SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 16
Downloaden Sie, um offline zu lesen
1
Odontovet
Mini Curso Básico de Odontologia
Medicina Veterinária em Evidência
2
Dr. Oscar Rodríguez Serrano
Odontologia Veterinária
Recife, 2002
3
Odontologia Veterinária
HISTÓRIA
A história da odontologia tanto humana como a veterinária é muito parecida. Tiveram um
começo muito intenso e importante, sendo depois quase que esquecidas e só voltando a ter um
interesse maior no último século.
Hoje sabemos em documentos achados (papiros de Ebers), que os egípcios no ano de
1550 a.C., tratavam dos dentes contra abscessos e gengivites, usando cominho e mel. Outros
achados foram próteses dentárias.
Na antiga Grécia já aparece o primeiro instrumental odontológico, uma pinça de metal
utilizada para extrações chamada de “odontagra”.
Archigene 100 a.C. utilizou o trepano para perfurar os dentes chegando até a polpa e
obturando a perfuração com uma massa à base de excremento de rato e fígado de lagarto. No
ano 30 a.C., Celso descreve a utilização de chumbo nas obturações.
Na Idade Média a odontologia sofre uma parada no seu desenvolvimento, devido ao fato
de que todo descobrimento da ciência deveria ser aprovado pela igreja (Inquisição). No século
XIII e XIV, os monges iniciaram a cirurgia dentária porém não vão longe e deixam isto para
pessoas despreparadas como os barbeiros, que além de cortar o cabelo, tomavam conta das
extrações, pois esse era o único tratamento realizado nessa época. Os barbeiros mais
importantes eram aqueles que moravam nos castelos, pois cuidavam das famílias reais.
No século XIV, Guy de Charliac, utiliza pela primeira vez a anestesia, exatamente num
procedimento odontológico.
No inicio do século XVIII, Pierre de Fouchard, escreve “O Cirurgião Dentista e seu
Tratado de Dentes”, criticando os charlatões e dedicando especial atenção à endodontia.
Os eqüinos foram os primeiros animais a serem tratados na medicina veterinária. Um
motivo muito importante foi que estes animais ajudaram muito no desenvolvimento do homem,
seja trabalhando como lutando para conquistar novas terras e povos. Na veterinária o primeiro
documento achado foi o “Zuo Zhuan” (Livro dos Animais), livro chinês que expressa como
diferenciar um cavalo pela boca. Os chineses também acreditavam que os dentes tinham relação
com os órgãos internos como rins, fígado e órgãos da reprodução.
4
Página do Livro doa Animais (Zuo Zhuan)
Hipócrates, descreve na antiga Grécia, como realizar uma extração dentária. No livro
”Indicus” explica como efetuar a extração dentária e amputação da língua para melhorar a
oclusão nos eqüinos.
Pelagonius no ano 350 a.C., descreve varias doenças dentais, assim como o tratamento
em dentes dos cavalos no capítulo “De Dentibus”.
Aristóteles (384–322 a.C.) fala sobre a periodontite no seu livro ”Animaliu”, como um
sintoma e não como síndrome, destacando que se a doença não desaparecesse
espontaneamente, esta seria incurável.
Durante o Império Romanos, por este ter um grande exército, foram realizados grandes
avanços na medicina veterinária. Estes descreveram a anatomia e morfologia dos dentes.
Acredita-se como forma de evitar a falsificação e troca de animais.
Novamente a odontologia mergulha numa fase obscura onde não se conhece avanço
significante. Unicamente no século XIII voltamos a escutar por meio de Jordanus Ruffus, o
tratamento de eqüinos, porém sem nenhum embasamento científico, provocando um
aparecimento de charlatões que tomam conta dos tratamentos odontológicos veterinários,
geralmente sendo realizado pelos ferreiros. Estes provocavam tratamentos desumanos cheios
de crueldade. A doma dos cavalos era realizada de forma irracional, sendo assim retirados
dentes e colocados vidros quebrados para tornar a boca dos animais mais sensível.
A primeira faculdade de Veterinária foi fundada em Lyon na França no ano de 1762 por
Claude Bourgelat, porém ainda neste tempo a odontologia não despertava interesse na classe
médica. Com o inicio dos zoológicos, acontece um caso que chamou a atenção das pessoas. Na
Inglaterra um elefante foi sacrificado em 1826 pela sua agressividade e só após a morte foi
descoberto que isto era provocado por um colmilho fraturado e infeccionado. No ano de 1862,
cem anos depois do inicio da primeira faculdade, Edward Mayhew publica “O Ilustrado Doutor de
Cavalos”, onde descreve a necessidade do trato das doenças odontológicas. Porém unicamente
no século XX é que Freddie Milne (1867-1942), começa a dedicar-se à odontologia eqüina em
1924 nos hipódromos da Europa. Em 1930 já aparecem varias publicações de odontologia
veterinária, e em 1945 cria-se o Instituto Dental Veterinário em Viena, destacando o
prof. Karl Zetner.
5
Porém foi nos Estados Unidos que a odontologia veterinária chegou no seu auge, sendo
criado o primeiro dentifrício para animais em 1975 e em 1977 a American Veterinary Dental
Society, e logo depois, o American Veterinary Dental College.
Na Europa foi formado a European Veterinary Dental Society em 1992 e em 1996 a
European Veterinarian Dental College.
No Brasil, um dos pioneiros na odontologia veterinária, tem sido o Dr. Marco A. Gioso,
atualmente professor da USP e diplomado pelo American Veterinary Dental College. Este tem
incentivado muito a odontologia veterinária em especial dos pequenos animais. Hoje contamos
com varias clínicas especializadas em odontologia especialmente no estado de São Paulo. Entre
estas destacam-se a Odontovet entre outras.
MORFOLOGIA DENTÁRIA
Tipos de Dentes
Os dentes variam em número, volume e tamanho, dependendo das espécies e sua
função.
A dentadura dos animais pode ser classificada de varias maneiras. Podemos classificar
os dentes de acordo a sua anatomia e função como:
Dentes deciduais ou de leite, dentes permanentes, dentes incisivos, dentes caninos,
dentes pré-molares e dentes molares.
Divisão dos dentes nos caninos
Os dentes incisivos são 12 (doze) e se dividem em três tipos diferentes: central
(pinças ou 1º), intermediário (central ou 2º) e lateral (cantos ou 3º). Estes dentes servem para
roer e ajudam na limpeza do corpo.
Os caninos são 04 (quatro), estes retém a pressa e servem para rasgar os alimentos.
Os pré-molares e molares são cortantes e trituradores do alimento. Os últimos molares
assemelham-se aos dos humanos.
6
CÃES Incisivos Caninos Pré-molares Molares
Maxila 3 1 4 2
Mandíbula 3 1 4 3
Fórmula dentária nos cães
FELINOS Incisivos Caninos Pré-molares Molares
Maxila 3 1 3 1
Mandíbula 3 1 2 1
Fórmula dentária nos felinos
Podemos classificá-los de acordo com as mudanças que estes sofrem, por exemplo:
Dentadura Heterodonte: dentadura dos mamíferos. Há diversos tipos de dentes como incisivos,
caninos, pré-molares e molares.
Dentadura Homodonte: achado em peixes, répteis. Todos os dentes são iguais.
Dente Monofiodonte: são os dentes que nunca sofrem muda, por exemplo os dentes
permanentes (molares, colmilhos dos elefantes).
Dente Diofiodonte: são os dentes que sofrem uma muda no curso da vida. Por exemplo, nos
mamíferos, os dentes de leite são substituídos por dentes permanentes (incisivos, caninos, pré-
molares).
Dentes Polifiodonte: são aqueles que têm uma reprodução continua, como os dentes dos
peixes, anfíbios, répteis.
Dentes Secodontes: são aqueles que têm as bordas cortantes. Geralmente comprimidos
lateralmente com aspecto de faca. Por exemplo os pré-molares dos carnívoros.
Dente Bunodonte: Estes possuem cúspides de esmalte justapostas que formam uma superfície
trituradora. Por exemplo os molares do ser humano.
ANATOMIA
Os dentes podem ser divididos em 03 (três) estruturas diferentes: Coroa, Colo
Dentário e Raiz.A Coroa é a parte do dente que podemos visualizar normalmente. Ela está
coberta pelo esmalte. Este é o tecido mais duro do corpo, formado de 98% de substância
inorgânica.
A Raiz é clinicamente a parte invisível do dente. Por sua vez está coberta pelo cemento,
que é um tecido conectivo calcificado. A divisão da Coroa e da Raiz chama-se Colo Dentário e a
linha visível desta divisão é chamada de linha cervical.
Na parte interna achamos um tecido conectivo calcificado chamado de dentina. É um
material poroso igual ao osso, que se encontra em constante renovação. No meio desta dentina
encontramos a Cavidade Pulpar. Esta parte do dente é onde se encontra a polpa, tecido
ricamente inervado e vascularizado, que forma e nutre a dentina. Pelo canal pulpar passam os
7
vasos sangüíneos e nervos que nutrem e dão a sensibilidade ao dente. Este canal pulpar é
diferente nos animais que nos humanos.
Canal Pulpar de um cão
Os dentes podem ter uma, duas ou três raízes, de acordo com seu posicionamento. Na
tabela seguinte podemos mostrar como estão formados:
Dente Nº de raízes.
Incisivos, Caninos e 1º Pré-molar
superiores
1
Pré-molar 2 e 3 superiores 2
Pré-molar 4, molares 1 e 2
superiores
3
Incisivos, Caninos e 1º Pré-molar e
molar 3 inferior
1
Pré-molares 2 , 3 e 4 Molares 1 e 2
inferior
2
As outras estruturas que circundam os dentes são as seguintes: Gengiva, Ligamento
Periodontal (Fibras de Sharpey) e Osso Alveolar. Estas estruturas junto com o cemento
formam o Periodonto.
A gengiva é parte da mucosa oral que cobre o osso alveolar formando uma prega
chamada de borda gengival. Anatomicamente é dividida em 03 (três) formas: marginal,
aderida e interdental. A primeira é a parte livre da gengiva formando a margem e o sulco
gengival; a segunda é a mais importante pois é a primeira linha de defesa contra a periodontite,
protegendo o osso e os tecidos de suporte do dente, estando aderida ao periósteo do osso
alveolar. A terceira está sempre em continua renovação e forma um colar ao redor do colo do
dente, unindo-se ao esmalte. O ligamento periodontal é formado por tecido conectivo que
