relativo valor, popularmente designada por «gazeta». Pouco depois o nome da moeda transformar-se-ia em título de jornal. A partir do século XVI, com o desenvolvimento das técnicas de impressão, iria nascer o gosto pelos jornais e o jornalismo sagrar-se-ia numa arma importante e b a stan te respeitada
  • 4. pelos próprios órgãos do poder que amiudadas vezes se serviam deles para tornar públicas não só as determinações reais como ainda as ameaças militares ou económicas das potências estrangeiras. Em Portugal, por exem­plo, durante o domínio napoleónico publicaram-se imensas folhas, grande parte delas clandestinamente, exortando o povo à rebelião e lançando mesmo vários boatos que em certas localidades motivaram algumas escara­muças contra a ocupação estrangeira. Daí para a frente os jornais tornaram- -se num objecto quotidiano de grande impacto social mercê do desenvol­vimento do aparelho escolar e dos meios de comunicação. Também a vida político-partidária, que intensamente se vivia na capital, contribui em grande parte para a incontrolável inflação jornalística a que assistiram os vintistas, cartistas, setembristas, cabralistas e regeneradores. Mas a idade de oiro da imprensa portuguesa desenvolveu-se na segunda metade de Oitocentos, marcada até certo ponto pelo aparecimento dos primeiros diários com recursos próprios e especificadamente informativos, como foi o caso de «O Jornal do Comércio e das Colónias» (1852) e do «Diário de Notícias» (1864). Mas ainda antes de nascer este tipo de jornal/informação eram correntes os jornais jocosos, político-satíricos, polemistas, oficiais, militares, etc. É deste último género o primeiro jornal que se publicou no Algarve. Chamava- -se «Chronica do Algarve», nasceu por ocasião da Invasão do Algarve pelas tropas do Duque de Terceira e publicou-se no dia 15 de Julho de 1833. No entanto, sobre a legitimidade de se considerar este jornal como o primeiro que no Algarve se deu à estampa falaremos mais adiante. Efectivamente, muito se falou e muito se escreveu acerca dos 150 anos da imprensa algarvia, cujo aniversário se comemorou no ano transacto. Porém, tudo quanto até ao momento se disse sobre este assunto não é correcto e enferma de má informação. Na verdade, todos os artigos e notícias que se referiram ao aniversário da imprensa e, especialmente, à publicação da «Chronica do Algarve», tiveram por única e exclusiva fonte de informação o trabalho do cap. Vieira Branco, intitulado Subsídios para a História da Imprensa Algarvia de 1833 aos nossos dias (1938). Acontece, porém, que o livro do cap. Vieira Branco começou por ser mais uma das suas brilhantes secções de carácter histórico-cultural, igual a muitas outras que deixou publicadas nas colunas do «Correio do Sul», no «Diário do Algarve», no «Correio Algarvio», etc. Por conseguinte, tratavam- -se de artigos de jornais sem grandes preocupações de correcção ou de rigor histórico. Aliás, grande número das informações neles incluídas foram- -lhe facultadas por terceiros, tendo algumas delas como único fundamento apenas fugazes recordações de amigos mais velhos ou dos seus próprios tempos de infância.
  • 5. Por outro lado, as dificuldades de consultar as colecções completas da maioria desses jornais levou-o a cometer a imprevidência de imaginar certas e determinadas conclusões, das quais resultariam imperdoáveis equívocos. Por conseguinte, embora se trate de uma obra de inegáveis méritos devemos, contudo, aconselhar os seus consultores a confirmarem todas as informações nele contidas, pois que é rara a noticia que não contém omissões, gralhas, confusões, equívocos e, por vezes, até incongruências, o que é mais grave ainda. Em suma, o livro do cap. Vieira Branco não é uma fonte de inteira confiança. Não obstante isso, desconhecendo os perigos que corriam, todos os jornais que a esta, antecipada, comemoração se associaram, não fizeram mais do que verter por outras palavras os informes do cap. Vieira Branco, acabando deste modo, por repetir os mesmos disparates, sem contar já com aqueles que tiveram o descaramento de nem sequer citar a fonte a que recorreram, o que, francamente, achamos inadmissível e desleal. Convém acrescentar que a melhor fonte para se estudar a história da imprensa portuguesa pertence ao jornalista e esforçado investigador António Xavier da Silva Pereira que redigiu um extenso Diccionano Jornalístico Portuguez em 4 tomos que entregou à Academia das Ciências de Lisboa para ser publicado, mas que, por razões várias, permanece ainda inédito na Biblioteca daquela instituição na secção de Reservados, manuscrito n.