O documento discute como a inteligência emocional pode reduzir custos nas empresas. Ele explica que os gerentes tradicionalmente se concentravam em objetivos e prazos, ignorando custos, mas pesquisas mostraram que custos também são importantes. A Petrobras foi pioneira no Brasil em usar processos baseados em inteligência emocional para reduzir custos de forma efetiva. O documento defende que a redução de custos por meio da psicologia organizacional deve ser vista como uma estratégia importante.
1. INTELIGÊNCIA EMOCIONAL REDUZ CUSTOS
“O bom gerente é aquele que atende aos objetivos da empresa e executa as
tarefas dentro do prazo, do custo e dos padrões requeridos de qualidade.”
Essa definição, que perdura há cerca de 50 anos na mente e no comportamento
da maioria dos gerentes, foi compatível em uma época em que as variáveis
envolvidas -- tecnológicas, ambientais, humanas e financeiras -- não tinham a
complexidade, em alguns casos, nem os anseios e desejos das pessoas no
trabalho, em outros, daquelas existentes em nossos dias.
Em uma das maiores empresas dos E.U.A. a falta de visão dos gerentes quanto
às mudanças que deveriam ser introduzidas em seu modelo de gestão resultou
no fato de que, dos 200 projetos em andamento, 100% ultrapassaram os custos
previstos.
Pesquisa realizada por D. Cleland e H. Kerzner explica tal fenômeno a partir
do comportamento adotado pelos gerentes americanos. A pesquisa mostrou
que, para eles, os fatores determinantes de sucesso eram os seguintes:
performance (75%), prazo (25%) e custo (0%). Por performance entende-se
aqui a consecução dos objetivos. Ou seja, custo não é importante! Até que não
é estranho em um país de “capital intensive”, modelo oposto ao nosso.
A partir da década de 1960, as empresas notaram que a turbulência ambiental
deveria resultar na mudança não só do comportamento gerencial como do
comportamento das pessoas e das equipes nas diversas áreas da empresa.
Verificou-se que havia necessidade de serem introduzidos programas de
treinamento e desenvolvimento na tentativa de ser encontrada solução para se
evitar os custos elevados.
2. Em torno daquela época, com o estabelecimento no Brasil das grandes
empresas americanas de consultoria, a cultura do gerente americano passou a
predominar entre nós.
Nossa escola de gerentes sofreu profunda influência dessa atitude segundo a
qual o custo não é importante. Isto trouxe uma radicalização no
comportamento dos gerentes, cuja maior preocupação eram as especificações
e o prazo. E o pior é que dificilmente os programas terminavam dentro do
custo, do prazo e com qualidade. O aumento dos custos passou a ser comum,
tanto nas organizações como nos seus projetos.
Os recursos financeiros escassos em nosso país faz com que a semente do
conceito de custo seja iniciado nas escolas e, após, ampliado com cursos
específicos nas universidades, criando uma mentalidade adequada à nossa
realidade.
Devido a esta falha na nossa educação, as empresas que desejavam reduzir os
seus custos recorriam às indesejadas demissões, na ignorância de outra
alternativa como, por exemplo, os processos de redução de custos já existentes
no exterior desde 1947!
Os processos de redução de custos, hoje em dia, na grande maioria dos casos,
são realizados por consultoras. Eles têm seus fundamentos ou na razão ou na
emoção, ou em ambos. O processo racional é de fácil aprendizado e seus
resultados são de pequena monta. O processo que usa o poder das emoções
tem seus fundamentos na inteligência emocional (dos sentimentos) e depende
integralmente do treinamento e desenvolvimento de pessoas da empresa e seu
resultado é excepcional.
No Brasil, me parece, a Petrobras foi a pioneira no uso da inteligência
emocional para redução de custos. Isso aconteceu em 1982 em um projeto na
3. Refinaria de Caxias. Usou para tal o processo de Economicidade, este criado
em 1975. Logo após, a Economicidade foi usada pela Companhia Vale do Rio
Doce e muitas outras empresas. Desde então, o pessoal que adquiriu o know-
how do processo o tem aplicado, com apoio de psicólogas, sempre com
benefícios inestimáveis não só para a empresa como também para o seu
desenvolvimento interpessoal e criativo.
Nossa experiência usando a psicologia organizacional durante a aplicação do
processo de Economicidade tem nos mostrado que ela se tornou uma
ferramenta inestimável no treinamento e desenvolvimento do pessoal da
empresa para otimização dos seus custos. Tem sido usado pelas empresas,
preferencialmente para redução de seus custos, no entanto se mostrou um
robusto apoio também no planejamento estratégico e no processo decisório.
Cada vez mais as empresas vão usar os fundamentos da psicologia
organizacional como instrumento de gestão de pessoas e de otimização
organizacional, tal os benefícios diretos e indiretos que são alcançados.
Pelos resultados comprovados que tem sido alcançados, em benefício da
empresa e do seu pessoal, a redução de custos via psicologia organizacional
deve ser considerada uma ação estratégica.
Bem, e a definição de gerente (dirigente, gestor, diretor, superintendente,
chefe, e qualquer um que tenha pessoas sob sua responsabilidade no trabalho)
então, pode ser: gerente é aquele que constrói uma equipe (“building a team”)
capacitada para cumprir suas obrigações na empresa no menor prazo, com
menores custos, sem prejuízo da qualidade, em um ambiente alegre, criativo e
motivador.
José Affonso