penetra no cemento de um lado e no osso alveolar do outro. É formado por fibras de colágeno
tendo elasticidade para suportar o mecanismo da mordida. Esta estrutura segura o dente na
arcada dentária.
8
O osso alveolar (placa cribiforme) é uma placa fina que cobre o dente formando um
alvéolo.
Os dentes dos herbívoros apresentam diferenças em relação aos dos caninos e felinos.
Por exemplo: a coroa dos dentes dos herbívoros apresenta várias dobras do esmalte paralelas
ao eixo do dente, formando um cilindro oco aberto (cavidade adamantina). Em alguns molares
do cavalo e do boi este se encontra fechado pelo lado oral, e as depressões na coroa e nas
fissuras exteriores do esmalte estão cobertas pelo cemento. As fissuras no esmalte na superfície
trituradora dos molares se formam devido ao rápido desgaste do cemento e da dentina, que são
macios. Enquanto a maioria dos dentes possui unicamente uma polpa dentária estes podem
estar presente em vários canais.
No homem, no cavalo e nos suínos, o crescimento do dente finaliza com a formação da
raiz, logo depois de ter acontecido a erupção. A perda longitudinal que acontece com o desgaste
de fricção é insignificante e vai ser compensada parcialmente pela involução da parede alveolar.
O maior desgaste é dos herbívoros com aproximadamente 2,2 mm por ano.
Por isso da importância do desgaste com relação à determinação da idade do animal. A
superfície dentária ou mesa dentaria sofre mudanças na sua forma, sendo estas formas
características de acordo com as diferentes idades.
9
NOMENCLATURAS
Existem vários tipos de nomenclaturas utilizadas para que possamos nos localizar na
boca de um animal, classificando de forma abreviada cada dente, o que facilita o diagnóstico. Na
medicina veterinária se tem utilizado as nomenclaturas da odontologia humanas, sendo estas
adaptadas e modificadas para uso na odontologia veterinária.
Podemos mencionar as seguintes nomenclaturas: Anatômica, Triadan (modificada),
Sistema da Federação Internacional, Haderup, Palmer, Zsigmondy ou de ângulo, entre outras.
Anatômica:
Cada dente é identificado por uma letra que descreve a sua função. Por exemplo:
I: para os incisivos; C: para os caninos; P: pré-molares e M: molares.
No caso para os dentes decíduos estas letras são escritas com letra minúscula (i, c, p,
m, respectivamente). Para identificar o tipo de incisivo, pré-molar ou molar se designa um
número a cada um de acordo com a sua posição. Para determinar o seu quadrante se colocam
estes números na parte superior ou inferior, direita ou esquerda da letra do dente. Exemplo:
I1 : primeiro incisivo superior direito
3 P : terceiro pré-molar decíduo (de leite) superior esquerdo
2M : segundo molar inferior esquerdo
TRIADAN (modificada):
Muito utilizada na odontologia humana e transformada para a odontologia veterinária.
Esta nomenclatura separa a arcada dentária em 04 quadrantes e identifica cada dente por meio
de 03 (três) dígitos. O primeiro número descreve o quadrante superior direito (este é o
quadrante 100), seguindo em sentido horário pelo superior esquerdo (quadrante 200),
terminando no quadrante inferior direito com o número 400. Os dentes decíduos são descritos
como a numeração 500 até 800, também no sentido horário. O segundo dígito numera os dentes
individualmente, a partir da linha média distal. Por exemplo:
101: Primeiro incisivo superior direito.
308: Quarto pré-molar inferior esquerdo
604: Canino superior esquerdo decíduo
Sistema da Federação Internacional:
Este sistema é muito parecido ao anterior identificando com o primeiro número o
quadrante (de 1 a 4 para os permanentes, e de 5 a 8 para os decíduos), e separando por uma
vírgula os outros dígitos que descrevem o dente. Por exemplo:
1,4: Canino superior direito
7,6: Segundo pré-molar inferior esquerdo decíduo
10
2,1: primeiro incisivo superior esquerdo
Zsigmondy ou ângulo:
Utiliza os braços de uma cruz para identificar o quadrante. De acordo com o seu
posicionamento mostra se é superior ou inferior ou esquerda ou direita. Exemplo:
Γ8: quarto pré-molar inferior esquerdo
∟4: Canino superior esquerdo
Г7: terceiro pré-molar inferior esquerdo
DIVISÃO DO DENTE
Para poder localizar as lesões nos dentes é importante saber as faces dos mesmos. Os
dentes possuem 06 (seis) faces:
Mesial: é a superfície do dente orientada à linha média. É a sua parte anterior;
Distal: é a superfície posterior ou caudal do dente, oposta à superfície mesial;
Apical: é a parte que se refere à raiz do dente;
Oclusal: é superfície mastigatória ou de oclusão, oposta à apical;
Lingual ou palatal: face que está em contato com a língua ou palato;
Labial ou vestibular: parte externa dos dentes em direção aos lábios e bochechas.
oclusal
Descrição das faces dos dentes
ERUPÇÃO DENTÁRIA
É a denominação que se dá quando o dente atravessa a superfície epitelial e inicia a sua
função. O inicio da erupção varia de acordo com cada indivíduo. Cães e gatos nascem
edentados (sem dentes) surgindo os primeiros dentes a partir da terceira ou quarta semana de
vida. Geralmente em raças grandes a erupção ocorre antes que nas raças pequenas, podendo
sofrer alterações devido a causas nutricionais. Os dentes decíduos são menores e mais afilados
que os permanentes. Conforme os dentes definitivos se desenvolvem, ocorre a reabsorção da
porção superior da cripta óssea e das raízes dos dentes decíduais, acontecendo a exfoliação
(desprendimento) dos mesmos. Os primeiros a serem trocados são os incisivos, depois os pré-
molares (o primeiro pré-molar não é substituído) e por últimos os caninos. Os molares não
trocam e são as últimas peças permanentes que erupcionam.
11
Dentes CANINOS FELINOS
Decíduos Permanentes Decíduos Permanentes
Incisivos 3-4 semanas 3-5 meses 2-3 semanas 3-4 meses
Caninos 3 semanas 4-6 meses 3-4 semanas 4-5 meses
Pré-molares 4-12 semanas 4-6 meses 3-6 semanas 4-6 meses
Molares ----- 5-7 meses ----- 4-5 meses
Tabela de erupção dos dentes decíduos e permanentes em caninos e felinos
Alguns transtornos no desenvolvimento ou na troca dos dentes podem aparecer, tais
como:
Anomalias de Volume - Chama-se macrodontia quando o dente é maior que o normal, e
microdontia quando é menor que o normal. Isto pode afetar no fechamento da arcada dentária,
afetando a mastigação, respiração, retenção de alimentos, entre outros.
Problemas em Relação ao Número de Dentes - Polidontia, quando há um número maior de
dentes do que o normal. Geralmente é unilateral e aparece mais na maxila do que na mandíbula.
Oligodontia ocorre quando há um número menor de dentes. É freqüente nas raças
braquicefálicas, onde por falta de espaço faltam alguns dos molares na mandíbula.
Persistência dos Dentes Deciduais – É um problema ainda pouco conhecido. Acredita-se que
ocorra devido a não absorção da raiz, associada à falta de dilaceração da membrana
periodontal. Estes não devem ser confundidos com a polidontia. O tratamento aconselhado é
sempre a extração.
Má Posição Dentária - Os dentes podem girar no seu eixo podendo ser conhecidos como
torção, rotação ou versão.
Hipoplasia do Esmalte - É um processo de perda do esmalte na coroa, com coloração
amarelada. Não se sabe o que provoca esta patologia, porém se acredita que sejam processos
infecciosos entre as idades de 2 e 4 meses, época em que o esmalte se encontra em
desenvolvimento. Outro motivo pode ser a administração de tetraciclinas, carências minerais e
vitamínicas na dieta. O esmalte se torna fraco e desgasta ou quebra deixando o dente exposto a
infecções.
PROBLEMAS DE POSIÇÂO
Nos cães e gatos a forma do cabeça interfere na posição dos dentes, e, por serem
carnívoros, isto afeta muito anatômicamente, podendo provocar até algumas doenças. Nos cães
existem muitas raças diferentes, cada uma apresentando particularidades na formação do
crânio. Podemos classificar três tipos de crânios:
Dolicocéfalo: O diâmetro ântero-posterior é relativamente longo(cabeça estreita). Ex: Collie,
Doberman, Greyhound, Borzoi, Gatos orientais, etc.;
12
Braquicéfalo: Cabeça achatada da frente para atrás (cabeça larga). A mandíbula é maior em
relação ao crânio. Ex: Pequinês, Shih-Tzu, Bulldog, Lhasa-Apso, Gatos Persas, etc.;
Mesocéfalo: Intermediário entre os tipos supracitados. Aproximadamente 75% dos cães estão
classificados nesta categoria. Ex: Labrador, Pastor Alemão, Spaniels, etc.
Além destas formas anatômicas, podemos achar defeitos na oclusão originados
geneticamente. As raças mesocefálicas quando em normoclusão, o dente canino mandíbular
encaixa entre o 3º incisivo e o canino superior; o 4º pré-molar inferior encaixa entre o 3º e 4º pré-
molares superiores. Os dentes não se tocam. O contato pode acontecer unicamente nas raças
braquicefálicas.
O Braquignatismo ocorre quando o maxilar ultrapassar a mandíbula, sendo freqüente nas raças
dolicocefálicas. O prognatismo ocorre quando a mandíbula ultrapassa o maxilar, sendo
observado nas raças braquicefálicas.
EXAME GERAL
No exame geral começamos pela identificação do animal, seguido pela anamnese do
paciente. Aqui escutamos a queixa principal, assim como fazemos um levantamento do histórico
odontológico e clínico do paciente, tais como: idade, tipo de alimentação que possui, seus
hábitos, tempo que apresenta os problemas, etc.
Após isto procedemos a execução do exame extra-oral. Observamos a parte externa da
boca, bochechas, linfonódos, presença de sialorréia, fístulas, secreções nas narinas e olhos,
halitose, etc. Só após a completa observação é que vamos prosseguir com a abertura da boca e
efetuar o exame intra-oral. Levantamos os lábios para inspeção dos mesmos, assim como dos
dentes, inspecionamos o aparecimento de tumores; lesões labiais, línguais, bucais; salivação,
