1. MICROFONIA
Ano 2 nº 07 MÚSICA .FILME .HQ .SHOW João Pessoa, março 2012
Distribuição gratuita
Márcio Sno - Um Fanzineiro do Século Passado
E xiste alguém para realizar um documentário sobre fanzines como Márcio Sno? Talvez
exista em um universo paralelo, porque do lado de cá, no nosso tempo trembalístico.com.
br, a maioria não faz o que gosta. Poucos possuem paixão, obstinação e dedicação para
que tal fato aconteça. Caso essa pessoa exista num universo paralelo certamente, não teria
algumas sacadas, que podem ser detectadas ao longo do documentário “Fanzineiros do
Século Passado” (coisa de quem estava lá). Numa edição simples e dinâmica, Sno entrevista
fanzineiros mostrando apetrechos do século passado para confeccionar seus zines. Alguns se
dividem entre o analógico - fanzine de papel/cola e os chamados blogs (páginas virtuais) que
incorporaram características dos zines. Renegar ou absorver a tecnologia? Devemos, pelo
menos, ter um pé no passado, buscando a todo custo, numa nostalgia, um pouco da instiga
que reinava em tempos da pedra lascada? Márcio Sno, responde essa questão a sua maneira
e responde outras tantas que fará vibrar tantos fanzineiros desse século como os do pas-
sado. É a história. Confira a entrevista e assista o documentário!
Quando você tomou conhecimento do que era fan- mim essa realização, mesmo que de forma amadora,
zine? rústica, própria.
Ao mesmo tempo em que eu era muito curioso, era
muito tímido para perguntar o que era isso ou aquilo. Em entrevista a Adelvan Kenobi do blog Escarro
Utilizava de artimanhas para obter determinada infor- Napalm, em janeiro do ano passado, você diz:
geralmente vou aos locais que meus amigos me indi-
mação. Da mesma forma foi como conheci os fan- “Pode parecer estranho você pensar que ainda
cam, não tenho muita paciência pra fuçar, pois acabo
zines. No auge da minha adolescência, eu lia muitas exista neguinho que nade contra corrente, publi-
sempre me perdendo, no caminho sempre esbarro em
revistas de rock e a Rock Brigade era uma das minhas cando em formato impresso, quando se tem uma
links que me levam para lugares que não têm nada a
favoritas, principalmente por conta da coluna Head- internet toda, lhe dando de mão beijada todos os
ver com o que eu queria no início da pesquisa. Mas
banger Voice, e foi por aí que conheci minhas pri- recursos do mundo para você criar um veículo de
existe três blogs fundamentais que tem cara de fan-
meiras bandas independentes. Tinha uma parte dessa comunicação”. Você acha que é a mesma coisa?
zine e que falam de fanzines. Um é o Zinismo (http://
coluna que era para divulgação de fanzines. Eu não Explica isso...
zinismo.blogspot.com), mantido pro Flávio Grão,
tinha a mínima ideia do que se tratava, nem mesmo Mas não é? Pense: hoje você forma um blog e lá você
Marcelo Viegas, Ideia e Edu Zambetti. Recente-
sabia distinguir se essa palavra era feminina ou mas- fala de um determinado filme e você pode botar um
mente, lançaram um fanzine impresso com algumas
culina. Lembrando que naquela época não tinha inter- link pro Wikipédia do cara, o trailer do filme e até o
das principais matérias do blog! Outro é o Ugra
net, tampouco um Google básico. link pra baixar a película. O que os “normais” podem
Press (http://ugrapress.wordpress.com), do Douglas
Escrevi para alguns endereços e perguntei o valor pensar de uma pessoa que insiste em publicar em pa-
e Leandro, que lançaram o Anuário de Zines e publi-
necessário para ter o tal do fanzine. Descobri o que pel, com suas limitações de conteúdo, de distribuição
cam diversos textos sobre zines. E tem o Zinescópio
era fanzine quando ele chegou em minhas mãos. Me e de recursos financeiros? Que o cara é doido!
(http://zinescopio.wordpress.com) que publica fan-
lembro que o primeiro que recebi foi o Secret Face. As pessoas que insistem nesse formato estão nadando
zines em PDF para a galera baixar. Sou seguidor as-
contra a corrente desse leque de recursos que a inter-
síduo desse e sempre baixo os zines que saem lá.
