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O PRÉ-MODERNISMO
        1902 - 1922


 IMOBILISMO x MODERNIZAÇÃO
PRÉ-MODERNISMO
• ORIGENS:

• Mudanças políticas (Abolição da Escravatura e
  a Proclamação da República) não provocam
  alterações significativas na estrutura
  econômica do país = café = base da economia
  brasileira = política do café com leite (SP +
  MG).
PRÉ-MODERNISMO
• ORIGENS:
• Mudanças que começavam a modificar a
  fisionomia da sociedade brasileira: urbanização
  das metrópoles + a imigração + o crescimento
  industrial + a emergência de uma classe média
  reformista e uma nova geração de militares
  influenciados pelo ideário positivista + massa
  popular insatisfeita.
PRÉ-MODERNISMO
• CONCLUSÃO:

• CONTEXTO = CONFLITO ENTRE AS
  FORÇAS CONSERVADORAS (O PASSADO)
  E AS NOVAS FORÇAS SOCIAIS
  (NECESSIDADE DE MUDANÇA)
A denominação do período


• Pré-modernismo = época eclética (de
  mistura de tendências, estilos e visões) =
  chocam-se várias correntes e estilos,
  indefinidos entre o academicismo e a
  inovação.
Características do período


• Imobilismo x modernização.
• Resquícios culturais do século XIX x busca de
  novas formas de expressão.
• Desejo de uma redescoberta crítica do Brasil.
Escritores do período


• Parnasianos = influentes, com idéias
  formalistas e uma concepção da literatura
  como “sorriso da sociedade” (estilo artificial).
  Destaques: Olavo Bilac (na poesia) – Coelho
  Neto (na prosa).
Escritores do período


• Simbolistas = Inexpressivos, pouca
  ressonância de sua arte, fortemente
  vinculados à matriz européia do movimento.
  Destaques = Cruz e Sousa e Alphonsus de
  Guimaraens.
Escritores do período
• Realistas = Utilizam uma técnica literária
  marcada pela objetividade, verossimilhança,
  crítica social, análise psicológica. Destaques:
  Monteiro Lobato = com a reabilitação do
  caboclo paulista – Lima Barreto = fixação do
  universo suburbano carioca – Simões Lopes
  Neto = incorporou à ficção brasileira o
  vaqueano sul-rio-grandense, além de
  registrar-lhe a fala regional.
Escritores do período
• Intérpretes do Brasil = Euclides da Cunha e
  Graça Aranha = Ambos valem-se da literatura,
  o primeiro, com uma linguagem literária
  refinada, e o segundo, com a utilização da
  estrutura ficcional do romance, para
  questionar a realidade brasileira e debater o
  futuro da nação. Suas obras estão muito perto
  do ensaio.
Escritores do período


• Intérpretes do Brasil = Especialmente Os
  sertões , de Euclides da Cunha, tornou-se um
  divisor de águas na imagem que a
  intelectualidade nacional tinha a respeito de
  país e de seu povo.
Escritores do período
• Pré-Modernista = o único pré-modernista
  propriamente dito, no sentido de empregar
  recursos técnicos ou temas inovadores, antes
  da Semana de Arte Moderna é, até certo
  ponto, o poeta Augusto dos Anjos = em sua
  obra, apesar das influências cientificistas,
  parnasianas e simbolistas, há também um
  inesperado gosto pelo coloquial e pela
  “sujeira da vida”, o que permite incluí-lo entre
  os precursores de uma das correntes da
  poesia moderna.
Euclides da Cunha & Canudos
Euclides da Cunha (1866-1909)

• Principais obras: Os sertões (1902);
  Contrastes e confrontos (1907); À margem
  da história (1909).
O repórter da guerra
• Em 1897, graças a artigos publicados no
  jornal O Estado de São Paulo, recebe um
  convite para ir ao front de Canudos (no sertão
  baiano), como correspondente de guerra.
  Assistiu aos últimos dias da resistência do
  arraial sertanejo e escreveu suas reportagens
  ainda dentro de uma ótica republicana radical.
  Nos anos seguintes, refletiu melhor sobre o
  que havia presenciado e o resultado = um
  livro monumental cheio de paixão, ciência e
  amargura: Os sertões (1902).
Os sertões