° 447, azul. A sua área de acção vai desde 1825, com a publicação da Relação Universal do que sucedeu em Portugal e mais províncias do Ocidente e Oriente, até 19 de Outubro de 1889, da ta do falecimento de D. Luiz I, sendo o último jornal O Puritano, afecto ao partido regenerador da vila de Almada. E obra de extraordinário interesse e de fundamental consulta. Todavia, relativamente «Chronica do Algarve», muito embora o autor a considere ultra-raríssima e afirme que apenas vira o n.° 1, o certo é que dela dá como data de publicação o dia 15 de Junho de 1833, o que é manifestamente errado. Contudo, posso perfeitamente admitir que a justifi­cação de sta falha se tenha ficado a dever a ulteriores informações colhidas, talvéz, no relatório do leilão executado em Abril de 1890 da livraria do desembarcador da Relação do Porto, sr. Manuel Francisco Pereira de Sousa, que era detentor do único exemplar conhecido da «Chronica do Algarve». Contudo, a síntese que elabora das notícias inseridas no jornal, apesar de correcta, é manifestamente incompleta e curiosamente nos informes de Xavier Pereira transparece uma certa insegurança motivada pelo facto de a data daquele periódico não se coadunar com o relato dos eventos que já eram dados como passados, o que se tornava num contrasenso. Creio, muito sinceramente, que se Xavier Pereira tivesse visto a «Chronica do Algarve» ou conhecesse o seu arrematante tudo faria para desfazer este equívoco, 298
  • 6. ftumero jv Anno 18 .'7. JORNAL DO ALGARVE. V- ■ • Quarla-íoira .‘Jl tlc; ÍMíiivo. Parte Oflicial. * l c lu $ O jJ t c i í f c s d a J u n l a U ^ v c i i t u l i i t a do sJlj(rve. j Y J u n t a Go v e rn a l iv a do Alg a rv e a l te n d e n - do a q u e a e s cac ee d a colhe i ta p a s s ad a e a n • x l ra ordina r ia s c i r c u n s t a n c i a s , ei)i q u e ha diui lo bç acha o P a i z , lo riia iu dií ficullo sô a *olu<;£o tolul da» divida s o c o n t r ib u iç õ e s do ft£»tado; e a t le n d e n d o a q u e essa» mes'uias c i r c u n s ta n c ia s re c lamam acobran«;a p i lm n e - no> parcial (Tess»** romliniuiiUtif í-J I ii |)i)r bom « t u t e l a r o «eguiule. A r t i g o I.*—— Exigir-sç.-ha doH.collecta-áos n a d e c ima e impomos a n imx o s , o dc ^ u a e s q u e r o u t r o s d ev e d o re s «lo l i s t a d o , t-ó-me n te a am e t a d e da imp o r ta n c ia d e tu a s col lectas ou d iv id a s , relat ivas a um só anno « c o n omic o , sendo- lhe s c omlu d u facu l tad o o p ag ame n to total d« seus deb i (o i> ou do q u e «piizerem i a lU f a z o r alvSm tio q u e lhes á e x i ­gido. Art. t . ‘ -----Q* col loclado* e 'd e v e d o r e s s er io imnie«l ialam«nte in t ima d o s p a r a p a g a ­rem no p r a z o d e t r e a dias* impi orogav««is «i soinma t , a quo ficaip o b r ig a d o s pelo a r ­tigo an te c e d e iu d . Art. 3 -----O* qun p a g a r em independeu* UMiienUt «I inl ima rAo g-nsnrfífl, pelo q u e res-piMlâ Á* quant ja6 q u e cntr«,*^nn*m , do Imno" Ãoio cçn s ig n ad o no D ç c r e l o d'tf*ta J u n t a , de IJ de J a n e i r o pLOiimo p a s s a d o , s em .»paga- (uouto do cus tua ou umoluinentQ* nlfluns.' único, —r— Gosarárt do íue.-tmo }»ene-flcio, mas c om p a g ame n to «la* c om p e t e n t e s , ou cullu ti tado*. ou dcyeJoret» , que p r u r em d e n t i o «I» p r a t o uia rcado no açligo *jiUçed«nl* Ar t - i. " -----Os q u e nAo p a g a r em no rn ferido p r a s o p e rd e r ã o todo o d i r e i to ao bo nelie io, de que t r a ta o me n c io n ad o De c iv lo , e ser.To p rô /o s o c o n s e rv a d o s na C a d e ia aU plona *oly«,;o do p r inc ipal e cuslas» Ar t . 