Qual foi o nome do seu primeiro fanzine? net proporciona. São loucos? Talvez. Mas com obje-
O primeiro que fiz foi o mais conhecido: Aaah!!, tivos e valores que os mantém nesse formato. Muito
Ainda na entrevista do blog Escarro Napalm você
que durou seis números e chegou a ter 120 pági- podem achar isso ridículo nos dias atuais, mas quando
fala que já deu oficina sobre fanzines para educa-
nas na edição 4. Depois disso, editei também o Don’t você produz um zine impresso tem todo um ritual que
dores da ONG onde trabalha. Você tem conheci-
Worry!! Com a Joelma (que hoje é minha esposa), o se mistura com uma terapia que se transforma em
mento do uso do fanzine em outras áreas?
Ejaculação Precoce (que virou Lady Die!) e ainda o realização pessoal. E essa realização é que faz es-
O fanzine atualmente está sendo muito utilizado
erótico Pleasure. ses malucos a continuarem no formato impresso. Só
em projetos socioeducativos, pelo viés da educo-
quem produz um fanzine pode ter ideia do que es-
municação. Muitos educadores e professores estão
Foi com a publicação de seus fanzines que você tou falando e no “Fanzineiros do Século Passado” eu
enxergando nos fanzines uma poderosa ferramenta
começou a ilustrar também? tento passar um pouco desse sentimento.
para promover valores como o trabalho em equipe,
Eu já desenhava antes mesmo dos fanzines. Gostava
autoestima, autonomia, criticidade, criatividade, mo-
muito de copiar dos desenhos do Angeli, Marcatti, E realmente você atinge seu objetivo, especial-
tivação e ainda controbui para a ampliação do vo-
que são minhas maiores influências. Também desen- mente no depoimento do Renato Donisete, quando
cabulário e repertório cultural, organizar e expressar
hei muito o Garfield e o Snoopy (daí o Sno). Depois, ele diz que tentou sair do papel para a internet e
melhor as ideias, além da melhoria no desempenho
como eu fazia desenhos para meus zines, as pessoas as pessoas cobravam dele o Aviso Final em papel...
escolar. Isso é fato. Gazy Andraus, junto com Elydio
passaram a me convidar para fazer flyers, capas de Pegando carona nessa constatação do Renato, as
Santos Neto aplicam o fanzine com turmas de mest-
zines, camisetas, adesivos e de demo-tapes. Fiz mui- pessoas seguidoras do papel são todas do ‘século
randos na área de Educação. Thina Curtis desenvolve
tos desenhos nessa época, até chegou a um ponto de passado’? Existe uma geração desse século que
oficinas de fanzines dentro da Fundação Casa (antiga
que eu não dava mais conta. Mas parei de desenhar. produz zine impresso?
FEBEM). Existem ainda diversos projetos em ONGs
Algumas pessoas ainda me pedem coisas, mas é bem Embora possa parecer meio estranho você pensar em
diversas que utilizam-se do fanzine como ferramenta
difícil eu aceitar, pois perdi o meu traço caraterístico publicações impressas em épocas de internet, blog,
e eu acho isso muito positivo e uma das formas para
da década de 1990. Recentemente um desenho que fiz essas coisas, tem muita gente produzindo em formato
manter viva a chama do fanzine impresso.
como capa para o fanzine Aaagrh!! virou camiseta do de papel, fanzineiros desse século mesmo! E olha que
Mukeka di Rato! não são poucos! Na próxima parte do documentário,
Será que a internet conseguiu atingir o público
muitos deles vão aparecer! Aguardem!
que os fanzines formaram ao longo dos anos?
Quem ou o que lhe inspirou mais a fazer fanzine?
É muito difícil medir isso, pois não é difícil comparar
Assim que recebi o primeiro fanzine, já veio a ideia Ainda com relação ao real e virtual, nem todo blog
o mundo das cartas com o universo da internet, são
de publicar um. Claro que a minha inspiração foram tem a atmosfera de um fanzine. Semana passada
duas realidades distintas.