•   “Quem volta da região assustadora
•   De onde eu venho, revendo inda na mente,
•   Muitas cenas do drama comovente
•   Da guerra despiedada e aterradora.”
              [Euclides da Cunha]
A composição de Os sertões
• Proposta: explicar racionalmente a “grande
  tragédia nacional” que observara. Pede ajuda à
  ciência da época. Estuda geografia, botânica,
  antropologia, sociologia, etc. Fontes
  exclusivamente européias, impregnadas da
  perspectiva colonialista (Europa imperialista).
  Resultado = erros interpretativos do autor,
  sobretudo nas duas primeiras partes de sua
  obra.
Visão de Os sertões
• VISÃO DETERMINISTA:
• Determinismo geográfico:
• O homem é produto do meio natural.
• O clima desempenha papel preponderante
  na formação do meio.
• Existe a impossibilidade de se constituir uma
  verdadeira civilização em zonas tórridas
  como o sertão.
Visão de Os sertões
• Determinismo racial:
• Os cruzamentos raciais enfraquecem a
  espécie.
• O sertanejo é caso típico de hibridismo racial
  (composto de elementos de origem diversa).
• A miscigenação induz os homens à
  bestialidade e a toda espécie de impulsos
  criminosos.
Visão de Os sertões

• Conclusão = Contradição: as observações
  eram justas e brilhantes ; as teorias,
  medíocres (teorismo vazio – digressão
  subjetiva – tese desprovida de
  demonstração).
Classificação de Os sertões
• Situa-se entre o ensaio, a narração e a
  poesia lírica.
• Obedecendo a um típico esquema
  determinista divide-se a obra em três
  partes:
• A TERRA – O HOMEM – A LUTA
A TERRA – 1ª Parte
• Predominância da visão cientificista e
  naturalista.
• Leitura difícil = informação científica & estilo
  barroco.
• Descrição do meio físico opressivo feita com
  detalhes: a vegetação pobre, o chão calcinado,
  a imobilidade e a repetição da paisagem árida.
A TERRA – 1ª Parte
• A linguagem é poderosamente retórica e
  transforma a natureza em elemento
  dramático:
• “Ajusta-se sobre os sertões o cautério das
  secas; esterilizam-se os ares urentes,
  empedra-se o chão, gretado, recrestado;
  ruge o Nordeste nos ermos; e, como um
  cilício dilacerador, a caatinga estende sobre
  a terra as ramagens de espinhos...”
O HOMEM - 2ª Parte
• Visão determinista = formação racial do
  sertanejo e os males da mestiçagem.
• Mistura de raças = retrocesso:
• “De sorte que o mestiço – traço de união entre
  as raças – é quase sempre um desequilibrado
  (...) sem a energia física dos ascendentes
  selvagens, sem a altitude intelectual dos
  ancestrais superiores.”
O HOMEM - 2ª Parte
• Entretanto, contrastando com essa
  incapacidade do mestiço para a civilização
  moderna, os sertanejos nordestinos seriam
  diferentes por ter há muito se isolado no
  amplo interior do país. Abandonados há três
  séculos, sem contatos maiores com o litoral
  desenvolvido, os sertanejos – ao contrário do
  que ocorrera com os mestiços urbanos – não
  haviam sido corrompidos.
O HOMEM - 2ª Parte
• Por isso, apesar de seu atraso mental, o
  sertanejo surge como um titã:
• “O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não
  tem o raquitismo exaustivo dos mestiços
  neurastênicos do litoral. A sua aparência,
  entretanto, ao primeiro lance de vista revela o
  contrário. (...) É desgracioso, desengonçado,
  torto. Hércules-Quasímodo.”
O HOMEM - 2ª Parte
• O isolamento do sertanejo o mantém preso a
  valores arcaicos como o messianismo. A
  “tutela do sobrenatural” rege a vida cotidiana,
  e as vicissitudes do meio intensificam a
  religiosidade e a consciência mágica do
  mundo. Um mundo de profetas, de
  iluminados, de místicos que se tornam