5.' -——No a c to do p a g ame n to so e n t r e g a r ã a c a d a um dos co n t r ib u in t e s ou dev e d o re s um r e c ib o inter ino «la imp o r tan c ia q u e s a lU f i r e r , as s ignudo p«*lo R e c e b e d o r e Admin i s t r a d o r do Concidlio K ^ p c c t i v o s , lan* ç ando-se no ver*o «lo c o n h e c ime n to a deela* . r a ç . lo d a im p o r t a n c i a , «pm fica >atislV»ita. Ar t . tí.* —— Oa Km p r e ç a d o s Publico* q u e se r e c u s a r em ao c um p r ime n to d ’ e*te D e c r e t o , ser3o infuli vqI in«>n t e «lemii lidos , incor rer itò na pena tio pri^Ao d e d ez a t é trin» ta «lias, «* pagar«U1 uma mu l ta d e cimio a t j cincoiMila mli reis. §. I.* N a me sma mule ta incorrera:! op qu e por q u a l q u e r forma induz i rem os Cida - «Ro s . a. q tm n/to pag u e u i o q u e d e v em àK a - zqinla iNacioual. §. 2.' As p e n a s c om p r e h e n d i d a s no pro* souto Artig ti s e n t o imp o r ta s em J u iz o «lo l*o licia CuiTufcio iia l. A r t . 7 . ’ —— P a r a fiol e x e c u ç ã o iT e s l a s d i p o s i ç õ e s ' ' ó c ç iu d o um ' ICmp r e g a d o S u p e r i o r r i s c a i , q u o e x e r c e r ; l ' erti lo«lo*o Di s l i ici«» a* at i ri b u i r d e s n e c e s s á r i a s p a r a so c o n s e g u i r o p y g n rm m lo «los r«»n«limonln ,• «lo f ^ l a t l o e m coii fuPiniilmb? c om o r i i s p o s lu n u pi«*>enle He Cl «rio ; e x e r c e n d o a l ém «Ti t io o d i r e i t o d ç su* p c r i n i e n d c r s o b r e t o d a s a s R e p a r t i ç õ e s l'is* c a o s , c u jo s R u i f v e g a d o * Ihe-o b e« lo c« u á0 co^i^ a m a i o r p o n « ' lu a l id a d o . unico. N em as Al fândega s d 'e s la Pio» v imt ia . riem os- Kmp r eg a í lo j d a s incsnias s;lo «.omprohendidos nas «li^posi^òtM «11 «tsle D r c r e t o .
  • 7. ",»tr Prlod»ro írtfa»,'» s»bb»doft.'. Ctifli *40 trjt rfl(Ja fu«nrfo.' r .Supple* • nr n i o £ 0 i c i » • cudo fie tj um rio. CHRONICA DO ALGARVE. o -*C « ± ........................ .-O Iramumplo reduiido Jíin pequeno volume uquit e dou Do inundo aoi olboi teui, par* que vejat J ’oi onda v i l , o que d«»ejai. L d»i »d. C art. X . O it 79. bEOU.NDA FHI I IA 15 DK JU L H O L>£ 1833. N. I j u i o s p j e c t o . E u f K f B iD ó í em def e n d e r • C a u t a d a Ho n r a , « d a Legil imi d ade d o Tl i ro n o , e d a» L i l w r d a d e t P a l r i j » , linje f e lmn e n - t e' e n l a l a ç a do» ein eHi e i t o v i n c u l o ; <■ « oj comb a t e r pei to • j i f i i o . t c om o i t t t íificio d e i i o i t o i b*vefpi t a n c e g o , e v id a (*fue Contente» havemos e i p o » - to^íe.Tipre ‘q u »• o exi g a t> l>ero d a l ’a - trr») a Diai» d e t a l o r f i d a e alei vosa u*ur-p& çã t ^ qu e a t e fagora vio o mu n d o civi» l l tado , não p o d emo s , apeza r d a n o n a ioruíficiencia , n r u n r - n o i -ao convi t e que noi faZ’-iifi> P a l r i o t a , ama n t e d a Ujesroa jm t a C a m a , > i g u a lment e de d i ­ca do b «-lia de*dp - o p r in c i p i o d a emi - g i * ç ã o ( d e Concnrrrr*njr>« c om o p e qu e ­no - c abe d a l de f i ono t debei i f o r ç a iÀ r e­d a c ç ã o de uru Jí rriodico em que o até h o ­je « p p r iu i i d o , ma i ( empr e fiel 1’o v o d e » - teOíeino leia iioi -soccenoi do dia o pip^rauo 'da tueim» bani» Causa, ta> q o » -«‘t p ò n U n e a t u e o l e »e - emp e n h o u * «Júdnr noi. 1 D i r em o i c o m a i n j e n u i d a d e ' p r a p r i * d e l i um v e r d a d e i r o l i b e r a l t u d o o q u e o e d o r r e r d e - . ( l o l a v e l 'na» o p e r a ç õ e » d a K i p e d i ç ã o , d e r t i n a d a a q u e b r a r a t a l - f r t i i a t , q u e . r o a o i a l a v i o o i pulso» d o t f i e i » _ P or l u j ; ue z e« n e i l e I t e i n o , e p r o v í n ­c i a l im i l r o p b e ; • n a a inge l a n a r r a ç ã o d o n o n o d e s e m b a r q u e , e r u a r e b a g l o - Tioi a d e n oma » T r o p a » , v e r ã o a» na ç õ e s c u h a t d a K u r o p a d e f i n i t i v ame n t e r es ol ­v i d a a - q u e s l ã o , q u e l e p e t l e n d i a o b s c u ­r e c e r , o u l o m a r o m b i g u a , i i l o be — t e t > P o r t u g a l q u e r o u n ã o a 1 l a i n h a e a C a r l a — e t e " bei ja o» g r i l bõ e » d o d e i - p o t i tm o , o u l u i p i r a p e l o f e l i t , d i a , e o i q u e p o n a a r r o j a - l o » p « r a l o n g e , s u b s t i ­t u i n d o - l h e o g o v e r n o d a Lei e d a J n s t i » Ça. - A n o n a - rode p e n n a d e i x a r á t a l r e f { n ã o p o r f a l t a d e v o n t a d e , t r a i »ó -d» t a l e n t o ) d e a p r e c i a r d e v i d am e n t e a g l o - Ilo»B p a r l a , «ju« t t o ^ e i u ; j U l l l u . u » U i t ^ 300