etc. Unicamente depois, é que abrimos as arcadas dentarias para uma visualização interna. Este
procedimento é muito importante pois é neste momento que teremos uma completa visão da
cavidade bucal, tanto no seu interior como no exterior. Podemos avaliar a gravidade da
periodontite, gengiva (inflamação, retração), cálculo dentário (tártaro), fraturas, mobilidade,
hipoplasias de esmalte, cáries, perda de dentes, lesões de palato, halitose, laringe, etc.
Em relação ao instrumental utilizado para este exame, podemos destacar a sonda
periodontal, o explorador dentário, e o revelador de placa que tinge a placa bacteriana. Se
necessário, devemos realizar uma sedação para uma melhor contenção do animal e inspeção da
cavidade.
Para maior facilidade nesta avaliação se utiliza um odontograma, onde podemos anotar
todos os achados do exame. Como exame complementar podemos utilizar o rádio- diagnóstico e
exames laboratoriais.
13
NEOPLASIAS
Geralmente são malformações volumosas de tecido e que se originam de problemas no
desenvolvimento das estruturas celulares que constituem os dentes ou tecidos adjacentes.
Dentro da cavidade oral encontramos varias neoplasias malignas e benignas. Estas podem-se
apresentar no início como lesões não cicatrizadas e ulcerações infectadas, podendo passar
desapercebidas pelo proprietário até atingirem um tamanho avançado. Um exame minucioso é
fundamental. A biópsia ou a remoção cirúrgica têm por objetivo a realização do exame
histopatológico para determinação do tipo de tumor e a sua gravidade. Não é recomendado a
realização de exames citológicos ou por aspiração, pois muitas vezes não se obtêm resultados
corretos.
Na maioria das vezes, a recomendação é a retirada do tumor junto com um margem de
segurança, para evitar a recidiva assim como metástases. Tem se utilizado quimioterapia,
crioterapia e radioterapia nos tratamentos porém os resultados não têm sido satisfatórios.
As neoplasias orais estão em quarto lugar em aparecimento nos caninos. Os tumores
malignos representam quase que 50% das neoplasias encontradas nos cães, e, dentre os
encontrados com maior freqüência, descrevemos: melanoma maligno (30-35%), carcinoma
escamoso (20-30%) e fibrossarcoma (1-20%). Entre as neoplasias benignas podemos
encontrar com maior freqüência os epúlis (representando aproximadamente 25% das neoplasias
orais), que são lesões não neoplásicas ou tumores odontogênicos (aumento excessivo das
gengivas).
Benígnos Malígnos
Épulis Fibromatoso
Épulis ossificante
Adenomas
Fibroma
Hemangioma
Lipoma
Osteoma
Condroma
Histiocitoma
Carcinoma escamoso
Melanoma Maligno
Fibrossarcoma
Épulis Acantomatoso
Adenocarcinoma
Carcinomas
Linfossarcoma
Mastocitocitoma
Osteossarcoma
Tipos de neoplasias malignas e benignas em cães
ENDODONTIA e ORTODONTIA
A odontologia veterinária procura evitar a perda, promovendo a correção dos problemas
dos dentes, sendo o seu maior objetivo manter uma dentição sadia e completa. Neste campo
temos notado um avanço muito grande nos tratamentos veterinários nos últimos anos utilizando
14
técnicas de última geração. Na endodontia procuramos solucionar todos os problemas pulpares
dos dentes (polpa e cavidade pulpar), assim como a restauração de traumatismos que podem
resultar em fraturas dentárias que chegam a afetar a cavidade pulpar. Por outro lado, com a
ortodontia queremos eliminar as anomalias no posicionamento dos dentes, para fornecer uma
melhor oclusão da arcada dentária e evitar assim problemas como falta de aproveitamento
alimentar, problemas respiratórios, etc. Para estes procedimentos são necessários
equipamentos e materiais específicos que possam ajudar na trepanação do dente, retirada do
material infectado ou necrosado e a sua obturação. Para a ortodontia é necessário um
conhecimento sobre anatomia, medição correta da arcada para não agravar o problema
presente.
PERIODONTITE
A periodontite é a inflamação do periodonto. Este é formado pelas seguintes estruturas:
cemento do dente, gengiva, ligamento periodontal e osso alveolar.
Esta é a patologia que mais afeta os animais. Cerca de 85% dos cães acima de 5 anos
já tem algum problema relacionado à periodontite. Um fator muito importante para isto se deve à
falta de limpeza oral e a presença de bactérias na cavidade bucal.
As bactérias (algumas saprófitas) proliferam, formando a chamada placa bacteriana.
Esta placa é transparente, pegajosa e difícil de ser removida. Ela começa a eliminar resíduos do
seu metabolismo provocando uma reação inflamatória da gengiva. Quando a gengiva aumenta,
acontecem alterações circulatórias, o que serve de proteção para a própria placa bacteriana
proliferar, aumentando o número de bactérias. A placa quando começa a mineralizar por meio
de sais que vêm junto com a saliva (especialmente cálcio), inicia um processo de rigidez,
tornando-se assim o chamado cálculo dentário ou tártaro.
Dente sem cálculo dentário Dente com cálculo supragengival Dente com cálculo supra e sub-
gengival lesando o periodonto
15
Existem dois tipos de cálculo dentário: supragengival e o subgengival. O primeiro é o
visível na boca dos animal, o segundo é aquele que penetra abaixo da gengiva e vai alterando
as estruturas de sustentação dos dentes, provocando assim após certo tempo, a queda precoce
do dente. O cálculo subgengival é mais perigoso pois a sua localização, não só provoca danos
graves assim como evita os processos autolimpantes da boca. Apesar do cálculo supragengival
colaborar com a proteção da placa, aumentar a gengiva e causar halitose, este não chega a ser
tão perigoso como o subgengival..
O tratamento mais correto para evitar este problema seria a remoção profilática. Certas
alterações, se tratadas na sua fase inicial, têm caráter reversível. Porém após algum tempo, se
não corrigidas corretamente, podem produzir lesões permanentes.
O primeiro passo é a identificação da placa por meio de reveladores químicos. Estes
tingem a placa mostrando onde esta se posiciona para assim iniciar a sua completa remoção.
Esta pode ser realizada com fórceps odontológicos, tendo-se o cuidado para não fraturar o
dente. O aparelho de ultra-som ou remotar, e as curetas manuais são necessárias não só para
tirar o cálculo como para raspar a placa bacteriana (principal objetivo da profilaxia). Após a
remoção se faz a raspagem radicular, também chamada de aplainamento. Com isto vamos
retirar qualquer resíduo de cálculo na superfície dentária tanto na coroa como na raiz, assim
como alisamos a superfície dentária, para retirar ao máximo as superfícies rugosas do dente.
O terceiro passo é o polimento da superfície dentária que vai evitar que a placa adira
novamente por um tempo. Deixando a superfície rugosa, facilitaria que a placa se instalasse com
maior rapidez.
Superfície do dente antes e após o polimento
Este procedimento não é realizado na maioria das vezes pelos médicos veterinários o
que provoca uma recidiva dos problemas rapidamente. O polimento é muito simples, porém
precisa de equipamento adequado.
16
Uma vez realizado o polimento, se efetua a irrigação com solução anti-séptica. Segundo
estudos realizados, esta placa tende a reinstalar-se no sulco gengival após a profilaxia. Não é
recomendado a utilização da agulha de pressão de jato de água, pois isto poderia aderir com
maior facilidade à placa. Então o mais indicado é com uma seringa de 20 ou 50 ml realizar a
irrigação da cavidade para eliminar os remanescentes bacterianos.
Como último passo temos as medidas profiláticas que vão evitar o acúmulo da placa por
mais tempo. Estas são de total responsabilidade do proprietário/a, pois será ele/ela quem vai
realizar estes procedimentos. Estas medidas significam metade do sucesso da prevenção da
periodontite. Entre algumas que podem ser mencionadas estão: o tipo de alimento que os
animais vão ingerir (ração concentrada, biscoitos, ossos, etc.), escovação dentária, brinquedos
específicos para remoção da placa, entre outros.
Destacamos que, para realizar estes procedimentos mencionados, é necessária a
sedação ou anestesia do animal para poder realizar a correta limpeza, tanto externa como
internamente. Se este tratamento fosse realizado com o animal acordado poderia
provocar grandes danos à estruturas do periodonto, assim como não poderia ser limpa a
cavidade bucal na sua totalidade.
Se o animal apresentar uma gengivite severa é indicado realizar uma cirurgia
periodontal onde se retira parte da bolsa gengival para esta não proteger a placa bacteriana.
Após este tratamento é recomendado a utilização de antibióticos para evitar infecções
secundárias. Este é um dos procedimentos mais sépticos realizados na cirurgia. O maior perigo
da periodontite esta no fato destas bactérias poderem penetrar na circulação sangüínea e
provocar infecções em outros órgãos como coração, fígado, rins, articulações, etc.
A odontologia veterinária esta iniciando e avançando muito ultimamente. Hoje em dia
não existe entidade específica que forneça uma especialização nesta área da medicina
veterinária aqui no Brasil. Os estudos e aprendizados são efetuados em clínicas particulares e
em algumas faculdades onde se ensina este tipo de tema e estudo de forma empírica. Está em
vias de formação a primeira Sociedade Brasileira de Odontologia Veterinária, possivelmente
chamada de SOBOV, que está sendo formada em São Paulo. Torcemos para que este sonho
seja realizado, pois teríamos um órgão que possa controlar, ensinar, avaliar e estudar melhor os
casos da odontologia veterinária no Brasil.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Sistema urinário - Anatomia veterinária
Sistema urinário - Anatomia veterináriaSistema urinário - Anatomia veterinária
Sistema urinário - Anatomia veterináriaMarília Gomes
 