esses primeiros. Com o passar do tempo, fui rece- estive numa palestra do Bráulio Tavares que afir-
Porém, acredito que é muito mais fácil você adquirir
bendo mais fanzines e a influência foi crescendo. Mas mou que o blog mantido por ele não tem carac-
e medir a fidelidade de um fanzine impresso lá nos
sempre tive o objetivo de fazer algo parecido (porém terísticas de um blog, o que faz, segundo ele, as
80, 90, do que um blog. Você media a popularidade
nunca consegui!) com o Abrigo Nuclear, Sociedade pessoas não se sentirem à vontade para deixar co-
de seu fanzine pelo número que cartas que recebia da
dos Mutilados, Papakapika, O Cabrunco, entre outros. mentários, pois ele só republica textos. Qual seria
galera que pedia exemplares e como o seu fanzine
Lógico que também a vontade e a oportunidade de o exemplo de blog fanzine que está na rede atual-
era conhecido no meio underground. Fico muito em
estar do outro lado da notícia também foi algo que mente?
dúvida se as pessoas realmente lêem os conteúdos
me motivou bastante. O fanzine proporcionava para Sinceramente, acompanho pouca coisa na internet,
2. 2 MICROFONIA
que têm escrito em blogs e sites. Creio que a internet
tem muito público num contexto geral, mas a fideli-
da mesma forma, com a mesma humildade e carinho.
Com a distribuição do doc tanto em formato físico
Zumbilandia
dade a um determinado site e blog é algum muito quanto virtual e as exibições em diversos eventos,
questionável. a repercussão está muito além do que eu poderia
imaginar e, com isso, o reconhecimento também tem
Você acredita que o uso de ferramentas modernas sido muito grande. E isso motiva demais para dar an-
para criar/fazer qualquer tipo de publicação in- damento ao projeto.
dependente desvirtua o conteúdo dela?
Não acho. Tapar os olhos para os recursos que a tec- Você já iniciou a segunda parte do documentário?
nologia oferece é, no mínimo patético. Ontem estava Já sim. Na verdade, eu tenho material não utilizado
em uma palestra com a Ana Mae Barbosa e ela citou no primeiro e que vou usar agora. Já entrevistei pes-
algo que tem tudo a ver com essa pergunta: “a arte soas muito bacanas, entre elas, o Edgard Guimarães,
tem que dialogar com as mudanças” e penso que é que uma das maiores autoridades quando se fala em
isso mesmo, não podemos ignorar ou mesmo ir con- fanzines no Brasil. Mas ainda falta muita coisa para
tra os recursos: temos que nos aliarmos a eles! gravar. O foco do segundo capítulo (talvez o último)
Hoje os fanzineiros não estão mais tão radicais em está nos fanzineiros que resistiram com o boom da
Dead Set - Mini série para TV (2008)
relação à internet ou recursos. Gosto muito mais de internet e os que surgiram depois do aparecimento Tempo de duração - 141 minutos
um fanzine bem diagramado, mais profissional, me dela, também apontarei as iniciativas que fomentam
sinto mais à vontade lendo, e os fanzines que mais a produção de fanzines impressos e papel dos fan- Vocês já sabem como começa: o locutor informa que
me inspiraram, como o Papakapika e O Cabrunco zines como ferramenta pedagógica. Portanto, tenho as inscrições já começaram, uma infinidade de gente
tinham lá atrás essa proposta de aliar a tecnologia muuuuito trabalho ainda pela frente! disposta a passar três meses confinado numa casa
ao impresso sem perder o espírito e proposta sub- cheia de câmeras sem direito a nenhuma privacidade
versiva e alternativa dos fanzines. E acho que essa Você enveredou para outro tipo de midia, além do e de olho na fama e no dinheiro. Sim caro leitor, estou
é a fórmula. documentário “Fanzineiros do Século Passado” I falando do BBB. Foi daí a ótima idéia da TV inglesa
e II, existe algum projeto ou planos de fazer mais E4 de transformar o reality show num filme de zumbi.
documentários? O argumento é o seguinte: enfiam vários candidatos
Assim que eu fechar a edição do segundo capítulo do a fama na “desejada” casa. Os mesmos desfrutam de
Fanzineiros, vou editar o documentário “Sexta-feira festas, fofocas, brigas e conchavos, enquanto isso a
da Mundinha”, que é sobre uma tradicional mani- epidemia de zumbi come solta no mundo. Quando a
festação cultural mantida pela minha sogra e o lan- comunicação da casa é cortada os participantes pens-
çamento será na próxima sexta-feira da paixão. Não am que é algum teste, quando aparece alguém en-
vejo a hora de terminar a série Fanzineiros, que ainda sangüentado continuam pensando ser um teste do di-
terá mais um capítulo, pois quero muito pesquisar e retor do programa, por sinal muito bem feito pelo ator
registrar coisas diferentes, acho que já falei demais Andy Nyman, que encarna o estereótipo do diretor
sobre fanzines! Projetos, tenho muitos! Muita gente mal humorado e arrogante, enquanto os participantes
já me convidou para futuras parcerias que só poderão alienados vivem como se nada estivesse acontecendo.