  • 8. o que na verdade, não aconteceu. Daí, concluir, com algumas reticências que Xavier Pereira nunca viu aquele jornal, embora sobre ele recebesse, talvez de fonte digna de todo o crédito, as informações contidas no seu inédito e precioso Dicionário Jornalístico. Por sua vez, o cap. Vieira Branco baseando-se nos conhecimentos daquele emérito investigador, acabou por cometer os mesmos erros, apenas com a agravante de procurar justificar o desfazamento das da ta s com razões perfeitamente irreais e totalmente inadmissíveis para um homem da sua ilustração. Nesta conformidade, os órgãos da imprensa regional e da grande imprensa diária procederam indevidamente no dia 15 de Junho do ano passado às comemorações dos 150 Anos da Imprensa Algarvia, quando o deveriam ter feito precisamente um mês depois. E tudo isto derivado das informações percipitadamente colhidas no livro do cap. Vieira Branco. De qualquer modo, diga-se de abono da verdade, que essas comemorações não passaram de simples e fugazes notícias nos jornais já que não se realizaram quaisquer actos, oficiais ou particulares, que pudessem com algum brilho assinalar a efeméride. Se por um lado foi triste e imperdoável deixar passar a soleni­dade daquela data, o que só vem confirmar o desinteresse dos algarvios por tudo quanto de grande e de importante lhes diz respeito, pelo outro até foi bom pois que pelas razões que a seguir exporei iria comerter-se igualmente um disparate perfeitamente escusado. BREVE ANÁLISE DA «CHRONICA DO ALGARVE» Veio este periódico a público no dia 15 de Julho de 1833 fazendo-se transparecer como órgão oficial das tropas liberais e do partido constitucio-nalista de D. Pedro, Imperador do Brasil, Regente do Reino e futuro Rei de Portugal. Como era corrente na época enunciava-se como bissemanário e propunha-se vir a público às quartas e sábados, informação essa que se acha inserida no canto superior esquerdo do cabeçalho. Do lado contrário estipula o preço de cada exemplar: «Custa 40 réis cada Numero: e Suple­mento 20 réis sendo de quarto.» Ao centro o stenta as Armas Reais Portu­guesas sob as quais aparece o título da publicação. Ainda no cabeçalho, no canto inferior direito cita um extracto da estância n.° 79 do Canto X dos Lusíadas: «... o transumpto reduzido/Em pequeno volume aqui te dou/Do mundo aos olhos teus, para que vejas/Por onde vás, e irás; e o que desejas.» Abre com o título «Prospecto», o que idêntica claramente e ste exemplar com um folheto anúncio do futuro periódico com o mesmo título. Diz estar empenhado «em defender a Causa da Honra, e da Legitimidade do Throno, e das Liberdades Pátrias». Propõe-se relatar «com a ingenuidade própria
  • 9. de hum verdadeiro liberal tudo o que ocorrer de notável nas■ operações da Expedição destinadas a quebrar as algemas que maniatavão os pulsos dos fiéis Portugueses ne ste Reino, e provinda limitrophe;». Isto dava a entender que as tropas liberais receavam a oposição militar e popular d esta província servindo-se da «Chronica» exclusivamente para ten ta r informar o povo, principalmente a burguesia comercial e dos serviços e ser mais ou menos instruída, acerca do poderio do exército da Rainha e dos seus êxitos no campo de batalha. Como é óbvio não se excluia dos objectivos d e ste jornal o recurso ao boato e às falsas declarações, tão correntes em tempo de guerra. Por outro lado, serviria como elemento de propaganda das novas ideias e como veículo de recrutamento de novos efectivos militares que possibilitassem a organização dum exército liberal. É claro que nada disso aconteceu e como as tropas miguelistas se puseram em debandada para o Alentejo nada justificava a permanência dos homens do Duque da Terceira, que deste modo tinham à sua mercê o caminho livre para Lisboa. Na «Parte não Official» relata-se a Expedição ao Algarve, por vezes com alguns exageros mas, sobretudo, sem