Topografia veterinária - membros torácicos e pélvicos
Topografia veterinária - membros torácicos e pélvicosTopografia veterinária - membros torácicos e pélvicos
Topografia veterinária - membros torácicos e pélvicosMarília Gomes
 
Aula 1 Anatomia - Osteologia veterinária
Aula 1 Anatomia - Osteologia veterináriaAula 1 Anatomia - Osteologia veterinária
Aula 1 Anatomia - Osteologia veterináriaJulia Berardo
 
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal I
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal IIntrodução e planos anatômicos - anatomia animal I
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal IMarília Gomes
 
Topografia veterinária - cabeça
Topografia veterinária - cabeçaTopografia veterinária - cabeça
Topografia veterinária - cabeçaMarília Gomes
 
Principais
afecções da cavidade oral de pequenos animais
Principais
afecções da cavidade oral  de pequenos animais Principais
afecções da cavidade oral  de pequenos animais
Principais
afecções da cavidade oral de pequenos animais Daniel Ferro
 
Anatomia dos animais de produção ii
Anatomia dos animais de produção iiAnatomia dos animais de produção ii
Anatomia dos animais de produção iiFrancismara Carreira
 
Anatomia dos animais de produção i
Anatomia dos animais de produção iAnatomia dos animais de produção i
Anatomia dos animais de produção iFrancismara Carreira
 
Aula 1 Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e Mensurações
Aula 1   Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e MensuraçõesAula 1   Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e Mensurações
Aula 1 Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e MensuraçõesElaine
 
Doença Inflamatória Intestinal em gatos
Doença Inflamatória Intestinal em gatosDoença Inflamatória Intestinal em gatos
Doença Inflamatória Intestinal em gatosCarolina Trochmann
 
Anatomia do sistema nervoso do equino
Anatomia do sistema nervoso do  equinoAnatomia do sistema nervoso do  equino
Anatomia do sistema nervoso do equinoMarília Gomes
 
Considerações sobre a anatomofisiologia do sistema digestório dos equinos: ap...
Considerações sobre a anatomofisiologia do sistema digestório dos equinos: ap...Considerações sobre a anatomofisiologia do sistema digestório dos equinos: ap...
Considerações sobre a anatomofisiologia do sistema digestório dos equinos: ap...Lilian De Rezende Jordão
 
Introdução ao estudo da anatomia animal
Introdução ao estudo da anatomia animalIntrodução ao estudo da anatomia animal
Introdução ao estudo da anatomia animalCaio Maximino
 
Sistema digestório Cães
Sistema digestório CãesSistema digestório Cães
Sistema digestório CãesHelena Amaral
 
Osteologia - Parte 1
Osteologia - Parte 1Osteologia - Parte 1
Osteologia - Parte 1angelica luna
 
Introdução a Anatomia e Fisiologia Veterinária
Introdução a Anatomia e Fisiologia VeterináriaIntrodução a Anatomia e Fisiologia Veterinária
Introdução a Anatomia e Fisiologia VeterináriaFelipe Damschi
 
Aula Digestivo 3 2010 1
Aula Digestivo 3 2010 1Aula Digestivo 3 2010 1
Aula Digestivo 3 2010 1UFPEL
 

Was ist angesagt? (20)

Sistema urinário - Anatomia veterinária
Sistema urinário - Anatomia veterináriaSistema urinário - Anatomia veterinária
Sistema urinário - Anatomia veterinária
 
Apresentação coluna vertebral
Apresentação coluna vertebralApresentação coluna vertebral
Apresentação coluna vertebral
 
Topografia veterinária - membros torácicos e pélvicos
Topografia veterinária - membros torácicos e pélvicosTopografia veterinária - membros torácicos e pélvicos
Topografia veterinária - membros torácicos e pélvicos
 
Aula 1 Anatomia - Osteologia veterinária
Aula 1 Anatomia - Osteologia veterináriaAula 1 Anatomia - Osteologia veterinária
Aula 1 Anatomia - Osteologia veterinária
 
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal I
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal IIntrodução e planos anatômicos - anatomia animal I
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal I
 
ANATOMIA CANINA
ANATOMIA CANINAANATOMIA CANINA
ANATOMIA CANINA
 
Topografia veterinária - cabeça
Topografia veterinária - cabeçaTopografia veterinária - cabeça
Topografia veterinária - cabeça
 
Principais
afecções da cavidade oral de pequenos animais
Principais
afecções da cavidade oral  de pequenos animais Principais
afecções da cavidade oral  de pequenos animais
Principais
afecções da cavidade oral de pequenos animais
 
Anatomia dos animais de produção ii
Anatomia dos animais de produção iiAnatomia dos animais de produção ii
Anatomia dos animais de produção ii
 
Anatomia dos animais de produção i
Anatomia dos animais de produção iAnatomia dos animais de produção i
Anatomia dos animais de produção i
 
Aula 1 Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e Mensurações
Aula 1   Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e MensuraçõesAula 1   Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e Mensurações
Aula 1 Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e Mensurações
 
Doença Inflamatória Intestinal em gatos
Doença Inflamatória Intestinal em gatosDoença Inflamatória Intestinal em gatos
Doença Inflamatória Intestinal em gatos
 
Anatomia do sistema nervoso do equino
Anatomia do sistema nervoso do  equinoAnatomia do sistema nervoso do  equino
Anatomia do sistema nervoso do equino
 
Considerações sobre a anatomofisiologia do sistema digestório dos equinos: ap...
Considerações sobre a anatomofisiologia do sistema digestório dos equinos: ap...Considerações sobre a anatomofisiologia do sistema digestório dos equinos: ap...
Considerações sobre a anatomofisiologia do sistema digestório dos equinos: ap...
 
Introdução ao estudo da anatomia animal
Introdução ao estudo da anatomia animalIntrodução ao estudo da anatomia animal
Introdução ao estudo da anatomia animal
 
Sistema digestório Cães
Sistema digestório CãesSistema digestório Cães
Sistema digestório Cães
 
Osteologia - Parte 1
Osteologia - Parte 1Osteologia - Parte 1
Osteologia - Parte 1
 
Introdução a Anatomia e Fisiologia Veterinária
Introdução a Anatomia e Fisiologia VeterináriaIntrodução a Anatomia e Fisiologia Veterinária
Introdução a Anatomia e Fisiologia Veterinária
 
Aula Digestivo 3 2010 1
Aula Digestivo 3 2010 1Aula Digestivo 3 2010 1
Aula Digestivo 3 2010 1
 
Apresentação membro pélvico.
Apresentação membro pélvico.Apresentação membro pélvico.
Apresentação membro pélvico.
 

Andere mochten auch

Odontologia equina carolina
Odontologia equina carolinaOdontologia equina carolina
Odontologia equina carolinaluirpo
 
Odontologia Equina
Odontologia EquinaOdontologia Equina
Odontologia Equinafloveg
 
Cronometria dentaria de Equinos
Cronometria dentaria de EquinosCronometria dentaria de Equinos
Cronometria dentaria de EquinosKiller Max
 
Odontología veterinaria i
Odontología veterinaria iOdontología veterinaria i
Odontología veterinaria iDiego Estrada
 
Odontología veterinaria ii
Odontología veterinaria iiOdontología veterinaria ii
Odontología veterinaria iiDiego Estrada
 
Apostila de Anatomia Veterinária I
Apostila de Anatomia Veterinária I Apostila de Anatomia Veterinária I
Apostila de Anatomia Veterinária I danthe05
 
Odontologia equina
Odontologia equina Odontologia equina
Odontologia equina Angela Maria
 
Medicina veterinária unifran o que é e como gerenciar o curso.
Medicina veterinária unifran o que é e como gerenciar o curso.Medicina veterinária unifran o que é e como gerenciar o curso.
Medicina veterinária unifran o que é e como gerenciar o curso.Iucif Abrão Nascif Júnior
 
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SCBiologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SCThiago Neves
 
Apresentação Electrónica
Apresentação ElectrónicaApresentação Electrónica
Apresentação Electrónicaritapaulino93
 
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
 Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SCThiago Neves
 
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal - SC
Biologia Dos Vertebrados-  EEMAK- Gravatal - SCBiologia Dos Vertebrados-  EEMAK- Gravatal - SC
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal - SCThiago Neves
 
Biologia dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SCBiologia dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SCThiago Neves
 
Marketing Digital G2 - Os Esquilos
Marketing Digital G2 - Os EsquilosMarketing Digital G2 - Os Esquilos
Marketing Digital G2 - Os Esquiloslouisecalves
 
Anatomía veterinaria - Cavidad oral y revestimiento seroso del abdomen
Anatomía veterinaria - Cavidad oral y revestimiento seroso del abdomenAnatomía veterinaria - Cavidad oral y revestimiento seroso del abdomen
Anatomía veterinaria - Cavidad oral y revestimiento seroso del abdomenAlesu Rodríguez
 