ser concretizadas quando eu terminar a trilogia Fan- Neste instante vem a minha cabeça: tem gente que
zineiros. vive em sua casinha e não sabe o que acontece ao
redor, acreditando piamente no que é veiculado no
Você tem idéia de quem faz fanzines à moda anti- jornal da Globo todas as noite. Em tempos de internet
ga hoje em dia? Mesmo que use ferramentas mais o “rebanho que saca” descrito pelo Pepe Escobar nos
modernas para obter o mesmo resultado... anos 80 soa ainda mais atual. Todos os personagens
Claro. Muitas pessoas ainda produzem fanzines im- do reality show agem como se vivessem no mundo
pressos. Um grato exemplo é o Aviso Final que o fantástico de Bob e acordam um pouco tarde para a
Renato Donisete mantém por mais de 21 anos! Ai- ver a vida como ela realmente é! É uma produção
nda tem o QI do Edgard Guimarães... Tem muitos inglesa feita pra TV com boas sacadas e momentos
fanzines resistindo nesse período e outros surgindo. hilários. Assisti vários filmes de zumbis esse mês e
garanto que Dead Set esta entre os melhores dessa
Qual foi o gatilho para começar o documentário? leva. Em tempos de BBB nada melhor. Imagine o
Eu estava pesquisando documentários sobre o as- Pedro Bial como zumbi, nem precisa de maquiagem,
sunto na internet para uma pesquisa que ainda estou né? A.S.
fazendo, e percebi que não havia um doc que falasse
essencialmente dos fanzines, só alguns que comen- (83) 3042 3212
tavam sobre zines, mas não se aprofundavam. Não
tive dúvidas: precisava fazer algo! E deu no que deu! EDITORIAL
Qual a motivação de fazer um jornal im-
Algum documentário ou diretor lhe influenciou? presso? Qual a motivação de nadar con-
Na verdade, acho que diretamente não. Antes desse tra a maré? Nadar contra a maré sempre
doc, havia feito um outro chamado “INGs - Indi- foi uma escolha de vida. Num mundo
víduos Não Governamentais - Reciclando a Cultura onde se procura desesperadamente a
do Lixo”, com meu amigo Fi Rocha, na época da fac- busca de aprovação (casa, carro, roupas, EXPEDIENTE
uldade, preferi manter a mesma narrativa do INGs, grifes) ficar na situação é a escolha pra
se dar bem, mas existe gente que liga
Editores Responsáveis:
ou seja, as falas dos personagens conduzem todo o Adriano Stevenson
filme. Isso dá um trabalho medonho, mas acho que o foda-se e vai de encontro: principio Olga Costa(DRT – 60/85)
esse é e sempre será uma marca na minha produção básico do Microfonia. Alguns se iludem
como se fossem personagens num filme Colaboradores:Josival Fonseca/Beto
audiovisual. L./Jesuíno Oliveira/Erivan Silva/Laví
de Walt Disney, tornam-se tristes como
Kíssinger
o próprio Walt Disney e morrerão não
O que o seu documentário tem lhe proporcionado
em termos de descobertas, surpresas, novidades?
menos tristes. Márcio Sno nada contra Editoração:Olga Costa
a maré e em entrevista fala sobre seu
Muita coisa. Uma delas é essa de que ainda tem mui- Ilustração:Josival Fonseca
documentário “Fanzineiros do Século
ta gente resistindo nos impressos, mesmo com a con-
Passado”. Na coluna Matou a Família e Agradecimentos:Portal Rock Press
corrência da internet. O que achei curioso é que os foi ao Cinema, o diretor Daniel Schweiz-
depoimentos são muito parecidos e isso pode ser no- er vai de encontro aos skinheads e tira Contato/Anúncios:3512 2330
tado no primeiro capítulo no qual as falas acabam se a radiografia de um movimento curioso
parecendo com uma apenas. As pessoas compartil- e contraditório. Beto Luxuria vence o
E-mail:jornalmicrofonia@gmail.com
ham dificuldades, conquistas e macetes para produz- medo do sobrenatural e fala das mortas Facebook.com/jornalmicrofonia
ir fanzines em uma época em que tudo era analógico. vivas... É isso, pra gente só faz sentido
Algo muito bacana também é ir à casas das pessoas bater com a cara no muro, depois é só Twitter:@jmicrofonia
para e, independente da classe social, sou recebido curar os hematomas e partir pra outra.