escamotear a verdade dos factos. Constitui um importante elemento de consulta para a História das Lutas Liberais no Algarve. A seguir publicam-se duas «Proclamações», sendo a primeira assinada por D. Pedro — Duque de Bragança, na qual exorta os algarvios a aderirem à causa liberal e legitimista da Rainha D. Maria II e, especialmente, à Carta Constitucional: «Correi às armas. Uni-vos aos bravos que marchão intrépidos contra a usurpação... Ajudai-Me a restaurar o Throno de vossa Rainha aleivosamente usurpado... Acolhei-vos às bandeiras da Honra e da Fidelidade», e termina dando vivas à Rainha e à Carta. Na segunda proclamação, assinada pelo Conde de Villa-Flor, Duque da Terceira, faz-se sensivelmente o mesmo apelo, justificando-se a invasão do Algarve como um acto de libertação: «Portuguezes leaes vem (sic) debaixo do meu commando libertar Portuguezes... Uni-vos a mim e aos meus Soldados; e a Rainha legitima será por nós restituída ao Throno de seu s A vós aleivoza-mente usurpado; e à nossa Pátria será restituída a Carta Constitucional e a liberdade.» Termina por noticiar a heróica rêsistência das tropas liberais durante o cerco do Porto e refere que no dia 10 uma força do Exército Expedicionário liberal bateu-se em Beja com as forças do general Mollelos causando às tropas miguelistas cerca de 60 baixas. A fechar inclui uma curiosa indicação dos custos da publicidade: «Este Periodico continuará a sahir todas as Quarta-Feiras e Sabbados. Seu preço 40 rs. avulso, e 30 rs. para os Snrs. Assignantes. Os Supplementos sendo de mais folha são pagos como os números ordinários, e os de quarto em razão de 20 rs. para os não assig­nantes, e de 15 rs. para os Assignantes. Paga-se hum m e z adiantado. A
  • 10. correspondecia (sic) para o Director será = Manoel Antonio Ferreira Portugal, Director de Imprensa do Governo, Rua do Aljube N.° 998 = Recebem-se Anúncios para se incerirem neste periodico, por praço (sic) commodo. Quarta- -Feira 17 ha Chronica.» A indicação da «Imprensa do Governo» dá a entender que existiu em Faro uma tipografia oficial, o que nos leva a considerá-la, até prova em contrário, como a primeira casa de artes gráficas dos tempos modernos, a qual vem suceder ao histórico prelo de Samuel Gacon que nesta cidade deu à estampa o primeiro incunábulo impresso em Portugal. Relativamente ao seu Director, Manoel António Ferreira de Portugal, nada de concreto consegui ainda apurar, quer nos livros de óbitos das freguesias da Sé e de S. Pedro quer nos livros de enterramentos da Misericórdia, de S. Francisco, da Sé, do Carmo ou da Esperança. Portanto, este homem não faleceu em Faro, o que até certo ponto me leva a admitir que não se tra te de um algarvio. Talvéz fosse um ilhéu que de algum modo estivesse ligado à célebre «Chronica» da Terceira ou à «Chronica do Açores», órgãos do partido constitucional naquele arquipélago de onde, aliás, foram recrutados dezenas de voluntários para combater no Algarve. Por outro lado, nada me repugna admitir que se tra te de pseudónimo, já que, convenhamos, expôr publicamente a sua entidade num órgão afecto aos rebeldes liberais não era proeza corrente para quem tivesse amor à vida. Se acaso as tropas miguelistas vendessem a guerra, logicamente que muitas cabeças iriam rolar, e o mínimo que poderia acontecer a e ste Director da Imprensa do Algarve era ser destituído e deportado. Por conseguinte é muito possível que seja um pseudónimo engedrado pelos homens do Duque da Terceira para dar à saída da «Chronica» uma aparência mais oficial e responsável aos olhos do povo algarvio. UM PROJECTO JORNALÍSTICO FALHADO Efectivamente, em meu entender, o jornal «Chronica do Algarve» nunca existiu. A razão é simples. O exemplar que se conhece com este título não passa de um prospecto anunciado a saída dum periodico com idêntica designação e, embora apareça numerado com o n.° 1, o certo é que não teve continuidade, pelo que não se pode chamar jornal a um folheto/anúncio de 140 x 200 mm de que apenas se publicou um único número. Isto parece-me lógico. Por outro lado, a prova reside incontestavelmente no facto de no cabeçalho se anunciar a saída deste bissemanário para todas as Quarta-Feiras e Sábados, sendo até de realçar que na última linha d este prospecto se lê o seguinte: «Quarta-Feira 17 ha Chronica». Portanto, anunciava-se para o dia 17 de Julho de 1833 a saída do verdadeiro n.° 1 da «Chronica do