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SCBiologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SCThiago Neves
 

Andere mochten auch (20)

Odontologia equina carolina
Odontologia equina carolinaOdontologia equina carolina
Odontologia equina carolina
 
Odontologia Equina
Odontologia EquinaOdontologia Equina
Odontologia Equina
 
Cronometria dentaria de Equinos
Cronometria dentaria de EquinosCronometria dentaria de Equinos
Cronometria dentaria de Equinos
 
Odontología veterinaria i
Odontología veterinaria iOdontología veterinaria i
Odontología veterinaria i
 
Odontología veterinaria ii
Odontología veterinaria iiOdontología veterinaria ii
Odontología veterinaria ii
 
Apostila de Anatomia Veterinária I
Apostila de Anatomia Veterinária I Apostila de Anatomia Veterinária I
Apostila de Anatomia Veterinária I
 
Odontologia equina
Odontologia equina Odontologia equina
Odontologia equina
 
Odontología equina
Odontología equinaOdontología equina
Odontología equina
 
Jornadas medicas en equinos de trabajo
Jornadas medicas en equinos de trabajoJornadas medicas en equinos de trabajo
Jornadas medicas en equinos de trabajo
 
Medicina veterinária unifran o que é e como gerenciar o curso.
Medicina veterinária unifran o que é e como gerenciar o curso.Medicina veterinária unifran o que é e como gerenciar o curso.
Medicina veterinária unifran o que é e como gerenciar o curso.
 
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SCBiologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
 
Apresentação Electrónica
Apresentação ElectrónicaApresentação Electrónica
Apresentação Electrónica
 
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
 Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
 
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal - SC
Biologia Dos Vertebrados-  EEMAK- Gravatal - SCBiologia Dos Vertebrados-  EEMAK- Gravatal - SC
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal - SC
 
Vamos Conhecer O Guaxinim
Vamos Conhecer O GuaxinimVamos Conhecer O Guaxinim
Vamos Conhecer O Guaxinim
 
Slide bioclimatologia animal
Slide bioclimatologia animalSlide bioclimatologia animal
Slide bioclimatologia animal
 
Biologia dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SCBiologia dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
 
Marketing Digital G2 - Os Esquilos
Marketing Digital G2 - Os EsquilosMarketing Digital G2 - Os Esquilos
Marketing Digital G2 - Os Esquilos
 
Anatomía veterinaria - Cavidad oral y revestimiento seroso del abdomen
Anatomía veterinaria - Cavidad oral y revestimiento seroso del abdomenAnatomía veterinaria - Cavidad oral y revestimiento seroso del abdomen
Anatomía veterinaria - Cavidad oral y revestimiento seroso del abdomen
 
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SCBiologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
Biologia Dos Vertebrados- EEMAK- Gravatal- SC
 

Ähnlich wie [Medicina veterinaria] curso de odontologia veterinária

Prepara cursos profissionalizantes workshop auxiliar odontologico
Prepara cursos profissionalizantes   workshop auxiliar odontologicoPrepara cursos profissionalizantes   workshop auxiliar odontologico
Prepara cursos profissionalizantes workshop auxiliar odontologicoGaylha Wegila
 
Anatomia dentaria e periodontal 2.pdf
Anatomia dentaria e periodontal 2.pdfAnatomia dentaria e periodontal 2.pdf
Anatomia dentaria e periodontal 2.pdfLaisaBrunaRibeiro
 
Trabalho Odontogênese.pdf
Trabalho Odontogênese.pdfTrabalho Odontogênese.pdf
Trabalho Odontogênese.pdfVictorMonteiro73
 
Apostilaodontologicaatualcompleta (1)
Apostilaodontologicaatualcompleta (1)Apostilaodontologicaatualcompleta (1)
Apostilaodontologicaatualcompleta (1)Marcele Kizan
 
ANATOMIA DENTAL AULA 1.pptx
ANATOMIA DENTAL AULA 1.pptxANATOMIA DENTAL AULA 1.pptx
ANATOMIA DENTAL AULA 1.pptxssuser485a36
 
Trabalho tratamentos conservadores finalizado
Trabalho tratamentos conservadores finalizadoTrabalho tratamentos conservadores finalizado
Trabalho tratamentos conservadores finalizadoBruno Sequeira
 
Anatomia Dental formatação.docx
Anatomia Dental formatação.docxAnatomia Dental formatação.docx
Anatomia Dental formatação.docxVictorAugusto188503
 
História da odontologia
História da odontologiaHistória da odontologia
História da odontologiaMirian Guidi
 
Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01
Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01
Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01Suellen Cristinne
 
Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01
Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01
Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01JORGEFILHO43
 
Anatomia do Dente Miguel C. Madeira5ED.pdf
Anatomia do Dente Miguel C. Madeira5ED.pdfAnatomia do Dente Miguel C. Madeira5ED.pdf
Anatomia do Dente Miguel C. Madeira5ED.pdflarahestudo
 
Anatomia do Dente - Carlos Madeira - 5ED.pdf
Anatomia do Dente - Carlos Madeira - 5ED.pdfAnatomia do Dente - Carlos Madeira - 5ED.pdf
Anatomia do Dente - Carlos Madeira - 5ED.pdfLuanLuancarneiro
 
Capostila7 4 bim_aluno_20131valeeste(2bimestre)
Capostila7 4 bim_aluno_20131valeeste(2bimestre)Capostila7 4 bim_aluno_20131valeeste(2bimestre)
Capostila7 4 bim_aluno_20131valeeste(2bimestre)Albiely
 
IMPLANTE DENTÁRIO HISTÓRIA O INICIO
IMPLANTE DENTÁRIO HISTÓRIA O INICIO IMPLANTE DENTÁRIO HISTÓRIA O INICIO
IMPLANTE DENTÁRIO HISTÓRIA O INICIO Rodrigo Vital
 
historia da odontologia.pdf
historia da odontologia.pdfhistoria da odontologia.pdf
historia da odontologia.pdfWilberthLincoln1
 

Ähnlich wie [Medicina veterinaria] curso de odontologia veterinária (20)

Prepara cursos profissionalizantes workshop auxiliar odontologico
Prepara cursos profissionalizantes   workshop auxiliar odontologicoPrepara cursos profissionalizantes   workshop auxiliar odontologico
Prepara cursos profissionalizantes workshop auxiliar odontologico
 
Anatomia dentaria e periodontal 2.pdf
Anatomia dentaria e periodontal 2.pdfAnatomia dentaria e periodontal 2.pdf
Anatomia dentaria e periodontal 2.pdf
 
Trabalho Odontogênese.pdf
Trabalho Odontogênese.pdfTrabalho Odontogênese.pdf
Trabalho Odontogênese.pdf
 
Apostilaodontologicaatualcompleta (1)
Apostilaodontologicaatualcompleta (1)Apostilaodontologicaatualcompleta (1)
Apostilaodontologicaatualcompleta (1)
 
ANATOMIA DENTAL AULA 1.pptx
ANATOMIA DENTAL AULA 1.pptxANATOMIA DENTAL AULA 1.pptx
ANATOMIA DENTAL AULA 1.pptx
 
Técnicas em HD.pptx
Técnicas em HD.pptxTécnicas em HD.pptx
Técnicas em HD.pptx
 
Trabalho tratamentos conservadores finalizado
Trabalho tratamentos conservadores finalizadoTrabalho tratamentos conservadores finalizado
Trabalho tratamentos conservadores finalizado
 
Técnicas em HD.pdf
Técnicas em HD.pdfTécnicas em HD.pdf
Técnicas em HD.pdf
 
Anatomia Dental formatação.docx
Anatomia Dental formatação.docxAnatomia Dental formatação.docx
Anatomia Dental formatação.docx
 
História da odontologia
História da odontologiaHistória da odontologia
História da odontologia
 
Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01
Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01
Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01
 
Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01
Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01
Livroanatomiadodente carlosmadeira-5ed-120807181705-phpapp01
 
controme mecânico.pdf
controme mecânico.pdfcontrome mecânico.pdf
controme mecânico.pdf
 
Anatomia do Dente Miguel C. Madeira5ED.pdf
Anatomia do Dente Miguel C. Madeira5ED.pdfAnatomia do Dente Miguel C. Madeira5ED.pdf
Anatomia do Dente Miguel C. Madeira5ED.pdf
 
Anatomia do Dente - Carlos Madeira - 5ED.pdf
Anatomia do Dente - Carlos Madeira - 5ED.pdfAnatomia do Dente - Carlos Madeira - 5ED.pdf
Anatomia do Dente - Carlos Madeira - 5ED.pdf
 
Capostila7 4 bim_aluno_20131valeeste(2bimestre)
Capostila7 4 bim_aluno_20131valeeste(2bimestre)Capostila7 4 bim_aluno_20131valeeste(2bimestre)
Capostila7 4 bim_aluno_20131valeeste(2bimestre)
 
IMPLANTE DENTÁRIO HISTÓRIA O INICIO
IMPLANTE DENTÁRIO HISTÓRIA O INICIO IMPLANTE DENTÁRIO HISTÓRIA O INICIO
IMPLANTE DENTÁRIO HISTÓRIA O INICIO
 
historia da odontologia.pdf
historia da odontologia.pdfhistoria da odontologia.pdf
historia da odontologia.pdf
 
História da odontologia
História da odontologia História da odontologia
História da odontologia
 
Mandíbula oficial.pdf
Mandíbula oficial.pdfMandíbula oficial.pdf
Mandíbula oficial.pdf
 