  líderes naturais, expressando os valores da
  comunidade.
O HOMEM - 2ª Parte
• Antônio Conselheiro = “A sua biografia
  compendia e resume a existência da
  sociedade sertaneja”. O chefe dos fanáticos é
  um personagem-síntese: figura bizarra para
  os padrões urbanos, com uma oratória
  impressionante. Para Euclides, Canudos era
  apenas o produto previsível do fanatismo
  religioso e do arcaísmo do pensamento
  sertanejo, que o Conselheiro traduzia.
A LUTA – 3ª Parte
• É a parte mais importante e dramática da
  obra. Euclides não esconde a comoção
  diante da violência de parte a parte, que gera
  banhos diários de sangue. Não consegue
  deixar de admirar a tenaz resistência de uma
  cidade (“Jerusalém de taipa”), que logo se
  transforma em uma “Tróia de taipa”. Passa a
  ver os “titãs de cobre” que a defendem o
  “cerne rijo da nacionalidade”.
A LUTA – 3ª Parte
• Percebe que o meio é o principal aliado do
  sertanejo: “As caatingas não o escondem
  apenas, amparam-no”. Compreende a
  inutilidade dos métodos clássicos de combate,
  usados pelo Exército, diante da mobilidade e
  da luta não-convencional dos inimigos.
  Espanta-se diante da guerrilha sertaneja e das
  sucessivas derrotas que ela impõe às tropas
  legais, superiormente armadas.
A LUTA – 3ª Parte
• Emociona-se ao ouvir as rezas e os cânticos
  que emergem do arraial bombardeado, ao
  anoitecer, quando todo o Alto-Comando
  julgava Canudos já sem resistência. A obra
  adquire então uma grandeza sombria e os
  últimos momentos do confronto apresentam
  uma terrível dramaticidade. Com dinamite, os
  soldados atacam os casebres ainda em pé,
  explodindo e queimando seus moradores.
A LUTA – 3ª Parte
• “Canudos não se rendeu. Exemplo único em
  toda a História, resistiu até o esgotamento
  completo. (...) caiu no dia cinco, ao
  entardecer, quando caíram os seus últimos
  defensores, que todos morreram. Eram quatro
  apenas: um velho, dois homens feitos e uma
  criança, na frente dos quais rugiam
  raivosamente cinco mil soldados.”
A LUTA – 3ª Parte
A interpretação da guerra

• Conjunto de equívocos, demências e
  crueldades. Uma pungente (dolorosa) guerra
  civil e não um conflito entre a reação e o
  progresso, entre a Monarquia e a República,
  como as elites intelectuais, políticas e militares,
  bem como a opinião pública do país,
  acreditavam.
A interpretação da guerra

• Tragédia de erros resultantes de uma profunda
  cegueira de ambos os lados. Para os adeptos
  de Conselheiro, os soldados eram agentes do
  demônio e deveriam ser destruídos. Para o
  Exército, os sertanejos eram jagunços
  primitivos a serviço da causa monárquica e
  tinham de ser exterminados.
A interpretação da guerra
• Na verdade, os guerrilheiros de Canudos
  eram uns pobres-diabos, filhos da ignorância
  e das crendices de uma civilização parada no
  tempo há três séculos. Precisavam de
  professores, não de tiros de canhão. Já as
  tropas do governo, que representavam a
  civilização moderna do país, foram incapazes
  de perceber a verdadeira natureza dos
  inimigos e trataram de destruí-los com
  barbárie e horror.
A interpretação da guerra
• Os sertões adquire, assim, um caráter de
  denúncia. Trata-se de um “grito de aviso à
  consciência nacional”. Tal perspectiva é
  anunciada na nota preliminar que abre o livro:
• “Aquela campanha lembra um refluxo para o
  passado. E foi, na significação integral da
  palavra, um crime. Denunciemo-lo.”
A interpretação do Brasil

• Contradição:
• Fervor patriótico com a vitória do Exército x
  Trágico fim do povoado de Canudos.