  • 11. Algarve». Ora se o jornal só saia às quartas e sábados não é admissível que o n.° 1 aparecesse numa segunda-feira, tendo ainda por cima como nota de abertura o título «Prospecto» e não Editorial ou qualquer outro, como seria verdadeiramente lógico. Além disso, como parece provado que nenhum outro número saiu a público, nada mais natural do que afirmar que a «Chronica do Algarve» como jornal, na verdadeira acepção da palavra, nunca existiu, pois que continuidade jamais se lhe reconheceu. As razões que ditaram a sua presumível extinção ultrapassam to ta l­mente os meus conhecimentos e em parte alguma encontrei razões que justificassem tal atitude. Contudo, supomos que a explicação talvez resida no facto de no dia 17 de Julho e conselho militar reunido na Messejana determinar a partida dos exércitos do Duque da Terceira com destino a Lisboa e, por conseguinte, já não precisariam de publicar um órgão oficioso para dar a conhecer ao povo a instauração do poder liberal. Este jornal só teriam razão de existir se acaso prevalecesse a ideia de transformar a ideia de transformar o Algarve num reino independente e num conclave liberal/ /constitucionalista que servisse de trampolim a uma grandiosa ofensiva em direcção à capital concertada entre as tropas do norte, aquarteladas na cidade Invicta e as forças algarvias, que com o tempo seriam aumentadas pela chegada de efectivos das ilhas e do estrangeiro. Portanto, quando se decidiu marchar sobre Lisboa, face aos erros estratégicos do general Mollelos que se refugiara em Beja, estava automaticamente ditada a extinção deste jornal. Muito embora se soubesse ou pelo menos se desconfiasse que o Algarve e o Alentejo após a passagem dos exércitos do Duque regressariam à defesa da causa miguelista, o que efectivamente veio a acontecer, sendo de realçar a leonina acção do famoso guerrilheiro José Joaquim de Sousa Reis, popularmente designado por Remechido, que teve foros mítico-lendários que ainda hoje perduram na memória das gentes da serra algarvia. Resumindo, a desocupação militar da cidade de Faro, sem significar o seu abandono, e de toda a província do Algarve deverá e star na ba se da extinção da «Chronica do Algarve», órgão não oficial do exército liberal do Regente D. Pedro, Duque de Bragança. Perante os factos que acabei de apontar e até que surja prova em contrário continuarei a su sten ta r que a «Chronica do Algarve», considerada como o primeiro jornal algarvio, jamais existiu. Julgo que este meu esclarecimento, do qual, na altura própria, fiz publica menção nas colunas do «Diário de Notícias» e do semanário farense «O Algarve», é o primeiro que a priori em termos tão radicais e peremptórios se coloca à discussão e reflexão da opinião pública. Cabe-me, igualmente, o orgulho e confesso que a vaidade de ter sido a primeira pessoa a tornar público, nos órgãos acima citados, a verdadeira imagem do jornal/prospecto
  • 12. que se acaso tivesse continuidade seria o mais antigo periódico a sul do Tejo. Essa imagem volto a reproduzi-la aqui para que todos os congressistas possam ter a inequívoca certeza da sua existência, visto que já houve quem suposesse a sua total irrecuperabilidade ou desaparecimento. Felizmente a «Chronica» existe e tenho fortes razões para supor que talvez subsistam, pelo menos, dois exemplares, de ste número único, no nosso país, sendo um deles provavelmente em Faro nas mãos modestas de quem não se apercebe do valor que possui. Desse exemplar extraiu o dr. Mário Lyster Franco uma fotocópia e com mágoa nossa já não se recorda do nome do seu antigo detentor, que julgo ser um ex-trabalhador da casa Fialho. O exemplar que agora se apresenta encontra-se depositado na Biblioteca Nacional, secção dos jornais, tendo por conta J. 2585 V. e podendo ser facilmente consultado. CHAMAVA-SE «O POPULAR» E FOI O PRIMEIRO JORNAL ALGARVIO Para terminar, devemos acrescentar que o primeiro jornal algarvio, também bissemanário como se propunha ser a «Chronica», de que conheço pelo menos trinta exemplares, tinha por título «O Popular — Jornal do Algarve», encontrando-se o último número de que tenho noticia datado de 18 de Junho de 1847. Nesta conformidade, trata-se igualmente do segundo jornal a ser publicado a sul do tejo, visto que a «Chronica Eborense» iniciou a sua publicação a 13 de Janeiro de 1847, se bem que se extinguisse primeiro, ao cabo de 64 números, no dia 15 de Junho. Enquanto que «O Popular — Jornal do Algarve» deve ter iniciado a sua publicação precisa­mente no dia 10 de Março de 1847, na medida em que o exemplar n.