[Medicina veterinaria] curso de odontologia veterinária

  • 1. 1 Odontovet Mini Curso Básico de Odontologia Medicina Veterinária em Evidência
  • 2. 2 Dr. Oscar Rodríguez Serrano Odontologia Veterinária Recife, 2002
  • 3. 3 Odontologia Veterinária HISTÓRIA A história da odontologia tanto humana como a veterinária é muito parecida. Tiveram um começo muito intenso e importante, sendo depois quase que esquecidas e só voltando a ter um interesse maior no último século. Hoje sabemos em documentos achados (papiros de Ebers), que os egípcios no ano de 1550 a.C., tratavam dos dentes contra abscessos e gengivites, usando cominho e mel. Outros achados foram próteses dentárias. Na antiga Grécia já aparece o primeiro instrumental odontológico, uma pinça de metal utilizada para extrações chamada de “odontagra”. Archigene 100 a.C. utilizou o trepano para perfurar os dentes chegando até a polpa e obturando a perfuração com uma massa à base de excremento de rato e fígado de lagarto. No ano 30 a.C., Celso descreve a utilização de chumbo nas obturações. Na Idade Média a odontologia sofre uma parada no seu desenvolvimento, devido ao fato de que todo descobrimento da ciência deveria ser aprovado pela igreja (Inquisição). No século XIII e XIV, os monges iniciaram a cirurgia dentária porém não vão longe e deixam isto para pessoas despreparadas como os barbeiros, que além de cortar o cabelo, tomavam conta das extrações, pois esse era o único tratamento realizado nessa época. Os barbeiros mais importantes eram aqueles que moravam nos castelos, pois cuidavam das famílias reais. No século XIV, Guy de Charliac, utiliza pela primeira vez a anestesia, exatamente num procedimento odontológico. No inicio do século XVIII, Pierre de Fouchard, escreve “O Cirurgião Dentista e seu Tratado de Dentes”, criticando os charlatões e dedicando especial atenção à endodontia. Os eqüinos foram os primeiros animais a serem tratados na medicina veterinária. Um motivo muito importante foi que estes animais ajudaram muito no desenvolvimento do homem, seja trabalhando como lutando para conquistar novas terras e povos. Na veterinária o primeiro documento achado foi o “Zuo Zhuan” (Livro dos Animais), livro chinês que expressa como diferenciar um cavalo pela boca. Os chineses também acreditavam que os dentes tinham relação com os órgãos internos como rins, fígado e órgãos da reprodução.
  • 4. 4 Página do Livro doa Animais (Zuo Zhuan) Hipócrates, descreve na antiga Grécia, como realizar uma extração dentária. No livro ”Indicus” explica como efetuar a extração dentária e amputação da língua para melhorar a oclusão nos eqüinos. Pelagonius no ano 350 a.C., descreve varias doenças dentais, assim como o tratamento em dentes dos cavalos no capítulo “De Dentibus”. Aristóteles (384–322 a.C.) fala sobre a periodontite no seu livro ”Animaliu”, como um sintoma e não como síndrome, destacando que se a doença não desaparecesse espontaneamente, esta seria incurável. Durante o Império Romanos, por este ter um grande exército, foram realizados grandes avanços na medicina veterinária. Estes descreveram a anatomia e morfologia dos dentes. Acredita-se como forma de evitar a falsificação e troca de animais. Novamente a odontologia mergulha numa fase obscura onde não se conhece avanço significante. Unicamente no século XIII voltamos a escutar por meio de Jordanus Ruffus, o tratamento de eqüinos, porém sem nenhum embasamento científico, provocando um aparecimento de charlatões que tomam conta dos tratamentos odontológicos veterinários, geralmente sendo realizado pelos ferreiros. Estes provocavam tratamentos desumanos cheios de crueldade. A doma dos cavalos era realizada de forma irracional, sendo assim retirados dentes e colocados vidros quebrados para tornar a boca dos animais mais sensível. A primeira faculdade de Veterinária foi fundada em Lyon na França no ano de 1762 por Claude Bourgelat, porém ainda neste tempo a odontologia não despertava interesse na classe médica. Com o inicio dos zoológicos, acontece um caso que chamou a atenção das pessoas. Na Inglaterra um elefante foi sacrificado em 1826 pela sua agressividade e só após a morte foi descoberto que isto era provocado por um colmilho fraturado e infeccionado. No ano de 1862, cem anos depois do inicio da primeira faculdade, Edward Mayhew publica “O Ilustrado Doutor de Cavalos”, onde descreve a necessidade do trato das doenças odontológicas. Porém unicamente no século XX é que Freddie Milne (1867-1942), começa a dedicar-se à odontologia eqüina em 1924 nos hipódromos da Europa. Em 1930 já aparecem varias publicações de odontologia veterinária, e em 1945 cria-se o Instituto Dental Veterinário em Viena, destacando o prof. Karl Zetner.
  • 5. 5 Porém foi nos Estados Unidos que a odontologia veterinária chegou no seu auge, sendo criado o primeiro dentifrício para animais em 1975 e em 1977 a American Veterinary Dental Society, e logo depois, o American Veterinary Dental College. Na Europa foi formado a European Veterinary Dental Society em 1992 e em 1996 a European Veterinarian Dental College. No Brasil, um dos pioneiros na odontologia veterinária, tem sido o Dr. Marco A. Gioso, atualmente professor da USP e diplomado pelo American Veterinary Dental College. Este tem incentivado muito a odontologia veterinária em especial dos pequenos animais. Hoje contamos com varias clínicas especializadas em odontologia especialmente no estado de São Paulo. Entre estas destacam-se a Odontovet entre outras. MORFOLOGIA DENTÁRIA Tipos de Dentes Os dentes variam em número, volume e tamanho, dependendo das espécies e sua função. A dentadura dos animais pode ser classificada de varias maneiras. Podemos classificar os dentes de acordo a sua anatomia e função como: Dentes deciduais ou de leite, dentes permanentes, dentes incisivos, dentes caninos, dentes pré-molares e dentes molares. Divisão dos dentes nos caninos Os dentes incisivos são 12 (doze) e se dividem em três tipos diferentes: central (pinças ou 1º), intermediário (central ou 2º) e lateral (cantos ou 3º). Estes dentes servem para roer e ajudam na limpeza do corpo. Os caninos são 04 (quatro), estes retém a pressa e servem para rasgar os alimentos. Os pré-molares e molares são cortantes e trituradores do alimento. Os últimos molares assemelham-se aos dos humanos.
  • 6. 6 CÃES Incisivos Caninos Pré-molares Molares Maxila 3 1 4 2 Mandíbula 3 1 4 3 Fórmula dentária nos cães FELINOS Incisivos Caninos Pré-molares Molares Maxila 3 1 3 1 Mandíbula 3 1 2 1 Fórmula dentária nos felinos Podemos classificá-los de acordo com as mudanças que estes sofrem, por exemplo: Dentadura Heterodonte: dentadura dos mamíferos. Há diversos tipos de dentes como incisivos, caninos, pré-molares e molares. Dentadura Homodonte: achado em peixes, répteis. Todos os dentes são iguais. Dente Monofiodonte: são os dentes que nunca sofrem muda, por exemplo os dentes permanentes (molares, colmilhos dos elefantes). Dente Diofiodonte: são os dentes que sofrem uma muda no curso da vida. Por exemplo, nos mamíferos, os dentes de leite são substituídos por dentes permanentes (incisivos, caninos, pré- molares). Dentes Polifiodonte: são aqueles que têm uma reprodução continua, como os dentes dos peixes, anfíbios, répteis. Dentes Secodontes: são aqueles que têm as bordas cortantes. Geralmente comprimidos lateralmente com aspecto de faca. Por exemplo os pré-molares dos carnívoros. Dente Bunodonte: Estes possuem cúspides de esmalte justapostas que formam uma superfície trituradora. Por exemplo os molares do ser humano. ANATOMIA Os dentes podem ser divididos em 03 (três) estruturas diferentes: Coroa, Colo Dentário e Raiz.A Coroa é a parte do dente que podemos visualizar normalmente. Ela está coberta pelo esmalte. Este é o tecido mais duro do corpo, formado de 98% de substância inorgânica. A Raiz é clinicamente a parte invisível do dente. Por sua vez está coberta pelo cemento, que é um tecido conectivo calcificado. A divisão da Coroa e da Raiz chama-se Colo Dentário e a linha visível desta divisão é chamada de linha cervical. Na parte interna achamos um tecido conectivo calcificado chamado de dentina. É um material poroso igual ao osso, que se encontra em constante renovação. No meio desta dentina encontramos a Cavidade Pulpar. Esta parte do dente é onde se encontra a polpa, tecido ricamente inervado e vascularizado, que forma e nutre a dentina. Pelo canal pulpar passam os
  • 7. 7 vasos sangüíneos e nervos que nutrem e dão a sensibilidade ao dente. Este canal pulpar é diferente nos animais que nos humanos. Canal Pulpar de um cão Os dentes podem ter uma, duas ou três raízes, de acordo com seu posicionamento. Na tabela seguinte podemos mostrar como estão formados: Dente Nº de raízes. Incisivos, Caninos e 1º Pré-molar superiores 1 Pré-molar 2 e 3 superiores 2 Pré-molar 4, molares 1 e 2 superiores 3 Incisivos, Caninos e 1º Pré-molar e molar 3 inferior 1 Pré-molares 2 , 3 e 4 Molares 1 e 2 inferior 2 As outras estruturas que circundam os dentes são as seguintes: Gengiva, Ligamento Periodontal (Fibras de Sharpey) e Osso Alveolar. Estas estruturas junto com o cemento formam o Periodonto. A gengiva é parte da mucosa oral que cobre o osso alveolar formando uma prega chamada de borda gengival. Anatomicamente é dividida em 03 (três) formas: marginal, aderida e interdental. A primeira é a parte livre da gengiva formando a margem e o sulco gengival; a segunda é a mais importante pois é a primeira linha de defesa contra a periodontite, protegendo o osso e os tecidos de suporte do dente, estando aderida ao periósteo do osso alveolar. A terceira está sempre em continua renovação e forma um colar ao redor do colo do dente, unindo-se ao esmalte. O ligamento periodontal é formado por tecido conectivo que penetra no cemento de um lado e no osso alveolar do outro. É formado por fibras de colágeno tendo elasticidade para suportar o mecanismo da mordida. Esta estrutura segura o dente na arcada dentária.