3. MICROFONIA 3
El Mariachi Atrás da Porta Verde
GLOOM - S/T CD (GO) - Banda dita como a ‘’esperança’’ do rock goiano e com
o lançamento do primeiro álbum a tal ‘’esperança’’ torna - se realidade. O quinteto
chuta o balde, vai contra tudo e todos, agregando ao som instrumentos como trom-
bone, trompete e até pandeiro. Fazendo assim uma mistura sonora muito bacana de
se ouvir, e que não é visto por aí com tamanha criatividade e qualidade. O grupo tem
como referência para os arranjos as bandas Los Hermanos, Paralamas do Sucesso e
Móveis Coloniais de Acaju, onde o vocalista faz uma participação especial em duas
das doze faixas: ‘’Você Percebeu?’’ (versão da música ‘’ Do You Realize? ‘’ - Flaming
Lips), feita por Niela e Fabrício Nobre (MQN), e ‘’Menina’’, um samba adoravelmente
torto com uma letra meio melancólica. L.K. www.myspace.com.br/bandagloom
DRAMA BEAT – EXIST CD (SP) – Numa atmosfera a la Gang of Four,pela simplici-
dade da capitação, Cristina Tavelin (guitarra e vocal), Tatiana Yuri (baixo) e Eduardo Pe-
droso (bateria) criam e recreiam em cima do pós punk músicas de sonoridade vigorosa, le-
tras niilistas e refrões regozijantes. A voz de Cristina somada a sua postura relembra bons
momentos de musas como Danielle Dax, Toyah e Siouxsie Sioux. Destaques para Morn-
ing Off (exit I), Life is a Joke, The Reaper e Happy to be Drama, faixa que fecha o CD, Porn of the Dead (2006) 85 minutos.
mas não desligue tem mais um pouco depois de 7:38 numa faixa escondida, uma espécie Direção de Rob Rotten , com Buster Good ,
de “golden slumbers” densa, sem as orquestrações. http://www.myspace.com/dramabeat Dirty Harry, Jenner.
SUFADELICA – Search and Not Destroy CD (SP) – Procurar e destruir – conheci- Finalmente os mortos vivos entraram no sindicato
da estratégia de guerra usada no Vietnam, mas a missão aqui é procurar e não destruir, e disseram: “não queremos só comer cérebros, que-
mesmo que o destino seja desconhecido e que venha a ultrapassar limites de tempo e remos transar e sentir prazer duas vezes”. Então o
espaço. O trio paulistano concebeu um álbum onde todas as músicas giram em torno
diretor Rob Rotten e outros diretores acataram o
de um mesmo tema: o espaço sideral. Cenário perfeito para a exploração e experi-
mentação do terceiro trabalho. Em diversos momentos o clima criado pelo experiente
pedido. É isso que vamos ver neste filme: Mortas
guitarrista Carlos Nishimiya, Fábio McCoy (bateria) e Carlos Rodrigues (baixo) nos vivas sendo violadas e também arrancando pe-
leva a atmosferas não apenas da surf music, pois incorporam diversos outros estilos a nis a dentadas. Iremos ver uma garota sonhando
sonoridade, comprovando assim, que podem transpor limites reais e/ou imaginários com um morto vivo e até provando que ele não
em sua música. Destaques para Lurking Behind The Asteroids, The Voyage Suite: For está tão morto assim e outras insanidades mais. A
Tomorrow e Landscape I (Ice Cold Weather). http://www.myspace.com/surfadelica trilha sonora é composta por bandas como: Dei-
HAZAMAT –S/T CD (PB) – Diogo Egypto (baixo/voz), João Araújo (guitarra/voz), Pedro cide, Impaled, Exmortem, Decapitated e Blood
Araújo (bateria) e Pedro Guimarães gostam de fazer rock: Vou em frente/Essa é minha vez/ Red Thryn. Mas a cena que mais chama a atenção
Pouco importa o que vão dizer – os versos da música Confessional servem para exemplificar,
é um cenário de um filme pornô que é invadido
assim como a banda antecessora Molestrike formada em 2003 e que teve atividades encerras
em 2010. A maioria das músicas, apesar da tônica pop, adentra outro universo quando não pelos zumbis, na qual toda a equipe é devorada,
cai na mesmice de rimas nas letras – muito bem expressas no vocal do Diogo – e também menos a atriz principal (que zumbis espertos!).