• Confronto = divisão estrutural do país.
A interpretação do Brasil
• Conclusão:

• Há dois Brasis completamente estranhos
  entre si, o do litoral e o do sertão.

• O Brasil do sertão jazia ignorado ou
  esquecido pela consciência culta nacional.
A interpretação do Brasil
• Ponto de vista:
• Para a civilização litorânea, os jagunços (o
  povo de Canudos) eram facínoras
  (bandidos).

• Para Euclides, eram irmãos (compatriotas)
  que deveriam ser integrados à
  nacionalidade.
A interpretação do Brasil
• Para Euclides, as duas sociedades brasileiras,
  separadas pela raça, pelo meio e pela
  história, deveriam se aproximar e se integrar
  pacífica e lentamente. Sob esse prisma, a
  perspectiva de aproximação entre os dois
  Brasis, defendida pelo escritor na sua obra-
  prima, se tornaria, depois de 1930, o projeto
  político nuclear da nação.
Gênero Literário

• Os sertões é uma combinação única de
  ensaio sociológico, estudo científico,
  reabilitação histórica, panfleto, reportagem
  de guerra e literatura, o que torna impossível
  enquadrá-lo nos limites de um gênero
  qualquer.
O estilo literário de Os sertões
• Senso do dramático.
• Confere às ações uma plasticidade vigorosa e
  assustadora, buscando sempre o contraste
  violento, o êxtase e a agonia, a situação-limite
  do ser humano.
• Efeito persuasivo (exemplos individuais para
  reforçar uma idéia geral).
• Traduz o horror da guerra, a exemplo de
  Tolstói e Stendhal.
A linguagem barroca
• Gosto pelo ornamental e pelo excesso
  vocabular.
• Léxico (vocabulário) arcaico.
• Presença contínua de antíteses, paradoxos,
  comparações e metáforas.
• Jogo binário entre períodos extensos e
  períodos curtíssimos e a insistência na frase
  de efeito, sentenciosa e escultural.
• Linguagem com ritmo poético.
A importância de Os sertões
• “Escrevi este livro para o futuro” (Euclides
  da Cunha) = Pôs em xeque todas as
  concepções que a intelectualidade brasileira
  tinha a respeito de seu próprio país,
  passando a influenciar decisivamente a
  discussão política sobre os destinos da
  nação. Influencia, de forma marcante, o
  chamado “Romance de 30”.