  • 8. 8 O osso alveolar (placa cribiforme) é uma placa fina que cobre o dente formando um alvéolo. Os dentes dos herbívoros apresentam diferenças em relação aos dos caninos e felinos. Por exemplo: a coroa dos dentes dos herbívoros apresenta várias dobras do esmalte paralelas ao eixo do dente, formando um cilindro oco aberto (cavidade adamantina). Em alguns molares do cavalo e do boi este se encontra fechado pelo lado oral, e as depressões na coroa e nas fissuras exteriores do esmalte estão cobertas pelo cemento. As fissuras no esmalte na superfície trituradora dos molares se formam devido ao rápido desgaste do cemento e da dentina, que são macios. Enquanto a maioria dos dentes possui unicamente uma polpa dentária estes podem estar presente em vários canais. No homem, no cavalo e nos suínos, o crescimento do dente finaliza com a formação da raiz, logo depois de ter acontecido a erupção. A perda longitudinal que acontece com o desgaste de fricção é insignificante e vai ser compensada parcialmente pela involução da parede alveolar. O maior desgaste é dos herbívoros com aproximadamente 2,2 mm por ano. Por isso da importância do desgaste com relação à determinação da idade do animal. A superfície dentária ou mesa dentaria sofre mudanças na sua forma, sendo estas formas características de acordo com as diferentes idades.
  • 9. 9 NOMENCLATURAS Existem vários tipos de nomenclaturas utilizadas para que possamos nos localizar na boca de um animal, classificando de forma abreviada cada dente, o que facilita o diagnóstico. Na medicina veterinária se tem utilizado as nomenclaturas da odontologia humanas, sendo estas adaptadas e modificadas para uso na odontologia veterinária. Podemos mencionar as seguintes nomenclaturas: Anatômica, Triadan (modificada), Sistema da Federação Internacional, Haderup, Palmer, Zsigmondy ou de ângulo, entre outras. Anatômica: Cada dente é identificado por uma letra que descreve a sua função. Por exemplo: I: para os incisivos; C: para os caninos; P: pré-molares e M: molares. No caso para os dentes decíduos estas letras são escritas com letra minúscula (i, c, p, m, respectivamente). Para identificar o tipo de incisivo, pré-molar ou molar se designa um número a cada um de acordo com a sua posição. Para determinar o seu quadrante se colocam estes números na parte superior ou inferior, direita ou esquerda da letra do dente. Exemplo: I1 : primeiro incisivo superior direito 3 P : terceiro pré-molar decíduo (de leite) superior esquerdo 2M : segundo molar inferior esquerdo TRIADAN (modificada): Muito utilizada na odontologia humana e transformada para a odontologia veterinária. Esta nomenclatura separa a arcada dentária em 04 quadrantes e identifica cada dente por meio de 03 (três) dígitos. O primeiro número descreve o quadrante superior direito (este é o quadrante 100), seguindo em sentido horário pelo superior esquerdo (quadrante 200), terminando no quadrante inferior direito com o número 400. Os dentes decíduos são descritos como a numeração 500 até 800, também no sentido horário. O segundo dígito numera os dentes individualmente, a partir da linha média distal. Por exemplo: 101: Primeiro incisivo superior direito. 308: Quarto pré-molar inferior esquerdo 604: Canino superior esquerdo decíduo Sistema da Federação Internacional: Este sistema é muito parecido ao anterior identificando com o primeiro número o quadrante (de 1 a 4 para os permanentes, e de 5 a 8 para os decíduos), e separando por uma vírgula os outros dígitos que descrevem o dente. Por exemplo: 1,4: Canino superior direito 7,6: Segundo pré-molar inferior esquerdo decíduo
  • 10. 10 2,1: primeiro incisivo superior esquerdo Zsigmondy ou ângulo: Utiliza os braços de uma cruz para identificar o quadrante. De acordo com o seu posicionamento mostra se é superior ou inferior ou esquerda ou direita. Exemplo: Γ8: quarto pré-molar inferior esquerdo ∟4: Canino superior esquerdo Г7: terceiro pré-molar inferior esquerdo DIVISÃO DO DENTE Para poder localizar as lesões nos dentes é importante saber as faces dos mesmos. Os dentes possuem 06 (seis) faces: Mesial: é a superfície do dente orientada à linha média. É a sua parte anterior; Distal: é a superfície posterior ou caudal do dente, oposta à superfície mesial; Apical: é a parte que se refere à raiz do dente; Oclusal: é superfície mastigatória ou de oclusão, oposta à apical; Lingual ou palatal: face que está em contato com a língua ou palato; Labial ou vestibular: parte externa dos dentes em direção aos lábios e bochechas. oclusal Descrição das faces dos dentes ERUPÇÃO DENTÁRIA É a denominação que se dá quando o dente atravessa a superfície epitelial e inicia a sua função. O inicio da erupção varia de acordo com cada indivíduo. Cães e gatos nascem edentados (sem dentes) surgindo os primeiros dentes a partir da terceira ou quarta semana de vida. Geralmente em raças grandes a erupção ocorre antes que nas raças pequenas, podendo sofrer alterações devido a causas nutricionais. Os dentes decíduos são menores e mais afilados que os permanentes. Conforme os dentes definitivos se desenvolvem, ocorre a reabsorção da porção superior da cripta óssea e das raízes dos dentes decíduais, acontecendo a exfoliação (desprendimento) dos mesmos. Os primeiros a serem trocados são os incisivos, depois os pré- molares (o primeiro pré-molar não é substituído) e por últimos os caninos. Os molares não trocam e são as últimas peças permanentes que erupcionam.
  • 11. 11 Dentes CANINOS FELINOS Decíduos Permanentes Decíduos Permanentes Incisivos 3-4 semanas 3-5 meses 2-3 semanas 3-4 meses Caninos 3 semanas 4-6 meses 3-4 semanas 4-5 meses Pré-molares 4-12 semanas 4-6 meses 3-6 semanas 4-6 meses Molares ----- 5-7 meses ----- 4-5 meses Tabela de erupção dos dentes decíduos e permanentes em caninos e felinos Alguns transtornos no desenvolvimento ou na troca dos dentes podem aparecer, tais como: Anomalias de Volume - Chama-se macrodontia quando o dente é maior que o normal, e microdontia quando é menor que o normal. Isto pode afetar no fechamento da arcada dentária, afetando a mastigação, respiração, retenção de alimentos, entre outros. Problemas em Relação ao Número de Dentes - Polidontia, quando há um número maior de dentes do que o normal. Geralmente é unilateral e aparece mais na maxila do que na mandíbula. Oligodontia ocorre quando há um número menor de dentes. É freqüente nas raças braquicefálicas, onde por falta de espaço faltam alguns dos molares na mandíbula. Persistência dos Dentes Deciduais – É um problema ainda pouco conhecido. Acredita-se que ocorra devido a não absorção da raiz, associada à falta de dilaceração da membrana periodontal. Estes não devem ser confundidos com a polidontia. O tratamento aconselhado é sempre a extração. Má Posição Dentária - Os dentes podem girar no seu eixo podendo ser conhecidos como torção, rotação ou versão. Hipoplasia do Esmalte - É um processo de perda do esmalte na coroa, com coloração amarelada. Não se sabe o que provoca esta patologia, porém se acredita que sejam processos infecciosos entre as idades de 2 e 4 meses, época em que o esmalte se encontra em desenvolvimento. Outro motivo pode ser a administração de tetraciclinas, carências minerais e vitamínicas na dieta. O esmalte se torna fraco e desgasta ou quebra deixando o dente exposto a infecções. PROBLEMAS DE POSIÇÂO Nos cães e gatos a forma do cabeça interfere na posição dos dentes, e, por serem carnívoros, isto afeta muito anatômicamente, podendo provocar até algumas doenças. Nos cães existem muitas raças diferentes, cada uma apresentando particularidades na formação do crânio. Podemos classificar três tipos de crânios: Dolicocéfalo: O diâmetro ântero-posterior é relativamente longo(cabeça estreita). Ex: Collie, Doberman, Greyhound, Borzoi, Gatos orientais, etc.;
  • 12. 12 Braquicéfalo: Cabeça achatada da frente para atrás (cabeça larga). A mandíbula é maior em relação ao crânio. Ex: Pequinês, Shih-Tzu, Bulldog, Lhasa-Apso, Gatos Persas, etc.; Mesocéfalo: Intermediário entre os tipos supracitados. Aproximadamente 75% dos cães estão classificados nesta categoria. Ex: Labrador, Pastor Alemão, Spaniels, etc. Além destas formas anatômicas, podemos achar defeitos na oclusão originados geneticamente. As raças mesocefálicas quando em normoclusão, o dente canino mandíbular encaixa entre o 3º incisivo e o canino superior; o 4º pré-molar inferior encaixa entre o 3º e 4º pré- molares superiores. Os dentes não se tocam. O contato pode acontecer unicamente nas raças braquicefálicas. O Braquignatismo ocorre quando o maxilar ultrapassar a mandíbula, sendo freqüente nas raças dolicocefálicas. O prognatismo ocorre quando a mandíbula ultrapassa o maxilar, sendo observado nas raças braquicefálicas. EXAME GERAL No exame geral começamos pela identificação do animal, seguido pela anamnese do paciente. Aqui escutamos a queixa principal, assim como fazemos um levantamento do histórico odontológico e clínico do paciente, tais como: idade, tipo de alimentação que possui, seus hábitos, tempo que apresenta os problemas, etc. Após isto procedemos a execução do exame extra-oral. Observamos a parte externa da boca, bochechas, linfonódos, presença de sialorréia, fístulas, secreções nas narinas e olhos, halitose, etc. Só após a completa observação é que vamos prosseguir com a abertura da boca e efetuar o exame intra-oral. Levantamos os lábios para inspeção dos mesmos, assim como dos dentes, inspecionamos o aparecimento de tumores; lesões labiais, línguais, bucais; salivação, etc. Unicamente depois, é que abrimos as arcadas dentarias para uma visualização interna. Este procedimento é muito importante pois é neste momento que teremos uma completa visão da cavidade bucal, tanto no seu interior como no exterior. Podemos avaliar a gravidade da periodontite, gengiva (inflamação, retração), cálculo dentário (tártaro), fraturas, mobilidade, hipoplasias de esmalte, cáries, perda de dentes, lesões de palato, halitose, laringe, etc. Em relação ao instrumental utilizado para este exame, podemos destacar a sonda periodontal, o explorador dentário, e o revelador de placa que tinge a placa bacteriana. Se necessário, devemos realizar uma sedação para uma melhor contenção do animal e inspeção da cavidade. Para maior facilidade nesta avaliação se utiliza um odontograma, onde podemos anotar todos os achados do exame. Como exame complementar podemos utilizar o rádio- diagnóstico e exames laboratoriais.