quando usam diversos elementos de outros gêneros musicais. As influências passam pelas Também, seria um desperdício, matar uma atriz tão
sonoridades regionais, alternativas e heavy metal. Produção muito bem dosada de Edy Gon- “talentosa”, onde ela é submetida a sexo oral, anal
zaga. Destaque para Última Noite, Danado e Cativeiro. http://www.myspace.com/hazamat e até dupla penetração com todos os requintes que
WARCURSED – Escape from Nightmare CD (PB). Quando fui tocar em Souza no um filme do gênero tem. Se você gosta de filmes
Rock Cordel, recebi um livreto onde tinha uma banda chamada Warcused formada por porno-trash esse junta a fome com a vontade de
Jean Sauvé (vocal/baixo), Richard Senko (guitarra), Marsell Senko (bateria) e Eduardo comer. Mas cuidado com as mortas vivas, elas es-
Sontag (guitarra). Quando recebi o CD tive a chance de conhecer o som da banda, muito tão por aí! Huhahaha... Segundo Dri me falou! B.L.
bom por sinal. Death trash de primeira linha com músicas muito bem executadas, com
pitadas de heavy metal tradicional nos solos de guitarra, coisa que não poderia ser dife-
rente devido as influencias. A bateria e o baixo estão muito foda! Com levadas rápidas e
certeiras. O vocal é muito bom, principalmente porque você entende a pronuncia das pala-
vras. Destaque para: Iron Bird, Gates of War (que no inicio chega a lembrar banda de Pow- House Sex Shop
er metal), Eye of Judgement e Spectral Whisper. http://www.myspace.com/warcursed Fantasia, Ousadia e Prazer
Matou a Família e Foi ao Cinema
Os skinhead devem amar seus “dr. martens”, amar a música ska, ter atitude correta no cora- Av. Alfredo Ferreira da Rocha, 1228-A
ção e na cabeça, tem que gostar de futebol, tem que gostar de agitar com qualquer pessoa de Mangabeira (83) 3213 9712
outra subcultura e o que creio ser mais importante: ser antirracista. Com esse depoimento
de Buster Bloodvessel, skinhead e vocal da banda inglesa de ska Bad Manners, tem (83) 8767 7480
inicio o documentário alemão Skinhead Attitude filmado na Alemanha, França, Suíça,
Polônia, Canadá e Estados Unidos. Pra quem não conhece, o movimento originou-se
no final dos anos 60 no Reino Unido e se espalhou mais tarde no resto do mundo. Ini-
cialmente composto de brancos e negros vivendo em harmonia, no entanto, ao longo do
Av. Epitácio Pessoa, 3426
documentário vemos o surgimento de outras ramificações como os skinheads da White Sala 105 Miramar João Pessoa
Power (Força Branca) e em contraponto os skinheads S.H.A.R.P. (Skinheads Against (83) 3042 0231
Racial Prejudice – Skinheads Contra o Preconceito Racial). Recheados de depoimentos
sem pedidos de desculpas pela violência usada nos dois lados, nesse documentário a (83) 3224 2677
contradição é visível onde um movimento dito racista (White Power) tem origem na
Jamaica. Uma das cenas hilárias do documentário é quando uma família de imigrantes
mexicanos que vive no Texas estão fazendo uma festa e tem como vizinho uma família
www.housesexshop.com.br
de skins whitepower, detalhe, os latinos estão armados até os dentes... Vai encarar?A.S.
Enquanto isso na redação...
4. 4 MICROFONIA
À Caminho do Inferno E o Vento Levou...
FESTIVAL MUNDO NO ESPAÇO CULTURAL
João Pessoa, 10 e 11 de dezembro 2011
O Festival Mundo em sua sétima edição dividiu o palcão
do Espaço Cultural ao meio, para que a música não parasse
nas duas noites, porém nem tudo é como se imagina e quer.