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O pre modernismo

  • 1. O PRÉ-MODERNISMO 1902 - 1922 IMOBILISMO x MODERNIZAÇÃO
  • 2. PRÉ-MODERNISMO • ORIGENS: • Mudanças políticas (Abolição da Escravatura e a Proclamação da República) não provocam alterações significativas na estrutura econômica do país = café = base da economia brasileira = política do café com leite (SP + MG).
  • 3. PRÉ-MODERNISMO • ORIGENS: • Mudanças que começavam a modificar a fisionomia da sociedade brasileira: urbanização das metrópoles + a imigração + o crescimento industrial + a emergência de uma classe média reformista e uma nova geração de militares influenciados pelo ideário positivista + massa popular insatisfeita.
  • 4. PRÉ-MODERNISMO • CONCLUSÃO: • CONTEXTO = CONFLITO ENTRE AS FORÇAS CONSERVADORAS (O PASSADO) E AS NOVAS FORÇAS SOCIAIS (NECESSIDADE DE MUDANÇA)
  • 5. A denominação do período • Pré-modernismo = época eclética (de mistura de tendências, estilos e visões) = chocam-se várias correntes e estilos, indefinidos entre o academicismo e a inovação.
  • 6. Características do período • Imobilismo x modernização. • Resquícios culturais do século XIX x busca de novas formas de expressão. • Desejo de uma redescoberta crítica do Brasil.
  • 7. Escritores do período • Parnasianos = influentes, com idéias formalistas e uma concepção da literatura como “sorriso da sociedade” (estilo artificial). Destaques: Olavo Bilac (na poesia) – Coelho Neto (na prosa).
  • 8. Escritores do período • Simbolistas = Inexpressivos, pouca ressonância de sua arte, fortemente vinculados à matriz européia do movimento. Destaques = Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.
  • 9. Escritores do período • Realistas = Utilizam uma técnica literária marcada pela objetividade, verossimilhança, crítica social, análise psicológica. Destaques: Monteiro Lobato = com a reabilitação do caboclo paulista – Lima Barreto = fixação do universo suburbano carioca – Simões Lopes Neto = incorporou à ficção brasileira o vaqueano sul-rio-grandense, além de registrar-lhe a fala regional.
  • 10. Escritores do período • Intérpretes do Brasil = Euclides da Cunha e Graça Aranha = Ambos valem-se da literatura, o primeiro, com uma linguagem literária refinada, e o segundo, com a utilização da estrutura ficcional do romance, para questionar a realidade brasileira e debater o futuro da nação. Suas obras estão muito perto do ensaio.
  • 11. Escritores do período • Intérpretes do Brasil = Especialmente Os sertões , de Euclides da Cunha, tornou-se um divisor de águas na imagem que a intelectualidade nacional tinha a respeito de país e de seu povo.
  • 12. Escritores do período • Pré-Modernista = o único pré-modernista propriamente dito, no sentido de empregar recursos técnicos ou temas inovadores, antes da Semana de Arte Moderna é, até certo ponto, o poeta Augusto dos Anjos = em sua obra, apesar das influências cientificistas, parnasianas e simbolistas, há também um inesperado gosto pelo coloquial e pela “sujeira da vida”, o que permite incluí-lo entre os precursores de uma das correntes da poesia moderna.
  • 13. Euclides da Cunha & Canudos
  • 14. Euclides da Cunha (1866-1909) • Principais obras: Os sertões (1902); Contrastes e confrontos (1907); À margem da história (1909).
  • 15. O repórter da guerra • Em 1897, graças a artigos publicados no jornal O Estado de São Paulo, recebe um convite para ir ao front de Canudos (no sertão baiano), como correspondente de guerra. Assistiu aos últimos dias da resistência do arraial sertanejo e escreveu suas reportagens ainda dentro de uma ótica republicana radical. Nos anos seguintes, refletiu melhor sobre o que havia presenciado e o resultado = um livro monumental cheio de paixão, ciência e amargura: Os sertões (1902).
  • 16. Os sertões • “Quem volta da região assustadora • De onde eu venho, revendo inda na mente, • Muitas cenas do drama comovente • Da guerra despiedada e aterradora.” [Euclides da Cunha]
  • 17. A composição de Os sertões • Proposta: explicar racionalmente a “grande tragédia nacional” que observara. Pede ajuda à ciência da época. Estuda geografia, botânica, antropologia, sociologia, etc. Fontes exclusivamente européias, impregnadas da perspectiva colonialista (Europa imperialista). Resultado = erros interpretativos do autor, sobretudo nas duas primeiras partes de sua obra.