  • 13. 13 NEOPLASIAS Geralmente são malformações volumosas de tecido e que se originam de problemas no desenvolvimento das estruturas celulares que constituem os dentes ou tecidos adjacentes. Dentro da cavidade oral encontramos varias neoplasias malignas e benignas. Estas podem-se apresentar no início como lesões não cicatrizadas e ulcerações infectadas, podendo passar desapercebidas pelo proprietário até atingirem um tamanho avançado. Um exame minucioso é fundamental. A biópsia ou a remoção cirúrgica têm por objetivo a realização do exame histopatológico para determinação do tipo de tumor e a sua gravidade. Não é recomendado a realização de exames citológicos ou por aspiração, pois muitas vezes não se obtêm resultados corretos. Na maioria das vezes, a recomendação é a retirada do tumor junto com um margem de segurança, para evitar a recidiva assim como metástases. Tem se utilizado quimioterapia, crioterapia e radioterapia nos tratamentos porém os resultados não têm sido satisfatórios. As neoplasias orais estão em quarto lugar em aparecimento nos caninos. Os tumores malignos representam quase que 50% das neoplasias encontradas nos cães, e, dentre os encontrados com maior freqüência, descrevemos: melanoma maligno (30-35%), carcinoma escamoso (20-30%) e fibrossarcoma (1-20%). Entre as neoplasias benignas podemos encontrar com maior freqüência os epúlis (representando aproximadamente 25% das neoplasias orais), que são lesões não neoplásicas ou tumores odontogênicos (aumento excessivo das gengivas). Benígnos Malígnos Épulis Fibromatoso Épulis ossificante Adenomas Fibroma Hemangioma Lipoma Osteoma Condroma Histiocitoma Carcinoma escamoso Melanoma Maligno Fibrossarcoma Épulis Acantomatoso Adenocarcinoma Carcinomas Linfossarcoma Mastocitocitoma Osteossarcoma Tipos de neoplasias malignas e benignas em cães ENDODONTIA e ORTODONTIA A odontologia veterinária procura evitar a perda, promovendo a correção dos problemas dos dentes, sendo o seu maior objetivo manter uma dentição sadia e completa. Neste campo temos notado um avanço muito grande nos tratamentos veterinários nos últimos anos utilizando
  • 14. 14 técnicas de última geração. Na endodontia procuramos solucionar todos os problemas pulpares dos dentes (polpa e cavidade pulpar), assim como a restauração de traumatismos que podem resultar em fraturas dentárias que chegam a afetar a cavidade pulpar. Por outro lado, com a ortodontia queremos eliminar as anomalias no posicionamento dos dentes, para fornecer uma melhor oclusão da arcada dentária e evitar assim problemas como falta de aproveitamento alimentar, problemas respiratórios, etc. Para estes procedimentos são necessários equipamentos e materiais específicos que possam ajudar na trepanação do dente, retirada do material infectado ou necrosado e a sua obturação. Para a ortodontia é necessário um conhecimento sobre anatomia, medição correta da arcada para não agravar o problema presente. PERIODONTITE A periodontite é a inflamação do periodonto. Este é formado pelas seguintes estruturas: cemento do dente, gengiva, ligamento periodontal e osso alveolar. Esta é a patologia que mais afeta os animais. Cerca de 85% dos cães acima de 5 anos já tem algum problema relacionado à periodontite. Um fator muito importante para isto se deve à falta de limpeza oral e a presença de bactérias na cavidade bucal. As bactérias (algumas saprófitas) proliferam, formando a chamada placa bacteriana. Esta placa é transparente, pegajosa e difícil de ser removida. Ela começa a eliminar resíduos do seu metabolismo provocando uma reação inflamatória da gengiva. Quando a gengiva aumenta, acontecem alterações circulatórias, o que serve de proteção para a própria placa bacteriana proliferar, aumentando o número de bactérias. A placa quando começa a mineralizar por meio de sais que vêm junto com a saliva (especialmente cálcio), inicia um processo de rigidez, tornando-se assim o chamado cálculo dentário ou tártaro. Dente sem cálculo dentário Dente com cálculo supragengival Dente com cálculo supra e sub- gengival lesando o periodonto
  • 15. 15 Existem dois tipos de cálculo dentário: supragengival e o subgengival. O primeiro é o visível na boca dos animal, o segundo é aquele que penetra abaixo da gengiva e vai alterando as estruturas de sustentação dos dentes, provocando assim após certo tempo, a queda precoce do dente. O cálculo subgengival é mais perigoso pois a sua localização, não só provoca danos graves assim como evita os processos autolimpantes da boca. Apesar do cálculo supragengival colaborar com a proteção da placa, aumentar a gengiva e causar halitose, este não chega a ser tão perigoso como o subgengival.. O tratamento mais correto para evitar este problema seria a remoção profilática. Certas alterações, se tratadas na sua fase inicial, têm caráter reversível. Porém após algum tempo, se não corrigidas corretamente, podem produzir lesões permanentes. O primeiro passo é a identificação da placa por meio de reveladores químicos. Estes tingem a placa mostrando onde esta se posiciona para assim iniciar a sua completa remoção. Esta pode ser realizada com fórceps odontológicos, tendo-se o cuidado para não fraturar o dente. O aparelho de ultra-som ou remotar, e as curetas manuais são necessárias não só para tirar o cálculo como para raspar a placa bacteriana (principal objetivo da profilaxia). Após a remoção se faz a raspagem radicular, também chamada de aplainamento. Com isto vamos retirar qualquer resíduo de cálculo na superfície dentária tanto na coroa como na raiz, assim como alisamos a superfície dentária, para retirar ao máximo as superfícies rugosas do dente. O terceiro passo é o polimento da superfície dentária que vai evitar que a placa adira novamente por um tempo. Deixando a superfície rugosa, facilitaria que a placa se instalasse com maior rapidez. Superfície do dente antes e após o polimento Este procedimento não é realizado na maioria das vezes pelos médicos veterinários o que provoca uma recidiva dos problemas rapidamente. O polimento é muito simples, porém precisa de equipamento adequado.
  • 16. 16 Uma vez realizado o polimento, se efetua a irrigação com solução anti-séptica. Segundo estudos realizados, esta placa tende a reinstalar-se no sulco gengival após a profilaxia. Não é recomendado a utilização da agulha de pressão de jato de água, pois isto poderia aderir com maior facilidade à placa. Então o mais indicado é com uma seringa de 20 ou 50 ml realizar a irrigação da cavidade para eliminar os remanescentes bacterianos. Como último passo temos as medidas profiláticas que vão evitar o acúmulo da placa por mais tempo. Estas são de total responsabilidade do proprietário/a, pois será ele/ela quem vai realizar estes procedimentos. Estas medidas significam metade do sucesso da prevenção da periodontite. Entre algumas que podem ser mencionadas estão: o tipo de alimento que os animais vão ingerir (ração concentrada, biscoitos, ossos, etc.), escovação dentária, brinquedos específicos para remoção da placa, entre outros. Destacamos que, para realizar estes procedimentos mencionados, é necessária a sedação ou anestesia do animal para poder realizar a correta limpeza, tanto externa como internamente. Se este tratamento fosse realizado com o animal acordado poderia provocar grandes danos à estruturas do periodonto, assim como não poderia ser limpa a cavidade bucal na sua totalidade. Se o animal apresentar uma gengivite severa é indicado realizar uma cirurgia periodontal onde se retira parte da bolsa gengival para esta não proteger a placa bacteriana. Após este tratamento é recomendado a utilização de antibióticos para evitar infecções secundárias. Este é um dos procedimentos mais sépticos realizados na cirurgia. O maior perigo da periodontite esta no fato destas bactérias poderem penetrar na circulação sangüínea e provocar infecções em outros órgãos como coração, fígado, rins, articulações, etc. A odontologia veterinária esta iniciando e avançando muito ultimamente. Hoje em dia não existe entidade específica que forneça uma especialização nesta área da medicina veterinária aqui no Brasil. Os estudos e aprendizados são efetuados em clínicas particulares e em algumas faculdades onde se ensina este tipo de tema e estudo de forma empírica. Está em vias de formação a primeira Sociedade Brasileira de Odontologia Veterinária, possivelmente chamada de SOBOV, que está sendo formada em São Paulo. Torcemos para que este sonho seja realizado, pois teríamos um órgão que possa controlar, ensinar, avaliar e estudar melhor os casos da odontologia veterinária no Brasil.