° 7, único espécime depositado na Biblioteca Nacional de Lisboa, tem a data de 31 de Março daquele ano. No entanto esta afirmação só é válida no caso de se considerar que António Francisco Barata e stá equivocado quando susten ta a primazia para o «Boletim Eborense». Pessoalmente concordo com Francisco Barata e não com a actual opinião dos intelectuais alentejanos que só pelo facto de conhecerem apenas quatro «Boletins» e do seu conteúdo se resumir a decretos e ordens de serviço militar entendem que não se tra ta de um jornal. É lógico que a presente concepção de jornalismo não se pode totalmente transplantar para aquela época, fundamentalmente pelo próprio contexto histórico em que se inseria o «Boletim» como órgão das forças militares revoltosas que constituíam a Jun ta Governativa da Província do Alentejo. Curiosamente, «O Popular — Jornal do Algarve» é precisamente idêntico no estilo ao «Boletim Eborense» e, no entanto, eu não duvido em afirmar que se trata, sem sombra para dúvidas, de um jornal, tal como se pode ler no seu sub-título. Por outro lado, «O Popular» era também o órgão da Jun ta Governativa do Algarve.
  • 13. Saliente-se que tanto Xavier Pereira como Vieira Branco desconheceram a existência deste jornal, o que vem enriquecer a minha informação, pois que lhe dá um sabor de inédito. Cabe-me igualmente referir que a notícia da sua publicação me foi facultada pelo Dr. Lyster Franco que possui na sua Hemeroteca, recentemente oferecida à Universidade do Algarve, apenas dois exemplares com os n.os 24 e 30. Como nota curiosa convém realçar o facto de ste jornal ter sido composto e impresso na tipografia do Governo Civil, que suponho ser a mesma que na rua do Aljube n.° 998, hoje rua do Município, deu à estampa a «Chronica do Algarve» em 1833, ou seja quatorze anos depois ainda existia, muito provavelmente nos baixos do prédio onde se encontra hoje a tipografia «União». No entanto, n essa altura não era a única tipografia existente na cidade pois que em 1846 já existia na rua do Rego n.° 460, hoje rua D. Francisco Gomes n.° 4, a tipografia Paz Furtado onde se imprimiu a Collecção de Memórias e Documentos para a História do Algarve, livro raro e b a stan te valioso, da autoria do esquecido comendador Bernardino José de Sena Freitas, erudito de inegáveis méritos que foi sócio da Academia das Ciências. UMA HOMEROTECA PARA A UNIVERSIDADE DO ALGARVE A concluir esta já longa comunicação não quero deixar de frisar a recente instalação na Universidade do Algarve de uma importante Hemero­teca cujo riquíssimo espólio foi doado pelo Dr. Mário Lyster Franco, o que, valha a verdade, constitui um altruíssimo gesto de genuino algarvíssimo e contrastar com o generalizado egoísmo daqueles que por todos os meios ao seu alcance pretendem entravar o lento progresso científico-cultural da nossa juventude. A colecção de publicações periódicas oferecida por aquele conhecido escritor destina-se à consulta livre e está à disposição de todos quantos pretendam utilizar a informação jornalística como fonte basilar dos seus trabalhos de investigação. Está também em preparação um ficheiro onomás­tico e ideográfico de apoio aos jovens investigadores que assim poderão mais facilmente consultar as publicações adequadas à consecução dos seus trabalhos. A Hemeroteca da Universidade do Algarve possui de momento a melhor colecção de jornais algarvios do pais, sendo de realçar a existência de periódicos ultra-raros de origem algarvia e de algumas revistas nacionais que marcaram vincada p resenç a no contexto da lite ra tu ra p o rtu g u e sa contemporânea. Prevê-se, igualmente, a oferta de algumas colecções completas de jor­nais já extintos e outros em fase de laboração, cujos Directores expressaram a sua intenção de as doar à Universidade do Algarve. Espera-se, deste