  • 18. Visão de Os sertões • VISÃO DETERMINISTA: • Determinismo geográfico: • O homem é produto do meio natural. • O clima desempenha papel preponderante na formação do meio. • Existe a impossibilidade de se constituir uma verdadeira civilização em zonas tórridas como o sertão.
  • 19. Visão de Os sertões • Determinismo racial: • Os cruzamentos raciais enfraquecem a espécie. • O sertanejo é caso típico de hibridismo racial (composto de elementos de origem diversa). • A miscigenação induz os homens à bestialidade e a toda espécie de impulsos criminosos.
  • 20. Visão de Os sertões • Conclusão = Contradição: as observações eram justas e brilhantes ; as teorias, medíocres (teorismo vazio – digressão subjetiva – tese desprovida de demonstração).
  • 21. Classificação de Os sertões • Situa-se entre o ensaio, a narração e a poesia lírica. • Obedecendo a um típico esquema determinista divide-se a obra em três partes: • A TERRA – O HOMEM – A LUTA
  • 22. A TERRA – 1ª Parte • Predominância da visão cientificista e naturalista. • Leitura difícil = informação científica & estilo barroco. • Descrição do meio físico opressivo feita com detalhes: a vegetação pobre, o chão calcinado, a imobilidade e a repetição da paisagem árida.
  • 23. A TERRA – 1ª Parte • A linguagem é poderosamente retórica e transforma a natureza em elemento dramático: • “Ajusta-se sobre os sertões o cautério das secas; esterilizam-se os ares urentes, empedra-se o chão, gretado, recrestado; ruge o Nordeste nos ermos; e, como um cilício dilacerador, a caatinga estende sobre a terra as ramagens de espinhos...”
  • 24. O HOMEM - 2ª Parte • Visão determinista = formação racial do sertanejo e os males da mestiçagem. • Mistura de raças = retrocesso: • “De sorte que o mestiço – traço de união entre as raças – é quase sempre um desequilibrado (...) sem a energia física dos ascendentes selvagens, sem a altitude intelectual dos ancestrais superiores.”
  • 25. O HOMEM - 2ª Parte • Entretanto, contrastando com essa incapacidade do mestiço para a civilização moderna, os sertanejos nordestinos seriam diferentes por ter há muito se isolado no amplo interior do país. Abandonados há três séculos, sem contatos maiores com o litoral desenvolvido, os sertanejos – ao contrário do que ocorrera com os mestiços urbanos – não haviam sido corrompidos.
  • 26. O HOMEM - 2ª Parte • Por isso, apesar de seu atraso mental, o sertanejo surge como um titã: • “O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista revela o contrário. (...) É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo.”
  • 27. O HOMEM - 2ª Parte • O isolamento do sertanejo o mantém preso a valores arcaicos como o messianismo. A “tutela do sobrenatural” rege a vida cotidiana, e as vicissitudes do meio intensificam a religiosidade e a consciência mágica do mundo. Um mundo de profetas, de iluminados, de místicos que se tornam líderes naturais, expressando os valores da comunidade.
  • 28. O HOMEM - 2ª Parte • Antônio Conselheiro = “A sua biografia compendia e resume a existência da sociedade sertaneja”. O chefe dos fanáticos é um personagem-síntese: figura bizarra para os padrões urbanos, com uma oratória impressionante. Para Euclides, Canudos era apenas o produto previsível do fanatismo religioso e do arcaísmo do pensamento sertanejo, que o Conselheiro traduzia.
  • 29. A LUTA – 3ª Parte • É a parte mais importante e dramática da obra. Euclides não esconde a comoção diante da violência de parte a parte, que gera banhos diários de sangue. Não consegue deixar de admirar a tenaz resistência de uma cidade (“Jerusalém de taipa”), que logo se transforma em uma “Tróia de taipa”. Passa a ver os “titãs de cobre” que a defendem o “cerne rijo da nacionalidade”.
  • 30. A LUTA – 3ª Parte • Percebe que o meio é o principal aliado do sertanejo: “As caatingas não o escondem apenas, amparam-no”. Compreende a inutilidade dos métodos clássicos de combate, usados pelo Exército, diante da mobilidade e da luta não-convencional dos inimigos. Espanta-se diante da guerrilha sertaneja e das sucessivas derrotas que ela impõe às tropas legais, superiormente armadas.