Infelizmente o festival enfrentou percalços nunca dantes
experimentados... Alguns destaques da primeira noite se
fizeram presentes no Mundo e para o mundo via site, blog
e twitter. Brasis: Rafa Araújo é um frontman com todas as
letras, o domínio de palco é algo raro e bonito de se ver.
Em breve lançarão material novo. Na sequencia Chico
Limeira com uma entrosada banda teve a missão de con-
O nome da banda remete ao lendário apresentador
quistar um publico basicamente rock: show conciso com
de televisão Flávio Cavalcanti, conhecido por sua
MICROFONIA NA MUSICA URBANA boas composições. O Monstro chegou logo em seguida
postura conservadora. Não há duvidas que soe em-
com seu rock instrumental, experimental, progressivo e
blemático para uma turma de jovens paraibanos.
João Pessoa, 28/01/2012 psicodélico. Mesmo com alguns problemas com o som
Agitaram nos fins dos anos 90 e começo dos 2000, era a
de palco, a banda impressionou pela criatividade e punch.
favorita dos universitários e alternativos da época pelo
Dalva Suada tomou de assalto o mundo e se fez um ex-
Fala Claybom, beleza? astral juvenil, irreverências nas apresentações e refer-
emplo a ser seguido, imitado e apreciado com moderação,
Aqui tudo tranquilo. Cadê você no show, encias musicais diversas. Destacavam-se pelas letras
porque pode se tornar um vício! A sonoridade vinda de
fresco? Diz que vem, mas nunca aparece. terras sergipanas ecoava distante na memória: Plástico Lu-
inteligentes e os riffs poderosos das guitarras. Vi shows
Esse foi o primeiro trabalho do jornal nar, ótimo! O paulistano Cérebro Eletrônico liderado pelo
memoráveis, impagáveis, com a despretensiosa veia
Microfonia na parte de gigs e foi muito inquieto Tatá Aeroplano (Jumbo Elektro) fez sua primeira
rock, que destilava letras inteligentes e com pitadas de
satisfatório, tivemos a ajuda de Law- apresentação em terras paraibanas. Em 2010 lançou CD
bom humor, um punch punkster e uma alegria incon-
rence da Comedores. Fizemos ao ar livre, testável – uma verdadeira celebração! Os vocalistas
que constou entre dos melhores do ano, show açulador!
no pátio da Música Urbana. Robério, o Fábio e Josimar, junto com o guitarrista Edy e a cozinha
Segundo dia do Mundo abriu com a Warcursed, banda
poderosa formada por Toni (bateria) e Marcelo (baixo),
proprietário liberou o local que ajuda de Campina Grande, death trash de primeira pra ninguém
tinham personalidades distintas, mas como banda, fa-
muito, pois já é um point e a acústi- botar defeito. Tem CD resenhado nessa edição. A Rotten
zendo música, era marcante a harmonia entre eles.
ca facilita na propagação do som não Flies tirou a poeira de meses ausente dos palcos com a
Em 1999 gravaram e lançaram independente o clássico
exigindo equipamentos monstruosos. volta ao mundo dos vivos e mortos vivos também! A banda
disco – “Flávio Cavalcanti na Praia, vol.1”, gravado em
Vou falar do que você perdeu: tocou pela primeira vez músicas do primeiro CD Rota de
Recife, um álbum completo apresentando a banda no auge
Telegramadoistresmeia - foi a primeira Colisão com a instigação de um estilo que nunca envel-
de inspiração com ótimos e grudentos hits popster: “Rede
banda a tocar e como diria Olga Costa: hece: o hardcore! Zefirina na sequencia, com o novo batera
elétrica”, a faixa título, a funky “Animais em você”, a
‘sincronicidentemente’ foi capa do Mi- Rangel, mesclou músicas do Noisecore, Só Precisamos de
quatro por quatro “Enquanto os garotos jogam bola” é
20 Minutos e as ainda não lançadas oficialmente em ingrês,
crofonia nº 6. A banda não tem nem a sua melhor canção pop escrita. Constam ainda quatro
inspirações vindas d’além mar depois de tour pela zuropa!
baixista, nem baterista, eles usam uma faixas cantadas em inglês com poemas de reconhecidos
programação. Esaú é o guitarrista que se-
gura a base e Fabio é o cantor da ban- Amor à Queima Roupa poetas americanos, onde expõem sua faceta indie-rock.