  • 14. modo, erigir no Algarve a maior hemeroteca regional do país, tudo d epen­dendo da boa vontade dos algarvios que muitas vezes, por falta de espaço nas suas residências, chegam a queimar colecções de jornais antigos herda­dos dos seus avós. Actos deste género, que infelizmente, tanto quanto sabemos, não tem sido pouco numerosos, acabam por lesar profundamente a cultura algarvia, privando os seus naturais duma fonte de consulta verda­deiramente imprescindível a qualquer estudioso. Nesta conformidade, fazemos daqui um sincero apelo a todos quantos possuam colecções de jornais antigos ou recentes, quer sejam eles boletins paroquiais, boletins camarários, órgãos de associações laborais, estudantis, desportivas, culturais, recreativas, ou outras, para que, num gesto de boa vontade e apreço pela cultura, os ofereçam à Hemeroteca da Universidade do Algarve a fim de servirem não só os e studante s como especialmente toda a população algarvia. Para fechar com chave de ouro, resta-me acrescentar que ne ste preciso momento encontro-me a trabalhar na elaboração de uma História da Imprensa Algarvia, que servirá futuramente de ferramenta de trabalho aos estudantes e investigadores que procurarem obter nos jornais algarvios a informação concludente e precisa à concretização do seus estudos. BIBLIOGRAFIA ARANHA, Pedro Vasconcelos de Brito — M o u v em e n t d e la P re sse Périodique en Portugal d e 1894 à 1899, Lisboa, Imprensa Nacional, 1900. Rapport d e la Section Portugaise, l e' Congrès In te rn a tio n a l d e la P re sse (1894-Avers), Lisboa, Imprensa Universal, 1894. BESSA, Alberto — O Jornalismo. Esboço Historico da sua Origem e D e s e n vo lv im e n to a té aos N o sso s Dias, Lisboa, Livraria Editora Viúva Tavares Cardoso, 1904. Boletim do Sindicato Nacional d o s Jornalistas, Lisboa, 1941. BRANCO, Cap. Vieira — S u b síd io s para a História da Im p ren sa Algarvia d e 1833 aos N o sso s Dias, Faro, Tipografia Caetano, 1938. Contribuição para o E s tu d o da Comunicação Social na Região A len te jo , 2 Vols., Évora, Comissão de Coordenação da Região do Alentejo, 1981. CUNHA, Alfredo — O Diário d e Notícias. A Sua Fundação e os s e u s Fundadores. A lg u n s Factos para a História do Jornalismo Português, Lisboa, Tip. Universal, 1914. E lem e n to s para a História da Im prensa Periódica Po rtu g u e sa (1641-1821), Lisboa, sep. das Memórias da A ca d em ia d a s Ciências d e Lisboa, Classe de Letras, tomo VI, 1941. R e la n c e s sobre os Três S é culos do Jornalismo Português, Lisboa, Gráfica Santelmo, 1941. Im p ren sa Periódica Po rtu g u e sa na M etrópole e n o Império, Séculos XVII-XIX, Lisboa, Bilbio-teca Nacional, 1941. MARQUES, Correia — A Im p ren sa Diária, sep. do n.° 3 do Boletim Informativo. Cultura Popular. Turismo.
  • 15. f ) MARTINS, Rocha — Pequena História da Im prensa Portuguesa, Lisboa, Editorial Inquérito, 1942. > MONTEIRO, G. Franco— Colecção d e Jornais P o r tu g u e s e s , Coimbra, 1887. PEREIRA, Agusto Xavier da Silva — Diccionario Jornalístico P ortugue z, 4 vols., Ms. 447 azul da Secção de Reservados da Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa. ^ O Jornalismo Português. R e s en h a Chronologica d e Todos os P enodicos P o r tu g u e se s Publicados no Reino e n o Estrangeiro d e sd e o M ea d o do Século XV II a té à Morte d e D. Luiz I. Lisboa, Antiga Casa Bertrand— José Bastos, 1896. Os Jornais Po rtu g u e se s. Sua Filiação e M e tam orfose s. Noticia S u p p lem en ta r Alfa b ética de to d o s os Periodicos M en c io n a d o s na R e s en h a Chronologica do Jornalismo Português, Lisboa, y Imprensa de Libânio da Silva, 1897. I PROSTES, Henrique de Carvalho — S ta tis tiq u e d e la Presse Portugaise 1641 à 1872, Lisboa, ^ Lallemant Frères, 1873. SALGADO, Joaquim — V irtu d e s e Malefícios da Imprensa, Porto, Portucalense Editora, 1945. f TENGARRINHA, José — História da Imprensa Periódica Portuguesa, Lisboa. Portugália Editora, 1965. f' > i> >> > f f V f y f j 308