  • 31. A LUTA – 3ª Parte • Emociona-se ao ouvir as rezas e os cânticos que emergem do arraial bombardeado, ao anoitecer, quando todo o Alto-Comando julgava Canudos já sem resistência. A obra adquire então uma grandeza sombria e os últimos momentos do confronto apresentam uma terrível dramaticidade. Com dinamite, os soldados atacam os casebres ainda em pé, explodindo e queimando seus moradores.
  • 32. A LUTA – 3ª Parte • “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a História, resistiu até o esgotamento completo. (...) caiu no dia cinco, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.”
  • 33. A LUTA – 3ª Parte
  • 34. A interpretação da guerra • Conjunto de equívocos, demências e crueldades. Uma pungente (dolorosa) guerra civil e não um conflito entre a reação e o progresso, entre a Monarquia e a República, como as elites intelectuais, políticas e militares, bem como a opinião pública do país, acreditavam.
  • 35. A interpretação da guerra • Tragédia de erros resultantes de uma profunda cegueira de ambos os lados. Para os adeptos de Conselheiro, os soldados eram agentes do demônio e deveriam ser destruídos. Para o Exército, os sertanejos eram jagunços primitivos a serviço da causa monárquica e tinham de ser exterminados.
  • 36. A interpretação da guerra • Na verdade, os guerrilheiros de Canudos eram uns pobres-diabos, filhos da ignorância e das crendices de uma civilização parada no tempo há três séculos. Precisavam de professores, não de tiros de canhão. Já as tropas do governo, que representavam a civilização moderna do país, foram incapazes de perceber a verdadeira natureza dos inimigos e trataram de destruí-los com barbárie e horror.
  • 37. A interpretação da guerra • Os sertões adquire, assim, um caráter de denúncia. Trata-se de um “grito de aviso à consciência nacional”. Tal perspectiva é anunciada na nota preliminar que abre o livro: • “Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo.”
  • 38. A interpretação do Brasil • Contradição: • Fervor patriótico com a vitória do Exército x Trágico fim do povoado de Canudos. • Confronto = divisão estrutural do país.
  • 39. A interpretação do Brasil • Conclusão: • Há dois Brasis completamente estranhos entre si, o do litoral e o do sertão. • O Brasil do sertão jazia ignorado ou esquecido pela consciência culta nacional.
  • 40. A interpretação do Brasil • Ponto de vista: • Para a civilização litorânea, os jagunços (o povo de Canudos) eram facínoras (bandidos). • Para Euclides, eram irmãos (compatriotas) que deveriam ser integrados à nacionalidade.
  • 41. A interpretação do Brasil • Para Euclides, as duas sociedades brasileiras, separadas pela raça, pelo meio e pela história, deveriam se aproximar e se integrar pacífica e lentamente. Sob esse prisma, a perspectiva de aproximação entre os dois Brasis, defendida pelo escritor na sua obra- prima, se tornaria, depois de 1930, o projeto político nuclear da nação.
  • 42. Gênero Literário • Os sertões é uma combinação única de ensaio sociológico, estudo científico, reabilitação histórica, panfleto, reportagem de guerra e literatura, o que torna impossível enquadrá-lo nos limites de um gênero qualquer.
  • 43. O estilo literário de Os sertões • Senso do dramático. • Confere às ações uma plasticidade vigorosa e assustadora, buscando sempre o contraste violento, o êxtase e a agonia, a situação-limite do ser humano. • Efeito persuasivo (exemplos individuais para reforçar uma idéia geral). • Traduz o horror da guerra, a exemplo de Tolstói e Stendhal.
  • 44. A linguagem barroca • Gosto pelo ornamental e pelo excesso vocabular. • Léxico (vocabulário) arcaico. • Presença contínua de antíteses, paradoxos, comparações e metáforas. • Jogo binário entre períodos extensos e períodos curtíssimos e a insistência na frase de efeito, sentenciosa e escultural. • Linguagem com ritmo poético.
  • 45. A importância de Os sertões • “Escrevi este livro para o futuro” (Euclides da Cunha) = Pôs em xeque todas as concepções que a intelectualidade brasileira tinha a respeito de seu próprio país, passando a influenciar decisivamente a discussão política sobre os destinos da nação. Influencia, de forma marcante, o chamado “Romance de 30”.