Em suma, o disco tem a forma certeira que abrange o
da. Lembra umas paradas de Manches- rock feito nos anos 80 e 90, com a ambigüidade festeira
ter, tem umas coisas meio nubladas, toda e séria que caracterizou o grupo. O grupo tinha em vista
Editora: Devir uma possível carreira nacional, mudaram o nome para
vez que escuto me lembro do Bauhaus,
mas na real, ao vivo você tem outra im- novembro de 2010 O Flávio C e aí o carro desandou... Desfeitas, desilusões
e desentendimentos internos puseram fim ao promissor
pressão. Fabio canta com uma insanidade Número de páginas: 42 combo. Ficou a lenda incontestável dos bons sons. J.O.
controlada. É uma nova ‘velha’ banda.
Comedores de Lixo – Essa você saca! Formato: (16 x 23 cm)
Hardcore nervoso com uma nova forma- Preto e branco
ção, o gordo Klaton saiu e Roninho entrou Lombada colada
na guitarra, o baixista não conheço, Law-
rence e Beto são “puta véia” Faz tempo
. Preço de capa: R$ 13,5
que não assistia os caras e a banda está
bem melhor, Ainda esse ano sai um cd, se Em 1925, o coronel inglês Percy Harrison Faw-
for igual ao show vai ser massa. Edgney cett chegou ao Mato Grosso em busca de ruí-
que o diga, mandando ver no pogo! nas de uma cidade originária da Atlântida, e desa-
Outlaw Blessed - É um trio rockabilly, parece para sempre sem deixar nenhum vestígio.
algo raro em João Pessoa, quiçá no nor- Esta é a trama que se verá desde o começo em Fawcett,
deste! Os caras tocam bem e fazem var- escrito por André Diniz Fernandes (7 vidas, O Morro da
ias versões de ‘crássicos’: Highway to Favela) e desenhado por Flávio Colin (1930-2002, O Boi
Hell do AC/DC e também Ace Of Spade das Aspas de Ouro, O Curupira). Em sua companhia vi-
do Motorhead. Sabe aquele momen- eram o filho Jack Fawcett e outro jovem de nome Rim-
to que ninguém conhece a banda e de- mel. O objetivo era adentrar as selvas brasileiras em
pois todos ficam- “Porra o que foi isso!”. busca de uma antiga cidade conhecida por outras culturas
Rotten Flies – Chegou chegando com como Muribeca, ou ainda, Eldorado. Foi este aventureiro
Velha Geração, música do mais recente CD de carne e osso que deu origem ao personagem Indiana
Jones, que todo o mundo conhece através do cinema.
“Rota de Colisão” A galera do pogo atin-
.
A primeira versão do gibi foi publicado em 2000 pela
giu o máximo da insanidade já acionada
editora Nona Arte, foi quando tive a oportunidade de ler
pelo gatilho da Comedores. Além de músi- emprestado de um amigo que veio do Rio de Janeiro.
cas do novo trabalho o quarteto relem- Achei a história fascinante, despertando um ar de misté-
brou as que os fãs de carteirinha (leia- rio sobre o que realmente aconteceu com o explorador e
se Francisquinho e Vitor) adoram cantar: a curiosidade de buscar mais sobre sua vida nos muitos
Mini Psicopata, Revolta Programada e livros contando sua história. Foi neste também que apre-
IML. Frase marcante do show: “toca um ndi a gostar da arte de Flávio Colin, que inicialmente
hardcore de verdade, por favor!” Matou
. achava grosseira e com cara de cordel, e depois mudei
a pau! - É isso véio, as coisas continuam totalmente de idéia. Logo fui conseguindo outros gibis
assim, devagar e sempre, mas a gente ta que tinham seus traços de pinceladas grossas e precisas.
caminhando. É provavel que o Microfo- Em 2010, fiquei sabendo da republicação, entrei em con-
nia faça algo do tipo de vez em quando, tato com o autor e ele realmente confirmou. Isso me
dependendo do nosso estado de espírito. deixou ansioso pelo lançamento para que eu pegasse
No mais é isso, fico no aguardo de con- logo meu exemplar, pois é um dos meus quadrinhos na-
tato e vê se parece. Lembrança a todos cionais preferido. Vale a pena conhecer a trajetória
deste explorador, seja neste ou mesmo nos livros, ga-
e manda o Robson se foder. Valeu! A.S.
ranto que só restará a curiosidade e o mistério. J.F.